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Sistemas Fluidomecânicos Capítulo 1: Turbinas Hidráulicas

Turbinas Hidráulicas

Prof. Jorge Villar Alé


LSFM – FENG - PUCRS
www.em.pucrs.br/lsfm

2001

PUCRS - DEM - Prof. Alé 1-1


Sistemas Fluidomecânicos

TURBINAS HIDRÁULICAS .........................................................................................................................................3


CLASSIFICAÇÃO................................................................................................................................................................3
COMPONENTES DE UMA TURBINA HIDRÁULICA ...............................................................................................................4
FLUXO DE ENERGIA E RENDIMENTOS NAS TURBINAS HIDRÁULICAS ...............................................................................5
ESQUEMA DE MICRO CENTRAL HIDRELÉTRICA ................................................................................................................6
ALTURAS - POTÊNCIAS - RENDIMENTOS ............................................................................................................7
ALTURA OU QUEDA BRUTA - HB ......................................................................................................................................7
ALTURA DA PERDA DE CARGA - HP .................................................................................................................................7
ALTURA DISPONÍVEL OU QUEDA HIDRÁULICA DISPONÍVEL...........................................................................................8
ALTURA MOTRIZ OU QUEDA MOTRIZ..............................................................................................................................8
ALTURA OU QUEDA ÚTIL ................................................................................................................................................8
POTÊNCIA BRUTA ............................................................................................................................................................8
POTÊNCIA DISPONÍVEL.....................................................................................................................................................8
POTÊNCIA NO EIXO DA TURBINA......................................................................................................................................8
RENDIMENTO HIDRÁULICO ..............................................................................................................................................9
RENDIMENTO MECÂNICO .................................................................................................................................................9
RENDIMENTO DA TURBINA ..............................................................................................................................................9
RENDIMENTO DO GERADOR .............................................................................................................................................9
POTÊNCIA DO GERADOR ELÉTRICO ..................................................................................................................................9
NÚMERO DE ESPECIFICO DE ROTAÇÕES .........................................................................................................................10
NÚMERO ESPECIFICO UTILIZANDO A POTÊNCIA .............................................................................................................11
RELAÇÕES DE SEMELHANÇA EM TURBINAS HIDRÁULICAS ........................................................................12
COEFICIENTE DE PRESSÃO .............................................................................................................................................12
COEFICIENTE DE VAZÃO ................................................................................................................................................12
RELAÇÃO ENTRE A ROTAÇÃO ESPECIFICA OS COEFICIENTES DE VAZÃO E PRESSÃO ......................................................12
CAVITAÇÃO EM TURBINA HIDRÁULICAS........................................................................................................................13
TURBINAS PELTON .........................................................................................................................................................15
Distribuidor...............................................................................................................................................................15
Rotor .........................................................................................................................................................................15
ENERGIA TEÓRICA DE TURBINAS PELTON ......................................................................................................................16
PROJETO PRELIMINAR DE TURBINA PELTON ..................................................................................................................19

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Sistemas Fluidomecânicos Capítulo 1: Turbinas Hidráulicas

TURBINAS HIDRÁULICAS

• Máquinas com a finalidade de transformar a maior parte da energia de escoamento contínuo da água que
atravessa em trabalho mecânico.

Classificação

Segundo a variação de pressão estática

Turbinas de Ação ou Impulso.


• Nestas a pressão estática permanece constante entre a entrada e saída do rotor.
• Ex: Turbinas Pelton Turbinas Turgo Turbinas Michell-Banki

Figura 1. Turbinas de Ação ou Impulso. (a) Pelton (b) Turgo (c) Michell-Banki

Turbina de reação:
• A pressão estática diminui entre a entrada e saída do rotor.
• Ex: Turbinas Francis, Turbina Deriaz, Turbina Kaplan e de Hélice.

Figura 2. Turbinas de reação. (a) Francis (b) Kaplan (c) Hélice

Segundo a direção do fluxo através do rotor.


