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Saneamento

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Hidrologia e Aqui
Drenagem Urbana
Sistemas de Coleta e Tratamento de Esgotos
e Corpos Receptores e Sistema de Reuso

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Esp. Maria Clara Telles

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Sistemas de Coleta e Tratamento de Esgotos
e Corpos Receptores e Sistema de Reuso

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• Contextualização;
• Sistema de Esgotos Sanitários;
• Níveis de Tratamento;

Fonte: iStock/Getty Images


• Reuso;
• Considerações Finais.

Objetivos
• Apresentar noções gerais do Sistema de Coleta e Tratamento de Esgotos Sanitários e o
Sistema de Reuso.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Sistemas de Coleta e Tratamento de Esgotos
e Corpos Receptores e Sistema de Reuso

Contextualização
Por meio do estudo desta Unidade, você vai sentir a importância e a necessidade do
Sistema de Coleta, Afastamento e Tratamento de Esgotos Sanitários para a melhoria da
qualidade de vida e da preservação do meio ambiente.
Antes de começar, analise a notícia,a seguir, a respeito do tema.

Saneamento avança, mas Brasil ainda joga 55% do esgoto que coleta na natureza,
diz estudo
Apenas 45% do esgoto do país é tratado, apontam os dados mais recentes do governo.
Em 2015, na ONU, Brasil se comprometeu a universalizar serviços de saneamento até 2030.
Leia mais em: https://goo.gl/J31FSw

Maior desastre ambiental do Brasil, Tragédia de Mariana deixou 19 mortos


Disponível em: https://goo.gl/pwb9iH.

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Sistema de Esgotos Sanitários
Conforme vimos na unidade anterior, do ponto de vista operacional, o abastecimento
de água pode ser considerado um processo que faz parte do Ciclo do Abastecimento
de Água e Esgotamento Sanitário. Portanto, o Sistema de Coleta e Afastamento dos
Esgotos Sanitários também faz parte desse ciclo.

MANANCIAL TRATAMENTO RESERVAÇÃO


DE ÁGUA

REUSO
TRATAMENTO REDE DE
DE ESGOTO DISTRIDUIÇÃO

BIOSÓLIDO

COLETA DE ESGOTOS
AFASTAMENTO
BIOGÁS

Figura 1 – Ciclo do Abastecimento e Esgotamento Sanitário

O Sistema de Esgotos Sanitários é composto pela coleta, afastamento, tratamento e


disposição final dos Esgotos Sanitários.

A composição do esgoto é, essencialmente, a água de abastecimento de uma comu-


nidade após o seu uso em uma variedade de aplicações, contendo constituintes que, sem
tratamento, a tornam imprópria para a maioria dos usos.

Quando esgoto bruto é acumulado e se torna séptico, a decomposição do material


orgânico nele contido leva a condições desagradáveis, incluindo a produção de gases
com maus odores.

Além disso, esgotos brutos contêm diversos organismos patogênicos que se desen-
volvem no intestino humano. Contêm, também, nutrientes que podem estimular o cres-
cimento de plantas aquáticas. Por essas razões, a imediata e segura remoção de esgotos
de suas fontes de geração, seguida de tratamento, reuso ou disposição final é necessária
para a proteção da saúde pública e do meio ambiente.

No início, os Sistemas de Esgotos Sanitários eram projetados para o coletor condu-


zir, além dos esgotos, as águas pluviais também, e eram conhecidos pela denominação
francesa tout-a l egout; portanto os condutos eram relativamente grandes e os custos
de implantação muito elevados.

Para reduzir a vazão do coletor, muitas cidades adotaram separadores parciais que
excluíam águas superficiais das ruas, praças, jardins, quintais e áreas não pavimentadas.

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Posteriormente, foi introduzido o separador universal, o qual procurou evitar qual-


quer parcela de águas pluviais, para conduzir somente esgotos sanitários.

Muitas cidades, que ainda não haviam sido beneficiadas por esse Sistema, adotaram
desde o início o Sistema separador; porém, cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e
Campinas já contavam com Sistemas mistos, mas passaram a adotar o Sistema separador.

Um Sistema de coleta de esgotos pode ser projetado da seguinte forma:


• Sistema unitário é o que recebe os esgotos sanitários e as águas pluviais. Esses Sis-
temas são amplos. A cidade de São Paulo ainda apresenta trechos dessa forma de
Sistema, que apresenta muitas desvantagens com o alto custo de implantação devido
à dimensão do conduto, além de ficar difícil o controle da poluição das águas recep-
toras, onerando o tratamento. No caso dos países tropicais, em que as precipitações
atmosféricas são muito intensas, gerando grandes vazões pluviais, o Sistema fica
ainda mais oneroso;
• Sistema parcial são soluções intermediárias entre o Sistema unitário e o universal;
• Sistema separador é aquele em que os esgotos são coletados separadamente das
águas pluviais.
• Vantagens:
• Apresenta menores dimensões de canalizações de coleta;
• Possibilita o emprego de diversos materiais para as tubulações de esgoto, tais como,
cerâmicos, de concreto, PVC etc.;
• Evita a ocorrência de extravasão dos esgotos nos períodos de chuva intensa, redu-
zindo a possibilidade de poluição dos corpos d’água.

