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A PLATAFORMA

37 CONTINENTAL DO
MUNICÍPIO DE
SALVADOR:
Geologia, Usos Múltiplos e
Recursos Minerais

Série
ARQUIVOS
ABERTOS 2011
GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA
SECRETARIA DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO E MINERAÇÃO - SICM
COMPANHIA BAIANA DE PESQUISA MINERAL - CBPM

SÉRIE ARQUIVOS ABERTOS 37

A PLATAFORMA CONTINENTAL
DO MUNICÍPIO DE SALVADOR:
GEOLOGIA, USOS MÚLTIPLOS E RECURSOS MINERAIS

José Maria Landim Dominguez


João Maurício Figueiredo Ramos
Renata Cardia Rebouças
Alina Sá Nunes
Lizandra Carvalho Ferreira de Melo

Salvador, 2011
GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA
SECRETARIA DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO E MINERAÇÃO

Jaques Wagner
Governador

James Silva Santos Correia


Secretário da Indústria, Comércio e Mineração

CBPM - COMPANHIA BAIANA DE PESQUISA MINERAL

Hari Alexandre Brust


Diretor Presidente

Rafael Avena Neto


Diretor Técnico

Vinícius Neves Almeida


Diretor Administrativo e Financeiro

Augusto José Pedreira


Gerente de Publicações

D719 Dominguez, José Maria Landim


A plataforma continental do município de Salvador: geologia, usos
múltiplos e recursos minerais / José Maria Landim Dominguez... [et al]. –
Salvador, CBPM, 2011.
72 p. : il. color.: mapas – (Série Arquivos Abertos, 37).

ISBN - 978-85-85680-44-2

1. Plataforma continental - Salvador. 2. Geologia marinha.


3. Arqueologia Marinha. I. Ramos, João Maurício Figueiredo II. Compan-
hia Baiana de Pesquisa Mineral. III. Título. IV. Série.
CDU: 551.351(814.2)
CDD: 551.46098142

ii
APRESENTAÇÃO

O
conhecimento detalhado dos substratos marinhos e dos recursos naturais
da plataforma continental são fundamentais para o planejamento, resolução
de conflitos e gestão do ambiente costeiro, particularmente em frente às
grandes metrópoles litorâneas. Devido à amplitude e variedade das intervenções no fundo
marinho e nas áreas vizinhas aos grandes centros metropolitanos é fundamental se atingir um
nível de conhecimento deste substrato, equiparável às informações disponíveis para a área
costeira emersa, permitindo a integração, sem perda de resolução, entre a representação dos
ambientes continentais e marinhos e seu manejo integrado.
Este aspecto se torna ainda mais relevante quando se leva em conta que diferentes se-
tores da sociedade, tais como exploração de petróleo, pesca, explotação de recursos minerais,
atividades de conservação etc., normalmente competem pelo uso dos mesmos espaços na
plataforma continental. Deste modo, mapas do fundo marinho e seus diferentes usos estão se
tornando tão comuns e corriqueiros, quanto os mapas de uso do solo, amplamente utilizados
no manejo de áreas urbanas e rurais.
Assim sendo, o Arquivo Aberto 37 apresenta os resultados de um trabalho pioneiro, no
Estado da Bahia e até mesmo no Brasil, de mapeamento do fundo marinho da plataforma
continental em frente a Salvador, utilizando ferramentas geológicas e geofísicas, realizado
pelo prof. José Maria Landim Dominguez, do Instituto de Geociências da Universidade Fe-
deral da Bahia, e seus colaboradores.
Os resultados, aqui apresentados, suprem uma crescente demanda por trabalhos que
representem as principais características do ambiente físico submarino, oferecendo uma visão
integrada necessária para a gestão do ambiente costeiro/plataformal. Este trabalho apresenta
também uma avaliação do potencial mineral desta região, identificando as principais jazidas
de granulados siliciclásticos, que, num futuro próximo, terão importância estratégica para a
recuperação das praias da orla de Salvador, ameaçadas pela subida do nível do mar, decorren-
te do aquecimento global.
A CBPM espera que essa publicação constitua a inspiração para outras iniciativas desta
natureza, fundamentais para a gestão e aproveitamento dos recursos naturais do ambiente
marinho.

Hari Alexandre Brust


Diretor Presidente

iii
AGRADECIMENTOS

O
s autores gostariam de agradecer à CBPM, pelo entusiasmo e apoio com
que abraçou a proposta de publicação deste trabalho no formato Arquivos
Abertos. Agradecimentos são também extensivos ao apoio gerencial da Pe-
trobras, gerências UO-BA/EXP e UO-BA/EXP/ABIG, pelo acesso aos dados sísmicos, e
ao geólogo Oscar P. de A. C. Neto pelas críticas e sugestões durante a interpretação sísmica.
O CNPq e a Fapesb ofereceram os recursos financeiros que possibilitaram os levantamentos
de campo. Pedro M. S. Pereira, Elisa Nunes S. da Silva, Esmeraldino A. Oliveira Junior, e
Raissa H. Simões Campos contribuiram de maneira decisiva durante os levantamentos geo-
físicos em campo.

v
RESUMO

A PLATAFORMA CONTINENTAL DO MUNICÍPIO DE SALVADOR:


Geologia, Usos Múltiplos e Recursos Minerais

A
Plataforma Continental em frente a cidade do Salvador (PCS) é a mais estreita do Brasil
e tem sido amplamente utilizada para a pesca, disposição de esgotos domésticos e de
sedimentos dragados dos portos de Aratu e Salvador, recreação (mergulhos), além do
interesse que desperta em arqueologia submarina. A PCS apresenta importantes jazidas de granulados
siliciclásticos de importância estratégica para a recuperação das praias de sua orla marítima, ameaçadas
pela futura subida do nível do mar em decorrência do aquecimento global. Este trabalho apresenta
uma síntese do conhecimento existente sobre a geologia da PCS, seu arcabouço estrutural e evolução
geológica e os diferentes tipos de substratos aí existentes. Estas informações são utilizadas para con-
textualizar os diferentes usos atuais e futuros da plataforma, constituindo assim, no ponto de partida
para a gestão do ambiente marinho, para a mediação dos conflitos decorrentes deste usos, e para a
avaliação preliminar dos impactos decorrentes de futuros empreendimentos. A sedimentação na PCS
é essencialmente carbonática. Estes sedimentos constituem uma cobertura pouco espessa recobrindo
parcialmente os substratos consolidados que aumentam em expressividade na sua porção externa. Se-
dimentos siliciclásticos ocorrem em uma faixa muito estreita bordejando descontinuamente a linha de
costa. Estes sedimentos entretanto, alcançam grande expressividade na região do banco do Santo An-
tônio e na entrada da baía de Todos os Santos, constituindo assim uma importante jazida de granulados
siliciclásticos prontamente disponível para utilização na recuperação das praias da cidade. A fisiografia
da plataforma é controlada fortemente pelo arcabouço estrutural da margem continental e pela exposi-
ção subaérea prolongada durante o Quaternário. Esta herança geológica até hoje exerce uma influência
marcante na sedimentação plataformal. Os resultados aqui apresentados ilustram a necessidade de ava-
liações integradas das áreas emersa e submersa da zona costeira e suprem uma crescente demanda por
mapas que representem de forma integrada as características do ambiente físico.

vii
ABSTRACT

THE CONTINENTAL SHELF OFF SALVADOR:


Geology, Multiple Uses and Mineral Resources

T
he continental shelf off Salvador (PCS) is the narrowest in Brazil. It has been intensively
used for fishing, disposal of domestic effluents and sediments dredged from the Aratu
and Salvador ports, recreation (scuba diving), besides an increasing interest in submarine
archaeology. The PCS has also important accumulations of siliciclastic sands, which are strategic for fu-
ture nourishment of urban beaches threatened by sea-level rise induced by global warming. This work
presents a synthesis of the current geologic knowledge for the PCS, its structural framework, geologic
evolution and marine substrates. These informations provide a background against which actual and
future uses of the marine environment are presented. They also provide a starting point for environ-
mental management, mediation of conflicts and preliminary analysis of future interventions. Sedimen-
tation at the PCS is essentially bioclastic. These sediments form a thin veneer that partially covers the
hard substrates which increase in importance toward the outer shelf. Siliciclastic sediments form a nar-
row belt discontinuously bordering the present day shoreline, except for the Santo Antônio bank and
the entrance of the Todos os Santos bay, where important accumulations are found, thus constituting
important sources of sands, readily available for beach nourishment projects. The physiography of the
shelf is strongly controlled by the structural framework of the continental margin and the prolonged
sub-aerial exposure during the Quaternary. This geologic heritage exerts a marked influence on the
present day shelf sedimentation. The results presented herein illustrate the urgent need for integrated
continent-ocean evaluations, and meet an increasing demand for maps depicting integrated informa-
tions of the physical environment.

ix
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO......................................................................................................................................................................... iii

RESUMO........................................................................................................................................................................................ vii

ABSTRACT.................................................................................................................................................................................... ix

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................................................................ 13

2. DEFINIÇÕES............................................................................................................................................................................ 14

3. IMPORTÂNCIA DE SE CONHECER OS SUBSTRATOS DA PLATAFORMA CONTINENTAL......................................... 17


3.1 Substratos e Comunidades Bentônicas.......................................................................................................................... 18
3.2 Riscos Ambientais............................................................................................................................................................... 18

4. FONTES DE DADOS.............................................................................................................................................................. 19

5. BATIMETRIA E PARÂMETROS AMBIENTAIS..................................................................................................................... 19


5.1. Batimetria............................................................................................................................................................................. 19
5.2. Parâmetros Ambientais..................................................................................................................................................... 22

6. ARCABOUÇO ESTRUTURAL DA MARGEM CONTINENTAL E SUA EVOLUÇÃO........................................................ 22


6.1 Estágio Pré-Rifte.................................................................................................................................................................. 24
6.2 Estágio Drifte....................................................................................................................................................................... 24
6.3 Estágio Drifte I..................................................................................................................................................................... 25
6.4 Estágio Drifte Il..................................................................................................................................................................... 26
6.5 A Expressão da Herança Geológica na Plataforma Continental.................................................................................. 26
6.6 Sínteses da Evolução Geológica...................................................................................................................................... 28

7. SEDIMENTOS SUPERFICIAIS – TEXTURA E COMPOSIÇÃO......................................................................................... 34


7.1 Textura do Sedimento Superficial de Fundo.................................................................................................................. 34
7.2 Composição do Sedimento Superficial de Fundo......................................................................................................... 34
7.3 Fácies Texturais................................................................................................................................................................... 34
7.4 Controles na Distribuição dos Sedimentos Superficiais.............................................................................................. 35

8. EVOLUÇÃO QUATERNÁRIA................................................................................................................................................ 45
8.1 Regressão Pleistocênica e o Último Máximo Glacial.................................................................................................... 45
8.2 A Subida do Nível Eustático Após o Último Máximo Glacial........................................................................................ 46
8.3 O Nível de Mar Alto Atual.................................................................................................................................................... 46

9. RECURSOS MINERAIS......................................................................................................................................................... 50

10. USOS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SALVADOR............................................................................................. 54


10.1 Disposição de Resíduos.................................................................................................................................................. 54
10.2 Descarte de Materiais Dragados..................................................................................................................................... 55
10.3 Implantação de Cabos Submarinos................................................................................................................................ 55
10.4 Recreação e Arqueologia Submarina............................................................................................................................. 55
10.5 Pesca.................................................................................................................................................................................... 56

11. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................................................................ 59

12. REFERÊNCIAS.................................................................................................................................................................... 59

APÊNDICE..................................................................................................................................................................................... 67
A. Série Arquivos Abertos.......................................................................................................................................................... 67
B. Volumes já Publicados da Série Arquivos Abertos........................................................................................................... 67

ANEXO
GEOLOGIA E PRINCIPAIS USOS ATUAIS E FUTUROS DA
PLATAFORMA CONTINENTAL DE SALVADOR

xi
Arquivos Abertos 37 CBPM

1. INTRODUÇÃO

N
o Brasil o último grande esforço de em grande parte ao que foi feito ainda à época do
caracterização do fundo marinho da Projeto Remac. A partir do início deste século, ativi-
Plataforma Continental foi durante dades de pesquisa em parte patrocinadas pela CBPM,
a realização do Projeto Remac (Reconhecimento da e realizadas no Centro de Pesquisa em Geofísica e
Margem Continental), nas décadas de 70-80 (Damuth Geologia da UFBA, permitiram uma coleta quase que
& Hayes, 1977; Xavier & Costa, 1979; Zembruscki, sistemática de amostras de sedimento na plataforma
1979, Palma, 1979; Chaves et al, 1979; França, 1979; continental baiana, melhorando bastante o conheci-
Kowsman & Costa, 1979). mento sobre esta região, o qual se encontra suma-
Na última década verifica-se um renascimento riado no capítulo XVIII do livro Geologia da Bahia
do interesse no estudo da plataforma, principalmente (Dominguez et al, no prelo).
devido aos seguintes fatos: (i) submissão pelo Brasil, O trabalho agora apresentado na forma deste
junto à Unclos (United Nations Convention of the Arquivo Aberto, sintetiza em maior detalhe o conhe-
Law of the Sea conhecida em português como Con- cimento sobre a plataforma continental confrontante
venção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar - à cidade do Salvador, a qual tem sido intensamente
CNUDM) da proposta de delimitação da Plataforma utilizada para a pesca, disposição de esgotos domés-
Continental Brasileira, resultado do trabalho conjun- ticos (emissários do Rio Vermelho e de Jaguaribe ou
to entre a Petrobras e a Marinha do Brasil (Projeto Boca do Rio), disposição de sedimentos dragados
Leplac - Plano de Levantamento da Plataforma Con- nos portos de Aratu e Salvador, além de atividades
tinental Brasileira), (ii) expansão das atividades huma- de recreação (mergulhos em naufrágios) e o interesse
nas para o ambiente marinho, tais como exploração em arqueologia marinha. Adicionalmente este traba-
de petróleo, implantação de emissários submarinos, lho apresenta uma primeira avaliação dos recursos
dutos e cabos, e descartes de operações de dragagem, minerais deste trecho da plataforma baiana, princi-
(iii) crescente preocupação com a conservação da vida palmente no que diz respeito aos granulados mari-
marinha (baleias, tartarugas, recifes de coral, etc), (iv) nhos (siliciclásticos e bioclásticos). Este é um aspec-
renovação do interesse na atividade mineral com a re- to importante, pois tendo em vista a fisiografia e o
ativação da divisão de Geologia Marinha da CPRM e histórico de ocupação da cidade, as praias urbanas
a sua missão de avaliar os recursos minerais da nossa são muito estreitas e algumas até já desapareceram.
plataforma, e (v) necessidade geopolítica de marcar a Com a perspectiva de uma subida do nível do mar
presença brasileira no Atlântico Sul Ocidental. nas próximas décadas, em decorrência do aquecimen-
Entretanto, diversas das atividades mencionadas to global, obras de recuperação de praias como as que
têm sido desenvolvidas sem um conhecimento mí- já têm sido feitas em outros lugares do mundo e do
nimo dos substratos presentes na plataforma conti- Brasil (p.ex. Marataízes e Conceição da Barra, no es-
nental. tado do Espírito Santo), se farão também necessárias
No caso particular do Estado da Bahia, apesar nas praias de Salvador. Para tal, é fundamental encon-
de o mesmo incluir o trecho de plataforma continen- trar na plataforma continental jazidas de granulados
tal mais longo de todo o Brasil, o conhecimento dos siliciclásticos que possam funcionar como áreas de
tipos de substratos é essencialmente nulo, limitado empréstimo para esta atividade.

