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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO


DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS

Projeto de Extensão

Curso
Grupo focal: fundamentos
teóricos e metodológicos
Datas: 14, 21 e 28 de setembro de 2016.
Horário: 13:00 às 17:00h
Inscrições: 29/08 a 02/09, das 08:00 às 17:00hs - secretaria do
Departamento de Educação Física e Desportos.

Vagas limitadas

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Coordenadora: Prof.ª Dr.ª Fabiane Frota da Rocha Morgado

PROFª. DRª. FABIANE FROTA DA ROCHA MORGADO


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SEROPÉDICA/2015

1. ÁREA DE ATUAÇÃO

 Ciências Humanas e Ciências da Saúde.

2. EXECUTORES

 Profª. Drª. Fabiane Frota da Rocha Morgado.

3. PERÍODO

 14/09/2016, 21/09/2016 e 28/09/2016.

4. TOTAL DE RECURSOS NECESSÁRIOS

 Não serão necessários recursos.

5. APRESENTAÇÃO
O grupo focal é uma técnica de pesquisa qualitativa que se caracteriza por
diferentes formas de trabalho em grupos, nos quais um conjunto de pessoas são
selecionadas e reunidas por pesquisadores para refletir e discutir um tema a partir de
experiências pessoais (COLLIER, SCOTT, 2010; GATTI, 2005; GREENBAUM, 1998;
MORGAN, 1996). Seu principal objetivo é gerar idéias e níveis de interesse, com
enfoque em captar, mediante trocas realizadas no grupo, atitudes, conceitos,
sentimentos, crenças, experiências e reações a respeito de um determinado tema
(COLLIER, SCOTT, 2010). O grupo focal não objetiva consenso entre os participantes.
O objetivo é fornecer aos participantes um ambiente propício para o surgimento de
idéias e opiniões, as mais diferenciadas possíveis (MORGAN, 1998).
Com o uso desta técnica, torna-se possível compreender processos de construção
da realidade por determinados grupos sociais, compreender práticas cotidianas, ações e
reações a fatos e eventos. O pesquisador pode conhecer representações, percepções,
crenças, hábitos, valores, restrições e preconceitos prevalentes sobre uma determinada
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questão, por um grupo de pessoas que compartilham de características comuns,


determinadas de acordo com o objetivo do estudo. É possível ainda prover um ambiente
de interação entre os participantes favorável a situações de concordância, discordância,
defesa de opiniões, argumentação sobre determinado ponto de vista, contestações,
réplica e tréplica. É neste contexto dinâmico que pode emergir múltiplas opiniões e
processos emocionais que permitem a captação de significados que, com outras
técnicas, poderiam ser mais difíceis de se manifestar (GATTI, 2005; KITZINGER,
1995; MORGAN, 1996).
Os primeiros indícios da utilização da técnica de grupo focal datam de 1926,
exclusivamente no campo de marketing. Posteriormente, esta técnica foi empregada por
outras áreas, especialmente, pelas Ciências Sociais (WYATT, KRAUSKOPF,
DAVIDSON, 2008). Na década de 1960, o grupo focal se legitimou enquanto técnica
científica, e foi comumente utilizado nas pesquisas qualitativas. Alcançou sua
popularidade a partir da década de 70 e, desde então, tem mudado continuadamente.
Tais mudanças trouxeram para o grupo focal uma maturidade científica e um status de
pesquisa qualitativa altamente eficiente e eficaz (GREENBAUM, 1998).
A exemplo destas mudanças, Greenbaum (1998) afirma que, na década de 70, os
participantes eram recrutados de igrejas, sinagogas, grupos sociais ou civis. As
organizações emprestavam suas pessoas para falar do tópico de interesse e, em
contrapartida, eram remuneradas para liberar seus membros para o grupo focal. A
preparação para a sessão consistia em uma breve discussão entre o moderador e os
participantes. Poucas notas eram requeridas durante a sessão. Os métodos de gravação
eram arcaicos - o gravador era colocado no meio da mesa de reunião e o moderador era
o responsável por trocar a fita do gravador a cada 30 ou 60 minutos. Havia, nesta época,
poucos especialistas em pesquisa qualitativa e, em conseqüência, poucos especialistas
em grupo focal.
Este cenário é bastante diferente nos dias de hoje, quando muitos pesquisadores
têm se interessado pela técnica e se empenhado continuadamente no aperfeiçoamento da
mesma. Entre diferentes mudanças, pode-se citar que os participantes são recrutados
enquanto indivíduos e não grupos e passam por um processo rigoroso de seleção. As
discussões consomem maior tempo, aproximadamente, em torno de 90 a 100 minutos, o
que torna possível um maior aprofundamento do tema.
É neste sentido que tornar-se fundamental ficar atento a inúmeros detalhes
necessários para o bom funcionamento do grupo focal. De modo resumido, pode-se
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entender que, inicialmente, o planejamento do processo deve considerar o


