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Copyright © 2012 tradução portuguesa, DP Portugal

Copyright © Derek Prince Ministries Internacional

Autor: Derek Prince


Título original: The Destiny of Israel and the Church
Tradução: Jorge Pinheiro
Correção: Maria de Conceição Castro Cabral
Redação: Christina van Hamersveld

Publicado em Português pela:


Editora Um Êxodo Unipessoal Lda
E-mail: umexodo@gmail.com

ISBN: 978-989-8501-17-2

Derek Prince Portugal


Caminho Novo Lote X, Feteira
9700-360 Angra do Heroísmo
Telf.: 295663738 / 927992157

E-mail: derekprinceportugal@gmail.com
Blog: www.derekprinceportugal.blogspot.pt

A versão bíblica usada neste livro:


Almeida Corrigida e Revisada Fiel.
Só para alguns versículos usamos:
(ARA) = Almeida Revista e Atualizada,
(ARIB) = Almeida Revisada Imprensa Bíblica,
(NVI) = Nova Versão Internacional.
índice

Introdução........................................................................... 5
1. O Cerne da Atenção Mundial ...................................... 9
2. Quem é Israel?................................................................... 12
3. Quem é Judeu? ................................................................. 18
4. Eles não são Israel .......................................................... 23
5. O Israel de Deus............................................................... 26
6. Israel Distinto da Igreja.................................................. 30
7. Quem é a Igreja?............................................................... 33
8. Eleição............................................................................... 36
9. O Remanescente Eleito.................................................... 41
10. A Pecaminosidade de Israel........................................... 46
11. A Restauração Predita de Israel.................................... 50
12. A Descrição da Restauração de Israel.......................... 54
13. Um Pequeno Pedaço de Terra........................................ 61
14. As Fronteiras de Deus...................................................... 69
15. Um Tempo de Realojamento.......................................... 73
16. Deus é Injusto?.................................................................. 76
17. Primeiro o Judeu, Depois o Gentio............................... 82
18. A Eleição e a Igreja........................................................... 89
19. Não Esforço, Mas União................................................. 96
20. A Igreja será também um Remanescente?................... 99
21. A Resposta que Deus Exige........................................... 105
22. Proclamar........................................................................ 113
23. Louvar.............................................................................. 118
24. Orar!................................................................................ 122
25. O Clímax........................................................................ 126
26. Conclusões...................................................................... 131
Apêndice I....................................................................... 133
Apêndice II..................................................................... 138
Sobre Derek Prince......................................................... 145
Derek Prince Ministries................................................. 147
Outros livros por Derek Prince (em português)........ 149
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

INTRODUÇÃO

Uma característica peculiar da Bíblia são as suas pro-


fecias. Nenhum livro sagrado de qualquer outra religião
mundial oferece algo de comparável à Bíblia a este res-
peito. Os seus profetas predisseram consistentemente -
com um espantoso rigor e detalhe minucioso - aconte-
cimentos da história muitos séculos antes deles ocorre-
rem. Este é um dos grandes testemunhos da inspiração
sobrenatural da Bíblia.
Em Isaías 46:9-10, o Deus da Bíblia fala de Si pró-
prio:

… Eu sou Deus, e não há nenhum outro;


eu sou Deus, e não há nenhum como eu.
Desde o início faço conhecido o fim, desde
tempos remotos, o que ainda virá.
Digo: Meu propósito ficará de pé, e farei
tudo o que me agrada. (NIV)

A capacidade de predizer a história com um tal rigor


implica, necessariamente, a capacidade de a controlar.
Por esta razão, Deus pode dizer com absoluta confiança:
“O meu propósito permanecerá”.

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DEREK PRINCE

Um dos grandes temas da profecia bíblica é o destino


de Israel. Desde o nascimento de Israel, enquanto na-
ção, até à consumação final do seu destino, cada estágio
principal foi predito pelos seus profetas. Pelo menos oi-
tenta por cento de todas estas profecias já se cumpriram
detalhadamente. É, portanto, razoável esperar que os
restantes vinte por cento se cumpram com igual rigor.
Entretecido na história de Israel encontra-se o desti-
no de outro povo: a Igreja de Jesus Cristo. A Igreja teve
a sua origem em Israel, mas ao longo dos séculos os des-
tinos destes dois povos - Israel e a Igreja - divergiram
largamente. No entanto, tem havido uma contínua inte-
ração entre ambos.
A Igreja também, à semelhança de Israel, teve os
seus profetas. O maior deles foi o seu fundador e cabeça
reinante, Jesus de Nazaré. Através de Jesus e dos Seus
apóstolos, as principais linhas gerais da história da Igre-
ja foram profeticamente reveladas com antecedência.
Estas também têm-se cumprido progressivamente até
ao presente.
Uma função vital da profecia é fornecer ao povo de
Deus uma visão clara do seu destino divinamente traça-
do. Sem uma tal visão, o povo inevitavelmente tropeçará
e cairá. Isto aplica-se igualmente a Israel e à Igreja. É por
isso que Salomão diz em Provérbios 29:18, que onde
não há visão profética o povo perece.

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O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

Foi a falta de uma tal visão que levou à queda de Je-


rusalém em 586 A.C. Depois da cidade ter sido total-
mente destruída pelos exércitos da Babilónia, o profeta
Jeremias disse:

Ela nunca se lembrou do seu fim;


por isso foi pasmosamente abatida...
(Lamentações 1:9)

Cerca de 600 anos mais tarde, o próprio Jesus falou à


mesma cidade em termos semelhantes:

Ah! Se tu conhecesses também, ao menos


neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas
agora isto está encoberto aos teus olhos.
Porque dias virão sobre ti, em que os teus
inimigos te cercarão de trincheiras e te sitia-
rão e te estreitarão de todas as bandas; e te
derribarão a ti e aos teus filhos que dentro
de ti estiverem; e não deixarão em ti pedra
sobre pedra, pois que não conheceste o tem-
po da tua visitação
(Lucas 19:42-44)

Contudo, Jerusalém é apenas um extraordinário


exemplo histórico das consequências trágicas que se se-
guem quando o povo de Deus não consegue compre-

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DEREK PRINCE

ender o seu destino. Os mesmos princípios aplicam-se


tanto a Israel, enquanto povo, como à Igreja. Em cada
caso, o fracasso em compreender o seu destino redun-
dará em tragédia.
Mas não é preciso que isto aconteça! Através das Es-
crituras proféticas, Deus forneceu - tanto a Israel como à
Igreja - tudo o que é necessário para que ambos compre-
endam e cumpram o seu destino. Que não se diga, nem
de uma nem de outra, que o fracasso e o desastre sur-
giram “porque não conheceste o tempo da tua visitação”.
Uma das características mais excitantes do período
em que vivemos atualmente é que os destinos de Israel e
da Igreja estão de novo a começar a convergir. Esta con-
vergência produzirá os mais dramáticos e significativos
desenvolvimentos de toda a história humana.
É meu sincero desejo e oração que este livro forneça
um quadro claro e distinto dos extraordinários acon-
tecimentos que jazem à nossa frente, tanto para Israel
como para a Igreja.

Derek Prince
Jerusalém, 1992

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O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

1
O CERNE DA ATENÇÃO
MUNDIAL

Qual é a razão de Israel ser o cerne da atenção dos


meios de comunicação mundiais? Qual a razão de os
líderes governamentais, que são normalmente pragmá-
ticos e tão diplomatas, irromperem em manifestações
emocionais quando se discute Israel? Qual a razão de
as Nações Unidas devotarem a Israel trinta por cento do
seu tempo e um terço das suas resoluções - um país mi-
núsculo com uma população de apenas cinco milhões
de pessoas?
Só há uma fonte para uma resposta clara e indiscu-
tível: a Bíblia. Embora tivesse ficado concluída milénios
antes dos presentes problemas no Médio Oriente terem
surgido, a Bíblia fornece uma análise sobrenaturalmente
inspirada tanto das questões como das forças implicadas.
Israel ocupa um lugar singular nas atuais controvér-
sias porque a posição de Israel nos propósitos de Deus é
igualmente singular.

9
DEREK PRINCE

Israel ocupa um lugar singular nas atuais


controvérsias porque a posição de Israel
nos propósitos de Deus é igualmente singular.

A palavra profética de Deus revela que esta era pre-


sente culminará na restauração e redenção de Israel.
Portanto, quanto mais nos aproximarmos do fim desta
era, tanto mais intensas serão as pressões sobre Israel.
Estes eventos que se centram em Israel também de-
terminarão o destino de Satanás, o velho adversário de
Deus e do homem. Em 2 Coríntios 4:4, Satanás é cha-
mado “o deus deste século”. Ele está bem consciente de
que quando se completar a redenção de Israel e esta era
terminar, ele não mais será capaz de se apresentar como
deus. Será despojado do seu poder de enganar e mani-
pular a humanidade e ficará sujeito ao juízo de Deus.
Consequentemente, está neste momento a desenvolver
a sua estratégia enganadora e a exercer todo o seu po-
der ímpio a fim de resistir ao processo de restauração
de Israel.
Eis então as duas principais forças espirituais que
se encontram em conflito na zona do Médio Oriente:
por um lado, a graça de Deus a operar para a restau-
ração de Israel e por outro lado as estratégias engana-
doras de Satanás, opondo-se com todos os meios ao
seu dispor ao processo de restauração. Esta é a razão

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O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

verdadeira mas invisível para as lutas e tensões às quais


Israel está presentemente sujeito.
Uma grande parte da estratégia de Satanás contra
Israel tem sido a de obscurecer a verdade revelada na
Bíblia. É espantoso que tanta confusão tenha existido e
ainda exista hoje na Igreja relativamente aos propósitos
que Deus tem para Israel. A batalha por Israel é, de fac-
to, a batalha pela verdade. Há duas áreas vitais de verda-
de que iremos aqui considerar: a identidade de Israel e o
destino de Israel. Depois de as termos examinado, consi-
deraremos se o destino de Israel também lança alguma
luz sobre o destino da Igreja. Finalmente, qual é a res-
ponsabilidade da Igreja face a Israel nesta hora de crise?

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DEREK PRINCE

2
QUEM É ISRAEL?

Uma quase total incompreensão, ignorância e dis-


torção invadiu a Igreja durante muitos séculos relati-
vamente à identidade de Israel. Para mim, isto parece
extraordinário uma vez que as posições da Bíblia rela-
tivamente a Israel são demasiado evidentes. Apesar de
tudo, o pensamento de multidões de Cristãos parece ter
sido ofuscado no tocante à aplicação do nome Israel.
Numa secção posterior deste livro, analisaremos um
tópico paralelo: a forma como a palavra “Igreja” é usa-
da no Novo Testamento1. Aqui, também, descobriremos
que a identidade da verdadeira Igreja, à semelhança da
de Israel tem sido obscurecida numa confusão que ofus-
ca os verdadeiros propósitos de Deus.
A origem desta confusão que concerne a Israel pode
ser traçada até aos primeiros Pais da Igreja, que desen-
volveram a doutrina de que a Igreja substituiu Israel
nos propósitos de Deus e que, por isso, ficou conhecida
como o “novo Israel”. Este tipo de ensino foi promulga-

1 Ver Capítulo 7, “Quem é a Igreja?”.

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O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

do cerca de 150 D.C. por Justino Mártir e posteriormen-


te adoptado e ampliado por figuras tão célebres como
Irineu, Orígenes e Agostinho. Cada vez mais o Velho
Testamento foi sendo interpretado de uma forma “ale-
górica” que deixou de fazer justiça ao verdadeiro signifi-
cado de muitos textos.
É significativo que por volta do mesmo período, a
doutrina da Igreja, como um todo, tenha sido progressi-
vamente corrompida da pureza e simplicidade da reve-
lação apostólica contida no Novo Testamento. O resul-
tado eventual deste processo de corrupção foi a Igreja
da Idade das Trevas, que na sua maior parte se revelou
espiritual, moral e doutrinalmente corrupta.
A partir de cerca de 400 D.C., Israel tem sido regu-
larmente utilizado por mestres, comentadores e mes-
mo tradutores da Bíblia como sinónimo da Igreja. Por
exemplo, numa maravilhosa edição da Versão King Ja-
mes (da qual preguei durante 35 anos), os seguintes são
alguns dos títulos que surgem no topo das páginas dos
últimos capítulos de Isaías.
O capítulo 43 abre com estas palavras: “Mas agora
diz o SENHOR que te criou, ó Jacob, e que te formou, ó
Israel: não temas...” Mas o cabeçalho, no topo da página,
diz: “Deus conforta a igreja com as Suas promessas”.
Também o capítulo 44 abre com as palavras: “Ouve
agora, ó Jacob meu servo, e Israel a quem, escolhi...”. Mas
o cabeçalho no topo da página diz: “A igreja confortada”.

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DEREK PRINCE

Cabeçalhos ou títulos como estes, inseridos no texto


produzem um efeito que é subliminal - isto é, abaixo do
limiar da razão consciente. Apesar de tudo, o seu im-
pacto cumulativo ao longo dos séculos ultrapassa tudo
quanto possamos calcular. Muitas gerações de cristãos
inconscientemente assumiram que faziam parte do tex-
to original. Mas não! Apoiados por editores, interpreta-
ram erradamente o que Isaías estava real mente a dizer,
aplicando à Igreja palavras que eram especificamente
dirigidas a Israel, pelo seu nome.
A verdade essencial é em geral simples e a verdade é
esta: Israel é Israel e a Igreja é a Igreja.
Para recuperar a verdade sobre a identidade de Isra-
el é necessário retroceder ao verdadeiro texto do Novo
Testamento e ver como os apóstolos usavam o termo
Israel. Essa é a única base legítima para um uso escri-
turalmente rigoroso deste termo. Uma vez que o cânon
da Escritura está encerrado, nenhum autor ou pregador
subsequente tem sido autorizado a alterar a utilização
estabelecida pelos escritores apostólicos do Novo Tes-
tamento. Qualquer escritor ou pregador que introduza
uma aplicação diferente do termo Israel deturpa o direi-
to a reivindicar autoridade escritural para o que ele diz
sobre Israel.

14
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

Descobri 77 ocorrências no Novo Testamento em


que surgem as palavras Israel ou Israelitas2. Depois de
as examinar, conclui que os apóstolos nunca utilizaram
Israel como sinónimo da Igreja.
Nem tão pouco a frase “o novo Israel” surge algu-
res no Novo Testamento. Os pregadores que usam essa
frase deviam ter o cuidado em definir a sua utilização.
Deviam também declarar que não se encontra na Bíblia.
Há alguns anos atrás, quando estava falando a um
grupo em Israel, aconteceu salientar que Israel nunca
é utilizado na Escritura como sinónimo da Igreja. As
pessoas do grupo eram crentes maduros, dedicadas a
verem cumprido o plano de Deus para o povo judaico.
No entanto, um deles - um amigo de longa data - disse
posteriormente: “Foi a primeira vez que ouvi alguém di-
zer que Israel não é sinónimo da Igreja”. Esta observação
ajudou-me a ver quão generalizada se encontra esta in-
terpretação errada.
Por outro lado, Israel é frequentemente utilizado
como modelo da Igreja. Relativamente à experiência de
Israel em Êxodo, Paulo diz:

Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras e


estão escritas para aviso nosso...
(1 Coríntios 10:11)

2 O
 leitor faria bem em examinar cuidadosamente a lista completa das 77
passagens indicadas no Apêndice 1, no final do livro.

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DEREK PRINCE

Contudo, retratar Israel como modelo da Igreja é com-


pletamente diferente de identificar a Igreja com Israel.
Consideremos, a título de ilustração, que Jomo
Kenyatta, o primeiro presidente do Quénia, fosse descri-
to como “o George Washington da sua nação”, da mesma
maneira que George Washington é considerado o pai da
nação dos Estados Unidos. Por outras palavras, muito
do que se aplica a George Washington em relação aos
Estados Unidos aplica-se a Jomo Kenyatta relativamente
ao Quénia. Mas isso não quer dizer que Jomo Kenyat-
ta fosse realmente George Washington. É tão incorreto
como dizer que a Igreja é Israel.
Infelizmente, a Igreja tem frequentemente adotado
um princípio “cristão” de interpretação que raramente é
afirmado explicitamente: “Todas as bênçãos se aplicam
à Igreja e todas as maldições a Israel”. Por trás deste prin-
cípio de interpretação jaz a asserção (em que há muito
de verdade) que Israel teve a sua oportunidade mas foi
infiel a Deus. Assim portanto, continua essa linha de ra-
ciocínio, Deus mudou o Seu pensamento e reaplicou à
Igreja as Suas promessas, inicialmente destinadas a Isra-
el. Uma tal conclusão, contudo, põe claramente em cau-
sa a fidelidade de Deus.
Em Romanos 3:3-4, Paulo expressa a sua reação a
uma tal sugestão. Analisando as consequências da infi-
delidade de Israel, diz ele:

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O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

Pois quê? Se alguns foram incrédulos, a sua


incredulidade aniquilará a fidelidade de
Deus? De maneira nenhuma; sempre seja
Deus verdadeiro e todo o homem mentiroso.

Como anteriormente afirmado, a única forma legíti-


ma de verificar o uso correto de palavras como Judeu ou
Israel é reexaminar as passagens do Novo Testamento
em que elas ocorrem.

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DEREK PRINCE

3
QUEM É JUDEU?

Para começar vamos olhar para a palavra, Judeu. Esta


palavra ocorre cerca de 200 vezes no Novo Testamento.
De todas essas ocorrências, a única passagem em que
Judeu é claramente utilizado, de uma forma diferente da
norma aceite, é em Romanos 2:28-29.
Estes versículos surgem no fim de um capítulo em
que Paulo tem estado a explicar - com particular refe-
rência ao povo judaico - que o conhecimento da vonta-
de de Deus através da Lei não justifica ninguém. Uma
pessoa não é justa apenas porque conhece o que é justo.
Pelo contrário, Paulo diz que o conhecimento so-
mente aumenta a responsabilidade humana e continua
aplicando este princípio especificamente ao povo judeu
dos seus dias.
Contudo, antes de utilizarmos hoje esta afirmação
contra o povo judeu, precisamos de ter em mente que
já se passaram dezanove séculos. Nos dias de Paulo era
fundamentalmente o povo judeu que tinha o conheci-
mento de Deus. Hoje, somos nós, Cristãos, que reivin-
dicamos possuir o pleno conhecimento da vontade de

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O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

Deus revelado em toda a Bíblia. Muito provavelmente a


Igreja dos nossos dias necessita do alerta feita por Pau-
lo aos Judeus dos seus dias. O facto de conhecermos a
vontade de Deus e do que é justo não nos faz justos; pelo
contrário, apenas aumenta a nossa responsabilidade.

O facto de conhecermos a vontade de Deus


e do que é justo não nos faz justos; pelo contrário,
apenas aumenta a nossa responsabilidade.

Depois de salientar que os Judeus dos seus dias em


muitos casos se tinham desviado da vontade de Deus,
substituindo o verdadeiro propósito de Deus por uma
forma legalista de religião, Paulo encerra o capítulo com
estas palavras:

Porque não é judeu o que o é exteriormen-


te, nem é circuncisão a que o é exterior-
mente na carne. Mas é judeu o que o é no
interior e circuncisão a que é do coração,
no espírito, não na letra; cujo louvor não
provém dos homens mas de Deus.
(Romanos 2:28-29)

Quando Paulo diz “cujo louvor não provém dos ho-


mens mas de Deus”, está a fazer um jogo de palavras com
o significado hebraico do termo Judeu, que é retirado do

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DEREK PRINCE

nome da tribo de Judá, significando “louvor” ou “ações


de graças”-. Quando Leia deu à luz o seu quarto filho,
chamou-o Judá (em hebraico, Yehudah), dizendo: “Lou-
varei o Senhor”. O significado de Judá (Yehudah) ou Ju-
deu é, então, “louvor”. Assim, Paulo diz que se alguém
é um verdadeiro Judeu, então o seu louvor deve vir de
Deus e não dos homens. Em certo sentido, ele está a res-
tringir aqui a utilização do nome Judeu. Está a dizer que
não basta ser-se Judeu exteriormente. Um verdadeiro
Judeu deve ter uma condição íntima de coração que o
faz merecer o louvor de Deus.
É importante compreender aqui que Paulo não está a
alargar o uso de Judeu. Pelo contrário, está a restringi-lo.
Há alguns anos, li um artigo numa revista britânica
em que o escritor tecia algumas críticas a Israel e retira-
va desta passagem de Romanos a teoria de que somos
todos Judeus! Isso afasta-se completamente da linha de
ensino do Novo Testamento. O povo judeu deve real-
mente ficar confuso ao ouvir dizer que quando estamos
em Cristo, “não há judeu nem gentio”, para logo de se-
guida escutar. “mas somos todos Judeus”.
Nem é isso que Paulo está a focar. Está a dizer que
para se ser um verdadeiro Judeu não basta que a pessoa
tenha todas as marcas exteriores; ela deve também pos-
suir a condição espiritual íntima que dê louvores a Deus
e d’Ele obtenha louvor.