13
CBPM Arquivos Abertos 37

2. DEFINIÇÕES

A
plataforma continental é uma região conceituações jurídicas estabelecidas na Convenção das
aproximadamente plana de baixa decli- Nações Unidas para Direito do Mar (Unclos). A seguir
vidade que bordeja o continente (Frie- são reproduzidas algumas definições importantes cons-
dman et al, 1992). Pode-se considerar que a mesma é tantes na Convenção para Direito do Mar (Figura 2):
normalmente limitada por duas rampas íngremes: (i) a Mar Territorial (MT) – possui uma largura de 12
face litorânea (“shoreface”) representa o limite interno milhas náuticas (m.n.) contadas a partir das linhas de
da plataforma. Trata-se de uma superfície côncava, rela- base. As linhas de base correspondem a um traçado mais
tivamente íngreme, esculpida pelas ondas, que constitui a simplificado da linha de costa. A soberania do Estado
transição entre o sistema praial e a plataforma continen- costeiro (p. ex. o Brasil) neste espaço é irrestrita, sendo
tal e (ii) o talude que constitui o limite externo, modela- um espaço marítimo em continuação ao seu território.
do essencialmente pela ação da gravidade e cujo contato Observar que o mar territorial brasileiro de 200 m.n. –
com a plataforma é brusco e representado pela quebra instituído pelo Decreto-lei nº 1.098, de 25 de março de
da plataforma (Figura 1). 1970 – passou a ser de 12 m.n., com a vigência da Lei nº
Esta definição geológica é bastante diferente das 8.617, de 4 de janeiro de 1993.

Figura 1 - A plataforma continental e os principais processos oceanográficos


Figure 1 - The continental shelf and the major oceanographic processes

14
Arquivos Abertos 37 CBPM

Figura 2 - Limites do Mar Territorial, Zona Contígua, Zona Econômica Exclusiva, e Plataforma Continental de acordo
com o estabelecido pelo Unclos
Figure 2 - Limits of the Territorial Sea, Contiguous Zone, Economic Exclusive Zone and Continental Shelf as esta-
blished by UNCLOS

Zona Contígua (ZC) – seu limite é uma faixa de rios alternativos: (i) até a distância de 60 m.n. do pé do
24 m.n. contadas a partir das linhas de base. A jurisdi- talude continental; ou (ii) até o local onde a espessura
ção do Estado costeiro neste espaço é limitada a evitar das rochas sedimentares corresponda a 1% da distância
e reprimir agressões aos seus regulamentos aduaneiros, deste local ao pé do talude continental. Os limites exte-
fiscais, de imigração ou sanitários. riores da plataforma continental não poderão ultrapas-
Zona Econômica Exclusiva (ZEE) – seu limite é sar 350 m.n. das linhas de base ou 100 m.n. da isóbata
de 200 m.n. contadas a partir das linhas de base. Nes- de 2.500 metros. Na plataforma continental o estado
te espaço o estado costeiro tem direitos de soberania costeiro possui direitos de soberania no que diz respei-
para fins de exploração e aproveitamento, conservação to ao aproveitamento e exploração dos recursos natu-
e gestão dos recursos naturais, vivos ou não vivos das rais do solo e subsolo marinho (os recursos minerais
águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e e outros recursos não vivos, além dos recursos vivos,
seu subsolo. espécies sésseis ou aquelas que se movem em contato
Plataforma Continental (PC) - compreende o lei- físico com o leito do mar).
to e o subsolo das áreas submarinas que se estendem O Brasil, como resultado do projeto Leplac apre-
além do mar territorial, até a borda exterior da margem sentou à Unclos, sua proposta de limites da Plataforma
continental, ou até uma distância de 200 m.n. das linhas Continental em 17 de maio de 2004 (Figura 3). Convém
de base, nos casos em que a borda exterior da margem enfatizar que o trabalho agora apresentado restringe-se
continental não atinja essa distância. O limite da PC apenas à plataforma continental segundo a sua defini-
além das 200 m.n. é definido por meio de dois crité- ção geológica (Figura 1).

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CBPM Arquivos Abertos 37

Figura 3 - Proposta brasileira de delimitação da sua plataforma continental submetida ao Unclos


Figure 3 - Brazilian proposal for the limits of the continental shelf as submitted to UNCLOS

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Arquivos Abertos 37 CBPM

3. IMPORTÂNCIA DE SE CONHECER OS SUBSTRATOS DA


PLATAFORMA CONTINENTAL

N
o continente a caracterização do am- do marinho e seus diferentes usos estão se tornando
biente é relativamente simples utilizan- tão comuns e corriqueiros, quanto os mapas de uso do
do-se técnicas de mapeamento clássico solo, amplamente utilizados no manejo de áreas urba-
e de sensoriamento remoto. nas e rurais.
No ambiente marinho, o sensoriamento remoto A este respeito deve-se chamar a atenção, que
convencional pode ser utilizado apenas na zona cos- no Brasil, em número crescente, tem sido proposta a
teira emersa. A visualização do fundo marinho com a criação de unidades de conservação marinhas. Grandes
mesma resolução e cobertura espacial não é possível. áreas do fundo marinho têm sido alocadas para fins de
Entretanto, informações detalhadas sobre a topografia conservação sem qualquer informação sobre a sua ge-
submarina e a distribuição dos diferentes tipos de subs- omorfologia e os seus hábitats.
tratos, são fundamentais para a prática de uma ampla Os processos e substratos geológicos são funda-
variedade de atividades humanas, tais como navegação, mentais na determinação destes hábitats e suas comu-
defesa nacional, manejo de estoques pesqueiros, análise nidades. Assim, por exemplo, locais caracterizados por
de impactos, licenciamento ambiental, levantamento de transporte ativo de sedimentos apresentam uma baixa
recursos minerais e mineração submarina, dragagem e diversidade de espécies em comparação aos fundos
descarte, implantação de cabos, dutos e outras estrutu- consolidados onde assembleias bentônicas mais diver-
ras submarinas, avaliação de riscos ambientais (erosão sificadas estão normalmente presentes. Estas informa-
costeira, estabilidade do fundo marinho, sedimentos ções são cruciais para a gestão e conservação das áreas
contaminados, etc), gestão e conservação ambiental, marinhas, permitindo uma concentração de esforços
identificação e proposição de Áreas Marinhas Protegi- naquelas áreas ambientalmente mais importantes, redu-
das, etc. zindo conflitos de uso com outras atividades e permi-
O conhecimento detalhado dos substratos mari- tindo um estabelecimento mais adequado e preciso dos
nhos e dos recursos naturais associados são assim fun- limites das unidades de conservação marinhas.
damentais para o planejamento e resolução de confli- Praticamente todas as tomadas de decisão relacio-
tos e gestão do ambiente costeiro particularmente em nadas ao uso e manejo dos recursos do fundo marinho
frente às grandes metrópoles litorâneas. Deste modo, podem ser endereçadas por três elementos ambientais
devido à amplitude e variedade das intervenções no básicos (Pickrill, R.A. e Todd, B.J., 2003):
fundo marinho, nas áreas vizinhas aos grandes centros • A profundidade e a morfologia do fundo marinho;
metropolitanos, é fundamental se atingir um nível de • A textura e a composição do sedimento na superfície
conhecimento deste fundo equiparável às informações do fundo marinho e imediatamente abaixo (subfundo);
disponíveis para a área costeira emersa, permitindo a • A flora e a fauna que constituem as comunidades ben-
integração sem perda de resolução, entre a representa- tônicas.
ção dos ambientes continentais e marinhos e seu ma- Assim, o presente trabalho objetiva apresentar
nejo integrado. Este aspecto se torna ainda mais rele- uma síntese sobre o conhecimento dos substratos ma-
vante quando se leva em conta que diferentes setores rinhos da plataforma continental de Salvador, e suas
da sociedade normalmente competem pelo uso dos implicações para a avaliação dos seus recursos natu-
mesmos espaços na plataforma continental, tais como rais (minerais e comunidades bentônicas), seu mane-
exploração de petróleo, pesca, explotação de recursos jo e a gestão integrada da plataforma e zona costeira
minerais, atividades de conservação, etc. Mapas do fun- associada.

17
CBPM Arquivos Abertos 37

3.1 SUBSTRATOS E COMUNIDADES do e os hábitats (Kenny et al, 2003). Os seguintes atribu-


BENTÔNICAS tos geológicos são considerados de relevância ecológica:
(i) microrelevo (centímetros a decímetros – rugosidade),
Os habitats bentônicos são primariamente deter- (ii) macrorelevo (metros a centenas de metros), (iii) tex-
minados pelos tipos de substratos (sedimento ou ro- tura, composição e porosidade do sedimento, (iv) dinâ-
chas), que refletem processos físicos passados e atuais. mica/processos, formas de leito, trajetórias de transporte
O substrato determina em grande extensão a presença de sedimentos, (v) espessura do sedimento, (vi) cenário
ou ausência de uma espécie bentônica particular como regional, (vii) história geológica e (viii) feições antropo-
também modifica o efeito de distúrbios nas comunida- gênicas.
des bentônicas (Kostylev et al, 2001). O mapeamento dos habitats marinhos é o primeiro
Vários autores ilustraram as relações existentes en- passo para a gestão científica dos recursos do mar, para
tre a textura e a composição dos sedimentos que reco- o monitoramento das mudanças ambientais e para a ava-
brem o fundo marinho e a distribuição e a abundância liação dos impactos dos distúrbios antropogênicos nos
das espécies bentônicas (Todd & Greene, 2008; Harris & organismos bentônicos.
Baker, 2011). Para endereçar este aspecto uma coopera- Muitas destas informações estão disponibilizadas
ção estreita entre geólogos marinhos e biólogos é neces- neste trabalho e espera-se que a sua publicação sirva de
sária. Nos últimos 10 anos, progressos nas tecnologias estímulo para a comunidade de biólogos marinhos rea-
de mapeamento incluindo sonografia de varredura late- lizar o detalhamento das comunidades bentônicas asso-
ral, sonografia multifeixe, navegação e amostragem com ciadas aos diferentes tipos de fundo aqui identificados.
precisão locacional, sistemas fotográficos e técnicas de
visualização científica tiveram lugar, satisfazendo antigas 3.2 RISCOS AMBIENTAIS
demandas da comunidade de biólogos marinhos.
A integração de mapeamentos de alta resolução do Estruturas de engenharia, tais como dutos, emis-
ambiente físico com a distribuição de espécies bentôni- sários, plataformas de exploração de petróleo, cabos de
cas permite estabelecer as relações entre estes substratos fibra ótica, etc. devem ser projetados para suportar as
e as comunidades bentônicas e mapear, deste modo, os condições ambientais sem comprometer sua integridade
hábitats essenciais para várias espécies de organismos estrutural. O transporte de sedimentos sob a ação com-
comercialmente importantes, como peixes demersais, binada de ondas, correntes e marés pode ter o potencial
camarão e lagosta. Estas informações são de vital im- para prejudicar fundações e fluidizar o assoalho mari-
portância na exploração destes recursos, não só para au- nho, como já foi registrado em várias regiões do mun-
mentar a eficiência da captura, como também possibilitar do (Harris e Coleman, 1998; Porter-Smith et al, 2004).
mudanças nas práticas de pesca, redução do impacto am- Informações sobre os tipos de sedimento que recobrem
biental com a diminuição do distúrbio nas áreas do fun- o fundo marinho e as formas de leito associadas forne-
do, melhoria do manejo dos recursos pesqueiros em uma cem dados importantes sobre a capacidade de carga e re-
escala espacial mais detalhada, assim como do manejo mobilização dos mesmos. Estas informações devem ser
de estoques múltiplos em áreas relativamente reduzidas. quantificadas e incorporadas em soluções de engenharia
Ao longo da última década, a geologia marinha ambientalmente sustentáveis. Dados sobre a textura do
esteve cada vez mais envolvida na caracterização dos sedimento integrados a dados de clima de ondas, cor-
hábitats bentônicos como resultado direto de avanços rentes e batimetria podem ser utilizados para calcular a
significativos na resolução e acurácia das tecnologias de mobilidade dos sedimentos na plataforma continental.
mapeamento. Os primeiros mapas do fundo marinho Os resultados obtidos têm aplicação imediata no mane-
eram geralmente inadequados para atender às demandas jo ambiental. Assim, ambientes de baixa energia são de
da comunidade biológica por não apresentarem detalhe especial interesse para gestores ambientais por causa da
suficiente para uma correlação direta entre tipos de fun- sua capacidade limitada de dispersar e diluir contaminan-

18
Arquivos Abertos 37 CBPM

tes antropogênicos. Estes resultados fornecem um arca- da mobilidade de sedimentos na plataforma continental
bouço preditivo, baseado na compreensão de processos tem para responder questões, não apenas relacionadas a
dos sistemas sedimentares plataformais com aplicação riscos ambientais, como também a aspectos mais acadê-
direta em projetos de engenharia e em estudos regionais micos como a classificação das plataformas continentais
de dispersão e acumulação de poluentes (Harris e Cole- orientada para processos (Porter-Smith et al, 2004). No
man, 1998), além de fornecer uma base preditiva para Brasil iniciativas deste tipo, têm-se concentrado, prin-
a natureza espacial e temporal dos hábitats bentônicos, cipalmente em ambientes de baías e estuários, onde os
cuja distribuição é controlada, além da composição e tex- resultados têm sido igualmente limitados, justamente
tura dos sedimentos, também pelas taxas de transporte pela falta de informações detalhadas do fundo marinho
de sedimentos e pela frequência da ressuspensão destes e sua cobertura sedimentar. Uma das poucas exceções
sedimentos durante eventos de tempestade e correntes é o trabalho de Campos & Dominguez (2010), sobre
(Harris e Coleman, 1998). a mobilidade de sedimentos na plataforma continental
Em nível mundial, só muito recentemente, pesqui- confrontante ao município de Conde, litoral norte do
sadores se deram conta do grande potencial que o estudo Estado da Bahia.