• Turbinas de fluxo tangencial, radial semi-axial e de fluxo axial.

Segundo a admissão do rotor


• Turbinas de admissão parcial e total.

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Componentes de Uma turbina Hidráulica

Distribuidor: Elemento estático cuja finalidade é:

• Acelerara o fluxo de água transformando a energia


• Dirigir a água para o rotor
• Regular da vazão
• Pode ser do tipo injetor em turbinas de ação ou de forma axial ou semi axial em turbinas de reação.

Rotor: Elemento fundamental das turbinas. Formado por uma serie de pás palhetas ou álabes

• Neste elemento se produz ao transformação de energia hidráulica da queda de água em energia


mecânica, originada pela aceleração e desvio do fluxo através dos seus álabes.

Tubo de Aspiração: Apresenta forma de duto divergente e é instalado após do rotor nas turbina de reação.
Pode ser rotor ou com curvas
• Recupera a altura entre a saída do rotor e o nível da água na descarga.
• Recupera parte da energia cinética da velocidade residual da água na saída do rotor, a partir do desenho
do tipo de difusor.
• Também é chamado de tubo de aspiração e se utiliza em turbinas de reação.

Corpo - Carcaça - Voluta:

• Elemento que contem os componentes da turbina. Nas turbinas Francis e Kaplan apresenta a forma de
um espiral semelhante ao corpo de bombas centrifugas.

Figura 3. Turbina Pelton

Figura 4. Corpos de Turbina Michell-Banki e Turbina Francis

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Fluxo de Energia e Rendimentos nas Turbinas Hidráulicas

Consideremos o fluxo de energia transferido da queda de água para a turbina e finalmente para o
gerador elétrico. Existem diversas formas de dissipação de energia, desde a energia inicial fornecida pela
queda de água até a energia final absorvida pelo gerador elétrico. O Desnível topográfico da água no
reservatório superior e inferior fornece uma queda bruta de água (Hb). Para chegar a entrada da turbina a
água deve escoar pela tubulação a qual apresenta uma dissipação de energia. Esta é denominada perda de
carga na tubulação (Hp). Desta forma a energia disponível (Hd) antes de entrar na turbina é a energia bruta
menos a perda de carga: H d = H b − H p .
Quando o fluido entra no rotor da turbina existe uma dissipação de energia devido as perdas atrito e
volumétricas no interior da turbina. Estas denominam-se perdas hidráulicas (Jh). A energia hidráulica
realmente fornecida para a turbina é denominada energia motriz (Hm). Esta determina-se descontando as
perdas hidráulicas (Jh) da energia disponível (Hd) da turbina: H m = H d − J h

A energia na saída da turbina (no eixo), disponível para o gerador é denominada altura útil (Hu).
Trata-se da energia motriz menos as perdas mecânicas. (Jm). H u = H m − J m

O rendimento global da turbina (ηt) quantifica a relação entre energia na saída da turbina disponível
para o gerador (Hu) e a energia disponível pela queda de água (Hd).

Figura 5. Relações entre rendimentos e quedas de água em turbinas hidráulicas.

A energia útil no eixo da turbina (Hu) deve acionar o gerador elétrico. Para aumentar a rotação pode ser
utilizada transmissão mecânica (polias, correias) a qual produz uma dissipação de energia quantificada pelo
rendimento de transmissão (ηTR). Uma quantidade de energia também é dissipada no gerador elétrico, o qual
é quantificado pelo rendimento do gerador elétrico (ηge) definido como a relação entre a energia ou potência
elétrica nos terminas do gerador elétrico (Pelec) e a energia ou potência útil disponível na saída da
transmissão mecânica. O rendimento global do sistema (ηG ) leva em consideração todas estas dissipações
de energia.

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Esquema de Micro Central Hidrelétrica

A representação esquemática de uma micro central hidrelétrica é mostrada na figura abaixo.