Um Sistema de esgotos compreende as seguintes partes principais:


• Rede Coletora;
• Coletor Tronco;
• Interceptores;
• Emissários;
• Estações Elevatórias (quando inevitáveis);
• Sifões Invertidos (quando necessárias);
• Órgãos Complementares ou Acessórios;
• Estações de Tratamento;
• Lançamento Final no Corpo Receptor.

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REDE
COLETORA

COLETA DE ESGOTOS
AFASTAMENTO

INTERCEPTORES

EMISSÁRIO
REUSO
TRATAMENTO
DE ESGOTO
BIOSÓLIDO

CORPO
RECEPTOR
BIOGÁS

Figura 2 – Esquema – Sistema de Esgotos Sanitários

De acordo com a sua origem, o esgoto pode ser:


• Sanitário, comum ou doméstico, proveniente da atividade doméstica. Apresenta
grande variação de fluxo em decorrência das atividades humanas, sua composição
é essencialmente orgânica e relativamente constante;
• Industrial, proveniente de processos industriais. Sua característica é função do tra-
balho da própria indústria, com uma grande contribuição localizada;
• Pluvial, decorrente da precipitação atmosférica e lavagem de ruas. Este tipo é
sazonal e sua composição é variável, com a duração das chuvas. Sua composição
á muito semelhante ao sanitário nas primeiras águas, pois carreia o resultado da
lavagem operada na atmosfera, nos telhados, nos quintais, nos pisos, sarjetas e
na própria tubulação. O planejamento e o gerenciamento de Sistemas de Esgotos
Sanitários requerem o conhecimento das características qualitativas e quantitativas
dos efluentes que, em análise conjunta com outros aspectos ambientais, sociais e
legais da Bacia Hidrográfica, além da questão econômica, apontarão o Sistema
mais adequado a ser implantado;
• Bacias de Esgotamento Sanitário – As bacias de Esgotamento Sanitário são uni-
dades do Sistema de Transporte do Esgoto com características similares à Bacia
Hidrográfica, constituindo uma unidade de Gerenciamento do Transporte de Esgo-
tos Domésticos. Em um Sistema que obedece a topografia da Bacia Hidrográfica, a
Bacia de Esgotamento Sanitário estará inserida na Bacia Hidrográfica. As Estações
Elevatórias de esgoto, ou mesmo tubulações, podem realizar a transposição do Es-
goto de uma Bacia Hidrográfica para outra.

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Figura 3
• Estimativa de Vazão – As vazões de Esgotos Sanitários são determinadas pela
quantidade de água fornecida, considerando que apenas retorne o valor entre 0,70
a 0,90 de volume de água para o esgoto.

Como os condutos de esgotos trabalham com o regime de escoamento livre, existe


uma quantidade de água que pode infiltrar na canalização através dos poços de visita,
nas juntas das canalizações, por permeabilidade do solo, em função do nível do lençol
freático. Os valores da vazão de infiltração variam entre 0,0002 a 0,0008 l/s.km;
• Redes Coletoras – As redes coletoras recebem os esgotos domésticos através das
ligações prediais ao longo de seu traçado. No início da Rede, a vazão e os intervalos
de tempo de funcionamento são muito irregulares; por isso, o regime de escoa-
mento é muito variável, e para dimensionamento dos condutos por segurança é
escolhido o valor da vazão máxima. As canalizações são calculadas como condutos
livres, com exceção dos sifões invertidos e as canalizações de recalque que funcio-
nam como condutos forçados. As redes coletoras, por receberem, os esgotos das
ligações prediais devem possuir uma profundidade mínima para atendê-las que é de
1,5 m e com o diâmetro mínimo de 150 mm.

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Figura 4 – Ligação do ramal predial à Rede Coletora

Figura 5 – Exemplo de traçado de Rede Coletora


Fonte: Acervo do Conteudista

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• Coletores – Os coletores têm a função de receber as contribuições das Redes Co-


letoras relativa à Bacia de Esgotamento à qual pertencem;
• Interceptor – Tem a função de receber as contribuições apenas dos coletores tron-
cos que podem provir de várias Bacias de Esgotamento e encaminhá-los para a
Estação de Tratamento de Esgoto;
• Emissário – O Emissário apenas encaminha o efluente tratado da Estação de Tra-
tamento de Esgotos para o destino final, o corpo receptor.

INTERCEPTOR CORPO
EMISSÁRIO RECEPTOR
TRATAMENTO
DE ESGOTO

COLETOR COLETOR COLETOR


TRONCO TRONCO TRONCO

REDE REDE REDE


COLETORA COLETORA COLETORA

Figura 6 – Exemplo de traçado de Coletores, Interceptor e Emissário de Esgotos

Sistemas de Coleta e Transporte de Esgotos, disponível em: https://goo.gl/m9SHPY.


• Tratamento de Esgotos – Os esgotos nem sempre recebem tratamento adequa-
do antes de serem lançados nos rios, lagos, oceanos, solo etc. Algumas vezes, os
microrganismos presentes na água ou no solo, ou seja, no corpo receptor, são ca-
pazes de degradar a matéria orgânica, restabelecendo ou equilibrando as condições
dos ecossistemas antes do lançamento. Porém, esse restabelecimento depende da
quantidade e da qualidade dos esgotos lançados, ou seja, da sua característica quími-
ca e biológica. A capacidade de autodepuração dos corpos receptores dos efluentes
e a diluição da carga poluidora, pelo recebimento de afluentes com melhor quali-
dade, são os grandes aliados do homem na preservação da qualidade das águas.
Essa recuperação, entretanto, atinge apenas os níveis de qualidade aceitável ou
boa, sendo muito difícil a recuperação total; daí a necessidade da aplicação de
produtos químicos na água para o controle dos parâmetros químicos e biológicos,
conforme mencionado a seguir.

