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Decorridos exatamente 7 séculos, o patriarca dos cátaros, Antonin Gadal, foi até
Montségur, no sul da França, e reacendeu a flama no mesmo local em que seus
precedentes deram a vida por Cristo. A chama do fogo foi reacesa como sinal do
retorno dos filhos da Luz, a Gnosis do Amor.
Agora damos um salto para 1956, quando Hennie Stok-Huizer, uma mulher de 44
anos, nascida em Roterdã, escreve seu nome na história do mundo moderno como
Catharose de Petri, uma líder espiritual do século XX tão intensa quanto discreta. O
nome espiritual lhe foi dado por Gadal por significar Rosa dos Cátaros, onde brilha a
luz do amor.
Na visita ao Jardim das Rosas de Albi, Catharose e Rijckenborgh deram forma a “um
desenvolvimento gnóstico contemporâneo que religaria o mundo ocidental às raízes
originais de seu passado” (O triunfo da gnosis, p. 20). Não conheceram Gadal nesta
ocasião, mas no fim do mesmo ano eles fundaram e assumiram a liderança da Escola
Espiritual da Rosacruz Áurea.
O encontro dos três aconteceu somente em 1954, quando a Rosacruz Áurea foi
consolidada por Gadal como o novo elo da Corrente Universal de Fraternidades, dando
continuidade ao trabalho. No encontro seguinte, ele presenteou a senhora Stok-
Huizer, que depois denominaria Catharose, com um tecido onde tinha ele mesmo
desenhado uma pomba branca com as asas abertas, sobre um fundo azul. A imagem
correspondia exatamente à que ela tinha visualizado aos 28 anos, por meio de um
experiência interior de intensa contemplação filosófico-religiosa, na qual buscava sua
missão.
A humanidade sabe que alguns entre nós vivem como se não fossem deste mundo.
São pessoas que parecem ver mais longe, ou ao contrário, vêem nossa existência com
tais minúcias que parecem estar equipados com um sensório diferente, ou mesmo
possuírem órgãos não catalogados pela medicina. Possuem características que
admiramos. De certa forma, se os elegemos como “heróis espirituais”, é porque
percebemos que são como instrumentos musicais extremamente bem afinados.
Não se mede o grau de iniciação espiritual, nem mesmo pode-se provar que alguém
seja um Iniciado. No entanto, podem-se ler os sinais, como no caso de Catharose de
Petri, uma mulher que esteve por 22 anos à frente de uma escola de mistérios que
ajudou a criar e desenvolver, e produziu uma extensa obra literária de onde emerge a
fala de uma Iniciada.
Em tudo isso Catharose de Petri se encaixa. E assim como outras Iniciadas da era
cristã - Maria Madalena, Hildegarda de Bingen, Esclermond de Foix e Madame
Blavatsky - que tiveram figuras masculinas em seu percurso, Catharose de Petri tinha
Rijckenborgh ao seu lado.
Era uma mulher que exigia clareza. Muitos dos que a conheceram diziam que em um
encontro com ela as pessoas viam-se obrigadas a olhar para si mesmas com muita
objetividade. Introduziu as mesmas linhas claras na organização do trabalho.
Enquanto seu par representa a figura-chave da Escola Espiritual moderna, ela foi a
guardiã da estrutura interna.
Catharose de Petri, aquela onde o plantio dos cátaros floresceu, a mulher que
desabrochou da Gnosis do Amor, colocou a liderança da instituição que ajudara a criar
nas mãos de um colegiado de vários membros, mas não transferia ali a direção
administrativa. Assim como Gadal fizera antes em relação a ela e Rijckenborgh,
formou pescadores de homens. Podia reconhecer neles os efeitos dos impactos
direcionados de energia gnóstica que produzem a iniciação, o que garantiu uma
estrutura viva para a força espiritual autônoma ativa na Rosacruz Áurea.
Durante 44 anos de trabalho, 22 dos quais na liderança, a Rosa dos Cátaros protegeu
a instituição em todos os aspectos, baseada em sua autoridade espiritual, profundo
conhecimento e confiança na força da vibração de Cristo.
Quando faleceu, em 1990, tinha cumprido a missão que antevira aos 28 anos, quando
lhe surgiu a imagem da pomba branca: a de que a “Rosacruz, como Escola Espiritual,
devia, com a força do Espírito, tornar-se conhecida por todos os que aspiravam a
libertação da alma”. As sementes deixadas pelos antigos cátaros já tinham se
desenvolvido e estavam, enfim, em condições de colheita e replantio.
Fontes
Gadal, Antonin. O Triunfo da Gnosis Universal .Jarinú, SP: Pentagrama Publicações,
2017.