Figura 6. Esquema simplificado de geração hidrelétrica

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ALTURAS - POTÊNCIAS - RENDIMENTOS

• Na instalação de uma Turbina Hidráulica a água é captada numa certa altura conduzida para a turbina
por uma canalização ou tubulação sendo abandonada após passar pela turbina e ceder energia.
• Existe um desnível topográfico que é a diferença de cotas entre dois níveis.

Altura ou Queda Bruta - Hb

H b = z1 − z 0

• Trata-se da queda topográfica ou diferença de cotas entres os níveis de captação da água e o poção ou
canal de fuga da água, quando a turbina está forma de operação. (Q=0).

Altura da Perda de Carga - Hp

• Representa a parda de carga no sistema composta por a perda de carga dos acessórios e da tubulação. No
caso de centrais hidrelétricas a perda de carga por tubulação é obtida utilizando a equação de Hazen-
Williams definida como:

H p = 10,643Q1,85 λ−1,85 D −4,87 L (m)

onde:
Q Vazão (m3/s)
λ Coeficiente de Hazen-Williams (ver tabela)
D Diâmetro interno da tubulação (m)
L Comprimento da tubulação

Tabela 1. Coeficiente λ de Hazen-Williams


Tipo de Material das Tubulações. λ
Túneis em rocha sem revestimento 44
Aço corrugado 60
Ferro fundido com 30 a 40 anos de uso 80
Ferro fundido com 20 a 30 anos de uso. Aço soldado sem uso. Aço com juntas em uso. 90
Aço rebitado com 15 a 20 anos de uso 95
Ferro fundido com 15 a 20 anos de uso. Alvenaria de tijolos bem executada. 100
Aço soldado novo. Ferro fundido com 10 anos 110
Aço soldado. Ferro fundido com 10 anos de uso. 115
Concreto com acabamento comun. Ferro fundido com 5 anos de uso. 120
Aço galvanizado. 125
Ferro fundido novo. Concreto com argamassa. Aço com juntas novo. Aço soldado revestido. 130
Vidro. Plástico. Cimento. Cobre, latão, bronze. 142
Fonte: Souza Fuchs e Santos Centrais Hidro e Termelétricas - 1983

• Para determinar a perda de carga na tubulação poderiam ser utilizadas equações que levam em conta o
fator de atrito, utilizando o Diagrama de Moody.

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Altura Disponível ou Queda Hidráulica Disponível

Representa a energia disponível na entrada da turbina.

H = Hb − H p

Queda disponível nominal - Hn

Queda disponível H para a qual o rendimento da turbina é máximo na rotação prevista. Com o distribuidor
totalmente aberto, a vazão de admissão é plena e a turbina opera a potência máxima.

Altura Motriz ou Queda Motriz

Representa a energia hidráulica realmente fornecida para a turbina. Determina-se com a queda disponível
menos as perdas hidráulicas no sistema:

H m= H − J h

A perdas hidráulicas são compostas pelas perdas por atrito e perdas volumétricas. Jh=Jatrito+Jvol.
Jatrito Dissipação de energia por atrito no interior da turbina. Perda de carga na turbina.
Jvol Dissipação de energia por vazamentos entre o rotor e a carcaça da turbina. Perdas volumétricas.

Altura ou Queda Útil

Energia na saída da turbina, disponível para o gerador. É avaliada como a altura de queda motriz menos as
perdas mecânicas dissipada pelos mancais e equipamentos auxiliares acoplados a árvore da turbina.

H u = H motriz − J mec = H − (J h + J m ) ,

Jm representa as perdas mecânicas na turbina.

Potência Bruta

Potência contida no desnível topográfico da instalação. Função da queda bruta de água.


W! b = ρgQH b

Potência Disponível

Potência absorvida pela turbina. Potência hidráulica.


W! d = ρgQH

Potência no Eixo da Turbina


Potência determinada com a potência útil da turbina.

