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Teste de 10 º ano- Contos do séc.

XX- com soluções


I

Lê com atenção o texto que se segue e responde com frases completas e bem estruturadas às
perguntas:

1           “Entrei pela porta de um livro e fechei-me lá dentro com as palavras acesas e as


luzes apagadas. A minha mãe deu voltas à casa à minha procura. “Onde é que o miúdo se
terá metido?” Com medo de ser encontrado, eu saltava das páginas pares para as ímpares
e enrodilhava-me, feito bicho-de-conta, entre dois parêntesis ou, por ser muito magro, atrás
5 de um ponto de exclamação. Era a primeira vez na minha vida que eu me fechava dentro de
um livro. (…)
            O livro era agora o meu refúgio e a minha casa, uma casa onde tudo era
imprevisível e estranho e onde as letras tinham espessura e cheiro como se fossem
humanas. Confesso que me perdi lá dentro, como já antes me perdera no labirinto de
10 esferovite do parque de diversões que animava os meses de Verão da minha terra.
            ― O que fazes tu aqui se não pertences a esta história? ― perguntou-me um
espadachim trajando a preceito, enquanto me apontava ao peito o seu aguçado florete.
            ― Nada, desculpe ― respondi ―, eu estou aqui de passagem, para fugir aos
castigos da minha mãe. Se me tirar isso do peito, eu prometo que saio já do seu caminho.
15 (…)
            Perplexo e exausto, decidi mudar de capítulo, esperando encontrar uma etapa mais
apaziguadora da narrativa. Mas enganava-me. Ainda mal me aventurara naquelas páginas
desconhecidas quando dois cavaleiros galopando a toda a brida me obrigaram a saltar para
a berma para não ser trucidado pelos cascos dos cavalos. Confesso que começava a sentir
20 saudades da minha mãe, dos seus gritos ecoando pela casa enquanto me procurava, das
punições injustas por abusos que eu não cometera. É verdade, tinha saudades da minha
mãe, esperando-me à porta do quintal com chinelos e avental e com uma chibata de pôr
atrevidos na ordem.
            Eu entrara inadvertidamente naquele livro, mais pelo prazer da aventura do que pelo
25 da leitura. Queria fazer uma partida à família e aquela pareceu-me ser a forma mais
engenhosa e eficaz. Agora estava perdido dentro de um livro e não conseguia encontrar a
porta que me devolvesse ao pequeno mundo do exterior onde estavam os brinquedos, os
trabalhos de casa, os bichos-da-seda, os cromos do futebol e a minha fantástica coleção de
conchas.
José Jorge Letria, A mão esquerda de Cervantes, Biblioteca Prestígio, 1998

1 - Identifica a personagem principal e caracteriza-a, referindo os processos utilizados.


2 - Esclarece os objetivos que levaram o narrador àquele “lugar”.
3 - Regista os sentimentos que o dominaram, ao longo do seu percurso de leitor daquela história.
4 - Classifica o narrador e retira dois excertos do texto que comprovem a tua resposta.
5 - Retira do primeiro parágrafo uma antítese e explicita o seu valor expressivo.

 Num texto bem estruturado, entre 50 e 80 palavras, refere-te resumidamente às características


do conto que se concretizam neste excerto.
II

1.    Atenta, de novo, no texto do grupo I e responde às questões, selecionando as alíneas


corretas:

1.1.        No enunciado “Entrei pela porta de um livro e fechei-me lá dentro” (l. 1), segundo o
Dicionário Terminológico, a palavra sublinhada é

a.    um advérbio de lugar e um deítico espacial.

b.    um advérbio de predicado e um deítico espacial.

c.    um advérbio espacial e um deítico temporal.

d.    um advérbio de predicado e um deítico pessoal.

1.2.        No enunciado “O que fazes tu aqui se não pertences a esta história?” (l. 10) deparamo-
nos com

a.    dois deíticos espaciais.

b.    deíticos pessoais, apenas.

c.    verbos que funcionam como deíticos espaciais.

d.    um pronome pessoal que funciona como um deítico temporal.

1.3.        No enunciando “perguntou-me um espadachim trajando a preceito” (ll.10-11), o pronome


sublinhado desempenha a função sintática de

a.    complemento oblíquo.

b.    complemento direto.

c.    complemento indireto.

d.    modificador do grupo verbal.

