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A POLÊMICA DA LDB

Renata T. da S. Ferreira
 
Resumo
         A autora analisa a exigência dos professores diante de novas mudanças da
década, com relação as leis educacionais anteriores que não condiziam com os
interesses dos professores e suas práticas; com tudo isso provocaram grandes
transformações havendo a necessidade do conhecimento destas normas
educacionais ao professor, justamente devido à dinâmica da doutrina e ciência
pedagógica; que não encontrava-se adequada à realidade da escola brasileira. O
que se propunha, nunca podia ser feito dentro das normas da legislação; contudo
foi preciso que o legislador montasse uma estrutura legal que permitisse uma
prática nessa nova escola. A única lei que os legisladores estabeleceram para a
Educação, foi a criação da LDB, Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
com destaque neste artigo; abrindo um amplo leque para a prática docente,
permitindo aos órgãos normativos dos sistemas de ensino a elaborar algumas
normas e delegar autonomia, ou seja abriu-se uma enorme latitude de ação
criadora não só para os diversos sistemas de ensino, mas também para os
administradores escolares, professores e para os próprios alunos. Pretende-se
refletir sobre o conceito, significado de diretrizes e bases, como também um breve
histórico e estruturação da lei; bem como um paralelo entre a lei em vigor e as
antigas legislações; finalizando com questões relativamente polêmicas sobre a
própria LDB.  
 
Palavras-chave: Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional; legislação;
autonomia; formação.
 
Introdução
         Ao longo do processo constitucional, de 1823 a 1988, podem-se identificar
certos efeitos para a educação nas Constituições; pois as sociedades
constantemente sofrem mudanças de ordem econômica, social, política e cultural e
os indivíduos que delas participam também evoluem para se adaptarem às novas
situações conjunturais. Todas essas transformações resultam em alterações nos
relacionamentos das pessoas entre si e com as organizações governamentais e não
governamentais; gerando mudanças de mentalidade, usos e costumes, de condutas
morais e logicamente das leis, que são a base de sustentação do exercício da
cidadania. É por isso que as normas legais estão permanentemente em mudança e
os legisladores sempre buscam adaptá-las  à realidade em evolução, especialmente
a abertura do ciclo das Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
As Constituições Brasileiras até então relacionadas são: 24/03/1824; 24/02/1891;
16/07/1934; 10/11/1937; 18/07/1946; 24/01/1967; 17/10/1969 e 05/10/1988
(em vigor).
A Constituição Federal que está em vigor, menciona em seu dispositivo legal, artigo
22. “Compete privativamente à União legislar sobre: (...) XXIV. diretrizes e bases
da educação nacional; (...). Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os
Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste
artigo.”
Esta lei complementar referida pela carta magna, é a LDB , regulamentada cujo nº
9394 de 1996, entrando em vigor em 1997; é uma lei federal, à nível do território
nacional, genérica, não impositiva e sobretudo com visão flexível; tanto na área do
ensino propriamente dito quanto na da administração dos sistemas e das escolas,
para uma educação mais dinâmica e atualizada.
Dentre as Políticas Educacionais do país encontram-se várias LDBs: 4024/61;
5540/68; 5692/71; 7044/82 e 9394/96 (em vigor).
Entendemos que uma Lei, seja qual for, “é produto de movimentos sociais,
articulados numa constante dinâmica de embates, e que, sendo assim, representa
a vitória de uma perspectiva de país, de sociedade,  de educação, que prevalece
sobre as demais.”(NISKIER,  1997).
 
 
O significado de diretrizes e bases
         A palavra Diretriz, como substantivo, é a linha que mostra o caminho, define
objetivos e tendências e significa direção, orientação. Como adjetivo, é a qualidade
do que dirige, que orienta, ou seja, conjunto de instruções, indicações e regras
gerais que conduzem as ações em uma determinada área. Bases são os alicerces
que servem de apoio a uma estrutura ou de sustentáculo a uma construção; as
bases indicam a disposição das partes e mantêm a coesão de toda a estruturação.
         Segundo ensina Lourenço Filho, “diretrizes e bases significam linhas de
organização e administração de um empreendimento, conjunto de providências que
lhe dêem coesão, segundo rumos gerais que a todo o sistema imprimam unidade
funcional.”
 
