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Entrando em uma nova Era

Estamos entrando num novo tempo, uma Nova Era: era de Aquário, era de Hórus, são
muitos os nomes. Segundo os astrólogos, esta Era caracteriza-se pela manifestação
prática (em todos os planos) das caraterísticas do signo de Aquário: inovação,
originalidade, ruptura com as estruturas tradicionais, procura por caminhos alternativos,
desenvolvimento da consciência individual, a mente libre de tabus, novas tecnologias,
etc.
Aquário é regido por Urano e foi descoberto em 1781, apenas alguns anos antes da
revolução francesa, representando também os princípios da revolução: Liberdade,
Igualdade e Fraternidade.
No entanto, se olharmos como está a humanidade nesta segunda década do século XXI
vamos encontrar sérios motivos para desconfiar que esta nova era esteja vindo à tona:
o Credit Suisse (principal banco suíço) informou que em 2016 o 1% mais rico da
população possui mais riqueza que o 99% restante; a revista Forbes divulgou que 62
pessoas mantém 50% da riqueza do planeta, enquanto 700 milhões de pessoas estão por
baixo da linha da pobreza; uma de cada seis pessoas passa fome; os paraísos fiscais
escondem 7,6 bilhões de dólares de fortunas individuais, uma quantidade que geraria
impostos capazes de acabar com a fome e falta de escolarização mundial; a deterioração
da democracia, uma grande conquista da humanidade, está vendida aos lobbys das
corporações multinacionais, que impedem a adoção de medidas para proteger o ser
humano, o planeta e seus recursos naturais – especialmente a água, a fauna e a flora, com
centenas de espécies desaparecidas todos os anos; a corrupção só aumenta; nunca antes
existiram tantos refugiados…
É certo que a sociedade do início do século XX mudou drasticamente em comparação
à nossa sociedade do início do século XXI, especialmente no que se refere ao papel da
mulher – que saiu de milênios de dependência e submissão ao homem, de degradação à
categoria de fêmea parideira, impedida de desenvolver qualquer talento e exercer
qualquer função, além da materna e da empregada doméstica, para trabalhar fora de casa
em fábricas, repartições públicas, ou como professoras e profissionais liberais. Dessa
forma, tornou-se cada vez mais independente economicamente, facilitando também que
seja dona de seu corpo e sexualidade (graças também aos anticoncepcionais que a
permitem ficar grávida só quando ela quer).
A decolagem deste processo aconteceu no final da 1ª grande guerra (1916 -1919)
quando, enquanto os ingleses estavam se matando, as inglesas tiveram que tomar conta
do país, percebendo que podiam fazê-lo tão bem ou melhor que os homens.
Conquistaram assim o direito ao voto em 1918. Nos EEUU em 1920, Espanha e Portugal
em 1931, Brasil em 1932, França em 1944. Vale destacar Uruguai em 1917!
O motor da Nova Era foi e continua sendo a mulher, que mudando obriga a mudar
ao homem e ainda educa de uma maneira diferente seus filhos e filhas.
Vale dizer que uma era astrológica tem 2000 anos. Se considerarmos o início destas
mudanças na segunda década do século XX, intensificando-se nos anos 60 com o
movimento hippie de paz e amor, podemos afirmar que estamos apenas nos primeiros
100 anos, isto é, no 5% desta Era. Ela se manifestará plenamente com pelo menos um
30%, isto é, de aqui a uns 500 anos.
 

O Tarot para a Nova Era


Se as ideias, o indivíduo, a sociedade e o mundo mudaram, as ferramentas que
pretendem entender e ajudar as pessoas a saírem do sofrimento, também
devem mudar. A Astrologia iniciou o salto deixando de ser fatalista e divinatória para
estar mais voltada para o autoconhecimento.
O Tarot, se pretende adequar-se aos novos tempos, candidatando-se a ser um
instrumento eficiente no crescimento do ser humano, também precisa mudar! As
velhas imagens e significados não podem estar correspondendo a uma visão de mundo
ultrapassada.
Seria então interessante analisar os Tarots mais conhecidos e usados – Marselha, Waite,
Thoth, Mitológico, Egípcio e Osho – para, a partir do estudo da imagem e sua
interpretação, ver se correspondem aos novos tempos ou continuam atrelados a
moralismos e ideias insustentáveis, de maneira que, dificilmente vão conseguir adentrar-
se e interpretar objetivamente a psique do ser humano atual, e muito menos
proporcionar-lhe ajuda para ser feliz.
Neste processo as mudanças de paradigma mais óbvias são:
1.Uma nova relação do lado animal (corpo, emoções e instintos);
2.“Você tem que ser assim ou assado para ser premiado depois de sua morte”, agora
deve ser substituído por “Seja você mesmo”;
3.Passamos da divisão (bom e ruim, Deus e Diabo, certo e errado, masculino e
feminino) à integração do todo;
Nesta série de artigos pretendo abrir um debate em relação a uma série de Arcanos
Maiores – grupo de cartas do Tarot que abrangem às questões de maior efeito ou
profundo significado – nos baralhos mais conhecidos e usados: Marselha, Rider, Waite,
Thoth, e outros.
 