1.4.        Na frase “Perplexo e exausto, decidi mudar de capítulo, esperando encontrar uma etapa
mais apaziguadora da narrativa. “ (ll. 14-15), deparamo-nos com

a.    uma antítese.

b.    um eufemismo.

c.    a adjetivação.

d.    um paralelismo.
1.5.        Na frase “Confesso que começava a sentir saudades da minha mãe, dos seus gritos
ecoando pela casa enquanto me procurava, das punições injustas por abusos que eu não
cometera.” (ll. 16-18), deparamo-nos com uma

a.    metáfora.

b.    hipérbole.

c.    metonímia.

d.    enumeração.

1.6.        O advérbio “inadvertidamente” (l. 21) é sinónimo de

a.    “de modo apressado”.

b.    “de modo irresponsável”.

c.    “de modo irrefletido”.

d.    “de modo infantil”.

2.    Liga os elementos da coluna da esquerda aos da coluna da direita de modo a construíres


frases corretas:

A forma fraca do particípio passado do 1 a sujeito.


verbo sujeitar é
A forma forte do particípio passado usa- 2 b expresso.
se com c o verbo ter.
Nos tempos verbais compostos, a 3 d forma forte.
forma do particípio passado usada é a e sujeitado.
A forma forte do particípio passado do 4 f temporal.
verbo expressar é g o verbo ser.
Na frase “Acabada a aula, os alunos h forma fraca.
saíram.”, o particípio passado introduz 5 i expressado.
uma oração
III

            Seleciona uma das hipóteses:

            Escreve um texto narrativo (aplicando as categorias da narrativa) com um mínimo de


cento e cinquenta e um máximo de duzentas palavras, subordinado a um dos seguintes títulos:

A-   Uma aventura na floresta

B-   Uma aventura no parque de diversões

C-   Uma aventura no jardim zoológico 

 Atenção: *Antes de redigires o texto, esquematiza, numa folha de rascunho, as ideias que


pretendes desenvolver na introdução, no desenvolvimento e na conclusão (planificação);

                   *Tendo em conta a tarefa, redige o texto segundo a tua planificação (textualização);

                   *Segue-se a etapa de revisão, que te permitirá detetar eventuais erros e reformular o


texto. Para tal, consulta o conjunto de tópicos que a seguir te apresento:

Tópicos de revisão da Expressão Escrita Sim Não


Respeitei o tema proposto?
Estruturei o texto em introdução, desenvolvimento e
conclusão?
Respeitei as características do tipo de texto solicitado?
Selecionei vocabulário adequado e diversificado?
Utilizei um nível de linguagem apropriado?
Redigi frases corretas e articuladas entre si?
Respeitei a ortografia correta das palavras?
Respeitei a acentuação correta dos vocábulos?
Identifiquei corretamente os parágrafos?
A caligrafia é legível e sem rasuras?
COTAÇÕES:

Grupo I… 100 pontos B………….. 30 (C=18+O=12)


1.………… 12 pontos (C=8+O=4) Grupo II ….. 50 pontos
2……….  12 pontos (C=8+O=4) 1…………… 30 pontos
3..……….. 20 pontos  (C12+O=8) 2……………20 pontos
4…………..12 pontos (C=8+O=4) Grupo III….. 50 pontos (C=30+O=20)
5………… 14 pontos (C=9+O=5)

                       Conteúdo = C                                                        Organização e Correcção


Linguística = O

BOM TRABALHO E BOAS FÉRIAS!                                                                              


A DOCENTE:  Lucinda Cunha
Correção do teste

A (questões e respostas retiradas do manual Página Seguinte de 10º ano, da Texto Editores)

1.    A personagem principal é o narrador, um rapazinho muito magro (caracterização direta). Era
um menino atrevido, aventureiro, educado, dinâmico (caracterização indireta).

2.    Os seus objetivos eram esconder-se da mãe para não ser castigado e chamar a atenção da
família.

3.    Os sentimentos que o dominaram foram: coragem, insegurança, medo, perplexidade,


exaustão, saudades da mãe, fascínio, dúvida e desejo de regressar à realidade.

4.    O narrador é autodiegético: “Entrei pela porta de um livro…”; Era a primeira vez na minha
vida…”.

5.    “palavras acesas e as luzes apagadas”; a concentração na leitura afastava-o da realidade


que o cercava.