Breve Histórico e Estruturação
         De 1988 até 1996, houve uma espécie de perempção das leis educacionais
brasileiras, resultante da evolução material da nossa sociedade, dos avanços
científicos e tecnológicos, e da extinção dos princípios jurídico-constitucionais, que
nortearam a elaboração da legislação então vigente. A LDB trata-se, portanto, de
uma lei que corresponde à evolução do Direito Constitucional; lei ordinária
legitimamente elaborada pelo Congresso Nacional ao longo de anos de exaustivas
audiências públicas, apreciações e votações na Câmara dos Deputados (cinco anos)
e no Senado Federal (três anos). Conhecida como Lei Darcy Ribeiro , estruturou-se
com base em nove títulos, cinco capítulos e cinco seções com seus 92 artigos.
Nenhum decreto, regulamento, resolução, portaria ou instrução do Poder Executivo
Federal e nem mesmo leis, decretos ou atos administrativos estaduais ou
municipais podem exorbitar do texto da LDB, sob pena de serem anulados ou
declarados ineficazes pelas autoridades judiciárias. Além disso, ninguém pode
escusar-se de cumpri-la, alegando que não a conhece.  Não pode a lei retroagir e
apesar de ter efeito imediato e geral desde a sua publicação, não se pode utilizar
dispositivos para alegar desrespeitos a atos jurídicos perfeitos e acabados, ou a
direitos adquiridos e coisas devidamente julgadas (inciso XXXVI do artigo 6º da
Constituição Federal). Porém, ela, sendo normatizadora e reguladora de nossa
realidade educacional, é também um reflexo das condições reais em que se
encontra o ensino brasileiro e de suas perspectivas, o que a identifica como lei
profícua, de acordo com os sábios ensinamentos conceituais de J. F. Assis Brasil,
em sua obra Do Governo Presidencial na República Brasileira, os quais transcreve-
se: “Todas as leis são profícuas enquanto correspondem às condições que vieram
regular. Devem variar com a evolução das sociedades a cuja atividade presidem.”
        
 
Paralelo com as diversas LDBs
         Diante dos comentários das LDBs far-se-á um paralelo entre as antigas
legislações com a atual LDB/96.
         Lei nº 9394 de 20/12/ 1996 estabelece em linhas gerais:
 
TÍTULO I
DA EDUCAÇÃO
Art. 1º. Conceitua a Educação Escolar de uma maneira geral, onde a Educação
abrange o processo de escolarização que se desenvolve nos estabelecimentos de
ensino e pesquisa de todos os graus, a formação que ocorre no seio da família, no
trabalho e na convivência humana em geral .
         Sendo que nas Antigas Legislações não apresentavam uma definição geral,
apenas conceitos específicos para cada um dos níveis de ensino (primário, médio,
normal e superior) e das modalidades para o 1º e 2º graus.
 
TÍTULO II
DOS PRINCÍPIOS E FINS DA EDUCAÇÃO NACIONAL
Arts. 2º e 3º. Trata dos princípios norteadores, que são: liberdade, igualdade,
pluralismo, apreço à tolerância, consideração, respeito mútuo, coexistência do
público e privado, gratuidade nos estabelecimentos oficiais, valorização do
profissional, gestão democrática, padrão de qualidade, valorização da experiência
extra-escolar, vinculação escola, trabalho e prática social e como finalidade da
Educação Nacional; o pleno desenvolvimento do educando para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho.
         Com relação nas Antigas Legislações, os princípios e finalidades são os
mesmos da lei atual.
 
