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1.

INTRODUÇÃO

2. TRANSTORNO DE PERSONALIDADE PARANOIDE

2.1. DEFINIÇÃO

O transtorno de personalidade paranoide consiste em um transtorno


mental caracterizado pela presença de paranoia, padrão invasivo de
desconfiança e de suspeitas generalizadas em relação a outras pessoas, de
forma que atitudes alheias sejam interpretadas como malévolas. Esse padrão
começa no início da vida adulta, estando presente em contextos variados.
Esses pacientes tendem a guardar rancores por longos períodos e acreditam
que as pessoas são traiçoeiras, ameaçadoras e não são confiáveis, estando
tramando planos contra eles.
Os indivíduos com esse transtorno costumam ser de difícil convivência e
é frequente a apresentação de problemas nos relacionamentos íntimos. Sua
desconfiança e hostilidade excessivas podem ser expressas tanto através de
argumentações ostensivas e queixas recorrentes, quanto por indiferença calma
e aparentemente hostil. Eles são hipervigilantes em relação a possíveis
ameaças, podendo agir discreta, secreta ou indiretamente, transmitindo frieza e
ausência de sentimentos afetivos.
Embora pareçam objetivos, racionais e não emotivos, a labilidade afetiva
está frequentemente associada a esses pacientes, sendo demonstrada por
expressões hostis, inflexíveis e sarcásticas. Como sua natureza combativa e
desconfiada costuma desencadear uma resposta hostil de outros, isso acaba
por fortalecer suas ideias originais. Além disso, como esses pacientes não
confiam nos outros, necessitam de autossuficiência excessiva, com um forte
senso de autonomia, e de elevado grau de controle sobre as pessoas ao seu
redor. Eles costumam ser rígidos e extremamente críticos em relação aos
outros, de modo que encontram grandes dificuldades de trabalhar em conjunto
e aceitar críticas, podendo culpar os outros por suas próprias deficiências.
Esses pacientes possuem ainda uma rapidez para contra-atacar
ameaças, o que os leva, frequentemente, a se envolverem em disputas
judiciais. Ademais, indivíduos com esse transtorno buscam confirmar suas
ideias negativas preconcebidas, atribuindo motivações malévolas, projetadas
dos seus próprios medos, a outras pessoas. Podem apresentar fantasias irreais
e pouco disfarçadas de grandeza e tendem a desenvolver estereótipos
negativos dos outros, em especial aqueles de grupos populacionais diferentes
do seu. Atraídos por formulações simplistas do mundo, costumam se precaver
de situações ambíguas. Podem ser vistos como “fanáticos” e formar “cultos” ou
grupos muito unidos com outros indivíduos que compartilham seus sistemas
paranoides de crença. Além disso, em resposta ao estresse, esses indivíduos
podem apresentar episódios psicóticos breves (durando de minutos a horas).

2.2. EPIDEMIOLOGIA
Uma estimativa de prevalência para personalidade paranoide baseada
em uma subamostra de probabilidade da Parte II do National Comorbidity
Survey Replication sugere prevalência de 2,3%, enquanto dados do National
Epidemiologic Survey on Alcohol and Related Conditions sugerem prevalência
do transtorno de 4,4%.
O transtorno da personalidade paranoide pode aparecer pela primeira
vez na infância e adolescência por meio de solidão, relacionamento ruim com
os colegas, ansiedade social, baixo rendimento escolar, hipersensibilidade,
pensamentos e linguagem peculiares e fantasias idiossincrásicas. Essas
crianças podem parecer “estranhas” ou “excêntricas” e atrair provocações. Em
amostras clínicas, esse transtorno parece ser mais comumente diagnosticado
no sexo masculino.
Entre os fatores de risco e prognóstico, encontram-se componentes
genéticos e fisiológicos. Existem algumas evidências de prevalência
aumentada de transtorno da personalidade paranoide em parentes de
probandos com esquizofrenia, além de evidências de uma relação familiar mais
específica com transtorno delirante do tipo persecutório.
Em certos casos, o transtorno da personalidade paranoide pode surgir
por um antecedente pré-mórbido de transtorno delirante ou esquizofrenia.
Indivíduos com transtorno da personalidade paranoide podem desenvolver
transtorno depressivo maior e podem estar sob risco aumentado de agorafobia
e transtorno obsessivo-compulsivo. Transtornos por uso de álcool e outras
substâncias ocorrem com frequência. Os transtornos da personalidade
concomitantes mais comuns parecem ser esquizotípica, esquizoide, narcisista,
evitativa e borderline.
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIATION, American Psychiatric. MANUAL DIAGNÓSTICO E


ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS - DSM-5. DSM-V ed. [S.l.]:
Artmed, 2014. .9788582710890.
SANE. Personality Disorders. , [S.d.]. Disponível em:
<http://www.sane.org.uk/uploads/personality-disorders.pdf>.
SKODOL, Andrew. Transtorno de personalidade paranoide (TPP). MSD
Manuals , 2018. Disponível em:
<https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/transtornos-
psiquiátricos/transtornos-de-personalidade/transtorno-de-personalidade-
paranoide-tpp>.

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