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AS M ARCAS
NA VIDA
DE DAVI
Prefácio
1. O Chamado
2. Requisitos Espirituais
3. A Unção
4. A Aparente Contradição
5. Os Irmãos
6. O Segredo do Êxito
7. Na Caverna de Adulão
8. A Lamentação de Davi
9. Queda e Perdão
10. A Conspiração de Absalão
11. A Via Dolorosa
12. Uma Intifada no Antigo Testamento
13. Verdadeiros e Falsos Amigos
14. O Reinado
15. Louvor à Fidelidade de Deus
Notas
PREFÁCIO
O CHAMADO
“Disse o SENHOR a Samuel: Até quando terás pena de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não
reine sobre Israel? Enche um chifre de azeite e vem; enviar-te-ei a Jessé, o belemita; porque,
dentre os seus filhos, me provi de um rei... 7 Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a
sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o SENHOR não vê como vê o
homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração... 10 Assim, fez passar Jessé os seus
sete filhos diante de Samuel; porém Samuel disse a Jessé: O SENHOR não escolheu estes. 11
Perguntou Samuel a Jessé: Acabaram-se os teus filhos? Ele respondeu: Ainda falta o mais moço,
que está apascentando as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Manda chamá-lo, pois não nos
assentaremos à mesa sem que ele venha. 12 Então, mandou chamá-lo e fê-lo entrar. Era ele
ruivo, de belos olhos e boa aparência. Disse o SENHOR: Levanta-te e unge-o, pois este é ele. 13
Tomou Samuel o chifre do azeite e o ungiu no meio de seus irmãos; e, daquele dia em diante, o
Espírito do SENHOR se apossou de Davi. Então, Samuel se levantou e foi para Ramá” (1Sm
16.1,7,10-13).
Introdução
A vocação de Davi está intimamente ligada à rejeição de Saul. O versículo-chave
que serve de base para essa rejeição a Saul e para o chamado de Davi é 1 Samuel 16.7:
“O homem vê o exterior, porém o SENHOR , o coração”.
A diferença marcante entre as biografias de Saul e de Davi é, ao mesmo tempo, o
ponto de ruptura:
• Saul era o homem segundo o coração do povo (1Sm 8.5-7, 19-20);
• Davi era o homem segundo o coração de Deus (1Sm 13.14).
Acima de tudo, desde o seu chamado até o fim de sua vida, Davi foi um homem
segundo o coração de Deus. As marcas que ele deixou ficaram gravadas na história de
Israel. Através da vocação de Davi e da rejeição de Saul fica claro que Deus realiza Sua
obra exclusivamente através de “pessoas com coração”.
A rejeição de Saul
Talvez você já tenha se perguntado sobre qual seria o real motivo da rejeição de
Saul pelo Senhor. Olhando superficialmente, até poderíamos ter pena de Saul.
Certamente o pecado de Davi com Bate-Seba não era menor do que o de Saul (1Sm
15.2s.) e, mesmo assim, Davi permaneceu como rei sobre Israel, mas Saul foi
rejeitado. Por que Saul não conseguiu progredir em sua vida? Por que ele não
conseguia mais vitórias, por que afundava cada vez mais, até ao ponto em que Deus
não falava mais com ele e, assim, Saul não tinha mais força espiritual? Encontramos a
resposta no versículo-chave: O Senhor sempre atenta para o coração da pessoa. Por
sabermos que Deus enxerga muito mais além do que nós, deveríamos estar atentos a
isso.
Naquela ocasião, havia um homem esbelto diante de Samuel, bem mais alto do
que todos os demais em Israel. Tudo havia começado bem. Com o decorrer do tempo,
porém, seu coração acomodou coisas que ficavam escondidas dos homens, mas não
diante de Deus. Vamos analisar esses assuntos e avaliar nossa vida nesse sentido.
1. Tudo iniciou com o orgulho no coração. Samuel, ao anunciar a condenação de
Saul, usou as seguintes palavras: “Porventura, sendo tu pequeno aos teus olhos, não
foste por cabeça das tribos de Israel...” (1Sm 15.17). Já aqui podemos observar a
profundidade do olhar do Senhor para o coração de uma pessoa. A alteração no
coração de Saul não passou despercebida de Deus! O sistema no Reino de Deus é
totalmente diferente do que o do mundo:
• O Senhor vê o coração (1Sm 16.7);
• Ele escolhe aquilo que não tem valor para o mundo (1Co 1.26s.);
• Ele concede graça ao humilde (1Pe 5.5);
• O Senhor revela publicamente aquilo que fazemos por Ele em segredo (Mt 6.6).
Enquanto Saul se considerava pequeno, ele foi colocado como cabeça das tribos
de Israel. No entanto, infiltraram-se motivações erradas em seu coração que o fizeram
fracassar. Também em nossa vida, tais motivações erradas no coração impedem o
nosso crescimento espiritual e progresso no Reino de Deus.
2. Com esta postura errada em seu coração, Saul começou a menosprezar a
Palavra de Deus. Ao interferir nas funções de Samuel e ao fazer sacrifícios – o que não
deveria ter feito, de acordo com 1 Samuel 10.8 – o profeta o repreendeu: “...Você agiu
como um tolo, desobedecendo ao mandamento que o SENHOR , o seu Deus, lhe deu; se
você tivesse obedecido, ele teria estabelecido o seu reinado sobre Israel. 14 Mas agora o
seu reinado não permanecerá.” (1Sm 13.13-14a – NVI). Agiu como um tolo,
desobedeceu ao mandamento do Senhor. – Talvez muitos de nós estejam agora no
limiar de uma tremenda bênção. Então, cuidado! Justamente nessas ocasiões os
ataques de Satanás são especialmente refinados.
A atitude de Saul foi um ato de falta de fé. Por isso ele não pôde subsistir diante
do Senhor. Observemos isso: tudo o que fizermos com falta de fé não subsiste diante
de Deus.