TÍTULO III
DO DIREITO À EDUCAÇÃO E DO DEVER DE EDUCAR
Arts. 4º, 5º, 6º e 7º. O Estado estabelece várias garantias ao educando como :
ensino fundamental e médio obrigatório e gratuito, atendimento educacional
àqueles com necessidades especiais, às crianças de 0 a 6 anos, condições
adequadas ao ensino noturno regular para jovens e adultos, acesso à pesquisa
científica, qualidade de ensino e atendimento educacional por meio de programas
suplementares; os quais relacionados ao material escolar ( Bolsa-Escola/2001,
recentemente o Bolsa-Família/2003); alimentação ( Lei nº 8913 de 12/07/1994,
municipalização da merenda escolar, PNAE – Programa Nacional de Alimentação
Escolar); transporte (PNTE – Programa Nacional de Transporte do Escolar) e
assistência à Saúde (PNSE – Programa Nacional Saúde do Escolar: Campanha
nacional de Reabilitação Visual Olho no Olho e Campanha Quem Ouve Bem Aprende
Melhor).
          Menciona a lei que o acesso ao ensino fundamental é direito público
subjetivo, podendo qualquer cidadão e o Ministério Público acionar o Poder Público
para exigi-lo quando necessário. A lei faz uma ressalva quanto à Família; que além
do dever de educar é responsável pela freqüência, rendimento escolar e  efetuação
da matrícula.
          Para o ensino privado a LDB oferece toda autonomia, devendo cumprir as
normas gerais da educação nacional e sujeitar-se à inspeção e supervisão pelo
MEC.
         Com relação às mudanças nas Antigas Legislações, apenas não constava o
dispositivo com relação a extensiva obrigatoriedade e gratuidade do ensino médio;
pois as demais normas são iguais.
 
TÍTULO IV
DA ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL
Arts. 8º usque 20º. Diz sobre toda organização da Educação Nacional, com relação
aos sistemas de ensino, os quais deverão em regime de colaboração ( Federal,
Estadual e Municipal ), distribuir para cada órgão suas competências e
incumbências. Cabe ainda aos estabelecimentos de ensino (público ou privado) e
aos docentes, responsabilidades às quais deverão respeitar normas comuns e as do
seu sistema de ensino.
        Nas Legislações Antigas, o que havia era uma sobreposição de funções dos
respectivos sistemas e não uma organização em regime de colaboração entre:
União, Estado e Município. Além do mais, nas Instituições Privadas de Ensino, havia
um certo privilégio dentre as normas; sendo que hoje o ensino de iniciativa privada
é livre, mas de acordo com as condições estabelecidas na lei, devendo cumprir as
normas gerais da educação nacional e sujeitar-se à inspeção do Ministério da
Educação Cultura.
 
TÍTULO V
DOS NÍVEIS E DAS MODALIDADES DE EDUCAÇÃO E ENSINO
Seção I - Arts. 21º usque 28º. Estabelece normas de organização da Educação
Nacional em níveis, modalidades de ensino, suas regras comuns e conteúdos
curriculares. Os Níveis de Ensino segundo a classificação da LDB são: Educação
Básica e Educação Superior. Sendo que a Educação Básica subdividida em :
Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio.
Menciona a lei que as Modalidades de Ensino são: Educação de Jovens e Adultos,
Educação à Distância e Tecnologias Educacionais, Educação Tecnológica e Formação
Profissional, Educação Especial, Educação Indígena e Magistério da Educação
Básica.
Ocorrem dispositivos legais com relação as regras comuns da educação básica,
podendo ser organizada: com relação ao calendário escolar para o ensino
fundamental e médio=800h/200dias, adequados às peculiaridades locais; a
classificação deverá ser em qualquer série ou etapa; a promoção para os alunos
que cursaram com aproveitamento a série ou fase anterior, feitos na própria
escola; a verificação do rendimento, ou seja a avaliação deverá ser contínua e
cumulativa, qualitativa e com recuperação paralela, podendo ser oferecida a
possibilidade de aceleração de estudos, para alunos com atraso escolar; o controle
da freqüência está disposto em 75% do total de horas letivas para aprovação e com
relação a transferência e expedição de documentos, qualquer indivíduo poderá ter
acesso. Comparando com as Legislações Antigas, a avaliação era vista de forma
regimental, a cargo dos estabelecimentos de ensino, compreendendo a avaliação
quantitativa e apuração da assiduidade.
Nas Legislações Antigas a carga horária era de 180 dias letivos; os currículos de
ensino não tinham tanta flexibilidade, porém a lei em vigor diz que os conteúdos
curriculares do ensino fundamental e médio devem ser de base nacional comum, a
ser complementada em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma
parte diversificada e outra comum. A composição dos currículos referem-se as
Diretrizes e Referenciais Curriculares, criadas em 1998 as Diretrizes Curriculares
Nacionais do Ensino Fundamental e Médio, em 1999 o Referencial de Educação
Infantil, Profissional e Indígena, em 2000 o Referencial da Educação de Jovens e
Adultos e em 2001 a Diretriz da Educação Especial. Com relação à parte
diversificada a lei exige que seja pelas características regionais e locais da
sociedade, cultura, economia e clientela; sendo que para a população rural, os
sistemas de ensino promoverão adaptação necessária à sua adequação às
peculiaridade.
Menciona a LDB que os Currículos obrigatórios são: Língua Portuguesa, Matemática,
Conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social, Arte, Educação
Física(integrada na Proposta Pedagógica), História do Brasil, Língua Estrangeira.
 