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Parâmetros químicos
• Oxigênio Dissolvido (OD): é um dos parâmetros mais importantes para exame
da qualidade da água, pois revela a possibilidade de manutenção de vida dos or-
ganismos aeróbios, como peixes, por exemplo. A escassez de OD pode levar ao
desaparecimento dos peixes de um determinado corpo d’água, dado que esses
organismos são extremamente sensíveis à diminuição do OD de seu meio. Pode,
também, ocasionar mau cheiro;
• Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO): é o parâmetro mais comumente utili-
zado para a medida do consumo de oxigênio na água. Representa a quantidade de
oxigênio do meio que os peixes e outros organismos aeróbicos consomem e que é
gasta na oxidação da matéria orgânica presente na água. É medida a 20ºC;
• Sais minerais: são muitos os minerais possíveis de se encontrar na água.
O nitrogênio e o fósforo, dependendo da quantidade, são importantes porque ali-
mentam algas, vegetais superiores e outros organismos aquáticos. Em dosagens
elevadas, podem provocar sérios problemas, como a proliferação excessiva de al-
gas, causando o fenômeno da eutrofização (boa nutrição) de lagos e represas. Nes-
ses casos, a água tem mau cheiro, gosto desagradável e ocorre morte generalizada
de peixes. Alguns poços em zonas rurais acumulam nitratos, envenenando quem
consome essas águas. O consumo de água de poços deve ser feito após análise
periódica das águas;
• Minerais indesejáveis que podem ocorrer nas águas e sua concentração vai limitar o
uso, por exemplo, alumínio (Al), arsênio (As), bário (Ba), berílio (Be), boro (B), cádmio
(Cd), cobalto (Co), cobre (Cu), cromo (Cr), estanho (Sn), lítio (Li), mercúrio (Hg) etc.
São produtos nocivos os metais pesados, óleos e graxas, pesticidas e herbicidas.

Parâmetros biológicos
A quantidade de matéria orgânica presente nos corpos d’água depende de uma série
de fatores, incluindo todos os organismos que aí vivem, os resíduos de plantas e animais
carregados para as águas e também o lixo e os esgotos jogados na água.

Se a quantidade de matéria orgânica é muito grande, a poluição das águas é alta e


uma série de processos vai ser alterada. Haverá muito alimento à disposição e, conse-
quentemente, proliferação dos seres vivos. Vai haver maior consumo de oxigênio que
ocasionará a diminuição de OD, e a consequente mortandade de peixes.

O equilíbrio é conseguido pela simbiose entre as bactérias e as algas. As bactérias


consomem a matéria orgânica, separando-a em substâncias simples, utilizando o oxigê-
nio para o seu metabolismo e liberando CO2 para o ambiente aquático.

As algas, por sua vez, alimentam-se do CO2 e liberam oxigênio para o ambiente.
Os principais componentes de matéria orgânica encontrados na água são proteínas,
aminoácidos, carboidratos, gorduras, além de ureia, sulfa- estantes e fenóis.

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A proliferação de algas nos mananciais, causada pelo lançamento de lixo e esgotos,


tem sido o motivo principal das mudanças das características da água na Região Metro-
politana de São Paulo.

O aumento de nutrientes propicia essa proliferação de algas do gênero Anabaena,


que produzem a geosmina responsável por essa alteração.

Parâmetros físicos
Cor, odor e sabor são parâmetros de grande importância na qualidade da água por-
que a aceitação da água para consumo depende na maioria das vezes deles, apesar de
ela estar com potabilidade garantida.

A cor é definida pelo grau de redução da intensidade que a luz sofre ao atravessar
a água, devido à absorção de parte dos raios, e pode ser provocada pela presença de
íons metálicos formadores de coloides12, como os do ferro e do manganês, de coloides
orgânicos decorrentes da decomposição parcial de compostos orgânicos presentes em
folhas, de algas e plantas aquáticas, de protozoários, e de efluente industrial.

Pode ser aparente, devido ao material em suspensão e/ou em solução, ou verdadeira,


quando se mantém após a remoção da turbidez. É medida em Unidades de Cor (UC) e
sua determinação é feita por comparação visual e por meio de equipamento denomina-
do espectrofotométrico.

A remoção da cor é feita por meio do contato da água com o ar atmosférico.

Odor e sabor muitas vezes possuem causas desconhecidas e de natureza sazonal.


As causas mais frequentes são: presença de compostos orgânicos (fenóis e nitrofenóis)
e inorgânicos (ferro, cloreto); reações de agentes oxidantes e/ou desinfetantes (clo-
ro) no processo de tratamento; concentração do agente desinfetante e crescimento
microbiológico na rede de distribuição; presença de algas, especialmente as cianofíceas
(algas azuis) (AWWA, 1987).

A remoção de odor e sabor é feita pela aplicação de carvão ativado13 granulado ou


em pó, com tempo de contato de trinta minutos. Pode também ser feita por meio de
arraste por ar difuso ou oxidação química.

Um exemplo atual de desastre ambiental foi o que aconteceu em novembro de 2015,


quando a cidade histórica de Mariana foi o cenário principal do maior desastre ambiental
da História do Brasil, de acordo com o IBAMA.

