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UTILIZAÇÃO DOS SIENITOS NEFELíNICOS
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A. VASCONCELOS PINTO COELHO
makes (Da Junta de Investigações do Ultramar)
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choice
RESUMO
charac
Neste pequeno trabalho confrontam-se as composições mineralógcas e qui
of the micas de sienitos nefelinicos de Lakefield (Canadá); Stjerntjy (Noruega) e Monchique
(Portugal).
O primeiro é já utilizado largamente em pastas cerâmicas como fundente
e, o segundo, foi objecto de um estudo com o mesmo fim, por parte de ceramistas
europeus, O sienito canadiano contém albite abundante mas é um pouco deficiente
de nefelina; o norueguês tem excesso de ortoclase mas, em compensação, possui
teor elevado do feldspatoide.
0 autor, ao estudar a rocha portuguesa, verificou que ela contém estes três
minerais em quantidades relativamente equilibradas. Possui, é certo, teor de óxido
de ferro um tanto elevado (0,5 0/~ ~ O~ Fe~ ~ 1,00/) depois de tratamento electro-
-magnético, mas esta presença, que apenas afecta muito levemente a coloração das
pastas, não representa um inconveniente para a maioria dos produtos cerâmicos.
Os ensaios, já efectuados, de fusibilidade, retracção, porosidade, carga de
ruptura, etc., levam a concluir que o sienito nefelínico português é um excelente
fundente de várias indústrias, entre as quais a de cerâmica e a de certos tipos de
vidro, que interessa conhecer, dadas as vantagens da sua aplicação.

Embora na Europa sejam quase desprezadas as vantagens


do emprego de sienitos nefelinicos como matéria-prima desta
indústria, o certo é que na América do No~rte os utilizam há mais
.French. de vinte anos, sobretudo os do grande aforamento de Lake
field no (‘anadá.

— 339 —

tscs. 1-2 cEstudos, Notas e Trabalhos» do S. F. M. — V. XVII — Fascs. 1-2


O principal motivo da restrita aplicação no nosso con
tinente deste vantajoso fundente das pastas cerâmicas é de
ordem económica, visto os sienitos nefelinicos americanos che
garem aqui por preços pouco convidativos. Teria sido esta
lacuna que levou investigadores ceramistas europeus a estuda
rem um sienito nefelínico norueguês como fundente, tendo
efectuado ensaios do seu comportamento pelo que diz respeito:

1 — à vitrificação, tanto para o sienito isolado como para


misturas com outros componentes das pastas;
2 — à dilatação térmica, ao peso especifico e às suspensões
na água. Esta última série de experiências incluiu
ensaios destinados a determinar o comportamento
das suspensões com vista ao estudo do envelheci
mento da «presa)>, famoso problema que surge no
decurso da trituração, em meio aquoso, dos feldspatos
e materiais análogos. A adição de fioculantes apro
priados permite a regulação suficiente da «presa».

D. A. Holdridge, da Associação Britânica de Pesquisa


Cerâmica e 5. E. Ryder, da C. E. Ramsden & Comp. L. de
Stoke-on-Trent, apresentaram ao VIII Congresso Internacional
de Cerâmica realizado em Copenhaga, em 1962, uma comunica
ção intitulada: «Sienito nefclínico norueguês», (1) chamando a
atenção dos industriais e técnicos ceramistas para um aflora
mento destas rochas recentemente descoberto no norte da
Noruega (70.0 de latitude), próximo da costa de StjernqSy
servido por via marítima liberta de gelos todo o ano.
Antes de comparar as características essenciais dos sie
nitos nefelínicos de ]Vlonchique com as das rochas congéneres
do Canadá e da Noruega vejamos, muito sucintamente, o compor
tamento do material sienítico em confronto com o feldspato
potássico, uma das matérias-primas clássicas da cerâmica.
Koenig (2), citado pelos autores anteriormente referidos, estu
dando a viscosidade concluiu que, em média, os sienitos fundem
3 cones abaixo daquele feldspato oferecendo melhores carac
terísticas na sua passagem pelo estado pastoso; da substituição
directa do feldspato potássico pelo sienito nefelínico nas pastas

