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Conhecimento Específico – Direito Constitucional

Da Organização Político-Administrativa (Art. 18 e 19)

Professor Giuliano Tamagno

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Direito Constitucional

DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA (ART. 18 e 19)

CONCEITOS INICIAIS

FORMA DE GOVERNO: Entende-se por forma de governo (ou sistema político) o conjunto de
instituições políticas por meio das quais um Estado se organiza a fim de exercer o seu poder
sobre a sociedade.
Tais instituições têm por objetivo regular a disputa pelo poder político e o seu respectivo exer-
cício, inclusive o relacionamento entre aqueles que o detêm (a autoridade) e os demais mem-
bros da sociedade (os administrados).
A forma de governo adotada por um Estado não deve ser confundida com a forma de Estado
nem com seu sistema de governo.
Se a forma de governo for caracterizada pela eletividade e pela temporariedade dos mandatos
do Chefe do Executivo, teremos a República; caso estejamos diante de um governo caracteriza-
do por sua hereditariedade e vitaliciedade, teremos a Monarquia.

Memorizar: relação entre governo e governados

Tendo em mente a dificuldade em classificar as formas de governo, essas são tradicionalmente


categorizadas em:
•• Monarquia;
•• República;
•• Anarquia;
SISTEMA DE GOVERNO: A forma com que se dá a relação entre o Poder Legislativo e o Poder
Executivo no exercício das funções governamentais consubstancia outro importante aspecto da
organização estatal. A depender do modo como se estabelece esse relacionamento, se há uma
maior independência ou maior colaboração entre eles, teremos dois sistemas (ou regimes) de
governo: o sistema presidencialista e o sistema parlamentarista". O Brasil adota o regime pre-
sidencialista.

Memorizar: relação entre Executivo e Legislativo.

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FORMAS DE ESTADO: A forma de Estado é maneira pela qual o Estado organiza sua população e
seu território e estrutura o seu poder relativamente a outros de igual espécie, que a ele ficarão
coordenados ou subordinados.
A posição recíproca em que se encontram os elementos do Estado (povo, território e poder po-
lítico) caracteriza a forma de Estado (Unitário, Federado ou Confederado).
De acordo com a classificação doutrinária, existem três formas de Estado, quais sejam o Estado
Federal, o Estado Unitário e o Estado Confederado, o Brasil adotou a forma de Estado Fede-
rado, e, por essa razão, iremos aprofundar os nossos estudos nesta modalidade, traçando um
paralelo com as outras formas.

Estado Unitário

O Estado Unitário é relativamente descentralizado: ao invés de Estados, há províncias, que, por


sua vez, não possuem autonomia constitucional.
A pedra fundamental desse tipo de Estado é prescrita pela Constituição do Estado Unitário
como um todo e só pode ser modificada por meio de uma modificação nessa Constituição.
As unidades possuem apenas competência para a legislação provincial, dentro do que a Consti-
tuição do Estado unitário prescrever.
A legislação em matérias da constituição é totalmente centralizada, ao passo que, no Estado fede-
ral, ela é centralizada apenas de modo incompleto, ou seja, até certo ponto, ela é descentralizada.
Mas será que podemos afirmar que não existe qualquer tipo de descentralização no Estado? Essa
conclusão, embora possa parecer lógica, é, sem dúvida, equivocada. Isso porque, apesar de o Es-
tado Unitário não possuir uma distribuição geográfica do poder político, haverá descentralização,
pois seria inviável, em sociedades altamente complexas, termos um Estado no qual não existisse
qualquer descentralização. A necessidade de desburocratização e democratização (aproximação
pólo central e população) é responsável pela descentralização, que será intitulada de descentra-
lização administrativa, ou seja, o polo central vai criar regiões ou departamentos ou Distritos ou
Municípios ou outra forma de descentralização. Essas vão se colocar e se afirmar como braços da
administração dotados personalidade jurídica própria e irão desenvolver a aproximação entre o
polo central e a sociedade com os objetivos já citados de desburocratização e democratização.
Como exemplo de Estados Unitários, temos Uruguai, Espanha e o Brasil até 1891.