4. FONTES DE DADOS

A
base de dados utilizada neste trabalho in- lateral;
clui (Figura 4): (iv) dados compilados de teses e dissertações, cartas
náuticas, relatórios, etc., incluindo a localização de
(i) um conjunto de 463 amostras de sedimento su- emissários submarinos, cabos de comunicação, nau-
perficial coletadas com busca-fundo desde a entrada frágios, locais de descarte de operações de dragagem,
da Baía de Todos os Santos até a localidade de Itapuã; levantamentos batimétricos, etc.
(ii) 205km de levantamento com perfilador de subfun- Estes dados foram integrados e interpretados
do tipo chirp; em um Sistema de Informações Geográficas, também
(iii) 174km de levantamento com sonar de varredura utilizado para a geração dos mapas aqui apresentados.

5. BATIMETRIA E PARÂMETROS AMBIENTAIS

5.1 BATIMETRIA de Salvador (PCS) são caracterizadas a seguir (Figura5):


Na entrada da baía de Todos os Santos está lo-
A plataforma continental baiana é a mais estreita calizado um canal de aproximadamente 20m de pro-
de todo o território nacional possuindo uma largura fundidade, alinhado no sentido N-S, o Canal de Salva-
média de 14km. Localmente, como em frente à cida- dor. A feição mais proeminente da PCS é o Banco de
de de Salvador, a quebra da plataforma se encontra Santo Antônio (BSA). Esta feição apresenta um com-
a menos de 8km de distância da atual linha de costa. primento de aproximadamente 12,7km e largura mé-
As feições fisiográficas da plataforma continental dia entre 3 e 3,5km, com orientação aproximada N-S.

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Figura 4 - Principais fontes de dados utilizadas neste trabalho


Figure 4 - Major data sets used in this work

Figura 5 - Principais feições da batimetria da área de estudo


Figure 5 - Major bathymetric features of the study area

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O topo do banco é muito raso, com cerca de 5m de próximo à linha de costa até a quebra da plataforma.
profundidade, e exibe grandes ondas de areia, visíveis O limite oriental da PCS é também um alto topográfi-
em imagens de satélite (Figura 6). A face oeste do co denominado de Alto de Itapuã (Figura 5). A região
banco é suave apresentando declividade em torno de baixa situada entre estes dois altos é denominada de
0,35°, enquanto a face leste apresenta uma declividade Baixo da Boca do Rio (Pereira, 2009).
mais acentuada, em torno de 5°. No sentido de costa A plataforma interna estende-se até a isóbata de
afora, o BSA aumenta sua largura e as declividades 20m, enquanto a plataforma externa abrange a região
ficam mais suaves (Rebouças, 2008). O BSA é separa- entre as isóbatas de 30 e 50m. Na plataforma interna,
do da costa por um canal, alinhado no sentido leste- próximo a linha de costa, são encontrados afloramentos
oeste, com profundidade máxima de 50m, preenchido rochosos (Rebouças, 2008). A transição da plataforma
parcialmente por sedimentos arenosos, que se estende interna para a plataforma externa exibe um gradiente
até a plataforma média. acentuado (Figura 5). A plataforma externa exibe uma
Aproximadamente na porção central da PCS declividade mais suave, com um relevo relativamente
ocorre uma feição positiva orientada SE-NO aqui plano (Nunes, 2002). A plataforma externa também é
denominada de Alto da Pituba, que se estende desde caracterizada por numerosos afloramentos rochosos.

Figura 6 - Banco de Santo Antônio, principal feição topográfica da Plataforma Continental de Salvador. A: Carta Batimé-
trica da DHN sobreposta ao sombreamento da batimetria. B: Imagem de satélite mostrando o Banco de Santo Antônio
Figure 6 - Santo Antonio bank, a major topographic feature of the Salvador continental shelf. A: Bathymetric chart over
3D rendering of the bathymetry. B: Satellite image showing the shallow portion of the bank

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A quebra da plataforma situa-se em torno de nio (Figura 5).


50m de profundidade (Nunes, 2002; Pereira, 2009). A forte influência das marés na entrada da baía
Nela são encontradas feições positivas, semelhantes de Todos os Santos até o Rio Vermelho é indicada
às feições identificadas por Kikuchi (2000) no litoral pela clara bimodalidade na distribuição das direções
Norte da Bahia, possíveis formações recifais antigas de corrente e pelas velocidades elevadas em todas
afogadas pela última transgressão marinha (Nunes, as profundidades ao longo da coluna d’água. Nesta
2002). Na quebra da plataforma ocorrem cabeceiras área, correntes de enchente, com orientação, são mais
de cânions, ravinas e vales submarinos que compõem fortes e predominantes, com velocidades máximas
o sistema de drenagem submarina do talude, esculpi- de 80cm/s, excedendo aquelas associadas às marés
do por fluxos gravitacionais de sedimentos. vazantes, com velocidades máximas de 50cm/s, em
todas as profundidades (Lessa et al, 2001; Cirano &
5.2 PARÂMETROS AMBIENTAIS Lessa, 2007).
O regime de marés é semidiurno, apresentando
Do ponto de vista da circulação, as correntes uma altura média da maré de 1,70m, variando entre
costeiras induzidas por ventos NE, que sopram du- 2,20m (sizígia) e 0,95m (quadratura), com uma altura
rante a maior parte do ano, fluem no sentido SO e as máxima de sizígia de 2,7m. A onda de maré sofre am-
correntes geradas por ventos SSE, que sopram duran- plificação à medida que se propaga para o interior da
te o outono e inverno, fluem no sentido de NE (CRA, BTS (CRA, 2000; Lessa et al, 2001; Cirano & Lessa,
2003, Livramento, 2008). Estas correntes prevalecem 2007). A média do prisma de maré da BTS é de 1,76
no trecho norte da PCS, a partir do bairro da Boca x 109m3, o que corresponde a uma descarga de 39 x
do Rio, e apresentam valores máximos de corrente de 103m3/s de água sendo despejada na plataforma con-
50cm/s próximo à superfície. A partir do Rio Ver- tinental em frente a Salvador (Lessa et al, 2001).
melho a circulação na PCS passa a ser fortemente in- O clima de ondas na área de estudos é caracte-
fluenciada pelas marés que inundam e drenam a baía rizado por ondas com altura entre 1 e 2m e período
de Todos os Santos (Lessa et al, 2001, CRA 2003). As da ordem de 5-6,5 segundos. Durante o verão predo-
maiores velocidades de corrente são experimentadas minam ondas de ENE enquanto no inverno ondas de
no canal de Salvador e sobre o banco de Santo Antô- SE aumentam sua frequência (Bittencourt et al, 2008).

6. ARCABOUÇO ESTRUTURAL DA MARGEM CONTINENTAL


E SUA EVOLUÇÃO

A
fisiografia de uma plataforma continen- Filho & Graddi (1993), através de um estudo detalhado
tal remonta à sua herança geológica, e a dos dados sísmicos e gravimétricos disponíveis na épo-
outros fatores, como o espaço de aco- ca, redefiniram este limite, posicionando-o na região
modação, aporte/disponibilidade de sedimentos, circu- onde foi interpretado o sistema de falhas de transferên-
lação, e variações do nível do mar (Dominguez, 2009). cia de Itapuã. Este sistema de falhas está disposto sobre
A plataforma continental do município de Salva- uma zona de fratura oceânica, descrita como Zona de
dor, está implantada sobre as bacias sedimentares de Ja- Fratura de Salvador (Blaich et al, 2008), e possivelmente
cuípe (porção NE) e Camamu (porção SO) (Figura 7). permaneceu ativo durante toda a evolução da platafor-
O limite geológico entre estas bacias sedimentares foi ma, já que afeta desde a seção rifte até o fundo marinho
inicialmente posicionado na falha da Barra. Wanderley atual (Figura 7).

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Figura 7 - Mapa magnético reduzido ao polo apresentando, em cores quentes, o limite do embasamento raso. Este limite,
na porção norte à Falha de Itapuã coincide com a atual quebra da plataforma. FI – Falha de Itapuã, FB – Falha da Barra,
ZFSA – Zona de Fratura de Salvador
Figure 7 - Magnetic map showing, in hot colors, the limit of the shallow basement. This limit, north of the Itapuã fault
coincides with the present shelf break. FI – Itapuã fault, FB – Barra fault, ZFSA – Salvador fracture zone

Figura 8 - Limites do Cráton do São Francisco, margem continental da bacia de Jacuípe, e margem continental da bacia
de Santos. Baseado em Mohriak et al. (2008)
Figure 8 - Left: limits of the São Francisco craton. B: continental margin at Jacuipe basin. C: continental margin at
Santos basin. Based on Mohriak et al. (2008)

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Neste item discutiremos a estruturação e evolu- resultado da expressiva progradação decorrente dos
ção da margem continental entre Salvador e a localida- elevados aportes sedimentares (Figura 8).
de de Guarajuba. Neste trecho da margem continental Assim, a PCS é, de um modo geral, completa-
brasileira o reduzido aporte de sedimentos foi inca- mente diferente da plataforma continental do sudeste
paz de apagar grande parte da estruturação originada do Brasil. A ausência de um sistema de montanhas
durante a separação da América do Sul e África, de próximo a linha de costa fez com que a PCS experi-
forma que algumas feições morfológicas presentes na mentasse uma reduzida progradação cenozoica, que
atual plataforma são o reflexo do grande rifteamento resultou em uma interface plataforma-talude abrupta
ocorrido no Cretáceo. e estreita, de caráter meramente estrutural.
Para uma compreensão mais ampla dos elemen- Um resumo da evolução cenozoica da margem
tos estruturais presentes na PCS é importante lembrar continental soteropolitana é apresentado a seguir.
que o embasamento da PCS é constituído pelo Cráton Para fins práticos (facilidade de visualização das sis-
do São Francisco (Figura 8). A presença do cráton foi mofácies), a seção sedimentar da PCS será dividida
um fator determinante na estruturação da PCS. Os em quatro grandes intervalos “nomeados” como Es-
crátons, por serem feições isostaticamente positivas, tágios Pré-Rifte, Rifte, Drifte I e Drifte II.
correspondem aos grandes baixos topográficos dos
continentes, exibindo relevo interno relativamente 6.1 ESTÁGIO PRÉ-RIFTE
pouco pronunciado (Alkmim, 2004). A “estabilida-
de” cratônica (Mohriak et al, 2008) associada ao re- Apesar de existir uma expressiva seção pré-rifte
duzido estiramento crustal experimentado durante nas bacias do Recôncavo e de Camamu, ainda não
o rifteamento, foram os principais responsáveis pela existem dados que comprovem a sua existência na
presença de uma plataforma pouco desenvolvida nes- margem continental adjacente a Salvador.
ta região. Esta característica, associada à sua grande
resistência aos eventos epirogenéticos fizeram com 6.2 ESTÁGIO RIFTE
que a margem continental baiana, de uma maneira ge-
ral, recebesse, ao longo do tempo, reduzidos aportes Na bacia de Camamu a sedimentação rifte é com-
sedimentares. posta por três sequências sedimentares depositadas en-
A ausência de uma expressiva progradação ce- tre o Berriasiano e o Aptiano (Caixeta et al, 2007). Já
nozoica resultou em uma “quebra” da plataforma que na Bacia de Jacuípe, a sedimentação rifte é mais tardia,
praticamente coincide com a linha de charneira da tendo iniciado cerca de 10 milhões de anos depois no
fase rifte, ou seja, o limite abrupto entre a plataforma Hauteriviano e é caracterizada pela deposição de ape-
e o talude é um reflexo do rifteamento cenozoico e nas duas sequências sedimentares (Graddi et al, 2007).
pode ser considerado essencialmente estrutural. Ape- Durante a fase rifte a região onde seria implantada
nas um pequeno empilhamento sedimentar pode ser a futura PCS, era mais larga que atualmente. O Alto de
visto em linhas sísmicas localizadas a sul de Itapuã. Salvador (Alto de Jacuípe) já existia como uma feição
Por outro lado, a plataforma continental da pronunciada e atuava como área-fonte de sedimentos.
região sudeste do Brasil (largura média superior a Wanderley Filho & Graddi (1993) descrevem grandes
200km) foi implantada sobre uma faixa de dobra- falhamentos, tanto na região da atual plataforma con-
mentos, e submetida a um soerguimento neocretácico tinental quanto nas porções mais profundas da bacia
(Zalán & Oliveira, 2005) que produziu a Serra do Mar. durante o estágio rifte. Com base nos limites da “bacia
A Serra do Mar funcionou como uma importante rifte” interpretados por esses autores, pode-se supor
fonte de sedimentos para aquela região, fazendo com que a futura PCS teria uma largura inicial de pelo me-
que a interface plataforma-talude apresente um cará- nos 60km (Figura 9A). A quebra da plataforma teria
ter claramente estratigráfico e uma declividade suave, supostamente um declive mais abrupto que o atual.