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O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

Ponhamos a mesma ideia no contexto cristão. Pode-


mos dizer a alguém: “Se és um verdadeiro cristão, quan-
do alguém te der uma bofetada, terás de lhe oferecer
a outra face”. Mas não é nossa intenção inferir que os
que não apresentam a outra face não tenham o direito
de serem chamados Cristãos. A utilização especial de
“Cristão” neste contexto obviamente não substitui o uso
normal e aceite do termo.
Em adição a Romanos 2, há duas passagens - Apo-
calipse 2:9 e 3:9 - onde o Senhor fala “dos que dizem
ser Judeus e não são”. Há diversas formas possíveis de
interpretar estas passagens. Possivelmente referem-se
ao mesmo tipo de pessoas que Paulo descreve em Ro-
manos 2 - as que possuem as marcas exteriores iden-
tificadoras de judeu, mas a quem faltam as exigências
espirituais íntimas.
Suponhamos, contudo, que aceitamos estas duas
passagens de Apocalipse, juntamente com a de Roma-
nos como exemplos de uma utilização especial de Judeus
que restringe o termo a, Judeus que satisfaçam certas
exigências espirituais. O facto permanece que em cerca
de 200 passagens do Novo Testamento haveria apenas
três exemplos deste significado especial, restritivo. Nes-
tes três exemplos, Judeus quer dizer: aqueles que estão
ligados a Deus pela fé no Messias. Para interpretar um
verso usando esse significado restrito da palavra, deve
ser claramente apoiado pelo contexto.

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DEREK PRINCE

A aplicação alargada do termo judeu (que os judeus


são todos aqueles que estão corretamente relacionados
com Deus através de Jesus Cristo) não é encontrado no
Novo Testamento e nunca poderia substituir o sentido
normal da palavra Judeu.

22
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

4
ELES NÃO SÃO ISRAEL

Agora, analisaremos o uso das palavras Israel ou Is-


raelitas no Novo Testamento. No total, contei 79 passa-
gens em que surgem estas palavras3. Em nove casos, são
uma citação direta das Escrituras do Antigo Testamento
e em cada exemplo o significado no Novo Testamento é
precisamente o mesmo que no Antigo. Há mais 68 pas-
sagens que não são citações do Antigo Testamento, mas
em todos estes casos o uso no Novo Testamento concor-
da com o do Antigo.
Portanto, permanecem apenas duas passagens no
Novo Testamento em que Israel é utilizado com um sen-
tido especial. Tal como com a palavra Judeu, esta utili-
zação especial que o Novo Testamento faz de Israel não
alarga mas antes restringe a aplicação da palavra.
O primeiro desses usos restritos encontra-se em Ro-
manos 9:6-9, onde Paulo explica que mesmo que Israel,
em muitas ocasiões, não tenha recebido ou obedecido à

3 Ver a lista completa no Apêndice I no final do livro

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DEREK PRINCE

palavra de Deus, isso não significa que a palavra de Deus


ficasse sem efeito:

Não que a palavra de Deus haja faltado,


porque nem todos os que são de Israel são
israelitas. Nem por serem descendência de
Abraão são todos filhos. Mas: em Isaque
será chamada a tua descendência. Isto é:
não são os filhos da carne que são filhos de
Deus, mas os filhos da promessa são conta-
dos como descendência. Porque a palavra
da promessa é esta: por este tempo virei e
Sara terá um filho.

Paulo explica aqui que ser descendente físico de Isra-


el - isto é, de Jacob - não é suficiente. Para se qualificar
para as bênçãos prometidas de Deus, uma pessoa tem
também de demonstrar a mesma fé que caracterizou
Abraão, Isaque e Jacob; caso contrário, a pessoa não tem
realmente direito ao nome de Israel.
Deixem-me enfatizar de novo que Paulo não está
a alargar o uso de Israel para incluir todos os crentes,
independentemente da sua origem nacional. Pelo con-
trário, ele está a restringir a sua utilização para incluir
apenas os descendentes de Israel que estejam na fé do
Messias. É um erro sugerir que nesta passagem Paulo
esteja a descrever todos os crentes como Israel.

24
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

Em outros lugares do mesmo capítulo, Paulo usa Is-


rael no sentido normal de todos quantos descendem de
Abraão, Isaque e Jacob. Nos versículos 3-5, por exemplo,
ele diz:

Porque eu mesmo desejaria ser separado


de Cristo, por amor de meus irmãos, que
são meus parentes segundo a carne; os
quais são israelitas, de quem é a adoção, e
a glória, e os pactos, e a promulgação da
lei, e o culto, e as promessas; de quem são
os patriarcas; e de quem descende o Cristo
segundo a carne, o qual é sobre todas as
coisas, Deus bendito eternamente. Amém.
(ARIB)

Aqui, Paulo chama Israelitas aos que realmente re-


jeitaram o Messias. Apesar de tudo trata-os de parentes.
“Poderia desejar ser separado de Cristo por amor deles”,
escreve ele. Por outras palavras, Paulo deseja que pu-
desse ocupar o seu lugar de incredulidade e rejeição de
Deus. É óbvio que Paulo está aqui a usar o nome de Isra-
el ou Israelita para descrever todos os que descendem de
Abraão, Isaque e Jacob, quer sejam crentes ou não. Este
é o uso normal em todo o Novo Testamento.

25
DEREK PRINCE

5
O ISRAEL DE DEUS

A outra passagem em que Paulo utiliza Israel num


sentido restrito é Gálatas 6:15-16:

Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão


nem a incircuncisão tem virtude alguma,
mas sim o ser uma nova criatura. E a todos
quantos andarem conforme esta regra, paz
e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de
Deus.

Paulo está a falar de dois tipos de pessoas. Por um


lado, aqueles que, sem antecedentes de circuncisão ou
de Judaísmo, experimentaram o novo nascimento e
estão caminhando na nova criação. Por outro lado, os
Israelitas por descendência natural que permaneceram
na fé que foi a marca dos seus ancestrais e, através des-
sa fé receberam Jesus como o Messias, entrando assim
na nova aliança. Aos últimos, Paulo chama “o Israel de
Deus”. O que realmente conta, está Paulo a dizer, não

26
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

é algum rito religioso mas um ato criativo de Deus no


coração gerado pela nova aliança.
Contudo, é interessante que a Nova Versão Interna-
cional, uma das mais utilizadas versões modernas, se
afaste neste ponto dos princípios normais de tradução.
O versículo 16 diz: “Paz e misericórdia a todos os que
seguem esta regra, a saber ao Israel de Deus”. A saber
substituiu o normal e. Significando o quê? Que os que
andam segundo esta regra são “o Israel de Deus”, sejam
eles Judeus ou Gentios.
Esta substituição fundamenta-se não em bases lin-
guísticas mas teológicas. A palavra grega é kai. Seria
necessário pesquisar o Novo Testamento para encontrar
locais em que essa palavra seja legitimamente traduzida
por “a saber”. Provavelmente menos de uma vez em 500
ocorrências. (A Concordância da NIV publicada pela
Editora Zondervan não indica sequer “a saber”). Esma-
gadoramente, kai é traduzida por “e”. O que motivou os
tradutores da NIV a substituir neste exemplo “e” por “a
saber”? Aparentemente a velha tradição de que todos os
verdadeiros crentes são o “Israel de Deus”. Este pensa-
mento influenciou tanto os Cristãos que eles mudarão o
simples significado de um texto para o fazer alinhar com
a sua teologia!
Isto não é um ataque aos tradutores da NIV que no
conjunto produziram uma excelente versão. Serve ape-
nas para ilustrar até que ponto esta teoria do “Israel es-

27
DEREK PRINCE

piritual” penetrou no pensamento da Igreja, produzindo


atitudes e formas de pensamento que não possuem ba-
ses sólidas na Escritura.
Há uma razão importante que leva Paulo a fazer esta
distinção em Gálatas 6:15-16 entre crentes de ascen-
dência gentia e crentes de ascendência judaica. Por um
lado, os Gentios tornaram-se cristãos por uma simples
transformação sobrenatural, que ocorreu nos seus co-
rações. Não tinham conhecimento prévio de um único
Deus verdadeiro. Para os Judeus, por outro lado, a sua
fé no Messias foi o culminar de um processo histórico
que se iniciou no Êxodo do Egipto e depois se desenvol-
veu ao longo de muitos séculos através do ministério de
governantes, profetas e sacerdotes ordenados por Deus.
A condição espiritual do mundo gentio no tempo do
Novo Testamento podia ser comparada a um campo que
tivesse sido entregue à sua condição silvestre natural,
sem sofrer qualquer processo de cultivo. Para um Gen-
tio vir a Cristo representava uma intervenção direta de
Deus na vida individual que não havia sofrido qualquer
processo histórico de preparação.
Por outro lado, o povo judeu era um campo que ti-
nha sido cuidadosamente cultivado ao longo de muitos
séculos. Por esta razão, durante o período do Seu minis-
tério que se confinou a Israel, Jesus disse aos Seus dis-
cípulos: Eu vos enviei a ceifar onde vós não trabalhastes;
outros trabalharam e vós entrastes no seu trabalho (João

28
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

4:38). Os discípulos estavam a ceifar num campo que


tinha sido cultivado durante muitos séculos por uma
longa sucessão de servos de Deus.
A terminologia que Paulo utiliza em Gálatas 6:15-16
ressalta esta distinção entre os antecedentes dos cren-
tes gentios e judeus. Para ambos, de igual modo, houve
um encontro pessoal com o Messias que transformou
as suas vidas. Para os Gentios, esta foi uma intervenção
direta de Deus, sem qualquer processo histórico ante-
rior de preparação. Mas para os Judeus, o encontro foi
o culminar de um processo histórico que tinha estado
a decorrer durante muitos séculos. Era, portanto, apro-
priado descrevê-los não apenas como Israel mas como O
Israel de Deus. A sua fé no Messias representava o cum-
primento do propósito que levara Deus a trazer Israel à
existência.
Contudo, devemos enfatizar que isso, de modo ne-
nhum significa que essa seja a utilização normal do ter-
mo Israel no Novo Testamento.

29
DEREK PRINCE

6
ISRAEL DISTINTO
DA IGREJA

Não é apenas o caso de Israel nunca ser usado no


Novo Testamento como sinónimo da Igreja. O oposto
é que é realmente verdade. Há diversas passagens em
que Israel identificam os Judeus que realmente rejeita-
ram Jesus e que, portanto, não podem ser considerados
membros da Sua Igreja.
Analisaremos algumas dessas passagens em Roma-
nos 11:

Pois quê? O que Israel buscava não o alcan-


çou; mas os eleitos o alcançaram e os outros
foram endurecidos. (v. 7)

Aqui, é óbvio que Israel é utilizado para descrever os


que não creram em Jesus o Messias e que, portanto, não
fazem parte da Igreja. No mesmo capítulo, Paulo diz de
Israel:

30
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

Digo pois: Porventura tropeçaram para


que caíssem? De modo nenhum, mas pela
sua queda veio a salvação aos gentios, para
os incitar à emulação. E se a sua queda é
riqueza do mundo e a sua diminuição a
riqueza dos gentios, quanto mais a sua ple-
nitude!
Porque convosco falo, gentios, que enquan-
to for apóstolo dos gentios, exalto o meu
ministério, para ver se de alguma maneira
posso incitar à emulação os da minha carne
e salvar assim alguns deles. (vs. 11-14)

Ao longo destes versículos, Paulo mantém um con-


traste consistente entre os Israelitas que rejeitaram Je-
sus e os Gentios que receberam a salvação através da fé
n’Ele. Assim, longe de Israel ser um nome para os cren-
tes gentios, Paulo utiliza o nome para os distinguir dos
crentes gentios!
Neste mesmo capítulo 11:

Porque não quero, irmãos, que ignoreis


este segredo (para que não presumais de
vós mesmos): que o endurecimento veio em
parte sobre Israel até que a plenitude dos
gentios haja entrado. (v. 25)

31
DEREK PRINCE

A mesma ignorância concernante ao plano de Deus


para com Israel contra a qual Paulo lutava há quase dois
mil anos atrás, ainda hoje persiste. No entanto, nesta
passagem é mais uma vez claro que Paulo coloca os Is-
raelitas incrédulos em contraste com os Gentios que se
tornaram crentes. Não são identificados com os Cristãos
gentios; são distinguidos deles.
Paulo conclui com esta maravilhosa afirmação no
versículo 26: “E assim todo o Israel será salvo”. Se Israel
fosse um sinónimo da Igreja, significando aqueles que
são salvos, essa afirmação seria ridícula. Paulo estaria a
dizer que aqueles que são salvos seriam salvos. Uma tal
interpretação deve, portanto, ser rejeitada.

32
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

7
QUEM É A IGREJA?

Esta análise da utilização de Israel no Novo Testa-


mento, não ficaria completa sem uma semelhante e bre-
ve análise da forma como o Novo Testamento usa a pa-
lavra “Igreja”. Hoje em dia, muita gente pensa na “igreja”
como uma estrutura física de madeira, tijolos ou pedra,
mas não é essa a utilização que o Novo Testamento faz
do termo.
No texto grego do Novo Testamento, a palavra geral-
mente traduzida por “Igreja” é eklesia. Refere-se a um
grupo de pessoas convocadas para um propósito espe-
cial. A palavra portuguesa que mais se lhe aproxima é
“assembleia”. Em Atos 19:32, 39 e 41, é a palavra usada
para descrever o corpo de cidadãos de Éfeso que foram
coletivamente considerados responsáveis pela condução
dos assuntos da cidade.
De igual maneira, segundo a utilização do Novo
Testamento, a “Igreja” é uma assembleia de pessoas cha-
madas da presente ordem mundial, para servirem Jesus
Cristo e serem por Ele preparados para se tornarem o

33
DEREK PRINCE

instrumento coletivo do governo, que Ele estabelecerá


nos tempos vindouros.
Em Efésios 1:22-23, Paulo descreve a Igreja como o
“Seu [de Cristo] corpo”. Vista a esta luz, a Igreja não é
uma organização mas um organismo.

A Igreja não é uma organização mas um organismo.

Cada membro deste corpo tem uma relação pessoal


de fé com Cristo, e através d’Ele com todos os outros
membros.
Ao longo dos séculos, contudo, este conceito tem
sido tão corrompido e distorcido que a Igreja, como é
hoje conhecida, apresenta pouca ou nenhuma seme-
lhança com o modelo original estabelecido no Novo
Testamento. Muitos dos que se consideram membros da
Igreja moderna, não possuem nenhuma relação viva e
pessoal com Cristo e são frequentemente inimigos de
outros Cristãos professos. Apenas uma pequena mino-
ria dos que são em geral chamados Cristãos são mem-
bros da Igreja que é descrita no Novo Testamento.
No meio de toda esta confusão, porém, a verdadeira
Igreja ainda se mantém na Terra. De acordo com o que
Paulo diz em 2 Timóteo 2:19:

34
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

Todavia, o fundamento de Deus fica firme,


tendo este selo. O Senhor conhece os que
são Seus e qualquer que profere o nome de
Cristo aparte-se da iniquidade.

Assim definida, a Igreja tem duas características dis-


tintas. Primeiro, Deus - e Deus apenas - conhece todos
quantos são verdadeiramente Seus. Segundo, a todo o
que se afirma como membro desta Igreja, se exige que
o demonstre na prática, através de uma vida de justiça
e santidade
Para a maioria dos Judeus, este retrato neotestamen-
tário da Igreja não é algo de real. Pensam na Igreja como
uma grande instituição, da mesma forma que um par-
tido político ou um grupo étnico, que durante muitos
séculos tem sido o principal instrumento e propagador
do anti-semitismo. Assim, a confusão produzida por Sa-
tanás relativamente à identidade de Israel, só é excedida
pela confusão que ele produziu relativamente à identi-
dade da Igreja.

35
DEREK PRINCE

8
ELEIÇÃO

Israel e a Igreja, quando corretamente interpretados,


possuem em comum um elemento de vital importância:
cada um deles é o produto do que os teólogos designam
de “eleição divina”. Dito de uma forma mais simples, isso
significa “a escolha de Deus”.
Muita da controvérsia a respeito de Israel tem a ver
com a questão da escolha de Deus. Se há algo que a
mente natural do homem, não regenerado, não gosta é
da revelação de que Deus escolheu certas pessoas. Pode-
mos em geral tolerar isso desde que acreditemos sermos
nós as pessoas que Deus elegeu. O nosso problema surge
quando Deus diz que escolheu pessoas que nós não terí-
amos escolhido! Para o humanista, a verdade da eleição
divina, é como agitar a proverbial capa vermelha diante
do touro.
Em Romanos 9:10-18, Paulo apresenta um exemplo
histórico de eleição retirado do Antigo Testamento - o
nascimento de Jacob e de Esaú. Os dois gémeos foram
concebidos pelo mesmo pai mas, antes de nascerem,
Deus declarou a Sua atitude face a cada um deles. Paulo

36
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

diz que o fez para demonstrar que a questão decisiva no


destino de uma pessoa não é o que ela faz, mas sim a
escolha de Deus.

A questão decisiva no destino de uma pessoa


não é o que ela faz, mas sim a escolha de Deus.

Esta nunca foi uma doutrina fácil para a mente car-


nal do homem receber.

E não somente esta, mas também Rebeca,


quando concebeu de um, de Isaque, nosso
pai, porque não tendo eles ainda nascido,
nem tendo feito bem ou mal (para que o
propósito de Deus segundo a eleição ficasse
firme, não por causa das obras mas por
aquele que chama), foi-lhe dito a ela: O
maior servirá o menor. Como está escrito:
Amei Jacob e odiei a Esaú.(vs. 10-13)

Antes dos irmãos terem ainda saído do ventre mater-


no, sem referência a qualquer coisa que tivessem feito,
Deus declarou a Sua escolha. O mais velho servir o mais
novo, era contrário às regras culturais aceites, do tempo.
Claramente a escolha de Deus não se baseava no caráter
ou boas obras de Jacob, uma vez que ele ainda não havia
sequer nascido. Por outro lado, qualquer boa ação que

37
DEREK PRINCE

subsequentemente surgisse na vida de Jacob era o fruto


da escolha de Deus.
Paulo sugere então a forma como muita gente prova-
velmente reagiria:

Que diremos pois? Que há injustiça da par-


te de Deus? De maneira nenhuma. Pois diz
a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me
compadecer e terei misericórdia de quem eu
tiver misericórdia.(vs. 14-15)

A misericórdia e a compaixão vêm da soberana de-


cisão de Deus.

A misericórdia e a compaixão vêm da soberana deci-


são de Deus.

Infelizmente, porém, a verdade da soberania de Deus


é raramente mencionada na Igreja contemporânea. Po-
demos definir a soberania de Deus dizendo que Deus
faz o que Ele quer, quando quer, da maneira que quer.
Ele não pede autorização a ninguém. (É isso que real-
mente perturba os humanistas. Ele não os consulta!)

Assim, pois, isto não depende do que quer,


nem do que corre, mas de Deus, que Se
compadece.(v. 16)

38
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

Todos os nossos esforços e todas as nossas boas obras


não são suficientes. Somos totalmente dependentes da mi-
sericórdia que Ele, livremente, dispensa a quem escolhe.
No versículo seguinte, Paulo passa do tema da mise-
ricórdia para o do julgamento:

Porque diz a Escritura a Faraó: Para isto te


levantei; para em ti mostrar o meu poder e
para que o meu nome seja anunciado em
toda a terra. (v. 17)

Faraó foi um governante particularmente ímpio e,


no entanto, foi ele quem Deus levantou. Deus fê-lo para
apresentar Faraó perante todas as gerações posteriores
como a declaração dos Seus juízos sobre os governantes
que se opõem aos propósitos e ao povo de Deus.
Paulo conclui esta secção enfatizando que é Deus
que, pela Sua própria decisão soberana, dispensa ou re-
tém a misericórdia na vida de cada pessoa.