B. Este excerto pertence ao género do conto uma vez que notamos um reduzido número de
personagens (o narrador, o espadachim e os cavaleiros), o espaço limita-se ao livro onde o
narrador entrou e o tempo é igualmente limitado, desenrolando-se a aventura num único dia.
Existe ainda um narrador autodiegético e unidade da ação, já que a diegese se concentra na fuga
do rapaz (63 palavras).

II

1.1. b; 1.2. a; 1.3. c; 1.4. c; 1.5. d; 1.6. c

2. 1e; 2g; 3h; 4b; 5f


Camões lírico- teste de 10º ano com correção
I

Lê com atenção o poema que se segue e responde com frases completas e bem estruturadas às perguntas
que se seguem:

Tanto de meu estado me acho incerto,


Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
Sem causa, justamente choro e rio,
O mundo todo abarco e nada aperto.

É tudo quanto sinto, um desconcerto;


Da alma um fogo me sai, da vista um rio;
Agora espero, agora desconfio,
Agora desvario, agora acerto.

Estando em terra, chego ao Céu voando;


Numa hora acho mil anos, e é jeito
Que em mil anos não posso achar uma hora.

Se me pergunta alguém por que assim ando,


Respondo que não sei; porém suspeito
Que só porque vos vi, minha Senhora.

1.    Faz a análise formal do poema

1.1.        Faz a escansão do segundo verso.

2.    Camões aborda diferentes temas nos poemas que escreveu. Identifica o sentimento que é caracterizado neste texto.

3.    Que figura de retórica está em evidência na primeira estrofe e qual a sua expressividade? Retira, pelo menos, dois
exemplos que provem a tua afirmação.

4.    Propõe uma divisão para esta composição poética e justifica-a.

          Num texto bem estruturado, entre 50 e 80 palavras, disserta sobre a conceção de amor para Luís de Camões.

II

1.    Sobre o poder criativo de Camões, lê o excerto seguinte:


         Camões cultivou igualmente a escola tradicional em redondilha maior e menor (vilancetes, cantigas e
outras composições obrigadas a mote, quintilhas, etc.) e os géneros em hendecassílabo. Num e noutro metro
escreveu em português e castelhano. […]

          Camões atingiu uma mestria do verso que deixa para trás os seus antecessores em redondilha ou em
decassílabo. A arte com que narra uma curta história (como em “Sete anos de pastor Jacob servia”), ou estiliza o
discurso interior (como na canção “Vinde cá” ou nas redondilhas “Sobre os rios”), ou desenvolve musicalmente,
como que sem discurso, um tema tradicional (“voltas ao mote Saudade minha”), ou discorre de modo reflexivo
(“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”), fazem de Camões, pela diversidade do registo, pelo poder de
síntese, pela fluência, pela adequação exata a um sentir que se está pensando ou a um pensar que se está
sentindo — o maior poeta português antes de Fernando Pessoa. […]
Óscar Lopes e António José saraiva, História da Literatura Portuguesa, Porto,

Porto Editora, 17ª edição, 2002, pp. 320-322.

1.1.        Atribui o valor de verdadeiro (V) ou falso (F) às seguintes afirmações:

a)    Camões cultivou quer a escola tradicional, quer a poesia renascentista.

b)    As composições poéticas em redondilha maior e menor eram típicas do Renascimento.

c)    Os vilancetes, as cantigas e os sonetos pertenciam à tradição peninsular.

d)    Luís de Camões tornou-se admirável na redondilha e no soneto.

e)    Camões cultivou, ainda, o verso alexandrino.

f)     O Amor é o único tema da sua lírica.

g)    A poesia de Camões limitou-se ao género lírico.

h)    Os autores usam os parênteses para exemplificar as afirmações apresentadas.

i)     Camões é considerado o maior poeta português de sempre.