ESTADO FEDERADO E CONFEDERADO


Origem:
O Federalismo tem origem na revolução e independência dos Estados Unidos. Os líderes colo-
niais norte-americanos deram início a confronto armado contra a Inglaterra, em 1776, porque
estavam descontentes com as políticas adotadas pelo Parlamento Inglês entre as décadas de
1760 e 1770 e também porque não admitiam mais que o Parlamento Inglês possuísse autorida-
de para determinar e executar às suas colônias tudo que desejasse.

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Para recusar o poder exercido pela Inglaterra sobre as colônias norte-americanas, os colonos
passaram a questionar a origem da soberania. Na concepção dos ingleses, a soberania perten-
cia ao Estado Inglês e as únicas limitações a ela seriam determinadas por critérios do próprio
soberano. Em contrapartida, os colonos defendiam que a soberania possuía origem na popula-
ção e seria exercida pelo Estado nos limites do poder que lhe foi delegado.
A partir desse embate, foi declarada a independência das Colônias Americanas, em 1776. Elas
passaram a enfrentar o desafio de elaborar um novo regime constitucional para dar lugar ao
espaço antes preenchido pela Lei Britânica.
Em 1777, foi Estabelecido O Pacto Confederativo, que criava um Estado Confederado, uma
unidade frágil entre os Estados autônomos norte-americanos para fazer frente à Europa.
Em 1787, enfraquecidos pela forma de estado adotada, pois a liberdade trazia sérias consequ-
ências, doze delegados dos Estados Norte Americanos reuniram-se na Convenção de Filadélfia
para repensar o arranjo confederativo.
Percebam o tamanho do problema!!
Haviam treze estados independentes, autônomos e livres, que, em tese, pelo pacto confede-
rativo, precisavam se unir para fazer frente a Europa. Contudo, na hora de enviar soldados,
mantimentos, verbas, etc., para a Confederação, os estados simplesmente não mandavam, sob
o argumento de que eram livres e independentes e não precisavam mandar se não quisessem,
ou seja, a confederação tinha fracassado pela ausência de poder centralizador capaz de manter
uma unidade entre os Estados.
Assim, dessa reunião na Filadélfia, com duas formas de Estado fracassadas na mão, os doze dele-
gados abriram mão de suas liberdades e deram origem ao primeiro Estado Federado (detentor de
soberania e composto por diversas entidades territoriais autônomas dotadas de governo próprio).
Ou seja, a Constituição Federativa Americana nasceu de Estado que eram livres e se torna-
ram únicos – movimento que pode cair na prova com a denominação “centrípeta” de fora para
dentro.) PERCEBAM QUE ESTAVA FALANDO DOS ESTADOS UNIDOS!!! No Brasil, tínhamos um
Estado Unitário e esse bloco se difundiu e criou estados autônomos, ou seja, foi o contrário dos
EUA, por isso, a nomenclatura é “centrífuga”.

Principais Diferenças

FEDERAÇÃO CONFEDERAÇÃO
Estados Autônomos Estados Soberanos
Constituição Federal Tratado internacional
Vedado direito de secessão Autorizado direito de secessão

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Geralmente a confederação é governada por uma Assembleia dos Estados Confederados, que
têm direitos e deveres idênticos. A confederação tem personalidade jurídica, mas a sua capa-
cidade internacional é limitada. Do ponto de vista histórico, a Confederação costuma ser uma
fase de um processo que leva à Federação, como nos casos dos Estados Unidos e da Suíça.