Logo, pois, compadece-se de quem quer e


endurece a quem quer. (v. 18)

Precisamos sempre de recordar que Deus não deve


misericórdia a nenhum de nós. A misericórdia procede
unicamente da Sua graça. Mesmo que não manifeste mi-

39
DEREK PRINCE

sericórdia a nenhum de nós, mesmo assim Ele continua


a ser perfeitamente justo.
Quando Deus oferece a Sua misericórdia, impõe cer-
tas condições muito simples que nos cabe cumprir. Elas
encontram-se declaradas na mensagem do evangelho.
Contudo, o facto de as termos cumprido, não indica de
modo nenhum que a merecêssemos.

O facto de termos cumprido as Suas condições


de misericórdia não indica de modo nenhum
que a merecêssemos.

Por definição, nem a misericórdia nem a graça po-


dem jamais ser ganhas.

40
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

9
O REMANESCENTE ELEITO

Estes princípios de misericórdia e juízo aplicam-se,


universalmente, a toda a raça humana mas em Romanos
9, Paulo ilustra-os com o exemplo particular no modo
como Deus lidou com Israel. Ele revela que aqueles Is-
raelitas a quem Deus realmente tinha escolhido para Si
próprio seriam unicamente um remanescente de todo
o Israel.
É significativo que esta palavra remanescente (aque-
les que restam) se aplique a Israel nas Escrituras mais de
40 vezes. Em muitos dos exemplos, a referência aplica-
se ao período precisamente anterior ao términos da era
presente.
Em Romanos 9:27, Paulo cita uma profecia de Isaías
relativamente a Israel:

Ainda que o número dos filhos de Israel


seja como a areia do mar, o remanescente é
que será salvo.

41
DEREK PRINCE

A palavra “o” atrás da palavra “ remanescente” é impor-


tante. Denota um número preciso escolhido de entre Israel.
Em Romanos 11:1-4, Paulo volta a este tema de um
remanescente. Refere-se às condições de Israel durante
o período do ministério de Elias, quando Deus decla-
rou: “Reservei para mim sete mil varões que não dobra-
ram os seus joelhos a Baal”. Quando Deus diz: “Reservei
para mim”, enfatiza que estes sete mil foram reservados
por Deus na base da Sua graça, não das suas boas obras.
Era algo que eles não haviam merecido.
Paulo prossegue aplicando estas palavras à situação
de Israel dos seus dias:

Assim pois também agora neste tempo ficou


um remanescente, segundo a eleição da
graça. Mas se é por graça, já não é pelas
obras; de outra maneira, a graça já não é
graça. (vs. 5-6)

Paulo explica que a graça ultrapassa tudo quanto


possamos ganhar pelas boas obras.

A graça ultrapassa tudo quanto possamos


ganhar pelas boas obras.

De facto, a graça começa nas nossas vidas precisa-


mente onde a nossa própria capacidade atinge o seu li-

42
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

mite. O mesmo se passa com o remanescente de Israel.


A sua preservação deve-se à graça de Deus; não é algo
que tivessem merecido ou pudessem merecer.
Em Romanos 11:26, Paulo olha para o futuro para
um tempo em que “todo o Israel será salvo”. À luz do que
ele disse anteriormente sobre um remanescente, torna-
se claro que todo o Israel que será salvo será o remanes-
cente que Deus escolheu e que pela Sua graça reservou
para Si mesmo.
Muitas outras passagens dos profetas enfatizam que
aqueles a quem estas promessas de restauração são ou-
torgadas, constituem um remanescente. Por exemplo,
Sofonias 3:12-13, que é dirigido a Israel e a Jerusalém:

Mas deixarei no meio de ti um povo hu-


milde e pobre; e eles confiarão no nome do
Senhor.
O remanescente de Israel não cometerá
iniquidade, nem proferirá mentira e na sua
boca não se achará língua enganosa; por-
que serão apascentados e deitar-se-ão e não
haverá quem os espante.

O propósito final de Deus ao lidar com Israel, como


povo, é produzir esse remanescente. Por amor deles, Ele
pacientemente suportou a extraordinária impiedade
com que, ao longo de muitos séculos, o homem persis-

43
DEREK PRINCE

tentemente violou as leis de Deus e perverteu a terra.


Também permitiu as muitas dores e sofrimentos com
os quais se tem revelado necessário purificar os Seus es-
colhidos.
No fim de tudo isto, de que anda Deus à procura?
De um povo manso e humilde que confie no nome do
Senhor.
Eis um bom exemplo da forma em que Israel é um
modelo para a Igreja.
Que deseja Deus produzir na Igreja? Um povo man-
so e humilde que confie no Senhor.

Que deseja Deus produzir na Igreja? Um povo manso


e humilde que confie no Senhor.

O mesmo princípio é revelado em Zacarias 13:8-9


(embora subsista uma questão quanto ao contexto his-
tórico):

E acontecerá em toda a terra, diz o Senhor,


que as duas partes dela serão extirpadas e
expiarão; mas a terceira parte reterá dela.
E farei passar esta terceira parte pelo fogo
e a purificarei como se purifica a prata e a
provarei como se prova o ouro. Ela invocará
o meu nome e eu a ouvirei.

44
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

Direi: É o meu povo. E ela dirá: O Senhor é


meu Deus.

Uma vez mais, a Bíblia está a descrever o processo


destinado a produzir o remanescente que Deus esco-
lheu. Mesmo que implique refinar e testar pelo fogo,
Deus não cessará enquanto o Seu propósito não se rea-
lizar. Dois terços podem ser extirpados, mas o restante
terço será levado, através do fogo, ao conhecimento pes-
soal do Senhor como o seu Deus. Este é o remanescente
que desde a eternidade Deus estabeleceu no Seu cora-
ção. Esse remanescente será adequadamente chamado
“o Israel de Deus”.

45
DEREK PRINCE

10
A PECAMINOSIDADE
DE ISRAEL

Quando eu era um jovem pregador, deliciava-me a


salientar todas as faltas e inconsistências da Igreja. Mas
um dia percebi que isso não era de grande ajuda pois
pouco produzia de positivo. Nem exige inteligência
apontar as faltas da Igreja. Toda a gente o pode fazer.
Também não é preciso ser-se muito inteligente para
se apontarem as faltas de Israel. Alguém mostrou-me
uma cópia de um artigo recentemente publicado numa
revista cristã, salientando alguns dos pecados de Israel.
Não pude deixar de refletir que os profetas de Israel fi-
zeram um trabalho muito mais minucioso! Como pode
alguém acrescentar algo mais ao recital de pecados que
se encontra em Isaías 1:2?

Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, tu, ó terra; por-


que o SENHOR tem falado: Criei filhos, e
engrandeci-os; mas eles se rebelaram contra
mim.

46
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

O Hebraico enfatiza eles: “os filhos de que cuidei e


que eduquei são os que se rebelaram contra mim”.
Os versículos 4 a 6 retratam uma nação doente da
ponta dos cabelos até à sola dos pés; não há nela um
único lugar são.

Ai da nação pecadora, do povo carregado


de iniquidade, da semente de malignos, dos
filhos corruptores!
Deixaram o Senhor, blasfemaram do Santo
de Israel, voltaram para trás.
Porque seríeis ainda castigados se mais vos
rebelaríeis?
Toda a cabeça está enferma e todo o cora-
ção fraco.
Desde a planta do pé até à cabeça não há
nele coisa sã, senão feridas e inchaços e
chagas podres não espremidas, nem ligadas,
nem nenhuma delas amolecida com óleo.
(vs. 4-6)

Nos versículos 12 a 15, o Senhor declara que todos os


rituais religiosos de Israel não podem torná-lo agradável
aos Seus olhos, mas apenas provocar a Sua total rejeição.
Termina com estas palavras:

47
DEREK PRINCE

Por isso, quando estendeis as vossas mãos,


escondo de vós os meus olhos; e ainda que
multipliqueis as vossas orações, não as ou-
virei, porque as vossas mãos estão cheias de
sangue. (v.15)

O tema do pecado de Israel ocorre por todo o Isaías.


Por exemplo, nenhum escritor moderno seria capaz de
pôr por escrito um julgamento tão vívido e severo sobre
a nação como as palavras de Isaías 59:2-8:

Mas as vossas iniquidades fazem separação


entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados
encobrem o seu rosto de vós, para que não
vos ouça.
Porque as vossas mãos estão contaminadas
de sangue, e os vossos dedos de iniquidade;
os vossos lábios falam falsidade, a vossa
língua pronuncia perversidade.
Ninguém há que clame pela justiça, nem
ninguém que compareça em juízo pela
verdade; confiam na vaidade, e falam
mentiras; concebem o mal, e dão à luz a
iniquidade.
Chocam ovos de basilisco, e tecem teias de
aranha; o que comer dos ovos deles, morre-
rá; e, quebrando-os, sairá uma víbora.

48
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

As suas teias não prestam para vestes nem


se poderão cobrir com as suas obras; as suas
obras são obras de iniquidade, e obra de
violência há nas suas mãos.
Os seus pés correm para o mal, e se apres-
sam para derramarem o sangue inocente;
os seus pensamentos são pensamentos de
iniquidade; destruição e quebrantamento
há nas suas estradas.
Não conhecem o caminho da paz, nem há
justiça nos seus passos; fizeram para si ve-
redas tortuosas; todo aquele que anda por
elas não tem conhecimento da paz.

Acusações semelhantes encontram-se na maioria dos


outros profetas de Israel. E tudo isto é tanto mais signifi-
cativo, porque os mesmos profetas que descreveram de-
talhadamente os pecados de Israel, também profetizaram
com igual clareza e igual detalhe a restauração de Israel.
Se os profetas de Israel tivessem sido cegos, senti-
mentais e nacionalistas e houvessem passado por cima
dos pecados do seu povo, então poderíamos dizer que as
suas promessas de restauração não passavam de desejos
irrealistas. Mas como os mesmos profetas que promete-
ram restauração foram os mesmos que pronunciaram o
juízo, não vejo qualquer lógica ou consistência em acei-
tar os juízos e rejeitar as promessas de restauração.

49
DEREK PRINCE

11
A RESTAURAÇÃO
PREDITA DE ISRAEL

Os profetas de Israel, sem dúvida, fizeram promes-


sas claras e específicas de uma restauração de Israel que
ocorreria em duas fases: primeiro na sua terra e depois
junto do seu Deus. Apresento as coisas sempre por esta
ordem, porque vejo nas Escrituras que Deus Se propõe
trazer a maioria dos Judeus de regresso a terra não re-
dimido, não na fé, a fim de poder lidar com eles ali. É o
que Oséias 1:10 declara:

“...no lugar onde se lhes dizia:


Vós não sois meu povo, se lhes dirá:
Vós sois filhos do Deus vivo.

O lugar em que Deus disse: “Não sois meu povo” foi a


terra de Israel. Consequentemente, a restauração e acei-
tação dos Judeus por parte de Deus tem igualmente de
ocorrer na terra de Israel.
Há uma razão prática para isto que não é prontamen-
te apreciada na nossa versão ocidental contemporânea

50
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

do Cristianismo. Sob a influência de valores seculares,


transformámos a fé cristã primariamente numa ques-
tão de relacionamento individual da pessoa com o seu
Deus. A nossa ênfase é fundamentalmente na palavra
meu - meu Salvador, minha fé, minha igreja, meu minis-
tério, etc. Mas isso não representa precisamente a pers-
petiva bíblica.
Ao longo das Escrituras, Deus lida com indivíduos
no contexto de um grupo maior - uma família, uma co-
munidade, uma congregação, uma nação. Isto é ressal-
tado no relato da salvação do carcereiro de Filipos em
Atos 16:30-31. O carcereiro perguntou aos apóstolos:
“Que tenho eu de fazer para ser salvo?”
Contudo, na sua resposta inspirada, Paulo foi além
da necessidade individual do carcereiro: “Crê no Senhor
Jesus Cristo e serás salvo tu e toda a tua casa”. A salvação
que o Senhor ofereceu estendia-se além do carcereiro,
como indivíduo, e abraçava a sua casa inteira. Essa é a
norma bíblica. Deus lida regularmente com o indivíduo
no contexto de uma entidade maior.
Históricamente, essa tem sido, na verdade, sempre a
forma como Deus tem lidado com Israel. Relacionou-se
consistentemente com eles, não apenas enquanto indi-
víduos, mas enquanto povo, reunido por uma aliança
tanto com Deus como uns com os outros. É assim que
Deus intenta lidar com eles no final desta era - enquan-
to povo. Contudo, para fazer isso, é necessário reuni-los

51
DEREK PRINCE

de novo num único lugar. O local indicado tanto pela


lógica como pela Escritura é a sua própria terra - a terra
de Israel.
Uma outra promessa de restauração espiritual en-
contra-se em Isaías 45:17, 25:

Porém Israel é salvo pelo Senhor, com uma


eterna salvação; por isso não sereis en-
vergonhados nem confundidos em toda a
eternidade.
Mas no Senhor será justificada e se gloriará
toda a descendência de Israel.

Assim, tão simples! A palavra justificada significa


“contado como reto perante Deus”. A justiça ou retidão
de Israel ser-lhe-á imputada na base da fé, não das obras.
Assim tornar-se-ão verdadeiros descendentes espiritu-
ais do seu pai Abraão que “creu no Senhor e foi-lhe isso
imputado por justiça” (Génesis 15:6).
Quantos dos descendentes de Israel serão justifica-
dos desta maneira? Todos eles! Mas tenhamos em mente
que este, todos, será o remanescente.
Outra promessa da restauração de Israel encontra-se
em Jeremias 32:36-37:

E por isso agora diz o Senhor, o Deus de Is-


rael, acerca desta cidade, da qual vós dizeis:

52
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

Já está dada na mão do rei da Babilónia


pela espada e pela fome e pela pestilência.
Eis que eu os congregarei de todas as terras,
para onde os houver lançado na minha ira
e no meu furor e na minha grande indig-
nação; e os tornarei a trazer a este lugar e
farei que habitem nele seguramente.

Esta profecia certamente não se cumpriu com o re-


gresso parcial e temporário de Babilónia no tempo de
Zorobabel. Nem se pode aplicar de um modo signifi-
cativo à Igreja. No entanto, esta passagem de Jeremias
32 é apenas uma de muitas profecias que contêm todas
a mesma promessa da restauração final e total de Israel.
Ficamos, portanto, confrontados com apenas duas
conclusões: ou estas predições irão realizar-se no desti-
no de Israel ou Deus pronunciou profecias que nunca se
cumprirão. Em última análise, não é apenas o destino de
Israel que está em jogo. Há uma questão de importância
ainda maior que tem a ver com todos os crentes. É o
carácter fidedigno da própria Escritura.

53
DEREK PRINCE

12
A DESCRIÇÃO DA
RESTAURAÇÃO DE ISRAEL

Em Jeremias 32:38-42, Deus continua:

E eles serão o meu povo, e eu lhes serei o


seu Deus;
E lhes darei um mesmo coração, e um só cami-
nho, para que me temam todos os dias, para
seu bem, e o bem de seus filhos, depois deles.
E farei com eles uma aliança eterna de não
me desviar de fazer-lhes o bem; e porei o
meu temor nos seus corações, para que
nunca se apartem de mim.
E alegrar-me-ei deles, fazendo-lhes bem; e
plantá-los-ei nesta terra firmemente, com todo
o meu coração e com toda a minha alma.
Porque assim diz o SENHOR: Como eu
trouxe sobre este povo todo este grande mal,
assim eu trarei sobre ele todo o bem que
lhes tenho declarado.

54
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

Deus declara que trará sobre Israel todo o bem que


lhes prometera, da mesma maneira que trouxe sobre
eles a calamidade. A calamidade que lhes sobreveio foi
um facto histórico objetivo. Não foi apenas “metafórica”
ou “espiritual”.
Portanto, o bem que Deus trará sobre eles será de
igual modo história objetiva. Não será meramente “me-
tafórico” ou “espiritual”.
A terra em que Deus diz que “seguramente planta-
rá” o Seu povo não pode ser interpretada senão como a
terra de Israel. E se Deus faz isto com toda a Sua alma
e coração, quem poderá desfazer o Seu intento? Certa-
mente não será um líder palestiniano! Nem sequer as
Nações Unidas!
Em Jeremias 50:19-20, Deus continua a desvendar o
Seu plano de restaurar Israel:

E farei voltar Israel para a sua morada, e


ele pastará no Carmelo e em Basã, e se far-
tará nos outeiros de Efraim e em Gileade.
[Presentemente, Gileade faz parte do Es-
tado da Jordânia]. Naqueles dias, e naquele
tempo, diz o Senhor, buscar-se-á a iniqui-
dade em Israel, e não haverá; e o pecado em
Judá, e não se achará; pois perdoarei aos
que eu deixar de resto.

55
DEREK PRINCE

As palavras finais concordam com a promessa já ci-


tada de Isaías 45:25: “Todos os descendentes de Israel
serão justificados”. Para os que tiverem sido justificados
pela fé no Messias, não haverá registo de iniquidade ou
pecados.
As últimas palavras deixar de resto podem ser tradu-
zidas por reservar. Deus está dedicado a perdoar o rema-
nescente que pela Sua graça irá reservar.

Deus está dedicado a perdoar o remanescente


que pela Sua graça irá reservar.

Em Ezequiel 36:22-23, Deus revela um alvo funda-


mental da restauração de Israel: a Sua própria glória.

Diz portanto à casa de Israel: Assim diz o


Senhor DEUS: Não é por respeito a vós que
eu faço isto, ó casa de Israel, mas pelo meu
santo nome, que profanastes entre as nações
para onde fostes.
E eu santificarei o meu grande nome, que
foi profanado entre os gentios, o qual pro-
fanastes no meio deles; e os gentios saberão
que eu sou o SENHOR, diz o Senhor DEUS,
quando eu for santificado aos seus olhos.

56
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

A promessa de Deus em restaurar Israel não se ba-


seia em algo de bom que eles tenham feito, mas apenas
no facto de Deus poder ser glorificado através disso. Se
Israel merecesse perdão e preservação, não precisariam
da graça de Deus. Mas é apenas quando receberem a Sua
graça que podem restaurar-Lhe a glória que os seus pe-
cados Lhe roubaram.

Mas é apenas quando receberem a Sua graça


que podem restaurar-Lhe a glória que os seus
pecados Lhe roubaram.

As pessoas em geral dizem que os Judeus impeni-


tentes e incrédulos não serão permitidos regressar à sua
própria terra. Mas Deus diz que os trará primeiro e de-
pois começará a purificá-los dos seus pecados.

E vos tomarei dentre os gentios, e vos con-


gregarei de todas as terras, e vos trarei para
a vossa terra.
Então aspergirei água pura sobre vós, e
ficareis purificados; de todas as vossas
imundícies e de todos os vossos ídolos vos
purificarei.
E dar-vos-ei um coração novo, e porei den-
tro de vós um espírito novo; e tirarei da

57
DEREK PRINCE

vossa carne o coração de pedra, e vos darei


um coração de carne. (vs. 24-26)

Creio que este processo de mudança de um coração


de pedra para um coração de carne já começou a acon-
tecer! Tenho tido o privilégio de testemunhar, em pri-
meira mão, alguns dos seus aspetos. Deus revela que
esta mudança de coração preparará Israel para receber o
revestimento do Espírito Santo:

E porei dentro de vós o meu espírito e farei


que andeis nos meus estatutos e guardeis os
meus juízos e os observeis. E habitareis na
terra que eu dei a vossos pais e vós sereis o
meu povo e eu serei o vosso Deus.
(vs. 27-28)

Não há dúvidas quanto à terra que Deus deu aos an-


tepassados de Israel. Só há uma terra que corresponde
a essa descrição: a terra que é agora de novo conhecida
como “Israel”. É necessário enfatizar que esta promessa
descreve um regresso literal, histórico dos Judeus à sua
terra. Não podemos, com argumentação nenhuma, des-
fazer esta promessa. A Bíblia é a Palavra de Deus, e esta
promessa tem que ser cumprida!
Mas a restauração física na terra não é o alvo final.
É apenas um prelúdio necessário para o clímax, que é o

58
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

propósito final de Deus: a restauração ao próprio Deus.