Seção II – Arts. 29º, 30º e 31º. Estabelece normas com relação à Educação
Infantil: sua finalidade, oferta,  avaliação e referenciais curriculares. A Finalidade da
Educação Infantil é o desenvolvimento integral da criança em todos os aspectos:
físico, intelectual, psicológico e social, com a participação da família e comunidade.
É oferecida em creches, para crianças até 3 anos de idade e pré-escola até 6 anos
de idade. A avaliação nesta etapa é mediante acompanhamento e registro do
desenvolvimento da criança, sem o objetivo em promoção. Cabe ainda os
Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Infantil criados em 1999 para
auxiliar os educadores.
         Nas Legislações Antigas, a Educação Infantil, chamada de Educação Pré-
Escolar, velavam para que as crianças de idade inferior a 7 anos recebessem
educação em maternais, jardins de infância e instituições equivalentes.
 
Seção III – Arts. 32º, 33º e 34º. Diz com relação ao Ensino Fundamental: seu
objetivo, jornada escolar, parâmetros curriculares, tipos de regimes e avaliação. O
Objetivo do Ensino Fundamental sendo obrigatório e gratuito, com a finalidade de
formação básica do cidadão. Os Parâmetros Curriculares criados em 1998 e
Educação Indígena em 1999. A lei menciona que o ensino religioso faz parte
integrante da formação básica, mas de matrícula facultativa em horário normal de
aula; onde os sistemas de ensino é que estabelecerão as normas para a habilitação
e admissão dos professores.
Nas Legislações Anteriores previam a obrigatoriedade do ensino religioso no ensino
primário, 1º e 2º graus, sem ônus para os sistemas. 
Os Tipos de Regimes elencados pela LDB são divididos em ciclos: 1ª a 4ª séries-
ciclo I e 5ª a 8ª séries- ciclo II, com duração mínima de 8 anos. A Avaliação para
que seja cumprida, deverá ser observada as normas do sistema de ensino, e/ou
progresso continuado sem prejuízo da avaliação processo ensino aprendizagem;
com uma Jornada pelo menos 4 horas de trabalho efetivo em sala de aula, podendo
ser ampliado a critério dos sistemas de ensino.
 
Seção IV – Arts. 35º e 36º. Assegura normas com relação ao Ensino Médio: seu
objetivo, jornada escolar,  parâmetros curriculares, metodologias e avaliação. O
Objetivo e Jornada do Ensino Médio, tem como duração mínima de 3 anos, com a
finalidade de formação básica do cidadão. Os Parâmetros Curriculares foram criados
em 1998.
 