A barragem de Fundão, da Mineradora Samarco, rompeu-se, provocando o vaza-


mento de 62 milhões de metros cúbicos de lama de rejeitos de minério, matando 19
pessoas, destruindo centenas de imóveis e deixando milhares de pessoas desabrigadas.

O vazamento, considerado o maior de todos os tempos em volume de material des-


pejado por barragens de rejeitos de mineração, provocou também a poluição do Rio
Doce e danos ambientais que se estenderam aos estados do Espírito Santo e da Bahia.

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“Uma hipótese da mortalidade no Rio Ipiranga, Espírito Santo é a alta concentração
de ferro por causa da lama, que se dispersa dentro do mar e entra na Foz do Rio Ipiran-
ga. Ele entra em processo de oxidação e consome o oxigênio”.

Quadro 1 – Parâmetros Químicos, Biológicos e Físicos origem e efeito poluidor


Parâmetros
Químicos e Origem Efeito poluidor Efeito poluidor
Biológicos
Causa problemas de odor, gosto e sabor, impacta
Crescimento escessivo em função de maior negativamente o potencial de uso do recurso.
Algas
disponibilidade de nutrientes. Entupimento das tunulações das Estações de
tratamento de água, causando prejuizos.
Esgotos domésticos; efluentes industriais;
Bastérias coliformes Aumento do risco de doenças de veiculação hídrica.
esgoto de locais de confinamento de animais.
Compostos irgânicos
Esgotos domésticos, industriais. Impacto na diminuição do oxigênio dissolvido.
biodegradáveis
Redução da formação de espuma, exigindo maior
Dissolução de minerais contendo cálcio de consumo de sabão; incômodo aos consumidores.
Dureza
masnésio; despejos industriais. causa problema de incrustação nas tubulações de
caldeiras e aquecedores.
Dissolução de compostos de solo; despejos Problemas de cor na água que restringem o uso
Ferro e Manganês
industriais. sem tratamento adequado.
Esgotos domésticos; efluentes industriais; Excesso de nutrientes pode levar ao processo de
Fósforo, Nitrogênio fertilizantes químicos; esgotos de locais de eutrofização do corpo d’água, impactando o uso
confinamento de animais. oara fins de consumo e lazer.
Outros compostos
orgânicos, Efeitos tóxicos, degradação estética e problemas
Esgotos industriais.
como pesticidas, de bioacumulação.
solventes, fenóis
Coloração da água principalmente por sólidos
Decomposição de matéria orgânica; efluentes
Cor dissolvidos: restringe o uso, causa impacto visuale,
industriais; esgotos domésticos.
conforme o efluente, pode apresentar toxidade.
Carreação de material do solo da bacia
Dificulta a entrada de luz na água, podendo
Turbidez hidrográfica por erisão; esgotos domésticos e
impactar a fauna e a flora aquática.
efluentes industriais.
Matéria orgânica em decomposição, algas, Causado por sólidos em suspensão, sólidos
Sabor e Odor gases dissolvidos, esgotos domésticos e dissolvidos e gases dissolvidos, restringindo
efluentes industriais. o uso do recurso sem adequado tratamento.

Os efluentes domésticos contêm aproximadamente 99,9% de água e 0,1% de sólidos.


Esta última fração é composta de sólidos orgânicos como proteínas, carboidratos e
lipídeos; sólidos inorgânicos como amônia, nitrato, ortofosfatos; microrganismos como
bactérias, fungos, protozoários, vírus, helmintos etc. (VON SPERLING, 1996; HENZE
et al. 1995; METCALF; EDDY 1991).

Em função do crescimento das cidades, houve a necessidade da evolução do setor


de tratamento de esgotos. Os projetos de Sistemas de tratamento devem atender aos
objetivos de qualidade de água ou a padrões estabelecidos pelas autoridades regulatórias
federais, estaduais e regionais.

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Muitas das Agências Regulatórias estaduais e regionais não apenas estabeleceram os


requerimentos de permissão para descarga de esgotos, mas também editaram diretrizes
para processos específicos.

Padrões conhecidos incluem os chamados “Padrões dos Dez Estados” publicados


pelo Great Lakes-Upper Mississippi River Board of State Sanitary Engineers (2004) e
o Manual TR-16, Guias para o Projeto de Estações de Tratamento, publicado pela New
England Interstate Water Pollution Control Commission (1998).

No Brasil, em cada Estado, os requerimentos de cada Agência Regulatória, incluindo


aquelas com jurisdição sobre Saúde Pública, qualidade do ar e gestão de resíduos sólidos
devem ser cuidadosamente avaliados.

Níveis de Tratamento
Definem-se quatro níveis de tratamento: preliminar, primário, secundário e terciário,
que consistem na eficiência de remoção de poluentes, de acordo com o nível de trata-
mento, conforme mostrado na Tabela a seguir.

Quadro 2 – Nível de Tratamento x Eficiência de Remoção


Eficiência média de Remoção (%)
Nível de Tratamento
DBO N P Coliforme
Preliminar 0-5 0 0 0
Primário 30-40 10-25 10-20 30-40
Segundário 70-90 30-50 20-60 60-90
Terciário 97-97 95-99 95-99 >99

Tratamento Preliminar
• Consiste na remoção do material grosseiro contido nos esgotos: folhas, pedaços de
madeira, etc., que podem causar problemas operacionais na planta ou no aumento
dos serviços de manutenção em equipamentos e instalações. Os equipamentos uti-
lizados no tratamento primário são, por exemplo, gradeamento, caixa de remoção
de areia, óleos e graxa.