W! e = ρgQH u

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Rendimento Hidráulico

Relação entre a energia motriz e a energia disponível. A energia motriz é a energia cedida ao receptor da
turbina para a fazer girar.

W! m H m
ηh = = Pequenas turbinas - 88% Medias 92% Grandes 95% a 96%
W! d H

Hm Altura motriz. Parcela da energia recebida realmente pelo receptor da turbina.


H Altura disponível. Energia disponível pela queda de água.

Rendimento Mecânico

Relação entre a energia no eixo da turbina e a energia mecânica.

W! e H
ηm = = u (92% a 99%.)
!
Wm H m

Hu Altura útil. Energia utilizada no acionamento do gerador.


Hm Altura motriz. Parcela da energia recebida realmente pelo receptor da turbina.

Rendimento da Turbina
Relação entre a energia no eixo da turbina e a energia disponível

W! e H u
ηt = = (88% a 94%)
W! d H

Hu Altura útil (no eixo da turbina). Energia utilizada no acionamento do gerador


H Altura disponível. Energia disponível pela queda de água.

Rendimento do Gerador
W! ge
η ge = ( 90 a 97%)
W! e

Potência do Gerador Elétrico

Potência elétrica nos terminais do gerador.

W! ge = ρgQHη tηTRη ge

Definindo o produto dos rendimentos da turbina de transmissão e hidráulico como rendimento global de
geração (ηG), obtemos finalmente a expressão que representa a potência de geração de uma turbina
hidráulica.

W! ge = ρgQHη G

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Onde o rendimento global é dada pelo dos rendimentos parciais.

η G = η tηTRη ge

Tabela 2. Rendimento global (ηG). de geração de turbinas hidráulicas


Potência (kW) Pelton Michell-Banki Francis Axial
< 50 58-65 64-62 59-65 58-66
51 - 500 65-69 62-65 66-70 66-70
501-5000 69-73 65 70-74 70-74
Fonte: IT Peru. Manual de Mini y Microcentrales Hidráulicas. 1995

Número de Especifico de Rotações

Para selecionar o tipo de turbina adequado para uma determinada queda de água com uma descarga
conhecida, podemos utilizar como parâmetro de seleção a denominada rotação específica (nqA).

Q
n qA = 1000n (rps)
(gH )3 / 4
n Rotações por segundo da turbina - rotações por segundo (rps)
Q Vazão o descarga da turbina (m3/s)
H Queda disponível (m)

Tabela 3. Valores típicos de nqA para diferentes turbinas hidráulicas


Tipo de turbinas Faixa de nqA
Pelton 5 a 70
Francis lenta 50 a 120
Francis normal 120 a 200
Francis rápida 30 a 320
Michell-Banki 30 a 210
Dériaz 200 a 450
Hélice e Kaplan 350 a 1000
Fonte: Henn - Máquinas de Fluido -2001

Figura 7. Gráfico para seleção das turbinas hidráulicos em função de nqA

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Quando se trabalha no sistema técnico de unidades se utiliza a seguinte expressão:

Q
nq = n
H 3/ 4

Onde:
n Rotações por minuto da turbina (rpm)
Q Vazão o descarga da turbina (m3/s)
H Queda disponível (m)

Representa a velocidade de rotação de uma turbina protótipo cujo modelo semelhante opera com parâmetros
unitários com Q=1,0 m3/s e H=1,0m.
A relação entre ambas velocidades é

n qA = 3nq
• nq é importante já que permite reconhecer que necessitamos uma máquina lenta, normal ou rápida. As
turbinas Pelton são máquinas lentas já que operam com bom rendimento em centrais onde o salto é
grande e a vazão é pequena, com o qual fornece valores baixos de nq. As turbinas Kaplan são
denominadas máquinas rápidas já que operam com bom rendimento em centrais que apresentam baixa
altura ou queda e grandes vazões ou descargas fornecendo valores de nq altos.