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«Estudos, Notas e Trabalhos» do S. F. M. — V. XVII— Fascs. 1-2


sso cmi- resultou maior vitrificação, sendo o cu~so desta e as proprie
cas é de dades físicas das pastas fluídas de sienitos, mais favoráveis.
anos che- O referido investigador obteve com o sienito uma substância
sido esta mais vítrea e tÏ’anslúcida no cone 7. Nas pastas destinadas
a estuda- a louça sanitária, a substituição referida tornou possível baixar
~e, tendo a temperatura de fusão de 2 a 3 cones ou, na alternativa,
respeito: substituindo o feldspato por menores quantidades de sienito
produziu-se um cu~so mais longo de vitrificação; foram obtidos
orno para resultados semelhantes nas pastas para mosaicos. Em pastas
destinadas a louça de mesa, a maior fluidez obtida pela presença
ispensões da rocha nefelínica pode ser resumida deste modo: a) abai —

s incluiu xarnento do ponto de fusão; b) redução da quantidade do


rtamento fundente principal; e) redução, ou eliminação, de fundentes


nvelheci- auxiliares.
surge no Semple (3), por sua vez, verificou que fundindo pastas de
eldspatos porcelana para aparelhagem elécti’ica, às quais adicionou o
tes apro- material em causa, também a vitrificação se operava mais
«presa)). prontamente. Quanto à resistência transversa, não havia dife
rença em relação às pastas correspondentes preparadas com
Pesquisa o feldspato potássico; eram densas e bem vitrificadas à tempe
ap. L. de ratura de matutação, com expansões téi’micas compaÏ~áveis.
rnacional Estes exemplos abi’angem uma gama variada de pastas
omunica- e demonstram, segundo o parecer dos auto~’es citados, que a
~mando a utilização dos sienitos nefelinicos, como fundente nas pastas
rn aflo~’a- cerâmicas, me~ece a maior atenção.
norte da
Stjern~y Estudo comparado de rochas noruc~uesas e canadianas

dos sie- No trabalho anteriormente mencionado (1) figuram resul


)ngéneres tados de análises químicas, que reproduzimos no Quadro 1,
) compor- de amostras de sienitos tratadas no laboratório até à eliminação,
feldspato quase total, dos minerais fer~osos. Os valores das duas primeiras
cerâmica. amostras dizem respeito às rochas no~ueguesas de Stjern ~ y
los, estu- e os da tercei~a à de Lakefield no Canadá.
s fundem As percentagens obtidas são muito semelhantes excepto
es carac- para os álcalis visto que nas duas pi~imefras existe p~edoniínio
stituição de 0K2, ao conti~ário do que sucede na terceira para a qual
as pastas o ONa2 é dominante. Por outro lado, o teor de álcalis do mate-

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- Fascs. 1-2 «Estudos, Notas e Trabalhos» do S. F. M. — V, XVII — ?ascs. 1-2


rial norueguês é de ce~ca de 17 % em peso, ao passo que o do
canadiano pouco excede 14 %.
As análises das amost~as, sem tratamento prévio, confir
niain o teor elevado dos álcalis do sienito da Noruega bem
como a supremacia do óxido de potássio (Quadro II).
O estudo ao microscópio revelou a presença dos seguintes
minerais: a) nefelina; b)
— feldspato pertítico; o)
— horne —

blenda; d) magnetite; e)
— micas (incluindo biotite);

