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10/4/2011 Cimento e Areia-Consultas e Dicas so…

Arquiteturas do Século XX - Primeira Parte (06-2002)

Passou-se quase que todo o século XX falando-se em


modernismo e arquitetura moderna e louvando-se obras de
mestres brasileiros como Oscar Niemeyer, Villanova Artigas e
Lúcio Costa, entre outros, além de mestres internacionais como
Le Corbusier, Mies Van der Rohe e Frank Lloyd Wright. Dentro da
arquitetura moderna, duas correntes destacaram-se, a arquitetura
moderna racionalista e a arquitetura moderna organicista. Nas
últimas décadas deste século, mais precisamente a partir do final
dos anos 70 e início dos 80, um novo termo passou a ser
popularizado aqui no Brasil, inicialmente nos meios acadêmicos,
o chamado pós-modernismo. Recentemente, a partir do início dos
anos 90, outro termo passou a circular entre quem se envolve com
Ville Savoye - Casa em Poissy, França – Arq. Le Corbusier arquitetura, o neo-modernismo. Mas, afinal, o que significam
– 1928-1929 estes termos para a arquitetura, quais as diferenças entre estas
correntes e no que refletem na vida das pessoas em geral?
Construção sobre pilotis, volumes curvilíneos na cobertura e
janelas contínuas. Para iniciar, vamos fazer um rápido retrospecto da arquitetura
ocidental no final do século XIX e princípio do século XX. Naquele
período, a arquitetura era esteticamente dominada pelo
neoclassicismo, que era a reedição adaptada dos estilos
clássicos greco-romanos, pelo ecletismo, que era a mistura
deliberada dos mesmos elementos greco-romanos e também dos
renascentistas, e por movimentos mais focalizados como o "art
nouveau" e o "art deco". Muito vinculada às artes plásticas,
notadamente a escultura, aquela arquitetura tinha um processo de
produção distanciado do dinamismo e das necessidades da
nascente sociedade industrial. Ao mesmo tempo, as populações
das grandes cidades cresciam num ritmo muito mais acelerado,
devido às melhorias das condições de infra-estrutura e
saneamento e ao progresso da ciência, aumentando
significativamente a expectativa de vida do ser humano. Por outro
lado, as novas fábricas, que proliferavam, necessitavam de mão
de obra que morasse relativamente perto do trabalho, devido à
precariedade do transporte público. A arquitetura daquela época
não atendia estas demandas, era voltada para a execução de
palácios, edifícios administrativos e comerciais ou moradias para
Bauhaus - Escola de Arquitetura e Arte em Dessau,
a burguesia, quase sempre de caráter monumental. Havia a
Alemanha - Arq. Walter Gropius - 1919-1925
necessidade premente de dar uma resposta eficaz às solicitações
de simplificação, rapidez de execução e redução de custos
Assimetria, repetição de elementos e grande superfície
ditadas pelo novo mundo industrial.
envidraçada (fachada cortina).
Ora, simplificação, rapidez de execução e redução de custos são
termos ainda hoje vinculados a processos racionais de produção.

A chamada arquitetura moderna racionalista surge justamente das


novas necessidades da sociedade industrial com uma nova
estética, marcada pela eliminação dos dogmas da arquitetura
ocidental do século XIX, como a rigidez das formas e da imagem
dos edifícios (ex.: simetria e ortogonalidade obrigatórias),
decorativismo (elementos escultóricos) e elementos simbólicos.
Outra característica da arquitetura moderna racionalista era seu
propósito social de democratizar o acesso à arquitetura através da
redução dos custos, obtida pela simplificação e pela padronização
de soluções, a chamada "standardization" (uso de elementos
repetitivos, muitas vezes industrializados, como portas e janelas,
New National Gallery - Berlim, Alemanha - Arq. Mies van der por exemplo).
Rohe - 1962

Planta livre interior, repetição de elementos e modulação da


estrutura.
As características básicas da arquitetura moderna racionalista podem ser assim resumidas:

Simetria e ortogonalidade não obrigatórias, mas sem proibição de seu uso;


Eliminação do decorativismo;
Eliminação do simbolismo;
Todos os elementos arquitetônicos deveriam ter uma razão para existir, dentro da lógica racionalista;
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Todos os elementos arquitetônicos deveriam ter uma razão para existir, dentro da lógica racionalista;
Uso de estruturas independentes das paredes dos prédios (viabilizado pelos progressos nas tecnologias de estruturas de
concreto armado e metálicas), possibilitando a utilização de paredes de fechamento mais leves e flexíveis e paredes
divisórias mais adequadas à planta dos edifícios, a chamada "planta livre";
Uso de áreas envidraçadas maiores (também viabilizado pelos progressos nas tecnologias de estruturas), aproveitando
melhor a insolação e ventilação naturais, com melhor controle de doenças contagiosas, originando as janelas contínuas e
as fachadas cortina (totalmente envidraçadas);
Volumes suspensos sobre pilares, os chamados "pilotis", deixando os térreos livres para circulação de ar e integração
com a paisagem;
Adoção de vãos livres maiores (outro benefício dos progressos nas tecnologias de estruturas);
Uso de elementos de forma curvilínea ou orgânica isolados (reservatórios de água circulares, paredes em forma de "S",
piscinas em forma de ameba, etc.);
Uso de elementos padronizados e repetitivos (esquadrias, por exemplo);
Relação direta da forma com a função (um hospital deve ter forma adequada a seu funcionamento) – vem daí a célebre
frase atribuída a vários autores: "Form follows function." (A forma segue a função);
Unificação da composição das formas: o todo de um edifício deveria ser compreendido de maneira única, mesmo que
composto por vários volumes;
Tentativa de adoção de um estilo único, independente da região ou país em que o edifício esteja sendo implantado, o
chamado "international style" (estilo internacional).

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