2.    Lê o seguinte registo crítico produzido a propósito de um romance:

          Natália no seu labirinto

          O primeiro registo deste diário data de 3 de novembro de 2000 e prolonga-se até dia 16 do mesmo
mês, uma fase de menos de 15 dias, em que a vida da autora se transforma profundamente. É que os pais
de Natália foram assassinados na Argélia, no Natal de 1973, e ela foi criada pelos avós maternos em Lisboa.
Após a morte destes, começa a questionar as suas origens, tentando responder a perguntas sempre
silenciadas. É esta fase que sabemos da sua relação com Paulo e com o primo deste, Jorge. E é também
aqui que começamos a percecionar um travo de intriga, de pseudo-verdades que se entrecruzam por todo o
retorcido enredo, atingindo um dos picos no seu relacionamento com Fátima, a esposa de Paulo, portanto o
ex-marido de Natália. Este “triângulo-quadrado” amoroso é apenas um dos retoques de contorcionismo
narrativo, num relato que se vai adensando psicologicamente, até que se perde num labirinto de emoções
assombradas e nocivas. Este bloco é retratado num conjunto de entradas do diário entre o fim de 2003 e o
início de 2004, culminando depois com dois registos finais em novembro de 2008. O pendor confessional,
típico de escrita de um diário é, no entanto, bastante credível, como se acompanhássemos de facto o modo
como os acontecimentos vão moldando a protagonista e o seu
crescimento.                                                                                                          SUSANA NOGUEIRA

NATÁLIA
Helder Macedo

2.1.        Identifica os complexos verbais presentes no texto e clarifica o seu valor.

III

           

Num texto bem estruturado, com um mínimo de cento e trinta e um máximo de cento e sessenta palavras,
desenvolve um dos temas abaixo propostos:

A-   A música ocupa um papel determinante nas nossas vidas. Através dela podemos alegrar a alma e apaziguar as
perturbações da mente e do corpo. Assim, refere-te à importância da música na tua vida.

B-   A escola desempenha um papel fulcral na formação de cidadãos, visto que o que se pretende não é unicamente a
transmissão de saberes, mas também de valores cívicos e humanos. Assim, reflete sobre o papel cívico da escola
na formação dos cidadãos do futuro.

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Atenção: *Antes de redigires o texto, esquematiza, numa folha de rascunho, as ideias que pretendes desenvolver na
introdução, no desenvolvimento e na conclusão (planificação);

                   *Tendo em conta a tarefa, redige o texto segundo a tua planificação (textualização);

                   *Segue-se a etapa de revisão, que te permitirá detetar eventuais erros e reformular o texto. Para tal,
consulta o conjunto de tópicos que a seguir te apresento:

Tópicos de revisão da Expressão Escrita Sim Não


Respeitei o tema proposto?
Estruturei o texto em introdução, desenvolvimento e
conclusão?
Respeitei as características do tipo de texto solicitado?
Selecionei vocabulário adequado e diversificado?
Utilizei um nível de linguagem apropriado?
Redigi frases corretas e articuladas entre si?
Respeitei a ortografia correta das palavras?
Respeitei a acentuação correta dos vocábulos?
Identifiquei corretamente os parágrafos?
A caligrafia é legível e sem rasuras? COTAÇÕES:

Grupo I………………………… 100 pontos Grupo II ……………………………….. 50 pontos

1.…………………………..… 15 pontos (C=9+O=6) 1………………………………………… 27 pontos

1.1…………………...…….  10 pontos 2………………………………………… 23 pontos

2..………………………….10 pontos (C=6+O=4) Grupo III…………….…... 50 pontos (C=30+O=20)


3…………………………..15 pontos (C=9+O=6)

4.…………………………. 20 pontos (C=12+O=8)

B……………………….. 30 (C=18+O=12)

                       Conteúdo = C                                                        Organização e Correcção Linguística = O

BOM TRABALHO!                                                                               

A DOCENTE:  Lucinda Cunha

Correção:

1.    Este poema trata-se de um soneto, pois é composto por duas quadras e dois tercetos. Os versos são decassilábicos e
o esquema rimático é abba/abba/cde/cde, ou seja, a rima é emparelhada e interpolada nas quadras e cruzada nos
tercetos.

1.1.    Que em/ vi/vo ar/dor/ tre/men/do es/tou/ de/ fri/o   Que em/ vi/vo ar/dor/ tre/men/do es/tou/ de/ fri/o

2.    O sentimento que é caracterizado neste soneto é o Amor, a Paixão.

3.    Na primeira estrofe está em evidência o paradoxo, que, combinando ideias contraditórias, permite caracterizar de
forma clara e exata o estado de espírito do sujeito poético. “em vivo ardor tremendo estou de frio;”; “juntamente choro
e rio” e “o mundo todo abarco e nada aperto”.