f) — calcite; g) esfena ou titanite. A composição modal


é expressa pelos seguintes valores, em percentagens: nefelina


— 38; pertite 50; biotite
— 2,5; magnetite
— 1,5; horne

blenda —4,0; calcite 3,0; esfena


— 1,0. Os teores calculados

de nefelina, a partir do exame óptico, foram comparados com


os de ONa2 determinados por análise química. Não é de esperar
um paralelismo perfeito entre o modo e a norma tanto mais
que a presença de lamelas de albite no feldspato pertítico e a
substituição parcial de ONa2 por 0K2 nos cristais de nefelina,
dificultam os termos de comparação.
As amostras submetidas a ensaios acusaram fusão com
pleta a temperaturas pouco superiores a 1200°. É certo que
o material norueguês não funde tão fàcil.mente como o canadiano
e, consequentemente, tem-se notado uma certa tendência para
o desacreditar, a despeito do seu teor mais elevado de álcalis.
A razão desta diferença no comportamento pelo que diz respeito
à fusão reside nas divergências das composições mineralógicas,
como se pode depreender da observação do Quadro III. O sienito
de Lakefield funde à temperatura de 1120°, ao passo que a
rocha similar de Stjern~y só atinge o mesmo estado entre
1200° e 1220°. Esta dife~ença de quase 100° resulta,
essencialmente, do predomínio de albite na rocha canadiana,
ao contrário da norueguesa na qual a primasia pertence à orto
clase, cujo ponto de fusão é mais elevado.
No entanto, os autores deste trabalho afirmam, e demons
tram, que o comportamento do fundente tomado isoladamente
não é de primacial importância, mas sim quando misturado
com outros constituintes das pastas.
Eles efectuaram «tests» comparativos com misturas biná
rias de fundentes, experimentando aqueles que são usados com

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«Estudos, Notas e Trabalhos» do S. E’. M. — V. XVII — ?ascs. 1-2


que o do este fim na Grã Bretanha. Os ensaios incidiram sobre os dois
sienitos (o americano e o europeu), tendo os resultados obtidos
o, conuir- evidenciado claramente que o material norueguês é tão satisfa
ega bem tório como o canadiano e até poderá, em determinados casos,
mostrar maior eficiência, de harmonia com o seu teor mais
seguintes elevado de álcalis.
horne- Na verdade, o sienito da Noruega é o mais rico de nefe
biotite); lina e, para uma adição igual de outro fundente, conveniente
o modal mente escolhido, a mistura vitrifica a temperaturas menores.
nefelina Inversamente, para conseguir a vitrificação a uma dada tem
horne- pe~atura, bastará menor adição de fundente.
~lculados Esta verificação diz respeito apenas a componentes que,
ados com pelo aquecimento, dão sifica mas não aos que contêm sílica.
e esperar livre. Todavia, o teor mais elevado de álcalis totais da rocha
nto mais da Noruega pode ser vantajoso em tais casos. Por outro lado,
ítico e a a trituração em meio húmido aumenta o poder de fusão dos
nefelina, dois sienitos estudados melhoria esta que parece ser mais evi
dente para o produto canadiano.
são com Os autores deduzem, das variadas experiências a que
erto que procederam, que o ensaio de fusão tomando material sienítico
anadiano isolado não é prova satisfatória do seu valor como fundente.
~cia para ~Eiômente a adição correcta de outros constituintes apropriados
.e álcalis. poderá revela~-nos a sua verdadeira eficiência.
respeito
ralógicas, O sienito netelinico de Monehique em confronto
O sienito
com os estran9eiros
~o que a
do entre
resulta, Depois desta síntese dos ensaios levados a efeito pelos
bnadiana, dois investigadores ceramistas ingleses e da referência às con
~e à orto- clusões por eles apresentadas, interessa pôr em evidência algumas
das características do nosso sienito de ]~[onchique e compará-las
demons- com as dos seus congéneres estrangeiros.
~damente Vamos considerar apenas o tipo petrográfico que contém
~iisturado feldspatos mais alvos (branco-acinzentados claros) e eleolite
cinzenta clara. Designámo-lo (4) por tipo <~Álferce» visto encon
ras biná- trar-se em aforamentos extensos nas proximidades da povoa
~dos com ção com este nome. A sua composição mineralógica normal é a