Número Especifico Utilizando a Potência

Também existe uma caracterização do tipo de turbina utilizando um número especifico que leva em
consideração a potência da turbina definido como:

P
ns = n 5/ 4
H
n Rotações por minuto da turbina (rpm)
P Potência no eixo da Turbina. (cv)
H Queda disponível (m)

Representa o número de rpm de um modelo com potência P=1 kW e altura H=1,0m. Tal equação esta
relacionada com o número especifico de rotações por minuto. Valores típicos de ns para diferentes turbinas
hidráulicas são resumidas na Tab.4.

Tabela 4. Valores de ns
Tipo de Turbina ns
Fluxo Cruzado 20 a 90
Turgo 20 a 80
Pelton de 1 jato 10 a 45
Pelton de 2 jatos 10 a 45
Kaplan 350 a 1000
Hélice 600 a 900
Francis 70 a 500
Fonte: Boyle Renewable Energy.1998

A relação entre a rotação especifica da potência (ns) com a rotação especifica nq é dada como:

n s = 3,65(η t ) n q
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RELAÇÕES DE SEMELHANÇA EM TURBINAS HIDRÁULICAS

Para máquinas semelhantes podem ser utilizadas as relações.


Q2 n 2
=
Q1 n1

2
H 2  n2 
= 
H 1  n1 

3
P2  n 2 
= 
P1  n1 

Quando trabalhamos com protótipos de modelos:

n m Dm np Dp
=
gH m gH p

Pm Pp
=
Dm2 ( gH p ) 3 / 2 D p2 ( gH p ) 3 / 2

Coeficiente de Pressão

Relação entre o salto de energia e a energia especifica correspondente a velocidade tangencial do rotor.

2 gH
Kp =
U2

Coeficiente de Vazão

Relação entre a vazão da máquina e uma vazão dada pelo produto de uma seção do rotor e a velocidade
tangencial.

4Q
KQ =
πD 2U

Relação entre a Rotação Especifica os Coeficientes de Vazão e Pressão

KQ
nqA = 474
(K P )3 / 4

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Cavitação Em Turbina Hidráulicas

Tal como no caso de bombas centrifugas a cavitação é um fenômeno que se apresenta em turbinas
hidráulicas. Trata-se da formação de bolhas de vapor que se produzem na água quando a pressão baixa até
atingir a pressão de vaporização do fluido. A pressão estática absoluta é menor que a pressão do vapor
correspondente a temperatura do fluido. Quando as bolhas de vapor alcançam zonas de alta pressão se
condensam violentamente, dando origem a problemas sérios hidráulicos e mecânicos. A cavitação diminui a
potência a descarga e o rendimento produzindo ruídos e vibrações assim como destruição dos álabes .

Nas turbinas hidráulicas a cavitação ocorre nas zonas de baixa pressão. Na parte convexa dos álabes nas
partes laterais próximas a saída do rotor e entrada do tubo de aspiração.

Para evitar a cavitação no caso das turbinas de reação a altura de aspiração (ver Figura) deve ser verificada
que não supere a seguinte expressão:

hs ≤ H atm − σH − hv

onde:
Hatm Altura correspondente a pressão atmosférica local (m)
σ Coeficiente de cavitação ou Fator de Thoma. (m)
hv Altura correspondente a Pressão de vapor a temperatura da água. (m)

O valor do fator de Thoma para o qual inicia a cavitação denomina-se σmin e pode ser determinado pelas
seguintes expressões segundo o tipo de turbina.

Tabela 5. Valores do Fator de Thoma para Turbinas Hidráulicas


Tipo de Turbina Equação que representa σmin
Turbinas de Reação σ = 2,4 x10 −5 n1,64
min qA
−6
Turbinas Francis σ min = 3,95 x10 nqA
2

Turbinas Hélice ou Kaplan σ min = 0,28 + 2,124 x10 −9 nqA


3

Fonte: Henn - Máquinas de Fluido 2001

Obs: Com σmin se obtém o valor altura de aspiração máxima (hs max) .