Seção V – Arts. 37º e 38º. Estabelece normas com relação à Educação de Jovens e
Adultos: finalidade, oferta,  referenciais curriculares, limites de idade e exames. A
Finalidade e Oferta da Modalidade de Educação de Jovens e Adultos são destinadas
àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos na idade própria;
sendo assegurado a gratuidade. Os Referenciais Curriculares foram criados em
2000; onde os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos. Os Limites
de idade no nível de conclusão do ensino fundamental é para maiores de 15 anos e
no ensino médio, para os maiores de 18 anos.
         Nas Leis Anteriores possuem os mesmos destinos da lei em vigor.
 
CAPÍTULO III
DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
Arts. 39º usque 42º. Estabelece normas relativas à Educação Profissional:
finalidade e referenciais curriculares. A Finalidade desta modalidade é integrada às
diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao
permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. Os Referenciais
Curriculares foram criados em 1999, com validade nacional para as escolas técnicas
e profissionais, além de cursos regulares, especiais, abertos à comunidade,
condicionada a matrícula à capacidade de aproveitamento e não necessidade ao
nível de escolaridade.
         Nas Legislações Anteriores o único requisito legal diferente é que a Educação
Profissional era chamada de Serviços Nacionais de Aprendizagem Industrial e
Comercial; tendo os mesmos serviços prestados pela lei em vigor; acrescido do
SENAT.
 
CAPÍTULO IV
DA EDUCAÇÃO SUPERIOR
Arts. 43º usque 57º. Assegura disposições com relação à Educação Superior:
finalidade, cursos e programas, autorização e reconhecimento, transferências,
matrículas, atribuições e estatuto jurídico. A Finalidade desta modalidade é formar
diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, incentivar o trabalho de
pesquisa e investigação científica e aperfeiçoamento cultural e profissional. A LDB
menciona os Cursos e Programas como sendo: graduação, pós-graduação (lato
sensu e stricto sensu), mestrado e doutorado, cursos de especializações,
aperfeiçoamento e cursos de extensões; onde as autorizações e reconhecimentos
de todos os cursos ministrados em instituição de Ensino Superior Público ou
Privados, deverão ter autorização e reconhecimento dos órgãos responsáveis. Com
relação as Transferências, Matrículas e Atribuições, a Lei garante a
incumbência  das instituições informarem aos interessados, pois possui à
autonomia garantida, também há um Estatuto Jurídico Especial, onde as
universidades mantidas pelo Poder Público e as Privadas, gozarão de regimentos
para atender às peculiaridades de sua estrutura, organização e financiamento.
         Nas Legislações Anteriores, a Educação Superior sempre foi organizada para
garantir a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
 
CAPÍTULO V
DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
Arts. 58º, 59º e 60º. Estabelece normas relacionadas à Educação Especial: oferta,
diretrizes educacionais e referenciais curriculares e sistemas de ensino. A oferta de
educação especial, tem início na faixa etária de 0 a 6 anos e preferencialmente na
rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. Em
2001, foi criado as Diretrizes Educacionais e Referenciais Curriculares , com os
objetivos:
a) sistematizar os serviços educacionais especializados oferecidos à crianças na
faixa de 0 a 3 anos;
b) Referencial Curricular para a Educação Infantil: Estratégias e Orientações para a
Educação de crianças com Necessidades Especiais;
c) Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica.
A Lei menciona que os Sistemas de Ensino: os currículos, métodos, técnicas e
recursos educativos são organizados de acordo com as necessidades específicas de
cada educando especial;inclusive o superdotado; cabendo à escola organizar-se e
assegurar tais condições, para uma educação de qualidade para todos.
         As Leis Anteriores não dirigiam a educação especial aos portadores de
necessidades especiais e sim especificavam as deficiências em suas normas, como
sendo: físicas ou mentais e superdotados.
 
