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Professor Autor
Cesário Antônio Neves Júnior
Design Instrucional
Deyvid Souza Nascimento
Maria de Fátima Duarte Angeiras
Renata Marques de Otero
Terezinha Mônica Sinício Beltrão
Diagramação
Izabela Cavalcanti
Coordenação
Sadi da Silva Seabra Filho
Coordenação Executiva
George Bento Catunda
Coordenação Geral
Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra
N511h
Neves Júnior, Cesário Antônio.
História do Design: Curso Técnico em Design de
Interiores: Educação a distância / Cesário Antônio Neves
Júnior. – Recife: Secretaria Executiva de Educação
Profissional de Pernambuco, 2017.
56 p.: il.
CDU – 620.1
Sumário
Introdução ........................................................................................................................................ 7
1.Competência 01 |Ler Imagens (do design e do cotidiano), Fazendo Análise Comparativa entre elas,
a Partir dos Diferentes Períodos Históricos, Movimentos Artísticos, Tendências Estéticas, Culturas,
Modalidades, Técnicas e Gêneros ..................................................................................................... 8
1.1.4 Recapitulando...................................................................................................................................20
2.1.6 Recapitulando...................................................................................................................................40
5
3.1.1.1 Alguns aspectos da filosofia grega e da antiguidade aos tempos modernos ...................................42
3.1.3 Recapitulando...................................................................................................................................47
4.1.4 Recapitulando...................................................................................................................................54
Conclusão ........................................................................................................................................ 55
Referências ..................................................................................................................................... 56
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Introdução
Nesta disciplina, você vai acessar e estudar conteúdos referentes à história e ao surgimento do
design no mundo e no Brasil, conhecerá os movimentos artísticos e estéticos focados no design de
interiores, entenderá o papel do design na produção em massa, além de ter ferramentas que
contribuam na identificação de tendências, modelos, aplicações que sejam referenciadas, utilizadas
e, possivelmente, aplicadas em seus futuros projetos de design de interiores.
Assim, o objetivo principal deste material é trazer informações sobre os movimentos artísticos e
estéticos do design para que você, cursista, possa identificá-los e utilizá-los de maneira coerente no
reconhecimento, nas construções e conceitos de projetos.
Nesse sentido, trataremos de desenvolver uma percepção crítica da produção do design ao longo
do tempo, avaliando a importância histórica do design de interiores em relação a nossa época. O
esforço está voltado, preferencialmente, aos acontecimentos que envolvem a criação de artefatos
de design de interiores. Com isso, temos a certeza de que os assuntos de abordagem histórica não
se esgotam e que cabe ao estudante realizar leituras complementares, assistir a vídeos, filmes,
documentários; enfim, tornar a busca pelo conhecimento uma rotina em sua formação.
Bons estudos!
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Competência 01
Fique atento às semelhanças e diferenças existentes entre as antigas produções e as mais atuais.
Estaremos juntos no decorrer da disciplina, serei o professor formador responsável pela mesma,
não deixem de participar ativamente nos nossos fóruns e atividades, tanto as colaborativas quanto
as individuais são de fundamental importância para o desenvolvimento de uma educação de
qualidade.
Há um autor que está sendo muito estudado atualmente quando o assunto é história do design,
trata-se do Rafael Cardoso. Ele afirma que os estudos sobre design são recentes, os primeiros
ensaios são datados da década de 1920. Com isso, podemos concluir que estamos falando de uma
profissão relativamente nova, com muitos fatos a serem explorados e com uma maturidade
institucional e acadêmica observada apenas nas últimas décadas.
Uma tarefa não muito fácil é apresentar uma definição sobre o que é “design”, que atenda a todos.
Esse termo tem origem inglesa e é uma palavra vinculada ao conceito de plano, desígnio, intenção,
quanto à configuração, arranjo, estrutura, mas não se resume a apenas artefatos produzidos pelo
homem, podendo em inglês ter outras conotações. Temos uma infinidade de definições e
discussões também, mas destacamos a definição do próprio Rafael Cardoso (2008) que explica se
tratar de uma profissão
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Competência 01
“que gera projetos, no sentido objetivo de planos, esboços ou modelos. [...] o design costuma
projetar determinados tipos de artefatos móveis” (CARDOSO, 2008, p.20).
Confirmando a assertiva do parágrafo anterior, nessa própria definição, já podemos sugerir uma
discussão para você refletir. O que pensar, então, sobre as áreas afins como Arquitetura e
Engenharia? Elas também não produzem peças e produtos móveis? O que você acha? Também, ao
se falar da produção de artefatos móveis entra na discussão as artes plásticas, as artes gráficas, o
artesanato, porém, cabe afirmar aqui que
Quanto à origem do design? Recorremos mais uma vez às afirmações de Rafael Cardoso (2008),
quando explica que o design é resultado de três grandes processos históricos sucedidos
simultaneamente, entre os séculos XIX e XX, em escala mundial. São eles:
Imagine você a euforia dos países europeus com a implantação do maquinário em meados do
século XIX. A Inglaterra era responsável pela maior parte da produção de tecidos de algodão na
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Competência 01
Europa e isso lhe dá a importância histórica de ter tido a primeira Revolução Industrial. Vários
países começaram a investir na ampliação das suas fábricas, na aquisição de máquinas, na
ampliação da produção e na contratação de pessoas, inclusive, nesse momento, começam a surgir
profissionais que se denominavam designers.
Nesse momento, a divisão das tarefas surge e absorve um contingente de indivíduos que não,
necessariamente, precisavam ter as especialidades de um artesão. Isso transformou o modo como o
processo de produção era empregado, pois o designer era agora responsável pelo projeto e a
fabricação ficava a cargo de outros trabalhadores; fabricação que antes do uso das máquinas era a
atividade de pessoas que produziam manualmente, ou seja, dos artesãos.
Com a ampliação da produção, todas as classes sociais passam a ter o poder da compra. Peças e
produtos que antes eram consumidos apenas por famílias nobres agora circulavam entre indivíduos
de qualquer classe social. A crescente oferta de emprego nos centros urbanos europeus convidou
um grande número de indivíduos e famílias que antes viviam em cidades menores, nos interiores e
nas zonas rurais, e que passaram a vislumbrar a busca por trabalho e por oportunidades. Esse
movimento causou um aumento significativo das populações nas grandes capitais.
