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A matéria que irei publicar não é minha!

É de um “carinha” que eu curto muito e que está aí desde os anos 70 promovendo e


praticando o Magia e Paganismo.
Tem excelente livros publicados, uma visão muito acurada e sóbria sobre muitos temas
que me são de interesse e uma postura mais seria que não observei em alguns outros...
Ele próprio se define como Neo-Paganista, mas eu acho que ele é mais Bardo que
Wicca – SIC.
Aos estudiosos e praticantes da religião tradicional ioruba esse material é sem
precedentes para enriquecer seu entendimento e compreensão sobre muitas coisas...
Lembrando que o autor não tem nenhuma noção significativa ou relação prática com
religiões afro e suas dissidentes de diásporas!
Enfim, com vocês, Ian Corrigan!

DEMÔNIOS & DAEMONS


ANIMISMO & DUALISMO
Nesse sentido eu entendo que “Daimons” Helênicos (ou Daemonos – eu
provavelmente não serei consistente) são espíritos de quase todo tipo, inclusive os
próprios Olimpianos e até mesmo o grupo de espíritos menores ou o diabrete da
Croácia.
Na religião Helênica estes eram entendidos como sendo servos, mensageiros ou
pessoas dos deuses (“homens de deus” – N.T.), ou atuantes por conta própria.
Membros poderosos da comunidade ao morrerem poderiam se tornar daimons.
Uma importante função dos daemonos era carregarem eles mesmos os
sacrifícios aos deuses e retornarem com suas benções.
Estes espíritos foram associados com os ritos e ferramentas dos cultos
domésticos e cívicos – os “familiares” dos sacrificantes, os “genii” – o que significa, em
base, “espíritos familiares”.
Em qualquer sistema, animista ou espiritista, ficará claro que nem todos os
espíritos são seguros, fáceis ou amigáveis.
Os Gregos distinguiam-lhes em Eudaimonos e Kakodaimonos – Espirito
Agradável e Espirito Ruim, para ser mais literal.
(N.T. Kakó em Grego significa Mal, Maldade, Injúria, Ruim)
Sim Virginia, existem fadas do esterco também...
Os espíritos da podridão e decadência, tão obrigatórios para o manejo do solo da
floresta tornam-se pouco bem-vindos à habitação humana.
Se há um daemon na cachoeira, ou no milho, há certamente um na cólera ou
berço de morte também.
Algumas partes da encantadora e sagrada natureza querem simplesmente te
matar pelo rabo – os espíritos destas partes são frequentemente considerados
“iracundos” ou até mesmo “demoníacos” no sentido Hollywoodiano.
Nas culturas tradicionais muitas vezes é tarefa de sacerdotes e magistas
administra-los.

No sentido Helênico, um sátiro é um daimon, se não for um muito nobre.


A representação de daemons com características de animais, incluindo asas e/ou chifres,
é bastante tradicional.

Então temos agora a questão do dualismo moral.


Eu não acredito que exista uma batalha moral entre o bem e o mal.
Os espíritos não estão se alinhando em peles vermelhas versus peles brancas.
Assim como os mortais os espíritos tem seus negócios – cachoeiras caem águas, cólera
come e mata, etc.
A simplificação trás sentido para os mortais quando dividem essas categorias em
espíritos que podem nos beneficiar e espíritos que podem nos prejudicar.
Nos fazemos isso o tempo todo com animais, plantas, paisagens.
No entanto muitas coisas perigosas e poderosas se tornam bons aliados, até
mesmo deuses. O que nos leva a magia operativa no modelo da Tradição Europeia.
O agente potencializador usual por detrás da magia dos Papiros Gregos são os
daemonos, seja dos Deuses invocados no rito, ou as vezes em geral de algumas
“categorias” de Mortos. (N.T.: veja-se o Papiro de Ani, o Livro Egípcio dos Mortos, de
onde muitos ditos “bruxões” se apossam do termo Inascido dando a este uma aplicação
e sentido completamente deturpada para satisfazer sua ignorante necessidade!)
Estes espíritos eram então encarregados de tarefas com objetivos usuais, tais
como feitiços de amor, vingança, casos legais e apostas.