Além disso, o exemplo de Saul nos ensina que a derrocada espiritual inicia
quando abandonamos a Palavra de Deus e nos tornamos desobedientes. É o que
vemos em tantos cristãos – idosos, mas também entre jovens: Tudo começou tão bem,
havia uma dedicação sincera para Jesus. Liam a Bíblia regularmente e visitavam as
reuniões com alegria. De repente, porém, outras coisas se tornaram mais importantes
e ocuparam espaço em seu coração. Assim, lentamente começaram a desleixar e a
abandonar o estudo da Palavra. A mudança começou sorrateiramente, porém, se
tornou cada vez mais visível. O mundo ao redor quase não registrou isso, mas o
Senhor já o viu há tempo! Assim, como esses cristãos não aceitaram aconselhamento e
achavam que sabiam tudo melhor, foi impossível conter a sua ruína.
O Senhor não falava mais com Saul e também Samuel se afastou dele, não lhe
transmitindo mais nenhuma mensagem divina (1Sm 28.6; 15.35). O pior que pode
nos acontecer é perdermos a orientação espiritual porque Deus não tem mais nada a
nos dizer! Quão terrível é quando o Espírito Santo não consegue mais nos orientar,
porque o orgulho nos aprisionou e permanecemos desobedientes diante de Deus!
Deus mandou o aviso para Saul: “Você agiu como um tolo... agora o seu reinado não
permanecerá”. Nossa bagagem espiritual não permanece se abandonarmos a Palavra
de Deus! O Senhor viu algo no coração de Saul que estava oculto aos olhos das
pessoas...
3. Saul se afastou de Deus. Foi isso que o próprio Senhor afirmou: “Arrependo-
me... pois ele me abandonou e não seguiu as minhas instruções” (1Sm 15.11 – NVI).
Após a chegada do orgulho e o desleixo com a Palavra, seguiu-se o abandono de
Deus. Quase sempre é assim que acontece: não mais se aceita conselhos e pretende-se
reinar na própria vida, o que resulta no abandono da vida com Jesus!
4. O arrependimento de Saul não foi sincero. A sua própria honra lhe pareceu
mais importante do que ter um coração humilde diante de Deus com verdadeiro
arrependimento. Durante sua peregrinação pelo deserto, o povo de Israel foi atacado
violentamente pelos amalequitas numa emboscada. Isso deveria ser vingado algum
dia. Deus o havia dito (Êx 17.8-16). Então havia chegado esse momento e Saul foi
convocado para cumprir com o juízo. Sua missão era matar Agague, o rei dos
amalequitas. No entanto, Saul o poupou, juntamente com “o melhor das ovelhas e dos
bois”, ou seja, tudo o que eles consideravam de valor (1Sm 15.9). Quando, então, foi
repreendido por Samuel, Saul respondeu: “...Pequei, pois transgredi o mandamento do
SENHOR e as tuas palavras; porque temi o povo e dei ouvidos à sua voz. 25 Agora, pois, te
rogo, perdoa-me o meu pecado e volta comigo, para que adore o SENHOR . (...) 30 Então,
disse Saul: Pequei; honra-me, porém, agora, diante dos anciãos do meu povo e diante de
Israel; e volta comigo, para que adore o SENHOR , teu Deus” (1Sm 15.24-25,30).
Saul tentou encobrir sua culpa atribuindo-a ao povo: “Sim, eu pequei, mas o
povo...” (v.24). Em seguida, ele pediu perdão superficialmente a Samuel, ao invés de
se arrepender de fato diante de Deus (v.25). A ponta de maldade, porém, estava mais
em procurar a sua própria honra do que realmente se arrepender: “Sim, eu pequei,
mas peço que me honres perante o povo” (v.30). Na verdade, Saul ainda não estava
disposto a matar o rei Agague. Samuel se encarregou de fazê-lo.
Outro fato que mostra o quanto o coração de Saul estava errado é que, para a sua
ação – na verdade uma omissão – ele levantou um monumento para si (1Sm 15.12).
Também isso demonstra que Saul tinha falsidade em seu coração e vivia na mentira. É
o que “lemos nas entre-linhas” quando Samuel falou a Saul a esse respeito: “Também
a Glória de Israel não mente, nem se arrepende, porquanto não é homem, para que se
arrependa” (1Sm 15.29). A passagem de 1 Samuel 15.15,20-21 comprovam que Saul
era mentiroso.
Amaleque representa nossa carne, na qual não há nada de bom. Ai de nós se
deixarmos nossa carne viver e acharmos qualquer coisa valiosa nela, pois, a Palavra de
Deus diz: “...os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm 8.8). Somos
alertados como também Saul o foi: “Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena:
prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria” (Cl
3.5). A Palavra nos ensina que aquele que vive na carne não pode subsistir diante de
Deus. A carne deve e precisa ser colocada sob o domínio do Espírito (Rm 8.13)
5. O Senhor conhecia, há tempo, sobre o coração errado de Saul, pois, quando
lemos: “...O SENHOR buscou para si um homem que lhe agrada [Davi] e já lhe ordenou
que seja príncipe sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o SENHOR te
ordenou” (1Sm 13.14b), significa que o estado do coração de Saul não estava oculto
para Deus. Samuel também começou a enxergar a maldade no coração do rei de
Israel. Isso se mostra a partir de sua reação quando foi enviado a Belém, para ungir
Davi, pois a sua resposta ao Senhor foi: “Como irei eu? Pois Saul o saberá e me
matará...” (1Sm 16.2).
6. Podemos observar a escuridão existente no coração de Saul na seqüência. É
assim como o Senhor Jesus falou: “...pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7.20).
• Saul teve inveja de Davi (1Sm 18.9);
• Ele tornou-se inconfiável (1Sm 19.6,10);
• O Espírito Santo se retirou dele (1Sm 16.14);
• Um espírito maligno se apoderou de Saul (1Sm 16.14);
• Uma depressão com manifestações de fúria e violência tomou conta dele (1Sm
19.10);
• Ele aderiu ao ocultismo (1Sm 28.7-25);
• Sua vida terminou de maneira trágica (1Sm 31).
Os crentes que rejeitam teimosamente a Palavra de Deus e insistem em viver em
pecado podem, através disso, sofrer influência de forças demoníacas (ver 1Tm 4.1).
Talvez também a sua vida espiritual, prezado leitor, esteja estagnada!? Se for esse
o caso, então descubra a causa que faz sua ligação com o Senhor ficar interrompida.
