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Ancestrais
À medida que o senso moral Helênico se tornou mais restritivo (ou refinado se
preferir) os teóricos começaram a afirmar que alguns daemonos tornaram-se a “básicos”
(N.T.: Básico no sentido de instintivo, primitivo) em seus desejos e inclinações. Eles
ficaram ao torno de pelejas, esportes baixos e sacrifícios do Submundo.
Ao se tornarem básicos os mortais que eles influenciaram tornaram-se mais
inclinados ao comportamento vicioso. Esses espíritos se tornaram servos de feiticeiros
inferiores, essencialmente vigaristas de aluguel.
Nem tudo isso foi baseado na questão de “pecado” tanto quanto a ideia de que
chafurdar na merda provoca mal cheiro. (Mas voltando ao Kakodaemonos...).
Magistas (especialmente os teurgistas) propunham que a vida virtuosa apoiava o
contato com espíritos mais sábios e calmos muito antes que o dualismo cristão
desenvolvesse suas hierarquias espirituais.
Eu permaneço interessado em como que a noção de “Anjos Caídos” do Livro de
Enoch foi envolvida nisso tudo (N.T.: Livro APÓSTROFO de Enoch). É claro que
vemos lá o mesmo padrão – seres divinos sendo atraídos por prazeres terrestres.
A separação do espiritual e material parece ter sido uma tendência no 1° século
mais ou menos.
A noção Helênica da origem dos daemonos é de que eles seriam as almas dos
humanos da Era Dourada que foram enaltecidos pelos deuses para atuarem como
guardiões e ajudantes dos mortais. Lance sobre eles agora o ciúme do Deus de Sinai e
estes nobres espíritos, as crianças dos primeiros dias, tornam-se anjos rebeldes (N.T.:
Leiam sobre as Cartas da Corte em seus Quatro Naipes no Livro de Toth por Crowley e
Frida Harris e As Imagens Mágicas em Liber 777).
Para os Helenos, e outros pagãos Indo-Europeus, o nascimento de crianças
oriundas da procriação de espíritos poderosos e mulheres mortais nunca foi impróprio
ou impuro. Os espíritos destas crianças muitas vezes tornavam-se poderosos daemonos.
Ao fim da era clássica o paganismo lentamente se tornar ilegal no Império
Romano. Os ritos pagãos são transferidos dos templos públicos para as capelas e salas
de estar privadas. Nestas circunstâncias reduzidas nos podemos ter o início e origem da
dita “alta magia” e posteriormente, com certeza, a teurgia.
É de rituais destes tipos combinados com a “baixa magia” dos Papiros Gregos
que se pensa ter florescido os Grimórios por mais longa e sinuosa que possa ter sido esta
primavera dos anos 700 a 1700.
Como o mito Cristão e a Espiritualidade se tornaram a norma entre os
escolásticos (e assim entre os magos), os daemons mais “básicos” eram considerados
parte das legiões dos inimigos e chamados de “demônios” enquanto que outros daemos
mais “refinados” foram assinalados para as ordens celestes para serem chamados de
“anjos” – mensageiros – de “Deus”. Todo o mito da Guerra no Céu é aplicado, o Reino
de Deus se opõe ao Mundo, à Carne e ao Diabo.
Sendo o mundo material parte da tríade profana do pensamento Cristão primitivo
qualquer espírito que não fizesse parte imediatamente das hostes celestes era um
“demônio”, um indivíduo do Príncipe deste Mundo.
Assim elementais, “fadas” e todo tipo de hierarquia espiritual do mundo eram
consideradas “demônios”, ou seja, anjos caídos e/ou servos de “Satanás”.
Entre os magistas, que sempre foram influenciados, porém não pela ortodoxia, a
hierarquia espiritual de, digamos, um planeta qualquer, começa em um Arcanjo e
descende através de camadas de espíritos servidores. A camada mais baixa destes
espíritos servidores – os verdadeiros trabalhadores dos magistas – eram frequentemente
chamados de “demônios”. Em um destes modelos clássicos de arte espirita os demônios
são comandados pelo mago através da ação dos nomes dos anjos apropriados. Desta
forma a soberania do sistema de “Deus” é preservada enquanto entrega o poder nas
mãos dos magistas.
Chegamos enfim à era dos famosos Grimórios com listas de espíritos que são
conhecidos por servir aos magos.
Alguns deles parecem ser reflexos de deuses antigos específicos, outros são mais
obscuros. Alguns realmente fazem coisas como matar e coagir, mas muitos criam
jardins ou ensinam matemática. Se alguém ler a lista de “demônios”, por exemplo no
Goetia da Chave Menor, dificilmente fica com a impressão de fervilhar o mal, a doença
e a revolta.
Meu palpite preferido no estilo mítico é que esses espíritos começaram como
daemons servindo aos Deuses nos sacrifícios, e continuaram a responder aos apelos dos
magos ao longo dos séculos. Afinal, algumas fontes dizem que os espíritos mudam de
nomes a cada 40 anos...
Tata Samekh
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