4.    Este soneto pode dividir-se em duas partes. Na primeira parte, que inclui as três primeiras estrofes, o sujeito poético
descreve o seu estado de espírito, a situação de conflito que experiencia. Na segunda parte, que corresponde ao
último terceto, o sujeito poético coloca a hipótese de estar apaixonado, ou seja, apresenta o possível motivo da sua
enorme incerteza.

B. Resposta aberta

II

1.1.        V,F,F,V,F,F,F,V,F

2.1.        “foram assinalados”- verbo auxiliar da voz passiva+ verbo principal

“foi criada”- verbo auxiliar da voz passiva+ verbo principal

“começou a questionar”- verbo auxiliar aspetual com valor inceptivo

“começou a percecionar”- verbo auxiliar aspetual com valor inceptivo

“vai adensando”- verbo auxiliar aspetual com valor durativo/ progressivo

“é retratado”- verbo auxiliar da voz passiva+ verbo principal

“vão moldando”- verbo auxiliar aspetual com valor durativo/ progressivo


III- Resposta aberta

Correção:

1.    Este poema trata-se de um soneto, pois é composto por duas quadras e dois tercetos. Os
versos são decassilábicos e o esquema rimático é abba/abba/cde/cde, ou seja, a rima é
emparelhada e interpolada nas quadras e cruzada nos tercetos.

1.1.    Que em/ vi/vo ar/dor/ tre/men/do es/tou/ de/ fri/o   Que em/ vi/vo ar/dor/ tre/men/do es/tou/
de/ fri/o

2.    O sentimento que é caracterizado neste soneto é o Amor, a Paixão.

3.    Na primeira estrofe está em evidência o paradoxo, que, combinando ideias contraditórias,
permite caracterizar de forma clara e exata o estado de espírito do sujeito poético. “em vivo ardor
tremendo estou de frio;”; “juntamente choro e rio” e “o mundo todo abarco e nada aperto”.

4.    Este soneto pode dividir-se em duas partes. Na primeira parte, que inclui as três primeiras
estrofes, o sujeito poético descreve o seu estado de espírito, a situação de conflito que
experiencia. Na segunda parte, que corresponde ao último terceto, o sujeito poético coloca a
hipótese de estar apaixonado, ou seja, apresenta o possível motivo da sua enorme incerteza.

B. Resposta aberta

II

1.1.        V,F,F,V,F,F,F,V,F
Como quando do mar tempestuoso

Como quando o mar tempestuoso


o marinheiro, lasso e trabalhado,
de um naufrágio cruel já salvo a nado,
só ouvir falar nele o faz medroso,

e jura que, em que veja bonançoso


o violento mar e sossegado,
não entre nele mais, mas vai forçado
pelo muito interesse cobiçoso;

assi, Senhora, eu, que da tormenta


de vossa vista fujo, por salvar-me,
jurando de não mais em outra ver-me:

minh’alma, que de vós nunca se ausenta,


dá-me por preço ver-vos, faz tornar-me
donde fugi tão perto de perder-me.

O texto é um soneto constituído por duas quadras e dois tercetos, em metro decassilábico, com o esquema rimático:
ABBA / ABBA / CDE / CDE, verificando-se a existência de rima interpolada em A, emparelhada em B, interpolada em
C, D, e E.
O soneto abrange o tema do Amor, especificamente os efeitos negativos que a visão da mulher amada provoca.
O sujeito poético, ao longo das duas quadras, fala de uma metafórica aventura pelo mar que se tornou violento e que
provocou um naufrágio, do qual o marinheiro conseguiu salvar-se: “… o marinheiro, lasso e trabalhado,/ de um
naufrágio cruel já salvo a nado, …”.
Embora este lhe tenha provocado medo, depois de se encontrar fora do mar, por interesse, regressa: “só ouvir falar
nele o faz medroso,…” ; “ jura (…) / não entrar nele mais, mas vai, forçado / pelo muito interesse cobiçoso, …”. Esta
metáfora – que acaba por se tornar numa imagem – remete para o homem que, perdido de amores, jura não voltar a
amar, porém acaba por voltar a apaixonar-se.
No início da primeira quadra e do primeiro terceto, o sujeito poético utiliza termos de comparação: “Como” (verso 1) e
“Assi” (verso 9), estabelecendo uma relação de semelhança entre o mar tempestuoso e a sua amada, o que permite a
descodificação de toda a metáfora do “mar tempestuoso” como relação amorosa.
Consciente de que ver a amada é uma “tormenta” (v.9), o poeta tenta salvar-se: “de vossa vista fujo, por salvar-me”
(v.10), no entanto, tal como o marinheiro que regressa ao mar, também o sujeito lírico acaba por voltar ao convívio
com a amada o que o leva ao sofrimento: “minh’alma, que de vós nunca se ausenta,/ dá-me por preço ver-vos, faz
tornar-me/ donde fugi tão perto de perder-me”.
Alma minha gentil, que te partiste

