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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-AIRR-2518-38.2011.5.02.0020

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1000EDAB84B4BEA36D.
A C Ó R D Ã O
2.ª Turma
GMDMA/MHS/sm

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA. RITO SUMARÍSSIMO. ADICIONAL DE
INSALUBRIDADE. EXPOSIÇÃO ÀS RADIAÇÕES
NÃO IONIZANTES (SÚMULA 442 DO TST E
PRECEDENTES). Não merece ser provido
agravo de instrumento que visa a liberar
recurso de revista que não preenche os
pressupostos contidos no art. 896, §
6.º, da CLT. Agravo de instrumento não
provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo


de Instrumento em Recurso de Revista n.°
TST-AIRR-2518-38.2011.5.02.0020, em que é Agravante CONSÓRCIO GALVÃO -
FERREIRA GUEDES e Agravado ADRIANO LUCAS DA SILVA.

O Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 2.ª


Região denegou seguimento aos recursos de revista interpostos pelo
reclamado com fundamento no art. 896, § 6.º, da CLT.
Inconformado, o reclamado interpôs recurso de revista
que não foi admitido, razão pela qual se insurge mediante o presente
agravo de instrumento.
Foi apresentada contraminuta e contrarrazões.
Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério
Público do Trabalho, consoante o art. 83, § 2.º, II, do RITST.
É o relatório.

V O T O

1 – CONHECIMENTO

Preenchidos os requisitos legais de admissibilidade,


CONHEÇO do agravo de instrumento.

2 – MÉRITO
Firmado por assinatura digital em 27/05/2015 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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O recurso de revista do reclamado teve seu seguimento
denegado pelo juízo primeiro de admissibilidade mediante os seguintes
fundamentos:

"PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Tempestivo o recurso (decisão publicada em 21/10/2013 - fl. 205;
recurso apresentado em 29/10/2013 - fl. 210).
Regular a representação processual, fl(s). 28/29.
Satisfeito o preparo (fls. 181, 186 e 209).
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Adicional /
Adicional de Insalubridade.
Alegação(ões):
- contrariedade a Orientação Jurisprudencial: SBDI-I/TST, nº 173.
Consta do v. Acórdão:
Cotejando-se detidamente o presente processado, extrai-se do laudo
pericial de fls. 133/143 a seguinte ilação: "(...) pode se constatar que, no
ambiente de trabalho do reclamante, o mesmo desempenhou suas atividades
em presença de agente insalubre, uma vez que suas tarefas junto aos postos
de trabalho são efetuadas sempre em condições assim consideradas pela NR
-15 da Portaria 3.214/78, com especial atenção ao Anexo nº 7 - Radiação
não ionizantes, por exposição ao sol sem qualquer equipamento de proteção,
como creme protetivo a pele e óculos escuros com proteção UV." (fl.140),
cuja conclusão se acolhe para o deslinde da questão em apreço, haja vista
que, ao revés do que a empresa recorrente pretende fazer crer, verifica-se
que o empregado esteve sim exposto a raios ultravioletas provenientes da
exposição ao sol, o que caracteriza desenvolvimento de atividades sob
condições insalubres por exposição a radiações - não ionizantes, à vista do
disposto na Portaria n. 3.314/78, NR 15, anexo 7, quando preconiza:
"Radiações não-ionizantes - 1. Para os efeitos desta norma, são radiações
não-ionizantes as micro-ondas, ultravioletas e laser. 2. As operações ou
atividades que exponham os trabalhadores às radiações não-ionizantes, sem
a proteção adequada, serão consideradas insalubres, em decorrência de
laudo de inspeção realizada no local de trabalho. 3. As atividades ou
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operações que exponham os trabalhadores às radiações da luz negra
(ultravioleta na faixa - 400- 320 nanômetros) não serão consideradas
insalubres." (grifei e destaquei), não havendo, por conseguinte, em se falar
na ausência de previsão legal quanto à insalubridade em função de
exposição do empregado aos raios ultravioletas, o que afasta a incidência
ao caso em epígrafe do entendimento consubstanciado na OJ 173 da SDI-1
do C. TST.
Por oportuno, relevante destacar que a questão suscitada no presente
feito fomenta a preocupação despendida com a segurança e saúde do
trabalhador, que desempenha suas atividades em campo aberto, sobretudo à
vista de que se é consabido que o acometimento do câncer mais comum no
Brasil é o de pele e a radiação ultravioleta natural (raios UV), em suas
modalidades UV- A, UV- B e UV- C, proveniente do sol, é o seu maior agente
etiológico.
Nesse compasso, verifica-se que o caso vertente revela que o
reclamante desempenhava a função de ajudante de produção, em canteiros
de obras junto à linha A da CPTM luz/ Francisco Morato, em razão do que
estava permanente sob exposição dos raios ultravioletas, inclusive nos
horários de maior incidência - das 10h as 16h -, provenientes da luz solar, à
vista da habitual jornada de trabalho das 7h as 17h (vide fls. 64/72), sem
quaisquer proteções, tais como cremes protetivos (filtros solares), roupas
protetivas ou mesmo de óculos escuros com proteção UV, à vista dos EPIs
fornecidos pela empresa reclamada descrito à fl. 145.
Imperioso mencionar que o fato da empresa recorrente fornecer
uniforme ao empregado, tais como calça e camisa, não elide as condições
insalubres constatadas, pois tal EPI não neutraliza a incidência dos raios
ultravioletas no corpo do empregado, por não deter qualquer caráter
protetivo quanto aos raios UV, fazendo jus o reclamante, por conseguinte,
ao pagamento do adicional de insalubridade e respectivos reflexos,
consoante deferido em r. sentença.
Relevante, outrossim, mencionar que a referida condição insalubre
detém caráter qualitativo e não quantitativo, não detendo, por conseguinte,
a variação metereológica condições de infirmar a referida condição.
Diante do todo exposto, reputa-se acertada a decisão monocrática,
não merecendo quaisquer reparos.
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Nada a prover, portanto.
Por se tratar de processo sujeito ao rito sumaríssimo, as hipóteses de
cabimento subsumem-se aos casos de malferimento direto à norma
constitucional e de atrito com súmula do C. Superior Colegiado Trabalhista.
Para o trânsito da revista por violação a dispositivo constitucional, a
ofensa alegada deve ser direta e literal, e não por via reflexa ou indireta.
Assim, por não restar configurado vilipêndio a texto constitucional ou
contrariedade à súmula do colendo Tribunal Superior do Trabalho, não há
como ser admitido o apelo.
CONCLUSÃO