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Com a evolução do rifte, a falha de borda (hinge plataformal carbonática albo-cenomaniana e o início
line) migrou progressivamente no sentido da bacia da sequência marinha depositada no Neo-Cretáceo.
do Recôncavo, já implantada neste período (Figura O início deste estágio foi marcado por um pe-
9B). Ao final do rifteamento a região da futura PCS ríodo de subsidência térmica no qual os sedimen-
e vizinhanças era marcada por uma grande falha de tos depositaram-se em uma bacia tipo prato, ou Sag
borda segmentada por duas falhas de transferência: (Caixeta et al, 2007). A configuração ampla e rasa
a Falha da Barra e a Falha de Itapuã (Wanderley Fi- desse tipo de bacia associada à um ambiente mari-
lho & Graddi, 1993) (Figura 7). A futura plataforma nho restrito gerou as condições ideais para a deposi-
continental, portanto, desde o início, já exibia uma ção de uma sequência evaporítica. O “sal” presente
redução de sua largura no sentido SO, chegando a nas bacias de Camamu e de Sergipe ainda não foi
praticamente desaparecer em frente às proximidades constatado na Bacia de Jacuípe. A grande rotação de
da Barra. blocos neste estágio, visualizada nas seções sísmicas,
Ao final da fase rifte, de modo diacrônico, toda sugere a possibilidade da existência de um intervalo
a margem continental leste baiana experimentou um evaporítico nesta seção.
importante evento erosivo que, junto a um tectonis-
mo intenso, praticamente definiu os limites da pla-
taforma continental atual. Este evento erosivo, que
limita a fase rifte, é conhecido como a discordân-
cia pré-neoalagoas ou break-up unconformity (Campos
Neto et al, 2007) (Figuras 9B e 11). A presença desta
fase erosiva nas bacias de Sergipe, Almada, Espírito
Santo, Campos e Santos (Dias, 2005) dá uma ideia da
grandeza deste evento.
O mapa magnético reduzido ao polo, mostrado
na figura 7, pode ser interpretado como uma repre-
sentação do embasamento raso sob a PCS. Ao ob-
servar este mapa é possível ter uma ideia aproximada
da geometria da falha de borda, no final da fase rifte.
Nota-se na região da plataforma um alto magnéti-
co que acompanha a atual quebra da plataforma até
próximo à ponta de Itapuã, onde esta feição se une
ao Alto de Salvador. Deste modo, o trecho de plata-
forma representado na figura 7 pode ser subdividido
em dois compartimentos: (i) Compartimento Nor-
deste, onde o embasamento raso controla a posição
da quebra da plataforma, e (ii) Compartimento Su- Figura 9 - Reconstrução esquemática da “plataforma
continental” de Salvador durante o estágio rifte, ba-
doeste, que coincide com a PCS, onde a ausência de
seada na interpretação sísmica de Wanderley Filho
um embasamento raso propiciou a progradação de e Graddi (1993). Acima: Início da sedimentação rifte.
uma sequência marinha durante as fases Drifte I e II. Abaixo: implantação da discordância Pré-Neoalago-
as, que marcou o final da fase rifte
Figure 9 - Simplified reconstruction of the Salvador
6.3 ESTÁGIO DRIFTE I “continental shelf” during the rift stage, based on
seismic interpretation according to Wanderley Filho
e Graddi (1993). Above: beginning of the rift sedimen-
O estágio Drifte I engloba as sequências eva- tation. Bellow: the Pre-Neoalagoas major unconfor-
poríticas do Pós-Rifte (bacia tipo Sag), a sequência mity that delimits the end of the rift phase

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A implantação “efetiva” do Oceano Atlântico, tectônica é evidenciada pelo pequeno porte das falhas
ainda na forma de um grande mar raso, propiciou a deste período, isto é, quando elas estão presentes.
implantação de uma grande plataforma carbonática.
Neste período uma subida eustática lenta promoveu 6.5 A EXPRESSÃO DA HERANÇA
as condições necessárias para o desenvolvimento des- GEOLÓGICA NA PLATAFORMA
ta sequência. CONTINENTAL
Ao final do estágio Drifte I ocorre um grande
afogamento da bacia (Caixeta et al, 2007) que trans- Conforme já mencionado anteriormente, do
porta a sedimentação para um contexto marinho de ponto de vista fisiográfico, a PCS e vizinhanças pode
águas profundas. Mas a calmaria presente neste am- ser dividida em dois compartimentos, NE e SO, os
biente é interrompida bruscamente por um período quais são separados pela Falha de Itapuã (Zona de
de intenso tectonismo e atividade vulcânica. Prova- Fratura de Salvador ?) (Figura 7).
velmente as falhas do estágio Rifte foram reativadas Compartimento Nordeste – neste compartimen-
e toda a bacia foi basculada gerando movimentações to, o caráter muito abrupto da quebra da plataforma
de massa e rotação de grandes blocos. Cobbold et al constitui uma cicatriz que o processo de rifteamen-
(2010) descreve deslizamentos em frente à cidade de to impôs à mesma. Após o grande evento erosivo do
Salvador com cerca de 5km de espessura por 60km Eoceno Inferior toda a seção do Drifte I que foi im-
de largura neste período, onde a base do sal (início plantada sobre a linha de charneira foi arrasada (se é
do estágio Drifte I) é considerada como superfície de que ela existiu!), deixando exposta as rochas sedimen-
descolamento. tares depositadas durante a fase Rifte (Figura 12A).
Com as movimentações tectônicas posteriores,
6.4 ESTÁGIO DRIFTE II os sedimentos do Estágio Drifte II foram “modela-
dos” de acordo com as falhas presentes na seção rif-
O período entre o Eocretáceo e o Neoterciá- te. Desta forma, o relevo da plataforma continental
rio é caracterizado por eventos tectono-magmáticos rasa ainda apresenta, hoje, uma expressão nítida das
que incluem intrusões alcalinas e extrusões toleiíticas, heranças estruturais desenvolvidas no rifteamento, e
como no complexo vulcânico de Abrolhos (Mohriak reativadas posteriormente.
et al, 2006). No Eoceno Inferior, a crescente atividade Assim, a plataforma continental do compartimen-
vulcânica gerou um soerguimento acentuado em toda to nordeste caracteriza-se por uma quebra da plataforma
a PCS. Este período é definido aqui como o início da muito abrupta que coincide com a linha de charneira
fase de reativação eocênica, discutida mais adiante. do rifte, ou seja, o limite do embasamento raso. Sobre
Este soerguimento teria exposto grande par- a superfície erosiva do final do Cretáceo, a seção drifte
te dos sedimentos pertencentes ao Estágio Drifte I, repousa diretamente sobre os sedimentos da fase rifte,
gerando a erosão mais evidente presente nas seções ou até mesmo sobre o embasamento (Figura 12A), onde
sísmicas (Figura 11). Esta erosão apagou parte da es- apenas uma leve agradação pode ser observada.
truturação tectônica resultante do rifteamento e da Compartimento Sudoeste – neste compartimento
reativação eocênica. observa-se que o limite do embasamento raso é prati-
O Estágio Drifte II inicia logo após este evento camente coincidente com a linha de costa atual (Figura
erosivo, onde a sedimentação presente na plataforma 12B). A existência de uma pequena progradação durante
de Salvador assumiu um caráter “Eustático e Passi- o estágio Drifte II fez com que a quebra da plataforma
vo”. Esta terminologia faz referência a um período assumisse, paulatinamente, um caráter mais estratigrá-
no qual não ocorreram movimentações tectônicas de fico que estrutural. Neste compartimento a quebra da
grande monta e a sedimentação é controlada basica- plataforma é o resultado da progradação da sequência
mente pelas variações do nivel do mar. A quiescência marinha regressiva, e apresenta declividades mais suaves.

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Figura 10 - Localização das seções sísmicas


Figure 10 - Location of the seismic lines

Figura 11 - A grande erosão do final do Cretáceo praticamente apagou a estruturação da fase pós-
rifte na região do talude. Consultar a figura 10 para localização
Figure 11 - A major erosional episode by the end of the Cretaceous, erased the post-rift sedimen-
tation record at the continental slope. See figure 10 for location

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A margem continental, como um todo, carac- 6.6 SÍNTESE DA EVOLUÇÃO GEOLÓGICA


teriza-se pela presença de grandes reentrâncias origi-
nadas por desabamentos e deslizamentos de massa, A evolução da plataforma continental de Salvador
possivelmente associadas a períodos de reativações e vizinhanças, desde a implantação do rifte, no Cretáceo
tectônicas (Figura 10). Nestes locais é visível o re- até o Mioceno, pode ser dividida em quatro fases princi-
cuo acentuado da quebra da plataforma, que propicia pais: (i) Rifteamento e implantação do Oceano Atlântico,
a deposição de sedimentos finos. Estas reentrâncias (ii) Progradação Pré-Eoceno (iii) Reativação Eocênica, e
são, de sudoeste para nordeste, as da Boca do Rio, do (iv) Rebaixamento do Nível do Mar Pós-Miocênico.
Joanes e do Pojuca (Figura 10). Rifteamento e implantação do Oceano Atlântico
Na formação destas reentrâncias também ob- (Figura 17) – estende-se desde o início da fase rifte, no
serva-se uma diferença no comportamento entre os Cretáceo até a grande erosão do Eoceno. A falha de
compartimentos nordeste e sudoeste. No compar- borda principal era segmentada pelas falhas de trans-
timento nordeste os “fundos duros” presentes na ferência da Barra e de Itapuã. Ao final deste período
borda da plataforma favoreceram o desenvolvimento a linha de charneira do rifte bordejava a linha de costa
de construções recifais (Figura 13). Ocasionalmente, atual em frente à cidade de Salvador. No final deste pe-
estas construções carbonáticas, literalmente, desaba- ríodo todo o trecho incluindo a PCS apresentava um
ram talude abaixo sob a forma de rock-falls, formando talude com elevadas declividades.
olistolitos de tamanhos variados. Um belo exemplo Progradação Pré-Eocênica (Figura 18) – este
desses desabamentos é o olistolito em frente ao Rio estágio foi caracterizado na PCS pela progradação da
Pojuca, já descrito por Wanderley Filho & Graddi sequência Drifte II. No final deste período, após a pro-
(1993) (Figura 13). gradação da linha de costa, no compartimento sudeste,
O compartimento sudoeste, mesmo apre- e agradação na porção nordeste, a plataforma conti-
sentando declives mais suaves, exibe evidências de nental resultante possuía um declive menos acentuado,
movimentos de massa que, entretanto, apresentam semelhante ao que ocorre na margem continental su-
características distintas daqueles presentes no com- deste do Brasil.
partimento nordeste. Neste caso, os escorregamentos Reativação Eocênica (Figura 19) - Com o cresci-
são temporalmente mais jovens e apresentam uma ex- mento da atividade vulcânica a plataforma foi bascula-
pressão morfológica como relevos positivos e suaves, da resultando em um aumento da declividade em toda
limitados por planos de deslizamento bem definidos a sua extensão. A escassez de sedimentos no comparti-
(Figura 14). As idades verdadeiras dos movimentos de mento nordeste durante a fase anterior favoreceu o de-
massa para os dois compartimentos ainda são desco- senvolvimento de carbonatos na quebra da plataforma,
nhecidas, entretanto, a interpretação sísmica permite cujas declividades acentuadas favoreceram a ocorrên-
supor que ambos são posteriores ao Eoceno. cia de grandes desabamentos (rock-falls). Na platafor-
Desde o início do rifte as falhas presentes no ma nordeste os desabamentos resultaram de falhas de
sistema de transferência de Itapuã (Wanderley Filho colapso, que geraram as reentrâncias do Pojuca e do
& Graddi, 1993) se propagavam até a superfície ori- Joanes, presentes até os dias atuais. Ainda neste estágio,
ginando o alto de Itapuã (Figuras 10 e 15). O mesmo a reativação de falhas originou altos e baixos internos
acontece no banco de Santo Antônio, onde uma fei- à plataforma (p. ex. Alto de Itapuã). Os altos gerados
ção topográfica positiva com cobertura arenosa está neste período têm expressão topográfica até os dias
presente. Esta feição aparentemente resulta de um atuais na plataforma.
falhamento, visualizado na sísmica, que ao ser reativa- Rebaixamento do Nível do Mar Pós-Miocênico
do originou um anteparo, capturando parte das areias (Figura 20) – esta fase é caracterizada pelo rebaixamen-
transportadas longitudinalmente à plataforma (Figu- to do nível do mar após o nível alto do Mioceno Médio,
ras 10 e 16). devido ao progressivo acúmulo de gelo em regiões de

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alta latitude, principalmente no hemisfério sul (Miller et desmoronamentos (slides e slumps) ancorados em planos
al, 2005). Este rebaixamento foi provavelmente o gati- de deslizamento bem definidos, internos à sequência
lho para novos movimentos de massa. Diferentemente Drifte II. Reentrâncias menores da plataforma foram
do estágio anterior, os depósitos de transporte de mas- geradas neste período (p.ex. reentrância da Boca do
sa deste período são predominamente deslizamentos e Rio).

Figura 12 - A: Linha II - plataforma continental no compartimento nordeste, onde a quebra da plataforma assume um ca-
ráter estrutural. B: Linha III - plataforma continental no compartimento sudoeste, onde a progradação da sequência drifte
resultou em uma declividade menos pronunciada do talude. Ver a figura 10 para localização
Figure 12 - A: Seismic line II – the continental shelf at the northeastern compartment, where location of the shelf break
is structurally controlled. Seismic Line III - the continental shelf at the southwestern compartment, where progradation
during the drift phase produced a lower gradient continental slope. See figure 10 for location

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Figura 13 - Olistolito em frente à reentrância do Pojuca. A cimentação e a diagênese típica das construções car-
bonáticas permite que os blocos desabados mantenham a estruturação original. Ver a figura 10 para localização
Figure 13 - Olistolith in front of the Pojuca reentrant. Cementation and diagenesis of carbonate buildups allow
fallen blocks to keep their original internal structure. See figure 10 for location

Figura 14 - Reentrância da Boca do Rio. Ver a figura 10 para localização.


Figure 14 - Boca do Rio reentrant. See figure 10 for location.