Outro aspecto resultante desse novo processo de produção é a expansão e integração do mercado
que hoje chamamos de globalização. A Revolução Industrial gerou consequências na sociedade:
surgiram temas relevantes abordados e discutidos por vários autores da história geral e da história
do design, como questões sobre jornada e relações de trabalho, remuneração, qualidade de vida,
consumo, lazer, qualidade do produto, distinção entre produtos populares e produtos de luxo, cópia
na fabricação de artefatos, a valorização e a desvalorização de alguns profissionais, além de outras
demandas. Nesse contexto, a figura do design começa a aparecer e a ser valorizada.
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Competência 01
Também passa a ser uma das questões primordiais para discussão. Começam a surgir muitos
produtos com baixa qualidade a partir do surgimento das máquinas. Esses efeitos promoveram
intensas discussões entre artistas, intelectuais, arquitetos, artesãos, resultando na criação de
grupos e associações de profissionais que prezavam uma produção racional, simples, de qualidade,
de tradição, com uma estética autêntica, como as peças produzidas artesanalmente.
Como vimos até agora, as transformações no processo de produção, circulação e consumo de bens
e serviços originaram distintas mudanças na sociedade, no cotidiano das pessoas, refletindo nos
seus modos de trabalho, de moradia, de educação e de consumo. O design faz parte desse processo
e é sobre sua participação, evolução e atuação dos profissionais que vamos tratar nos próximos
tópicos.
O homem exerce influência sobre o ambiente em que está inserido, seja consciente ou
inconscientemente, e tem oportunidade de modificá-lo mediante suas realizações. Várias podem
ser as motivações do homem para que o ambiente sofra modificações. Tudo está diretamente
ligado às relações entre o homem e os objetos e a conduta do homem está diretamente
influenciada por suas diferentes necessidades. Estas surgem diante de alguma carência e ditam
nosso comportamento visando ao suprimento dessa falta. No entanto, além da necessidade, somos
influenciados também por nossos desejos, anseios e ambições, ou seja, nossas aspirações. Nesse
caso, as aspirações não são derivadas de deficiência, são espontâneas e podem ser supridas por um
objeto que passa a ser desejado.
O homem teve que modificar as condições encontradas naturalmente, idealizando ferramentas que
fortalecessem e complementassem suas aptidões naturais, possibilitando o domínio do ambiente. A
fabricação da maioria desses objetos, hoje, é predominantemente feita por processos industriais e
teve início com a Revolução Industrial.
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Competência 01
predominantemente artesanal. No início do século XIX, o aumento dessa produção, junto ao baixo
custo dos produtos, permitiu o consumo em todas as classes sociais. Com esse acesso, surge
também a distinção entre produtos populares e os de luxo. A fabricação em escala comercial de
tecidos de algodão, tecidos de seda, móveis, louças utilitárias, bebidas como chá e café, além de
armas, estava presente na Europa desde o século XVIII.
Um dos principais aspectos para a industrialização, além do uso contínuo de máquinas, das
ampliações das fábricas, do aumento na escala de produção, é a forma de organização da produção
não mais centralizada em um indivíduo, isto é, a divisão de tarefas está claramente presente e
também a distinção entre planejamento e execução dos artefatos.
Apesar da grande expectativa com a mecanização na produção, o processo demorou a atingir todas
as fábricas por igual. Vários registros mostram que, apesar desse novo modelo de produção, da
padronização, os acabamentos de alguns produtos continuavam sendo feitos manualmente. Por
exemplo, nas máquinas de costura da Singer, figura 2, existiam decorações pintadas à mão; as
cadeiras do marceneiro alemão Michael Thonet (1830), figura 3, eram montadas manualmente e
recebiam acabamentos decorativos finais. Essas cadeiras são a maior representante de um processo
tecnológico que até hoje sobrevive, o de dobrar por calor os bastões de madeira. São tipos de
mobiliário muito comuns de ser encontrados quando estamos em um ambiente com estilos retrôs.
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Competência 01
Um fator que influencia na expansão da produção industrial é a satisfação das necessidades dos
usuários, fazendo com que o fabricante tenha a venda de seus produtos garantida. Ao se alcançar
uma saturação do mercado, é preciso descobrir novas necessidades dos usuários para garantir que
o mercado econômico continue crescendo. Nesse processo está inserido o designer e, em muitos
casos, é esse profissional que tem a tarefa de tornar possível o aumento da produção. Este é um
dos responsáveis pela materialização de uma ideia para a satisfação de necessidades do homem. A
esse processo de materialização de ideias dá-se o nome de trabalho. O trabalho é a transformação
de uma coisa em outras coisas. Segundo Kurella (1958, apud LÖBACH, 2001, p. 30):
Como já mencionamos anteriormente, muitas necessidades dos homens são satisfeitas pelo uso de
objetos, no entanto, são tantas as necessidades humanas que nem todas são satisfeitas com
objetos. Assim, correspondendo as essas diferentes necessidades, há uma grande variedade na
produção de objetos, sendo classificados em quatro categorias:
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Competência 01
Nessa categoria, temos os produtos que existem sem a intervenção humana, figura 4. Por exemplo:
animais, árvores, frutos, insetos etc. Se refletirmos um pouco... Nós, homens, também somos parte
integrante da natureza e podemos apoiar diversas posturas frente a ela. Um exemplo de postura
está em se manter passivo diante do seu habitat, sem modificar ou exercer nenhuma influência
sobre ele.
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Competência 01
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Competência 01
Os objetos de uso (figura 7) são, muitas vezes, utilizados também para satisfazer nossas
necessidades estéticas. No entanto, podemos defini-los como ideias materializadas com o objetivo
de diminuir as preocupações causadas por nossas necessidades, ou seja, os prazeres que eles nos
fazem sentir ocorrem durante o seu processo de uso, quando o usuário desfruta de suas funções.
Os objetos de uso são a imagem representativa de uma sociedade, constituem parte importante da
estrutura econômica. Hoje, a maioria dos produtos que usamos são feitos por meio de processos
industriais e voltados para a utilização em grande quantidade. Antes, eram fabricados de maneira
manual, ou seja, se tratava de uma produção artesanal.
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Competência 01
Figura 8 - jarra de metal, Lübeck, 1780. Figura 9 - jarra de prata, Augsburgo, 1745.
