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Resumo
O sistema penal brasileiro atravessa uma crise estrutural no que tange à ressocialização do
apenado. Os objetivos da pena, descritos pela Lei de Execução Penal, não são
satisfatoriamente alcançados através dos métodos aplicados pelas instituições penitenciárias,
na medida em que inúmeros são os casos de reincidência criminal. O trabalho surge como
importante ferramenta na reinserção do condenado, ao oferecer, além de ocupação durante o
cumprimento da pena, a oportunidade de profissionalização como alternativa ao crime. Assim, a
presente pesquisa avalia a importância da participação da sociedade no processo de
ressocialização dos presos, posto que, através da reintegração social, o apenado resgata sua
importância, podendo optar pelo caminho da moral e licitude. Ao longo do estudo são
apresentadas propostas alternativas para a regeneração, tais como a criação de postos de
trabalho aos apenados que necessitam de oportunidade para demonstrar seus esforços de
regeneração, a fim de serem reintegrados à sociedade. O estudo utiliza-se do método dedutivo
através de pesquisa bibliográfica.
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Abstract
The Brazilian penal system is undergoing a structural crisis in the resocialization of the
prisoners. The objectives of the penalty, described by the law of penal execution are not
satisfactorily achieved through the methods applied by penitentiary institutions, to the extent that
there are plenty of cases of criminal recidivism. This work emerges as an important tool in the
reintegration of the criminal, offering besides occupation during the execution of the sentence,
the opportunity for professionalization as an alternative to delict. Thus, the present study
evaluates the importance of society's participation in the process of resocialization of prisoners,
since, through social reintegration, the victim recovers its importance, being able to choose the
path of morality and lawfulness. Throughout the study, alternative proposals for regeneration are
presented, such as the creation of jobs for those who are in need of an opportunity to
demonstrate their regeneration efforts, in order to be reintegrated into society. The study uses
the deductive method through bibliographic research.
1.INTRODUÇÃO
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forma que:
6LEP, art. 1º. “A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal
e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado” (BRASIL,
1984, on-line).
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Seja qual for a estrutura organizacional que o Estado opte, é dever dele manter
sob sua custódia e em condições dignas de tratamento, dentro dos limites
legais, o condenado ou mesmo aquele preso provisoriamente, mantendo um
distanciamento deste daquele, para os fins da execução penal e dos Princípios
Individualizadores da Pena. Mas, a realidade é outra, e distante do rigor da lei,
pois o que se vê nos Estabelecimentos Prisionais são flagrantes ilegalidades,
desde a estrutura do prédio, até o tratamento recebido pelos presos que ali
estão, provisórios, condenados, sob medida de segurança e até menores, como
ocorre nas pequenas cidades (ALVES, 2008, apud, LEOBINO, 2008, p. 61).
[...] se não se pode cumprir tudo, deve-se, ao menos, garantir aos cidadãos um
mínimo de direitos que são essenciais a uma vida digna, entre os quais, sem a
menor dúvida, podemos incluir um padrão mínimo de dignidade às pessoas
encarceradas em estabelecimentos prisionais. Por esse motivo, não havendo
comprovação objetiva da incapacidade econômico-financeira da pessoa estatal,
inexistirá empecilho jurídico para que o Judiciário determine a inclusão de
determinada política pública nos planos orçamentários do ente político
(BRASIL, 2014, on-line).
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7 LEP, art. 8º, caput. “O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado,
será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada
classificação e com vistas à individualização da execução” (BRASIL, 1984, on-line).
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fórmula unitária foi assim fixada: retribuir o mal concreto do crime com o mal concreto
da pena, na concreta personalidade do criminoso”.
Ao considerar o elevado índice de reincidência e as constantes rebeliões nas
cadeias brasileiras, pelo fracasso do modelo de execução penal idealizado pela LEP,
denota-se que a perfeita teoria muito se distancia da realidade prática, pois, embora
não haja um controle na aplicação de projetos de ressocialização, os resultados são os
mais trágicos possíveis, ao transformar o cárcere em escola do crime e manjedoura da
vingança social.