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Figura 15 - Reentrâncias da Boca do Rio e do Joanes. Ver a figura 10 para localização


Figure 15 - Boca do Rio and Joanes reentrants. See figure 10 for location

Figura 16 - Falhas da fase rifte controlam as grandes feições geomorfológicas da PCS. Estas falhas
reativadas durante a fase drifte deram provavelmente origem do Banco de Santo Antônio. Ver a figura
10 para localização
Figure 16 - Rift phase faults control the major geomorphic feature of the PCS. These faults, reactivated
during the drift phase, probably gave origin to the Santo Antonio bank. See figure 10 for location

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Figura 17 - Estágio Rifte. As falhas da Barra e de Itapuã segmentavam a “plataforma”, que aumentava sua largura
para nordeste
Figure 17 - Rift stage. The Barra and Itapuã faults segmented the “shelf”, which increased in width towards nor-
theast

Figura 18 - Estágio Drifte. No compartimento sudoeste ocorreu uma progradação significativa da sequência
drifte, enquanto no compartimento nordeste ocorreu apenas agradação. As falhas da Barra e de Itapuã foram
reativadas
Figure 18 - Drift stage. In the southwestern compartment a significant progradation took place, whereas in the
northeastern compartment only aggradation occurred. The Barra and Itapuã faults were reactivated

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Figura 19 - Estágio Drifte - Reativação Eocênica. No compartimento nordeste ocorrem grandes desabamentos,
formando as grandes reentrâncias existentes neste trecho
Figure 19 - Drift stage – Eocene Reactivation. In the northeastern compartment large rocks falls have occurred,
forming the great reentrants present in that compartment

Figura 20 - Estágio Drifte – Descida do Nível do Mar após o Mioceno. Com o rebaixamento do nível do mar, são
gerados “slides” e “slumps” formando as reentrâncias de menor extensão
Figure 20 - Drift stage – Post-Miocene Sea-level fall. The drop in sea level has favored the generation of “slides”
and “slumps” which gave origin to the minor reentrants

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7. SEDIMENTOS SUPERFICIAIS - TEXTURA E COMPOSIÇÃO

U
m conjunto de cerca de 463 amostras 7.2 COMPOSIÇÃO DO SEDIMENTO
de sedimento superficial do fundo da SUPERFICIAL DE FUNDO
plataforma continental de Salvador foi
utilizado para a caracterização da textura, composição A composição do sedimento, como já apontado,
e fácies sedimentares do fundo marinho. A determi- só foi analisada para a fração areia fina até cascalho.
nação da composição foi feita em lupa binocular, ape- As figuras 25 a 31 mostram a distribuição espacial dos
nas na fração mais grossa do sedimento obedecendo teores dos principais componentes do sedimento em
a metodologia proposta por Ginsburg (1956) e Pur- sua fração mais grossa. Os componentes siliciclásticos
dy(1963). (quartzo, feldspato e fragmentos de rocha) se concen-
tram no canal de Salvador, Banco de Santo Antônio
7.1 TEXTURA DO SEDIMENTO e ao longo da linha de costa, até aproximadamente a
SUPERFICIAL DE FUNDO isóbata de 20 a 25 metros (Figura 25). No restante da
plataforma a fração grossa do sedimento é constituída
As figuras 21 a 23 mostram a distribuição espa- dominantemente por bioclastos (Figura 26). Destes os
cial dos teores de areia, cascalho e lama no sedimento fragmentos de algas coralinas predominam nos Altos
superficial de fundo, enquanto a figura 24 mostra a de Itapuã e da Pituba, em profundidades superiores
distribuição do valor do diâmetro mediano (D50). A a 25 metros (Figura 27). Nas regiões baixas interve-
observação destes mapas mostra que a fração areia nientes, a fração grossa do sedimento apresenta teo-
apesar de distribuída ao longo de toda a plataforma, res elevados de foraminíferos e moluscos (Figuras 28
predomina junto à linha de costa até a isóbata de 25m, e 29). Outros componentes observados com teores
com exceção da região próxima a Itapuã, onde pre- significativos são os briozoários (Figura 30), com os
dominam os cascalhos a partir da isóbata de 10m, maiores teores verificados no canal de Salvador, e nos
no Banco de Santo Antônio e no Canal de Salvador. altos da Pituba e de Itapuã e na borda da plataforma,
A fração cascalho apresenta seus maiores teores no e os equinodermos, com maiores teores no canal de
Alto de Itapuã e suas vizinhanças, próximo à linha de Salvador, alto de Itapuã e em profundidades inferiores
costa entre a Barra e Amaralina, no Alto da Pituba, e a 10 metros (Figura 31).
formando manchas isoladas no canal de Salvador. A
fração lama apresenta seus maiores teores nas regiões 7.3 FÁCIES TEXTURAIS
topograficamente rebaixadas, como no baixo da Boca
do Rio e nas reentrâncias presentes na borda da plata- Os teores de cascalho, areia e lama, foram utili-
forma. Teores de lama superiores a 20% ocorrem em zados para designar as fácies texturais do sedimento
praticamente toda a extensão da plataforma, com pro- superficial de fundo, utilizando o esquema de classi-
fundidades superiores a 30m. A distribuição espacial ficação de Schlee (1973) (Figura 32). Este esquema,
dos valores de D50, reflete diretamente os teores de modificado do esquema clássico de Shepard (1954),
cascalho, areia e lama, com os sedimentos mais gros- diferencia-se do mesmo por incluir a fração cascalho.
sos recobrindo os altos de Itapuã e Pituba, o Banco No caso particular da PCS, a fração cascalho, por ser
de Santo Antônio e o Canal de Salvador, enquanto essencialmente bioclástica, não reflete necessariamen-
os sedimentos mais finos preenchem as regiões mais te os níveis de energia no ambiente, e sim a acumula-
rebaixadas intervenientes. ção in situ das partes duras do esqueleto dos organis-
mos marinhos.

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A aplicação do esquema de Schlee (1973) mostra Boca do Rio. Do mesmo modo os sedimentos mais
que ocorrem na plataforma continental de Salvador 6 finos são encontrados nestas regiões onde as corren-
fácies texturais (Figura 33): cascalho, sedimento casca- tes são mais fracas. Superimposto a este padrão de
lhoso, areia, areia lamosa, lama arenosa e lama. correntes está a ação de ondas, cuja maior energia está
A fácies Cascalho ocorre predominantemente concentrada ao longo da linha de costa. É justamente
no Alto de Itapuã e em uma área localizada do Alto nos ambientes de maior energia, seja pela ação de cor-
da Pituba próxima à linha de costa. A fácies Sedimen- rentes, seja pela ação de ondas, ou do efeito combina-
to Cascalhoso concentra-se principalmente nos altos do destas duas, que se verificam os maiores teores de
da Pituba e de Itapuã, na borda da plataforma e como componentes siliciclásticos no sedimento superficial.
manchas isoladas próximo à linha de costa e no canal Estes ambientes altamente energéticos são mais hos-
de Salvador. A fácies Areia predomina no banco de tis aos organismos marinhos, daí resultando a virtual
Santo Antonio, canal de Salvador e bordeja a linha de ausência de componentes bioclásticos no sedimento.
costa. As fácies Areia Lamosa e Lama Arenosa ocor- Os altos da Pituba e de Itapuã, ao provocarem
rem nas zonas baixas intervenientes aos altos topo- uma aceleração das correntes, impedem a deposição
gráficos, enquanto a fácies Lama está essencialmente significativa de sedimentos finos, o que associado ao
restrita à porção central do baixo da Boca do Rio. trapeamento dos sedimentos siliciclásticos mais gros-
sos no Banco de Santo Antônio, contribui para uma
7.4 CONTROLES NA DISTRIBUIÇÃO DOS maior disponibilidade de substratos duros nestes al-
SEDIMENTOS SUPERFICIAIS tos, favorecendo uma sedimentação bioclástica com
predominância de fragmentos de algas coralinas e
A distribuição dos sedimentos na plataforma secundariamente briozoários (Fácies Cascalho e Se-
continental de Salvador resulta de um ajuste morfo- dimento Cascalhoso). Finalmente nas zonas baixas
dinâmico entre a circulação e a topografia da plata- intervenientes a estes altos, os baixos níveis de ener-
forma. A circulação na região, como já visto, é domi- gia favorecem a acumulação de sedimentos lamosos,
nada essencialmente pela entrada e saída das marés onde os componentes bioclásticos principais são es-
na baía de Todos os Santos e pelas correntes geradas pécies de moluscos e foraminíferos. Entretanto, deve-
pelo vento principalmente durante a passagem das se chamar a atenção que filmagens do fundo mari-
frentes frias. As figuras 34 e 35 mostram o campo de nho, realizadas durante a passagem de uma frente fria,
velocidade das correntes, modeladas a partir do apli- mostram que as ondas são capazes de remobilizar os
cativo Sisbahia (Rosman, 2000, 2001), para condições sedimentos finos do baixo da Boca do Rio, durante
de maré enchente e vazante de sizígia, sob condições estas ocasiões mais energéticas.
de frente frias. Estas duas figuras mostram que os Os levantamentos com sonar de varredura la-
maiores valores de correntes são verificados no canal teral e batimetria multifeixe mostram que nos locais
de Salvador, no banco de Santo Antônio, nos altos mais energéticos como o banco de Santo Antônio e
da Pituba e de Itapuã, e na borda da plataforma. Es- a canal de Salvador, é frequente a presença de dunas
tes são os trechos onde predominam os sedimentos hidráulicas geradas pela ação das marés (Figura 36),
mais grossos presentes na região. O banco de Santo enquanto que marcas de ondulação geradas por ondas
Antônio, que apresenta um controle possivelmente são mais frequentes próximo à linha de costa. Levan-
estrutural, termina por trapear a maior parte dos sedi- tamentos com perfilador de subfundo indicam que as
mentos siliciclásticos presentes na região, impedindo fácies lamosas (Lama, Areia Lamosa e Lama Arenosa)
a sua dispersão para a plataforma no sentido NE. Os na região do baixo da Boca do Rio alcançam espessu-
menores valores de corrente são verificados nas regi- ras da ordem de 10 metros (Figuras 37 e 38).
ões baixas intervenientes, principalmente no baixo da

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Figura 21 - Distribuição dos teores da fração areia no sedimento superficial de fundo da PCS
Figure 21 - Spatial distribution of sand content in the surficial sediment of the PCS

Figura 22 - Distribuição dos teores da fração cascalho no sedimento superficial de fundo da PCS
Figure 22 - Spatial distribution of gravel content in the surficial sediment of the PCS

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Figura 23 - Distribuição dos teores de lama no sedimento superficial de fundo da PCS


Figure 23 - Spatial distribution of mud content in the surficial sediment of the PCS

Figura 24 - Distribuição dos valores do D50 (mediana) no sedimento superficial de fundo


da PCS
Figure 24 - Spatial distribution of D50 (median grain size) values in the surficial
sediment of the PCS

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Figura 25 - Distribuição dos teores de siliciclásticos na fração grossa (cascalho + areia)


no sedimento superficial de fundo da PCS
Figure 25 - Spatial distribution of percentage of siliciclastic grains in the coarser
fraction (gravel+sand) of the PCS surficial sediment

Figura 26 - Distribuição dos teores de bioclastos na fração grossa (cascalho + areia) no


sedimento superficial de fundo da PCS
Figure 26 - Spatial distribution of percentage of bioclastic grains in the coarser
fraction (gravel+sand) of the PCS surficial sediment

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Figura 27 - Distribuição dos teores de alga coralina na fração grossa (cascalho + areia)
do sedimento superficial de fundo da PCS
Figure 27 - Spatial distribution of percentage of coralline algae fragments in the
coarser fraction (gravel+sand) of the PCS surficial sediment

Figura 28 - Distribuição dos teores de foraminíferos na fração grossa (cascalho + areia) do


sedimento superficial de fundo da PCS
Figure 28 - Spatial distribution of percentage of foraminifer fragments in the coarser
fraction (gravel+sand) of the PCS surficial sediment

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Figura 29 - Distribuição dos teores de moluscos na fração grossa (cascalho + areia) do sedi-
mento superficial de fundo da PCS
Figure 29 - Spatial distribution of percentage of mollusk fragments in the coarser
fraction (gravel+sand) of the PCS surficial sediment

Figura 30 - Distribuição dos teores de briozoários na fração grossa (cascalho + areia) do


sedimento superficial de fundo da PCS
Figure 30 - Spatial distribution of bryozoan fragments in the coarser fraction
(gravel+sand) of the PCS surficial sediment

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Figura 31 - Distribuição dos teores de equinodermas na fração grossa (cascalho + areia) do


sedimento superficial de fundo da PCS
Figure 31 - Spatial distribution of percentage of echinoderm fragments in the coarser
fraction (gravel+sand) of the PCS surficial sediment

Figura 32 - Esquema de classificação textural de Schlee (1973)


Figure 32 - Schelle’s (1973) textural facies classification scheme

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Figura 33 - Fácies texturais do sedimento superficial de fundo da PCS utilizando o esque-


ma de Schlee (1973)
Figure 33 - Surficial sediment textural facies at the PCS, using Schelee’s (1973)
classification scheme

Figura 34 – Campo de velocidades durante a maré enchente (condições usuais de maré de


sizígia durante passagem de frentes frias)
Figure 34 - Baseado em Rosman (2000, 2001). Velocity field during flood tides (spring
tides during advance of cold fronts). Based on Rosman (2000, 2001)

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Figura 35 - Campo de velocidades durante a maré vazante (condições usuais de maré de sizígia durante passagem de fren-
tes frias). Baseado em Rosman (2000, 2001)
Figure 35 - Velocity field during ebb tides (spring tides during advance of cold fronts). Based on Rosman (2000, 2001)

A B

Figura 36 – Exemplos de dunas hidráulicas geradas pela ação das correntes de maré: A: Canal de Salvador – registro de
batimetria multi-feixe. B: Canal de Salvador - Registro de sonar de varredura lateral. C: Banco de Santo Antônio - registro
de perfilador de subfundo
Figure 36 - Examples of hydraulic dunes generated by tidal currents: A: Salvador Canal – Multibeam record. B: Salvador
Canal – Side Scan Sonar record. C: Santo Antonio bank – sub-bottom profiler record

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Figura 37 - Registro de perfilador de subfundo longitudinal à linha de costa na região do Baixo da Boca do Rio. Para
localização consultar figura 4 (Perfil 41)
Figure 37 - Sub-bottom profiler record longitudinal to the coastline, showing the Boca do Rio low. See figure 4 for
location (Profile 41)