Alma minha gentil, que te partiste


Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,


Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te


Algua cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,


Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

O soneto é constituído por duas quadras e dois tercetos, em metro decassílabo com um esquema rimático
ABBA//ABBA//CDC//CDC verificando-se a existência de rima interpolada em A, emparelhada em B e interpolada em
CD.
O poeta dirige o seu discurso à mulher amada, que, para sua tristeza, morreu jovem: “Alma minha gentil, que te
partiste/ Tão cedo desta vida, descontente,”. Ao longo do soneto, o poeta vai-lhe fazendo alguns pedidos, utilizando
frases imperativas, tais como: “repousa lá no céu…”,”não te esqueças daquele amor ardente…” e “roga a Deus…”.
Afirma também que está em sofrimento e aponta as razões desta tristeza, que se ligam, essencialmente, à ausência da
amada, marcada pela distância entre o céu - local de morada dela: ”repousa lá no Céu” - e a terra, espaço de vida do
poeta: “viva eu cá na terra”. Estas referências espaciais surgem associadas aos termos com valor deíctico “cá” e “lá”,
que reforçam a relação de afastamento entre os dois amantes. Assim, a solução para o sofrimento do sujeito poético
seria a aproximação entre os dois e, por isso, ele pede-lhe que rogue a Deus para o levar rapidamente para junto dela:
“Roga a Deus, que teus anos encurtou,/ Que tão cedo de cá me leve a ver-te,/ Quão cedo de meus olhos te levou.”
De notar a utilização constante de eufemismos para a referência quer da morte da amada, quer da do poeta: “partiste
tão cedo desta vida”, “Deus, que teus anos encurtou” e “que de cá me leve a ver-te”, o que é uma estratégia de
poetização de um afastamento irreversível.
1. Medidavelha.
1.1. O mote é o conjunto de versos que apresenta o tema que o poeta vai glosar (desenvolver)
nas várias estrofes (voltas). Enquanto o mote resume a ideia do poema, as voltas desenvolvem
essa ideia. No poema apresentado, o mote contém uma pergunta retórica, que tem implícita a
ideia de que o sujeito poético não pode fugir do sofrimento; as voltas apresentam razões que
justificam essa ideia.
2. A pergunta que encontramos no mote do poema pretende provar que não é possível fugir do
sofrimento. O sujeito lírico («me») diz que ele próprio é a razão do seu sofrimento («se me eu levo
comigo?»).
3. O sujeito lírico diz que não pode ‘ser contente’ porque nasceu, sugerindo assim que o
sofrimento está inscrito na sua natureza («pois que pude ser nascido»). Ele acrescenta ainda que
é o seu próprio perigo («que eu mesmo sou meu perigo»).
4. Nos quatro versos («E se de mi me livrasse / nenhum gosto me seria; / que, não sendo eu, não
teria / mal que esse bem me tirasse»), o sujeito poético afirma que não vale a pena livrar-se de si
mesmo (suicidar-se), porque, embora isso pudesse ser um bem (ele livrar-se-ia do seu tormento,
isto é, de si mesmo), como ele já existia («não sendo eu»), não poderia gozar esse bem. Conclui-
se, portanto, e de acordo com a ideia que percorre o poema, que, para o sujeito lírico, o
‘contentamento’ não é possível.
B)
A resposta deve incluir uma pequena definição de “petrarquismo” (ou do “feminino petrarquista”) e
um comentário ao poema. Este comentário deverá referir os traços que são atribuídos à figura
feminina (traços físicos e morais/espirituais, referidos através de imagens hiperbólicas).
Teoria da Imitação
- O que é a obra de arte ?
São imitações da natureza ou das acções.

As diferentes formas de arte distinguem-se porque:


 Usam meios diferentes;
 Imitam coisas diferentes;

Critério de apreciação da obra de arte: o valor da obra depende do quão imitada ela está.