Deveríamos sempre verificar se são tentações e provações ou se há pecado em nosso
coração. Será que o orgulho conquistou espaços? Será que a Palavra do Senhor foi
esquecida? Poderia ser, ainda, que não houve arrependimento sincero, mas há engano
e mentira escondidos no coração? O Senhor vê o coração!
Davi é convocado
Quanta diferença na vida de Davi! Esse jovem passava despercebido. Era o
menor de oito irmãos em sua casa e até era menosprezado: quando seus irmãos
marchavam armados para a guerra, ele podia apenas levar alguns suprimentos de
grãos, pão e queijo para eles. Enquanto seus irmãos desfilavam orgulhosos perante
Samuel, ele ficava quase no anonimato, cuidando as ovelhas de seu pai nos campos de
Belém. No entanto: o Senhor viu o seu coração! Assim, esse homem discreto foi
transformado em uma figura ímpar na história do mundo e deixou suas marcas: Davi
era compositor e cantor, desenvolveu instrumentos musicais, foi rei, profeta,
comandante de tropas e estadista. Além disso, ele imprimiu a sua chancela na
posterior espera pelo Messias de Israel servindo como pré-figura desse Messias.
Quando Saul ainda estava no resplendor de seu reinado, mas já afetado pela
decadência, o Senhor havia lançado seu olhar sobre os campos de Belém onde via um
jovem apascentando as ovelhas de seu pai. “Já agora não subsistirá o teu reino. O
SENHOR buscou para si um homem que lhe agrada e já lhe ordenou que seja príncipe
sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o SENHOR te ordenou” (1Sm 13.14). O
Senhor procura pessoas com coração puro. Você e eu somos pessoas assim?
Agora, sem levar em conta a livre eleição por Sua graça: o que o Senhor viu no
coração de Davi?
1. Em Davi, o Senhor viu alguém que superava aos demais, espiritualmente:
“Disse o SENHOR a Samuel: Até quando terás pena de Saul, havendo-o eu rejeitado, para
que não reine sobre Israel? Enche um chifre de azeite e vem; enviar-te-ei a Jessé, o
belemita; porque, dentre os seus filhos, me provi de um rei. (...) 13 Tomou Samuel o
chifre do azeite e o ungiu no meio de seus irmãos; e, daquele dia em diante, o Espírito do
SENHOR se apossou de Davi. Então, Samuel se levantou e foi para Ramá” (1Sm
16.1,13). Nem sempre Deus escolhe uma pessoa por causa do coração desta, mas,
mesmo assim, Ele olha para o seu coração. Jessé tinha oito filhos, mas o Senhor
escolheu a este um! Também hoje Deus procura personalidades que superam aos
outros espiritualmente, porém, essas são escassas.
O Senhor escolheu aquele que era fiel nas mínimas coisas. O olhar do Senhor
não foi dirigido aos filhos imponentes de Jessé que desfilaram perante Samuel (1Sm
16.5-10), mas para um lugar bem diferente. Depois que o sétimo filho se apresentou,
Samuel perguntou a Jessé: “Acabaram-se os teus filhos? Ele respondeu: Ainda falta o
mais moço, que está apascentando as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Manda
chamá-lo, pois não nos assentaremos à mesa sem que ele venha” (1Sm 16.11). Em
espírito, podemos observar Davi sentado sozinho nas pastagens de Belém, vendo as
ovelhas de seu pai, sem ser observado por nenhuma outra pessoa. Ali ele orava a
Deus, compunha salmos e cantava seus hinos. Provavelmente ele também lia a Torá
ali e o Senhor lhe revelava as profundezas proféticas do Seu Plano de Salvação. Davi
não vivia perante pessoas, ele vivia perante Deus! Ali parecia como se estivesse
“fechado em seu quarto”. Além disso, ele também era fiel em seu serviço de pastor de
ovelhas. Ele vigiava as ovelhas com fé e confiança em seu Deus, defendendo-as até
contra ataques de ursos e leões. Desse modo, na quietude dos campos, Davi superou
seus irmãos na casa paterna.
Também na Igreja de Jesus temos irmãos e irmãs que trabalham imperceptíveis,
em secreto e assim superam espiritualmente aos outros.
2. Davi vivia no anonimato, mas constantemente na presença do Senhor e, assim,
foi santificado. A casa de Jessé, porém, foi chamada por Samuel para se santificar a fim
de trazer um sacrifício. “Respondeu ele: É de paz; vim sacrificar ao SENHOR . Santificai-
vos e vinde comigo ao sacrifício. Santificou ele a Jessé e os seus filhos e os convidou para
o sacrifício” (1Sm 16.5). O pai “esqueceu” de convidar Davi, porém, este foi chamado
e ungido por Samuel. Nisso podemos ver que realmente somos aquilo que vivemos em
nossos “campos de pastoreio”, em nosso cotidiano, na comunhão do nosso coração
com o Senhor. Em nosso dia-a-dia – não nos cultos – fica visível se vivemos com o
Senhor. Não se trata de uma conclusão teológica, de uma promoção, mas trata-se do
coração! Os outros ainda precisavam se transformar naquilo que Davi já era. Eles
foram levados a sacrificar e à santificação, enquanto Davi já vivia assim.
3. Em Davi havia algo claro, correto, genuíno. Vemos isso claramente a seguir:
“Sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe e disse consigo: Certamente, está perante o
SENHOR o seu ungido. 7 Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua
aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o SENHOR não vê como vê o
homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR , o coração. 8 Então, chamou Jessé a
Abinadabe e o fez passar diante de Samuel, o qual disse: Nem a este escolheu o SENHOR .
9 Então, Jessé fez passar a Samá, porém Samuel disse: Tampouco a este escolheu o
SENHOR . 10 Assim, fez passar Jessé os seus sete filhos diante de Samuel; porém Samuel
disse a Jessé: O SENHOR não escolheu estes” (1Sm 16.6-10). Finalmente também
chamaram o caçula que estava no campo e, então, lemos as palavras significativas:
“Então o SENHOR disse a Samuel: ‘É este! Levante-se e unja-o’” (v.12 – NVI).