Tratamento Primário
• Consiste na remoção dos sólidos em suspensão sedimentáveis e parte da matéria
orgânica. Utilizam-se operações físicas como peneiramento e sedimentação; pode
incluir tanque de decantação primário e tanque séptico, entre outros.

Tratamento Secundário
• É projetado para remover, principalmente, matéria orgânica e sólidos em suspensão
e dissolvidos. A desinfecção também pode ser incluída nesse nível de tratamento.
São utilizados, principalmente, os processos de tratamento biológicos, como lodo
ativado, lagoas de estabilização e filtro biológico, entre outros.

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Tratamento Terciário
• É projetado para maior eficiência na remoção de nutrientes, principalmente, o fósforo
e o nitrogênio, que resultam como principal estímulo no processo de eutrofização de
corpos d’água, e também na remoção de compostos tóxicos ou não biodegradáveis,
insuficientemente removidos no tratamento secundário. Exemplos de tratamento
terciário incluem a troca iônica, osmose reversa, ultrafiltração, ultravioleta, ozonização
e adsorção em leito de carvão ativado, entre outros.

Tipos de Sistemas de Tratamento


O Sistema de Tratamento é uma associação dos processos físicos (gradeamento, de-
cantação etc.), biológicos (lodos ativados, Filtros biológicos etc.) e químicos (desinfecção,
oxidação etc.)

O Processo a ser empregado para o tratamento de esgotos de uma determinada lo-


calidade depende de vários fatores, tais como:
• Grau de remoção necessário;
• Vazões afluentes (capacidade e porte da Estação);
• Disponibilidade de operadores (recursos humanos);
• Disponibilidade de área, o tamanho da área para a implantação;
• Custo de implantação do Sistema.

Não existe, a priori, o melhor processo de Tratamento; pode-se selecionar por meio
de um Estudo qual o Processo mais adequado para cada caso.

Além disso, o grau necessário a ser alcançado num determinado tratamento de esgo-
tos sanitários varia de um lugar para outro e depende dos seguintes requisitos:
• Usos preponderantes das águas receptoras a jusante do ponto de lançamento dos esgotos;
• Capacidade do corpo de água assimilar, por diluição e autodepuração, o líquido tratado;
• Exigências legais estabelecidas pelos órgãos de controle de poluição para corpo receptor;
• Usos específicos do efluente tratado (reuso industrial, agrícola, recarga de aquíferos etc.).

Os cursos de água naturais são classificados de acordo com o seu respectivo uso. Para
cada um deles, são estabelecidos limites máximos de características da água que podem
apresentar os chamados Padrões de Qualidade.

No Brasil, o dispositivo legal em vigor é a Resolução nº 357 do Conselho Nacional


do Meio Ambiente (Conata), classifica e estabelece os limites e/ou as condições para
os diferentes usos e atribui valores de aproximadamente 100 parâmetros para cinco
diferentes classes.

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Quadro 3 – Todos os parâmetros e limites exigidos para as diferentes classes e tipos de curso de água
Classe Especial
Classe 1
Classe 2 Água Doce
Classe 3
Classe 4
Classe Especial
Classe 1
Água Salinas
Classe 2
Classe 3
Classe Especial
Classe 1
Água Salobras
Classe 2
Classe 3

Tipos de tratamento
Tanque Séptico e Filtro Anaeróbio (Sistema Fossa-Filtro)

Conjunto fossa séptica e filtro anaeróbico: https://goo.gl/GwyNtg

Esse Sistema consiste de tratamento com tanque séptico ou de sedimentação, dimen-


sionado para remoção de sólidos sedimentáveis. O material retido permanece no fundo
do tanque, em condições anaeróbias, e estabiliza-se após alguns meses.

Sugere-se a limpeza do tanque uma vez por ano, devendo sempre, nessa ocasião ser
deixado um pouco do lodo no fundo do tanque para acelerar o processo de crescimento
de microrganismos que serão responsáveis pelo processo de digestão anaeróbia.

Esse Sistema é utilizado em áreas rurais, em conjuntos habitacionais e outros locais


desprovidos de rede coletora de esgotos. Para melhorar a eficiência desse Sistema, pode
ser colocado um filtro anaeróbio, que deve ser instalado após o tanque séptico.

O filtro anaeróbio é um tanque preenchido com pedras, por meio do qual percolam,
em fluxo ascendente, os efluentes da fossa séptica. Nesse caso, a eficiência de remoção
de carga orgânica aumenta.

Lodos Ativados

Tratamento de lodo: https://goo.gl/5gq7X8

Esse Sistema consiste na remoção de poluentes por intermédio da introdução de oxi-


gênio por meios artificiais no esgoto a ser tratado para a formação de flocos biológicos
(lodo ativado). Esses flocos (lodo ativado) se sedimentam e retornam ao tanque de
aeração para manter a quantidade de microrganismos elevada.

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A manutenção e o monitoramento da quantidade de oxigênio introduzidos são muito
importantes para a eficiência do tratamento mantendo o ambiente aeróbio e de forma a
possibilitar o desenvolvimento de uma grande população de microrganismos responsá-
veis pela degradação da matéria orgânica.

O processo de respiração de bactérias, protozoários, rotíferos e outros microrganis-


mos existentes no processo, e também o descarte de parte do lodo produzido removem
parte da matéria orgânica.