8 LEP, art. 28. “O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá
finalidade educativa e produtiva” (BRASIL 1984, on-line).
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No art. 1º, inciso IV, da Carta Política9 é destacado o valor social do trabalho,
como fundamento estrutural da República Federativa do Brasil. Nestes moldes, o direito
ao trabalho representa peça elementar na reconstrução do cidadão desviado dos
princípios sociais. “O trabalho e a dignidade da pessoa humana são dois valores
indissociáveis, uma vez que a Constituição não concebe a dignidade sem o trabalho e o
trabalho sem a dignidade” (RIOS, 2009, p. 2).
Condiciona o artigo 31 da Lei de Execuções Penais que o condenado a pena
privativa de liberdade está obrigado a trabalhar durante o cumprimento da reprimenda,
tal como assevera o artigo 6º da Carta Magna10, entende o trabalho como direito social
do preso, na medida em que atende seus direitos fundamentais e o recupera. De forma
complementar, o artigo 41, inciso II, da LEP, assegura o direito a percepção de
remuneração a ser destinada primordialmente ao pagamento de indenizações judiciais,
posteriormente ao sustento da família, pequenas despesas sociais ou ainda a formação
do pecúlio, que será entregue ao condenado quando receber sua liberdade.
Algumas correntes defendem que o trabalho constitua um dos deveres do preso,
sustentando que a Constituição Federal proíbe a pena de trabalho forçado, o que
tornaria facultativo ao apenado a prática de qualquer atividade laborativa.
9 CRFB, art. 1º. “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
[...] IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa” (BRASIL 1988, on-line).
10 CRFB, art. 6º. “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
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11 LEP, art. 126. “O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por
trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena. § 1 o - A contagem de tempo referida
no caput será feita à razão de: I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar -
atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de
requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias; II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três)
dias de trabalho” (BRASIL, 1984, on-line).
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12 CP, art. 34. “O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame criminológico
de classificação para individualização da execução. [...] § 3º - O trabalho externo é admissível, no regime
fechado, em serviços ou obras públicas” (BRASIL, 1940, on-line).
13 LEP, art. 36. “O trabalho externo será admissível para os presos em regime fechado somente em
serviço ou obras públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades
privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina” (BRASIL, 1984, on-line).
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dos presos que vão para a APAC é feita em conjunto com o Poder Judiciário
local, para que se tenha segurança e melhor aproveitamento no trabalho
executado, cursos e congressos ofertados. Para tanto fundamentando-se em
elementos como a participação da comunidade, trabalho, religião, assistência à
saúde e jurídica e voluntariado (FALCÃO, 2015, p. 10).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
ALBERGARIA, Jason. Das penas e da execução penal. 2º ed. São Paulo: Saraiva,
2001.
BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada: Ave Maria. Edição Claretiana rev. São Paulo: Ave-
Maria, 2010.
______. CP (1940). Código penal. Rio de Janeiro, RJ. Diário Oficial da União. Rio de
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______. LEP (1984). Lei de execuções penais. Brasília, DF. Diário Oficial da União.
Brasília, 11 de julho de 1984. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7210compilado.htm>. Acesso em: 20 fev.
2018.
FALCÃO, Ana Luísa Silva; CRUZ, Marcus Vinícius Gonçalves da. O método APAC:
associação de proteção e assistência aos condenados: análise sob a perspectiva
de alternativa penal. VIII Congresso CONSAD de Gestão Pública, maio de 2015.
Disponível em: <http://www.escoladegestao.pr.gov.br/arquivos/File/2015/VIII_Consad/130.pdf>.
Acesso em: 20 fev. 2018.
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MASSON, Cleber. Direito penal: parte geral. Vol. 1. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2015.
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