“Sereis o meu povo e eu serei o vosso Deus”. Todos os
acontecimentos presentemente a ocorrer no Médio
Oriente estão a ser divinamente orquestrados para levar
a cabo este objetivo extremamente importante: a recon-
ciliação de Israel com o seu Deus.

Todos os acontecimentos presentemente


a ocorrer no Médio Oriente estão a ser
divinamente orquestrados para levar a cabo
este objetivo extremamente importante:
a reconciliação de Israel com o seu Deus.

Um pouco mais adiante, Deus de novo recorda ao


povo judeu que eles não fizeram nada para merecer a
sua restauração:

Não é por amor de vós que eu faço isto, diz


o Senhor Deus, notório vos seja; envergo-
nhai-vos e confundi-vos pelos vossos cami-
nhos, oh casa de Israel.(v. 32)

Em última análise, a raça humana inteira não tem


qualquer esperança do bem fora da misericórdia e da gra-
ça de Deus. Por definição, estas não podem ser ganhas.

59
DEREK PRINCE

A raça humana inteira não tem qualquer esperança


do bem fora da misericórdia e da graça de Deus.
Por definição, estas não podem ser ganhas.

É um princípio que se aplica tanto a Judeus como a


Gentios. Deus, contudo, escolheu fazer da restauração
de Israel uma grande e histórica demonstração desta
verdade perante todas as nações.

60
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

13
UM PEQUENO PEDAÇO
DE TERRA

Uma característica espantosa da revelação bíblica é a


proeminência dada a uma estreita faixa de terra na parte
leste do Mediterrâneo, originalmente conhecida como a
“terra de Canaã”. A maioria dos acontecimentos regista-
dos na Bíblia como história, ou preditos como profecia,
centram-se nesta terra. Em particular, é o foco de uma
série de declarações contidas no Salmo 105:7-11.
Esta passagem abre com uma declaração da suprema
autoridade de Deus sobre toda a terra:

Ele é o Senhor nosso Deus; Os Seus juízos


estão em toda a terra.(v. 7)

O Deus da Bíblia é Senhor sobre toda a terra. Os juí-


zos que Ele pronuncia não se aplicam apenas a uma na-
ção ou a um pequeno pedaço de terra. A Sua autoridade
estende-se a todas as nações e a toda a terra.

61
DEREK PRINCE

Contudo, Deus tem um compromisso especial, sin-


gular com uma família humana, descendente de Abraão.
Este compromisso vem resumido nos versículos 8-10:

Lembrou-se da sua aliança para sempre,


da palavra que mandou a milhares de ge-
rações.
A qual aliança fez com Abraão, e o seu ju-
ramento a Isaque.
E confirmou o mesmo a Jacó por lei, e a
Israel por aliança eterna. (vs. 8-10)

Que Escritura espantosa! Não conheço nenhuma


outra passagem que combine tantas palavras que ex-
pressem um compromisso tão solene de Deus: aliança,
palavra, mandamento, juramento, estatuto, aliança eter-
na. Não há linguagem utilizada na Bíblia que mais forte-
mente enfatize o compromisso total de Deus.
Cada aliança de Deus representa um compromisso
solene, mas este é descrito como uma aliança eterna. Per-
manece em vigor para sempre. Não pode ser revogado.
Mais ainda: manifesta-se não apenas pela Palavra de
Deus; é confirmado pelo Seu juramento. O escritor de
Hebreus diz-nos a razão de Deus ter feito este juramento:
“Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossí-
vel que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os
que pomos o nosso refúgio, em reter a esperança proposta”

62
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

(Hebreus 6:18). A primeira coisa imutável que Deus dá


é a Sua Palavra; a segunda é o Seu juramento.
A ênfase sem paralelo que o salmista aqui utiliza para
expressar o compromisso de Deus impele-nos natural-
mente a perguntar: em que é que tudo isto se centra?
Para quê todo este trabalho em expressar o Seu com-
promisso total? A resposta é dada no versículo seguinte:

Dizendo: A ti darei a terra de Canaã, a


região da vossa herança. (Salmo 105: 11)

Que significa tudo isto? Nunca li esta passagem sem


me espantar por o Deus Todo Poderoso, o Criador do
Universo, o Rei da Terra, ter passado por tudo isto para
assegurar o destino de um pedaço de território na mar-
gem leste do Mar Mediterrâneo. Deus atribui-lhe muito
mais importância do que a maioria de nós imagina!
Alguém mais também lhe atribui grande importân-
cia - o Diabo. É por isso que o Médio Oriente continua a
provocar tremendos conflitos.
Os versículos de Salmo 105 que acabámos de analisar
representam o título de propriedade da terra de Canaã.
Tal como um título de propriedade específica, a identi-
dade exata da pessoa que detém esse título, repare-se no
cuidado com que Deus nestes versículos garante que sa-
bemos a quem a terra está entregue. Refere-se à “aliança
que fiz com Abraão, o juramento a Isaque e confirmado...

63
DEREK PRINCE

a Jacob por estatuto, a Israel por aliança eterna”. Assim,


a aliança vai de Abraão por Isaque, não por Ismael, a
Jacob, cujo nome se tornou Israel.
Não sei como Deus poderia ter dito isto de modo
mais claro ou enfatizado de maneira mais decisiva. Uma
pessoa tem de possuir uma “carapaça teológica” para
não ver o que esta passagem está a declarar. E tenho de
acrescentar que acredito que é um insulto a Deus sugerir
que Ele não sabe dizer aquilo que tem em mente. Afi-
nal, essa é a implicação. Questionar esta passagem (ou
outras passagens similares) é, na verdade, estar a dizer:
“Deus, sei que disseste isto, mas acho que não estavas a
falar a sério”. Que é uma posição que eu não gostaria de
assumir!
Estudei pessoalmente as passagens em que Deus dá o
Seu juramento em confirmação da Sua Palavra. Concluí
que é a forma mais enfática de declaração divina forne-
cida na Bíblia. Se o Salmo 105 fosse a única passagem
da Escritura que registasse o juramento de Deus confir-
mando a Sua promessa de dar a terra de Canaã a Israel,
isso por si só seria suficiente para o aceitar sem questio-
nar. Mas Deus considerou este assunto tão importante,
que fez com que ocorresse em 47 locais da Bíblia4.
A par do Salmo 105, há 46 outros locais que decla-
ram que Deus Se comprometeu por juramento a dar a

4 P
 ara uma lista completa de todas as passagens relevantes, ver o Apêndice
II no final do livro.

64
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

terra de Canaã a Abraão, Isaque e Jacob e aos seus des-


cendentes. Certamente que esta é uma das maravilhas
não reconhecidas da Bíblia!
A passagem final que regista o juramento de Deus
relativamente à terra de Canaã é Ezequiel 47:14: “E vós
[os Israelitas] a [a terra] herdareis, tanto um como o ou-
tro, pois sobre ela levantei a minha mão para a dar a vos-
sos pais; assim que esta mesma terra vos cairá a vós em
herança”.
Sem qualquer dúvida, o contexto indica que o cum-
primento desta promessa se situa ainda no futuro. Isto
elimina qualquer sugestão que restrinja a aplicação do
juramento de Deus a acontecimentos que já ocorreram.
Pelo contrário, estende-se ao futuro sem qualquer limi-
te. Enquanto a terra continuar a existir o seu destino
será determinado pelo juramento de Deus.
À luz de todas estas Escrituras, é certamente surpre-
endente que alguém que aceite a autoridade da Bíblia
levante alguma dúvida. No artigo que atrás mencionei,
criticando Israel e avançando a teoria de que somos to-
dos Judeus, faz-se referência a uma passagem em Roma-
nos. Falando dos Israelitas, Paulo diz:

“...dos quais é a adopção de filhos e a glória


e as alianças e a lei e o culto e as promes-
sas.” (Rom. 9:4)

65
DEREK PRINCE

O autor desse artigo argumentava que como Paulo


fala das alianças e das promessas mas não faz qualquer
referência à terra, portanto o compromisso de Deus em
dar a terra a Israel deixa de ser relevante.
Para mim, este raciocínio - representativo de muitos
dentro da Igreja - está errado. Nas promessas, há incon-
táveis referências à terra, como já salientei, pelo que se
as promessas são para Israel, então a terra é para Israel.
Mais ainda: por aliança, Deus comprometeu-se com a
máxima clareza a dar essa terra a Israel; e as alianças,
segundo Paulo, permanecem válidos.
Assim, a conclusão de que a terra deixou de ser para
Israel tem de ser falsa. A terra está incluída tanto nas
promessas como nas alianças. De facto, quando Paulo
disse que as promessas e as alianças pertencem a Israel,
ele estava dizendo, com efeito, que em muitas maneiras
diferentes a terra é dado eternamente a Israel.

Em muitas maneiras diferentes a terra


é dado eternamente a Israel.

Outro argumento por vezes utilizado pelos Cristãos


é que Israel teve a sua oportunidade mas foi infiel e en-
ganou Deus. Portanto, dizem que Deus mudou de ideias
e as promessas dadas a Israel são agora para a Igreja.

66
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

Quando ouço esta teoria, percorro mentalmente de-


zanove séculos de história da Igreja. Vejo uma sucessão
infindável de heresia, apostasia, cupidez, imoralidade,
querelas e divisões contínuas, infindável luta pelo po-
der e pela proeminência. Vejo mesmo cristãos professos
sujeitando os seus irmãos cristãos à tortura e a mortes
cruéis em nome de Cristo.
Acrescente-se a tudo isto dezasseis ou mais séculos
de um hediondo anti-semitismo e não posso deixar de
me interrogar: quem tem sido mais infiel: Israel ou a
Igreja?
Se Deus mudasse de ideias sobre as Suas promessas
a Israel e pegasse no seu nome e o desse a outro gru-
po, certamente podia também mudar de ideias sobre as
Suas promessas feitas à Igreja cujo título daria a outro
grupo. Então, esta é uma questão importante para todos
os Cristãos a considerar.
Em última análise, a nossa confiança na misericórdia
de Deus baseia-se no Seu compromisso à sua Palavra e
às Suas alianças.

A nossa confiança na misericórdia de Deus


baseia-se no Seu compromisso à sua Palavra
e às Suas alianças.

67
DEREK PRINCE

Se Deus pode mudar esses compromissos e anular


essas alianças, ficamos sem qualquer segurança enquan-
to cristãos. Assim, as questões da identidade e destino
de Israel dizem respeito, não só aos Judeus mas também,
a todos os crentes gentios que vieram ao conhecimento
de Deus através da nova aliança em Jesus.

68
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

14
AS FRONTEIRAS DE DEUS

O Deus da Bíblia, que é o Deus de toda a terra, tem


um plano e um lugar para cada nação. Paulo declara aos
homens de Atenas em Atos 17:26:

E de um só sangue fez [Deus] toda a gera-


ção dos homens, para habitar sobre toda a
face da terra, determinando os tempos já
dantes ordenados, e os limites da sua habi-
tação; 

Se Deus determinou os lugares exatos onde as nações


devem viver e os tempos que aí devem viver, então tem
um lugar não só para Israel como para cada nação da
terra. Temos de manter em mente uma questão impor-
tante: o lugar que Ele tem para Israel não é oferecido a
qualquer outra nação.
Contudo, isso não significa que Árabes ou outras na-
cionalidades sejam excluídos do território atribuído a
Israel. Pelo contrário, através da história de Israel como
nação, Deus preparou sempre uma provisão específica

69
DEREK PRINCE

para pessoas de outras nações que vivessem entre eles,


aceitando tanto os privilégios como as responsabilida-
des que essa decisão implica.
Em Ezequiel 47:22-23, Deus ordena uma distribui-
ção da terra de Israel que ainda se situa no futuro. Aqui,
apresenta uma provisão específica para pessoas de ou-
tras nacionalidades que residam entre o povo de Israel e
que compartilhem todos os seus privilégios:

Será, porém, que a sorteareis para vossa


herança, e para a dos estrangeiros que ha-
bitam no meio de vós, que gerarão filhos no
meio de vós; e vos serão como naturais en-
tre os filhos de Israel; convosco entrarão em
herança, no meio das tribos de Israel.
E será que na tribo em que habitar o es-
trangeiro, ali lhe dareis a sua herança, diz o
Senhor DEUS.

Na verdade, Deus deu a terra a Israel através de uma


aliança irrevogável, mas escancarou a porta aos foras-
teiros de todas as outras nações para a compartilharem
com eles, desde que cumprissem todas as suas obriga-
ções.
Porém, a par desta provisão, Deus tem um lugar pró-
prio para os Árabes. No presente momento, as nações
árabes do Atlântico ao Golfo Pérsico têm uma popula-

70
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

ção de 170 milhões. Possuem uma massa de terras de


14 milhões de quilómetros quadrados. Israel controla
apenas 28.000 quilómetros quadrados.
Em 1917, a Declaração Balfour prometeu ao povo
judeu uma certa área geográfica que incluía a totalidade
do que é agora a Jordânia. Depois em 1922, por um gol-
pe de caneta, Winston Churchill criou, dividindo essa
área, um estado árabe chamado Transjordânia (mais
tarde rebatizado Jordânia). Por esse único ato, 78% da
área total destinada para lar nacional dos judeus foi
dado aos Árabes. Mais ainda: os Judeus não são livres
de viver na Jordânia, enquanto os árabes são livres de
habitarem em Israel.
Isso significa que o resto do território agora a oes-
te do Jordão constitui apenas 22% da herança original
oferecida aos Judeus. Mesmo nesta área, os Judeus têm
sido sujeitos a pressões e ataques constantes, tanto por
agitação política como por atos abertos de agressão.
Deus, contudo, alertou as nações do mundo de que
viria um tempo em que Ele lhes pediria contas pelas
ações praticadas em relação à terra de Israel. Em Joel
3:2, Ele declara:

Congregarei todas as nações, e as farei


descer ao vale de Jeosafá; e ali com elas
entrarei em juízo, por causa do meu povo,
e da minha herança, Israel, a quem elas

71
DEREK PRINCE

espalharam entre as nações e repartiram a


minha terra.

Em linguagem, contemporânea, “dividir a minha ter-


ra” chama-se partilha. Foi precisamente isso que as Na-
ções Unidas fizeram a 29 de Novembro de 1947, quando
votaram pela divisão da Palestina em duas áreas uma
para Judeus e outra para Árabes.

72
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

15
UM TEMPO
DE REALOJAMENTO

Os governos tanto do Reino Unido como dos Esta-


dos Unidos têm por vezes procurado influenciar a fixa-
ção da terra de Israel. Esta também tem sido sujeita a di-
versas resoluções das Nações Unidas. Contudo, nenhum
governo humano tem a última palavra sobre este assun-
to. Em última análise, no tempo indicado, cada nação da
terra ocupará o lugar que Deus lhe destinou.
O século vinte tem testemunhado muitos desenvol-
vimentos significativos relacionados com a manifesta-
ção do propósito de Deus em fixar as nações dentro das
fronteiras que Ele lhes destinou. No início do século, o
tempo de Deus chegara para o povo judeu regressar à
sua própria terra. O palco foi montado aquando da pri-
meira Conferência Sionista Mundial realizada em 1897.
Depois em 1917, um dos anos mais significativos,
Jerusalém foi libertada, pelo General Allenby, de 400
anos de domínio turco, a Declaração Balfour foi assi-
nada pelo governo britânico e nasceu o primeiro estado
oficialmente ateu - isto é, a União Soviética. Todos estes

73
DEREK PRINCE

acontecimentos estavam de um modo ou de outro re-


lacionados com o programa de Deus para o culminar
desta presente era.
Contudo, ao analisarmos a História, torna-se claro
que os Judeus, na sua maioria, não queriam regressar
à Palestina. Uma minoria estava ansiosamente compro-
metida a isso, mas se a decisão fosse deixada aos judeus,
poucos deles teriam regressado. Parecia que o propósito
de Deus ficaria frustrado.
Mas então deu-se o Holocausto! As nossas mentes
agitam-se ante a sua agonia e horror, mas no fim ser-
viu os propósitos de Deus. Nada mais teria conseguido
arrancar as comunidades judaicas da Europa, onde se
tinham estabelecido e vivido durante centenas de anos.
Foi a pressão do Holocausto que os impeliu a virar o
rosto uma vez mais para a sua própria terra.
Estes eventos ilustram dois lados opostos do carác-
ter de Deus. Ele é ilimitadamente fiel no Seu amor e, no
entanto, se for necessário, rude em levar a cabo os Seus
propósitos predeterminados.

Deus é ilimitadamente fiel no Seu amor e,


no entanto, se for necessário, rude em levar
a cabo os Seus propósitos predeterminados.

74
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

Em Jeremias 31:3, Deus fala a Israel e diz: “Sim,


amei-te com um amor eterno...” Foi este amor que trans-
formou a impiedade humana do Holocausto na ocasião
do renascimento de Israel como nação. Deus assim
cumpriu a Sua promessa em Oséias 2:15: “E lhe [a Is-
rael] darei... o vale de Acor [perturbação] como porta de
esperança”.

75
DEREK PRINCE

16
DEUS É INJUSTO?

Muitas pessoas afirmam que a restauração de Isra-


el à sua própria terra produziu injustiça. Mesmo alguns
cristãos sinceros defendem este ponto de vista. A Bíblia,
contudo, enfatiza que Deus é incapaz de injustiça. Em
Deuteronómio 32:3-4, nas palavras finais a Israel, Moi-
sés declarou:

Porque apregoarei o nome do SENHOR;


engrandecei a nosso Deus.
Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque
todos os seus caminhos justos são; Deus é
a verdade, e não há nele injustiça; justo e
reto é.

Alguém já comparou a nossa visão da história a uma


pessoa a mirar o reverso de uma tapeçaria oriental. As
diferentes e variadas formas e cores parecem confusas e
em nada atrativas. Mas quando se vira a tapeçaria para o
seu lado correto, a sua verdadeira beleza pode ser então
apreciada.

76
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

O mesmo se passa com a manifestação dos propó-


sitos de Deus na história. Do nosso ponto de vista ter-
reno, é difícil discernir o padrão que Deus está a tecer.
Frequentemente tudo parece confuso e sem significado.
Mas quando somos capazes de o apreciar sob uma pers-
petiva celeste, concordamos com Moisés: “A Sua obra é
perfeita e todos os Seus caminhos justos”.
Isto não serve para negar que, ao nível humano, tenha
havido atos de injustiça praticados pelas diversas fações
envolvidas no retorno de Israel à sua terra. Tem havido
também grande sofrimento por parte de muita gente.
Porém, de todas as fações envolvidas, nenhuma tem
sofrido tanto como os Judeus. Depois de seis milhões te-
rem perecido no Holocausto, um minúsculo remanescen-
te tem tido de enfrentar mais de 40 anos de uma luta de
vida e morte para poder sobreviver na sua própria terra.
Eu próprio experimentei, em primeira mão, pelo me-
nos em alguma pequena medida, tanto a injustiça como
o sofrimento que acompanharam o renascimento do
Estado de Israel. Durante o conflito que rebentou nesse
período, a minha primeira esposa e eu estávamos a viver
em Jerusalém com a nossa família adotada de oito me-
ninas. Destas, seis eram judias, uma árabe palestiniana
e uma inglesa. As suas idades variavam entre os 20 e os
5 anos. Duas vezes em poucos meses, tivemos de fugir
da nossa casa com toda a família a meio da noite levan-

77
DEREK PRINCE

do connosco apenas aquilo que podíamos transportar


à mão.
Na primeira ocasião, as nossas vidas foram ameaça-
das por um destacamento de soldados da Legião Árabe.
Era a força armada oficial da Jordânia e uma das forças
de segurança em Jerusalém, dessa altura, teoricamente
responsável pela salvaguarda dos residentes da cidade.
Às sete horas da noite soubemos que um grupo destes
soldados estava a planear atacar a nossa casa à meia noi-
te e violar e/ou assassinar as nossas meninas judias. A
nossa família inteira às nove horas da noite pôs-se a ca-
minho e nunca mais regressou àquela casa.
Nessa altura, a minha família e eu tornámo-nos refu-
giados. Certamente que não sofremos tanto como mui-
tos, mas mesmo assim tive a experiência em primeira
mão, tanto da injustiça como do sofrimento. Mas culpar
Deus de injustiça por causa disso seria um erro.
O problema é que, sob a influência da filosofia huma-
nista, a nossa sociedade ocidental contemporânea abra-
çou uma visão pervertida e desequilibrada das relações
humanas.
A questão é abordada em Mateus 22:36-39 quando
um escriba pergunta a Jesus:

Mestre, qual é o grande mandamento na


lei? Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu
Deus de todo o teu coração e de toda a tua

78
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

alma e de todo o teu pensamento. Este é o


primeiro e grande mandamento. E o segun-
do, semelhante a este é: Amarás o teu próxi-
mo como a ti mesmo.