Fonte: Löback (2001) Fonte: Löback (2001)
Descrição: jarra construída de metal liso, Descrição: jarra construída em metal, esta
seu corpo tem formato de um cone com possuí um pé de suporte. Toda construída
bico e alça do mesmo material. Sem artesanalmente, cheia de detalhes, curvas
detalhes, apenas o metal batido. sinuosas, arabescos. Suas formas
lembram folhagens crescendo.
Na produção artesanal os produtos eram confeccionados em quantidade reduzida, tendo, com isso,
a possibilidade de responder aos objetivos e valores pessoais e individuais de cada cliente e do
artesão.
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Competência 01
determinadas necessidades dos usuários, no entanto, são produzidos com forma idêntica e para
uma grande quantidade de clientes. Além disso, deve garantir, efetivamente, a satisfação das
necessidades do cliente, sendo esse o principal motivo que o faz gastar algum dinheiro com esse
produto.
Considerando o tipo de relações existentes entre usuários e produto, se destacam duas categorias:
a primeira sendo Produtos de Consumo; a segunda sendo Produtos de Uso, podendo o segundo ser
de uso individual, coletivo ou indireto.
Vale a pena assistir ao vídeo a seguir, trata do ciclo de existência das coisas que nos rodeiam:
Produtos de Consumo se destacam como uma categoria pelo fato de o produto, ao ser consumido,
deixa de existir. Como exemplos básicos temos os produtos alimentícios e de limpeza, que
satisfazem uma necessidade fundamental do homem. Esses produtos têm sua aparência original e
não serão mudados pelo homem, no entanto, no processo industrial, hoje, eles são embalados e
diferenciados, principalmente por etiquetas e imagens corporativas. É por meio dessas embalagens
que se chama a atenção do consumidor. Vejamos as imagens a seguir: na figura 10 temos uma
embalagem de atum como exemplo de facilitação de consumo por meio de uma embalagem que
comporta pequenas quantidades de alimento, com destaque para o anel abridor de latas,
constantemente presentes em latas de pescados e bebidas; na figura 11 temos um exemplo de
embalagem onde podemos atribuir utilizações adicionais, potes de vidros que podem ser
reaproveitados para diversas outras funções.
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Competência 01
Os Produtos de Uso, que na maioria das vezes têm vida útil maior que os produtos de consumo,
também têm tempo de vida limitado. Em algum momento também deixam de existir e se tornam
inutilizáveis. No entanto, esse intervalo onde há a utilização do produto é consideravelmente
suficiente para que haja uma ligação pessoal entre o usuário e o produto. Assim temos: os produtos
para uso individual, figura 12, usados basicamente por uma pessoa; os produtos para uso coletivo,
figura 13, usados por um pequeno grupo de pessoas que, normalmente, têm algo em comum; e
produtos para uso indireto, figura 14, cujos indivíduos geralmente não possuem relação direta,
exemplo: peças industriais que compõe o motor de um carro.
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Competência 01
1.1.4 Recapitulando
Neste capítulo, foram apresentados os principais conceitos de design, tanto em seus aspectos
históricos quanto psicológicos. Também foi realizado um breve levantamento sobre a história do
design, mostrando como a maneira de produção vai se modificando de acordo com as necessidades
e possibilidades da população, revelando semelhanças existentes entre as antigas produções e as
mais atuais. Ainda discutimos o processo de materialização dos objetos, levando em consideração
as principais funções e necessidades de cada categoria que atende o homem.
No capítulo a seguir serão abordados, de maneira mais direta, os principais movimentos artísticos e
estéticos do design, exemplificando e caracterizando cada um deles.
Deixamos uma sugestão de filme. O filme se chama Tempos Modernos, produzido e atuado por
Charles Chaplin e que trata do novo processo de produção e a relação do homem com a máquina.
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Competência 01
A seguir acesse o Fórum de Discussão de sua disciplina e debata com os seus colegas sobre o
filme, os pontos para debate vão estar disponíveis no ambiente.
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Competência 02
A partir de agora você irá conhecer os principais movimentos artísticos e estéticos da história do
design. Nesta semana vamos ver movimentos como Art and Crafts e Art Nouveau, por exemplo, que
foram de grande influência para o desenvolvimento do Design. Selecionamos para você os
movimentos artísticos mais significativos, isso quer dizer que existiram inúmeras manifestações,
mas aqui estamos propondo apresentar os que mais impactaram na evolução do design e,
consequentemente, na sociedade em que vivemos. Fique atento ao fórum e as atividades
propostas, são importantes para você!
Como o conhecimento nunca se esgota, você já deve ter encontrado (ou encontrará) em outras
disciplinas referências a alguns desses movimentos que veremos aqui, inclusive nos seus estudos
passados, nas disciplinas de arte e/ou literatura. Não se limite ao que estamos propondo, explore a
rede, seja curioso, procure outras tendências, frequente bibliotecas (físicas e virtuais): as
informações são ilimitadas.
Num período em que a industrialização provoca rupturas e impulsiona mudanças sociais e morais
no cotidiano das pessoas, surge uma corrente de profissionais e artistas que enxergam o design
como uma solução para os problemas de processo produtivo, de configuração estética e de
qualidade da produção de artefatos. O arquiteto John Ruskin, além de se preocupar com aspectos
da produção da época, percebe que estar próximo de cooperativas e de sindicatos era importante
para promover mudanças no sistema produtivo, ele percebe que o bem-estar do trabalhador
precisava fazer parte desse novo modo de produzir, ou seja, o fator humano esquecido pela
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Competência 02
mecanização provocava muitas mazelas na sociedade. Ruskin, também já alertava para questões
ambientais, o que na euforia pelo desenvolvimento da indústria não foi levado em consideração.
O escritor e designer William Morris compartilhava das ideias de John Ruskin e é um nome muito
importante para o design de interior. Morris produziu muitas peças decorativas e utilitárias, entre
elas: mobiliários, papéis de parede, tapetes, tecidos, além de ter criado diversas tipografias e livros.
Em 1881, abriu a Morris & Co., com o objetivo de promover, através de uma produção tradicional,
peças modernas, elegantes, e de qualidade. Sua empresa tinha um perfil diferenciado para a época,
era responsável por todo o processo da criação, passando pela fabricação, distribuição e divulgação
dos produtos. Com uma produção modesta, prezava pelo material, pelas técnicas de fabricação e
acabamentos, utilizava a mecanização de oficinas e também o trabalho feito pelo artesão.
