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O OVO DE EVA

Uma Releitura do Gênesis em imagens, instalações e performance.

Você acaba de conhecer a exposição interativa "O OVO DE EVA. Esperamos que
você possa realizar a montagem da exposição para uma visita mais proveitosa ao Jardim
do Éden. Ao longo deste setup, passaremos informações sobre o processo de feitura dos
trabalhos e seus textos básicos, as fotografias e todos os passos necessários para a
montagem da exposição, transformando seu micro e sua sala em uma instalação onde
será apresentado O OVO DE EVA.
Caso não queira seguir manual algum, basta olhar as imagens, ler os textos (se
quiser) e ainda assim, curtir (ou não) esta exposição virtual e itinerante.

Para maiores contatos, críticas e sugestões, basta contactar:

Henrique josé Cocentino Fernandes


Natal/RN – Brasil
www.dhnet.org.br/henrique
E-MAIL: henrique@dhnet.org.br

Os trabalhos desta exposição só devem ser utilizados


para fins de divulgação, quando será
obrigatório o crédito do artista.
Não é permitida a utilização comercial ou publicitária
de qualquer destes trabalhos sem a prévia
autorização expressa do autor.
1- A EXPOSIÇÃO O OVO DE EVA

Ovo de Eva é o nome da exposição de fotografias digitais e instalações


do multimedia Henrique José. Toda a exposição constitui-se em uma
releitura livre de passagens bíblicas do livro do Gênesis, feitas a partir de
fotografias manipuladas em computador, sequenciadas como a história da
criação do homem e da mulher, possibilitando o desenvolvimento de uma
trama visual e poética.

A Exposição - os trabalhos são apresentados em xerox colorida e estão


montados pas-patour , vídeo do autor “GENESE” (2 minutos) em telão e
instalações características do tema do artista Guaraci Gabriel (como uma
reprodução da árvore do bem e do mal no centro do paraíso). Na abertura da
exposição, a atriz Civone Medeiros caracterizada como Lilith anda no meio
do público lendo trechos da cena da sedução da serpente e da expulsão do
paraíso. Lamparinas e velas iluminam o ambiente enquanto são servidas
maçãs cortadas ao meio, uvas e vinho branco aos presentes. De fundo a
banda natalense General Junkie executa o fundo musical especialmente
feita para a exposição. Esta exposição já percorreu algumas cidades (Natal,
Aracaju, João Pessoa etc) e pretende continuar percorrendo o país .

Exposição Digital - esta tecnologia de expor, lançada em 1995, constitui-se


em uma tentativa de intervenção artística multimídia e interativa, onde o
público participa da montagem, excluindo a necessidade de um local
"consagrado" para uma exposição. Sua sala, seu quarto, qualquer lugar
onde possa colocar seu computador pode tornar-se um "simulacro" onde
será encenada a trama. Esta exposição é disponibilizada em dois disquetes,
com uma embalagem especial.

Exposição Virtual - dentro do BBS Direitos Humanos e Cultura (Natal/RN),


tivemos a oportunidade de possibilitar em 1996, aos visitantes, uma mostra
da exposição, utilizando-se dos recursos de comunicação via modem.
Esta montagem de uma página na internet (lançada em outubro de
1998), onde o tema da exposição O Ovo de Eva, foi adaptado para uma
“mostra” na rede.

O Tema - O Ovo de Eva propõe discutir os mitos da criação do homem


através de passagens do livro do Gênesis. O surgimento de Adão e sua
primeira esposa, Lilith, não estão bem esclarecidos, mas fazem parte da
tradição hebraica e dos arquétipos femininos. Nesse cenário, Eva é a
segunda esposa, que é seduzida pela serpente (Lilith), para comer do fruto
da árvore do bem e do mal.

