As mulheres no Brasil tem assumido um papel cada vez mais significativo
dentro das organizações se mostrando presente na liderança de empresas, em diversos setores da economia e principalmente, respeito no mercado de trabalho. A mulher brasileira é historicamente uma das que mais empreende no mundo. Segundo o relatório executivo do Global Entrepreneurship Monitor do ano de 2011 (GEM, 2011), apesar de a taxa de empreendedorismo feminino no Brasil ser um pouco inferior à taxa de empreendedorismo masculino, o Brasil tem uma das mais altas taxas de empreendedorismo feminino entre os países participantes da pesquisa GEM, sendo considerada a quarta maior proporção entre os 54 países pesquisados. Conforme dados do relatório do GEM do ano de 2010, dentre os empreendedores iniciais, 50,7% eram homens e 49,3% mulheres, mantendo o equilíbrio entre gêneros no empreendedorismo nacional. Segundo a mesma fonte na ultima pesquisa realizada em 2013 52% dos empreendedores no Brasil são mulheres. Isso na região nordeste e sul.
Os conceitos existentes de empreendedorismo não fazem distinção de gênero,
pois as características empreendedoras podem ser encontradas tanto em homens quanto em mulheres. apura-se que antes a atividade que predominava no empreendedorismo feminino era a prestação de serviços e algumas comerciais como lojas de vestuário e acessórios, atualmente, devido ao fato das empreendedoras estarem cada vez mais escolarizadas e informadas, a indústria também tem sido alvo destas profissionais. Desta maneira, vestuário, produção de brinquedos e bijuterias entre outros, indústria de alimentos e bebidas, comércio e serviços com destaque para salões de beleza, lanchonetes e acessórios do vestuário, são as atividades que mais atraem o empreendedorismo feminino, segundo o SEBRAE (2013).Em 33% dos casos as mulheres preferem atividades ligadas ao comercio varejista, 20% em alimentação e 12% na indústria de transformação Além disso, essas pesquisas mostram que, na maioria das vezes, as mulheres iniciam as empresas com baixo capital inicial, o que pode estar relacionado também ao tipo de empresa em que investem, que requer menores investimentos iniciais. A combinação de características ditas masculinas, tais como iniciativa, coragem e determinação, com características femininas como sensibilidade, intuição, cooperação, flexibilidade, capacidade para trabalhar em equipe e administrar a diversidade, define um estilo próprio de gerenciar e liderar. Em relação a correr riscos, elas são mais conservadoras que os homens. A liderança da mulher empreendedora está baseada na valorização do indivíduo, aliado à intensa dedicação ao trabalho. Um fato a ser considerado é o de que a sobrevivência de empresas dirigidas por mulheres tem atingido um tempo maior que o padrão médio de sobrevivência de pequenos negócios (MACHADO, 2002). Outro aspecto relevante é que no processo de gestão conduzido por mulheres há uma tendência para que os objetivos sejam difundidos entre todos da organização e numa tentativa de satisfazer a todos os envolvidos. Por esse motivo, a estrutura organizacional de empresas geridas por empreendedoras é semelhante a uma roda, com a proprietária no centro, conectada diretamente com seus empregados e estes, unidos um ao outro ao longo da borda (MACHADO, 2002). Uma pesquisa realizado pelo SEBRAE (2013), verifica-se que a faixa etária das mulheres empreendedoras é de 40 a 49 anos; que estas têm nível de escolaridade superior aos dos homens empreendedores, procuram por mais informações, acessam mais os meios de comunicação, procuram mais assessoria profissional e iniciam atividades que antes eram praticadas somente pelo gênero masculino. Assim sendo, as empresas gerenciadas por mulheres estão se mantendo mais no mercado.