Aqui, vemos que Deus exige de nós duas dimensões


do amor - uma vertical e a outra horizontal. A dimen-
são vertical é o amor por Deus: a dimensão horizontal é
amar o nosso próximo. Mas a dimensão vertical vem em
primeiro lugar: a horizontal em segundo.
Mais ainda, a relação horizontal depende da vertical.
Se não amamos Deus acima de tudo, o nosso amor pelo
próximo nunca será aquilo que Deus de nós exige.

Se não amamos Deus acima de tudo,


o nosso amor pelo próximo
nunca será aquilo que Deus de nós exige.

O mesmo é verdade a respeito da justiça. Sob uma


perspetiva bíblica, há duas dimensões de justiça: uma
vertical e outra horizontal. A dimensão vertical define
os direitos que Deus tem, enquanto Criador, sobre toda
a raça humana. A horizontal lida com os direitos que os
homens têm sobre o seu próximo.
É típico da abordagem secular vulgar a estas questões
que a dimensão vertical da justiça seja com frequência

79
DEREK PRINCE

completamente ignorada. Infelizmente, muitos cristãos


professos têm sido influenciados por esta forma secu-
lar de pensar. Apesar de tudo, a verdadeira justiça exige
que, primeiro reconheçamos os direitos que Deus tem
sobre todos os homens, e só depois disso os direitos que
temos sobre o nosso próximo ou que os outros tenham
sobre nós.

A verdadeira justiça exige que, primeiro reconhe-


çamos os direitos que Deus tem sobre todos os ho-
mens, e só depois disso os direitos que temos sobre
o nosso próximo ou que os outros tenham sobre nós.

Como já vimos, um direito fundamental que Deus


como Criador tem sobre todas as nações é determinar
as zonas que Ele distribuiu a cada uma para aí habita-
rem. Enquanto os homens se recusarem a reconhecer
este justo direito de Deus sobre eles, nunca conhecerão
a verdadeira justiça ou a verdadeira paz.
Em Atos 17:31, falando a uma audiência gentia em
Atenas, Paulo declarou que a ressurreição de Jesus de
entre os mortos assinalou-O como o juiz e governan-
te apontado por Deus, a quem todos os homens devem
prestar contas:

80
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

Porquanto tem [Deus] determinado um dia


em que com justiça há de julgar o mundo,
por meio do homem que destinou; e disso
deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre
os mortos. 

Marcus Dodd, um antigo professor de História da


Universidade de Cambridge, afirmou certa vez: “A res-
surreição de Jesus Cristo é um dos factos melhor atesta-
dos da história humana”. Como Deus atestou Jesus, Ele
exige que todos os homens se submetam à Sua autorida-
de. Esta é a principal dimensão vertical da justiça.
Quando os povos do Médio Oriente tiverem reco-
nhecido a reivindicação de Deus sobre a sua submissão
a Jesus, o caminho abrir-se-lhes-á para alcançarem uma
paz justa uns com os outros. Entretanto, as negociações
políticas podem produzir no melhor, uma paz temporá-
ria, superficial. Contudo, a verdadeira justiça e paz du-
radoura só chegará ao Médio Oriente quando o Messias
reinar.

81
DEREK PRINCE

17
PRIMEIRO O JUDEU,
DEPOIS O GENTIO

O relato do Holocausto, que teve um profundo efeito


no destino de Israel, também levanta perguntas vital-
mente importantes para outras secções da raça humana.
Se Deus permitiu que a tribulação do Holocausto
viesse sobre os Judeus, Seu povo escolhido, impedirá a
manifestação de uma tribulação de igual severidade so-
bre os Gentios que têm um tão longo registo de maus
tratos e perseguição contra os Judeus? Igualmente, se
Deus permitiu que o Holocausto arrancasse os Judeus
da Europa para ficarem alinhados com o Seu propósito,
que permitirá Ele que aconteça à Igreja se ela, por seu
lado, persistir em recusar cumprir o plano revelado que
Deus tem para ela?

82
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

Se Deus permitiu que o Holocausto arrancasse


os Judeus da Europa para ficarem alinhados
com o Seu propósito, que permitirá Ele que
aconteça à Igreja se ela, por seu lado,
persistir em recusar cumprir o plano revelado
que Deus tem para ela?

Em Romanos 2, Paulo esquematiza uma certa or-


dem em que Deus lida com a humanidade:

O qual [Deus] recompensará cada um se-


gundo as suas obras, a saber: a vida eterna
aos que, com perseverança em fazer bem,
procuram glória e honra e incorrupção;
mas a indignação e a ira aos que são con-
tenciosos e desobedientes à verdade e obe-
dientes à iniquidade; tribulação e angústia
sobre toda a alma do homem que obra o
mal; primeiro do judeu e também do grego;
glória, porém, e honra e paz a qualquer que
obra o bem; primeiramente ao judeu e tam-
bém ao grego. (vs. 6-10)

Deus ministra tanto a bênção como o juízo numa


certa ordem: primeiro ao Judeu e também ao gentio. Ele
deleita-se em derramar bênçãos, mas é lento a adminis-

83
DEREK PRINCE

trar juízo. Apesar de tudo, a desobediência persistente


acabará em última instância por provocar o Seu juízo.

Deus deleita-se em derramar bênçãos,


mas é lento a administrar juízo. Apesar de tudo,
a desobediência persistente acabará em última
instância por provocar o Seu juízo.

Os Cristãos estão prontos a aplicar este princípio aos


Judeus, mas precisamos de nos interrogar: como é que
se aplica à Igreja?
O amor de Deus pela Igreja, tal como o Seu amor
por Israel, é eterno. Ele tem um plano para a Igreja que
implica tremenda bênção e privilégio. Contudo, presen-
temente, uma grande parte da Igreja militante não está
submetida nem anda segundo o plano de Deus.
Em Mateus 28:19-20 e Marcos 16:15, Jesus ordenou
aos Seus seguidores que fossem por todo o mundo e fi-
zessem discípulos de entre todas as nações. Este manda-
mento nunca foi revogado nem foi dirigido a uma pe-
quena fração da Igreja; foi dirigido a toda a Igreja.
Há muitas formas diferentes por meio das quais os
Cristãos podem desempenhar o seu papel no cumpri-
mento deste mandamento, mas a responsabilidade ge-
ral deve ser compartilhada por toda a Igreja. Envolve as
nossas orações, as nossas finanças, as nossas atividades

84
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

e cada prioridade da nossa vida. Nenhum Cristão está


isento.
Quando estivermos perante o trono do julgamento
de Cristo, cada um de nós deve estar preparado para dar
uma resposta pessoal à pergunta: que parte desempe-
nhou no cumprimento de ver o evangelho do Meu reino
proclamado a todas as nações?
No entanto, neste tempo presente provavelmente
menos de cinco por cento da Igreja está dedicada, de
alguma forma significativa, a proclamar o evangelho do
reino a todas as nações. Se desafiados a este respeito, os
cristãos provavelmente apresentarão uma variedade de
diferentes respostas. Eis apenas algumas das que pode-
mos ouvir por aí:

– Eu sei que Deus me chamou para África,


mas casei-me agora e quero constituir fa-
mília...–
– Gostava de poder dar para esta obra, mas
tenho tantas dívidas, as prestações da hipo-
teca são altas e depois temos as letras do
carro e também precisamos de um vídeo
para ver as cassetes de estudos bíblicos...–
– A minha irmã está sempre a orar mas
também ela tem tempo. Eu estou demasia-
do ocupado com o meu emprego e com as
aulas noturnas...–

85
DEREK PRINCE

Algumas destas respostas parecem ecos dos motivos


que os Judeus poderiam ter dado por continuarem a vi-
ver na Alemanha depois de Hitler haver subido ao po-
der em 1933. O enganoso apelo do conforto e da segu-
rança cegou-os para as claras indicações dos esquemas
diabólicos de Hitler contra os Judeus e mesmo para os
alertas dos seus próprios profetas.
Por exemplo, Deus tinha dito relativamente a eles em
Jeremias 16:15-16:

Vive o Senhor, que fez subir os filhos de


Israel da terra do norte e de todas as terras
para onde os tinha lançado; porque eu os
farei voltar à sua terra que dei a seus pais.
Eis que mandarei muitos pescadores, diz o
Senhor, os quais os pescarão; e depois en-
viarei muitos caçadores, os quais os caçarão
sobre todo o monte e sobre todo o outeiro e
até nas fendas das rochas.

Tudo isto cumpriu-se com exatidão nos anos poste-


riores a 1933. Primeiro, Deus enviou “pescadores” - ho-
mens como Zeev Jabotinsky, um dos primeiros pionei-
ros judeus na Palestina - que alertou os Judeus da Ale-
manha: “Não há futuro para vós aqui. Voltai para a vossa
própria terra enquanto as portas ainda estão abertas”.

86
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

No entanto, os líderes judeus da Alemanha não liga-


ram a tais alertas e insistiram em manter que podiam
continuar a viver ali seguros e prósperos. Na altura em
que reconheceram os factos reais relativamente às in-
tenções de Hitler, as portas da fuga fecharam-se para a
maioria deles.
Afinal, no cumprimento do Seu alerta profético,
Deus libertou os “caçadores” - os Nazis - que literal-
mente os “caçaram sobre todo o monte e sobre todo o
outeiro e até nas fendas das rochas”. Em última análise,
pereceram seis milhões de Judeus europeus.
Agora, é relativamente fácil para os cristãos crentes
na Bíblia ver como os alertas de Deus para o povo judeu
se cumpriram literalmente. Contudo, temos de recordar
que Deus não tem favoritos pessoais. Os princípios da
Sua justiça são os mesmos para os Cristãos como os são
para os Judeus. Deus disse a Israel - através do mesmo
profeta Jeremias - “Amei-te com um amor eterno” (Je-
remias 31:3). No entanto, o Seu amor por Israel não O
levou a suster os juízos que Ele tinha previamente pro-
nunciado sobre eles, através da boca do mesmo profeta.
Deus ama a Igreja também, com um amor eterno,
mas o Seu amor não cancela nenhum dos mandamentos
que Ele deu no Novo Testamento. Ele deseja da Igreja
voluntariedade, obediência real a estes mandamentos.
Mas se Ele não receber este tipo de obediência, pode ar-

87
DEREK PRINCE

ranjar outra forma para levar a Igreja a alinhar com a


Sua vontade.
Neste tempo, a Igreja parece estar a seguir o mesmo
curso perigoso que os Judeus da Alemanha quando Hi-
tler subiu ao poder. Incontáveis cristãos modernos estão
tão enredados pela ilusão do conforto e segurança que
estão a ignorar o mandamento de Jesus de levar o Evan-
gelho do Seu reino a todas as nações.
É possível que Deus permita que algo de equiva-
lente a um holocausto sobrevenha sobre a Igreja que,
teimosamente, persiste em ignorar os Seus manda-
mentos e alertas?
Para mim pessoalmente, esta não é uma mera ques-
tão teológica. É uma questão muito real e urgente a que
todos nós precisamos de responder.

88
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

18
A ELEIÇÃO E A IGREJA

Já vimos que a forma de Deus lidar com Israel é a


expressão da Sua soberana decisão, não tomada na base
das obras. Em particular, o apóstolo Paulo enfatiza que
Deus rejeitou Esaú e escolheu Jacob enquanto ambos
ainda se encontravam no ventre materno, a fim de de-
monstrar que a base do Seu lidar com as nações é Sua
opção soberana. Os Cristãos gentios por vezes têm difi-
culdade em aceitar este princípio, especialmente quando
se coloca a ênfase na escolha que Deus fez dos Judeus.
Apesar de tudo, uma análise cuidadosa do Novo Tes-
tamento revela que exatamente o mesmo princípio se
aplica aos cristãos gentios. De facto, aplica-se a todos os
crentes, independentemente dos antecedentes nacionais
ou raciais. Cada verdadeiro crente em Jesus Cristo foi
divinamente eleito (escolhido). Caso contrário, nunca
teria sido nem poderia ter sido um crente.

89
DEREK PRINCE

Cada verdadeiro crente em Jesus Cristo


foi divinamente eleito (escolhido). Caso contrário,
nunca teria sido nem poderia ter sido um crente.

Algumas secções da Igreja não reconhecem isto.


Essas secções da Igreja que reconhecem são frequente-
mente encaradas com suspeita. Isto em parte pode de-
ver-se ao facto de que, embora estes crentes abraçassem
esta importante verdade, a tenham por vezes enfatizado
ao ponto de haverem ignorado outras verdades igual-
mente importantes. Desta forma, levaram uma verdade
particular a extremos não bíblicos.
Creio que há um maior desequilíbrio em ignorar a
soberania de Deus e a escolha divina do que em enfati-
zá-las em excesso. De facto, uma grande parte da super-
ficialidade e presunção do Cristianismo contemporâneo
deve-se ao facto de não compreendermos a origem divi-
na e eterna da nossa salvação.
Somos Cristãos não porque escolhemos Deus mas
porque Deus nos escolheu. Em muito do ensino con-
temporâneo, ficamos com a sensação de que a salvação
depende inteiramente do facto de termos sido nós a to-
mar a decisão certa, quando isso é secundário. A salva-
ção depende da decisão que Deus já tomou. Qualquer
decisão que tomemos é meramente uma resposta à de-

90
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

cisão que Deus já assumiu. Mais ainda: Ele tomou essa


decisão antes de haver criado o mundo.
Por outras palavras, o princípio da eleição divina,
que já vimos aplicado a Israel, aplica-se de igual modo
à Igreja. Deus não tem outro princípio. Ele nunca apoia
ou abençoa qualquer decisão ou programa que Ele pró-
prio não tenha iniciado.

Deus nunca apoia ou abençoa qualquer decisão


ou programa que Ele próprio não tenha iniciado.

Muitos cristãos estariam menos inseguros se compre-


endessem que as suas vidas são produto de um plano que
foi concebido na eternidade, antes da criação ocorrer.
Há um certo número de Escrituras do Novo Testa-
mento que, assumidas em conjunto, revelam este prin-
cípio da eleição divina. Primeiro, em João 15:16, Jesus
está a falar aos Seus discípulos:

Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos


escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades
e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a
fim de que tudo quanto em meu nome pe-
dirdes ao Pai ele vo-lo conceda.

91
DEREK PRINCE

Os apóstolos não se tornaram seguidores de Jesus


porque houvessem feito a escolha certa. Não foram eles,
mas sim Jesus que fez a escolha. Este princípio aplica-se
a todos os crentes a quem Deus chama para Seu serviço.
Em 2 Timóteo 1:8-9, Paulo diz que Deus “nos salvou e
nos chamou com uma santa vocação, não segundo as
nossas obras, mas segundo o Seu próprio propósito e
graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes da fundação
do mundo...”
O processo da eleição divina é revelado com maior
detalhe em Romanos 8:29-30:

Porque os que dantes conheceu, também os


predestinou para serem conformes à ima-
gem de Seu Filho, a fim de que Ele seja o
primogénito entre muitos irmãos. E aos que
predestinou, a estes também chamou; e aos
que chamou a estes também justificou; e
aos que justificou a estes também glorificou.

Esta passagem contém uma sucessão de verbos no


passado: conheceu, predestinou, chamou, justificou,
glorificou. Eles salientam o único caminho que conduz
à glória de Deus. Os dois primeiros estágios - conheceu
e predestinou - ocorreram na eternidade antes do tempo
começar.

92
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

Todo o processo teve a sua origem no pré-conheci-


mento de Deus. Desde a eternidade, Ele conheceu cada
um de nós. Nesta base, Ele predestinou-nos, ou seja, Ele
planeou o curso que as nossas vidas tomariam.
Pessoalmente, estou muito grato por isto. Só na eter-
nidade ficarei a saber do que é que Deus me salvou - se
eu tivesse tentado dirigir a minha vida. Ainda mais im-
portante, a eternidade revelará o fruto que brotou por
ter procurado seguir o plano de Deus e obedecer às Suas
instruções.
A primeira epístola de Pedro lança mais luz sobre
este processo. É, contudo, importante reconhecer que
esta epístola é dirigida aos “peregrinos da Dispersão”
(1 Pedro 1:1). A palavra “dispersão” (em Grego, diás-
pora) era regularmente utilizada em referência específi-
ca aos Judeus que viviam fora da terra de Israel. Assim,
esta epístola (juntamente com a de Hebreus, Tiago e 2
Pedro) é dirigida fundamentalmente aos crentes judeus.
Contudo, a verdade que apresenta aplica-se igualmente
a todos os crentes.

Aos estrangeiros dispersos no Ponto, Galá-


cia, Capadócia, Ásia e Bitínia, eleitos se-
gundo a presciência de Deus Pai...

Em Português moderno, eleitos significa escolhidos.


Assim, Pedro desvenda mais um estágio do processo

93
DEREK PRINCE

que ocorreu na eternidade: Deus escolheu-nos. Se com-


binarmos estas palavras de Pedro com as de Paulo em
Romanos 8:29-30, descobrimos que há realmente três
estágios que pertencem à eternidade, antes do tempo
começar: Deus conheceu-nos; Ele escolheu-nos; Ele pre-
destinou-nos.
Esta revelação da presciência de Deus é necessária
para completar a revelação da Sua opção. Sem isso, po-
demos concluir que a opção de Deus é puramente arbi-
trária. Mas não é assim. A Sua escolha de cada indivíduo
procede da Sua presciência. Ele conhece exatamente o
que pode fazer de cada vida.
Muitas vezes uma pessoa que é chamada por Deus
para uma tarefa especial sente-se inteiramente inade-
quada - como aconteceu com Moisés, Gideão, Jeremias
e muitos outros. Há uma tentação em responder: “Mas,
Deus, eu não consigo fazer isso!”
Contudo, Deus já deu a Sua resposta na Escritura:
“Conheci-te antes da criação do mundo. A minha es-
colha e a minha chamada baseiam-se no conhecimento
que tenho de ti. Sei melhor do que tu o que posso fazer
de ti e por isso preparei o curso da tua vida”.
As pessoas podem reagir de maneiras diferentes a
esta revelação da Palavra de Deus. A minha própria res-
posta é o oposto do orgulho ou presunção. Tenho um
sentimento de reverência da minha responsabilidade
pessoal. A minha maior preocupação é cumprir o plano

94
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

que Deus preparou para mim na eternidade. Começo a


identificar-me com as palavras de Jesus em João 4:34: “A
minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou,
e realizar a sua obra.”
Por outro lado, o meu sentimento de responsabilida-
de é equilibrado pela maravilhosa garantia de 1 Tessalo-
nicenses 5:24: “Fiel é o que vos chama, o qual também o
fará”. O resultado é um reconhecimento da dependên-
cia, momento a momento, da graça toda suficiente de
Deus.
Alguns que lêem isto podem querer aplicar esta ver-
dade à sua própria vida e, no entanto, sentirem-se impe-
didos por um sentimento da sua própria inadequabili-
dade. A todos esses daria uma palavra de encorajamento
baseada em mais de cinquenta anos ao serviço do Se-
nhor: Tira os olhos de ti e da tua própria capacidade e
confia-te à omnipotência de Deus.
O salmista David também tem uma palavra de con-
selho para nós:

Entrega o teu caminho ao Senhor, confia


n’Ele e Ele o fará.(Salmo 37:5)

Por experiência, posso testificar: resulta!