O Autor - os trabalhos foram criados por Henrique José em 1995, que utiliza
a fotografia, o computador e a xerox colorida para desenvolver sua
linguagem visual, poética e filosófica. As imagens foram adquiridas através
de fotografia convencional (câmeras 35mm), em negativo preto e branco ou
colorido e scaneadas (leitura ótica) para um computador. Para isso, o
fotógrafo usou um computador Pentium com 16Mb de RAM, 1Gb de
winchester, impressora colorida e softwares para tratamento de fotografias,
como Adobe Photoshop.
Esta primeira exposição individual de Henrique José abre
possibilidades no campo da pesquisa, da experimentação visual e da
liberdade criativa das novas tecnologias. Henrique é Repórter-fotográfico,
nascido em Aracati/CE e vivendo em Natal/RN há mais de oito anos. Brinca
com computadores deste o tempo dos TK85. É autor do livro Colagens, um
Conto Pós-moderno, uma pesquisa sobre a poesia visual, apresentada na
forma da saga de um anônimo em seus delírios esquizofrênicos. Uma
homenagem ao caos, com imagens digitalizadas, recortes, colagens,
poemas e citações.
O livro Colagens é uma edição do autor, com tiragem limitada.
2 - MONTAGEM

Prepare-se
Para garantir uma montagem com sucesso, leia com atenção, tenha paciência e
criatividade:
Em primeiro lugar use e abuse da sua imaginação para interagir na montagem de
O OVO DE EVA. Se preciso, chame outras pessoas para ajudar, podendo ser um bom
motivo para uma festa, ou simplesmente compartilhar com o(a)s amigo(a)s uma
vernissagem...
Leia os textos da exposição e imprima cópias para cada participante, ele(a)s
podem ajudar nas idéias para a performance e a instalação.
A instalação proposta aqui pode e deve ser modificada e/ou enriquecida, sendo
também um espaço onde aconteça um bate-papo sobre o tema.
Uma postura livre de pudores e preconceitos, capaz de transformar sua sala em
um palco, um ringue ou simplesmente um portal que abra novas possibilidades e
dimensões ao nosso imaginário, permitindo uma viagem artística, existencial e filosófica
aos arquétipos e mitos da criação do homem.
Para facilitar a associação entre texto e imagem, cada foto está com sua
respectiva referência bíblica, dentro da sequência proposta para a visitação da exposição.

Mãos à obra...
1 – Para que seu micro permita a visualização das fotografias e painéis, é interessante ter
uma boa resolução de cores na placa de vídeo, 800x600.
2 - O próximo passo é salvar a exposição no seu HD, ou visitá-la on line, depois é só
imprimir os textos e montar o cenário para uma visita ao O OVO DE EVA.
4 - Defina o local onde vai ficar o computador, se possível arrume uma mesa para o
monitor e deixe o teclado e o mouse escondidos. Próximo a mesa coloque plantas
exóticas, troncos de árvores, folhas secas...
5 - Em outro local da sala coloque uma bandeja de maçãs (cortadas ao meio) e vinho
branco e os textos.
6 - Defina estrategicamente a iluminação do local, deixando próximo ao computador
velas e incenso.
7 - Caso seu computador tenha multimídia, escolha um CD de músicas orientais, mantras
indianos, New Age ou Black Sabath. Não deixe de providenciar um fundo musical. Você
pode usar as músicas que sugeri na web.
8 - É fundamental uma Lilith. Para isso convença uma pessoa a incorporar o
personagem, montar o figurino, a maquiagem etc. Ela fará a leitura dos textos, abrindo a
exposição (leia no final destes textos: para uma melhor caracterização do personagem
Lilith).
9 - Como data e hora recomendada temos o sábado (dia do repouso de Deus) no final da
tarde (hora que Adão e Eva foram expulsos do paraíso).
10 - Pronta a montagem da exposição você já tem uma instalação/performática e
multimídia/interativa em seu computador, receba o(a)s convidado(a)s e uma boa
vernissage.
3 - Bibliografia

Como textos de referência para a realização dos trabalhos, foram utilizados os três
primeiros capítulos do livro do Gênesis (Bere'shith), Antigo Testamento da Bíblia.