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Segundo as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica  as
escolas da rede regular de ensino devem prever na organização de suas classes
comuns:
a)       professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para
atendimento especializado; bem como professores do ensino regular capacitados
para a integração desses educandos nas classes comuns;
b)       flexibilidade e adaptações curriculares;
c)       serviços de apoio pedagógicos especializados em classes comuns;
d)       condições para reflexão e elaboração teórica da educação inclusiva;
e)       sustentabilidade do processo inclusivo, mediante aprendizagem cooperativa
em sala de aula, trabalho em equipe e redes de apoio;
f)       temporalidade flexível do ano letivo, p/ atender às necessidades com graves
deficiências.
O Decreto nº 3298, de 20/12/99, artigo 24,  1º. Entende-se que um processo
educativo definido em uma proposta pedagógica, assegura um conjunto de
recursos e serviços educacionais especiais, de modo a garantir a educação escolar e
promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam
necessidades especiais, em todos os níveis, etapas e modalidades da educação;
abrangendo educação infantil, ensino fundamental, médio e educação superior,
bem como na interação com as demais modalidades da educação escolar, como a
educação de jovens e adultos, educação profissional e indígena.
“Dessa forma, não é o aluno que se amolda ou se adapta à escola, mas é ela que,
consciente de sua função, coloca-se à disposição do aluno, tornando-se um espaço
inclusivo. (MAZZOTTA, 1998).
 
TÍTULO VI
DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO
Arts. 61º usque 67º. Estabelece normas com relação à valorização de Formação
dos Profissionais da Educação em todos os níveis e modalidades de ensino; e sua
valorização, através de estatutos e planos de carreira. Assegura dispositivos com
relação aos cursos mantidos pelos institutos superiores.
         As Legislações Anteriores, não especificavam nenhum dispositivo legal com
relação a questão da valorização profissional.
 
TÍTULO VII
DOS RECURSOS FINANCEIROS
Arts. 68º usque 77º. Estabelece normas com relação aos Recursos Financeiros  da
Educação:
a)       receita de impostos da União – 18%, dos Estados, Distrito Federal e
Municípios – 25%; (FUNDEF) ;
b)       receita de transferências constitucionais e outras;
c)       receita do salário-educação - 2,5%- FNDE  e outras contribuições fiscais:
COFINS e FAT ;
d)       receita de incentivos fiscais e outros recursos.
Nas Legislações Anteriores não havia tanta clareza quanto as porcentagens,
previsões de recursos e de controle de gastos sobre o financiamento.
 
TÍTULO VIII
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Arts. 78º usque 86º. Dispõe a União, com colaboração das agências federais em
desenvolver programas integrados aos povos indígenas. Em 1999 elaboração do
Referencial Curricular da Educação Indígena e em 2001 a integração com o Projeto
Educação Ticuna, sendo uma experiência de formação de profs. índios no Brasil,
dando aula para índios. O Poder Público incentiva o desenvolvimento de programas
à distância, em todos os níveis e modalidades de ensino e de educação continuada;
com requisitos para regulamentação.
         Com relação as Legislações Anteriores, não mencionam nada com relação ao
Ensino à Distância.
 
TÍTULO IX
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Arts. 87º usque 92º. Estabelece disposições transitórias com relação à prescrição
da lei e suas especificidades, instituindo a Década da Educação a iniciar-se um ano
a partir da publicação desta lei, para que a União, Estados, Distrito Federal e
Municípios adaptem-se sua legislação educacional e de ensino às disposições do
novo regime; bem como as instituições educacionais com relação aos seus
estatutos e regimentos.
Menciona a Lei na Atribuição ao Poder Público recensear os educandos do ensino
fundamental, com especial atenção à faixa etária de 7 a 14 anos  e 15 a 16 anos.
Complementa os dispositivos alegando que até o final da década da educação,
somente serão admitidos profs. habilitados em nível superior ou formados por
treinamento em serviço (alterado pelo dec.3554/2000, que diz”que a formação em
nível superior de professores para Educação Infantil e para os quatro anos iniciais
do Ensino Fundamental seria feita “preferencialmente” nos Cursos Normais
Superiores).
 