Mesmo o profeta Samuel estava enganado na sua escolha e havia olhado para o
que está diante dos olhos. No entanto, nem a grande estatura nem a aparência
podiam esconder do Senhor o que havia no coração de cada um deles. A afirmação de
Deus: “...o rejeitei; ...O homem vê o exterior, porém o SENHOR , o coração”, nos mostra
que havia algo de errado no coração de Eliabe. Mais tarde, ficou visível a atitude de
seu coração quando ele desprezou seu irmão: “Ouvindo-o Eliabe, seu irmão mais
velho, [Davi] falar àqueles homens, acendeu-se-lhe a ira contra Davi, e disse: Por que
desceste aqui? E a quem deixaste aquelas poucas ovelhas no deserto? Bem conheço a tua
presunção e a tua maldade; desceste apenas para ver a peleja” (1Sm 17.28).
– Será que nós também somos dos que desprezam algum irmão ou alguma irmã?
Em Davi ardia uma intensa chama de amor por seu Deus e que não ficou oculta
ao Senhor. Essa chama de amor permaneceu ativa em seu coração até o final de sua
vida.
Você conhece o último “salmo” de Davi? Ele não se encontra no Livro dos
Salmos, mas em 2 Samuel. Ali vemos as marcas deixadas por Davi. Por amar a Deus
de coração e ser inspirado pelo Espírito Santo, ele testemunhou ao final de sua vida:
“São estas as últimas palavras de Davi: Palavra de Davi, filho de Jessé, palavra do
homem que foi exaltado, do ungido do Deus de Jacó, do mavioso salmista de Israel. 2
O Espírito do Senhor fala por meu intermédio, e a sua palavra está na minha língua. 3
Disse o Deus de Israel, a Rocha de Israel a mim me falou: Aquele que domina com
justiça sobre os homens, que domina no temor de Deus, 4 é como a luz da manhã,
quando sai o sol, como manhã sem nuvens, cujo esplendor, depois da chuva, faz
brotar da terra a erva. 5 Não está assim com Deus a minha casa? Pois estabeleceu
comigo uma aliança eterna, em tudo bem definida e segura. Não me fará ele prosperar
toda a minha salvação e toda a minha esperança?” (2Sm 23.1-5).
Temos o desejo de deixar marcas espirituais? Então é necessário nos dispormos a
inclinar o coração irrestritamente Àquele que enxerga o fundo do coração. Para Ele
pode-se falar tudo! Aliás, não seria ocasião de levar o seu coração a um sincero
arrependimento, redirecionamento e conversão? O Senhor tem prazer em perdoar!
-2-
REQUISITOS ESPIRITUAIS
“Jessé mandou chamá-lo e ele veio. Era ele ruivo, de belos olhos e boa aparência. Então o SENHOR
disse a Samuel: ‘É este! Levante-se e unja-o’. 13 Samuel apanhou o chifre cheio de óleo e o ungiu
na presença de seus irmãos, e, a partir daquele dia, o Espírito do SENHOR apoderou-se de Davi. E
Samuel voltou para Ramá” (1Sm 16.12-13 – NVI).
Introdução
O conhecido teólogo Benedikt Peters fez a seguinte observação a respeito do
Espírito Santo:
O Espírito Santo é como um holofote. Ele quer jogar luz sobre Aquele que Deus escolheu como base de nossa fé: Jesus
Cristo. Ele não ilumina a Si mesmo, não quer que nossa atenção seja dirigida a Ele nem que coloquemos nossa
confiança nEle e o adoremos.[1]
O Senhor Jesus também falou sobre a missão do Seu Representante: “...o Espírito
da verdade, ...não falará por si mesmo... 14 Ele me glorificará, porque há de receber do
que é meu e vo-lo há de anunciar” (Jo 16.13-14). Um irmão na fé fez essa observação a
respeito do Espírito Santo: “A oração é parecida com um telefonema: é necessário que
alguém faça a ligação com o Céu e esse é o Espírito Santo. Quando eu quero telefonar
para a minha amada esposa, eu necessito de uma conexão. Fico agradecido quando
completa a ligação, porém, na minha conversa eu nunca me dirijo a essa conexão e,
sim, à minha esposa”.
“Tudo começou com a unção” é o título que poderíamos colocar para a biografia
de Davi. A longa e cativante história da vida desse jovem, até se tornar rei sobre todo
Israel e se tornar uma pré-figura para o Messias, inicia com a ordem de Deus, dada a
Samuel: “...‘Levante-se e unja-o’. Samuel apanhou o chifre cheio de óleo e o ungiu na
presença de seus irmãos”. Pelo contexto geral da Bíblia, sabemos que o óleo é um
símbolo para o Espírito Santo e que esse Espírito Santo habita em cada filho de Deus
desde a sua conversão, como consta em 2 Coríntios 1.21-22: “Ora, é Deus que faz que
nós e vocês permaneçamos firmes em Cristo. Ele nos ungiu, 22 nos selou como sua
propriedade e pôs o seu Espírito em nossos corações como garantia do que está por vir”
(NVI). No entanto, é importante que o Espírito Santo consiga deixar Suas marcas em
nossa vida, enquanto vivermos sob Sua autoridade. Este é o “andar no espírito” a que
Paulo se refere, em Gálatas 5.16. No relato sobre Davi, lemos: “...daquele dia em
diante, o Espírito do SENHOR se apossou de Davi” (1Sm 16.13). Aqui vemos um
exemplo maravilhoso para uma das lições do Novo Testamento sobre o Espírito Santo:
- O Espírito Santo se apoderou de Davi. Isso é uma figura que representa o novo
nascimento que é um acontecimento único;
- O Espírito Santo permaneceu sobre a vida de Davi. Isso representa a vida de um
crente que deve estar e ficar cheio do Espírito.
Aquele que está sob a unção do Espírito Santo terá experiências maravilhosas e
poderá acompanhar o salmista, dizendo: “Sabei, pois, que o SENHOR separou para si
aquele que é piedoso; o SENHOR ouvirá quando eu clamar a ele” (Sl 4.3 – ACF).