3.1 Campos, Haroldo de - Bere'shith A Cena da Origem. Editora Perspectiva 1993.


3.2 Campos, Haroldo de - A Astúcia da Serpente. Folha de São Paulo/MAIS!,
7 de maio de 1995.
3.3 Sicuteri, Roberto - Lilith A Lua Negra. Editora Paz e Terra, 5ª edição 1990.
3.4 Rhinehart, Luke - O homem dos Dados. IMago Editora, 2ª edição 1994.
3.5 A Bíblia de Jerusalem. Edições Paulinas 2ª impressão 1992.
4 - textos

Capítulo 57

Os céus afirmam a glória do Acaso;


E o firmamento anuncia a obra de suas mãos.
A casualidade se exprime dia após dia,
E a fantasia surge noite após noite.
Não há discurso, nem língua,
Que omita as suas vozes.
Elas atravessaram a terra inteira,
E suas façanhas alcançaram o fim do mundo.
Com elas, o Acaso ergueu um tabernáculo ao sol,
Que se ergue no horizonte,
E viaja eternamente
E nada escapa ao seu calor.
A lei do Acaso é perfeita, converte a alma:
O testemunho do Acaso é fiel, transformando simplicidade em sabedoria.
As ordens do Acaso são verdadeiras, regozijam o coração:
O mandamento do Acaso é puro, aclara os olhos.
O medo do Acaso é nítido, dura para sempre
Os juízos do Acaso são verdadeiros e justos.

de O Livro do Dado
BERE'SHITH

1 - A Cena da Origem

1.No começar Deus criando


O fogoágua e a terra
2.E a terra era lodo torvo
e a treva sobre o rosto do abismo
E o sopro-Deus
revoa sobre o rosto da água
3.E Deus disse seja luz
E foi luz
4.E Deus viu que a luz era boa
E deus dividiu
entre a luz e a treva
5.E Deus chamou à luz dia
e à treva chamou noite
E foi tarde e foi manhã
dia um
6.E Deus disse
seja uma arcada no seio das águas
E que divida
entre água e água
7.E Deus fez a arcada
e dividiu entre água sob-a-arcada
e água sobre-a-arcada
E foi assim
8.E Deus chamou à arcada céufogoágua
E foi tarde e foi manhã
dia segundo
9.E Deus disse que se reúnam as águas
sob o céufogoágua num sítio uno
e que se aviste o seco
E foi assim
10.E Deus chamou ao seco terra
e às águas reunidas chamou mar-de-águas
E Deus viu que era bom
11. E Deus disse que vice a terra de relva
de erva que gere semente
de árvore-de-fruto que dê fruto de sua espécie
com a semente dentro por sobre a terra
E foi assim
...
24.E Deus disse produza a terra almas-de-vida
segundo sua espécie
animais-gado e répteis e animais-feras
segundo sua espécie
E foi assim
25.E Deus fez os animais-feras segundo sua espécie
e os animais-gado segundo sua espécie
e todos os répteis do solo segundo sua espécie
E Deus viu que era bom
26.E Deus disse
façamos o homem à nossa imagem
conforme-a-nós-em-semelhança
E que eles dominem sobre os peixes do mar
e sobre as aves do céu
e sobre os animais-gado e sobre toda a terra
e sobre todos os répteis que rastejem sobre a terra
27.E Deus criou o homem à sua imagem
à imagem de Deus ele o criou
Macho e Fêmea ele os criou
...
A Serpente
brotou em hormônios
dos Desejos o
Bem e o Mal
BERE'SHITH 2

2 - A segunda história da criação

...
7.E afigurou O-Nome-Deus o homem
pó da terra-húmus
e inspirou em suas narinas
o respiro dos vivos
E ficou sendo o homem alma-de-vida
8.E plantou O-Nome-Deus
um jardim no Éden a leste
E pôs ali
o homem o qual afigurara
9.E fez brotar O-Nome-Deus
da terra-húmus
toda árvore aprazível de ver
e boa de comer
E a árvore-da-vida no meio do jardim
e a árvore do saber do bem e do mal
...

21.E fez cair O-Nome-deus um sono-torpor


sobre o homem e ele adormeceu
E tomou uma de suas costelas
e fechou a carne por sob ela
22.E configurou O-Nome-Deus a costela
que tomara do homem em mulher
E a fez vir até o homem
23.E disse o homem
esta desta vez osso
de meus ossos
e carne de minha carne
A esta chamarei MUlher
pois do homem-hÚMUs esta foi tomada
24.Por isso o homem deixa
seu pai e sua mãe
E se apega à sua mulher
e eles serão uma carne una
25.E estavam eles dois desnudos
o homem e sua mulher
E não se envergonhavam
3 . A expulsão do paraíso