Ancestrais

À medida que o senso moral Helênico se tornou mais restritivo (ou refinado se
preferir) os teóricos começaram a afirmar que alguns daemonos tornaram-se a “básicos”
(N.T.: Básico no sentido de instintivo, primitivo) em seus desejos e inclinações. Eles
ficaram ao torno de pelejas, esportes baixos e sacrifícios do Submundo.
Ao se tornarem básicos os mortais que eles influenciaram tornaram-se mais
inclinados ao comportamento vicioso. Esses espíritos se tornaram servos de feiticeiros
inferiores, essencialmente vigaristas de aluguel.
Nem tudo isso foi baseado na questão de “pecado” tanto quanto a ideia de que
chafurdar na merda provoca mal cheiro. (Mas voltando ao Kakodaemonos...).
Magistas (especialmente os teurgistas) propunham que a vida virtuosa apoiava o
contato com espíritos mais sábios e calmos muito antes que o dualismo cristão
desenvolvesse suas hierarquias espirituais.
Eu permaneço interessado em como que a noção de “Anjos Caídos” do Livro de
Enoch foi envolvida nisso tudo (N.T.: Livro APÓSTROFO de Enoch). É claro que
vemos lá o mesmo padrão – seres divinos sendo atraídos por prazeres terrestres.
A separação do espiritual e material parece ter sido uma tendência no 1° século
mais ou menos.
A noção Helênica da origem dos daemonos é de que eles seriam as almas dos
humanos da Era Dourada que foram enaltecidos pelos deuses para atuarem como
guardiões e ajudantes dos mortais. Lance sobre eles agora o ciúme do Deus de Sinai e
estes nobres espíritos, as crianças dos primeiros dias, tornam-se anjos rebeldes (N.T.:
Leiam sobre as Cartas da Corte em seus Quatro Naipes no Livro de Toth por Crowley e
Frida Harris e As Imagens Mágicas em Liber 777).
Para os Helenos, e outros pagãos Indo-Europeus, o nascimento de crianças
oriundas da procriação de espíritos poderosos e mulheres mortais nunca foi impróprio
ou impuro. Os espíritos destas crianças muitas vezes tornavam-se poderosos daemonos.
Ao fim da era clássica o paganismo lentamente se tornar ilegal no Império
Romano. Os ritos pagãos são transferidos dos templos públicos para as capelas e salas
de estar privadas. Nestas circunstâncias reduzidas nos podemos ter o início e origem da
dita “alta magia” e posteriormente, com certeza, a teurgia.
É de rituais destes tipos combinados com a “baixa magia” dos Papiros Gregos
que se pensa ter florescido os Grimórios por mais longa e sinuosa que possa ter sido esta
primavera dos anos 700 a 1700.
Como o mito Cristão e a Espiritualidade se tornaram a norma entre os
escolásticos (e assim entre os magos), os daemons mais “básicos” eram considerados
parte das legiões dos inimigos e chamados de “demônios” enquanto que outros daemos
mais “refinados” foram assinalados para as ordens celestes para serem chamados de
“anjos” – mensageiros – de “Deus”. Todo o mito da Guerra no Céu é aplicado, o Reino
de Deus se opõe ao Mundo, à Carne e ao Diabo.
Sendo o mundo material parte da tríade profana do pensamento Cristão primitivo
qualquer espírito que não fizesse parte imediatamente das hostes celestes era um
“demônio”, um indivíduo do Príncipe deste Mundo.
Assim elementais, “fadas” e todo tipo de hierarquia espiritual do mundo eram
consideradas “demônios”, ou seja, anjos caídos e/ou servos de “Satanás”.
Entre os magistas, que sempre foram influenciados, porém não pela ortodoxia, a
hierarquia espiritual de, digamos, um planeta qualquer, começa em um Arcanjo e
descende através de camadas de espíritos servidores. A camada mais baixa destes
espíritos servidores – os verdadeiros trabalhadores dos magistas – eram frequentemente
chamados de “demônios”. Em um destes modelos clássicos de arte espirita os demônios
são comandados pelo mago através da ação dos nomes dos anjos apropriados. Desta
forma a soberania do sistema de “Deus” é preservada enquanto entrega o poder nas
mãos dos magistas.
Chegamos enfim à era dos famosos Grimórios com listas de espíritos que são
conhecidos por servir aos magos.
Alguns deles parecem ser reflexos de deuses antigos específicos, outros são mais
obscuros. Alguns realmente fazem coisas como matar e coagir, mas muitos criam
jardins ou ensinam matemática. Se alguém ler a lista de “demônios”, por exemplo no
Goetia da Chave Menor, dificilmente fica com a impressão de fervilhar o mal, a doença
e a revolta.
Meu palpite preferido no estilo mítico é que esses espíritos começaram como
daemons servindo aos Deuses nos sacrifícios, e continuaram a responder aos apelos dos
magos ao longo dos séculos. Afinal, algumas fontes dizem que os espíritos mudam de
nomes a cada 40 anos...