95
DEREK PRINCE

19
NÃO ESFORÇO, MAS UNIÃO

Em Efésios 1, Paulo enfatiza que, enquanto cristãos,


fomos escolhidos por Deus desde a eternidade:

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor


Jesus Cristo, o Qual nos abençoou com
todas as bênçãos espirituais nos lugares
celestiais em Cristo. Como também nos
elegeu n’Ele antes da fundação do mundo,
para que fôssemos santos e irrepreensíveis
diante d’Ele em amor. E nos predestinou
para filhos de adopção por Jesus Cristo para
Si mesmo, segundo o beneplácito da Sua
vontade. (vs. 3-5)

Paulo continua no versículo 11:

N’Ele, digo, em quem também fomos feitos


herança, havendo sido predestinados, con-
forme o propósito d’Aquele que faz todas as
coisas, segundo o conselho da Sua vontade.

96
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

Note-se a sequência de verbos no passado: Ele esco-


lheu-nos, predestinou-nos, fomos predestinados... Tudo
isto está “conforme o propósito d’Aquele que faz todas
as coisas, segundo o conselho da Sua vontade”. Não há
referência à opção humana ou ao mérito humano. Em
todo o processo, desde a eternidade e durante o tempo,
a iniciativa procede de Deus.
O propósito final a ser alcançado é que “vivamos san-
tos e irrepreensíveis diante d’Ele em amor”. Como pode
algum de nós aspirar a alcançar isto pelos seus próprios
esforços?
Um dos grandes inimigos da verdadeira santidade é
a atividade religiosa.

Um dos grandes inimigos da verdadeira


santidade é a atividade religiosa.

A chave do sucesso cristão não é o esforço - é a união.


Jesus disse: “Eu sou a videira, vós sois as varas” (João
15:5). Haverá algum ramo de videira a fazer um grande
esforço em produzir uvas? Isso seria ridículo. As varas
produzem uvas porque a seiva passa pelo tronco em
direção aos ramos. Nessa simples parábola, temos um
maravilhoso quadro das três Pessoas da Deidade: o Pai
é o lavrador; Jesus é a videira; e o Espírito Santo é o ali-
mento vital da videira.

97
DEREK PRINCE

A chave de uma vida frutífera é permanecer em


Jesus, sabendo que Deus fará acontecer na nossa vida
aquilo que Ele já determinou.

A chave de uma vida frutífera é permanecer


em Jesus, sabendo que Deus fará acontecer
na nossa vida aquilo que Ele já determinou.

Essa é a verdadeira santidade do Novo Testamento.


Esta breve análise da doutrina da eleição (escolha de
Deus) no Novo Testamento salienta um ponto impor-
tante que tem sido frequentemente desprezado: a base
em que Deus lida com a Igreja é exatamente a mesma
base em que Ele lida com Israel. Em cada caso, é Deus
que sabe com antecipação, é Deus quem escolhe, é Deus
quem predestina.
Os cristãos que objetam ao ensino de Deus ter feito
uma escolha irreversível de Israel têm minado - sem o
perceber - a base do seu próprio relacionamento com
Deus. Em última análise, Israel e a Igreja estão ambos
igualmente dependentes do favor grátis e imerecido de
Deus, expresso na Sua escolha e chamada. As palavras
de Paulo em Romanos 11:29 (ARA) aplicam-se igual-
mente a Judeus e a cristãos: “os dons e a vocação de Deus
são irrevogáveis”.

98
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

20
A IGREJA SERÁ TAMBÉM
UM REMANESCENTE?

Em Romanos 11:26, Paulo diz: “Todo o Israel será


salvo”. Mas anteriormente, em Romanos 9:27, tinha
dito: “O remanescente é que será salvo”. Por outras pala-
vras, o “todo o Israel” que será salvo será o remanescente
a quem Deus pré-conheceu.
Passagens como Sofonias 3:12-13 e Zacarias 13:8-9
confirmam que os escolhidos de Israel serão um rema-
nescente - talvez um terço. Também vimos que a base
em que Deus lida com a Igreja é a mesma que no caso de
Israel, Portanto, precisamos de fazer uma pergunta de
vital importância: a igreja que é salva será também um
remanescente?
Deus promete a Israel um futuro verdadeiramente
glorioso, mas também alerta que o remanescente salvo
de Israel terá de passar por uma pressão intensa a fim de
realizar neles a Sua vontade. Irá a Igreja de igual modo
emergir como um remanescente que foi purificado por
uma não menos intensa pressão?

99
DEREK PRINCE

Diversas Escrituras concernentes à Igreja parecem


retratar um remanescente que cumpriu determinadas
condições. Em Lucas 13:24-27, Jesus levanta a questão:
serão poucos os salvos? Ele diz:

Porfiai por entrar pela porta estreita, por-


que eu vos digo que muitos procurarão en-
trar e não poderão. Quando o pai de famí-
lia se levantar e cerrar a porta e começardes
a estar de fora e a bater à porta, dizendo:
“Senhor, Senhor, abre-nos”; e, respondendo
ele, vos disser: “Não sei de onde vós sois”;
então começareis a dizer; “Temos comido
e bebido na tua presença e tu tens ensina-
do nas nossas ruas”. E ele vos responderá:
“Digo-vos que não sei de onde vós sois.
Apartai-vos de mim, vós todos os que prati-
cais a iniquidade”.

Ao concluir o Sermão da Montanha, Jesus faz um


alerta singular:

Nem todo o que me diz: “Senhor, Senhor!”,


entrará no reino dos céus, mas aquele que
faz a vontade de meu Pai, que está nos
céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor,
Senhor, não profetizámos nós em teu nome?

100
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

E em teu nome não expulsámos demónios?


E em teu nome não fizemos muitas mara-
vilhas?”. E então lhes direi abertamente:
“Nunca vos conheci; apartai-vos de mim,
vós que praticais a iniquidade”. (Mateus
7:21-23)

Pessoalmente, não acredito que as pessoas que fize-


ram estas afirmações de terem realizado milagres esti-
vessem a mentir. Na realidade, tinham praticado o que
afirmavam. Mas ser capaz de profetizar, expulsar demó-
nios e operar maravilhas não prova necessariamente que
a pessoa seja eleita de Deus.
Na resposta do Senhor a tais pessoas, há uma frase
significativa que ocorre três vezes: “Não vos conheço...
não vos conheço.... nunca vos conheci”. Nunca estive-
ram na lista de Deus. Da Sua perspetiva na eternidade,
Ele olhou para além do ministério público, para dentro
das suas vidas pessoais. Procurou a natureza de Jesus, a
natureza do Cordeiro, manifesta na mansidão, pureza e
santidade. Mas em vão!
Exteriormente, esses operadores de milagres tinham
estado ocupados a servir o Senhor, mas no seu carácter
mais íntimo, Deus descobriu algo que descreve como
“impiedade”. Esta expressa-se em atitudes como orgu-
lho, arrogância, auto-promoção, cupidez, ambição pes-
soal. Para tais, Ele não tem lugar reservado no Céu. Há

101
DEREK PRINCE

uma exigência invariável de Deus que percorre a Bíblia


inteira: sem santidade é impossível ver o Senhor (He-
breus 12:14).
Em Mateus 24, Jesus revela outra marca que carac-
teriza os eleitos de Deus: perseverança. Nos versículos
4-13, apresenta um breve mas vívido quadro do período
conducente ao final da presente era. Ele descreve uma
série de acontecimentos a que chama “dores de parto”,
porque o seu clímax é o nascimento do reino de Deus na
terra. Ele alerta os Seus discípulos de que serão sujeitos a
pressões progressivamente crescentes.

Então vos hão-de entregar para serdes ator-


mentados e matar-vos-ão; e sereis odiados
de todas as nações por causa do meu nome.
(v. 9)

Que tipo de pessoas são descritas? São claramente


cristãos que sofreram “por amor do Seu nome”.

Nesse tempo, muitos serão escandalizados e


trair-se-ão uns aos outros e uns aos outros
se odiarão. E surgirão muitos falsos profetas
e enganarão a muitos. E por se multiplicar
a iniquidade, o amor de muitos esfriará.
(vs. 10-12)

102
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

Quem são os muitos que se escandalizarão e que se


trairão uns aos outros? Muitos Cristãos. E quem são os
muitos cujo amor - em Grego, ágape - esfriará por causa
da abundante iniquidade? De novo, muitos cristãos.
No versículo 13, Jesus continua com palavras que são
tanto um alerta como uma promessa. “Mas aquele que
perseverar até ao fim será salvo”. Na realidade, o grego
é mais preciso: “Aquele que perseverou até ao fim será
salvo”. Perseverar até ao fim é uma exigência de salvação.
Só os que tiverem perseverado serão qualificados.
É importante reconhecer que os Cristãos em muitas
partes do mundo já estão a ser sujeitos a provações des-
te tipo. Tudo quanto Jesus fala em Mateus 24:9-13 tem
estado realmente a acontecer e continua a acontecer aos
Cristãos em países comunistas como a China (onde se
localiza um quinto da população mundial) e em muitas
nações islâmicas. Neste século, os cristãos das nações
ocidentais têm ficado na maioria isentos de provas deste
género, mas não há garantias de que isso continuará.
Há um propósito divino por trás destas provações às
quais tanto Judeus como Cristãos estão a ser sujeitos. À
medida que a era presente se aproxima do seu fim, Deus
procura para Si um povo que seja apto a compartilhar o
Seu reino por toda a eternidade. Portanto, Ele não pou-
pará os Seus a qualquer teste que seja necessário para
produzir o tipo de dedicação e carácter que Ele exige. O

103
DEREK PRINCE

mesmo período de tentação que Israel enfrenta também


de igual modo a Igreja enfrenta.
Portanto, esta não é uma época para os Cristãos re-
cuarem e dizerem: “Os Judeus que passem por isso; eles
merecem-no”. Ao contrário, todos nós - sejamos judeus
ou cristãos - necessitamos de nos interrogar: estamos
preparados para passar por aquilo que é necessário
para fazer de nós aquilo que Deus tem preparado para
sermos? Para os que derem a resposta certa, o resultado
final será um povo que agrada a Deus, preparado para
compartilhar a Sua glória.

O resultado final será um povo que agrada a Deus,


preparado para compartilhar a Sua glória.

104
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

21
A RESPOSTA QUE
DEUS EXIGE

Qual é, então, a resposta que Deus exige? Primeiro


que tudo, precisamos de escutar o alerta de 2 Pedro
1:19-21:

E temos a palavra dos profetas tornada


mais certa e fareis bem em lhe prestar aten-
ção, como a uma luz a brilhar em lugar
escuro até à alvorada do dia e a estrela da
manhã se erga nos vossos corações. Acima
de tudo, deveis compreender que nenhuma
profecia da Escritura nos foi dada pela
interpretação pessoal dos profetas. Porque
a profecia nunca teve a sua origem na von-
tade do homem, mas antes homens santos
falaram de Deus, conforme o Espírito Santo
os utilizava.(NVI)

Não há dúvidas de que o mundo que nos rodeia cor-


responde à descrição de Pedro: “um lugar escuro”. Ape-

105
DEREK PRINCE

sar de todo o avanço tecnológico do homem, as trevas


espirituais são mais profundas. O coração dos homens
e mulheres está cheio de perplexidade e incerteza, te-
meroso do que o futuro lhes trará. Em lado algum isto é
mais verdade do que no Médio Oriente.
Apesar de tudo, no meio das trevas, Deus providen-
ciou uma luz: “a palavra dos profetas”. À medida que as
trevas circundantes aumentam, a luz da profecia bíblica
torna-se correspondentemente mais brilhante. É a única
fonte fidedigna de informação concernente a Israel e ao
Médio Oriente.
Vivendo como nós em Jerusalém, a Ruth e eu per-
cebemos que estamos continuamente sujeitos a muitas
forças negativas, tanto religiosas como políticas. Che-
gámos à conclusão de que não conseguiríamos sobre-
viver espiritualmente se tirássemos os nossos olhos das
Escrituras. Elas - e elas apenas - fornecem luz nas trevas
circundantes.
Duas Escrituras tornaram-se-nos particularmente
vívidas, uma do Antigo Testamento e outra do Novo.
De Provérbios 14:26:

No temor do SENHOR há firme confiança e


ele será um refúgio para seus filhos.(ARIB)

De Hebreus 10:35:

106
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

Não rejeiteis a vossa confiança, que tem


grande e avultado galardão.

No meio das tensões e hostilidades que nunca abran-


dam, “a palavra dos profetas” continua a revelar-se uma
fonte de confiança profunda e inabalável. À medida que
os acontecimentos se desenrolam, vemos de um modo
cada vez mais claro que Deus está continuamente em
operação, segundo a Sua promessa dada a Jeremias:
“porque eu velo sobre a minha palavra para cumpri-la.”
(Jeremias 1:12).
Há uma atitude particular contra a qual a Escritura
nos alerta e essa é orgulho. Anteriormente, referi-me à
passagem de Romanos em que Paulo fala da oliveira que
tem as suas raízes firmadas em Abraão, Isaque e Jacob e
que cresceu como o povo de Deus, Israel. Falando aos
crentes com antecedentes gentios, explica como os gen-
tios passaram a ocupar um lugar na oliveira:

E se alguns dos ramos foram quebrados e


tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em
lugar deles e feito participante da raiz e da
seiva da oliveira… (Romanos 11:17)

Normalmente na horticultura, um ramo bom é en-


xertado numa árvore silvestre para que a força da árvore
ajude o ramo bom a produzir fruto. O inverso; enxer-

107
DEREK PRINCE

tar um ramo selvagem numa árvore boa, é contrário à


natureza. Da minha parte, estou profundamente grato
a Deus porque Ele se preocupou em me enxertar, como
Gentio, na Sua oliveira. Com os meus antecedentes,
entendo que de muitas maneiras as minhas atitudes e
tradições não se harmonizavam com a própria árvore.
Espanto-me com a graça de Deus por ter sido e ainda ser
tão paciente comigo.
É crucial que nós que provimos de antecedentes gen-
tios mantenhamos uma tal atitude de humildade. Escu-
temos a mensagem de Paulo dada aos ramos do zam-
bujeiro:

Não te glories contra os ramos; e, se contra


eles te gloriares, não és tu que sustentas a
raiz, mas a raiz a ti. Dirás, pois: os ramos
foram quebrados para que eu fosse enxerta-
do. Está bem: pela sua incredulidade foram
quebrados e tu estás em pé pela fé; então
não te ensoberbeças mas teme. Porque se
Deus não poupou os ramos naturais, teme
que te não poupe a ti também. Considera,
pois, a bondade e a severidade de Deus:
para com os que caíram, severidade; mas
para contigo, a benignidade de Deus, se
permanecerdes na Sua benignidade; de

108
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

outra maneira, também tu serás cortado.


(vs. 18-22)

A mensagem de Paulo não deixa espaço para o orgu-


lho, a presunção ou o descuido quer do Judeu quer do
Gentio. Representa um forte alerta para todos, mas em
especial para os que provêm de antecedentes gentios.
Então, qual deve ser a nossa atitude face aos presen-
tes desenvolvimentos no Médio Oriente? Primeiro que
tudo, precisamos de notar o rigor e a atualidade das pro-
fecias do reajuntamento de Israel. Em Isaías 43:5-6, o
Senhor faz as seguintes promessas a Israel:

Não temas, pois, porque estou contigo; tra-


rei a tua semente desde o oriente e te ajun-
tarei desde o ocidente. Direi ao norte: Dá!
E ao sul: Não retenhas! Trazei meus filhos
de longe e minhas filhas das extremidades
da terra.

As duas últimas áreas geográficas designadas são o


norte e o sul. Para compreender os pontos a que a Escri-
tura se refere, precisamos de nos colocar mentalmente
no lugar que é central para toda a revelação bíblica - isto
é, a terra de Israel. Assim, o norte é o norte de Israel
- fundamentalmente a metade ocidental da ex-União

109
DEREK PRINCE

Soviética. O sul é o sul de Israel - fundamentalmente a


parte oriental da África.
Desde 1989 tem havido um dramático cumprimen-
to destas profecias particulares. No final de 1991, quase
400.000 Judeus regressaram a Israel vindos da antiga
União Soviética e 20.000 da Etiópia. Em ambas estas na-
ções, sob a influência do comunismo, poderosas forças
políticas opuseram-se à partida dos Judeus. No entan-
to, de repente a oposição foi posta de lado e o caminho
abriu-se para os Judeus partirem.
O factor decisivo para isto acontecer não foi político
mas espiritual. Foi a declaração profética de Deus. “Direi
ao norte: Dá! E ao Sul: Não retenhas!”. Quando chegou o
tempo do cumprimento desta palavra profética, mesmo
o mais forte e teimoso dos governos teve de se curvar
perante ela. O norte não teve alternativas senão “dar”. O
sul não mais foi capaz de “os reter”.
Durante vários anos, antes de tudo isto acontecer,
os Cristãos em todo o mundo tinham visto a relevância
destas profecias em Isaías 43:5-6. Consequentemente,
puseram-se a orar ferventemente para que Deus cum-
prisse as promessas que Ele havia feito. O resultado his-
tórico é uma demonstração de que o poder da oração
do crente baseada na Escritura é em última análise ir-
resistível.

110
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

O poder da oração do crente baseada na Escritura


é irresistível.

Numa outra Escritura profética, Jeremias apresenta


muitos detalhes desta restauração de Israel no final dos
tempos. Em jeito de introdução, diz ele:

Porque eis que vêm dias, diz o SENHOR,


em que farei voltar do cativeiro o meu povo
Israel, e de Judá, diz o SENHOR; e tornarei
a trazê-los à terra que dei a seus pais, e a
possuirão. (Jeremias 30:3)

Tal como no Salmo 105, esta passagem não deixa


dúvidas quanto ao território a que se refere. Deus decla-
ra que traria Israel de volta “à terra que dei a seus pais”.
Como anteriormente afirmado, há uma única terra que
corresponde a essa descrição - a que é uma vez mais cha-
mada pelo nome de Israel.
Mais adiante, Jeremias descreve uma resposta tripla
que o Senhor exige dos que receberem esta palavra pro-
fética da restauração de Israel:

Porque assim diz o Senhor: “Cantai sobre


Jacob com alegria e exultai por causa do
Chefe das nações; proclamai, cantai louvo-

111
DEREK PRINCE

res dizei: Salva, Senhor, o Teu povo, o resto


de Israel.” (Jeremias 31:7)

Estas são, então, os três tipos de resposta que Deus


exige de nós: proclamar, louvar e orar.

112
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

22
PROCLAMAR

Uma das mais eficazes armas espirituais que Deus


colocou à disposição do Seu povo é a proclamação da
Sua Palavra. A Palavra de Deus proclamada é para nós o
que a vara de Moisés foi para a sua geração. Com a sua
vara estendida, Moisés derrotou os mágicos do Egipto,
despiu Faraó do seu poder, humilhou os deuses do Egip-
to e arrancou Israel da escravidão para a liberdade.
Temos de aprender a usar a Palavra de Deus como
Moisés utilizou a sua vara. Ao apoderarmo-nos das Es-
crituras e ao proclamá-las com uma fé ousada, podemos
alargar a autoridade de Deus a qualquer situação em que
Satanás se oponha ao povo e propósitos de Deus.

Ao apoderarmo-nos das Escrituras e ao procla-


má‑las com uma fé ousada, podemos alargar a
autoridade de Deus a qualquer situação em que
Satanás se oponha ao povo e propósitos de Deus.

113
DEREK PRINCE

Isto aplica-se particularmente à presente situação no


Médio Oriente. Há muitas forças que se opõem aos pro-
pósitos revelados de Deus, especialmente aos que estão
ligados à restauração de Israel. Contudo, não é intenção
de Deus que o Seu povo permaneça como espectadores
passivos à beira da história. Ele espera que peguemos
na vara da Sua Palavra e a estendamos em proclamação
ousada contra todas as forças e situações que resistam
aos Seus propósitos.
Em Jeremias 31:10, Deus deu-nos uma palavra espe-
cífica a ser proclamada a todas as nações:

Ouvi a Palavra do Senhor, ó nações [Gen-


tios] e anunciai-a nas ilhas de longe e dizei:
Aquele que espalhou Israel o congregará e o
guardará, como o pastor ao seu rebanho.