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-Pascs. 1-2 «Estudos, Notas e Trabalhos» do S. F. M. — V. XVII— Pa.scs. 1-2


seguinte: micropertite, albite, ortoclase, nefelina, sodalite, acmite
(aegirina), liorneblenda, biotite, magnetite e esfena (titanite).
A sodalite substitui, por vezes, grande parte da nefelina,
outras, é mineral aparentemente original.
Uma amostra submetida a análise química dcii os valores
que constam do Quadro II.
A composição normativa, aproximada, é a seguinte:

Ortose 33,0 %
.Albite 25,5
Nefelina e sodalite 28,0
Wollastonite 3,0
Aegirina 8,0
Ilmenite e outros óxidos de ferro 1,3
Total 98,8
Foram efectuadas, também, análises químicas de amostras
de sienitos de Aiferce, submetidas p~êviamente a ensaios de
separação electro-magnética dos minerais fe~rosos, no Laboi~a
tório de Preparação de Minérios do Instituto Superior Técnico.
Comparando os valores da norma anterior com os do
Quadro III em que figuram a o~tose, a albite e a nefelina do
mesmo sienito depois do tratamento na separadora nota-se,
como seria de prever, acréscimos nos quantitativos daqueles
minerais.
A percentagem atribuida à nefelina e à sodalite em con
junto, peca nitidamente por defeito visto que uma parte do
0K2 que figura na ortoclase provéln da nefelina, como tivemos
ensejo de verificar analisando quimicamente este feldspatóide,
depois de o termos isolado dos restantes componentes da rocha.
Não é, portanto, de estranhar que tivéssemos obtido o
valor global, aproximado, de 38 % de nefelina e sodalite, em
um primeiro ensaio do «modo» deste tipo petrográfico.
Este niímero coincide com o obtido, por meio de um con
tador de pontos, para a rocha da Noruega e supera largamente
o da sua congénere do Canadá, que é apenas 22 %.
O facto da nefelina aparecer no sienito de Monchique
substituída, em quantidades variáveis, por sodalite, não parece

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«Estudos, Notas e Trabalhos» do S. ?. M. — V. XVII— Fascs. 1-2


imite constituir inconveniente. Este mineral é igualmente um alumo
nite). silicato de sódio, em regra sem potássio (ao contrário da
1ina, nefelina) e com cloro. Funde sensivelmente à mesma tem
peratura.
À posição vantajosa do nosso sienito está bem eviden
ciada nos valores das análises químicas (Quadro 1) refei’entes
aos ~lcalis, dado qne estes são da maior importância para a
qualificação da rocha como fundente industrial na cerâmica,
em determinados tipos de vidros, etc. Ultrapassam 17 % em
peso, no sei~ conjunto, tal como se verifica nos sienitos norue
gueses mas cóni a vantagem do óxido de sódio ser quase o
dobro do óxido de potássio em contraste com os valores apro
ximados dos mesmos óxidos, ou a agravante de predominar
o 0K2 no material estrangeiro acima refeï’ido. Por sua vez,
a superioridade ‘da composição da rocha nefelínica de Mon
chique, em relação à’ canadiana, consiste na quantidade global
stras dos álcàlis, vistó que nesta atinge apenas 14 %, dos quais
)S de cerca, de 9 % de 0~a2, ao passo que no sienito português este
ora- óxido eleva-se a cerca de 11 ~ ao qual há a acrescentar o de
nicb. potássio.
s do Vejamos seguidamente as desvantagens do nosso produto,
a do que supomos serem mais aparentes do que reais. Estas
a-se, resultam~ principalmente da sua coloração levemente acinzen
neles tada, ou acastanhada, que será transmitida às pastas.
Nos ensaios levados a efeito, primeiro no Instituto Superior
con- Técnico e, depois, nos Laboratórios do Serviço de Fomento
e do Mineiro, èm 5. Mamede de Infesta, verificou-se a dificuldade
amos de extrair os compostõs’ ferrosos até ao seu extremo limite, em
óide, condições econõïnicamente viáveis.
)cha. As duas amostras de Monchique cujos valores figuram
1o o no Quadro 1 são designadas por E/E-1-1 e E/E-2-1. A primeira
em foi sujeita apenas a uma passagem na separadora electro-
-magnética,, ao passo .que à segunda foi aplicado um novo tra
con- tamento. Comparando os valores.de 03Fe2 destas duas amost~as
iente com os da mesma rocha não tratada, verifica-se que o referido
óxido sofreu importante eliminação: superior a duas terças par
ique tes no primeiro caso e a t~ês quartas no segundo. Deste trata
ia’ece mento, de, custo módico, resultou sensível melhoria na composi-.