Nas Turbinas Pelton, Turgo e Michell-Banki pode ocorrer cavitação no injetor provocada por uma
geométrica desfavorável ou por rugosidade superficiais. Nestas turbinas não é necessário determinar a altura
de aspiração já que o processo de escoamento no rotor ocorre geralmente a pressão atmosférica.

Turbina

hs

Figura 8. Altura de aspiração em turbinas hidráulicas

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Tabela 6. Característica de Principais Turbinas Hidráulicas

Turbina Inventor ns Q (m3/s) H (m) P (kW) ηmax (%)


Pelton Lester Pelton 0,05 a 50 30 a 1800 2 a 300000 91
1980 (USA)
A 1 jato 30
Ç 2 e 4 jatos 30-50
à 6 jatos 50-70
O
Turgo Eric Crewdson 60 a 260 0,025 a 10 15 a 300 5 a 8000 85
1920
(G.Bretanha)
Michell-Banki A.G. Michell 40 - 160 0,025 a 5 1 a 50 1 a 750 82
1930 (Aust)
D. Banki
(1919) (Hung)

Bomba Dionisio Papin 30 - 170 0,05 a 0,25 10 a 250 5 a 500 80


1869 (França)
Francis James Francis 2 a 750 2 a 750.000 92
R 1848 1 a 500
E (G.Bretanha)
A Lenta 60-150
Ç Normal 150-250
à Rápida 250-400
O Deriaz P. Deriaz 60-400 30 a 130 100.000 92
1956 (Suiza) 500
Kaplan Hélice V. Kaplan 300-800 1000 5 a 80 2 a 200.000 93
1912 (Austria)

Axiais 300-800 600 5 a 30 100.000 93


Tubular Kuhne 1930
Bulbo Hugenin - 1933
Gerador Harza - 1919
Periférico

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Turbinas Pelton

• Inventada por Lester A. Pelton (1829-1808). Trata-se de uma turbina de ação de fluxo tangencial e de
admissão parcial. Opera eficientemente para condições de grandes saltos e baixas vazões. O processo do
escoamento se realiza a pressão atmosférica.

Distribuidor
• Formado por vários injetores. Um injetor consta de um bocal de seção circular com uma agulha de
regulação a qual move-se axialmente variando a seção do fluxo.

Rotor
• Trata-se de um rotor de admissão parcial que depende do número de jatos ou de injetores.
• As pás podem ser fixadas ao rotor parafusadas fundidas ou soldadas.
• Podem ser instaladas num eixo horizontal com 1 a 2 injetores.
• Podem ser instaladas num eixo vertical com 3 a 6 injetores.
• Se utilizam em grandes e pequenas centrais hidrelétricas.

Figura 9. Turbina Pelton mostrando o injetor e o detalhe do rotor.

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Energia Teórica de Turbinas Pelton

Fazendo um análise dos polígonos de velocidade na entrada e saída de um rotor de turbina Pelton temos as
seguintes simplificações

• Velocidade periférica do rotor na entrada e saída são iguais. (U1=U2)

Polígono de Velocidades na Entrada

• As velocidades do absoluta e relativa do fluido assim como a periférica do rotor são velocidades
paralelas ao jato do fluido que saí do injetor. Desta forma:

C1=W1+U1

• A velocidade absoluta do fluido na entrada é igual a sua componente periférica (C1=Cu1)

Figura 10. Poligono de velocidades numa pá de turbina Pelton

Altura Teórica Para Número Infinito de Pás

H t∞ =
1
(U 1Cu1 − U 2 Cu 2 )
g

= (C u1 − C u 2 )
U
H t∞
g

Devemos Determinar Cu1 e Cu2

Polígono de Velocidades na Entrada: C u1 = C1

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Sistemas Fluidomecânicos Capítulo 1: Turbinas Hidráulicas

Polígono de Velocidades na Saída.