A Polêmica da LDB
Várias são as dúvidas com relação à lei complementar; deparando-se com as mais
comuns:
a) E a formação dos profissionais da educação? Como a lei admite?
Esta é a grande polêmica que a própria legislação criou, um tropeço na redação do
artigo 87, que estabelece no  4º “até o fim da Década da Educação somente serão
admitidos professores habilitados em nível superior ou formados por treinamento
em serviço.”Como a década iniciou-se em 1997, um ano após a promulgação da lei,
2007 aparece como o ponto sem retorno a  partir do qual não mais seriam
admitidos os que não tivesse concluído uma faculdade. Ocorre que, em vez dos
legisladores escreverem “a partir do fim da década ...”, redigiriam “até”. Para
aumentar a confusão, o artigo 87 faz parte das Disposições Transitórias, que não
podem se sobrepor ao corpo permanente da lei, que em seu artigo 62, determina:
“A formação de docentes para atuar na Educação Básica far-se-á em nível superior,
em curso de licenciatura de graduação plena em universidades e institutos
superiores de educação, admitida como formação mínima para o exercício do
Magistério na Educação Infantil e nas quatro primeiras séries do Ensino
Fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal”. 
b) O que muda nas licenciaturas? O decreto 3276/99 foi modificado pelo Decreto
3554/00, onde estava escrito que a “formação em nível superior para atuação
multidisciplinar destinada ao Magistério na Educação Infantil e nos anos iniciais do
Ensino Fundamental, far-se-á “exclusivamente”, trocando este termo por
“preferencialmente” em cursos Normais Superiores; onde o texto anterior feria não
só a legislação que regulamenta a autonomia universitária, como também o corpo
permanente da LDB, na medida em que as duas leis são, hierarquicamente,
superiores a um decreto.
c) O  Curso Normal Superior oferece que tipo de habilitação? Os formados nesse
tipo de curso podem lecionar na Educação Infantil, nas quatro primeiras séries do
Ensino Fundamental e no próprio Normal.
d) Após 2007, quem não tiver curso superior será demitido? Nada muda para quem
é efetivo, tanto das redes estaduais como municipais, não podendo vir a ser
demitidos por não terem curso superior, desde que lecionem até a 4ª série do
Ensino Fundamental. A LDB garante o direito ao trabalho “direito este adquirido”.
Mas, se não obtiver Diploma em curso de licenciatura de graduação plena em nível
superior; poderá ter dificuldades de ascensão na carreira e mesmo no seu
prosseguimento. Por isso para àqueles que pretendem prestar concurso público, no
entanto, devem ficar atentos; pois as redes de ensino podem exigir o diploma de
todos os candidatos, inclusive para quem disputa vaga de professor de 1ª a 4ª
série; pois Estados e Municípios são autônomos para definir as qualificações
exigidas. No entanto, é recomendável, que faça o Curso em nível superior em
licenciatura de graduação plena.
e) Qual é a importância então de investir no diploma se ele não é obrigatório?  Essa
exigência profissional veio para ficar. Guiomar Namo de Mello, diretora executiva da
Fundação Victor Civita, interpreta que “a despeito da imperfeição na redação da
LDB, a intenção é clara. O legislador quis dar um prazo para propiciar mais
formação aos que só têm nível médio”.
 
Conclusão
         Em face de tudo o que foi abordado, pode-se destacar que apesar de vasta
pesquisa sobre os dispositivos da LDB, sempre haverá dúvidas ao interpretar uma
norma jurídica educacional; pois o Direito é “ plurívoco”, ou seja várias são suas
interpretações, devendo ao educador abrir caminhos sempre para a realização de
novas pesquisas.
         Com relação a Lei Complementar em vigor, precisa ser valorizada, pois
contém avanços ponderáveis, que permitem, sobretudo em seu senso pela
flexibilidade legal, rumar para inovações importantes, onde o educador é o grande
responsável para que essa lei vigore e cumpra; é a chave especial para a educação.
Há necessidade portanto, de se conhecer a LDB, para além de encontrar-se
informado sobre a principal lei que os amparam, garantir sua cidadania.
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