Esta palavra tem de ser proclamada às nações gen-


tias, mesmo às partes mais remotas da terra. Todos os
povos do mundo devem ser confrontados com o propó-
sito de Deus relativamente a Israel.
A mensagem em si é simples. Pode ser formulada em
três declarações sucessivas. Primeiro, foi Deus quem es-
palhou Israel (da sua própria terra). Segundo, o mesmo
Deus que espalhou Israel está agora a reagrupá-los (na
sua própria terra). Terceiro, Deus não somente os rea-

114
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

grupará como também os protegerá. Assim, a segurança


final de Israel é garantida por Deus.
Gosto das palavras de Jeremias 31:10 na língua ori-
ginal porque o Hebraico tem uma forma singular de
condensar as coisas. A declaração Aquele que espalhou
Israel o ajuntará é expressa em apenas três palavras:
Mzareh Yisrael yekabbetzenu.
Mzareh: aquele que espalha.
Yisrael: Israel
Yekabbetzenu: juntá-lo-á.
De uma forma interessante, esse verbo yekabbetz está
diretamente ligado à palavra kibbutz. É quase como se
Deus dissesse: “Quando eu os trouxer de volta, juntá-
los-ei nos kibbutzim.
Israel encontra-se numa situação desesperada, mas
não precisamos de recear pelo resultado final, porque o
mesmo Deus que está a juntar Israel - coisa suficiente-
mente excitante - também os guardará. Vamos procla-
mar essa verdade - ousada e continuamente!”
Esta passagem de Jeremias 31:10, contudo, é apenas
uma das incontáveis Escrituras que podem ser usadas
na proclamação relativamente ao Médio Oriente. Men-
cionarei apenas sucintamente três outras que Ruth e eu
proclamamos com regularidade:

Sejam confundidos, e voltem para trás to-


dos os que odeiam a Sião. Sejam como a

115
DEREK PRINCE

erva dos telhados que se seca antes que a


arranquem.(Salmo 129:5-6)

“Os que aborrecem Sião” é uma descrição breve mas


abrangente das diversas forças presentemente congrega-
das contra Israel.

Porque o cetro da impiedade não permane-


cerá sobre a sorte dos justos... (Salmo 125:3)

Quanto a mim, “o cetro da impiedade” é uma descri-


ção rigorosa do Islão.
Finalmente, há uma passagem no Salmo 33, que é
um pouco mais comprida mas que singularmente se
apropria à presente situação no mundo e em especial ao
Médio Oriente:

Tema ao Senhor a terra toda; temam-no


todos os moradores do mundo.
Pois ele falou, e tudo se fez; ele mandou, e
logo tudo apareceu.
O Senhor desfaz o conselho das nações,
anula os intentos dos povos.
O conselho do Senhor permanece para sem-
pre, e os intentos do seu coração por todas
as gerações.

116
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o


Senhor, o povo que ele escolheu para sua
herança. (Salmos 33:8-12)

Eis uma declaração inequívoca de que foi a Palavra


de Deus que deu existência ao mundo; e que é a mes-
ma Palavra que dirige o curso da história. As nações e
os seus governos podem defender as suas posições e
emitir os seus decretos, mas sempre que estes estive-
rem em oposição à Palavra profética de Deus, serão
reduzidos a nada. Deus cumprirá todo o Seu conselho e
as Suas promessas concernentes a Israel, o povo a quem
Ele escolheu como Sua herança peculiar.

Deus cumprirá todo o Seu conselho e as Suas


promessas concernentes a Israel, o povo a
quem Ele escolheu como Sua herança peculiar.

117
DEREK PRINCE

23
LOUVAR

Uma segunda arma espiritual de inexcedível poder é


o louvor. No Salmo 8:2, David diz ao Senhor:

Da boca das crianças e dos que mamam tu


suscitaste força...para fazeres calar o inimi-
go e vingador.

O que é que procede da boca e que é a força suscitada


do povo de Deus? Uma resposta precisa a esta pergunta
é fornecida por Jesus em Mateus 21:15-16. Os sacer-
dotes e os escribas ficaram perturbados por as crian-
ças gritarem no Templo: “Hosana ao Filho de David!” e
queriam que Jesus as calasse. Em resposta, porém, Jesus
referiu-Se às palavras do Salmo 8:2: “Nunca lestes: ‘Pela
boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o per-
feito louvor’?”
Nesta citação, Jesus fez uma mudança significativa.
Em lugar das palavras “ordenaste força”, disse: “perfeito
louvor”. Este comentário divino revela que a força susci-
tada do povo de Deus é o perfeito louvor. Quando esta

118
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

força é liberta através das bocas mesmo daqueles que


por natureza são os mais fracos - bebés e os que ma-
mam - o seu efeito é silenciar o “inimigo e vingador”. Esta
última frase é, naturalmente, uma descrição do grande
inimigo de Deus e do homem: Satanás.
Que importante é para nós agarrarmos esta verda-
de! Não temos de suportar passivamente as declarações
arrogantes e as mentiras trocistas daqueles a quem Sata-
nás usa como canais do seu veneno. Deus deu-nos uma
arma que pode impedir esse poder de nos prejudicar. É
a arma a que Jeremias 31:7 se refere - a arma de cantar e
exclamar - a arma do louvor jubiloso, tonitruante e con-
tínuo, oferecido por corações crentes através de lábios
santificados. Quando nós, como povo de Deus, damos
esta resposta, Ele intervém em nosso favor de uma for-
ma que nos espantará.
Em 2 Crónicas 20, somos confrontados por uma de-
monstração dramática do poder do louvor. Josafate, rei
de Judá, soube que o seu reino estava a ser invadido pelo
oriente por um enorme exército inimigo. Sabia que não
possuía nem os homens nem os recursos para enfrentar
uma tal força. Portanto, optou por uma resposta espi-
ritual; convocou o povo para oração e jejum coletivos.
Enquanto o povo estava a orar, um levita emitiu uma
declaração profética:

119
DEREK PRINCE

... Não temais, nem vos assusteis por causa


desta grande multidão; pois a peleja não
é vossa, mas de Deus. Nesta batalha não
tereis que pelejar; postai-vos, ficai parados,
e vede a salvação do SENHOR para con-
vosco, ó Judá e Jerusalém. Não temais, nem
vos assusteis; amanhã saí-lhes ao encontro,
porque o SENHOR será convosco. 
(2 Crónicas 20:15, 17)

Josafate e o povo receberam esta mensagem com as


cabeças curvadas em adoração. No dia seguinte,

Josafate nomeou homens para cantarem ao


Senhor e para O louvarem pelo esplendor
da Sua santidade ao saírem ao encontro do
exército, dizendo: Louvai o Senhor, pois o
Seu amor dura para sempre!
(2 Crónicas 20:21, NIV)

Nesta altura, não havia alteração na situação militar.


O povo de Deus continuava desesperadamente diminu-
ído em número. Apresentar louvores em tais circuns-
tâncias era uma pura resposta de fé, baseada na palavra
profética que tinham recebido de Deus. Mas o relato
prossegue:

120
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

E, quando começaram a cantar e a dar


louvores, o SENHOR pôs emboscadas con-
tra os filhos de Amom e de Moabe e os das
montanhas de Seir, que vieram contra Judá,
e foram desbaratados. Porque os filhos de
Amom e de Moabe se levantaram contra os
moradores das montanhas de Seir, para os
destruir e exterminar; e, acabando eles com
os moradores de Seir, ajudaram uns aos
outros a destruir-se.
Nisso chegou Judá à atalaia do deserto; e
olharam para a multidão, e eis que eram
corpos mortos, que jaziam em terra, e
nenhum escapou. E vieram Jeosafá e o
seu povo para saquear os seus despojos, e
acharam entre eles riquezas e cadáveres em
abundância, assim como objetos preciosos;
e tomaram para si tanto, que não podiam
levar; e três dias saquearam o despojo, por-
que era muito. (2 Crónicas 20:22-25)

O mesmo tipo de resposta à palavra profética de


Deus pode ainda invocar a Sua intervenção sobrenatural
em favor do Israel hodierno.

121
DEREK PRINCE

24
ORAR!

Após a proclamação e o louvor, Jeremias 31:7 revela


uma terceira resposta que Deus exige ao juntar Israel.
Temos de dizer:

Salva, Senhor, o Teu povo, o resto de Israel!


(ARIB)

Isso significa claramente orar pela salvação de Israel.


Deus é exato naquilo que exige. Ele não se limita a dizer:
“Orem por Israel”, mas especificamente: “Orem pela sua
salvação”.
Em Ezequiel 36:37, encontramos outro exemplo de
uma oração em que o próprio Deus revela que exige ao
Seu povo que ore:

Assim diz o Senhor DEUS: Ainda por isso


serei solicitado pela casa de Israel, que lho
faça; multiplicar-lhes-ei os homens, como a
um rebanho.

122
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

Ao ler Ezequiel 36 do versículo 23 a 37 em Hebrai-


co, verifiquei que por dezoito vezes Deus diz sucessiva-
mente: “Eu farei...” Nem uma vez Ele sugere que as suas
ações na restauração de Israel procedem de qualquer
outra fonte que não a Sua vontade.
Mas o versículo 37 - o versículo final dessa secção
- realça o delicado equilíbrio entre o propósito prede-
terminado de Deus e a resposta do homem. Com efeito,
Deus está a dizer: “Apesar de estar decidido aquilo que
vou fazer, não o farei enquanto a casa de Israel não me
pedir que o faça por eles”.
Isto sublinha o supremo propósito da oração. Não é
que devemos levar Deus a fazer o que queremos. É que
podemos tornar-nos instrumentos através dos quais
Deus pode fazer o que Ele quer.

O supremo propósito da oração:


podemos tornar-nos instrumentos através
dos quais Deus pode fazer o que Ele quer.

Aqui em Ezequiel 36:37, temos um exemplo perfei-


to. Israel não é solicitado a improvisar uma oração ou
a fazer a sua própria escolha. Deus já declarou o que
vai fazer. Contudo, Ele espera que Israel concorde com
a Sua vontade e Lhe peça que faça aquilo que Ele já se
comprometeu a realizar.

123
DEREK PRINCE

Entretanto, Deus está a dar aos Cristãos de ante-


cedentes gentios a responsabilidade e o privilégio de
“taparem a brecha” em favor de Israel. Logram isto ro-
gando em favor de Israel pelas misericórdias que Deus
prometeu mas as quais a maioria dos Israelitas não está
ainda em posição de apreender pela sua fé pessoal.
Um amigo nosso contou-nos a seguinte história ao
regressar de uma viagem a Singapura. Conheceu ali um
companheiro cristão que tinha visitado recentemente os
Cristãos na China onde assistira a um dos seus cultos
de oração. Ficara particularmente impressionado com a
intensa emoção com que um dos cristãos locais estava a
orar. As lágrimas caíam-lhe dos olhos e molhavam a sua
T-shirt. Então o visitante perguntou ao intérprete: “Por
quem é que ele está a orar?”. “Por Israel”, foi a resposta.
Uma tal oração tinha de ter uma origem sobrenatu-
ral porque naquela altura os chineses tinham recebido
muito pouco ensino bíblico e não tinham maneira de
obter informações fidedignas sobre Israel. Uma tal in-
formação fornecida por fontes comunistas tinha prova-
velmente um preconceito negativo.
No entanto, a China não é um exemplo isolado. Gru-
pos cristãos em diversas outras nações receberam um
similar peso sobrenatural para intercederem por Israel.
Por exemplo, numa recente visita ao Quénia, encontrei
cristãos africanos que estavam profundamente preocu-
pados por Israel por quem oravam. Tanto quanto con-

124
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

segui perceber, não tinham recebido qualquer pregação


específica sobre este assunto. A sua motivação procedia
diretamente do Espírito Santo.
Parece que nesta hora crítica o Espírito Santo está
a colocar uma renovada ênfase na dívida que todos os
cristãos gentios têm para com o povo judeu. (Eu próprio
falo como cristão gentio).
Em João 4:22, Jesus declarou uma verdade simples
mas profunda: “A salvação vem dos Judeus”. Esta afirma-
ção expressa factos históricos objetivos. Sem os Judeus,
não teria havido patriarcas, nem profetas, nem apósto-
los, nem Bíblia nem - acima de tudo - Salvador. A salva-
ção - e cada bênção espiritual que a acompanha - chegou
aos gentios através de um único canal: o povo judeu.

A salvação - e cada bênção espiritual que a acompa-


nha - chegou aos gentios através de um único canal:
o povo judeu.

Como Gentios, não temos maneira de podermos re-


almente pagar esta dívida. Há, contudo, diversas formas
pelas quais podemos pelo menos reconhecê-la. Uma das
mais importantes é pela intercessão fervente e calorosa por
Israel, firmemente baseada nas Escrituras proféticas. Desta
forma, podemos entrar na maravilhosa experiência de ser-
mos cooperadores de Deus na restauração final de Israel.

125
DEREK PRINCE

25
O CLÍMAX

Até este ponto, temos estado a considerar Israel e a


Igreja como se fossem duas entidades separadas, mas
isso não é realmente rigoroso. Quando a Igreja surgiu
pela primeira vez, a sua membrasia era constituída ex-
clusivamente por Israelitas. De facto, quando os que não
eram judeus começaram a procurar tornar-se membros
da Igreja, criou-se uma crise. Os crentes judeus tive-
ram de decidir se os gentios podiam ser admitidos na
Igreja e, se sim, em que condições. As suas conclusões
encontram-se registadas em Atos 15:22-29: os gentios
que preenchessem certas condições simples podiam,
juntamente com os crentes judeus, ser membros de um
corpo - a Igreja.
Contudo, logo no início do segundo século, a grande
maioria do povo judeu, tendo rejeitado a reivindicação
de Jesus ser o Messias, separaram-se completamente da
Igreja. Como resultado, a Igreja tornou-se progressi-
vamente cada vez mais gentia em constituição. Apesar
de tudo, através dos séculos subsequentes, tem sempre
havido um número significativo de Judeus que têm re-

126
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

conhecido Jesus como seu Messias e assumiram o seu


lugar de membros da Igreja.
Na última parte do século vinte, tem havido um dra-
mático aumento do número de Judeus que têm reconhe-
cido Jesus como seu Messias. Muitos deles, porém, têm
sido cuidadosos em manter a sua identidade histórica
como Judeus. Como resultado, dentro do corpo geral da
Igreja cresceu um grupo distinto de crentes que se ca-
racterizam como “Judeus messiânicos”.
Em Romanos 11:25-27, Paulo está a falar fundamen-
talmente aos Cristãos gentios e compartilha com eles
um “mistério”, ou seja, um propósito de Deus que tinha
de ser mantido secreto, mas agora revelado aos crentes.

Porque não quero, irmãos, que ignoreis


este segredo (para que não presumais de
vós mesmos): que o endurecimento veio em
parte sobre Israel até que a plenitude dos
gentios haja entrado. E assim todo o Israel
será salvo, como está escrito:
De Sião virá o Libertador e desviará de
Jacob as impiedades. E esta será a minha
aliança com eles, quando eu tirar os seus
pecados.

Esta passagem revela duas fases sucessivas do plano


de Deus no culminar da presente era.

127
DEREK PRINCE

Primeiro, devem cumprir-se as palavras de Jesus em


Mateus 24:14: “E este evangelho do reino será pregado
em todo o mundo em testemunho a todas as nações e en-
tão virá o fim”.
Segundo, quando o número completo dos Gentios
tiver entrado na Igreja, então Deus uma vez mais virar-
Se-á plenamente para o remanescente salvo de Israel e
revelar-Se-lhes-á em misericórdia e graça salvadora.
Parece que a transição da ênfase sobre os gentios
para a ênfase sobre os Judeus não será um simples even-
to instantâneo mas antes gradual e progressivo. Estamos
já nas primeiras fases desta transição.
O ponto crítico da revelação do Senhor a Israel é pro-
feticamente retratado em Zacarias 12:10:

E sobre a casa de David e sobre os habitan-


tes de Jerusalém derramarei o Espírito de
graça e de súplicas; e olharão para mim a
quem trespassaram; e o prantearão como
quem pranteia por um unigénito; e cho-
rarão amargamente por ele como se chora
amargamente por um primogénito.

Neste ponto, pela primeira vez, Israel como nação


receberá uma revelação sobrenatural da identidade do
Messias que eles tinham trespassado com os cravos da
crucificação.

128
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

Dois capítulos adiante, Zacarias retrata o regresso


virtual do Messias em pessoa.

E naquele dia estarão os seus pés sobre o


Monte das Oliveiras que está defronte de
Jerusalém para o oriente; e o Monte das
Oliveiras será fendido pelo meio, para o
oriente e para o ocidente e haverá um vale
muito grande; e metade do monte se apar-
tará para o norte e a outra metade para o
sul. E fugireis pelo vale dos meus montes,
pois o vale dos montes chegará até Azel; e
fugireis assim como fugistes de diante do
terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá.
Então virá o Senhor meu Deus e todos os
santos contigo, ó Senhor.
(Zacarias 14:4-5)

Nas páginas finais do meu livro A Terra Prometida,


atrevi-me a levantar momentaneamente o véu sobre esta
cena derradeira no drama de Israel e da Igreja:

Nesta cena final, todos os atores do drama


do estabelecimento do Reino de Deus na
terra serão levados ao palco. É o mesmo
palco em que cada crise anterior do mesmo
drama se desenrolou: Jerusalém e os mon-

129
DEREK PRINCE

tes que a rodeiam. Hostes angélicas, santos


glorificados e o remanescente salvo de Israel
ocuparão os seus respetivos lugares.
Mas a figura central, ofuscando todas as
outras e atraindo-as a si, é a do Messias, o
Rei.
Assim, os céus vingarão a confissão que
todo o judeu ortodoxo manteve ao longo
dos séculos - mesmo a caminho do cadafal-
so ou da câmara de gás:
Creio com perfeita fé na vinda do Messias;
e ainda que ele tarde, continuarei a esperar
por ele todos os dias até à sua vinda.
Assim, também, os céus responderão à
oração do idoso apóstolo João na ilha de
Patmos - a oração repetida por cada ver-
dadeiro cristão no concluir do seu Novo
Testamento:
Ámen. Ora vem, Senhor Jesus.

130
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

26
CONCLUSÕES

A análise anterior do destino de Israel e da Igreja,


conforme as Escrituras revelam, conduz-nos a algumas
conclusões importantes.

•P
 rimeiro, a única fonte fidedigna de luz sobre a
presente situação no Médio Oriente é fornecida
pela Palavra profética de Deus. Se não procurar-
mos a luz que provém desta fonte, inevitavelmente
encontrar-nos-emos em trevas, sujeitos a muitas
formas de confusão e engano.

• Segundo, o destino tanto de Israel como da Igreja


foi determinado por Deus na eternidade com base
na Sua presciência. O seu resultado no tempo é ga-
rantido pelas alianças irrevogáveis que Deus esta-
beleceu com cada um deles.

• Terceiro, todo o bem que Deus prometeu a Israel e


à Igreja está igual e totalmente dependente da graça
de Deus que só pela fé pode ser apropriada.

131
DEREK PRINCE

• Quarto, provas e pressões tremendas jazem no fu-


turo tanto de Israel como da Igreja, mas aqueles que
perseverarem fielmente terão o privilégio de com-
partilharem o Reino de Deus com Ele por toda a
eternidade.

• Quinto, os Cristãos de origens gentios devem a


Israel a totalidade da sua herança espiritual. Uma
forma adequada de reconhecerem a sua dívida é
permanecerem ao lado de Israel no meio das pre-
sentes pressões que a nação sofre e sustentá-la com
intercessão fiel.

•S
 exto, os povos do Médio Oriente nunca conhece-
rão a verdadeira justiça ou uma paz duradoura en-
quanto não se submeterem ao líder designado por
Deus, o Senhor Jesus Cristo.

132
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

APÊNDICE I
Utilização dos termos Israel e
Israelita no Novo Testamento

Passagens que sejam citações diretas das Escrituras


do Antigo Testamento vêm marcadas com um asterisco
(*). As duas passagens em que a palavra Israel é utilizada
com um sentido especial, restrito, estão assinaladas com
uma cruz (+).

MATEUS
(*) 2:6 – “...o Guia que há-de apascentar o meu povo de
Israel” (citado de Miqueias 5:2)
2:20 – “...a terra de Israel...”
2:21 – “...a terra de Israel”.
8:10 – “...nem mesmo em Israel encontrei tanta fé”.
9:33 – “Nunca tal se viu em Israel!”
10:6 – “...às ovelhas perdidas da casa de Israel”.
10:23 – “...não acabareis de percorrer as cidades de Israel
sem que venha o Filho do Homem”.
15:24 – “...senão às ovelhas perdidas da casa de Israel”.
15:31 – “...glorificaram o Deus de Israel”.
19:28 – “...também vos assentareis sobre doze tronos,
para julgar as doze tribos de Israel”.