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s. 1-2 (Estudos, Notas e Trabalhos do S. F. M. — V. XVII— Fascs. 1-2
ção do produto cerâmico. Os álcalis, que não atingem 17 % antes,
ultrapassam este valor depois da separação magnética. Por
outro lado, verificou-se aumento de alumina e diminuição de
óxido de titânio. Isto é: na medida em que se produziu a dimi
nuição dos elementos nocivos provocou-se o enriquecimento
daqueles que mais valorizam o material para o fim em vista.
A amostra E/E-1-1 corresponde a uma fracção passada pelo
crivo de 20 malhas Tylor e retida pelo de 28 (por polegada
linear). Por sua vez, a amostra E/E-2-1 é constituída por ele
mentos de calibres enti~e 28 e 65 malhas. No relató~io ap~esentado
pelo Prof. Engenheiro Quintino Rogado, director do Labora
tório onde foram feitos estes primeiros ensaios de separação,
diz-se:

«a) Os calibres mais favoráveis para o tratamento estão


compreendidos entre 28 e 100 malhas Tyler. No
entanto, produtos com granulometrias mais finas
poderão, eventualmente, conduzir a bons resultados
quanto à eliminação do ferro, desde que se utilizem
separadoras magnéticas apropriadas», (a intensidade
do campo magnético da que foi usada nestes ensaios,
não vai além de 1000 «gauss» o que parece insufi
ciente para a separação de mine~ais tão pouco
magnéticos como são, na sua maio~ia, aqueles que
se pretende eliminar);
b) os calibres finos deverão ser prèviamente condicio
nados antes do tratamento (aquecimento, por exem
plo) para eliminação da humidade e consequente
diminuição da tendência das partículas para se
aglomerarem;
o) os produtos não magnéticos obtidos poderão ser
melhorados, com maior eliminação de elementos
ferrosos, desde que sejam retratados em andares
sucessivos. Não parece todavia rentável usar mais
de dois ou três anda~es de tratamento;
d) o rendimento ponderal da beneficiação poderá se~r
melhorado po~ retratamento dos produtos magnéticos

— 346 —

«Estudos, Notas e Trabalhos» do S. ?. M. — V. XVII— Fascs. 1-2


antes,
ca. Por previamente obtidos, de modo a retfra~-lhe parte da
Lição de fracção não magnética arrastada».
a dimi
cimento Do que fica exposto, em termos gerais, infete-se ser van
n vista. tajoso o tratamento magnético do sienito nefelínico, desde que
da pelo se processe em termos que mantenham acessível o preço do
)olegada produto obtido. O teor elevado de O3Pe2 (entre 0,5 e 1,0 %),
por ele- após o tratamento em dois andares sucessivos, que parece ser
sei~tado o único defeito do sienito de Alfe~ce, poderá atenuar-se, ou
Labora- eliminar-se totalmente, consoante o tipo de produto cerâmico
)aração, que se pretenda, ou o vidrado que se utilize. Na verdade, o
maior inconveniente da presença de óxido de ferro, e também
de titânio, é, como já foi acentuado, transmitir à louça colo
to estão rações levemente acastanhadas ou amarelo-acinzentadas. Para
-ler. No determinados produtos cerâmicos, tal facto não constitui incon
is finas veniente. Para outros, poderá ser completamente anulado desde
niltados que se empreguem vidrados opacos, de crescente aplicação
utilizem nesta indústïia.
~nsidade Tei~minamos estas breves anotações, sublinhando a supe
ensaios nor qualidade do nosso sienito nefelínico quando se considera
~ insufi- o conjunto das suas características especificas.
pouco Poderemos fixar, numa síntese, as composições essenciais
eles que das rochas confrontadas, nos termos seguintes:

ondicio- a) a rocha do Canadá é predominantemente albítica


r exem- mas com modesta percentagem relativa de nefelina
equente b) a da Noruega é acentuadamente ortósica sendo, em
para se compensação, mais rica daquele feldspatóide;
e) a de Monchique é, certamente, a mais equilibrada
~rão ser quanto aos teores relativos dos três minerais essen
~mentos ciais que influem, decisivamente, no comportamento
anda~es deste material como fundente. É esta a conclusão
ar mais a que chegámos da observação do Quadro III.
Deve, no entanto, esclarecer-se que os valores apre
lerá ser sentados correspondem às composições virtuais cal
gnéticos culadas, não observadas. As composições mineraló
gicas reais serão diferentes. Assim, os valores reais,

— 347 —

Fases. 1—2
«Estudos, Notas e Trabalhos» do S. F. M. — V. XVII— Fases. 1-2
r
aproximados, da nefelina são: 22 % na rocha do
Canadá e 38 % na da Noruega e na de Monchique.

Como se vê, qualquer que seja o critério adoptado, os teores


elevados de nefelina e de albite do sienito português são sempre
expressos de forma evidente, tanto mais que no referido Quadro
a ortoclase atribuida à nossa rocha é excessiva na medida em
que a nefelina e a sodalite (em conjunto) são inferiores às suas
quantidades reais.
Provado o valor da rocha de Monchique como matéria-
-prima da cerâmica, só nos resta esperar que os técnicos deste
ramo industrial a experimentem para se certificarem da van
tagem da sua utilização. Algumas empresas da especialidade
procederam já a ensaios preliminares tais como de retracção
V-S e S-C; de porosidade e de carga de ruptura, etc.; os ~esul
tados obtidos excederam a espectativa, o que certamente
levará essas entidades a prosseguir até à completa verificação
da eficiência desta matéria-prima como fundente das pastas
cerâmicas. Se os produtos congéneres do Canadá e da No~uega
mereceram a atenção e o interesse de investigado1~es e técnicos
estrangeiros, crescem as razêes que permitem recomendar o
nosso sienito de Monchique nos meios europeus da indústria
cerâmica.

Lisboa, em 29 de Dezembro de 1965

— 348 —

«Estudos, Notas e Trabalhos» do S. F. M. — V. XVII— Fascs. 1-2


~12 ~

QUADRO 1

Análises químicas de sienitos nefelínicos tratados na separadora magnética


o,
/o
o
‘o
Proveniência: Si02 TiO2 O3A12 O3Fe2 OCa OMg 0K2 ONa2 Li20 Cl Perda ao fogo
Stjernç~y (Noruega) — 1 56.50 — 25.00 0.08 1.00 — 9.00 7.70 — — 0.80
Stjernç!,y (Noruega) —2 56.90 0.11 23.86 0.12 0.97 0.23 9.78 7.42 0.10 — 0.84
Lakefield (Canadá) 58.67 0.01 26.57 0.01 0.36 0.01 5.39 8.67 — — 0.47
Alferce (Monchique) E/E-1-1 55.66 0.13 22.43 1.04 1.02 — 6.27 11.04 — 0.99 1.76
Alferce (Monchique) E/E-2-1 56.41 0.11 22.01 0.79 1.00 — 6.47 10.60 — 1.11 1.62

QUADRO II

Análises químicas de sienitos nefelínicos antes do tratamento


0/
/0

Proveniência: Si02 TiO2 03A12 03Fe2 OMn OCa OMg 0K2 ONa2 Cl Perda ao fogo
Stjern~,y (Noruega) 54.77 0.36 22.22 2.65 0.06 2.52 0.16 8.77 6.26 — 2.51
Alferce (Monchique) 55.87 0.36 20.56 3.28 0.17 1.45 — 5.55 10.75 0.96 1.35
QUADRO III

Sienitos nefelinicos depois do tratamento — Composições virtuais

0/
/0

Minerais Lakefield (Canadá) Stjernc~y (Noruega) Alferce (Monchique)

Albite 51.9 15.5 27.0

Ortoclase 27.2 55.6 37.0

Nefelina 16.8 25.5 30.7 (‘)

(‘) Soma de nefelina e sodalite calculadas.