1.E a serpente era o mais astuto


dentre todos os animais do campo
que fizera O-Nome-Deus.
E ela disse à mulher
acaso terá dito Deus
não comerás de toda árvore do jardim?
2.E disse a mulher à serpente
Do fruto das árvores do jardim
poderemos comer
3.E do fruto da árvore
que está no meio do jardim
disse Deus não comereis dele
não tocareis nele
Senão morrereis
4.E disse a serpente à mulher
morrer não morrereis
5.Pois sabe Deus
que no dia em que dele comerdes
se abrirão vossos olhos
E sereis como deuses
sabedores do bem e do mal
6.E viu a mulher
que era boa a árvore para comer
e uma delícia para os olhos
e aprazível a árvore que dá conhecimento
e tomou de seu fruto e o comeu
E deu também ao homem junto a ela
e ele comeu
7.E se abriram os olhos aos dois
e souberam que estavam desnudos eles
E trançaram folhas de figueira
e fizeram para si mesmos cintos
8.E ouviram a voz d'O-Nome-Deus
que ia indo pelo jardim
ao sopro do dia
e se esconderam o homen e sua mulher
diante do rosto d'O-Nome-Deus
em meio às árvores do jardim
9. E chamou O-Nome-Deus o homem
e lhe disse onde estás?
10.E disse o homem eu ouvi tua voz
no jardim
e tremi porque estava nu e me escondi
11.Ele disse
quem te falou que estavas nú?
Da árvore da qual ordenei não comer
comeste?
12.E disse o homen
a mulher que me deste para estar comigo
ela me deu da árvore e eu comi
13.E disse O-Nome-Deus à mulher
por que fizeste isso?
E disse a mulher
a serpente enlevou-me e eu comi
...

22.E disse O-Nome-Deus


eis que o homem ficou sendo
como um de nós
sabedor do bem e do mal
e agora se no impulso de sua mão
tomar também da árvore-da- vida
e comer e viver para o eterno-sempre?
23.E o expulsou O-Nome-Deus
do jardim de éden
para cultivar a terra-húmus
de onde fora tomado

24.E exilou o homem


e fez com que habitassem a leste do jardim do Éden
os querubins-leões-alados
e a lâmina da espada de chamas multigirante
para guardar o caminho da árvore-da-vida
Lilith A Lua Negra

2 - O mito de Lilith nas versões bíblicas

O mito de Lilith pertence à grande tradição dos testemulhos orais que estão reunidos
nos textos da sabedoria rabínica definida na versão jeovística, que se coloca lado a lado,
precedendo-a de alguns séculos, da versão bíblica dos sacerdotes. Sabemos que tais
versões do Gênesis - e particularmente o mito do nascimento da mulher - são ricas de
contradições e enigmas que se anulam. Nós deduzimos que a lenda de Lilith, primeira
companheira de Adão, foi perdida ou removida durante a época de transposição da
versão jeovística para aquela sacerdotal, que logo após sofre as modificações dos pais
da igreja.
...
A Torah assírio-babilônica e hebraica nos permite um jogo mais livre na
interpretação latente, nos restitui mundos imaginários que mais facilmente se subtraem à
desconfiança ditada pelo ceticismo racional, produto da sabedoria cristã e católica em
particular. Não nos interessa aqui, por exemplo, tentar a solução ou sistematização da
secular controvérsia entre as duas versões ou criticar a destruição e as alterações
consumadas nas Sagradas escrituras dos cristãos; o que nos guia não é o interesse
teológico, mas o psicológico, pela redescoberta da lenda de Lilith para agregá-la, como
energia psíquica formadora do mito e do arquétipo, ao núcleo concernente à história da
relação entre Anima e Animus e para entender as origens endopsíquicas da cisão entre
"instintivo" e "pensamento", para esclarecer, finalmente, o grande equívoco do primado
masculino sobre a mulher sentida como inferior. Toda a história psicológica da relação
homem-mulher, como diz James Hillman, é uma série de notas de rodapé à história de
Adão e Eva.
...
Para uma melhor caracterização do personagem Lilith.

... a primeira companheira foi Lilith, cheia de sangue e saliva.


