A derrubada do conjunto habitacional Pruitt-Igloe no início dos anos 1970, símbolo da
aplicação modernista à construção de massa, assumiria para Charles Jenk, crítico de arquitetura norte-americano, um significado preciso – tratava-se da morte da arquitetura moderna. O edifício em questão representava a realização do ideário modernista que pretendia reinventar o mundo em termos racionais, marcado pelo abuso da geometria em ângulo reto, das construções projetadas como caixas de metal e de vidro, padronizadas no estilo de prédios de escritórios mundo afora. A crítica incidiria sobre uma irracionalidade imanente a esses princípios de racionalidade arquitetônica pelo qual a senda universal do progresso não traria a realização dos homens, mas a uniformização dos costumes e dos estilos. Esse evento prenunciava uma importante inflexão que se cristalizaria na década seguinte. Valorizando a presença do passado e da história nos monumentos de cada cidade, o movimento pós-moderno na arquitetura lançaria em seu manifesto Strada novíssima, na bienal de Viena, as bases do que seria uma alternativa das formas arquitetônicas ao industrialismo das sociedades de massa. Associando as construções à memória coletiva de cada cidade e reconhecimento a validade parcial e relativa de todas as convenções, o pós-modernismo propunha, em vez da busca por padrões estéticos abstratos e funcionais, aprender com a tradição e com a beleza do passado. No lugar do primado da universalização das formas, defendia-se o direito à simples diferença, muito mais condizente com um contexto social no qual a própria produção industrial, o consumo, as relações de poder e as formas de sociabilidade mais gerais tenderiam a um pluralismo descentralizado. Habermas
Em “A nova intransparência”, Habermas mobiliza esse arcabouço conceitual para
interpretar as novas fontes de conflitos sociais na contemporaneidade, e ser capaz de refletir sobre as possibilidades de emancipação social. Típico durante todo o século XIX, o conflito entre capital e trabalho teria resultado na hipertrofia do Estado que, para atender novas tarefas de regulador da produção e do mercado, expandira sobremaneira a burocracia e a normatização jurídico-administrativa da vida privada – da família, da educação, da vida individual. Esses processos alimentariam a expansão da lógica sistêmica, típica da economia e da política institucional, para o mundo cultural, gerando duas tendências que se reforçam mutuamente: a expansão da monetarização – própria ao subsistema econômico – para todas as relações sociais e a burocratização – própria ao subsistema político – que minaria as formas tradicionais de interação. Ademais, com a perda da centralidade do trabalho no capitalismo tardio, a utopia oitocentista de “auto- governo dos trabalhadores” teria se esvaziado, deslocando as energias utópicas para uma nova zona de conflitos. Não mais motivados por questões redistributivas, mas como focos de resistência à colonização do mundo da vida, à padronização e à racionalização instrumental das interações sociais, novos movimentos sociais nasceriam empenhados em uma luta simbólica em torno de definições da boa vida, em favor da manutenção ou expansão de estruturas comunicativas por demandas de melhores condições de vida, equidade social, realização pessoal, direitos humanos, etc, e se se notabilizariam ainda pelas formas autogestionárias de organização, pela criação de modelos de participação direta e de contra-instituições capazes de preservar a autonomia dos indivíduos e garantir a afirmação de identidades particulares. Habermas Giddens
Giddens
Harvey
Harvey
Theotônio
Theotônio.
Saskia
Os processos e as formações globais estão desestabilizando a hierarquia centrada no estado
nacional.
Saskia
Federici
Federici
mbembe
mbembe
virginia novo papel do Estado capitalista, deslocado de papel complementar à reprodução
da força de trabalho para o de contenção de massa crescente de trabalhadores com direitos
expropriados, anteriormente associados ao contrato de trabalho. A extrema concentração da propriedade capitalista – a dos recursos sociais de produção – contraposta a trabalhadores desprovidos de direitos é exemplificada pela empresa Uber. Além de ausência de direitos (desemprego) e de jornadas ilimitadas, ocorre uma centralização direta e internacional do comando capitalista sobre os trabalhadores, acoplada à extrema descentralização do processo de trabalho. Finalmente, aborda o papel das entidades empresariais sem fins lucrativos na expropriação de direitos de massas crescentes de trabalhadores.