— 350 —

«Estudos, Notas e Trabalhos» do S. F. M. — V. XVII — Fasca. 1-2


BIBLIOGRAFIA

1 — Norwegian Nepheline Syenite — D. A. Holdridge and S. H. Ryder — in Tran


sactions of the VIIIth International Cerarnic Congress — Copenhagen — 1962.
2— KOENIG, C. 3. Y. Am. Ceram. Soe. 19 —295 — 1935; idem 22—38 —

1939; idem 25—90—1942.


3 — SEMPLE, W. A. —3. Canadá Ceram. Soe. 10—51 — 1941.
4—COELHO, A. V. Pinto — Os sienitos nefelinicos, possível ma éria-prima da
indústria do alumínio em Portugal — Boletim de Minas n.° 21 — 1963.

S YNO P SI S

Jn this short paper, mineralogical eompositions are eompared to ehemical


ones regarding nepheline-syenites from Lakefield (Canada), Stjern~y (Norway)
and Monchique (Portugal).
At present, those roeks from Lakefield (Canada) are already widely employed
as a flux in ceramie pastes and those from Norway have been tested by European
eeramists for the sarne purpose.
The Canadian syenite is rieh in albite, but it is poor in nepheline; the Noi
wegiau syenite eontains an excess of potash feldspar. The author, when studying
the Portuguese rock, has noticed that it has nearly equal proportions of nepheline,
albite and orthoelase; even after rnagaetic separation, the iron contents remains
rather high (0,5 — 1,0% Fe3 0~), but such presence gives only a very light colour
to the pastes.
Fusibility, retraction, porosity, rupture charge and other tests made up to
date suggest that the Monchique syenite might be an excellent fluxing agent for
a variety of industries besides cerarnies and glass.
Attention is called to the advantages of using this material.

— 351 —

~cs. 1—2 <Estudos, Notas e Trabalhos» do S. F. M. — V. XVII— Fases, 1-2


RÉSUMÉ

Ii s’agit d’une étude comparative des compositions minéralogiques et chi


miques des syénites néphéliniques de Lakefield (Canada); Stjern~y (Norvège) et
Monchique (Portugal).
La premiôre de ces roches est d’application courante comme fondant dans
les pâtes céramiques. La seconde a été étudiée par divers investigateurs avec le
même but.
La syénite canadienne est riche en albite, mais moins riche en néphéline.
La syénite norvégienne, de sou côté, contient de l’orthose en grande abondance.
L’auteur compare la roche portugaise avec les deux autres et vérifie qu’elle
a Ia composition la plus réguliêre avec de la néphéline, de l’albite et de l’orthose
en pourcentages três voisins.
Aprês un traitement électro-magnétique de la roche, sa teneur eu oxyde de
de fer (O~ Fe2) apparait comme étant un peu élevée (entre 0,5 et 1,0 ~).
Mais cette teneur ne donnera qu’une três légére coloration aux pâtes et sans
constituer, en soi, un inconvénient grave pour la plupart des produits céramiques.
Les essais de fusibilité, de rétraction, de porosité, de charge, de rupture, etc.,
effectués jusqu’ici, permettent d’admettre que la syénite néphélinique portugaise
servira comme excellent fondant pour diverses industries, notamment pour la
verrerie et la céramique.

— 352 —

~Estudos, Notas e Trabalhos» do S. F. M. — V. XVII — Fascs. 1-2

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