Quando Davi foi ungido, a princípio não aconteceu nada de espetacular. Esse
caminho quase imperceptível – Davi deveria abandonar os campos de pastoreio e,
como servo de Saul, tocar a cítara perante o rei – na verdade era o caminho de Deus
para levar Davi à casa real!
Exatamente esse é o ponto. Quem foi ungido e vive no Espírito de Deus
experimentará como Deus utiliza, freqüentemente, coisas e circunstâncias
imperceptíveis em sua vida para levá-lo em direção ao Seu alvo. Para tanto, apenas
precisamos concordar e seguir pelo caminho. Davi fez isso. Não ouvimos nenhuma
reclamação dele. Ele simplesmente seguiu no caminho que lhe foi indicado. Quantas
marcas o Espírito Santo conseguiu, assim, colocar na vida de Davi! Desse modo, o
Senhor nos deu um exemplo maravilhoso de como o Espírito Santo deseja deixar
marcas em nossa vida e de como deveria ser nosso andar no Espírito.
Essa observação me fez pensar: será que nossas frases têm tão pouco valor porque
ouvimos muito pouco e falamos demais? Nossas palavras não encontram quem as
ouça porque nós mesmos quase não somos pessoas ouvintes? Tantas vezes nós até
mesmo interrompemos quem está conversando conosco. Talvez até não damos
ouvidos a muitas coisas porque assimilamos somente aquilo que nos confirma ou o
que nós apoiamos.
Na maioria das vezes, já temos uma resposta “na ponta da língua” antes que o
outro termine de falar a frase. Por isso podem acontecer os desentendimentos. “Eu
não posso ouvir a minha fala”, disse a tradutora. Esse parece ser o segredo de um
diálogo genuíno. Nesse sentido, a seguinte frase é atribuída a Martinho Lutero: “A
pessoa tem dois ouvidos e apenas uma boca, assim, ele deve ouvir o dobro do que
fala”.
Ouvir mais ao invés de falar!
A UNÇÃO
“Tomou Samuel o chifre do azeite e o ungiu no meio de seus irmãos; e, daquele dia em diante, o
Espírito do SENHOR se apossou de Davi. Então, Samuel se levantou e foi para Ramá” (1Sm 16.13).
A diferença significativa
Enquanto Saul foi ungido com o óleo de uma vasilha, para Davi foi usado um
chifre com óleo. A unção de Saul é relatada assim: “Tomou Samuel um vaso de azeite,
e lho derramou sobre a cabeça, e o beijou, e disse: Não te ungiu, porventura, o SENHOR
por príncipe sobre a sua herança, o povo de Israel?” (1Sm 10.1). Um vaso é quebrável,
um chifre, não. O vaso indicava profeticamente que o reino de Saul “quebraria” como
se quebra um vaso. Foi o que aconteceu: o reinado de Saul se quebrou já em seus dias
de vida; ele foi o primeiro e o último rei da sua dinastia, pois não tinha sucessor.
Samuel já havia anunciado essa ruína anteriormente: “Virando-se Samuel para se ir,
Saul o segurou pela orla do manto, e este se rasgou. 28 Então, Samuel lhe disse: O
SENHOR rasgou, hoje, de ti o reino de Israel e o deu ao teu próximo, que é melhor do que
tu” (1Sm 15.27-28).
Em contraste ao frágil reino de Saul (vaso de óleo), o reinado de Davi seria
eterno (chifre com óleo), pois, finalmente, continuará com o Grande Filho de Davi, o
Messias Jesus Cristo. Ana, a mãe de Samuel, já havia profetizado: “Aqueles que se
opõem ao SENHOR serão despedaçados. Ele trovejará do céu contra eles; o SENHOR
julgará até os confins da terra. ‘Ele dará poder a seu rei e exaltará a força do seu
ungido’” (1Sm 2.10 – NVI). Esta é a primeira referência direta ao Messias na Bíblia.
No meio de Israel
A unção de Davi aconteceu na presença de seus irmãos. No mesmo instante, o
Espírito Santo se apoderou dele e ficou nele a partir dali. Davi era um “homem
segundo o coração de Deus” (ver 1Sm 13.14; At 13.22). Era alguém em quem se podia
ver e reconhecer que o Senhor estava com ele (1Sm 16.18).
“Samuel apanhou o chifre cheio de óleo e o ungiu na presença de seus irmãos, e, a
partir daquele dia, o Espírito do SENHOR apoderou-se de Davi” (1Sm 16.13 – NVI). Esse
acontecimento nos lembra da ocasião em que Jesus foi batizado, no início do Seu
ministério. Este também foi realizado na presença de seus irmãos, quando Jesus foi
confirmado como o Filho “segundo o coração de Deus”: “E aconteceu que, ao ser todo
o povo batizado, também o foi Jesus; e, estando ele a orar, o céu se abriu, 22 e o Espírito
Santo desceu sobre ele em forma corpórea como pomba; e ouviu-se uma voz do céu: Tu
és o meu Filho amado, em ti me comprazo” (Lc 3.21-22).
A situação de Israel
Para lutar contra Golias, Davi precisou ir até o vale de Elá para, então, o
enfrentar e vencê-lo. Lemos o desafio de Golias em 1 Samuel 17.8: “Escolhei dentre
vós um homem que desça contra mim”. Nos versículos 40-41, lemos: “...e, lançando
mão da sua funda, [Davi] foi-se chegando ao filisteu. 41 O filisteu também se vinha
chegando a Davi...”.
Jesus Cristo veio até nós, no vale da sombra da morte. Sim, Ele desceu até o reino
dos mortos e venceu Satanás, pois o Gólgota foi o confronto direto com o Diabo.
