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No final dos anos 1980, o Brasil sofria com uma economia problemática
causada pela ditadura militar (1964-1985). Devido a inflação alta logo na virada da
década, a moeda brasileira não valia nada, e por todo o Brasil, funcionários de
comércios tinham que remarcar o valor dos produtos pelo menos duas vezes ao dia,
ninguém sabia como seria seu salário no final do mês, pois, o valor da moeda era
corrigido diariamente. Na primeira eleição após a ditadura militar, surge Fernando
Collor, um candidato a presidência com o discurso de combater a corrupção e a
inflação do país. Ele se considerava inovador e usava até camisetas com frases de
efeito para chamar atenção do povo e da mídia, isso fazia parte de sua campanha
de marketing durante a candidatura, e com o apoio da mídia foi eleito em 1990.
Mesmo nesse cenário economicamente caótico, o fim da ditadura e o começo
de uma nova década, trouxe um ar de novas possibilidades para alguns. Com a
crença em inovações, o barateamento da tecnologia no mundo, a crescente troca de
ouve uma retomada nas
informação com a recente chegada da internet, h
atividades, inclusive do meio artístico. Houve mais liberdade de expressão,
movimentos sociais, novos grupos de artistas na música, artes plásticas, cinema,
teatro, entre outros. No meio disso, em 1991, é fundado pelos artistas Alexandre
Roit, Arthur Leopoldo e Silva, Hugo Possolo, Luiz Amorim, Marcelo Milan e Regina
Lopes, o grupo Parlapatões, Patifes e Paspalhões, hoje chamado apenas
Parlapatões, grupo que desde o início teve com base a comédia em todos os
espetáculos, nos quais sempre se vê o arquétipo do palhaço e o apelo popular na
comunicação direta com o espectador, que vem do manejo das técnicas circenses e
do teatro de rua. Essas características do grupo é vista na montagem Bem debaixo
do seu nariz, que em setembro de 1991 ainda se chamava Aqui ninguém é patrão,
não!, no espetáculo seguinte, Nada de novo (1992), uma compilação de números de
picadeiro, onde protagonizou a dupla Roit e Possolo no papel dos palhaços Pirulão
e Tililingo, como eram apelidados no início da carreira. Em 1993, Raul Barretto
contracenou com os dois na peça Sardanapalo, apontada pela crítica como
revelação da Jornada SESC de Teatro naquele ano, e em 1995, a peça Zérói, que
foi montada ao ar livre, no Parque da Independência (São Paulo), simbolizou a
capacidade dos Parlapatões de agregarem novos artistas, com integrantes de
grupos como o Circo Mínimo e a Cia. Linhas Aéreas. Nas peças seguintes, o humor
se difundiu por temas sociais e políticos, evidenciando o caráter sarcástico dos
comediantes.
Durante esse período de ascensão dos Parlapatões, a situação política no
Brasil continuava em caos. Com o plano Collor, o estado confiscou a caderneta de
poupança da população, fazendo com que perdessem o capital e entraram em
falência. Também surgiu a denúncia de corrupção no governo Collor, essa feita por
seu próprio irmão, isso escancarou os superfaturamentos e os caixas 2 de seu
governo. Collor tentou o apoio para seu eleitorado, e pediu para que as pessoas
saíssem vestidas de verde e amarelo em apoio a ele, mas o que ele conseguiu foi
manifestações contra seu governo, manifestações feitas pelo movimento estudantil
conhecidos como Caras-Pintadas, eles vestiam preto e pintavam a cara para
protestar contra o governo corrupto que estava envolvido nas denúncias, e pedir o
primeiro impeachment da história do país. Para tentar fugir do impeachment, Collor
renunciou a presidência mas o processo de impeachment, já em andamento, foi
aprovado em 1992, e ele foi substituído pelo vice, Itamar Franco, que ficou dois
anos no cargo, de 1992 a 1995.
Figura 1: Caras-pintadas
em manifestação em
frente ao Congresso
Nacional, em Brasília, em
setembro de 1992.
Com a mudança da presidência, o país passou por uma estabilidade da
oeda atual do Brasil. O sucesso do
moeda brasileira e em 1994 surgiu o real, m
plano econômico (plano real: programa brasileiro com o objetivo de estabilizar e
reformar a economia) do ministro da fazenda, Fernando Henrique Cardoso, fez com
que o mesmo se candidatasse à presidência, ganhando as eleições duas vezes
seguidas e ficando no cargo de 1995 a 2003. Seu governo é conhecido pelas siglas
de seu nome: FHC. Um pouco antes do governo FHC, o Brasil e o mundo estavam
de olho na guerra fria, as pessoas tinham medo de que os EUA e a União Soviética
começassem uma guerra com suas bombas nucleares, mas 1991 a União Soviética
foi dissolvida, com isso, acabou no imaginário de uma parte da população, o
chamado “perigo comunista”, e a tendência do neoliberalismo econômico começou
a crescer. O plano real, citado anteriormente, seguiu as diretrizes do neoliberalismo,
houve privatizações de sistemas e serviços que deixaram de ser cuidados pelo
estado, reduzia-se o investimento público na espera de que o mercado regulasse
seu próprio funcionamento, e isso teoricamente melhoraria a situação económica,
criando uma competição de mercados. Houve também a redução de funcionários
públicos, abertura do mercado nacional para empresas estrangeiras e a
terceirização de trabalhadores e vários serviços do estado. Segundo Costa (sem
ano), “foi entregue à exploração pelo capital o que até então fora definido como
direito do cidadão e dever do Estado: educação, saúde, cultura e previdência
social.”