A opinião de Morris e Ruskin, de que deveria haver moralidade no design e a crença na importância
social dos ofícios e da comunidade, foi de grande influência nos designers da segunda fase dos Arts
and Crafts: Heygate Mackmurdo e Charles Ashbee. Eles fundaram organizações como a The Century
Guild, a St. George Art Society e a Art Worke’s Guild, para produção de objetos de design
reformista. O termo Art and Crafts só foi criado em 1888 quando membros da Art Worker’s Guild
formaram a Arts & Crafts Exhibition Society que se tratava de uma exposição quadrienal de móveis,
tapeçaria, estofados e mobiliários e era realizada em Londres.
Agora, gostaria de que você realizasse uma breve pesquisa para descobrir quais eram as
principais atividades exercidas nessas organizações. Boa pesquisa!
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Competência 02
fabricação de peças de qualidade a partir de uma produção de escala reduzida, fosse artesanal ou
semi-industrial. A relação entre trabalhadores e patrões era mais democrática, a integração entre
quem projetava e quem produzia era um reflexo dessa postura.
O movimento Arts and Crafts não era contra a mecanização, a sua resposta para os problemas
relacionados aos produtos industrializados era a redução na produção de artefatos e o investimento
na alta qualidade. Esse movimento repercute, principalmente, em toda a Europa e Estados Unidos.
Nessa época, segundo Rafael Cardoso (2008), no Brasil a preocupação era com a produção agrícola,
a escassez de trabalhadores, muito mais que a industrialização e, por isso, o movimento Arts and
Crafts não provocou conflitos. No entanto, é nesse período que o Liceu de Artes e Ofícios é
fundado, também é ofertado o ensino do Desenho Industrial na Academia Imperial de Belas Artes.
Que tal procurarmos mais informações sobre essas duas grandes escolas (Liceu de Artes e
Ofícios e Academia Imperial de Belas Artes)? Qual o impacto que elas causaram na produção
junto ao movimento Arts and Crafts? Vocês julgam como impactos positivos, negativos ou
ambos?
Vejamos nas imagens a seguir dois exemplos clássicos que caracterizam esse movimento.
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Competência 02
Reconhecido por vários estudiosos como um dos primeiros movimentos propriamente ditos de
design, o Art Nouveau ocorreu no fim do século XIX e início do século XX, inspirado no antigo
movimento Arts and Crafts, também era conhecido como New Art. Nessa época, existia certa
ansiedade para se ter um estilo que representasse o cenário em curso, que expressasse a
modernidade. Junto com a industrialização, novos materiais e processos surgiram e tornaram-se
acessíveis para muitos arquitetos, designers, artistas e artesãos, surgindo, assim, várias criações
ecléticas que misturam tendências com temas considerados modernos, mas com influência no
passado.
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Competência 02
O uso de temas ornamentais; motivos florais; linhas e curvas sinuosas, assimétricas; a imagem
feminina estão presentes em construções arquitetônicas, em mobiliários, produções gráficas, peças
decorativas e nas artes plásticas. O movimento Art Nouveau está vinculado à ideia de prosperidade,
à produção de artigos de luxo, utiliza materiais nobres, como metal, madeira, vidros e tecidos
refinados. Os principais representantes desse movimento são: Victor Horta e Henry Van de Velde da
Bélgica, Antonio Gaudí da Espanha, René Lalique, Hector Guimard e Emile Gallé da França. Victor
Horta foi o criador do Hotel Tassel, que apesar do nome Hotel, era uma edificação residencial,
considerada uma das primeiras expressões desse estilo na arquitetura. O projeto tinha como
diferencial inovador a utilização do ferro na estrutura e na decoração, além das colunas em forma
de caule que se ramificavam em trepadeiras encaracoladas. Vejam as figuras 17 e 18 a seguir:
Figura 17 - Hotel Tassel, Bruxelas. Fotografia feita Figura 18 - interior do Hotel Tassel, Bruxelas.
por Vincent Ko Hon Chiu. Fotografia foi feita por Amos Chapple.
Fonte: whc.unesco.org/en/documents/1224 Fonte: whc.unesco.org/en/documents/131253
40 Descrição: ambiente interno de uma residência,
Descrição: foto da fachada frontal do Hotel com uma luminária pendurada no lado
Tassel com os prédios laterais também sendo esquerdo da foto e uma escada no lado direito
mostrados. O prédio aparenta três andares. Sua ao fundo. A escada possui corrimão todo de
cor lembra terra. metal, as paredes decoradas com cipós e galhos
de árvores pintados em tons alaranjados.
Leituras e imagens complementares sobre esse projeto e o criador estão disponíveis nos links:
http://whc.unesco.org/?cid=31&l=en&id_site=1005&gallery=1&index=1&maxrows=12
http://thaa2eidimarcus.blogspot.com.br/
www.ufrgs.br/napead/repositorio/objetos/descobrindo-historia-arquitetura/horta.php
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Competência 02
Semelhante com a Bélgica, na França, o estilo tornou-se conhecido como Guimard, graças ao seu
principal precursor na região, Hector Guimard, que com suas formas entrelaçadas e retorcidas de
ferro forjado e vidro, deixou suas principais obras nas entradas do metrô de Paris, figura 19. Veja
mais detalhes dessa obra acessando:
www.art-nouveau-around-the-world.org/en/artistes/guimard.htm
Com a evolução dos novos recursos também na área das impressões, como a fotogravura, e da
produção de papéis, a criação de cartazes, livros, jornais e revistas ampliam bastante e são ricas
fontes para o estudo do estilo tipográfico e decorativo do Art Nouveau. Na figura 20, temos o estilo
de imagem impressa com traços orgânicos, tema feminino, cores e tipografia desse movimento.
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Competência 02
Deixamos como sugestão de filme: A dama dourada (2015), no filme, a protagonista se chama
Maria Altmann. Ela é uma judia sobrevivente da Segunda Guerra Mundial que decide confrontar o
governo austríaco para recuperar diversas obras de arte que pertenciam à sua família e foram
roubadas durante a segunda guerra.
DICA de FILME!!!