Nesse processo, utiliza-se o tratamento preliminar para a retirada de sólidos grossei-


ros e areia, o tratamento primário e, em seguida, o tratamento secundário dos efluentes.
O lodo é tratado separadamente, por meio de adensadores, flotadores, disgestores e
podem ser dispostos em Leitos de secagem quando há área disponível, mas, no caso da
cidade de São Paulo, a solução adotada que não ocupa espaço e eficiente foi através de
filtros prensa e secador térmico.

Filtros Biológicos

Figura 7
Fonte: UFMG

Este Sistema consiste em tratar os esgotos através do filtro biológico e é o mais co-
mum dos processos de tratamento biológico aeróbio, com filme biológico aderido.

Os filtros biológicos modernos utilizam um suporte extremamente permeável, em


geral, pedra ou material plástico, no qual os microrganismos se fixam e através do qual
o esgoto percola.

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UNIDADE
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e Corpos Receptores e Sistema de Reuso

Os efluentes são despejados por meio de aspersores, o que possibilita maior aeração
e distribuição do líquido a ser tratado. As bactérias facultativas, microrganismos predo-
minantes nos filtros aeróbios, mas também bactérias aeróbias, anaeróbias, fungos, algas
e protozoários que integram a comunidade biológica, são as principais consumidoras de
matéria orgânica.

Lagoas de Estabilização
Constituem Sistema de tratamento biológico em que a estabilização de parte da maté-
ria orgânica se realiza pela oxidação bacteriológica e fotossintética das algas. O processo
é controlado, em parte, por condições climáticas, principalmente, a temperatura e a
ação do vento. Portanto, o tratamento se faz por processos naturais físicos, biológicos e
bioquímicos, denominados autodepuração ou estabilização. Os principais tipos de lagoas
de estabilização são a aerada, a anaeróbia, a aeróbia, a facultativa e a de maturação, as
quais podem funcionar isoladamente ou em conjunto, conforme as características do
efluente e da eficiência requerida do Sistema.

Lagoas Aeradas
São construídas, de modo geral, por taludes de terra, com profundidade de 2,5 a
5,00 m providos de aeração mecanizada. A DBO é estabilizada aerobiamente, e o
oxigênio é fornecido pelas algas e pela ação do vento sobre o espelho d’água da lagoa.
São lagoas rasas, que permitem a entrada da luz solar. E ela pode funcionar como lagoa
estritamente aeróbia ou facultativa.

Figura 8
Fonte: USP

Lagoas Anaeróbias
Operam com cargas orgânicas de tal modo que predominam os processos de
fermentação anaeróbia, não existindo Oxigênio Dissolvido (OD) abaixo da superfície.
São dimensionadas em geral para receber elevada carga orgânica; entretanto, tendo em
vista a baixa eficiência na remoção de DBO, a experiência recomenda a utilização de
outra lagoa de tratamento, por exemplo, a facultativa.

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LAGOAS ANAERÓBIAS

}
Ausência
H2S de O2

Esgoto CHONPS Ácidos viláteis CH4 + CO2 + H2O

N Orgânico N Amonical Zona


anacróbia
NO3 NO4 N4
Sólidos
sedimentáveis SO3–2 S–2(H2S)

Lodo Ácidos orgânicos CO2, NH4, H2S, CH4

Figura 9

Lagoas Facultativas
Nessas Lagoas, ocorrem ao mesmo tempo processos de fermentação anaeróbia,
oxidação e redução fotossintética das algas. Na parte do fundo dessas lagoas, há uma
zona anaeróbia, sobreposta por uma zona aeróbia que vai até a superfície.

LAGOAS FACULTATIVAS
Produção
durante o
Vento dia
O2 O2 CO2
Mistura e reaereção

Novas células Algas NH3, PO4, etc


Esgoto Zona
anacróbia
O2 CO2 H2S + 2O2  H4SO4

Bactérias Novas células


Sólidos NH3, PO4, etc Zona
facultativa
sedimentáveis
Células mortas
Zona
Lodo Ácidos orgânicos CO2, NH4, H2S, CH4 anacróbia

Figura 10

Lagoas de Maturação
São projetadas para o tratamento terciário, principalmente, para remoção de com-
postos que contêm nitrogênio, fósforo e coliformes; portanto, servem como tratamento
complementar de efluentes de Sistemas de tratamento por filtro biológico, lodo ativado
e lagoa facultativa.

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UNIDADE
Sistemas de Coleta e Tratamento de Esgotos
e Corpos Receptores e Sistema de Reuso

LAGOAS DE MATURAÇÃO
Produção
durante o
Vento dia
O2 O2 CO2
Mistura e reaereção

Novas células Algas NH3, PO4, etc

Esgoto O2 CO2 H2S + 2O2  H4SO4


Zona
anacróbia
Bactérias Novas células
NH3, PO4, etc
Decaimento bacteriano
Células mortas