O caminho do Senhor
“Disse Jessé a Davi, seu filho: Leva, peço-te, para teus irmãos um efa deste trigo
tostado e estes dez pães e corre a levá-los ao acampamento, a teus irmãos. 18 ...e
visitarás teus irmãos, a ver se vão bem; e trarás uma prova de como passam. 19 Saul, e
eles, e todos os homens de Israel estão no vale de Elá, pelejando com os filisteus. 20 Davi,
pois, no dia seguinte, se levantou de madrugada, deixou as ovelhas com um guarda,
carregou-se [com os presentes] e partiu, como Jessé lhe ordenara... 22 e, chegando,
perguntou a seus irmãos se estavam bem. 23 Estando Davi ainda a falar com eles, eis
que vinha subindo do exército dos filisteus o duelista, cujo nome era Golias, o filisteu de
Gate; e falou as mesmas coisas que antes falara, e Davi o ouviu. 24 Todos os israelitas,
vendo aquele homem, fugiam de diante dele, e temiam grandemente... 26 Então, falou
Davi aos homens que estavam consigo, dizendo: Que farão àquele homem que ferir a
este filisteu e tirar a afronta de sobre Israel? Quem é, pois, esse incircunciso filisteu, para
afrontar os exércitos do Deus vivo?... 28 Ouvindo-o Eliabe, seu irmão mais velho, falar
àqueles homens, acendeu-se-lhe a ira contra Davi, e disse: Por que desceste aqui? E a
quem deixaste aquelas poucas ovelhas no deserto? Bem conheço a tua presunção e a tua
maldade; desceste apenas para ver a peleja. 29 Respondeu Davi: Que fiz eu agora? Fiz
somente uma pergunta... 31 Ouvidas as palavras que Davi falara, anunciaram-nas a
Saul, que mandou chamá-lo” (1Sm 17.17-31).
Traçando um paralelo para Jesus:
• Deus, o Pai, enviou o Seu Filho como o Pão da Vida;
• O Filho foi até seus irmãos, em meio ao Seu povo e Se importou pelo seu bem-
estar. “Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante
aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a
Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo” (Hb 2.17);
• Ele deixou a segurança do Céu e desceu ao vale beligerante de nossa Terra, onde
a humanidade é difamada e escarnecida por Golias;
• Ele cumpriu tudo o que Seu Pai havia ordenado;
• Ele nos trouxe a dádiva da vida em Sua própria Pessoa.
• No entanto, Eliabe ficou furioso: “Por que desceste aqui?” – Da mesma maneira
se manifestou o ódio de Israel contra Jesus, quando a Sua vinda foi questionada:
“Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos,
Tiago, José, Simão e Judas?” (Mt 13.55). Eliabe continuou em tom recriminador:
“...a quem deixaste aquelas poucas ovelhas no deserto?” – Jesus, porém, disse:
“Qual, dentre vós, é o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas,
não deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu, até
encontrá-la?” (Lc 15.4).
• Eles atribuíram presunção e maldade ao coração de Davi. Também Jesus foi
rotulado como pecador. Ao cego de nascença, que havia sido curado, intimaram
dizendo: “Dá glória a Deus; nós sabemos que esse homem é pecador” (Jo 9.24).
• Davi respondeu ao seu irmão: “...Que fiz eu agora? Fiz somente uma pergunta. 30
Desviou-se dele para outro e falou a mesma coisa; e o povo lhe tornou a responder
como dantes” (1Sm 17.29-30). A reação de Jesus foi semelhante: Ele se afastou
dos que rejeitaram a Ele e à Sua Palavra e dirigiu-Se aos outros.
Golias caçoava de Davi, dizendo: “Sou eu algum cão, para vires a mim com paus?
E, pelos seus deuses, amaldiçoou o filisteu a Davi” (1Sm 17.43). Justamente esse
pedaço de pau (a vara da lançadeira) foi o meio usado por Davi para derrotar o
gigante.
Do mesmo modo a cruz (os paus que a formavam), sobre a qual os judeus e
romanos caçoavam demoniacamente, foi o meio usado para a vitória de Jesus sobre o
Diabo.
Um contra todos
A luta de Deus
“Saberá toda esta multidão que o SENHOR salva, não com espada, nem com lança;
porque do SENHOR é a guerra, e ele vos entregará nas nossas mãos” (1Sm 17.47).
Significa que o Senhor não necessita de armas para salvar o Seu povo.
A batalha de Deus contra o pecado, contra a perdição e contra o Diabo não foi
realizada com raios e trovões, nem com granizo ou bombas atômicas, mas de modo
totalmente não convencional, porém, com poder destruidor infinitamente maior:
através da morte de Jesus, na cruz do Gólgota e da Sua Ressurreição.
A APARENTE CONTRADIÇÃO
“Depois disto, o SENHOR, do meio de um redemoinho, respondeu a Jó: 2 Quem é este que escurece
os meus desígnios com palavras sem conhecimento?” (Jó 38.1-2).
Introdução
Os desígnios do Senhor são insondáveis e prosseguem de acordo com o Seu plano
de Salvação. A Bíblia revela isso. Isso engloba tudo: coisas, palavras, acontecimentos,
parábolas e histórias sendo que, quando a lemos superficialmente, quase não
observamos, não entendemos ou, ainda, ficamos com idéias contraditórias. Não foi
somente Davi que teve essa experiência, mas o mesmo aconteceu com Jó. Jó não tinha
conhecimento do que se havia passado no Céu, ou seja, da conversa entre Deus e o
Diabo e, assim, ele não conseguia compreender porque surgiram todas essas provações
e dificuldades em sua vida. Mais tarde, de maneira especial, ele pôde reconhecer que
tudo na vida tem sentido, objetivo e razão de ser e que serviu para o seu bem e para
honrar a Deus. – Também você, querido(a) leitor(a), nunca duvide que, em tudo o
que Deus permite acontecer em sua vida, Ele pretende levá-lo(a) à santificação e
corresponde ao Seu sábio desígnio.
Também os acontecimentos no decorrer da história da humanidade –
principalmente os relacionados com a história de Israel – têm por base os desígnios de
Deus e o Seu plano de Salvação. Infelizmente, em muitos casos, nossa incompreensão
(falta de discernimento e entendimento) nos impede de enxergar isso. Aquilo que, por
ser visto superficialmente às vezes desperta idéias contraditórias, quando observado
mais cuidadosamente pode nos revelar a Sabedoria de Deus, o Seu magnífico desígnio
e o Seu maravilhoso plano de Salvação. Assim, repentinamente, podem reluzir as
facetas de Sua glória que, antes, não eram notadas. Imaginem só o que Jó
compreendeu e interpretou erradamente ou não conseguiu entender durante o seu
sofrimento! No entanto, depois que ele adquiriu entendimento, ele reconheceu: “Eu
te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. 6 Por isso, me abomino e me
arrependo no pó e na cinza” (Jó 42.5-6).
