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A evolução do jardim do Ramalhete permite-nos relacionar as alterações do meio físico com o percurso da

família Maia ao longo das gerações, uma vez que este evolui com o percurso da família.
Não podemos visualizar esta evolução se partirmos diretamente para o excerto final da obra, mas sim se
analisarmos linearmente a condição do jardim.
Primeiramente o jardim é descrito como pobre, abandonado, descuidado e sem vida. Segue-se a regeneração
do Ramalhete, a partir do momento em que é habitado pelos Maias, dando inicio à sua segunda fase, símbolo
de esperança, vida, prosperidade e requinte, atingindo aqui o seu apogeu, relacionado simbolicamente com
o apogeu da família.
No final da obra, a tragédia e a descoberta do incesto refletem-se na caracterização do jardim, no excerto
analisado, o jardim do Ramalhete evolui e surge com um aspeto sombrio, esquecido (“tinha a melancolia de
um retiro esquecido”), nu e frio, como marca da fatalidade e da tragédia da morte de Afonso. A estátua de
Vénus (deusa do amor e da beleza e símbolo das mulheres fatais da obra) aparece agora coberta de ferrugem,
simbolizando o desaparecimento de Maria Eduarda da cidade e da vida dos Maias após a descoberta do
incesto que vivia com Carlos. “O cipestre e o cedro envelheciam juntos, como dois amigos num ermo” -
estes arbustos assistiram à evolução da obra e simbolizam a amizade de Carlos e Ega. Como referido nas
aulas, este arbustos estão relacionados a cemitérios (espaço prezado pelos românticos e ultra-românticos), o
que pode remeter a algum carácter romântico que estas duas personagens desenvolveram ao longo da obra,
mesmo sendo símbolos do realismo. Outro símbolo é: “e mais lento corria o prantozinho da cascata, enfiado
saudosamente, gota a gota…” este comportamento da fonte revela mais uma vez a melancolia, a tristeza e a
saudade causadas pela morte de Afonso e pelo fim do apogeu da família. A paisagem em redor adquire o
mesmo tom, remetendo igualmente para a melancolia e tristeza “tomava naquele fim de tarde um tom mais
pensativo e triste”. Considero ainda que a ultima parte do excerto de “Depois ao fundo…” até “que se
anuvia” simboliza o fim de ciclo do Ramalhete, voltando ao seu estado original antes de ser habitado pelos
Maias.

Fernando 11º D

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