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Turbinas Hidráulicas
2001
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Sistemas Fluidomecânicos Capítulo 1: Turbinas Hidráulicas
TURBINAS HIDRÁULICAS
• Máquinas com a finalidade de transformar a maior parte da energia de escoamento contínuo da água que
atravessa em trabalho mecânico.
Classificação
Figura 1. Turbinas de Ação ou Impulso. (a) Pelton (b) Turgo (c) Michell-Banki
Turbina de reação:
• A pressão estática diminui entre a entrada e saída do rotor.
• Ex: Turbinas Francis, Turbina Deriaz, Turbina Kaplan e de Hélice.
Rotor: Elemento fundamental das turbinas. Formado por uma serie de pás palhetas ou álabes
Tubo de Aspiração: Apresenta forma de duto divergente e é instalado após do rotor nas turbina de reação.
Pode ser rotor ou com curvas
• Recupera a altura entre a saída do rotor e o nível da água na descarga.
• Recupera parte da energia cinética da velocidade residual da água na saída do rotor, a partir do desenho
do tipo de difusor.
• Também é chamado de tubo de aspiração e se utiliza em turbinas de reação.
• Elemento que contem os componentes da turbina. Nas turbinas Francis e Kaplan apresenta a forma de
um espiral semelhante ao corpo de bombas centrifugas.
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Sistemas Fluidomecânicos Capítulo 1: Turbinas Hidráulicas
Consideremos o fluxo de energia transferido da queda de água para a turbina e finalmente para o
gerador elétrico. Existem diversas formas de dissipação de energia, desde a energia inicial fornecida pela
queda de água até a energia final absorvida pelo gerador elétrico. O Desnível topográfico da água no
reservatório superior e inferior fornece uma queda bruta de água (Hb). Para chegar a entrada da turbina a
água deve escoar pela tubulação a qual apresenta uma dissipação de energia. Esta é denominada perda de
carga na tubulação (Hp). Desta forma a energia disponível (Hd) antes de entrar na turbina é a energia bruta
menos a perda de carga: H d = H b − H p .
Quando o fluido entra no rotor da turbina existe uma dissipação de energia devido as perdas atrito e
volumétricas no interior da turbina. Estas denominam-se perdas hidráulicas (Jh). A energia hidráulica
realmente fornecida para a turbina é denominada energia motriz (Hm). Esta determina-se descontando as
perdas hidráulicas (Jh) da energia disponível (Hd) da turbina: H m = H d − J h
A energia na saída da turbina (no eixo), disponível para o gerador é denominada altura útil (Hu).
Trata-se da energia motriz menos as perdas mecânicas. (Jm). H u = H m − J m
O rendimento global da turbina (ηt) quantifica a relação entre energia na saída da turbina disponível
para o gerador (Hu) e a energia disponível pela queda de água (Hd).
A energia útil no eixo da turbina (Hu) deve acionar o gerador elétrico. Para aumentar a rotação pode ser
utilizada transmissão mecânica (polias, correias) a qual produz uma dissipação de energia quantificada pelo
rendimento de transmissão (ηTR). Uma quantidade de energia também é dissipada no gerador elétrico, o qual
é quantificado pelo rendimento do gerador elétrico (ηge) definido como a relação entre a energia ou potência
elétrica nos terminas do gerador elétrico (Pelec) e a energia ou potência útil disponível na saída da
transmissão mecânica. O rendimento global do sistema (ηG ) leva em consideração todas estas dissipações
de energia.
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• Na instalação de uma Turbina Hidráulica a água é captada numa certa altura conduzida para a turbina
por uma canalização ou tubulação sendo abandonada após passar pela turbina e ceder energia.
• Existe um desnível topográfico que é a diferença de cotas entre dois níveis.
H b = z1 − z 0
• Trata-se da queda topográfica ou diferença de cotas entres os níveis de captação da água e o poção ou
canal de fuga da água, quando a turbina está forma de operação. (Q=0).
• Representa a parda de carga no sistema composta por a perda de carga dos acessórios e da tubulação. No
caso de centrais hidrelétricas a perda de carga por tubulação é obtida utilizando a equação de Hazen-
Williams definida como:
onde:
Q Vazão (m3/s)
λ Coeficiente de Hazen-Williams (ver tabela)
D Diâmetro interno da tubulação (m)
L Comprimento da tubulação
• Para determinar a perda de carga na tubulação poderiam ser utilizadas equações que levam em conta o
fator de atrito, utilizando o Diagrama de Moody.
H = Hb − H p
Queda disponível H para a qual o rendimento da turbina é máximo na rotação prevista. Com o distribuidor
totalmente aberto, a vazão de admissão é plena e a turbina opera a potência máxima.
Representa a energia hidráulica realmente fornecida para a turbina. Determina-se com a queda disponível
menos as perdas hidráulicas no sistema:
H m= H − J h
A perdas hidráulicas são compostas pelas perdas por atrito e perdas volumétricas. Jh=Jatrito+Jvol.
Jatrito Dissipação de energia por atrito no interior da turbina. Perda de carga na turbina.