Figura 11

Quadro 3 – Resumo do Sistema de Tratamento


Eficiência de
Sistema de Nível de Tipo de Consumo Custos de Área Equipes de Custos de
Remoção de
Tratamento Tratamento Tratamento de Energia Implantação Requerida Operação Operação
DBO
TANQUE SÉPTICO E
FILTRO ANAERÓBIO Primário Biológico 70 a 80% Nulo Baixo Pequena Simples Baixo
(SISTEMA FOSSA-FILTRO)
LODOS ATIVADOS Segundário Biológico 80 a 90% Alto Alto Média Qualificadas Alto
FILTRO BIOLÓGICO Segundário Biológico 80 a 93% Nulo Baixo Pequena Simples Baixo
LAGOAS AERADAS Segundário Biológico 80 a 93% Médio Médio Média Simples Baixo
LOGOAS ANAERÓBIAS Segundário Biológico 80 a 93% Nulo Baixo Média Simples Baixo
LAGOAS FACULTATIVAS Segundário Biológico 80 a 93% Nulo Baixo Grande Simples Baixo
Média/
LAGOAS MATURAÇÃO Terciário Biológico 80 a 93% Nulo Baixo Simples Baixo
Grande

Além dos Processos mencionados, existem outros que, aplicados isoladamente, ou


associados, podem garantir a remoção requerida pelos esgotos.
Dentre eles, podemos citar disposição no solo, tratamento eletrolítico, reator anaeró-
bio de Manta de Lodo (UASB) ou RAFA (Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente), além
de outros patenteados como os Filtros Submersos e os Deep-Shaft.
O uso dos Reatores Anaeróbios de Manta de lodo são unidades de Tratamento Bioló-
gico Anaeróbio de Esgotos não é muito frequente, sobretudo porque possuem limitada
eficiência na remoção de carga orgânica, além de requerer Tratamento Aeróbio comple-
mentar e necessitar de operador com conhecimento do processo para que a operação
não altere no tratamento.

Leia mais sobre Tratamento de Esgotos nos links:


https://goo.gl/GShboR;
https://goo.gl/SH4RL5;
https://goo.gl/FuEqBR.

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Reuso
A adoção do reuso deve ser bem planejada, de forma minimizar riscos sobre a saúde
humana e sobre o desempenho das atividades nas quais está sendo aplicado o reuso.
A prática de reuso é uma ferramenta bastante útil para minimizar problemas de escassez
de água, principalmente, em regiões urbanas e industrializadas.

A água a um recurso renovável; quando reciclada por meios de Sistemas naturais, é


um recurso limpo e seguro que é, pela atividade antrópica, deteriorada em níveis diferen-
tes de poluição, devido ao Ciclo Hidrológico. Entretanto, uma vez poluída, a água pode
ser recuperada e reusada para fins benéficos diversos.

O objeto específico do reuso e a qualidade da água utilizada estabelecerão os níveis


de tratamento recomendados, os critérios de segurança a serem adotados e os custos de
capital e de operação e manutenção.

As condições e fatores locais é que determinarão as possibilidades e as maneiras de


reuso, tais como decisão política, esquemas institucionais, disponibilidade técnica e fato-
res econômicos, sociais e culturais.

Usos Urbanos
O reuso de efluentes no Setor Urbano é amplo e diversificado; porém, o uso que
demanda água com qualidade elevada requer Sistemas de Tratamento e de Controle
avançados, podendo levar a custos incompatíveis com os benefícios correspondentes.

Os esgotos tratados podem, no contexto urbano, ser utilizados para uso potáveis e
não potáveis.

Usos Urbanos para fins potáveis


A presença de organismos patogênicos e compostos orgânicos sintéticos na grande
maioria dos efluentes disponíveis para reuso, principalmente, das estações de trata-
mento de esgotos localizadas em grandes centros urbanos e polos industriais, faz com
que a recuperação com o objetivo de obter água potável seja associada a riscos muito
elevados e praticamente inaceitável. Além disso, os custos dos Sistemas de tratamento
avançados seriam elevadíssimos e inviabilizaria econômico-financeiramente do abaste-
cimento público, não havendo, ainda, garantia de proteção adequada da saúde pública.
Os riscos elevados associados à utilização de esgotos, mesmo apenas doméstico, para
fins potáveis, exigem cuidados extremos para assegurar proteção efetiva e permanente
dos consumidores, o que inviabiliza e descarta a utilização desse tipo de uso nos grandes
centros urbanos.

Utilizar apenas Sistemas de reuso indiretos


A OMS (Organização Mundial da Saúde) não recomenda o reuso direto, ou seja, a
conexão direta dos efluentes de uma estação de tratamento de esgotos à uma estação de

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UNIDADE
Sistemas de Coleta e Tratamento de Esgotos
e Corpos Receptores e Sistema de Reuso

tratamento de água, em seguida, ao Sistema de distribuição. O reuso indireto permite a


diluição dos efluentes de uma estação de tratamento de esgotos num corpo hídrico (lago,
reservatório ou aquífero subterrâneo), no qual, após tempos de detenção, relativamente
longos, é efetuada a captação, seguida de um tratamento adequado e posterior distribui-
ção. O reuso indireto implica que o corpo receptor seja um corpo hídrico não poluído
para, por meio de diluição adequada, reduzir a carga poluidora a níveis aceitáveis;

Usos urbanos para fins não potáveis


Os usos urbanos não potáveis envolvem riscos menores e devem ser considerados
como uma boa opção para a área urbana. Entretanto, cuidados especiais devem ser to-
mados quando ocorre contato direto do público com a água utilizadas para gramados de
parques, jardins, áreas turísticas, campos de esportes, áreas públicas, limpezas de ruas,
descargas de banheiros públicos, lavagem de trens e ônibus públicos. Esse Sistema vem
proporcionado uma economia significativa dos escassos recursos hídricos localmente
disponíveis, como no Japão.