estabelecimento do objetivo da pesquisa pelo pesquisador. É importante verificar se a
proposta da discussão é consistente com os objetivos do estudo. Em seguida, é
necessário escolher o moderador e os participantes. Este é um passo essencial para o
sucesso do grupo focal, o moderador e os participantes devem possuir características
específicas. O pesquisador deve também decidir o número de sessões que será
conduzida. A literatura tem incentivado o emprego de mais de um grupo, com o
objetivo de ampliar o foco de análise e cobrir variadas condições que possam ser
intervenientes e relevantes para o tema (GATTI, 2005; GREENBAUM, 1998)
É necessário ainda definir o tempo das sessões, a localização geográfica e o
número de participantes para cada sessão: O mais comum é o uso de Full group com 8 a
10 pessoas (GREENBAUM, 1998). O orçamento disponível deve ser considerado para
o planejamento do número de grupos. O tempo para a realização dos grupos pode variar
entre 90 a 100 minutos. A localização geográfica é um importante fator e pode
influenciar significativamente o resultado do grupo. Se o objetivo da pesquisa envolver
a maior variabilidade regional de idéias e atitudes, então é indicado que o grupo focal
seja realizado em diferentes cidades.
O moderador deve preocupar-se com o espaço físico onde o grupo focal será
conduzido. Normalmente, o grupo focal envolve dois ambientes: a sala onde a reunião
será realizada, com a presença do moderador e dos participantes, e a sala de observação
“detrás do espelho” onde os assistentes da pesquisa (normalmente 2) ficam acomodados
para fazer anotações de eventos que porventura surgirem no grupo. A sala da reunião
deve ser suficientemente larga de maneira que o moderador possa movimentar-se em
torno dela facilmente e os participantes não se sintam sufocados durante a sessão. Salas
que são muito pequenas podem afetar negativamente a habilidade dos participantes de
fornecer informações. Elas devem ser silenciosas, para evitar que alguns ruídos tirem a
atenção dos participantes e impeçam o bom andamento da discussão; devem ter uma
temperatura agradável. Salas muito quentes ou muito frias afetam a participação do
grupo. A sala de observação deve ser confortável e proporcionar uma visão apropriada
para os observadores verem o grupo. Deve ter cadeiras confortáveis e ter acústica para
que suas vozes não sejam ouvidas pelos participantes.
O suporte de áudio e vídeo é outro ponto importante de registro da sessão para
posterior análise. Comumente, tem sido indicado o uso de uma câmara ou fixa em um
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lugar estratégico quando o grupo inicia ou manipulada com o auxílio de um operador


que movimenta a câmara para o sujeito que está falando durante toda a sessão.
O moderador deve preparar um lanche para os participantes, que deve ser
oferecido antes do início do grupo com a finalidade de provocar um clima de
descontração entre ele e os participantes. É importante lembrar de opções lights e diets
para que todos possam se alimentar. Deve ainda providenciar cartões com nome para
cada participante, que possibilita ao mesmo tratar todos pelo nome o qual é comumente
chamado.
Depois do grupo, o moderador deve obter informações junto com os
observadores e recolher as gravações de áudio e vídeo. A conversa com os observadores
dá ao moderador uma oportunidade para compartilhar diversas observações sobre o
conteúdo que o grupo gerou ou sobre mudanças que deveriam ser proposta para outros
grupos. Todo o material do grupo focal deve ser organizado de modo a viabilizar sua
análise. A técnica de análise de conteúdo tem sido comumente utilizada na análise de
dados do grupo focal.
Frente ao exposto, observa-se que o grupo focal é uma técnica de pesquisa
qualitativa amplamente robusta e, se aplicada de modo assertivo, pode viabilizar
informações genuínas sobre determinados grupos e realidades. Nesse sentido, tem se
configurado uma importante estratégia de pesquisa qualitativa.

6. JUSTIFICATIVA
Considerando a robustez metodológica com que a técnica do grupo focal deve
ser conduzida, é essencial gerar momentos oportunos para o conhecimento de seus
fundamentos teóricos e metodológicos. O curso proposto neste projeto pode contribuir
para fornecer bases sólidas para futura utilização do grupo focal nas mais diferentes
áreas de investigação cientifica.
Este projeto é ainda relevante pela necessidade de fomentar, entre a comunidade
acadêmica da UFRRJ, técnicas robustas e consagradas de pesquisa científica, tal como o
grupo focal, visando contribuir de forma efetiva para construção do conhecimento
profundo e consistente a partir desta estratégia qualitativa de investigação.