DENEGO seguimento ao Recurso de Revista.


Após a publicação, decorrido o prazo legal sem a interposição de
recurso, os autos retornarão à Vara de origem, ficando dispensada a emissão
de certidão de trânsito em julgado, nos termos do artigo 146 da Consolidação
das Normas da Corregedoria Regional - Provimento GP/CR nº 13/2006."

O reclamado renova nas razões do agravo o tema atinente


ao “adicional de insalubridade – exposição ao sol”. Alega que não há norma
prevendo que a exposição ao sol possibilita a percepção de adicional de
insalubridade. Afirma que houve contrariedade à OJ 173 da SBDI-1 do TST.
De início, ressalte-se que, em se tratando de processo
afeto ao rito sumaríssimo, somente se admite o recurso de revista por
violação direta da Constituição Federal ou contrariedade a Súmula do TST
(art. 896, § 6.º, da CLT). Despicienda, pois, a indicação de violação
de lei infraconstitucional, divergência jurisprudencial, assim como
contrariedade à orientação jurisprudencial desta Corte.
Dispõe a Súmula 442 desta Corte:

“PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO. RECURSO DE REVISTA


FUNDAMENTADO EM CONTRARIEDADE A ORIENTAÇÃO
JURISPRUDENCIAL. INADMISSIBILIDADE. ART. 896, § 6º, DA CLT,
ACRESCENTADO PELA LEI Nº 9.957, DE 12.01.2000 (conversão da
Orientação Jurisprudencial nº 352 da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT
divulgado em 25, 26 e 27.09.2012
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Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, a admissibilidade
de recurso de revista está limitada à demonstração de violação direta a
dispositivo da Constituição Federal ou contrariedade a Súmula do Tribunal
Superior do Trabalho, não se admitindo o recurso por contrariedade a
Orientação Jurisprudencial deste Tribunal (Livro II, Título II, Capítulo III,
do RITST), ante a ausência de previsão no art. 896, § 6º, da CLT.”

No mais, registre-se a nova redação da OJ 173 da SDI-1


do TST:

‘ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. RAIOS SOLARES.