A Dama Dourada (2015)
Link para assistir ao filme: www.youtube.com/watch?v=oU24jSwmvU4
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Competência 02
Após assistir ao filme, deixe sua opinião no fórum, pontuando as semelhanças que você
identifica no filme sobre Art Nouveau.
Louis Comfort Tiffany nos Estados Unidos trabalhava com metais, vidros e incrustação de gemas.
Usava nas suas peças cores fortes, temas da natureza e materiais nobres, figura 22.
Visite o site:
https://artnouveauam.wordpress.com/author/artnouveauam/
Na Espanha, especialmente na Catalunha, o estilo foi favorecido com o trabalho de Antoni Gaudí e
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Competência 02
seus seguidores. Geralmente referiam-se ao art nouveau como modernismo. Gaudí foi um arquiteto
catalão. Tinha um estilo ornamental e ousado nas suas obras com linhas orgânicas e de proporções
imponentes. preferia os materiais recorrentes às grandes tradições artesanais da sua terra natal: a
cerâmica e o ferro forjado.
DICA de DOCUMENTÁRIO!!!
Dica de Documentário sobre Antoni Gaudí:
Link para assistir: www.youtube.com/watch?v=qPWHfG41eLk
30
Competência 02
Considerado um estilo moderno, a Art Déco surge na sequência do movimento Art Nouveau, em
Paris, início do século XX, por isso apresenta materiais, cores e acabamentos muito próximos. A
grande diferença e principal característica entre esses dois movimentos é o uso do tema
geométrico, planos sobrepostos, com uma estética menos ornamental, privilegiando a
aerodinâmica, padrões abstratos e inspirados em diversas culturas antigas, como a Grécia e o Egito.
Utiliza materiais como o bronze, o marfim, o vidro colorido e o ébano.
Trata-se de um movimento que atinge a grande massa, divulgado pela cultura cinematográfica na
arquitetura, nos mobiliários, nos objetos decorativos e, é claro, nas artes gráficas como: revistas,
cartazes, postais, livros.
Teremos mais um fórum aberto para o filme a seguir, escreva uma pequena resenha
descrevendo esses acontecimentos culturais.
DICA de FILME!!!
Coco antes de Chanel, 2009.
Link para assistir: www.youtube.com/watch?v=L5lyFAGtit4
E no Brasil? Esse estilo foi empregado? O Art Déco chegou sim ao Brasil, já no fim da década de
1920, e ganhou força entre vários artistas e arquitetos. Temos nos grandes centros e nas cidades
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Competência 02
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Competência 02
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Competência 02
O estilo foi frequentemente usado em cinemas que projetaram dentro do belo mundo da Art Déco
o brilho do estilo de Hollywood. Nos anos 30 o estilo Art Déco ganhou popularidade graças às
associações ao desejado estilo de vida hollywoodiana, e o resultado foi bem aceito por empresas
famosas. Temos mais uma dica de filme, sugerida para que você preste bastante atenção nos
cenários. A fachada do Maroom Desenhos, o escritório do chefe da empresa e o dance, por
exemplo, tem mobiliários e produtos decorativos Art Déco.
Dica de Filme!!!!
Uma cilada para Roger Habbit, 1988.
Link para assistir: www.youtube.com/watch?v=NAKXF9_5rvA
Como já afirmamos antes, todo o processo de mudança estimulado pelo discurso da era moderna
não aconteceu de maneira passiva. No início do século XX, a Europa já tinha países consolidados
como grandes potências industriais e comerciais. Questões de classe sociais são fortemente
discutidas, se por um lado tem-se uma elite bem sucedida, por outro se instala uma classe menos
privilegiada, que passa a exigir mudanças, direitos trabalhistas, direitos humanitários, fazendo surgir
daí ideologias e partidos políticos como, por exemplo, discursos comunistas, anarquistas, socialistas,
movimentos como o das sufragistas, a criação do Partido dos Trabalhadores na Grã-Bretanha, entre
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Competência 02
Assim, em 1907 surge na Alemanha uma associação, a Deutscher Werkbund, que era constituída
por empresários, políticos, artistas, artesãos, arquitetos e designers, com o propósito de fortalecer
a identidade nacional através da promoção do design, ou seja, o design assumia um papel
importante na construção das identidades nacionalistas nesse período. A estratégia, por motivação
econômica, era melhorar a produção para ampliação de mercado, para exportação. Essa associação
tinha como principais propostas: o estímulo à cooperação e integração entre áreas distintas, como
arte, indústria e ofícios artesanais; a criação de um modelo estético que promovesse a cultura
alemã e sua divulgação no mercado mundial.
Vamos estudar agora a respeito dessa escola, uma das principais para a construção da história do
design.
No fim do século XIX e início do XX, a Alemanha já era líder industrial da Europa. Mas, num
movimento contrário ao discurso e valores dessa época, o corpo docente da Escola Superior de
Belas Artes, em Weimar/Alemanha, figuras 31 e 32, determinava em sua reestruturação a criação
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Competência 02
Nesse contexto, o artesanato foi reconhecido como fundamental para a educação artística e o
ensino nesta escola passou a ser ministrado por Mestres da Forma e Mestres Artesãos. Em 1921,
Gropius conseguiu reunir um grupo de artistas vanguardistas na Bauhaus e, mesmo que tais artistas
ensinassem atividades e princípios sem ser especialistas, “viam na Bauhaus uma oportunidade para,
através dos seus ensinamentos, tornar a arte uma parte evidente da vida diária” (Droste, 2006, p.
24).
Imagine você, num contexto em que o trabalho sistemático, mecânico, com a produção industrial
reconhecida, efetivada, em pleno desenvolvimento, produtos fabricados em larga escala, o
consumo a todo vapor, o discurso nacionalista, a concorrência entre países, a expectativa de surgir
uma grande guerra, surge uma escola focada em arquitetura, artes plásticas e design, com uma
proposta de ensino inspirada, inicialmente, nas Artes e Ofícios, e numa perspectiva de valorização
da arte na vida cotidiana, da produção de artefatos com o intuito de melhorar a sociedade, de
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Competência 02
O corpo docente era formado por profissionais como: Johannes Itten, Paul Klee, Wassily Kandinsky,
Marcel Breuer, Oskar Schlemmer, Josef Albers e Le Corbusier, entre outros arquitetos, pintores,
fotógrafos, escritores. A Bauhaus teve também três diretores, sendo eles: Walter Gropius, figura 33,
Hannes Meyer e Ludwig Mies van der Rohe. Cada professor e diretor com a sua especificidade de
área, ideologias e métodos de ensino.