7. OBJETIVO
7.1 Objetivo Geral
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 Incentivar a prática de pesquisa qualitativa com o uso da técnica de grupo


focal, de modo a viabilizar um maior rigor metodológico e conceitual aos
pesquisadores que optarem por empregar este tipo de metodologia em suas
atividades científicas.

7.2 Objetivos específicos

 Fomentar o processo de investigação científica;


 Democratizar o conhecimento acadêmico na área dos métodos e técnicas da
pesquisa qualitativa, com enfoque primordial na técnica do grupo focal;
 Viabilizar formas de análises de dados qualitativos, com destaque à análise de
conteúdo;
 Possibilitar aos alunos participantes uma experiência real de grupo focal, de
forma a lhes viabilizar experiência prática prévia em relação a suas futuras
pesquisas que empreguem esta metodologia;
 Estabelecer mecanismos que orientem os alunos em todas as etapas de
elaboração e aplicação do grupo focal, desde a coleta de dados até a análise dos
resultados.

8. METAS
 Intercâmbio de saberes e experiências empíricas sobre fundamentos
teóricos e metodológicos do grupo focal.

9. METODOLOGIA

9.1 Público alvo


 Alunos de Graduação e de Pós-Graduação da comunidade acadêmica da
UFRRJ.

9.2 Local
 O curso será ministrado em salas de aulas do Departamento de Educação
Física e Desportos da UFRRJ.

9.3 Número de vagas


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 Serão oferecidas 30 vagas.

9.4 Inscrições
 Entre 29 de agosto a 2 de setembro de 2016, das 08:00 às 17:00hs, na
secretaria do Departamento de Educação Física e Desportos.

9.5 Carga horária


 O curso terá a duração total de 12 horas, distribuídas em 4 horas/aulas
semanais.

9.6 Ementa
 Debate histórico e contemporâneo da pesquisa qualitativa; o uso do
grupo focal como importante estratégia metodológica de pesquisa
qualitativa; elementos e características do grupo focal (moderador, guia
do moderador, assistente, observador, participantes, estímulos externos e
outros diferentes detalhes do planejamento e elaboração de um grupo
focal); postura fenomenológica do moderador; procedimentos para coleta
de dados; análise de conteúdo como principal estratégia para análise de
dados; Possibilidades de aplicações práticas relacionadas ao grupo focal
em diferentes campos de investigação científica.

9.7 Conteúdo programático


 Filosofia da ciência e paradigmas científicos;
 Pesquisa qualitativa: contexto histórico e atual;
 Grupo focal: conceitos, elementos e características;
 Análise de conteúdo como principal estratégia de análise de dados do
grupo focal;
 Experiência prática de aplicabilidade do grupo focal.

9.8 Aulas
 Aulas expositivas e dialogadas com recursos áudio-visuais, participação
do aluno no processo ensino aprendizagem, dinâmicas de grupo e
realização de um grupo focal real.
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9.9 Avaliação
 Será realizada considerando dois aspectos: a) participação e
envolvimento do aluno nas atividades ministradas no curso; b) trabalhos
em grupo relacionados ao planejamento, elaboração e aplicação de um
grupo focal real que deverá ser realizado entre os próprios alunos
participantes do curso.

CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

 Hora: 13:00 às 17:00h


Data/Programa
14/11/2016 21/11/2016 28/11/2016
Aula inaugural; Grupo focal: conceitos, Experiência prática de
Filosofia da ciência e elementos e características. aplicabilidade do grupo focal
paradigmas científicos; Análise de conteúdo como
Pesquisa qualitativa: principal estratégia de análise
contexto histórico e atual. de dados do grupo focal.
Introdução à técnica de
Grupo Focal

RECURSOS
 Este projeto não contará com recursos financeiros de qualquer espécie.

REFERÊNCIAS

COLLIER, M. J.; SCOTT, M. Focus group discourses in a mined landscape. Land Use
Policy, v. 27, p. 304–312, 2010.

GATTI, B. A. Grupo focal na pesquisa em Ciências Sociais e Humanas. Brasília: Líber


Livro Editora, 2005.

GREENBAUM, T. L. The handbook for focus group research. 2 ed. United States of
America: Sage Publications, 1998.

KITZINGER, J. Qualitative research: Introducing focus groups. British Medical


Journal, v. 311, p. 299–302, 1995.
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MORGAN, D.L. Focus groups. Annu. Rev. Sociol. n. 22, p. 129-152, 1996.

MORGAN, D.L. Focus Groups as Qualitative Research. Sage Publications: London,


1997.

WYATT, T. H.; KRAUSKOPF, P. B.; DAVIDSON R. Using Focus Groups for


Program Planning and Evaluation. Journal of School Nursing, v. 24, n. 71, 2008.

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