Deus então criou Lilith, a primeira mulher, assim como havia criado Adão, mas usando
fezes e imundície ao invés de pó puro.
Então Lilith nasce com Adão, logo após Adão: répteis, demônios e Lilith foram as últimas
criações de Deus no sexto-dia...
Lilith é certamente a sedutora...
Quem deseja ver suas pegadas, pegue cinza peneirada e a espalhe em torno do próprio
leito. de manhã vereis algo parecido às pegadas de um galo. Quem deseja vê-la, deve
pegar a placenta de uma gata negra filha de uma gata negra... a toste no fogo, a
transforme em pó, encha os olhos e verá.

... de Lilith, uma certa tradição pensa que tivesse cabelos longos e escorridos;
evidentemente uma imagem de mulher sensual e perigosa...

Em certos textos Lilith vem descrita como principal demônio feminino, com um corpo
prorrompente de sensualidade, olhos fulgurantes, braços brancos cobiçantes; a boca e a
vagina vibram como ventosas macias emanando vertiginosos perfumes de prazer.

Se, ao contrário, a vítima desvia o olhar para não ver a tremenda mulher com seus seios
rutilantes, as escamas, o ventre, as coxas iminentes no demoníaco conúbio, então é
envolta pela respiração gélida e pelo murmúrio escarnecedor, até ser constrangido a
voltar de novo os olhos de maneira a ficar cara a cara com o vulto de Lilith, cujos olhos
terrificantes fixavam a vítima com luz inumana.

Lilith aparece já na época sumérica representada em um baixo relevo... trata-se de uma


figura híbrida disposta em pé, frontalmente, que mantém os braços abertos, os cotovelos
dobrados em direção aos flancos, em ato de oração, as mãos abertas, dedos unidos.
O vulto tem uma evidente conformação rotunda, olhos grandes bem delineados e nariz
regular. A boca está disposta em um grande sorriso, com um frêmito imperativo, de
provocação sensual; toda a expressão faz pressagiar a modalidade plástica grega
arcaica: impenetrável, severa, potente e inefável.
O penteado dos cabelos é impressionante, segundo o esquema mesopotâmico ou proto-
assírio: da nuca partem quatro serpentes sobrepostas formando um cone, cujas cabeças,
erguidas em evidente posição fálica, convergem à maneira de um repartido.
A simbologia recorda a Kundalini emergente na realização total, como também as figuras
gorgônidas. Das costas de Lilith descem, abertas em ângulo reto, duas asas esculpidas
com exatidão. A energia humana parece concentrada precisamente nas costas e no peito,
onde os seios se protendem amplos e muito redondos com evidente, sombria função
sedutora.
Junto ao vulvo, são estes traços que conferem à figura uma notável qualidade lunar.
O corpo é robusto, muito feminino até a ampla bacia e o púbis.
As pernas, que pouco a pouco se adelgaçam em direção aos joelhos, perdem a
plasticidade feminina e se fazem animalescas, potentes; antes que pés são horrendas e
poderosas garras de abutre que despontam dos assustadores dedos rugosos.
Os maléolos toscos e lenhosos fazem pensar nas extremidades rugosas da epiderme de
elefantes e rinocerontes! A disposição das garras é simétrica, vertente, com um acento de
domínio; toda a energia poderosa parece afluir e se descarregar sobre as bestiais patas
que pousam sobre o corpo de uma fera bicéfala, que parece uma leoa, agachada. Nas
mãos, Lilith segura dois amuletos que recordam vagamente os dois sinais hieroglíficos da
Balança, cetros de potência, iniciação e justiça. Nos lados, embaixo, um pouco
ameaçando a fera de duas cabeças, estão dispostas duas aves, esculpidas à maneira
protp-assíria, cujas cabeças lembram a águia ou a coruja ou os felinos egípcios; estão em
posição frontal, imóveis, as patas unidas, rígidas, em tudo semelhantes àquelas de Lilith.
São animais vigilantes que rematam a representação.
A escultura está gravada em um triângulo equilátero, cujos vértices inferiores são as
cabeças das duas feras e o vértice superior está na cabeça de Lilith...
5 - Ficha Técnica

outubro de 1998

Fotos, Computação Gráfica e Web:


Henrique José
©1995

Produção:
Keila Sena Mota

Apoio:
Dhnet – Direitos Humanos e Cultura
www.dhnet.org.br

Galeria ZooN de Fotografia


www.zoon.com.br
Natal/RN

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