C u 2 = U 2 − Wu 2
Wu 2 = W2 cos(180 0 − θ )
C u 2 = U 2 − W2 cos(180 0 − θ )

C u 2 = U + W2 cosθ

O ângulo θ é denominado ângulo de deflexão do jato. O ângulo da pá que utilizamos em bombas e


ventiladores é dado como complemento do ângulo de deflexão β 2 = 180 − θ

Tomando como constante k a relação entre as velocidades relativas do rotor:

W2
k= com W1 = (C1 − U ) se obtém W2 = k (C1 − U )
W1

C u 2 = U + W2 cosθ
C u 2 = U + k (C1 − U )cosθ

Substituindo na expressão da altura teórica


H t∞ =
U
(C1 − {U + k (C1 − U )cosθ })
g

= [C1 (1 − k cosθ ) − U (1 − k cosθ )]


U
H t∞
g

H t∞ =
U
[(C1 − U )(1 − k cosθ )]
g
se encontra finalmente:
 (1 − k cosθ )
H t∞ =  (
 C1U − U
2
)
 g 

Máxima Energia Transferida


Diferenciando a Eq. anterior em função de U

dH t∞ C
= 0 ⇒ C1 − 2U = 0 ⇒ U = 1
dU 2

Substituindo na Ht00
 (1 − k cosθ ) C12 C12 
H t∞ =   − 
 g  2 4 

se obtém:

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C12
H t∞Max = (1 − k cosθ )
4g

Rendimento Hidráulico para as Condições de Projeto.

U  U
η h = 2(1 + cos β 2) 1 − 
C1  C1 

Rendimento Máximo Teórico

A energia que entra no bola é a energia cinética do jato contra as pás.

C12
ECjato =
2g
O rendimento máximo da turbina é dada com a relação.
H t∞Max
η max =
E cJato

Desta forma se obtém:

η max =
(1 − k cosθ )
2
• No caso ideal, sem atrito k=1 e θ=1800 (β 2=0). Neste caso a eficiência máxima é 100%.
• Na prática quando considera-se o atrito k=0,8 a 0,85.
• O ângulo da pá é geralmente. θ=1650.
• Em turbinas reais a máxima eficiência se consegue com:

Umax=0,46 C1

A velocidade absoluta na entrada é determinada pela relação.

C1 = K c 2 gH

onde Kc é o coeficiente de velocidade do jato de água, o qual pode ser considerado como Kc=0,95 a 0,99. H
é a altura disponível.

O número de pás numa turbina Pelton pode ser aproximado pela relação.

 R
Z min = 12 + 0,7 
 d

onde R é o raio médio do rotor e d o diâmetro do jato (Dj) . O número inteiro de pás

Z = (1,15a1,5)Z min

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Sistemas Fluidomecânicos Capítulo 1: Turbinas Hidráulicas

Projeto Preliminar de Turbina Pelton

Dados: A vazão Q (m3/s) e Queda de água H (m)


Determinar: Aa Principais Dimensões de uma Turbina Pelton.

1. Determinar o Trabalho Especifico.

Y = 9,81H

2. Determinar a rotação da turbina em rps.

n1 = 0,035Y 0.75 Q −0,5 (rps)

3. Com n1 determinamos o número de pólos do gerador elétrico.

60
NP = tomando a parte inteira de Np recalculamos a rotação da turbina
n1

60
n= (rps)
NP

4. Determinamos a rotação especifica

Q Q
nqA = 1000n = 1000n
(gH ) 3/ 4
(Y )3 / 4
Com a rotação especifica e com auxilio da Fig. 3.29 determinamos o rendimento da turbina Pelton.

5. Determinamos o rendimento hidráulico considerando

ηt
ηh =
ηm

onde o rendimento mecânico é adotado entre 80 e 97%.