Limitações: há muitas obras que de arte que não imitam nada, como as obras da pintura abstracta, da arquitectura, das obras
musicais, etc.

Teoria do expressionismo
- O que é a obra de arte ?
Quando expressa e comunica intencionalmente um sentimento vivido pelo artista.

Esta teoria defende que:


 Só é arte se expressar uma emoção sentida pelo artista;
 Não é arte se o público não sente qualquer emoção ou quando as emoções do artista e do público não são idênticos.

Critério de apreciação da obra de arte: o valor da obra depende da capacidade de comunicsr e de suscitar a mesma impressão na
audiência.

Limitações: Esta teoria exclui do mundo da arte:


 A arquitectura, música aleatória e inúmeras manifestações da arte contemporânea;
 Obras de arte produzidas sem intenção de comunicar;
 Obras que não expressão sentimentos vividos pelo artista;
 Obras que, sendo expresso os sentimentos do artista não suscitam o mesmo sentimento no público.

Arte com forma significante


- O que é a obra de arte ?
É um objecto dotado de forma significante que provoca emoções estéticas.

Limitações:
 Usam um raciocínio incorrecto porque define a forma significante a partir da emoção estética e a emoção estética a partir
da forma significante, cometendo um erro no raciocínio;
 Faz depender a definição de arte da intuição e da sensibilidade do crítico de arte;
 Não explica porque razão as obras de arte não provocam emoções estéticas em todas as pessoas.
O Texto argumentativo – Exemplo:
O Papel da Televisão na Vida dos Jovens
A televisão tem uma grande influência na formação pessoal e social dascrianças e dos jovens. Funciona como um
estímulo que condiciona oscomportamentos, positiva ou negativamente.A televisão difunde programas educativos
edificantes, tais como o ZigZag, os documentários sobre Historia, Ciências, informação sobre aactualidade,
divulgação de novos produtos…Todavia, a televisão exerce também uma influência negativa, ao exibirmodelos, cujas
características são inatingíveis pelas crianças e jovens emgeral. As suas qualidades físicas são amplificadas, os
defeitos esbatidos,criando-se a imagem do herói / heroína perfeitos. Esta construção produzsentimentos de
insatisfação do eu consigo mesmo e de menosprezo pelo outro.A violência é outro aspecto negativo da televisão, em
geral. As crianças/jovenstendem a imitar os comportamentos violentos dos heróis, o que pode colocarem risco a vida
dos mesmos. O mesmo acontece com o visionamento de cenasde sexo. As crianças formam uma imagem destorcida
da sua sexualidade,potenciando a pratica precoce de sexo e suscitando distúrbios afectivos.Em jeito de conclusão, é
legítimo que se imponha às estações detelevisão uma restrição de exibição de material violento ou desajustado à
faixaetária nas suas grelhas de programação, dado que a exposição a este tipo deconteúdos é extremamente
prejudicial no desenvolvimento das crianças e dos jovens, pois, tal como diz o povo, “violência só gera violência”.

Pena de morte: Por que não?


 Quando uma pessoa vai à julgamento no tribunal por cometer determinado crime, pode ser condenada ,de
acordo com o país ou estado,  a diversos tipos de pena ,como por exemplo, penas privativas de
liberdade,que incluem,entre outras,reclusão ou detenção por determinado período de tempo; prisão
perpétua, pena de morte, dentre outros. No que tange esta última, o condenado paga com a vida.
 O problema da pena de morte é que ela viola o direito à vida, o fundamento de qualquer ordem jurídica.
Todo cidadão merece uma segunda chance e o direito à ressocialização. Quando se atribui ao Estado o
poder de matar o indivíduo que viola a lei, isto coloca todos os outros cidadãos em risco, pois por mais
avançadas que sejam as legislações e processos penais e por mais bem preparados os juízes, existe enorme
possibilidade de erros de julgamentos, o que acarretaria a morte de uma pessoa inocente. A Anistia
Internacional calcula que, desde 1973, pelo menos 138 condenados à morte nos Estados Unidos acabaram
sendo absolvidos antes que a pena fosse executada. Se tivessem morrido, não haveria reparação capaz de
trazê-las de volta à vida. Isto é só para citar um problema da pena de morte, sem contar com outros como
ela ser cara e ineficiente, cruel e desumana.
 A solução do problema está longe de ser a morte. A solução está na melhora não só da segurança,grande
representante da diminuição da criminalidade, como na  melhora da educação e qualidade de vida, pois
sabe-se por dados estatísticos que os países que aderem a pena de morte, são justamente os que possuem
os maiores níveis de criminalidade. Logo seria errôneo conceber ao Estado o direito de punir de forma tão
drástica por algo de que,talvez,e só talvez, o indivíduo seja responsável. A convicção da maioria das
autoridades policiais, segundo um relatório oficial do Centro de Informação da Pena de Morte é que
a aplicação da pena de morte nos EUA não conseguiu reduzir a violência criminal.
 Tudo isso é para mostrar como a pena de morte é ineficaz quando estamos falando de julgamento. Há
maneiras muito mais eficazes de punir e até inserir o indivíduo novamente na sociedade. Hoje em dia
existem diversos tipos de programas de reinserção de presos, como o Conselho Nacional de Justiça(CNJ),
que realiza o cadastramento de parentes de pessoas presas. Muitas vezes, a família fica desestruturada
quando o pai ou mãe vai para a prisão. Com o levantamento, os familiares são encaminhados para receber
benefícios e para concorrer a vagas de trabalho.
 Se os fatos e  até a própria constituição são contra a pena de morte, por que você seria a favor?
Os Maias", de Eça de Queirós - breve resumo