Sobre a gestão nas organizações, Paladino (2010, p.80) afirma que as
mulheres:
– Parecem ter um estilo de gerenciamento mais participativo; – Importam-se
mais com seus empregados e clientes;
– Tendem a ser mais jovens e com menos experiência do que os homens ao
iniciarem seus negócios;
– Não parecem usar o mesmo critério dos homens para definir sucesso;
– Gastam mais tempo e recursos do que os homens com seus entes queridos;
– São mais envolvidas do que os homens em atividades voluntárias para
ajudar a comunidade; – Apontam mais razões familiares para iniciar seus negócios.
A mulher tem assumido características, como a competitividade, liderança,
ambição, capacidade de assumir riscos, aceitação de mudanças, possuindo um pensamento analítico e objetivo, independência, e autoconfiança. As mulheres tendem a adotar um estilo de liderança mais democrático, como menciona Robbins.
"As mulheres encorajam a participação, a partilha do poder e da informação e
tentam aumentar a auto-estima dos seguidores. Preferem liderar pela inclusão e recorrem a seu carisma, experiência, contatos e habilidades interpessoais para influenciar os outros. [...] Os homens tendem a adotar mais um estilo diretivo de comando e controle. Recorrem à autoridade formal de seu cargo como base para sua influência. [...] A tendência das líderes do sexo feminino, de serem mais democráticas que os do sexo masculino, diminui quando as mulheres ocupam cargos de dominância masculina. Ao que parece, as normas grupais e os estereótipos masculinos sobre os líderes anulam as preferências pessoais, de tal forma que as mulheres abandonam seus estilos femininos nesses cargos e atuam de modo mais autocrático" (Robbins, 2000, p. 413).
As mulheres são capazes de executar várias atividades ao mesmo tempo e
lidar com várias responsabilidades (lar, marido, filhos, trabalho). Segundo Villas Boas (2010, p.51) “Existem importantes diferenças entre os estilos de empreender masculino e feminino. Elas têm uma ótima capacidade de persuasão e se preocupam com clientes e fornecedores, o que contribui para o progresso da empresa”, o que se torna um diferencial em relação aos homens e de acordo com Grzybovski et. al. (2002):
A mulher consegue construir um sentimento de comunidade, por meio
do qual os membros da organização se unem, e aprendem a acreditar e a cuidar uns dos outros. As informações são compartilhadas e todos os que serão afetados por uma decisão têm a oportunidade de participar da tomada desta decisão. (GRZYBOVSKI et. al. 2002).
Para Pesce (2012, p.24) “ Ser empreendedor é colocar a mão na massa” e o
foco estar sempre voltado em empreender cada vez mais sobre como se constrói uma empresa. Ela valoriza cada projeto e aprende com eles, com cada equipe, com cada sócio. A humildade faz parte do seu método de trabalho. REFERÊNCIAS:
MACHADO, H.V. Identidade de Mulheres Empreendedoras no Paraná.
Florianópolis: UFSC, 2002
GEM - GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR. Empreendedorismo no
Brasil. Curitiba: IBQP, 2010. 286 p.
H. P. V. Identidade empreendedora de mulheres no Paraná. Tese de
doutorado. UFSC, 2002.
MACHADO, H. P. V.; BARROS, G. V.; PALHANO, D. Y. M. Conhecendo a
empreendedora norte paranaense: perfil, porte das empresas e dificuldades de gerenciamento. In: EGEPE – Encontro de estudos sobre empreendedorismo e gestão de pequenas empresas, Brasília. Anais do EGEPE – Encontro de estudos sobre empreendedorismo e gestão de pequenas empresas, Brasília. Brasília: UEM/UEL/UnB, 2003, p. 171-197.
Livro identidades de mulheres empreendedoras – Autora Hilka Vier Machado
EDUEM Maringá 2009
ROBBINS, S. P. Administração: mudanças e perspectivas. São Paulo:
Saraiva, 2000.
GRZYBOVSKI, Denize. Estilo feminino de gestão em empresas familiares
gaúchas.
Pesce, Bel. A menina do vale: como o empreendedorismo pode mudar sua
vida/Bel Pesce – Rio de Janeiro: Casa da palavra,2012.