Figura 38 - Registro de perfilador de subfundo perpendicular à linha de costa na região do Baixo da Boca do Rio. Para
localização consultar figura 4 (Perfil 51)
Figure 38 - Sub-bottom profiler record perpendicular to the coastline at the Boca do Rio low. See figure 4 for location
(Profile 51)

Figura 39 - Curva de variações do nível do mar para os últimos 120.000 anos (Modificado de Hanebuth, 2003)
Figure 39 - Changes in sea level during the last 120,000 years (modified from Hanebuth, 2003)

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8. EVOLUÇÃO QUATERNÁRIA

A evolução quaternária da PCS está intrinseca- 8.1 REGRESSÃO PLEISTOCÊNICA E


mente associada às variações do nível eustático do O ÚLTIMO MÁXIMO GLACIAL
mar durante o Quaternário. A integração dos dados
batimétricos com a distribuição dos sedimentos su- Na regressão associada ao último ciclo glacial, o
perficiais de fundo permite reconstruir a evolução da nível do mar desceu de um máximo de 8 metros acima
PCS e de sua cobertura sedimentar, durante os últi- do nível atual por volta de 123.000 anos atrás (MIS5e),
mos 120.000 anos (o último ciclo glacial) conforme até alcançar -120 m durante o Último Máximo Glacial
discutido a seguir. Nesta reconstrução utilizaremos (22-20.000 anos AP) (Figura 39). Esta descida não foi
as curvas de variação do nível do mar de Hanebuth regular, e como mostra a figura 39, compreendeu pelo
et al (2003) para os últimos 120.000 anos (Figura 39). menos sete estágios isotópicos marinhos (MIS 2, 3,
Para o intervalo que se estende do último máximo 4, 5a, 5b, 5c, 5d). Durante cada um destes estágios o
glacial até aproximadamente 6-8000 anos atrás uti- nível do mar oscilou por vezes de algumas dezenas de
lizaremos a curva de Hanebuth et al (2011) (Figura metros durante intervalos de tempo de alguns milha-
40) construída a partir de dados coletados na pla- res de anos. A partir de mais ou menos 75-80.000 anos
taforma continental de Sunda, na Indonésia. Esta é AP a PCS esteve quase que permanentemente exposta
uma das melhores curvas do nível do mar para este a condições subaéreas (Figura 41). É interessante no-
período e está situada em uma região caracterizada tar, que próximo à linha de costa o fundo marinho é
como far-field, distante dos grandes lençóis de gelo, caracterizado por uma declividade acentuada entre as
onde o componente isostático dominante foi apenas isóbatas de 20 e 30m, controlada possivelmente pela
a carga de água na plataforma. falha de borda. A partir daí, este fundo apresenta bai-
Como já apontado por Dominguez & Bitten- xa declividade até aproximadamente a isóbata de 50m,
court (2009), durante a maior parte do Quaternário, quando se inicia o talude. Este “degrau” junto à linha
o nível do mar esteve posicionado em torno de 30- de costa teria, já a partir de 110.000 anos AP, favoreci-
40 metros abaixo do nível atual. No último milhão do o processo de incisão da rede de drenagem devido
de anos este nível médio esteve situado em -65m. à presença desta quebra de declividade (Talling, 1998).
Portanto a posição média da linha de costa, neste De fato, os dados publicados em Nascimento (2008)
periodo, situava-se no talude superior. Isto implica mostram que o topo do embasamento, nas drenagens
dizer que durante a maior parte do Quaternário a que deságuam neste trecho situa-se em profundidade
PCS estava exposta a condições e processos típicos de até 35 m abaixo do nível do mar atual (Figura 42).
de ambientes subaéreos, ou seja, era o próprio con- A continuidade destas drenagens na PCS deve portan-
tinente do ponto de vista fisiográfico, sendo disse- to corresponder a vales incisos atualmente soterrados.
cada por rios e ravinas associadas à incisão da rede As taxas elevadas de descida do nível do mar
de drenagem continental. Datam destes episódios os dificilmente favoreceram a acumulação de pacotes
vales incisos que dissecam a plataforma continental espessos de sedimentos siliciclásticos associados a
e que nos dias atuais estão parcialmente soterrados prismas costeiros, ainda mais quando se considerar os
pela sedimentação Holocênica, como, por exemplo, reduzidíssimos aportes de sedimentos para a área. A
no baixo da Boca do Rio. exposição subaérea dos altos da Pituba e de Itapuã,
Três estágios principais podem ser assim reco- e da plataforma externa, onde à semelhança do que
nhecidos na evolução da plataforma continental des- ocorre hoje, teria predominado a acumulação de se-
de o último interglacial (MIS 5e – 123.000 anos AP). dimentos carbonáticos, favoreceu provavelmente o

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desenvolvimento de um relevo cárstico, e cimentação, inicialmente utilizados para preencher as pequenas


ajudando a perpetuar estas feições topograficamente baías e estuários menores. Neste contexto, à medi-
positivas, que na época funcionaram como divisores da que a baía de Todos os Santos era inundada e au-
de água, produzindo a convergência da rede hidro- mentava o seu prisma de maré, maior era o efeito que
gráfica para o baixo da Boca do Rio (Figura 41). A esta exercia na circulação da PCS. O alto topográfico
convergência da drenagem para esta região rebaixada representado pelo banco de Santo Antônio ajudou a
ajudou a acentuar ainda mais as diferenças topográ- capturar os sedimentos arenosos na entrada da baía de
ficas com os dois altos adjacentes (Pituba e Itapuã). Todos os Santos, aumentando progressivamente suas
A área das pequenas bacias que hoje drenam Salva- dimensões, conferindo ao mesmo a sua morfologia
dor aumentou significativamente, com o concomitan- característica e impedindo a dispersão longitudinal
te aumento das vazões fluviais. O mesmo pode ser dos sedimentos siliciclásticos.
previsto para o rio Paraguaçu que na época corria na Na PCS, principalmente a partir da isóbata de
baía de Todos os Santos (Dominguez & Bittencourt, 30 metros, desde então, predominou uma sedimen-
2009). Neste cenário os rios desaguavam diretamente tação essencialmente biogênica, dominada por algas
no talude superior. coralinas incrustantes, seguidas em importância por
foraminíferos, moluscos e briozoários. Fatores que
8.2 A SUBIDA DO NÍVEL EUSTÁTICO favoreceram este desenvolvimento predominante de
APÓS O ÚLTIMO MÁXIMO GLACIAL algas coralinas incluem a disponibilidade de substra-
tos consolidados nos altos da Pituba e Itapuã e na
O derretimento dos lençóis de gelo após o Úl- plataforma externa em associação com condições
timo Máximo Glacial resultou em uma subida do ní- meso-oligofóticas (Figura 44). A existência de subs-
vel do mar extremamente rápida. Em cerca de 12.000 tratos duros, pré-Holocênicos na borda da platafor-
anos o nível eustático subiu cerca de 120 metros. Até ma é bem evidenciada nos perfis sísmicos de alta
10.500-11.000 anos AP, esta subida do nível do mar resolução (chirp) e em levantamentos de batimetria
se fez sentir essencialmente nos vales incisos que re- multifeixe. Próximo à linha de costa a progradação
cortavam a plataforma continental, originando em al- do prisma costeiro tem soterrado progressivamente
guns casos estuários que se estendiam do talude até a superfície erosiva pré-Holocênica (Figura 45).
quase à zona costeira atual como sugerem os mapas Nas regiões topograficamente rebaixadas da
de profundidade do topo do embasamento. Somente plataforma caracterizadas por mais baixa energia, as-
após 10.000 anos AP o nível do mar ultrapassou a sim como nas cabeceiras das ravinas e cânions sub-
quebra da plataforma iniciando sua inundação. Esta marinos predominou a acumulação de sedimentos
inundação foi extremamente rápida principalmente lamosos.
nas zonas baixas como o baixo da Boca do Rio. Em
apenas 3.000 anos toda a plataforma continental es-
tava inundada. Por volta de 7.000-8.000 anos atrás o
degelo cessou. Esta época corresponde ao máximo da
inundação da plataforma continental e zona costeira
adjacente (Figura 43).

8.3 O NÍVEL DE MAR ALTO ATUAL

A partir de 7000-8.000 anos atrás, com a estabili-


zação do nível do mar, os sedimentos aportados pelos
rios e transportados ao longo da linha de costa foram

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Figura 40 - Curva de variações do nível do mar para os últimos 22.000 anos


(modificado de Hanebuth 2011)
Figure 40 - Sea-level changes during the last 22,000 years (modified from
Hanebuth 2011)

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Figura 41 - Paleogeografia da PCS, durante o último máximo glacial (22-20.000 anos AP)
Figure 41 - PCS paleogeography during the last glacial maximum (22-20,000 years BP)

Figura 42 - Mapa do topo de embasamento na península de Salvador, contruído a partir de


dados de poços perfurados para água (baseado em dados de Nascimento, 2008)
Figure 42 - Map showing depth to the basement top for the Salvador Peninsula (based on
data published by Nascimento, 2008)

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Figura 43 - Máximo da inundação holocênica (7-8000 anos AP) da PCS e zona costeira associada
Figure 43 - Maximum of Holocene inundation (7-8,000 years BP) at the PCS and associated
coastal zone

Figura 44 - Seção com perfilador de subfundo mostrando o Alto da Pituba. Para localização con-
sultar a figura 4 (perfil 43)
Figure 44 - Sub-bottom profile showing the Pituba high. See figure 4 for location (profile 43)

Figura 45 - Registro transversal à linha de costa de perfilador de subfundo mostrando a progra-


dação do prisma costeiro, que soterra parcialmente os fundos consolidados na porção externa
da plataforma. Para localização consultar figura 4 (Perfil 16)
Figure 45 - Sub-bottom profile showing progradation of the coastal prism, which partially buries
the hard substrates present at the outer shelf. See figure 4 for location (Profile 16)

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9. RECURSOS MINERAIS

Os granulados siliciclásticos ou litoclásticos são tados Unidos e em países europeus) para a recompo-
constituídos por areias e cascalhos provenientes da sição de praia (“engordamento de praia”). No Brasil
fragmentação das rochas continentais, transportados este tipo de intervenção ainda é muito limitado.
e depositados na plataforma continental. Estes gra- As praias urbanas de Salvador, devido ao his-
nulados são compostos essencialmente por quart- tórico de ocupação da cidade apresentam-se extre-
zo e muitas vezes constituem depósitos reliquiares mamente vulneráveis a uma eventual subida do nível
associados a episódios de nível de mar mais baixo, do mar. Salvador, por estar implantada em uma pe-
quando a drenagem fluvial encontrava-se estabeleci- nínsula com altitude da ordem de algumas dezenas
da na plataforma continental. Posteriormente, estes de metros junto à linha de costa, teve parte de seu
depósitos foram parcialmente retrabalhados e afoga- sistema viário construído diretamente sobre as praias
dos durante a subida do nível do mar desde o último (Figura 46). Deste modo a maior parte das praias não
máximo glacial. tem para onde recuar na eventualidade de uma subi-
Os granulados siliciclásticos são amplamente da do nível do mar. Algumas destas praias inclusi-
utilizados, em vários países, a exemplo da Holan- ve já desapareceram (Figura 47). Assim num futuro
da, França, Bélgica, Reino Unido e Estados Unidos, próximo será necessário empreender a recuperação
entre outros, na indústria da construção civil e em de algumas delas, as quais constituem um importan-
obras de engenharia costeira. Depois do óleo e do te elemento da infraestrutura de turismo e lazer da
gás, é o recurso mineral mais extraído do fundo ma- cidade.
rinho, excedendo em volume e potencial o valor de Como já visto no item 7, a principal acumula-
qualquer outro recurso não – vivo (Cavalcanti, 2011). ção de areias siliciclásticas na PCS está situada no
No Brasil ainda é incipiente esta atividade de minera- banco de Santo Antônio e na entrada da baía de To-
ção, muito embora exista demanda para sua utiliza- dos os Santos. Na busca de áreas de empréstimo para
ção, especialmente em regiões metropolitanas, onde projetos de engordamento de praia, os critérios mais
o aproveitamento destes granulados é imediato. importantes são a granulometria compatível com a
Nas grandes regiões metropolitanas costeiras da praia a ser recuperada e teores de lama inferiores a
do Brasil, a exemplo de Salvador, as reservas conti- 5% (Kana & Mohan, 1998). As areias que recobrem
nentais destes agregados encontram-se em processo o banco de Santo Antônio e a entrada da baía de To-
de exaustão, além de sua explotação estar submetida dos os Santos satisfazem estes dois critérios.
a variadas e crescentes restrições ambientais (Caval- O diâmetro mediano (D50) do sedimento su-
canti, 2011). Por esses motivos, os depósitos de gra- perficial no banco de Santo Antônio se situa em tor-
nulados siliciclásticos podem representar, no futuro, no de 0 a 2 phi, enquanto a maioria das praias de
um recurso importante, em substituição aos granula- Salvador apresentam um valor do D50 entre 1 e 2
dos continentais. Adicionalmente, a erosão da linha phi. Adicionalmente os teores de lama nestes sedi-
de costa, que deve se agravar nas próximas décadas mentos são próximos a zero. A profundidade em que
em decorrência da subida do nível do mar poderá se encontram estes depósitos é também adequada
gerar inúmeros prejuízos econômicos, incluindo a para extração assim como a distância entre a área de
perda significativa do espaço recreativo das praias, o empréstimo e as praias a serem recuperadas.
que pode inviabilizar a utilização destes espaços para A espessura e o volume destes depósitos é
o turismo e a recreação. Os granulados siliciclásticos que são ainda desconhecidos. Os registros sísmicos
já são utilizados há décadas em diversos países (Es- de alta resolução no banco de Santo Antônio não

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Figura 46 - A avenida que bordeja a orla de Salvador, foi construída diretamente em cima do prisma praial,
como mostra este trecho entre o Farol e o Porto da Barra
Figure 46 - The avenue borders the Salvador coastline and was constructed directly on top of the coastal
prism, as shown in this photograph (between the Barra lighthouse and Barra port)

Figura 47 - Exemplo de praia que já desapareceu na orla de Salvador. Rio Vermelho - Foto antiga quando
ainda existia uma praia arenosa, frequentada por banhistas (cortesia de Rubens Antônio da Silva Filho)
Figure 47 - Example of a beach that has disappeared at the Salvador coastline. Rio Vermelho - Ancient
photo from a time when a sandy beach was present (courtesy of Rubens Antônio da Silva Filho)