Nesse período de ascensão neoliberalista, foram realizadas reformas na Lei
Rouanet (antiga Lei Sarney), que é a política de incentivos fiscais que possibilita
empresas (pessoas jurídicas) e cidadãos (pessoas físicas) aplicarem uma parte do
IR (imposto de renda) devido em ações culturais. Em teoria, a lei iria incentivar a
cultura do país, mas fez com que o estado fosse apenas um intermediário e não o
responsável direto da cultura, passando esta importante responsabilidade para
empresas privadas. A cultura passa a ser marketing institucional de grandes
empresas, que mostravam preferencialismo por grandes produções, até
internacionais, por grandes nomes do meio artístico, e por espetáculo de
entretenimento, não barateando o preço dos ingressos, não ampliando o acesso aos
bens culturais.
Direitos civis transformam-se em negócios, cultura
transformam-se em grandes negócios de arte e o pensamento vira
mercadoria. (Arte Contra a Barbárie, 2002)
● PPP@WllmShkspr.Br:
● Explicação 1 – Para quem diz que não viu e ouviu falar muito, possa ver.
● Explicação 2 – Para quem já viu, pode rever.
● Explicação 3 – Para quem não tinha idade para ver, poder ver.
● Explicação 4 – Porque a gente quis. A gente gosta de fazer a peça.
● Explicação 5 – Se tem bandas que fazem CD e DVD Acústico com seus
hits, porque o teatro não pode viver seus clássicos.
Agora, sério, pra valer: é uma celebração à carreira do diretor Emílio Di Biasi!
● Os Mequetrefe:
1) O Ator
a) A
relação do ator com o corpo: o gesto, o movimento, a fala, o canto, a dicção:
b) F
igurino, máscaras, maquiagem:
A relação dos atores mostra bastante comunhão e atenção entre si, pois
existe muito improviso e para isso requer muito atenção, e o espetáculo foi o tempo
todo bem coerente durante o texto e improvisações.
d) A
relação do ator com o texto, a construção da personagem:
e) A
relação do ator com o espectador:
2) O Espaço Cênico
a) A
s formas do espaço cênico (palco italiano, arena...)
c) Que função os objetos têm no espaço cênico? (matéria, relação com o espaço e
com o corpo do ator, cor)
O espetáculo todo usa poucos objetos, apenas duas escadas, alguns latões,
cabides e bacias, que vão se transformando em diferentes ambientes e objetos,
como barcos, trens, carros, ônibus, mesa, televisão.
Nessa cena, as escadas e latões se transformam em uma mesa comprida e
novos elementos aparecem: a tábua com a jarra de café e xícaras, além de
utilizarem o chapéu com o mesmo significado, mas com uma nova função.
3) A Encenação
c) O
que atrapalha a encenação: quais são os momentos fortes, fracos ou tediosos?
d) Q
uais as relações entre o texto e as imagens do espetáculo?
a) Q
ue história é contada?
xiste texto? O tempo todo? Que outras histórias são contadas sem o texto?
b) E
Existe texto mas não o tempo todo, gestos fazem parte da encenação no
meio dos textos, visto que é preciso ser atento às atuações de cada um, para
entender suas intenções através não somente da voz, mas do corpo como um todo,
e a participação do público também faz parte, pois, de acordo com a reação do
mesmo, outros pequenas histórias podem ser contadas.
c) D
e que tipo de texto se trata?
d) A encenação conta a mesma coisa que o texto? Como essa história é contada
pelo ator?
Não tivemos acesso ao texto, mas pelas pesquisas, vimos que o grupo faz a
montagem do texto com todos os atores juntos. Uma ideia é apresentada e depois o
grupo desenvolve as linguagens, personagens, texto e improvisação. Cada ator,
fazendo parte da construção do espetáculo, tem total apropriação do texto e da
peça como um todo, isso faz com que consigam transmitir, de forma muito
transparente, a mensagem da peça.
e) Qual é a organização do enredo e da ação? (tempo cronológico, volta ao
5) O espectador
espetáculo?
b) Qual relação você acha que os espectadores fazem entre a peça e o nosso
tempo?
c) O
s espectadores foram abordados diretamente pelos atores? Como reagiram?
s cenas têm objetivos bem definidos, porém por causa da tradição no sense do
A
grupo, algumas transições de cenas surgem de maneira “ sem sentido”, a partir de
um som, uma palavra que é entendida como outra. Então o desafio é prestar
atenção nesses detalhes para não se sentir perdido, e entender como uma cena se
transformou em outra.
BIBLIOGRAFIA
BARBOSA, Bia. 10 anos de teatro e luta contra a barbárie em São Paulo.
Disponível em:
<http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Midia/10-anos-de-teatro-e-luta-contra-a-bar
barie-em-Sao-Paulo-%0D%0A/12/25748>. Acesso em 01/08/2020.