Jvol Dissipação de energia por vazamentos entre o rotor e a carcaça da turbina. Perdas volumétricas.
Energia na saída da turbina, disponível para o gerador. É avaliada como a altura de queda motriz menos as
perdas mecânicas dissipada pelos mancais e equipamentos auxiliares acoplados a árvore da turbina.
H u = H motriz − J mec = H − (J h + J m ) ,
Potência Bruta
Potência Disponível
W! e = ρgQH u
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Rendimento Hidráulico
Relação entre a energia motriz e a energia disponível. A energia motriz é a energia cedida ao receptor da
turbina para a fazer girar.
W! m H m
ηh = = Pequenas turbinas - 88% Medias 92% Grandes 95% a 96%
W! d H
Rendimento Mecânico
W! e H
ηm = = u (92% a 99%.)
!
Wm H m
Rendimento da Turbina
Relação entre a energia no eixo da turbina e a energia disponível
W! e H u
ηt = = (88% a 94%)
W! d H
Rendimento do Gerador
W! ge
η ge = ( 90 a 97%)
W! e
W! ge = ρgQHη tηTRη ge
Definindo o produto dos rendimentos da turbina de transmissão e hidráulico como rendimento global de
geração (ηG), obtemos finalmente a expressão que representa a potência de geração de uma turbina
hidráulica.
W! ge = ρgQHη G
η G = η tηTRη ge
Para selecionar o tipo de turbina adequado para uma determinada queda de água com uma descarga
conhecida, podemos utilizar como parâmetro de seleção a denominada rotação específica (nqA).
Q
n qA = 1000n (rps)
(gH )3 / 4
n Rotações por segundo da turbina - rotações por segundo (rps)
Q Vazão o descarga da turbina (m3/s)
H Queda disponível (m)
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Q
nq = n
H 3/ 4
Onde:
n Rotações por minuto da turbina (rpm)
Q Vazão o descarga da turbina (m3/s)
H Queda disponível (m)
Representa a velocidade de rotação de uma turbina protótipo cujo modelo semelhante opera com parâmetros
unitários com Q=1,0 m3/s e H=1,0m.
A relação entre ambas velocidades é
n qA = 3nq
• nq é importante já que permite reconhecer que necessitamos uma máquina lenta, normal ou rápida. As
turbinas Pelton são máquinas lentas já que operam com bom rendimento em centrais onde o salto é
grande e a vazão é pequena, com o qual fornece valores baixos de nq. As turbinas Kaplan são
denominadas máquinas rápidas já que operam com bom rendimento em centrais que apresentam baixa
altura ou queda e grandes vazões ou descargas fornecendo valores de nq altos.
Também existe uma caracterização do tipo de turbina utilizando um número especifico que leva em
consideração a potência da turbina definido como:
P
ns = n 5/ 4
H
n Rotações por minuto da turbina (rpm)
P Potência no eixo da Turbina. (cv)
H Queda disponível (m)
Representa o número de rpm de um modelo com potência P=1 kW e altura H=1,0m. Tal equação esta
relacionada com o número especifico de rotações por minuto. Valores típicos de ns para diferentes turbinas
hidráulicas são resumidas na Tab.4.
Tabela 4. Valores de ns
Tipo de Turbina ns
Fluxo Cruzado 20 a 90
Turgo 20 a 80
Pelton de 1 jato 10 a 45
Pelton de 2 jatos 10 a 45
Kaplan 350 a 1000
Hélice 600 a 900
Francis 70 a 500
Fonte: Boyle Renewable Energy.1998
A relação entre a rotação especifica da potência (ns) com a rotação especifica nq é dada como:
n s = 3,65(η t ) n q
1/ 2
2
H 2 n2
=
H 1 n1
3
P2 n 2
=
P1 n1
n m Dm np Dp
=
gH m gH p
Pm Pp
=
Dm2 ( gH p ) 3 / 2 D p2 ( gH p ) 3 / 2
Coeficiente de Pressão
Relação entre o salto de energia e a energia especifica correspondente a velocidade tangencial do rotor.
2 gH
Kp =
U2
Coeficiente de Vazão
Relação entre a vazão da máquina e uma vazão dada pelo produto de uma seção do rotor e a velocidade
tangencial.
4Q
KQ =
πD 2U
KQ
nqA = 474
(K P )3 / 4
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Tal como no caso de bombas centrifugas a cavitação é um fenômeno que se apresenta em turbinas
hidráulicas. Trata-se da formação de bolhas de vapor que se produzem na água quando a pressão baixa até
atingir a pressão de vaporização do fluido. A pressão estática absoluta é menor que a pressão do vapor
correspondente a temperatura do fluido. Quando as bolhas de vapor alcançam zonas de alta pressão se
condensam violentamente, dando origem a problemas sérios hidráulicos e mecânicos. A cavitação diminui a
potência a descarga e o rendimento produzindo ruídos e vibrações assim como destruição dos álabes .
Nas turbinas hidráulicas a cavitação ocorre nas zonas de baixa pressão. Na parte convexa dos álabes nas
partes laterais próximas a saída do rotor e entrada do tubo de aspiração.