Para muitos magistas modernos que aproximam os daemonos pelos nomes


lembrados nos Grimórios do início da era moderna é uma questão de praticidade e
mecânica. A maioria dos ritos Grimórios não envolve o diabolismo, nem a adoração de
figuras míticas cristãs como Satanás e Lúcifer. Pelo contrário, a piedade e o foco do
mago permitem que ele lide com os espíritos. As mais recentes revisões acrescentaram
uma relação respeitosa de aliança com esses daemonos, o que parece razoável para
mim.

Minha opinião pessoal é de que podemos descartar com segurança toda


separação dos espíritos em “anjos e demônios”.
Se alguém preferir considerar os espíritos que funcionam especificamente como
“mensageiros” de um deus como anjos, isso é linguisticamente sensato. Não há muito
uso para “demônio” a menos que se use como abreviação de “espírito irado, perigoso ou
predatório”. Eu não mencionei a ideia de espíritos que deliberadamente se colocam
contra a humanidade como nossos inimigos, porque eu não tenho certeza de que tais
coisas existem. É claro que a loucura e a malícia podem ocorrer em todas as classes de
seres inteligentes, devemos supor isso.
Para abordar a questão dos “perigos” posso começar rejeitando a ideia de haver
um perigo para minha “salvação” descartando a necessidade de salvação. Eu não
acredito nisso. A maioria dos perigos de lidar com os espíritos lembrados como
demônios de grimório parece ser o mesmo que lidar com qualquer espírito poderoso –
insultar ou iludir o espírito pode resultar em uma resposta irada.
Eu rejeito a noção que existe um tipo de espírito cuja ocupação seja enganar ou
destruir os seres humanos, e eu especialmente rejeito a ideia de que tais espíritos (eu
deveria estar errado sobre eles existirem) enfrentariam a proteção dos mágicos para
fingir servir aos mortais. Desde que eu não acredito que existam duas equipes morais
opostas no mundo espiritual, não acho que haja o perigo de escolher o time errado.
A análise Helênica original pode ter algum mérito.
O sucesso na vida humana depende do cultivo de certas virtudes sociais –
moderação, solidariedade, honestidade. A natureza não compartilha essas virtudes
amplamente, e muitos espíritos também não compartilham. Muitos espíritos nobres e
úteis não estão mais preocupados com a moralidade humana do que com um cavalo de
arado.
O mago é aconselhado, sabiamente, a trabalhar ritos que atraiam espíritos de
sabedoria e bom senso. Novamente, se alguém ler o Goetia de Salomão muitos desses
espíritos parecem se ajustar bem ao caso. O discernimento da espiritualidade da era
moderna parece, de minha perspectiva, ter sido muito nublada pela mitologia de “anjos
e demônios” daqueles dias.
Como alguém preocupado com a magia Celta e Germânica não tenho
ressonância real com as listas de espíritos dos Grimórios do início da era moderna.
Pensei em tentar trabalhar com eles dentro de nossa forma de ritual de sacrifício de fogo
Druídico. No final tomei o caminho da prospecção de novos espíritos. Eu não tenho
nenhum cachorro na luta para saber se os espíritos do Chaves Menores (ou de outros
grimórios goéticos) são mais perigosos do que úteis. No entanto, as coisas úteis são
muitas vezes perigosas, e eu nunca aconselharia aos magistas a tocarem em coisas
inteiramente seguras.

Tata Samekh

Templo ASTAROTH de Quimbanda Malei


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