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Um Tarot para a Nova Era: o tesão
Acho que a primeira carta que precisamos comparar dentro desta perspectiva de
mudança é a carta que nos baralhos de Marselha e Waite chama-se A Força, no Egípcio é
A Persuasão, no Osho Breakthrough, Lust no Thoth, cuja melhor tradução é: O Tesão.
No Tarot de Marselha vemos uma mulher elegantemente vestida fechando a boca de um
leão, seu título é a Força. Seria a força de caráter que, no início do século XVII,
significava a capacidade de dominar as chamadas “baixas paixões”, representadas pelo
leão. Era perfeitamente sintonizada com a doutrina cristã que, absolutamente
dissociativa, postulava que a alma é a casa de Deus, enquanto o corpo é a casa do Diabo
e, portanto, sugeria mortificar o corpo e suas expressões para purificar a alma.
Se vamos ao século XV, encontramos no Tarot de Visconti Sforza (1432) um homem
descendo o cassete em cima de um pequeno leão. Provavelmente foi inspirado no mito
de Hércules e o leão de Neméia, que depois também aparece ilustrando este Arcano no
Tarot Mitológico (1984) de Liz Green e Juliet Sharman-Burke.
No Tarot de Waite (1910) esta ideia de domínio da razão sobre a
animalidade está ainda mais clara, não só pela posição das mãos, mas
também pelo rabo entre as pernas do leão. No entanto, desde Freud,
sabemos que a maioria das neuroses procedem da contenção das
“baixas paixões”, isto é, do lado animal: emoções, instintos (as forças
que nos mantém vivos como indivíduos e como espécie), impulsos
vitais e necessidades corporais e biológicas.
Apesar disso, quando esta carta aparece, muitos tarólogos usuários dos
Tarots de Marselha, Waite e outros, sugerem para seus consulentes
dominarem suas paixões, reprimir seus impulsos instintivos e emocionais – que nem faz
o padre nos seus sermões dominicais, ignorando que tudo aquilo que reprimimos acaba
nos manipulando. Outros mudam a interpretação da imagem falando que a mulher está
abrindo a boca do leão que nem fosse sua dentista. Até o Jodorowsky se pergunta se a
jovem permite a expressão do lado animal ou está
tentando refreá-lo!
Crowley tira a roupa da mulher e a senta em cima do
leão: finalmente a força motriz do ser humano está
no lado animal, rompendo com a ideia de controle,
domínio e repressão dos Tarots antigos – e não tão
antigos. A rédea que une a mulher e o leão é
vermelha, cor da paixão, que os une. A força não
pode vir da luta, do controle de uma parte do ser
sobre a outra, mas da união como fala o ditado. A
energia criativa, que biologicamente está direcionada
para garantir a continuidade da espécie (enchendo o
planeta de moleques) pode ser canalizada pelo lado racional e expressada em um amplo
leque de possibilidades criativas, como mostra a matriz também vermelha que se
desabrocha surgindo dela 10 (nº das sephirots ou emanações do Princípio Criador na
Árvore da Vida) chifres-serpentes. Ainda na astrologia o signo de Leão é símbolo da
criatividade. Esta integração gera uma mistura de autoestima, autoconfiança,
entusiasmo, alegria, prazer e tesão pela vida, sentindo-se mais sensual, vital, sexy
e bonita.
Vemos aqui um novo modelo do feminino, rompendo com a ideia da mulher que reprime
sua sexualidade e liberdade, a mulher que renuncia a desenvolver seus talentos para ficar
prisioneira ao lar familiar, degradada a categoria de fêmea parideira e empregada
doméstica, que como Nossa Senhora não teve prazer nem quando foi fecundada
(imaginem que com aquele pombinho..). A mulher torna-se então dona de seu corpo e
sua sexualidade, de sua vida e de seu tempo.
 

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