Para evitar a cavitação no caso das turbinas de reação a altura de aspiração (ver Figura) deve ser verificada
que não supere a seguinte expressão:
hs ≤ H atm − σH − hv
onde:
Hatm Altura correspondente a pressão atmosférica local (m)
σ Coeficiente de cavitação ou Fator de Thoma. (m)
hv Altura correspondente a Pressão de vapor a temperatura da água. (m)
O valor do fator de Thoma para o qual inicia a cavitação denomina-se σmin e pode ser determinado pelas
seguintes expressões segundo o tipo de turbina.
Obs: Com σmin se obtém o valor altura de aspiração máxima (hs max) .
Nas Turbinas Pelton, Turgo e Michell-Banki pode ocorrer cavitação no injetor provocada por uma
geométrica desfavorável ou por rugosidade superficiais. Nestas turbinas não é necessário determinar a altura
de aspiração já que o processo de escoamento no rotor ocorre geralmente a pressão atmosférica.
Turbina
hs
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Turbinas Pelton
• Inventada por Lester A. Pelton (1829-1808). Trata-se de uma turbina de ação de fluxo tangencial e de
admissão parcial. Opera eficientemente para condições de grandes saltos e baixas vazões. O processo do
escoamento se realiza a pressão atmosférica.
Distribuidor
• Formado por vários injetores. Um injetor consta de um bocal de seção circular com uma agulha de
regulação a qual move-se axialmente variando a seção do fluxo.
Rotor
• Trata-se de um rotor de admissão parcial que depende do número de jatos ou de injetores.
• As pás podem ser fixadas ao rotor parafusadas fundidas ou soldadas.
• Podem ser instaladas num eixo horizontal com 1 a 2 injetores.
• Podem ser instaladas num eixo vertical com 3 a 6 injetores.
• Se utilizam em grandes e pequenas centrais hidrelétricas.
Fazendo um análise dos polígonos de velocidade na entrada e saída de um rotor de turbina Pelton temos as
seguintes simplificações
• As velocidades do absoluta e relativa do fluido assim como a periférica do rotor são velocidades
paralelas ao jato do fluido que saí do injetor. Desta forma:
C1=W1+U1
H t∞ =
1
(U 1Cu1 − U 2 Cu 2 )
g
= (C u1 − C u 2 )
U
H t∞
g
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C u 2 = U 2 − Wu 2
Wu 2 = W2 cos(180 0 − θ )
C u 2 = U 2 − W2 cos(180 0 − θ )
C u 2 = U + W2 cosθ
W2
k= com W1 = (C1 − U ) se obtém W2 = k (C1 − U )
W1
C u 2 = U + W2 cosθ
C u 2 = U + k (C1 − U )cosθ
H t∞ =
U
[(C1 − U )(1 − k cosθ )]
g
se encontra finalmente:
(1 − k cosθ )
H t∞ = (
C1U − U
2
)
g
dH t∞ C
= 0 ⇒ C1 − 2U = 0 ⇒ U = 1
dU 2
Substituindo na Ht00
(1 − k cosθ ) C12 C12
H t∞ = −
g 2 4
se obtém:
C12
H t∞Max = (1 − k cosθ )
4g
U U
η h = 2(1 + cos β 2) 1 −
C1 C1
C12
ECjato =
2g
O rendimento máximo da turbina é dada com a relação.
H t∞Max
η max =
E cJato
η max =
(1 − k cosθ )
2
• No caso ideal, sem atrito k=1 e θ=1800 (β 2=0). Neste caso a eficiência máxima é 100%.
• Na prática quando considera-se o atrito k=0,8 a 0,85.
• O ângulo da pá é geralmente. θ=1650.
• Em turbinas reais a máxima eficiência se consegue com:
Umax=0,46 C1
C1 = K c 2 gH
onde Kc é o coeficiente de velocidade do jato de água, o qual pode ser considerado como Kc=0,95 a 0,99. H
é a altura disponível.
O número de pás numa turbina Pelton pode ser aproximado pela relação.
R
Z min = 12 + 0,7
d
onde R é o raio médio do rotor e d o diâmetro do jato (Dj) . O número inteiro de pás
Z = (1,15a1,5)Z min
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Y = 9,81H
60
NP = tomando a parte inteira de Np recalculamos a rotação da turbina
n1
60
n= (rps)
NP
Q Q
nqA = 1000n = 1000n
(gH ) 3/ 4
(Y )3 / 4
Com a rotação especifica e com auxilio da Fig. 3.29 determinamos o rendimento da turbina Pelton.
ηt
ηh =
ηm
W! d = ρgQH
W! e = ρgQH u = ρgQHη t
7. Diâmetro do Jato
8. Considera-se que a velocidade periférica no diâmetro primitivo Dm do rotor é Um=0,44C1. Com isto
determina-se o diâmetro primitivo.
Um
Dm = (m)
πn
L = 2,5D j
B = 3,8 D j
T = 0,95D j
E = 1,15D j
m = 0,499 D j
e = 1,1D j
De = 1,15D j
Dmax = 1,55D j
Dc = 3,75D j
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