A lista de materiais que eram trabalhados e experimentados em aulas e nos ateliês da Bauhaus é
extensa, entre eles podemos citar: argila para técnicas de cerâmica, metal, linhas e fios para
tecelagem, madeira para mobiliários, vidros para vitrais e luminárias, tintas para pinturas, papéis,
couro e peças tubulares.
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Competência 02
Segundo Rafael Cardoso (2008), existe uma tendência em vários autores que tratam sobre a
Bauhaus de tentar mapear, indicar um padrão, uma norma estética desenvolvida por estudantes e
professores dessa escola, no entanto, essa não era a proposta inicial dos pensadores que a
fundaram. Para os principais idealizadores, a proposta era uma estética livre, a valorização da forma
e da função diante de uma produção que todos tivessem acesso. O que estimulava esse grupo era a:
“possibilidade de fazer uso da arquitetura e do design para construir uma sociedade melhor, mais
livre, mais justa e plenamente internacional, sem conflitos de nacionalidade e raça que então
dominavam o cenário político. (CARDOSO, 2008, p. 135)”
Eram ideias que não agradavam as instituições que investiam na produção da Bauhaus. A parceria
com a indústria existiu, mas a escola tinha um financiamento estatal, isso era um grande problema
para a direção da escola. Contudo, foi ampla a concepção e fabricação de mobiliários, peças
utilitárias e decorativas no período da sua existência, pois a Bauhaus permaneceu funcionando
durante quatorze anos. Essa produção existe até hoje no mercado. A seguir, figuras 34 a 39, você
vai ver algumas dessas peças que se tornaram clássicas no mundo do design do século XX.
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Competência 02
39
Competência 02
A seguir sugerimos alguns vídeos e textos sobre a Escola da Bauhaus. Não deixem de assistir!
Vale ressaltar que todos esses movimentos foram explorados e refletidos não apenas nas áreas da
arquitetura, artes plásticas e design, mas também na literatura, no teatro, na dança, na música, pois
se tratavam de manifestações artísticas que envolviam vários atores da sociedade, artistas,
escritores, pensadores, críticos.
2.1.6 Recapitulando
40
Competência 03
Nesta semana você irá conhecer como se deu os métodos da produção do design, destacando sua
importância ao longo do tempo e o que essas metodologias influenciaram no surgimento do design,
refletindo as condições sob as quais os produtos estão sendo concebidos e estabelecidos.
A seguir, vamos ver alguns aspectos filosóficos sobre o assunto em diferentes teóricos. Durante a
semana vão existir atividades cuja resolução são de extrema importância para o desenvolvimento
de seu conhecimento, não deixe de lhes dar a devida atenção, principalmente quando estivermos
trabalhando com Semiótica. Bom estudo!
Design é uma atividade que é agregada a conceitos de criatividade, criação cerebral, invenção,
inovação. Isso gera uma expectativa do processo de design ser uma espécie de ato absolutamente
tido no cérebro. Durante o processo criativo ele é, lógico. Afinal, a concepção não se dá em um
ambiente vazio. Concordam? Cada objeto de design é o resultado de um processo de
desenvolvimento, cujo andamento é determinado por condições e decisões nossas.
Como estudado em capítulos anteriores, trabalhar com design significa sempre refletir as condições
sob as quais os produtos estão sendo concebidos e estabelecidos, e assim visualizá-las em seus
produtos. Metodologias do design são reflexos objetivos de seus esforços que se destinam a
aperfeiçoar métodos, regras e critérios, podendo assim melhorar o design pesquisado. No design
essas metodologias se desenvolvem da mesma maneira que em qualquer outra área: na base de
hipóteses e suposições que, na maioria das vezes, explicam-se sozinhas. Para se trabalhar com
essas teorias, precisa-se conter um pouco a influência das expectativas, baseando-se nesses
conceitos metódicos.
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Competência 03
Após a Segunda Guerra Mundial, iniciou-se um grande crescimento econômico nos países
industriais europeus, o que hoje definimos como globalização. Nesse contexto, o design precisava
se adaptar rapidamente a diferentes condições, não poderia mais praticar métodos de configuração
subjetivos e emocionais, enquanto as empresas racionalizavam o projeto, a construção e a
produção. Dessa maneira, era necessário que os designers se esforçassem para integrar métodos
científicos nos processos de projeto, de maneira que fossem aceitos pelas indústrias como parceiros
de diálogo e profissão.
Diante desse contexto, de intensa discussão com a metodologia, o design tornou-se quase que pela
primeira vez ensinável, aprendível e, com isso, comunicável. O contínuo e constante significado da
metodologia do design para o ensino é hoje a contribuição para o aprendizado da lógica e
sistemática do pensamento. Essa metodologia tem muito menos o caráter de uma receita de bolo e
muito mais um significado didático. Não confunda!
Metodologia, ensino de métodos, abrange do ponto de vista científico e teórico muito mais do que
o limitado conceito de metodologia do design. No desenvolvimento da metodologia e teoria do
design, as ciências humanas têm um papel muito especial. A constante divergência de informações
no design nos faz sentir a necessidade de uma reflexão das teorias da filosofia sobre o assunto.
A seguir, vamos ver alguns aspectos filosóficos sobre o assunto em diferentes teóricos.
Sócrates (470-399 a.C.) pode ser considerado como o primeiro teórico do conhecimento que
desenvolveu e praticou um ensino de método. No entanto, seu interesse se dirigia para a essência,
de fato, e colocava a questão de como se chegar ao verdadeiro conhecimento, e não simplesmente
juntar ou transmitir conteúdos.
Platão (427-347 a.C.) formulou um debate com o qual as ligações entre diversos conceitos devem
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Competência 03
ser pesquisadas por meio da reflexão, ou seja, um conceito geral seria dividido até chegar a
conceitos indivisíveis.
Arquimedes (285-212 a.C.) era matemático e físico. Por meio de noções mecânicas, hoje
chamaríamos de modelos mecânicos, encontrou hipóteses e soluções de problemas matemáticos.
Seu método para resolução de problemas se coloca contra o procedimento lógico, já que se
trabalha com analogias e hipóteses para se encontrar soluções.