6. Determinamos a Potência Hidráulica disponível pela turbina

W! d = ρgQH

7. Determinamos a Potência no Eixo da Turbina

W! e = ρgQH u = ρgQHη t

Determinamos a velocidade absoluta na entrada do rotor: C1 = K c 2 gH com Kc=0,97.


C1 = 1,372 gH (m/s)

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Sistemas Fluidomecânicos

7. Diâmetro do Jato

D j = 0,963Q 0,5Y −0, 25 (m)

8. Considera-se que a velocidade periférica no diâmetro primitivo Dm do rotor é Um=0,44C1. Com isto
determina-se o diâmetro primitivo.

Um
Dm = (m)
πn

Dimensões da Conchas das Pás em metros.

L = 2,5D j
B = 3,8 D j
T = 0,95D j
E = 1,15D j
m = 0,499 D j
e = 1,1D j

9. Determina-se o Diâmetro do Injetor e o diâmetro máximo da agulha Dmax e do cano Dc.

De = 1,15D j
Dmax = 1,55D j
Dc = 3,75D j

Figura 11. Esquema de turbina Pelton

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Sistemas Fluidomecânicos Capítulo 1: Turbinas Hidráulicas

Tabela 1. Coeficiente λ de Hazen-Williams para determinar a perda de carga em tubulações.


Tipo de Material das Tubulações. λ
Túneis em rocha sem revestimento 44
Aço corrugado 60
Ferro fundido com 30 a 40 anos de uso 80
Ferro fundido com 20 a 30 anos de uso. Aço soldado sem uso. Aço com juntas em uso. 90
Aço rebitado com 15 a 20 anos de uso 95
Ferro fundido com 15 a 20 anos de uso. Alvenaria de tijolos bem executada. 100
Aço soldado novo. Ferro fundido com 10 anos 110
Aço soldado. Ferro fundido com 10 anos de uso. 115
Concreto com acabamento comun. Ferro fundido com 5 anos de uso. 120
Aço galvanizado. 125
Ferro fundido novo. Concreto com argamassa. Aço com juntas novo. Aço soldado revestido. 130
Vidro. Plástico. Cimento. Cobre, latão, bronze. 142
Fonte: Souza Fuchs e Santos Centrais Hidro e Termelétricas

Tabela 2. Rendimento global (ηG). de geração de turbinas hidráulicas


Potência (kW) Pelton Michell-Banki Francis Axial
< 50 58-65 64-62 59-65 58-66
51 - 500 65-69 62-65 66-70 66-70
501-5000 69-73 65 70-74 70-74
Fonte: IT Peru. Manual de Mini y Microcentrales Hidráulicas.

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Sistemas Fluidomecânicos

Tabela 3. Valores típicos de nqA para diferentes turbinas hidráulicas


Tipo de turbinas Faixa de nqA
Pelton 5 a 70
Francis lenta 50 a 120
Francis normal 120 a 200
Francis rápida 30 a 320
Michell-Banki 30 a 210
Dériaz 200 a 450
Hélice e Kaplan 350 a 1000
Fonte: Henn - Máquina de Fluido

Tabela 4. Valores de ns típicos


Tipo de Turbina ns
Fluxo Cruzado 20 a 90
Turgo 20 a 80
Pelton de 1 jato 10 a 45
Pelton de 2 jatos 10 a 45
Kaplan 350 a 1000
Hélice 600 a 900
Francis 70 a 500
Fonte: Boyle Renewable Energy.

Tabela 5. Valores do Fator de Thoma para Turbinas Hidráulicas


Tipo de Turbina Equação que representa σmin
Turbinas de Reação σ = 2,4 x10 −5 n1,64
min qA
−6
Turbinas Francis σ min = 3,95 x10 nqA
2

Turbinas Hélice ou Kaplan σ min = 0,28 + 2,124 x10 −9 nqA


3

Fonte: Henn - Máquina de Fluido

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