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produziram bons resultados, visto que a penetração não é algo recente, na França e Inglaterra estes de-
alcançada foi praticamente nula com exceção das pósitos, denominados de mäerl já são explotados há
bordas do banco onde aparecem sedimentos mais séculos. Apenas as formas livres das algas calcárias
finos (Figura 48). Como o banco de Santo Antônio tais como rodolitos, nódulos e seus fragmentos são
tem provavelmente um controle estrutural ele não é viáveis para exploração econômica, por constituírem
constituído integralmente por areias como aquelas depósitos sedimentares inconsolidados, o que facilita
que ocorrem na superfície. É, portanto necessária a a sua explotação através de dragagens (Cavalcanti,
realização de trabalhos adicionais utilizando outros 2011; Dias, 2000).
métodos sísmicos tais como o boomer ou sparker, para Os granulados marinhos bioclásticos com po-
determinação da espessura efetiva destes sedimen- tencial de explotação na PCS, apresentando teores de
tos arenosos. Enquanto estes dados não estiverem algas coralinas superiores a 60% são encontrados nas
disponíveis, o que pode ser dito é que nesta feição regiões mais rasas dos altos de Itapuã e da Pituba.
existe um volume potencial de 249 x 106m3 de areias As algas calcárias presentes na PCS apresentam-se
siliciclásticas, o que corresponde ao volume do pró- em sua maioria como formas incrustantes. Os frag-
prio banco. mentos destas algas e secundariamente os rodolitos
Os granulados bioclásticos são constituídos compõem estes depósitos calcários (Figura 49). Ne-
por fragmentos inconsolidados de organismos ma- nhuma informação sobre a espessura deste depósito
rinhos, que secretam carbonato de cálcio, carbonato está disponível, de modo a ser difícil avaliar o poten-
de magnésio, ou ainda sílica, para formar seu exoes- cial mineral dos mesmos. Muito provavelmente sua
queleto. Os organismos que mais contribuem para a espessura é reduzida, devido ao fato de os mesmos
formação dos depósitos de granulados bioclásticos estarem situados sobre altos topográficos.
na PCS são as algas calcárias, moluscos, foraminífe- Outro recurso potencialmente estratégico da
ros, briozoários e equinodermos. PCS são os depósitos de briozoários (Figura 50),
O grupo de organismos que desperta o maior distribuídos na plataforma externa e talude. Embora
interesse para exploração mineral são as algas calcá- apresentem um teor bem inferior ao das algas corali-
rias, dentre estas, as algas coralíneas (algas verme- nas (<10%), são possíveis detentores de substâncias
lhas) incluindo formas ramificadas, maciças ou em farmacológicas importantes (Pinto et al, 2002).
concreções e os artículos de Halimeda (algas verdes). A explotação destes granulados bioclásticos re-
O grupo das algas calcárias ocupa uma ampla diver- quer cuidados especiais. As algas coralinas apresen-
sidade de hábitats, desde a zona de intermarés até tam taxas de crescimento muito lento (Potin et. al,
profundidades em torno de 200 metros (Dias, 2000). 1990), não sendo por isto consideradas por alguns
Estas algas são compostas basicamente por carbona- autores como um recurso renovável. Adicionalmen-
to de cálcio e carbonato de magnésio, e ainda pos- te, a extração por dragagem deste recurso provoca
suem, em menor quantidade (na ordem de ppm), um danos às comunidades bentônicas que vivem em as-
conteúdo de metais principalmente estrôncio (Sr), sociação com estas algas. A explotação destes granu-
ferro (Fe), manganês (Mn), zinco (Zn), Bromo (Br), lados tem assim o potencial de causar impactos na
cobre (Cu), Rubídio (Rb), entre outros (Medakovic fauna e flora marinhas e conflitar com outros usos
et al, 1995). existentes na plataforma, como a pesca e a recreação.
As algas calcárias são utilizadas para diversas Dentro deste quadro, o banco de Santo Antô-
aplicações, principalmente na agricultura, potabili- nio é a área que apresenta o maior potencial para
zação de águas, indústria de cosméticos, dietética, explotação de granulados siliciclásticos, revestindo-
nutrição animal, implantes em cirurgia óssea, e des- se assim de importância estratégica para a futura re-
nitrificação de lagos (Dias, 2000). A sua exploração cuperação das praias da cidade.

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Figura 48 - Perfis transversais com perfilador de subfundo sobre o banco de Santo Antônio
Figure 48 - Sub-bottom profiles transversal to the Santo Antônio bank. See figure 4 for location

Figura 49 - Algas coralinas encontradas no sedimento superficial da PCS


Figure 49 - Coralline algae found at the PCS surficial sediment

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CBPM Arquivos Abertos 37

Figura 50 - Fragmentos de briozoários (indicados por setas) encontrados no sedimento super-


ficial de fundo da PCS
Figure 50 - Bryozoan fragments (indicated by arrows) found at the PCS surficial sediment

10. USOS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SALVADOR

A
plataforma continental de Salvador re- tação de granulados siliciclásticos.
presenta o trecho mais estreito de toda Adicionalmente, a PCS é frequentada por várias
plataforma continental brasileira, por espécies de cetáceos e tartarugas marinhas durante
esse motivo o acesso a toda a sua extensão é facilita- todo o ano. A baleia jubarte (Megaptera novaeangliae),
do, o que viabiliza a utilização deste espaço marinho espécie de hábitos costeiros, utiliza esta área duran-
para uma prática diversificada de usos, muitas vezes te o período de julho a novembro para acasalamento,
conflitantes. Além disso, a PCS está localizada numa amamentação e nascimento dos seus filhotes (Mar-
das mais importantes regiões metropolitanas do país, tins, 2004).
onde a demanda pela utilização dos espaços costei-
ros é crescente. Dentre os principais usos praticados 10.1 DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS
na PCS estão (Figura 51): (i) a disposição de resíduos
domésticos através de emissários submarinos, (ii) des- Na PCS estão implantados dois emissários sub-
carte dos materiais dragados das instalações portuá- marinos, para descarte dos esgotos domésticos de Sal-
rias e canais de acesso da baía de Todos os Santos, (iii) vador. O do Rio Vermelho está em funcionamento
implantação de dutos e cabos submarinos, (iv) pesca e desde 1972 e o da Boca do Rio foi inaugurado em
recreação, (v) valor recreativo e arqueológico devido à maio de 2011. O emissário do Rio Vermelho apresen-
presença de inúmeros naufrágios, e (vi) futura explo- ta 2km de extensão marítima, e os efluentes são lan-

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çados a uma profundidade de 27 metros (Figura 51). em torno de 800m a região circular recobre parte da
A capacidade máxima deste emissário submarino é de borda da plataforma como mostra a figura 51. Como
8,3m³/s para a situação de baixamar, e 7,8m³/s em a maior parte dos descartes é realizada na borda desta
condições de preamar. A sua vazão atual é de 7,5m³/s área circular, por uma questão de economia do tempo
e atende a 15% da população de Salvador (http:\\ de trânsito (Figura 51), a pluma de material em sus-
www.embasa.ba.gov.br/institucional/embasa/nossosser- pensão gerada se desloca por sobre a borda da plata-
vicos/tratamentoesgoto). forma continental afetando-a e gerando conflitos com
O emissário da Boca do Rio (Jaguaribe) apresen- a atividade de pesca.
ta uma vazão inicial de 3,0m³/s, e possui aproximada-
mente 3,7km de extensão marítima (terá uma vazão 10.3 IMPLANTAÇÃO DE CABOS
de 5,9m³/s quando a última etapa da obra for con- SUBMARINOS
cluída). Os efluentes são lançados a cerca de 45m de
profundidade. Quando a implantação de todo sistema Na PCS está implantado um cabo de telecomu-
de saneamento na parte terrestre estiver concluída, nicações. O cabo submarino da Embratel, lançado
espera-se que este segundo emissário atenda a cerca pela empresa Schahin Cury entre os anos de 1994 e
de 90% da cidade de Salvador e a totalidade do muni- 1996, foi o primeiro cabo de fibra óptica no país. Seu
cípio de Lauro de Freitas, proporcionando o aumento segmento norte se estende até Natal, e apresenta uma
da vida útil do emissário do Rio Vermelho (http:\\ extensão de aproximadamente 1.694km. O segmento
www.embasa.ba.gov.br/content/obras-do-novo-es- sul alcança até o estado do Rio de Janeiro e apresen-
missario-estao-adiantadas). ta uma extensão de aproximadamente 861km. A fi-
Estes efluentes antes do lançamento no oceano nalidade deste cabo submarino é de interligar a costa
são submetidos a desarenadores e a microgradeamen- brasileira, apresentando estações repetidoras em terra
to (peneiras), de forma a reduzir a quantidade de gor- cuja função é expandir a área de cobertura da rede
duras e sólidos flutuantes. Procedimentos envolvendo (Melo, 2009).
processos de sedimentação, flotação e tratamentos O cabo submarino acompanha a topografia do
biológicos, que são comuns nos tratamentos primá- fundo oceânico e fica praticamente estacionado no
rios e secundários, não são realizados por se acreditar leito submarino. Quando ele alcança a plataforma
serem desnecessários, para os casos de lançamentos continental, ele necessita de uma proteção extra e fica
de efluentes no mar, uma vez que as águas marinhas enterrado a uma profundidade de 1m, por estar numa
supostamente apresentam capacidade suficiente para área de maior exposição e portanto sujeito a danos
a diluição, dispersão e redução das cargas poluentes (Palacios & Espírito Santo, 2003).
(Melo, 2009).
10.4 RECREAÇÃO E ARQUEOLOGIA
10.2 DESCARTE DE MATERIAIS DRAGA- SUBMARINA
DOS
Na PCS existem cerca de 10 naufrágios identifi-
Outro uso da PCS é o descarte dos materiais cados. São eles: Cap Frio, Cavo Arthemidi, Galeão Sa-
dragados das instalações portuárias e canais de aces- cramento, Germânia, Bretagne, Maraldi, Rebocador
so existentes no interior da baía de Todos os Santos, do Rio Vermelho, Reliance, Manau, Irman (http://
principalmente os portos de Aratu e Salvador. A re- www.naufragiosdobrasil.com.br/salvador.htm) . Den-
gião estabelecida para descarte dos materiais draga- tre os usos dos sítios de naufrágios, o mergulho (tan-
dos é uma área circular com raio de 4 m.n. centrada to recreacional como apnéia), é considerado como o
nas coordenadas (38,42º W, 13,13º S). Embora este mais significativo e frequente. Atualmente existem 4
ponto central esteja localizado a uma profundidade operadoras de mergulho no município de Salvador,

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CBPM Arquivos Abertos 37

que desenvolvem suas atividades práticas nos naufrá- ca do espaço Cultural da marinha no Rio de Janeiro
gios da plataforma continental e da Baía de Todos os (http://www.museunauticodabahia.org.br/acervo/
Santos. Além das operadoras, as visitas aos naufrágios default.htm)
ainda contam com diversos mergulhadores que traba-
lham como free lancers. Não existem dados estatísticos 10.5 PESCA
sobre a frequência de visitação destes naufrágios, ape-
nas estimativas e a certeza de que no verão quando as Outro uso importante da PCS é a pesca. Cer-
condições de visibilidade ficam excelentes, as visitas ca de 40% das espécies de peixes registradas vivem
aumentam significativamente ocasionando um acen- em águas da plataforma continental de mares quen-
tuado fluxo e fundeio de embarcações ao redor dos tes (Lowe-McConnell, 1987). Nunes (2002) reali-
mesmos. zou um estudo detalhado da atividade pesqueira na
Ainda que o mergulho recreacional possa ser PCS, pela frota linheira do Porto de Santana no Rio
visto como uma atividade inofensiva aos naufrágios, Vermelho.
se a sua prática for desenvolvida sem um planeja- Do ponto de vista do ambiente onde as espécies
mento e controle adequados ela poderá gerar sérios de peixes permanecem a maior parte do tempo, po-
impactos a estes sítios. Além do impacto direto do dem ser classificadas da seguinte maneira: (i) espécies
mergulhador sobre o naufrágio, o qual em muitos de hábitos pelágicos: passam a maior parte do tempo
casos são mergulhadores iniciantes que não possuem na coluna d’água; (ii) espécies de hábitos demersais:
o domínio das técnicas de mergulho, ainda podem passam a maior parte do tempo entre a coluna d’água
ocorrer impactos indiretos tais como o tráfego e e o fundo ou próximas ao fundo, e (iii) espécies de
fundeio das embarcações e o tamanho do grupo vi- hábitos bentônicos: vivem sobre o fundo.
sitante (Melo, 2009). Para os peixes demersais e bentônicos o princi-
Além dos mergulhadores recreacionais ainda pal fator que influencia sua distribuição é a largura da
existem os mergulhadores que praticam a apnéia plataforma e o tipo de fundo submarino (e.g. subs-
para caça submarina que é favorecida no entorno tratos consolidados ou não consolidados). Entre as
dos naufrágios, devido à sua pequena profundidade espécies pelágicas os principais fatores que controlam
e ao fato dos mesmos funcionarem como atratores sua distribuição são a temperatura, luminosidade, sali-
de peixes. nidade e a disponibilidade de alimento.
A arqueologia submarina ainda é uma atividade A figura 51 mostra a distribuição espacial dos
incipiente na PCS, assim como no Brasil. Dos sítios principais pesqueiros e áreas de pesca na PCS visita-
de naufrágio na PCS o único que constitui verdadeira- dos pela frota linheira do Porto de Santana. Verificou-
mente um sítio arqueológico é o Galeão Sacramento. se que em relação ao número de indivíduos captu-
A embarcação portuguesa Galeão Santíssimo Sacra- rados, as espécies de hábitos demersais dominam a
mento naufragou na costa baiana em 5 de maio de composição dos desembarques com cerca de 74,5%,
1668, em frente ao bairro do Rio Vermelho, mais de seguidas pelas espécies pelágicas com cerca de 25,3%.
400 pessoas morreram afogadas e uma carga valiosa As espécies bentônicas representam apenas de 0,15%.
foi para o fundo do mar numa embarcação de apro- A maioria das espécies demersais capturadas na área
ximadamente 500 toneladas. Em 1976, a Marinha do tem caracteristicamente porte pequeno. Em relação
Brasil, em parceria com o Ministério da Educação e a aos pesqueiros, os mesmos foram classificados em
Petrobras, empreendeu a primeira pesquisa de arque- duas categorias, utilizando como critério o seu tama-
ologia submarina do país e trouxe à tona os salvados nho: (i) pesqueiros pontuais são formados por uma
da expedição científica do Galeão Sacramento, que feição rochosa (e.g. afloramento rochoso, recife de
integram parte do acervo do Museu Náutico da Bahia arenito, recife de coral) ou cultural (naufrágios, emis-
e a exposição permanente, de arqueologia subaquáti- sários submarinos etc.) e as fácies sedimentares que

