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Mito cosmogônico chinês - Pan Ku

No princípio não havia nada. Apenas caos e escuridão. Todo o universo era um imenso ovo
negro, e dentro dele estavam Yin e Yang, opostos que coexistem mantendo um delicado
equilíbrio. Dentro deste ovo havia, também, um terceiro elemento: um espírito
desenvolvendo-se em total silêncio. Era Pan Ku, que crescia junto com o ovo, tornando-se
gigantesco.

Por dezoito mil anos o ovo flutuou, chocando os três elementos que estavam em seu
interior. Depois deste tempo, Pan Ku despertou e viu-se cercado da mais densa escuridão.
Enfurecido pela ausência de luz, agitou-se dentro do ovo, pulando e gritando. Com um
golpe vigoroso de machado ele rompeu o ovo, separando o Yin e o Yang, dando inicio a
criação do mundo e quebrando a escuridão total.

O mais pesado e turvo, Yang, desprendeu-se e afundou, transformando-se em terra. Yin,


mais leve e etéreo subiu, formando o céu. Entre eles ficou Pan Ku, tocando o céu com a
cabeça e a terra com seus pés, evitando que se juntassem novamente, trazendo a
escuridão de volta

Pan Ku persistiu, mantendo Yin e Yang separados, até que um dia percebeu que não havia
mais escuridão e sim o azul do céu e o marrom da terra. Tranqüilo, deitou-se e morreu. Seu
corpo brilhou e começou a transformar-se: o olho esquerdo virou o sol, iluminando tudo ao
redor; o direito voou para o oeste do céu e virou a lua, trazendo luz para a noite; seu hálito
tornou-se o vento, que refresca; o trovão veio de sua voz grave. Seu corpo imenso deu
origem às altas montanhas e aos demais relevos do mundo; seu sangue denso formou os
rios e os mares; seus cabelos e pelos voaram pelo ar e deram origem as florestas, aos
arbustos e as flores, colorindo a terra. De seus dentes e ossos surgiram as rochas e os
minerais valiosos, como o diamante e as pérolas; seu suor virou a chuva, mantendo a terra
úmida; seus músculos as terras férteis; e dos seres que habitavam seu corpo, como pulgas
e bactérias, surgiram os animais.

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