CARACTERÍSTICAS COMUNS A TODA FEDERAÇÃO


Descentralização Política: na Constituição Federal, existem núcleos de poderes políticos, refe-
rendando autonomia para os seus entes.
Constituição Rígida como base Jurídica: visa garantir a distribuição de competências entre os
entes autônomos, levando a uma estabilidade institucional.
Inexistência do Direito de Secessão: não é autorizado o direito de retirada. Uma vez que o ente
adere ao pacto federativo, não pode mais sair, sob pena de INTERVENÇÃO. Essa característica
dá luz ao princípio da indissolubilidade do vínculo federativo – lembrando que a forma federati-
va é um dos limites materiais ao poder de emenda.
Soberania do Estado Federal: ao ingressar na Federação, os Estados perdem a soberania, pas-
sando a ser autônomos. A soberania é uma característica do todo, do país, do Estado Federal
– República Federativa do Brasil.
Auto-organização dos Estados membros: mediante de suas constituições estaduais (art. 25
CF/88)
Órgão representativo dos Estados membros: A representação dá-se por meio do Senado Fede-
ral – Art. 46 CF.
Guardião da Constituição: toda federação tem um protetor/tradutor da Constituição. No Bra-
sil, é o Supremo Tribunal Federal (STF).

Entes Federados

A Constituição Federal (CF) prevê a existência de quatro entes federativos, que são a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos eles autônomos e com auto-organização, au-
togoverno, auto-administração.
É importante ressaltar que autonomia não se confunde com soberania. O termo soberania
que a Constituição adota em seu art. 1º, I, como um fundamento da República Federativa do
Brasil irá se manifestar apenas na pessoa da República Federativa do Brasil, entendida como
um grande bloco, no qual está a união de todos os entes internos, representando todo o povo
brasileiro, que é o verdadeiro titular da soberania.
O ente federativo "União" não possui soberania, apenas autonomia, tal como os Estados, O
Distrito Federal e os Municípios. A República Federativa do Brasil é a única soberana e que se
manifesta internacionalmente como pessoa jurídica de direito internacional. Assim, embora a
União (e somente a União) possa representar o Brasil externamente, lá fora ninguém sabe que
não está "tratando com a União, mas sim com a República Federativa do Brasil. Somente esta
(República Federativa do Brasil) é que é pessoa jurídica de direito público externo.

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VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS
O art. 19 contém vedações gerais dirigidas à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Muni-
cípios. visam o equilíbrio federativo. A vedação de criar distinções entre brasileiros coliga-se com
o princípio da igualdade. A paridade federativa encontra apoio na vedação de criar preferência
entre os Estados.

BASE LEGAL

Da Organização do Estado de Viabilidade Municipal, apresentados e


publicados na forma da lei. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 15, de 1996)
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Dis-
CAPÍTULO I trito Federal e aos Municípios:
DA ORGANIZAÇÃO
I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas,
POLÍTICO-ADMINISTRATIVA subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcio-
Art. 18. A organização político-administrativa namento ou manter com eles ou seus re-
da República Federativa do Brasil compreende presentantes relações de dependência ou
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- aliança, ressalvada, na forma da lei, a cola-
nicípios, todos autônomos, nos termos desta boração de interesse público;
Constituição. II – recusar fé aos documentos públicos;
§ 1º Brasília é a Capital Federal. III – criar distinções entre brasileiros ou pre-
§ 2º Os Territórios Federais integram a ferências entre si.
União, e sua criação, transformação em Es-
tado ou reintegração ao Estado de origem
serão reguladas em lei complementar.
§ 3º Os Estados podem incorporar-se en-
tre si, subdividir-se ou desmembrar-se para
se anexarem a outros, ou formarem novos
Estados ou Territórios Federais, mediante
aprovação da população diretamente in-
teressada, através de plebiscito, e do Con-
gresso Nacional, por lei complementar.
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o
desmembramento de Municípios, far-se-ão
por lei estadual, dentro do período deter-
minado por Lei Complementar Federal, e
dependerão de consulta prévia, mediante
plebiscito, às populações dos Municípios
envolvidos, após divulgação dos Estudos

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