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CONTRIBUIÇÕES DA PALEOGRAFIA E DO MODELO DE

TRADIÇÃO DISCURSIVA NO ESTUDO DE CARTAS DO SÉCULO


XIX

 
Tamires Sales de Quadros (IC - UFBA)
Eliana Correia Brandão Gonçalves (UFBA)

A partir da visão filológica como análise crítica de textos, visando a reconstrução e


edição (MAIA, 2012), este trabalho tem por objetivo refletir sobre as contribuições da
Paleografia e do modelo de Tradição Discursiva (TD) nos resultados da pesquisa
filológica com Cartas do século XIX, que tratam da história social e cultural da
Bahia. Estas Cartas são advindas do antigo Conselho Histórico Ultramarino e estão
disponibilizadas na base de dados do Projeto Resgate (2009). O estudo de Cartas que
destacam aspectos históricos, sociais, culturais e políticos do cotidiano da Bahia foi
desenvolvido no âmbito da graduação em Letras. Para este trabalho, adotou-se como
referencial teórico e metodológico colaborações da Paleografia, da Filologia e das
Tradições Discursivas (TD). A pesquisa consiste na seleção, inventário e transcrição
desta documentação. Nesta última etapa, os conhecimentos metodológicos oriundos da
paleografia permitiram analisar aspectos como o tipo de escrita, os sinais abreviativos e
os sinais de pontuação e acentuação do manuscrito, que, aliados ao aporte teórico das
Tradições Discursivas possibilitaram a identificação de componentes linguísticos
recorrentes nas Cartas. Para tanto, utilizou-se o mecanismo de busca de expressões
formulaicas que aparecem com uma frequência X em um total de X documentos
transcritos. Neste sentido, os recursos viabilizados pelo modelo de Tradição Discursiva
(TD), a partir de referenciais teóricos como Kabatek (2005), Carvalho e Zavam (2018) e
Ataíde e Gomes (2018), proporcionaram identificar na referida documentação,
expressões formulaicas obrigatórias como “Ilustríssimos e Excellentissimos Senhores”
ou apenas recorrentes como “Deos Guarde a Vossa Magestade”, que, ademais,
demarcam tipos de discurso específicos, oriundos do contexto religioso, como no último
exemplo. Deste modo, são apresentadas reflexões sobre a Carta como reflexo da
memória de um tempo, um lugar e um povo, a partir destas matrizes de referência,
demonstrando como estas ciências têm contribuído para o exercício do labor filológico
na proposição de outras leituras das narrativas históricas.
Palavras-chave: Paleografia. Tradição Discursiva. Cartas. Conselho Ultramarino

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