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o circundam; ou (ii) áreas de pesca são formadas por total de indivíduos capturados. A principal espécie pe-
conjuntos de feições rochosas e as fácies sedimenta- lágica capturada nos pesqueiros localizados nas por-
res circundantes. Quanto à sua origem, os pesquei- ções interna e média da plataforma é a “Guaricema”
ros foram diferenciados em pesqueiros artificiais (e.g. Caranx crysus uma espécie de hábitos mais costeiros.
naufrágios, emissários submarinos, recifes artificiais) e Devido à pequena largura da plataforma e à domi-
pesqueiros naturais (e.g. afloramentos rochosos, ban- nância de condições oceanográficas de mar aberto
cos algais, recifes de corais). mesmo nos pesqueiros localizados na porção média
Devido à facilidade de localização, produtivida- da plataforma são registradas capturas de espécies pe-
de e diversidade de espécies, os pesqueiros formados lágicas oceânicas.
por conjuntos de feições rochosas e fácies sedimen- Nos pesqueiros da plataforma externa e início do
tares, ditos “áreas de pesca”, são os mais visitados. talude as espécies pelágicas integrantes das capturas são
Já os pesqueiros ditos “pontuais”, cuja localização é dominantemente migradoras, típicas de ambientes oce-
dificultada pelo pequeno tamanho, aliado à sua menor ânicos, estando entre elas os “Atuns” Thunnus spp., os
produtividade e diversidade de espécies, são os pes- “Olho de Boi” Seriola spp. os “Dourados” Coryphaena
queiros menos visitados. A exceção são os pesqueiros spp. e o “Voador” Cypselurus cyanopterus.
pontuais localizados muito próximos à linha de costa, Apesar das capturas serem dominadas por espé-
bastante visitados pela frota não motorizada e pelos cies de hábitos demersais, as espécies demersais cap-
mestres menos experientes. turadas, com raras exceções, são na sua maioria de pe-
Os 17 pesqueiros (pontuais e áreas de pesca) es- queno porte, contribuindo muito pouco em termos de
tudados estão distribuídos por toda a plataforma, em biomassa. Já as espécies pelágicas na região mais exter-
profundidades que variam entre 9m e mais de 100m. na da plataforma são espécies de grande porte, sendo
Destes, dois pesqueiros são de origem artificial (o Ma- então muito mais significativas em relação à biomassa.
nilha que corresponde à saída do emissário submarino A porção externa da plataforma e início do
do Rio Vermelho e o Artemides que corresponde ao talude são as regiões que apresentam as caracterís-
naufrágio do Cavo Artemide). ticas ambientais mais adequadas para as espécies
Os pesqueiros localizados sobre substratos com demersais que dominam as capturas no Rio Ver-
elevados teores de fragmentos de alga coralina em re- melho.
giões próximas à quebra da plataforma foram aqueles Diante do que foi exposto aqui, e diferentemen-
que apresentaram os maiores índices de diversidade, te do que se imagina, podemos verificar que a PCS é
sugerindo a existência de uma maior complexidade dos intensamente utilizada e que a demanda por esse espa-
habitats. Os pesqueiros localizados sobre substratos ço é crescente e significativa, principalmente por esta
arenosos e lamosos, localizados nas porções média e plataforma estar localizada em frente a uma das maio-
interna da plataforma apresentaram os menores índices res regiões metropolitanas do Brasil, como também
de diversidade, indicando ambientes menos complexos. pela facilidade de acesso favorecida por sua largura
Os principais recursos explorados são as es- estreita. Percebe-se que alguns usos praticados são
pécies de hábitos demersais que corresponderam conflitantes e que uma proposta de disciplinamento
a 74% do total de indivíduos capturados, entre elas para este espaço seria muito útil para conservação dos
os “Vermelhos” da família Lutjanidae foram os mais ecossistemas presentes, bem como para as demais ati-
importantes. O “Vermelho Ariacó” Lutjanus synagris vidades aí praticadas.
destacou-se como a espécie mais capturada. A segun-
da espécie mais capturada foi a “Quatinga” Haemulon
aurolineatum cujos hábitats frequentados são também
muito semelhantes ao L.synagris.
As espécies pelágicas corresponderam a 25% do

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Figura 51 - Principais usos atuais e futuros da PCS


Figure 51 - Major present and future human uses of the PCS

Figura 52 - Integração da geologia emersa e submersa da península de Salvador e sua


área submersa. Geologia do continente modificada de Nascimento (2008)
Figure 52 - Integration of continental and marine geology at the Salvador peninsula and
adjacent continental shelf (Continental geology modified from Nascimento et al 2008)

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11. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos neste trabalho ilustram a Os resultados aqui apresentados tentam suprir
necessidade de avaliações integradas das áreas emersa a crescente demanda por mapas que representem as
e submersa da zona costeira (Figura 52), visto que esta principais características do ambiente físico, integran-
região de interface continente/oceano variou continu- do as áreas emersa e submersa. Esta é uma primeira
amente durante o Quaternário, em decorrência das va- tentativa de gerar tal tipo de mapa. Embora a escala
riações eustáticas do nível do mar durante este período. ainda não seja completamente adequada para a tomada
Assim, as características físicas desta área só podem ser de determinados tipos de decisão, o mesmo oferece a
plenamente conhecidas a partir da compreensão do visão integrada fundamental para a gestão do ambiente
conjunto de eventos que imprimiram seus efeitos na costeiro/plataformal, seus usos e possíveis conflitos.
zona costeira e consequentemente na disponibilidade Espera-se assim que a publicação deste trabalho
dos seus recursos naturais. É portanto, quase impossí- constitua a inspiração para outras iniciativas desta na-
vel entender a fisiografia atual destas áreas sem incor- tureza, que certamente representarão um significativo
porar a herança geológica na análise. ganho para a gestão deste espaço.

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62
Arquivos Abertos 37 CBPM

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p. 73-98. (Série Projeto REMAC, 10). MAC, 7).

63
APÊNDICE
Arquivos Abertos 37 CBPM

APÊNDICE

A. SÉRIE ARQUIVOS ABERTOS

Autores: José Maria Landim Dominguez - IGEO - UFBA


José Maurício Figueiredo Ramos - Petrobras, UO - BA/EXP/ABIG
Renata Cardia Rebouças - IGEO - UFBA
Alina Sá Nunes - UNIME
Lizandra Carvalho Ferreira de Melo - IGEO - UFBA

Revisão: Enock Dias Cerqueira (revisão final) - CBPM


Francisco Baptista Duarte (revisões de texto e gramatical) – Consultor
Jornildes Castro Pereira Nunes – Bibliotecária - CBPM
Maria Augusta Magalhães e Silva (revisão final) - CBPM
Renato Machado Carvalho Filho (edição do mapa) - CBPM

B. VOLUMES JÁ PUBLICADOS DA SÉRIE ARQUIVOS ABERTOS

VOL. TÍTULO AUTOR DA SÍNTESE


ANO
1 Geologia e potencialidade para mineralizações de cobre, chumbo, zinco e prata Augusto J. Pedreira
1993 da borda norte da Chapada Diamantina, Bahia
2 Estratigrafia, sedimentologia e recursos minerais da Formação Salitre na Bacia Augusto J. Pedreira
1993 de Irecê
3 Geologia e potencialidade para mineralizações de ouro e sulfetos da Faixa Rio Augusto J. Pedreira
1993 Salitre, Juazeiro – Bahia José Carlos Cunha
4 Geologia e recursos minerais do Greenstone Belt do Rio Itapicuru Augusto J. Pedreira
1994
5 Greenstone Belt de Mundo Novo: caracterização e implicações metalogenéticas Juracy de F. Mascarenhas Ernesto F.
1994 e geotectônicas no Cráton do São Francisco Alves da Silva
6 Geologia e potencialidade mineral da borda nordeste da Faixa Contendas- Augusto J. Pedreira
1994 Mirante e do Sill do Rio Jacaré Icalmar Antônio Vianna
7 Komatiítos com textura spinifex do Greenstone Belt de Umburanas, Bahia José Carlos Cunha
1994 Raymundo J. Bulcão Fróes
8 Diamantes e carbonados do rio Paraguaçu: geologia e potencialidade econômica Augusto J. Pedreira
1994 Luiz Luna F. de Miranda
9 Esmeralda de Carnaíba e Socotó, Bahia: geologia e potencialidade econômica Augusto J. Pedreira
1995 Luiz Luna F. de Miranda
10 Pegmatitos da região de Itambé, Bahia: geologia e potencialidade econômica Luiz Luna F. de Miranda
1996
11 Geologia e recursos minerais da Bacia Metassedimentar do Rio Pardo, Bahia Augusto J. Pedreira
1996
12 Distrito manganesífero de Urandi-Licínio de Almeida, Bahia: geologia e Luiz Luna F. de Miranda
1998 potencialidade econômica
13 Geologia e recursos minerais do Grupo Jacobina e da parte sul do Greenstone Francisco Baptista Duarte
1998 Belt de Mundo Novo
14 Geologia, pesquisa mineral e potencialidade econômica do Greenstone Belt Augusto J. Pedreira
2000 Riacho de Santana
15 Depósitos de argila do Recôncavo Baiano: geologia e potencialidade econômica Luiz Luna F. de Miranda
2001
16 Terrenos granulíticos da região de Itaberaba-Cruz das Almas, Bahia: geologia e Luiz Luna F. de Miranda
2002 metalogênese
17 Mármore Bege Bahia em Ourolândia-Mirangaba-Jacobina, Bahia: geologia, Luiz Luna F. de Miranda
2002 potencialidade e desenvolvimento sustentável

67
CBPM Arquivos Abertos 37

VOL. TÍTULO AUTOR DA SÍNTESE


ANO
18 Bacia do São Francisco entre Santa Maria da Vitória e Iuiú, Bahia: geologia e Luiz Luna F. de Miranda
2003 potencialidade econômica
19 Extremo Sul da Bahia: geologia e recursos minerais José Carlos V. Gonçalves
2004 Roberto Campêlo de Melo
20 Nefelinassienito da serra do Felícimo, Bahia: geologia e potencialidade econô- Luiz Luna F. de Miranda
2004 mica Marcos Donadello Moreira
21 Areia silicosa de alta pureza de Santa Maria Eterna: Belmonte, Bahia Luiz Luna F. de Miranda
2005
22 Vale do Paramirim, Bahia: geologia e recursos minerais José Carlos V. Gonçalves
2005 Reginaldo Alves dos Santos
Roberto Campêlo de Melo
23 Nefelinassienito de Itarantim, Bahia: viabilidade técnico-econômica de utilização Luiz Luna F. de Miranda
2006 industrial
24 Recursos hídricos subterrâneos da bacia do rio Salitre, Bahia: uso sustentável na Luiz Luna F. de Miranda
2006 indústria do mármore Bege Bahia Luiz Rogério Bastos Leal
25 Esmeralda de Carnaíba, Bahia: geologia e desenvolvimento do garimpo Luiz Luna F. de Miranda
2006
26 Região Central do Cinturão Bahia Oriental: geologia e recursos minerais Nilo Sérgio de Vargas Nunes
2007 Roberto Campelo de Melo
27 Região de Itapetinga, sul da Bahia (borda SE do Cráton do São Francisco): João Cardoso R. Moraes Filho
2007 geologia e recursos minerais Erison Soares Lima
28 Quartzofeldspato da região de Castro Alves, Bahia Luiz Luna F. de Miranda
2007 Gileno Amado de C. Lopes
29 Província Uranífera de Lagoa Real, Bahia Simone Cerqueira Pereira Cruz e
2008 Luiz Luna F. Miranda
30 Depósitos de Ferro – Titânio Vanádio: Campo Alegre de Lourdes - Bahia Antônio Marcos V. de Moraes e
2008 Plínio M. de O. Veiga
31 Geologia da Chapada Diamantina Ocidental (Projeto Ibitiara-Rio de Contas) José Torreão Guimarães
2008 Reginaldo Alves dos Santos
Roberto Campêlo de Melo
32 A Seqüência Vulcanossedimentar de Contendas Mirante – Uma Estrutura do Moacyr Moura Marinho
2009 Tipo Greenstone Belt ? Paulo Henrique de Oliveira Costa
Ernesto Fernando Alves da Silva
Joaquim R. F. Torquato
33 Geologia e Recursos Minerais da Parte Norte do Corredor de Deformação do Herman Santos Cathalá Loureiro
2009 Paramirim (Projeto Barra – Oliveira dos Brejinhos) Erison Soares Lima
Eron Pires Macedo
Francisco Valdir Silveira
Ioná Cunha Bahiense
João Batista Alves Arcanjo
João Cardoso Moraes Filho
João Pedreira das Neves
José Torres Guimarães
Léo Rodrigues Teixeira
Maísa Bastos Abram
Reginaldo Alves dos Santos
Roberto Campêlo de Melo
34 A Ilmenita de Rio do Campo – APA do Pratigi José Maria Landim Dominguez
2010
35 Depósitos de Ferro e Titânio da Região Sul da Bahia José Haroldo da Silva Sá
2010 Ives Antônio de Almeida Garrido
Manoel Jerônimo Moreira Cruz
36 Bentonita de Vitória da Conquista: da descoberta ao aproveitamento industrial Marcos Donadello Moreira
2011

68
ANEXO
ANEXO

GEOLOGIA E PRINCIPAIS USOS ATUAIS E FUTUROS DA


PLATAFORMA CONTINENTAL DE SALVADOR

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