Usos Industriais
As indústrias tem avaliado outras possibilidades de abastecimento devido ao elevado
custo da água associados à demanda crescentes. A água produzida pelo tratamento de
efluentes secundários é, atualmente, um grande atrativo para abastecimento industrial a
custos razoáveis. A oferta oferecida pela Cia. de Saneamento Básico do estado de São
Paulo, SABESP, para compra de efluentes tratados a preços inferiores aos da água po-
tável dos Sistemas Públicos de Abastecimento.

Os usos industriais para o reuso são para torre de resfriamento, caldeiras, construção
civil (preparação do concreto e compactação do solo), irrigação de áreas verdes de insta-
lações industriais, lavagens de pisos e peças mecânicas e processos industriais.

Usos agrícolas
A Agricultura depende, atualmente, de suprimento de água de tal nível que a susten-
tabilidade da produção de alimentos não poderá ser mantida sem o desenvolvimento de
novas fontes de suprimento e a gestão adequada dos recursos hídricos convencionais.

Durante as duas últimas décadas, o uso de esgotos para irrigação de culturas aumen-
tou significativamente, em razão dos seguintes fatores:
• Dificuldade de fontes alternativas de água para irrigação;
• Custo elevado de fertilizantes;
• A segurança de que os riscos de saúde pública e os impactos sobre o solo são míni-
mos, se as precauções forem devidamente tomadas;
• Custos elevados dos Sistemas de tratamento necessários para descarga de efluentes
em corpos receptores;
• O reconhecimento dos órgãos gestores de recursos hídricos.

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A aplicação de esgotos no solo é uma forma efetiva de controle de poluição e uma al-
ternativa viável para aumentar a disponibilidade hídrica em regiões áridas ou semiáridas.

Recarga de aquíferos
A recarga de aquíferos com efluentes tratados tem o seguinte objetivo:
• Prevenir a intrusão de cunha salina em aquíferos costeiros;
• Proporcionar tratamento adicional de efluentes para uso futuro;
• Proporcionar reservatórios de água para uso futuro;
• Aumentar a disponibilidade de água em aquíferos potáveis e não potáveis;
• Prevenir subsidência (movimento) do solo.

Benefícios ambientais e a saúde púbica do Reuso


Os Sistemas de Reuso planejados e administrados adequadamente trazem melhorias
ambientais e de condições de saúde, entre as quais podemos citar:
• Permite a conservação do solo por meio da acumulação de húmus e aumenta a
resistência à erosão;
• Preserva recursos subterrâneos;
• Evita a descarga de esgotos em corpos de água;
• Contribui para a produção de alimentos, elevando níveis de saúde; qualidade de
vida e condições sociais da população associadas aos esquemas de reuso.

Leia mais sobre Tratamento de esgotos nos links:


https://goo.gl/GGkQ78;
https://goo.gl/M23ard;
https://goo.gl/Mqmw57.

Nesta Unidade, vimos as noções gerais do Sistema de Coleta e Tratamento de Esgotos Sa-
nitários e a aplicação do Sistema de Reuso.
Operacionalmente, lembrando o que foi mencionado na unidade anterior e reforçado ago-
ra na nesta unidade, vimos que esse Sistema de Esgotos Sanitários está inter-relacionado
com o Sistema de Abastecimento de Água e que eles devem ser implantados simultanea-
mente para uma boa Gestão dos Recursos Hídricos para preservação dos mananciais e do
meio ambiente. Além disso, os Sistemas de Reuso, se planejados e administrados adequa-
damente, trazem melhorias ambientais e de condições de saúde.

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UNIDADE
Sistemas de Coleta e Tratamento de Esgotos
e Corpos Receptores e Sistema de Reuso

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
SABESP
A Sabesp é uma empresa brasileira que detém a concessão dos serviços públicos de sa-
neamento básico no Estado de São Paulo.
https://goo.gl/wS2kMh
FENASAN
Congresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente.
https://goo.gl/PAaYwn

Leitura
NBR 15420:2006
ABNT. NBR 15420:2006 – Título: Tubos, conexões e acessórios de ferro dúctil para
canalizações de esgotos.

NBR 12208:1992
ABNT. NBR 12208:1992 – Título: Projeto de estações elevatórias de esgoto sanitário.

NBR 9649:1986
ABNT. NBR 9649:1986 – Título: Projeto de redes coletoras de esgoto sanitário.

NBR 9648:1986
ABNT. NBR 9648:1986 – Título: Estudo de concepção de Sistemas de Esgotos sanitários.

NBR 12209:2011
ABNT. NBR 12209:2011 – Título: Elaboração de projetos hidráulico-sanitários de esta-
ções de tratamento de esgotos sanitários.

Resolução CONAMA Padrões de Qualidade da água


Resolução nº 357/2005
https://goo.gl/1cwQQS

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Referências
BITTENCOURT, Claudia; SILVA, Maria Aparecida. Tratamento de Água e Efluentes
– Fundamentos de Saneamento Ambiental e Gestão de Recursos Hídricos. 2014.

BRAGA, Benedito et al. Introdução à Engenharia Ambiental. 2010.

METCALF and Eddy Inc. Tratamento de Efluentes e Recuperação de Recursos. 2016.

PHILIPPI JR., Arlindo; MARTINS, Getúlio. Águas de abastecimento. In: Saneamento,


saúde e ambiente: fundamentos para um desenvolvimento sustentável. 2005.

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