INDEVIDO. Inserida em 08.11.00 (redação alterada na sessão do Tribunal
Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 186/2012, DEJT divulgado em 25, 26
e 27.09.2012. I - Ausente previsão legal, indevido o adicional de
insalubridade ao trabalhador em atividade a céu aberto, por sujeição à
radiação solar (art. 195 da CLT e Anexo 7 da NR 15 da Portaria Nº 3214/78
do MTE). (...)
II - Tem direito ao adicional de insalubridade o trabalhador que
exerce atividade exposto ao calor acima dos limites de tolerância,
inclusive em ambiente externo com carga solar, nas condições previstas
no Anexo 3 da NR 15 da Portaria Nº 3214/78 do MTE.’ (grifou-se)

Nesse sentido, cito as seguintes ementas desta Corte,


in verbis:

RECURSO DE EMBARGOS DA RECLAMADA. INTERPOSIÇÃO


SOB A ÉGIDE DA LEI 11.496/2007. (...) ADICIONAL DE
INSALUBRIDADE. EMPREGADO QUE EXERCE ATIVIDADE
EXPOSTO AO CALOR ACIMA DOS LIMITES DE TOLERÂNCIA. 1. O
Colegiado Turmário manteve a condenação da reclamada ao pagamento de
adicional de insalubridade, ao registro de que, "consoante se extrai da
moldura fática delineada nos autos, o laudo pericial concluiu que o
Reclamante, quando do desempenho de suas atribuições, era exposto a calor
excessivo, com temperaturas superiores aos limites fixados no anexo 3 da
NR 15". 2. Ante a consonância da decisão recorrida com a jurisprudência
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deste Tribunal, cristalizada na OJ 173/SDI-I/TST ("Tem direito ao adicional
de insalubridade o trabalhador que exerce atividade exposto ao calor acima
dos limites de tolerância, inclusive em ambiente externo com carga solar, nas
condições previstas no Anexo 3 da NR 15 da Portaria nº 3214/78 do MTE"),
inviável o recurso de embargos, por óbice da parte final do art. 894, II, da
CLT. Recurso de embargos não conhecido, no tópico. (...) (E-RR -
132-53.2011.5.09.0242 , Relator Ministro: Hugo Carlos Scheuermann, Data
de Julgamento: 30/04/2015, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, Data de Publicação: DEJT 08/05/2015)

‘RECURSO DE REVISTA. [...]. ADICIONAL DE


INSALUBRIDADE. EXPOSIÇÃO A CALOR EXCESSIVO EM
AMBIENTE EXTERNO. REVISTA DO RECLAMANTE CONHECIDO E
PROVIDO. A jurisprudência desta c. Subseção vem se firmando no sentido
de que a constatação, mediante laudo pericial no sentido de que a
temperatura medida no local de trabalho foi superior àquela fixada como
máxima, no Quadro nº 01 do Anexo 03 da NR 15, para o trabalho em
canavial, não contraria a Orientação Jurisprudencial nº 173 da SBDI-1 deste
c. TST, que, embora registre que o adicional é indevido em atividades a céu
aberto, não abarca a situação dos autos, ou seja, peculiaridades relativas à
medição do calor que era exposto o empregado, se limitando a deferir o
adicional em epígrafe em razão da mera exposição a céu aberto. Nesse
sentido a mais recente orientação do Tribunal Pleno desta c. Corte. Recurso
de embargos conhecido e não provido. [...].’
(TST-E-ED-RR-90900-89.2008.5.09.0093. Rel. Min. ALOYSIO CORRÊA
DA VEIGA. SDI-1. Publicado no DEJT em: 05.10.2012)

‘RECURSO DE REVISTA. 1. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.


EXPOSIÇÃO AO CALOR. INAPLICABILIDADE DA OJ 173 DA
SBDI-1. Conforme compreensão do item II da OJ n° 173/SBDI-1, acrescido
em decorrência da 2ª Semana do TST, - tem direito à percepção ao adicional
de insalubridade o empregado que exerce atividade exposto ao calor acima
dos limites de tolerância, inclusive em ambiente externo com carga solar, nas
condições previstas no Anexo 3 da NR 15 da Portaria Nº 3.214/78 do MTE.-
Recurso de revista não conhecido. [...].’
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(TST-RR-119000-20.2009.5.09.0093. Rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de
Fontan Pereira. 3ª Turma. Publicado no DEJT em: 28.09.2012)

Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo de


instrumento.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Sétima Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade, negar provimento ao agravo de
instrumento.

Brasília, 27 de Maio de 2015.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


DELAÍDE MIRANDA ARANTES
Ministra Relatora

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