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Manuel Silveira Falleiros – Publicado em: Cadernos de pós-graduação / Instituto de
Artes/Unicamp - Ano 9 – n.2 – 2007 ISSN 1516-0793
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Artes/Unicamp - Ano 9 – n.2 – 2007 ISSN 1516-0793
segunda definição que apresentamos porque sabe claramente o que vai tocar
acima. quando está improvisando.
O sentido de espontâneo Se a improvisação está
presente na improvisação musical não propensa a um certo preparo anterior,
deve ser lido literalmente como um fazer concluímos que o “talento natural” de
musical que acontece puramente ao Nailor é, também, constituído pelo
sabor do acaso. Na verdade, está longe resultado de um trabalho extenso no
disso. Apesar de a indeterminação, em desenvolvimento de suas habilidades
níveis distintos, ser aquilo que une os musicais. Portanto, devemos verificar se
diversos conceitos sobre improvisação, é possível determinar a que nível de
nas mais distintas épocas e culturas, desenvolvimento a improvisação para
neste caso, ela não se trata de uma Nailor se encontra, a fim de descobrir a
indeterminação qualquer ou total, mas que ponto chega o seu refinamento
sim apenas da indeterminação de nesta habilidade. A improvisação tem um
parâmetros específicos em detrimento a papel de destaque, tendo em vista que
outros que se mantêm estáveis. E que, ela participa de seu desenvolvimento
todavia, não se trata de uma combinação musical não apenas como a expressão
de sons aleatórios e ao acaso, mas de em si, mas também como ferramenta de
uma escolha das combinações entre as aquisição de conhecimentos e geradora
notas em busca de coerência musical. O de idéias musicais para outras poéticas.
resultado da qualidade da improvisação
é algo que depende, em primeiro plano, O Pacto
de determinadas habilidades musicais,
desenvolvidas e aprimoradas através da A função da improvisação é
prática, e em seguida de experiência na maravilhar. Vimos que na improvisação o
interpretação de um determinado estilo. improvisador lida com o imprevisível. Na
Portanto, apesar de que seja, a realidade, o que vemos é que há uma
improvisação, considerada, por vezes, articulação entre o ouvinte e o solista.
um fazer espontâneo, ela pode ter o Neste jogo, Nailor lida com o pacto que o
papel de organizar, segundo as regras ouvinte estabelece no momento da
do próprio discurso musical, o material atuação do artista. Este pacto se forma
da memória em uma única direção. pela necessidade que o ouvinte tem em
John Kratus, em seu estudo ser surpreendido, e por este motivo o
sobre o ensino da improvisação, afirma ouvinte faz certas concessões para que
que “[...] todas improvisações são o pacto se efetive. É neste campo que o
resultado de uma vontade decidida, e solista atua e seu solo pode ser
não ao acaso, de criar sons musicais”3. concebido, e Nailor soube muito bem
E, portanto, pode-se concluir que o captar a necessidade do ouvinte e
improvisador está consciente do satisfazê-la. A mais importante
resultado final de suas improvisações concessão que o ouvinte deve fazer para
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Conclusão
A improvisação, portanto, no
contexto do choro, tem seu caráter único.
Esta maneira particular de improvisação
compartilha alguns dos conceitos mais
gerais com outras formas de
improvisação na música. Contudo a
improvisação no choro segue o seu
próprio desenvolvimento, com regras
próprias determinadas pelas
características históricas do estilo e por
suas próprias práticas de execução.
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CAMPBELL, Patrícia Shehan. Lessons from the
word: a cross-cultural guide to music teaching and
learning. New York: Macmillan, 1991.