A ação d' Os Maias passa-se em Lisboa, na segunda metade dos séc. XIX. Conta-nos a história de três gerações da família
Maia.
A ação inicia-se no Outono de 1875, altura em que Afonso da Maia, nobre e rico proprietário, se instala no Ramalhete. O
seu único filho – Pedro da Maia – de caráter fraco, resultante de um educação extremamente religiosa e protecionista, casa-
se, contra a vontade do pai, com a negreira Maria Monforte, de quem tem dois filhos – um menino e uma menina. Mas a
esposa acabaria por o abandonar para fugir com um Napolitano, levando consigo a filha, de quem nunca mais se soube o
paradeiro. O filho – Carlos da Maia – viria a ser entregue aos cuidados do avô, após o suicídio de Pedro da Maia.
Carlos passa a infância com o avô, formando-se depois, em Medicina, em Coimbra. Depois de uma viagem pela Europa,
Carlos regressa a Lisboa, ao Ramalhete, após a formatura, onde se vai rodear de alguns amigos, como o João da Ega,
Alencar, Dâmaso Salcede, Palma de Cavalão, Euzébiozinho, o maestro Cruges, entre outros. Seguindo os hábitos dos que o
rodeavam, Carlos envolve-se com a Condessa de Gouvarinho, que depois irá abandonar. Um dia fica deslumbrado ao
conhecer Maria Eduarda, que julgava ser mulher do brasileiro Castro Gomes. Carlos seguiu-a algum tempos sem êxito, mas
acaba por conseguir uma aproximação quando é chamado por Maria Eduarda para visitar, como médico, a governanta.
Começam então os seus encontros com Maria Eduarda, visto que Castro Gomes estava ausente. Carlos chega mesmo a
comprar uma casa onde instala a amante.
Castro Gomes descobre o sucedido e procura Carlos, dizendo que Maria Eduarda não era sua mulher, mas sim sua amante e
que, portanto, podia ficar com ela.
Entretanto, chega de Paris um emigrante, que diz ter conhecido a mãe de Maria Eduarda e que a procura para lhe entregar
um cofre desta que, segundo ela lhe disse, continha documentos que identificariam e garantiriam para a filha uma boa
herança. Essa mulher era Maria Mãoforte – a mãe de Maria Eduarda era, portanto, também a mãe de Carlos. Os amantes
eram irmãos...
Contudo, Carlos não aceita este facto e mantém a relação – incestuosa – com a irmã. Afonso da Maia, o velho avô, ao
receber a notícia morre desgosto.
Ao tomar conhecimento, Maria Eduarda, agora rica, parte para o estrangeiro; e Carlos, para se distrair, vai correr o mundo.
O romance termina com o regresso de Carlos a Lisboa, passados 10 anos, e o seu reencontro com Portugal e com Ega, que
lhe diz: - "falhamos a vida, menino!".

Personagens principais:
Afonso da Maia, Pedro da Maia, Carlos da Maia, Maria Eduarda, Maria Monforte (a família Maia)

A história da família Maia pode ser representada no seguinte esquema:

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