Também com Davi podemos identificar uma contradição aparente, porém,
observando mais atentamente, descobrimos que foi traçado um rastro profético em
sua vida que aponta para o plano de Salvação divino com Jesus.
A aparente contradição
“Assim, fez passar Jessé os seus sete filhos diante de Samuel... 11 Perguntou Samuel
a Jessé: Acabaram-se os teus filhos? Ele respondeu: Ainda falta o mais moço, que está
apascentando as ovelhas” (1Sm 16.10-11). Vemos assim que Jessé tinha oito filhos, o
que fica provado no capítulo seguinte: “Davi era filho daquele efrateu de Belém de Judá
cujo nome era Jessé, que tinha oito filhos” (1Sm 17.12). Ao contrário disso, em 1
Crônicas 2.13-15, lemos: “Jessé gerou a Eliabe, seu primogênito, a Abinadabe, o
segundo, a Siméia, o terceiro, 14 a Natanael, o quarto, a Radai, o quinto, 15 a Ozém, o
sexto, e a Davi, o sétimo” (1Cr 2.13-15). Será que conseguimos uma explicação para
essa (aparente) contradição entre os relatos de 1 Samuel e de 1 Crônicas?
Duas possibilidades
Muitas pessoas se questionam: “Será que eu ainda tenho uma chance? É possível,
depois de tudo o que aconteceu em minha vida, que haja uma maneira de
recomeçar?” Sim, ela existe, mas somente com Jesus! Foi Ele, sozinho, que possibilitou
isso. Onde e como Ele o fez? – Na cruz do Gólgota, ao verter o Seu sangue. Por isso, o
Senhor diz: “...isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de
muitos, para remissão de pecados” (Mt 26.28). Jesus é capaz de transformar uma vida
arruinada e obstruída de tal maneira que se compara a um novo nascimento (Jo 3.1s.)
Também o salmista orou assim: “...renova dentro de mim um espírito inabalável” (Sl
51.10). Não podemos desfazer aquilo que já está feito, não podemos recuperar coisas
do passado para refazê-las de maneira diferente. Aquilo que fizemos ou dissemos está
feito tanto as palavras proferidas como os atos praticados. No entanto, Jesus concede
perdão e uma nova vida proveniente de Deus quando aceitamos pessoalmente a Sua
Salvação!
Talvez você esteja sofrendo devido a algum ou diversos pecados? Talvez se
encontre diante de um monte de fragmentos que restaram de uma vida destruída?
Jesus afirma: “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21.5). Talvez a sua vida cristã
tenha se tornado morna, que você tenha abandonado o primeiro amor e tenha caído
nos antigos pecados. Você não ora mais como fazia, não crê mais como antes, não se
empenha mais pela Causa do Senhor como fazia. Provavelmente você quase não tem
mais comunhão com outros cristãos. O mundo se apoderou novamente de você e, em
conseqüência, sua vida tornou-se cada vez mais escura. Sua vida cristã tornou-se um
deserto – infrutífera. Você é infeliz, não tem calma interior, não tem paz e se
pergunta, arrependido: “Será que eu ainda consigo voltar para Jesus?” O povo de
Israel também estava várias vezes diante dessa questão. O Senhor, no entanto,
mandou a mensagem através do profeta Isaías: “Eis que faço coisa nova, que está
saindo à luz; porventura, não o percebeis? Eis que porei um caminho no deserto e rios,
no ermo” (Is 43.19). Considere essa resposta de Deus pessoalmente para você! Porém,
uma coisa precisa ficar bem clara para você: Nada será possível sem Jesus! Ainda, você
precisa se dispor a abandonar o velho homem e se revestir no novo homem em Jesus.
É isso que o Novo Testamento nos diz: “Não mintais uns aos outros, uma vez que vos
despistes do velho homem com os seus feitos 10 e vos revestistes do novo homem que se
refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Cl 3.9-10).
2. Em Jesus há perfeição (7 = perfeição)
Através de Jesus você não só se torna novo como também se torna perfeito. Ele
não só nos concede o recomeço, o perdão dos pecados como também a perfeição. Isso
não é conseqüência de nosso esforço próprio, mas ocorre pela graça da vida perfeita de
Jesus. Ele prometeu ser o Autor e Consumador da nossa fé. Ele, que iniciou a obra em
nós, também a consumará. Ele proporciona ambos: o querer e o realizar. Sua
plenitude nos é atribuída: “porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da
Divindade. 10 Também, nele, estais aperfeiçoados. Ele é o cabeça de todo principado e
potestade” (Cl 2.9-10). Em última análise, cada pessoa deseja, ao final de sua vida,
olhar retrospectivamente não só para uma vida realizada, mas para uma vida plena.
Todavia, isso é possível somente através de Jesus, pois Ele é a vida. Quem tem Jesus e
O segue não estará arrependido na eternidade. Em seu livro “Spuren zum Kreuz”
(Pegadas no caminho para a Cruz, em tradução livre), o pastor Wilhelm Busch relata
sobre a morte do pastor De Vries:
...poucos minutos antes de sua partida ele reuniu todos que conseguiu ao redor de seu leito e, então, lhes falou: “Aquilo
que eu preguei na minha vida, desejo mais uma vez testemunhar e dizer em alta voz agora quando vou para meu lar: Na
vida e na morte há somente Um que pode ajudar, consolar e redimir. É Ele, Jesus, que morreu na cruz e deu o Seu
sangue por nós. Vivi para Ele, confiei nEle. Agora desejo também morrer nEle!”