René Descartes, considerado o pai da filosofia dos tempos modernos, tinha como objetivo principal
desenvolver uma ciência da natureza que fosse nova e completa. Ele propunha que todo o
conhecimento humano tem origem na compreensão do pensamento.
Gottfried Wilhelm Leibniz tentou a experiência de alcançar uma ciência universal, na qual todas as
verdades e suas consequências lógicas pudessem ser demonstradas. O pensamento cientifico
deveria ter sempre uma relação de troca entre o “descobrir” e o “comprovar”, onde o “descobrir”
como “pesquisar”, ou seja, a descoberta do novo.
Design não é uma área que produz apenas realidades materiais, mas especialmente preenche
43
Competência 03
funções comunicativas (Bürdek, 1997b). Este aspecto foi por muito tempo pouco atendido: na linha
de frente do interesse dos designers sempre esteve o atendimento de funções práticas, isto é, as
capacidades funcionais e técnicas dos produtos, questões do uso ou aspectos do atendimento de
necessidades, as funções sociais. Já falamos sobre isso anteriormente. Os objetos podem ser
divididos em duas classes: objetos de uso e objetos simbólicos, essas são especificidades semióticas.
Para responder essa pergunta, veja a vídeo aula “O que é Semiótica?”. A seguir,
visite nosso fórum para discussão sobre o assunto.
A semiótica se origina na Antiguidade. Este conceito foi utilizado na Grécia antiga, em todas as
áreas, nos diagnósticos de algo por meio de símbolos. Na Antiguidade, por exemplo, uma prova de
urina a ser analisada era chamada de “signum” ou seja, símbolo ou signo.
- O signo (semeion);
- O objeto (pragma).
44
Competência 03
Para Platão, o que importava era estabelecer as ligações entre o signo, seu significado e a coisa
designada a ele.
Platão investigou se essa relação entre o signo, o significado e a coisa (objeto) era natural ou
arbitrária. O que você acha?
Já Aristóteles utilizava diversos conceitos semióticos, como “ensino de signos”, “teoria dos signos” e
outros. Ele adotou os pensamentos de Platão e desenvolveu a teoria dos signos sonoros e escritos,
cuja essência é a de que o signo é “algo significando algo”.
Na forma atual da semiótica, sendo utilizada pelo design, foram importantes duas direções: a
semiologia que se originou na linguística e a semiótica em seu significado atual. No design, a
eficiência do símbolo pode ser notada principalmente nos logotipos e produtos reconhecidos
mundialmente. No design, a semiótica pode ser aplicada tanto ao gráfico quanto aos produtos
(incluindo o design de interiores nessa categoria), isso pelo fato do produto também se comunicar
com o usuário.
Charles Sanders Pierce (1893-1914) é considerado o pai da semiótica. Ele é um dos fundadores do
pragmatismo (deixo para vocês pesquisarem sobre essa palavra) e era tido como o último
representante do ensino universal. Dele partiu a formulação do conceito central da Semiótica: a
“relação triádica”, aquela mencionada por Platão em quatro parágrafos atrás. Pierce se utilizava do
conceito de representação, quer dizer, algo estar para outra coisa. Nesse sentido, os signos
representam alguma coisa.
A semiótica tem fundamental importância na consolidação de uma ideia, que pode fazer seu
design ser assertivo e ganhar presença no mercado. Veja aqui alguns exemplos, figuras 40 e 41, do
bom uso da semiótica:
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Competência 03
Faça uma breve pesquisa a respeito do surgimento dessa parceria: Semiótica e Arquitetura.
Essa pesquisa será importante para nossas atividades futuras.
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Competência 03
Uma característica importante para nós é que informações não são transmitidas (como acontece
normalmente em técnicas de comunicação), mas são construídas: nesse caso, tudo é levado em
consideração: fatores situacionais, sociais e culturais; pessoas que influenciam, na verdade tudo que
influencia este processo de construção.
O sociólogo Niklas Luhmann (1984) formulou que para os participantes do conceito de comunicação
é necessário estabelecer uma capacidade de integração, pois somente assim se dará a
comunicação. Sendo assim, o design não pode soltar determinados tipos de mensagem no mundo,
pois deve sempre ter a preocupação em como essas mensagens vão ser compreendidas por seus
potenciais receptores.
Da análise dos contextos dos produtos culturais, das maneiras de comportamento e das relações é
que geram estas ofertas de comunicação, que podem ser compreendidas, ordenadas e avaliadas
pelos potenciais usuários.
3.1.3 Recapitulando
47
Competência 03
Como dica, para fecharmos a semana, deixo esse vídeo do Pedro Panetto:
48
Competência 04
O mundo mudou muito nas últimas décadas, tanto que fica cada vez mais difícil encontrar
semelhanças para que possamos juntar em um só capítulo a realidade de dez ou quinze anos atrás.
O processo de ingresso no modernismo ainda é bastante escuro, enquanto nas décadas de 70/80 os
processos eram bem mais definidos que o de hoje.
A seguir você estudará sobre o Design no mundo moderno na arquitetura e os principais nomes que
interligam essas duas áreas. Novamente, chamo a atenção para as atividades que vão ser propostas,
pois elas estarão diretamente ligadas a essas personalidades estudadas adiante.
A história, teoria e prática do design são fortemente relacionadas com a arquitetura. Dos
ensinamentos de Vitrivius (que tal fazer uma busca na internet para conhecê-lo?) até o presente,
exerce-se a teoria da arquitetura que se baseia não apenas na categoria funcional, mas também na
estético-configurativa, ou seja, no tema que dá significado ao formato da edificação.
A arquitetura, arte mais antiga e por isso, muitas vezes, declarada a mãe de todas, obteve um papel
49
Competência 04
importante no início do século 20. Tal como Peter Behrens, Walter Gropius, Le Corbusier e muitos
outros designers da época, que eram arquitetos. Gropius descrevia no Manifesto da Bauhaus de
1919 a construção como objetivo de todas as atividades formativas, todos os cursos e oficinas eram
orientados para isso. Contribuições importante vinham de arquitetos americanos. Philip Johnson,
em 1932, em conjunto com Henry-Russel, por ocasião de uma exposição no Museu de Arte
Moderna de Nova York, publicou o livro “The Internacional Syle” (O Estilo Internacional), com o qual
este termo adquiriu repercussão mundial. Johnson se transformou em um dos fundadores da
arquitetura pós-moderna.