133
DEREK PRINCE

(*) 27:9 – preço do que foi avaliado, que certos filhos de


Israel avaliaram...” (citado de Zacarias 11:12-13).
27:42 – “Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz...”

MARCOS
(*) 12:29 – “Ouvi, ó Israel...” (citado de Deut. 6:4-5).
15:32 – “O Cristo, o rei de Israel, desça agora da cruz...”

LUCAS
1:16 – “E converterá muitos dos filhos de Israel ao Se-
nhor seu Deus.
(*) 1:54 – “Auxiliou Israel Seu servo...”! (citação aproxi-
mada de Isaías 41:8).
1:68 – “Bendito seja o Senhor Deus de Israel...”
1:80 – “Até ao dia em que havia de se mostrar a Israel”.
2:25 – “...esperando a consolação de Israel...”
(*) 2:32 – “Luz para alumiar as nações e para glória de
Teu povo Israel.”
2:34 – “...para queda e elevação de muitos em Israel.”
4:25 – “...muitas viúvas existiam em Israel.”
4:27 – “...muitos leprosos havia em Israel.”
7:9 – “...nem ainda em Israel tenho encontrado tanta fé.”
22:30 – “...vos assenteis sobre tronos, julgando as doze
tribos de Israel.”
24:21 – “...que fosse ele o que remisse Israel...”

134
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

JOÃO
1:31 – “...para que fosse manifestado a Israel...”
1:47 – (Natanael) “...um Israelita em quem não há dolo...”
1:49 – “Tu és o rei de Israel!”
3:10 – “És mestre em Israel...?”
12:13 – “O Rei de Israel!”

ATOS
1:6 – “...restaurar o reino a Israel?”
2:22 – “Homens de Israel... (literalmente, Israelitas)
2:36 – “...que toda a casa de Israel saiba...l”
3:12 – “Homens de Israel...” (literalmente, Israelitas...)
4:8 – “Principais do povo entre vós, anciãos de Israel”
4:10 – “Seja conhecido de todos vós e de todo o povo
de Israel...”
4:27 – “... com os gentios e os povos de Israel...”
5:21 – “...todos os anciãos dos filhos de Israel...”
5:31 – “...para dar a Israel o arrependimento..”
5:35 – “Homens de Israel...” (literalmente, Israelitas...)
7:23 – “...visitar seus irmãos, os filhos de Israel”.
7:37 – “...Moisés que disse aos filhos de Israel...”
(*) 7:42 – “Porventura me oferecestes vítimas e sacri-
fícios no deserto por quarenta anos, ó casa de
Israel?”
9:15 – “...para levar o meu nome diante dos gentios e dos
reis e dos filhos de Israel.”
10:36 – “A palavra que Deus enviou aos filhos de Israel...”

135
DEREK PRINCE

13:16 – “Homens de Israel...” (literalmente, Israelitas).


13:17 – “O Deus deste povo Israel...”
13:23 – “...Deus levantou em Israel um Salvador”.
13:24 – “...o baptismo do arrependimento a todo o povo
de Israel”.
21:28 – “Homens de Israel...” (literalmente, Israelitas).
28:20 – “...pela esperança de Israel estou com estas ca-
deias”.

ROMANOS
(+) 9:6 – “...nem todos os que são de Israel são Israelitas.”
9:27 – “Isaías também clamava acerca de Israel...”
(*) 9:27– “Ainda que o número dos filhos de Israel seja
como a areia do mar...” (citado de Isaías 10:22-23).
9:31 – “mas Israel, que buscava a lei da justiça...”
10:31 – “...a minha... oração a Deus por Israel...”
10:19 – “...porventura Israel não o sabe?”
10:21 – “Mas contra Israel diz...”
11:1 – “...também eu sou Israelita”.
11:2 – “...como fala Deus contra Israel, dizendo...”
11:7 – “...o que Israel buscava não o alcançou...”
11:25 – “...o endurecimento veio em parte sobre Israel...”
11:26 – “E assim todo o Israel será salvo”.

1 CORINTIOS
10:18 – “Vede a Israel segundo a carne...”

136
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

2 CORINTIOS
3:7 – “...os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na
face de Moisés”.
3:13 – “...para que os filhos de Israel não olhassem fir-
memente...”

GÁLATAS
(+) 6:16 – “...paz e misericórdia... sobre o Israel de Deus”.

EFÉSIOS
2:12 – “...separados da comunidade de Israel...”

FILIPENSES
3:5 – “...da linhagem de Israel...”

HEBREUS
(*) 8:8 – “...em que com a casa de Israel e com a casa de
Judá estabelecerei um novo concerto.”
(*) 8:10 – “...o concerto... que farei com a casa de Israel...”
11:22 – “...fez menção da saída dos filhos de Israel...”

APOCALIPSE
2:14 – “...Balaão ensinava... a lançar tropeços diante dos
filhos de Israel para que tropeçassem”.
7:4 – “cento e quarenta e quatro mil de todas as tribos
dos filhos de Israel...”
21:12 – “...os nomes das doze tribos dos filhos de Israel...”

137
DEREK PRINCE

APÊNDICE II
Quando Deus Jura

Esta é uma lista de 47 passagens em que Deus fez um


juramento relativamente à terra de Canaã – subsequen-
temente batizada de terra de Israel. No Novo Testamen-
to, é este último nome a ser usado. (Ver Mateus 2:20,21).
Em cada caso, o compromisso de Deus é dar esta ter-
ra a Abraão, Isaque, Jacob e seus descendentes. Em três
locais, o juramento de Deus está associado à Sua aliança
e estas passagens estão assinaladas com um asterisco (*).
Também em três locais, é explicitamente declarado que
a posse da terra por parte de Israel seria para sempre ou
eternamente e essas passagens vêm marcadas com uma
cruz (+).

GÉNESIS
24:7 – “O Senhor Deus... jurou-me [a Abraão] dizendo:
‘À tua descendência darei esta terra’.”
26:3 – “...a ti [Isaque] e à tua descendência darei todas
estas terras e confirmarei o juramento que tenho
jurado a Abraão teu pai”.
50:24 – “E José disse a seus irmãos: ‘Deus vos fará subir
desta terra para a terra que jurou a Abraão, a Isa-
que e a Jacob’.”

138
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

ÊXODO
6:8 – “E vos levarei à terra, acerca da qual jurei que a
daria a Abraão, a Isaque e a Jacob e vo-la darei
por herança, eu o Senhor”.
13:5 – “E acontecerá que quando o Senhor te houver
metido na terra dos cananeus e dos heteus e dos
amorreus e dos heveus e dos jebuseus, a qual ju-
rou a teus pais que ta daria...”
13:11 – “Acontecerá que, quando o Senhor te houver
metido na terra dos cananeus, como jurou a ti e
a teus pais, quando te houver dado”.
(+) 32:13 – “Lembra-te de Abraão, de Isaque e de Isra-
el, os teus servos, aos quais por Ti mesmo tens
jurado e lhes disseste: multiplicarei a vossa se-
mente como as estrelas dos céus e darei à vossa
semente toda esta terra, de que tenho dito, para
que a possuam por herança eternamente’.”
33:1 – “Vai, sobe daqui... à terra que jurei a Abraão, a Isa-
que e a Jacob, dizendo: ‘À tua semente a darei’.”

NÚMEROS
11:12 – “Leva-a ao teu colo, como o aio leva o que cria,
à terra que juraste a seus pais”.
14:16 – “Porque o Senhor não podia pôr este povo [Is-
rael] na terra que lhes tinha jurado, por isso os
matou no deserto”.

139
DEREK PRINCE

24:23 – “Não verão a terra de que a seus pais jurei, e até


nenhum daqueles que me provocaram a verá”.
32:11 – “De certo, os varões que subiram do Egipto, de
vinte anos e para cima, não verão a terra que ju-
rei a Abraão, a Isaque e a Jacob, porquanto não
perseveraram em seguir-me”.

DEUTERONÓMIO
1:8 – “Entrai e possuí a terra que o Senhor jurou a vossos
pais, Abraão, Isaque e Jacob, que a daria a eles e
à sua semente depois deles”.
1:35 – “Nenhum dos homens desta maligna geração
verá esta boa terra que jurei dar a vossos pais”.
6:10 – “Havendo, pois, o Senhor teu Deus introduzido
na terra que jurou a teus pais, Abraão, Isaque e
Jacob... “
6:18 – “...e possuas a boa terra, sobre a qual o Senhor
jurou a teus pais... “.
6:23 – “E dali nos tirou para nos levar e nos dar a terra
que jurara a nossos pais”.
7:13 – “E amar-te-á e abençoar-te-á... na terra que jurou
a teus pais dar-te.”
8:1 – “Todos os mandamentos que hoje vos ordeno
guardareis para os fazer, para que vivais e vos
multipliqueis e entreis e possuais a terra que o
Senhor jurou a vossos pais.”

140
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

9:5 – “Não é por causa da tua justiça nem pela rectidão


do teu coração que entras a possuir a sua terra...
que o Senhor teu Deus jurou a teus pais, Abraão,
Isaque e Jacob.”
10:11 – “Levanta-te, põe-te a caminho diante do povo,
para que entrem e possuam a terra que jurei a
seus pais dar–lhes.”
11:9 – “E para que prolongueis os dias na terra que o
Senhor jurou a vossos pais dá-la a eles e à sua
semente...”
11:21 – “Para que se multipliquem os vossos dias e os
dias de vossos filhos na terra que o Senhor jurou
a vossos pais dar-lhes.”
19:8 – “E se o Senhor teu Deus dilatar os teus termos,
como jurou a teus pais, e te der toda a terra que
disse daria a teus pais.”
26:3 – “E virás ao sacerdote, que naqueles dias for, e dir-
lhe-ás: ‘Hoje declaro perante o Senhor teu Deus
que entrei na terra que o Senhor jurou a nossos
pais dar–nos’.”
26:15 – “Abençoa o Teu povo, a Israel, e a terra que
nos deste, como juraste a nossos pais, terra que
mana leite e mel.”
28:11 – “E o Senhor te fará abundar de bens no fruto do
teu ventre e no fruto dos teus animais e no fruto
da tua terra, sobre a terra que o Senhor jurou a
teus pais te dar.”

141
DEREK PRINCE

30:20 – “...para que fiques na terra que o Senhor jurou a


teus pais, a Abraão, a Isaque e a Jacob, que lhes
havia de dar.”
31:7 – “...esforça-te e anima-te, porque com este povo
entrarás na terra, que o Senhor jurou a teus pais
lhes dar.”
31:20 – “Porque o meterei na terra que jurei a seus pais...”
31:21 – “...porquanto conheço a sua imaginação, o que
ele faz hoje, antes que o meta na terra que tenho
jurado.”
31:23 – “Esforça-te e anima-te, porque tu meterás os fi-
lhos de Israel na terra que lhes jurei; e eu serei
contigo.”
34:4 – “Esta é a terra de que jurei a Abraão, Isaque e Ja-
cob, dizendo: ‘à tua semente a darei...’.”

JOSUÉ
1:6 – “Esforça-te e tem bom ânimo, porque tu farás a
este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes
daria.”
5:6 – “...aos quais [Israelitas] o Senhor tinha jurado que
lhes não havia de deixar ver a terra que o Senhor
jurara a seus pais dar-nos, terra que mana leite
e mel.”
21:43 – “Desta sorte, deu o Senhor a Israel toda a terra
que jurara dar a seus pais; e a possuíram e habi-
taram nela.”

142
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

JUÍZES
(*) 2:1 – “E subiu o anjo do Senhor de Gilgal a Boquim e
disse: ‘Do Egipto vos fiz subir e vos trouxe à ter-
ra que a vossos pais tinha jurado e disse: ‘Nunca
invalidarei o meu concerto convosco.’.”

1 CRÓNICAS
(*)(+) 16:15-18 – “Lembrai-vos perpetuamente do Seu
concerto e da palavra que prescreveu para mil
gerações; do concerto que fez com Abraão e do
Seu juramento a Isaque, o qual também a Jacob
ratificou o estatuto e a Israel por concerto eterno,
dizendo: ‘A ti darei a terra de Canaã, quinhão da
vossa herança.’.”

NEEMIAS
9:15 – “E pão dos céus lhes deste na sua fome e água da
rocha lhes produziste na sua sede e lhes disseste
que entrassem para possuírem a terra pela qual
alçaste a tua mão [juraste] que lha havias de dar.”

SALMO
(*)(+) 105:8-11 – “Lembra-Se perpetuamente do Seu
concerto, da palavra que mandou, até milhares
de gerações; do concerto que fez com Abraão e

143
DEREK PRINCE

do Seu juramento a Isaque, o qual Ele confirmou


a Jacob por estatuto e a Israel por concerto eter-
no, dizendo: ‘A ti darei a terra de Canaã...’.”

JEREMIAS
11:5 – “Para que confirme o juramento que fiz a vossos
pais de dar–lhes uma terra que manasse leite e
mel...”
32:22 – “E lhes deste esta terra, que juraste a seus pais
que lhes havias de dar: terra que mana leite e
mel.”

EZEQUIEL
20:6 – “Naquele dia, levantei a minha mão [fiz juramen-
to] para eles, para os tirar da terra do Egipto
para uma terra... que mana leite e mel.”
20:28 – “Porque, havendo-os eu introduzido na terra
sobre a qual eu levantei a minha mão [fiz jura-
mento] para lha dar...”
20:42 – “E sabereis que eu sou o Senhor, quando vos
fizer voltar à terra de Israel, à terra para a qual
levantei a minha mão [fiz juramento] para a dar
a vossos pais.”
47:14 – “E vós a herdareis, tanto um como o outro; pois
sobre ela levantei a minha mão [fiz juramento],
a dar a vossos pais; assim esta mesma terra vos
cairá a vós em herança.”

144
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

DEREK PRINCE
1 9 1 5 - 2 0 0 3

Derek Prince nasceu na Índia, filho de pais britâni-


cos. Teve formação escolar em Grego e Latim no Colégio
de Eton e na universidade de Cambridge, na Inglaterra.
Com 24 anos ele foi professor na Universidade Kings,
em Cambridge, onde ensinou filosofia moderna e clássi-
ca. Na segunda guerra mundial foi obrigado a entrar no
exército Britânico e foi colocado no norte de África. Le-
vou consigo a Bíblia como material de estudo filosófico,
a qual leu em alguns meses. Numa noite quando estava
sozinho numa barraca foi confrontado pela Palavra com
a realidade de Jesus Cristo.
Com este encontro com Jesus Cristo ele chegou a
duas conclusões:
• Primeiro: Jesus Cristo está vivo
• Segundo: a Bíblia é um livro que traz a verdade,
que é relevante e sempre atual.
Estas conclusões alteraram totalmente o curso da sua
vida.

145
DEREK PRINCE

Desde esta data dedicou a sua vida a estudar e ensinar


a Palavra de Deus. Entretanto adquiriu reconhecimento
internacional como um dos ensinadores da Bíblia mais
importantes desta época. O que faz o seu ministério ser
único não é a sua educação de alto nível nem a sua inte-
ligência mas o seu ensino direto, atual e simples. O Pro-
grama de rádio “Hoje com Derek Prince” é transmitido
diariamente em vários países (por exemplo em Chinês,
Espanhol, Russo, Mongoliano, Arábico e mais). Os estu-
dos dele, mais de 40 livros em mais de 100 línguas, 400
CD´s e 150 DVD´s tiveram grande influência nas vidas
de muitos líderes cristãos sobre todo mundo.
Em Setembro de 2003 depois duma vida longa e fru-
tífera, Derek Prince faleceu com a idade de 88 anos. De-
rek Prince Ministries, continuará a distribuir por todo o
mundo o ensino dele através dos diversos meios de que
dispõe, entre os quais: livros, cartas de ensino, cartões de
proclamação, áudio, vídeo, e conferências.
Existem no entanto, objetivos bem definidos no
DPM:
• Fazer chegar estes meios a locais onde ainda não
conhecem a Palavra de Deus.
• Contribuir para o fortalecimento da fé dos cristãos
em geral mas especialmente da fé dos que vivem em
comunidades cujo poder politico não permite a li-
berdade de expressão e circulação da Palavra Divina.

146
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

DEREK PRINCE
P O R T U G A L

“Se não conseguires explicar um princípio duma


maneira simples e em poucas palavras, então tu pró-
prio ainda não o percebes suficientemente.”

Esta frase de Derek Prince caracteriza o seu ensino


bíblico. Estudos simples e claros que pretendem direcio-
nar o leitor para os princípios de Deus, tornando assim
possível uma maior abertura para reflexão e tomada de
posição perante a sua escolha.
Os estudos de Derek Prince têm ajudado milhões de
cristãos em todo mundo a conhecerem intimamente a
Deus e a porem em prática os princípios da Bíblia no
dia-a-dia das suas vidas.
DP Portugal deseja cooperar nesta edificação do
corpo de Cristo:

... com o fim de preparar os santos para o serviço


da comunidade, para a edificação do corpo de Cristo,
até que todos cheguemos a unidade da fé e ao pleno
conhecimento do Filho de Deus, ao homem adulto, à
medida completa da estatura de Cristo.
(Efésios 4: 12 e 13)

147
DEREK PRINCE

O nosso alvo é fortalecer a fé dos cristãos no Senhor


Jesus Cristo, através do ensino bíblico de Derek Prince,
com material (livros, cartas de ensino, cartões de pro-
clamação e mais tarde CD´s e DVD´s) na sua própria
língua!
Em mais de 100 países o DPM está ativo, dando a
conhecer o maravilhoso e libertador evangelho de Je-
sus Cristo. Esperamos que também se sinta envolvido e
encorajado na sua fé através do material por nós (DP
Portugal) fornecido.
A nossa principal atividade neste momento é tradu-
zir e disponibilizar trabalhos do Derek Prince em Portu-
guês. Como por exemplo:
Cartas de ensino: Distribuição gratuita 4 vezes por
ano de cartas de ensino orientadoras e edificadores so-
bre temas diversos da Bíblia.
Deseja saber mais sobre os materiais disponíveis e/
ou receber as cartas de ensino gratuitas? Informe-nos!
Ficamos à espera do seu contacto através de:

DP Portugal
Caminho Novo lote , Feteira
9700-360 Angra do Heroísmo
Terceira, Açores.
Tel: 295 663 738• 927992157
Blog: www.derekprinceportugal.blogspot.pt
E-mail: portugal@gmail.com

148
O DESTINO DE ISRAEL E DA IGREJA

OUTROS LIVROS POR


DEREK PRINCE
(EM PORTUGUÊS)

• Como Passar da Maldição para Bênção


• Proteção contra o Engano
• Maridos e Pais
• Curso Bíblico autodidata

Novo:
• A Troca Divina
• O Poder da Proclamação
• Quem é o Espírito Santo?
• A Chave para um Casamento Duradouro.
• Graça ou Nada.
• O Fim da Vida Terrena… e AGORA?
• Os Dons do Espírito.
• Guerra Espíritual
• Os Alicerces da Fé Cristã (uma série de três volumes)
Volume I – Os Alicerces da Fé
Arrependimento e Fé
Volume II – Do Jordão ao Pentecostes
O Propósito do Pentecostes
Volume III – Imposição de Mãos
Ressurreição dos Mortos
Julgamento Eterno

149
DEREK PRINCE

• Orando pelo Governo (nova edição)


• O Plano de Deus para o seu Dinheiro (nova edição)
• Bênção ou Maldição (nova edição)
• Expulsarão Demónios (nova edição)
• Arrependimento e Novo Nascimento
• A Redescoberta da Igreja de Deus
• O Remédio de Deus para a Rejeição (nova edição)
. A Cruz é Crucial

Cartões de proclamação:
• A Troca Divina
• Digam-no os Remidos
• Somente o Sangue
• O Poder da Palavra de Deus
• O meu Deus Proverá
• O Espíríto Santo em mim
• Eu Obedeço à Palavra
• Emanuel, Deus Connosco
• Graça, a Imerecida Prenda

150

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