Como exemplos de alguns arquitetos, queremos demonstrar a intercambiabilidade entre essas duas
áreas:
50
Competência 04
4.1.2.3 Asymptote
Morador da Suíça, é reconhecido como um representante de uma forma de projetar que mantém
como características ambientes regionais ou topográficos. Pratica uma, pouco utilizada, linguagem
caracterizada pelo geometrismo, seus objetos são ícones e estabelecem uma nova interpretação da
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Competência 04
modernidade.
Famoso e importante designer alemão. Algumas de suas construções mais importantes são a Igreja
Kaiser Wilhelm, em Berlim; o prédio de administração da Olivetti, em Frankfurt; e a embaixada
alemã, em Washington. Sua grande variedade de projetos de móveis procurava estabelecer a
ligação do dentro com o fora dos prédios e, assim, conseguir uma unidade dos ambientes. Um
elemento importante na configuração de seus projetos era a sua “legibilidade”, ou seja, tornava-os
visíveis nos detalhes mais importantes de uma construção.
Arquiteto japonês que se ocupa com a permanente relação recíproca do homem, natureza e
técnica. Pertence à geração de profissionais que se utilizam intensamente de novas tecnologias,
mas que dão grande importância ao efeito que a experiência com os ambientes exerce sobre os
usuários. Possui um grande interesse pelo vento (elemento da natureza), colocando características
como paredes móveis e mobiliário escasso que determinam os ambientes.
Holandês, fundou a Office for Metropolitan Architecture (OMA), que começou executando projetos
artísticos experimentais. Seu grande projeto foi a principal loja para o grupo de moda italiano Prada.
Ele consegue, nesse projeto, uma transição exemplar entre arquitetura, moda e design. A loja em si
foi pensada como uma peça de teatro, tem palco, se vale de encenações e vive de mudanças de
cenas, ou seja, durante o dia loja, à noite concertos, apresentações, discotecas.
Procure na internet imagens dessa loja (loja Prada sediada na Itália) tanto funcionando como
loja, quanto em seus momentos menos formais mais diversos.
52
Competência 04
Designer, arquiteto e publicitário, faz parte do grupo dos melhores do design na segunda metade do
século 20. Foi um dos fundadores do movimento Memphis no início dos anos 80. Seu trabalho pode
ser considerado como uma obra de arte total, pois se movimenta perfeitamente de maneira lúdica
entre a arquitetura, design, arte, literatura, música.
Alemão, começou nos anos 80 a negar a forma geométrica do quadrado, o que se tornou a principal
característica de seu estilo de projetar. Ungers projetou todos os interiores de seus prédios. Desta
maneira, o Museu de Arquitetura Alemã (Deutsche Architecktur Museum), em Frankfurt, por
exemplo, possui cadeiras com o mesmo conceito do prédio: uma estrutura em madeira preta,
revestida de couro branco em formato de quadrado. A personalidade do prédio se transfere para o
mobiliário.
A declaração de Sol LeWitt, para a revista “Art-Language”, publicada em maio de 1969, que dizia
que ideias sozinhas poderiam ser obras de arte foi o ponto de partida para esse novo estilo de arte,
o chamado “Arte Conceitual”. No ponto central dessa discussão está uma desmaterialização das
realizações artísticas, isto é, a renúncia completa da realização das formas de arte clássicas
indispensáveis aos materiais.
O espanhol Marti Guixé iniciou em meados dos anos 90 projetos conceituais, que têm como tema a
relação de troca entre consumidor e produto. Com isso, ele ultrapassa de maneira lúdica a fronteira
do design e projeta conceitos, prepara performances e ações. Para ele vale o ditado “Forma segue a
destruição” (Form follows destruction), já que ele pretende, com seu trabalho, colocar em questão
os hábitos tradicionais do uso dos produtos.
O grupo alemão Zirkeltraining foi influenciado por Marti Guixé. O grupo desenvolve conceitos de
53
Competência 04
design, objetos e ideias em paralelo às atividades como designers de produto e mídia. São projetos
para ambientes públicos e praças, móveis, moda, mas também aparelhos eletrônicos e trabalhos
fotográficos. Como exemplo, temos a instalação Re-Braun na série Bootleg Projects que mantêm o
conceito de design de uma estação de internet contemporânea.
4.1.4 Recapitulando
Neste capítulo, foram apresentados os principais conceitos de design e sua relação com o mundo
moderno. Foi realizado um breve levantamento sobre a história do design relacionada com a
arquitetura, mostrando como a maneira de produção vai se modificando de acordo com as
diferentes personalidades dos artistas.
Historiamos os principais arquitetos e/ou designers evidenciando suas relações entre as duas áreas.
Destacando suas características e principais obras.
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Conclusão
Neste caderno fizemos um pequeno levantamento sobre a história do Design e seus principais
conceitos. Vocês perceberam como, historicamente, tem se evidenciado cada vez mais que as
necessidades e possibilidades da população são os principais fatores que influenciam a criação no
design.
Chegamos ao fim de mais uma disciplina, espero que a tenha aproveitado ao máximo, e não pare
com os estudos sobre os assuntos vistos aqui, as possibilidades são infinitas.
Até breve!!
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Referências
ARGAN, Giulio Carlo. A arte moderna na Europa: de Hogarth a Picasso. São Paulo: Companhia das
Letras, 2010.
Cardoso, Rafael. O design brasileiro antes do design. São Paulo, Cosac Naify, 2005.
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Minicurrículo do Professor
Olá! Sou Cesário Antônio Neves Júnior, tenho graduação em Licenciatura em Expressão Gráfica
pela Universidade Federal de Pernambuco (2013). Já trabalhei como professor substituto da
Universidade Federal de Pernambuco, tendo mantido meu vínculo com o Departamento de
Expressão Gráfica. Possuo experiência com tutoria online e presencial, tendo trabalhado no Curso
de Artes Visuais Digitais a Distância na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
Atualmente sou estudante de Especialização em Docência do Ensino Superior, pela Faculdade dos
Guararapes, e Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Tecnológica
(EDUMATEC), pela UFPE.
Atuo principalmente nos seguintes temas: educação, ensino técnico, ensino de graduação,
geometria, desenho técnico, artes, design, arquitetura e tecnologia.
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