Tudo deve contribuir para o bem daqueles que amam a Deus (Rm 8.28)! Mesmo
que a situação pareça contraditória, na verdade, não é. Deus deseja tornar realidade
em sua e em minha vida o Seu desígnio de Salvação. Às vezes, com o intuito de
realizar Seus desígnios, Ele também nos leva por caminhos que consideramos
incompreensíveis, que parecem contrariar toda e qualquer lógica. Nesse sentido,
lembro-me do pastor do Reavivamento – Luwig Hofacker (1798-1828). Através de
suas mensagens houve um grande avivamento no sul da Alemanha. Milhares de
pessoas abraçaram a fé. O Espírito de Deus agiu muito além do que se poderia
imaginar e, mesmo assim, Hofacker faleceu aos 30 anos de idade. Por quê? Por que
esse homem, que foi usado tão maravilhosamente por Deus, precisou morrer tão
jovem? Somente na Eternidade teremos a resposta para isso (Jo 16.23). É nossa falta
de entendimento que oculta o Plano de Salvação de Deus enquanto vivemos na terra,
pois está escrito: “...os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos
caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR , 9 porque, assim como os céus são mais altos
do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os
meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos” (Is 55.8-9). E qual é o
alvo de Deus? O profeta fala sobre isso logo em seguida: serve para cumprir o Plano
de Salvação de Deus – também para você: “Porque, assim como descem a chuva e a
neve dos céus e para lá não tornam, sem que primeiro reguem a terra, e a fecundem, e a
façam brotar, para dar semente ao semeador e pão ao que come, 11 assim será a palavra
que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e
prosperará naquilo para que a designei. 12 Saireis com alegria e em paz sereis guiados; os
montes e os outeiros romperão em cânticos diante de vós, e todas as árvores do campo
baterão palmas” (Is 55.10-12). Você gravou bem essas palavras? A sua vida deve (e
pode) tornar-se frutífera novamente e você será conduzido em paz!
Talvez, mesmo assim, você se preocupe com a questão: “Como Deus permite que
tal coisa aconteça em minha vida?” Veja, então, o que Ele diz em Sua Palavra: “O que
eu faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás depois” (Jo 13.7). Ao final não haverá
lágrimas nem perguntas. Ficaremos somente adorando ao Senhor, agradecidos!
-5-
O S IRMÃOS
Introdução
Há um Senhor amoroso, planejador e ativo por trás da história do povo de Israel.
Nada é obra do acaso. Toda a história de Israel está determinada profeticamente e
com freqüência podemos identificar marcos que nos mostram que existe um Deus
vivo administrando a história do Seu povo. Parece que o nome de Jessé também seja
um desses marcos, assim como o nome dos seus filhos, pois, em Israel os nomes
sempre tinham um significado. É como Abraham Meister explica em seu “Dicionário
de Nomes Bíblicos”: “Com freqüência, os nomes bíblicos constituem fragmentos da
antiga História, revelações do propósito de Deus, palavras de esperança e previsões
sobre o futuro”. Por isso, não é por acaso que, além de Jessé, são mencionados os
nomes de todos os filhos: 1. Eliabe; 2. Abinadabe; 3. Siméia; 4. Natanael; 5. Radai; 6.
Ozém e 7. Davi. Poderia ser que, através de Jessé e seus filhos, Deus desejasse nos
mostrar, numa antevisão, o desdobramento da história da salvação de Israel até
chegar ao Grande Davi, o Messias? Parece haver muitos indícios nesse sentido. Vamos
seguir a partir dessa possibilidade.
Os sete irmãos
Eliabe (“Meu Deus é Pai”)
Esse irmão mais velho de Davi nos lembra do nascimento de Israel, da origem da
história de Israel que remonta à eleição de Abraão. Ali Deus se tornou o Pai (Criador)
de Israel. Por isso Ele é muitas vezes mencionado como “o Deus de vossos pais” ou “o
Deus de seus pais”. Isso nos lembra da oração de Jesus: “Pai nosso...”. Quando Deus
chamou Abraão e lhe ordenou: “Sai... da casa de teu pai e vai para a terra que te
mostrarei” (Gn 12.1), Ele assumiu a posição de Pai (Deus) sobre Israel, dando início à
história desse povo.
O chamado de Abraão desemboca na vinda de Jesus, quando ele afirmou:
“...antes que Abraão existisse, EU SOU”. Jesus ressaltou que Abraão havia visto o Seu
dia e se alegrou (Jo 8.56-58). No entanto, quem é Jesus? Ele é o Pai de Israel! Desde o
princípio Ele é a chave da história judaica. “Porque um menino nos nasceu, um filho se
nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso
Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9.6). Que tremendo
milagre: nasceu como um bebê, mas é o Pai da Eternidade!
Abinadabe (“Meu pai é um nobre” ou
“nascido livre”)
Esse nome nos lembra da segunda etapa da história de Israel. “Meu pai nasceu
livre” indica a eleição de Israel dentre todas as nações e sua libertação da escravidão
do Egito. Israel não pode ser comparado às demais nações! Ele é o povo de
propriedade exclusiva de Deus. Os egípcios, que aprisionaram os pais de Israel,
precisaram experimentar isso: “Porque tu és povo santo ao SENHOR , teu Deus; o SENHOR ,
teu Deus, te escolheu, para que lhe fosses o seu povo próprio, de todos os povos que há
sobre a terra. 7 Não vos teve o SENHOR afeição, nem vos escolheu porque fôsseis mais
numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor de todos os povos, 8 mas porque o
SENHOR vos amava e, para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o SENHOR vos
tirou com mão poderosa e vos resgatou da casa da servidão, do poder de Faraó, rei do
Egito” (Dt 7.6-8). Deus mandou a mensagem para o Faraó: “...Israel é meu filho, meu
primogênito. 23 Digo-te, pois: deixa ir meu filho, para que me sirva” (Êx 4.22-23). Os
pais de Israel foram libertos do Egito porque Israel era o eleito e chamado à liberdade,
pois, posteriormente, desse povo viria o Filho maior como o grande Libertador de
todos os povos. Jesus, o maior de todos os libertadores, também veio do Egito: “...Do
Egito chamei o meu Filho” (Mt 2.15b).
Siméia (“Deus atende”)
Enquanto Siméia nos mostra a jornada pelo deserto, o nome Natanael (“Presente
de Deus”) refere à entrada na Terra Prometida. Deus conduziu os israelitas para a
terra que mana leite e mel e expulsou diante deles as nações inimigas de Deus. Deus
colocou toda a terra à sua disposição. Em seu discurso de despedida perante o povo,
Josué pôde dizer: “Eis que, já hoje, sigo pelo caminho de todos os da terra; e vós bem
sabeis de todo o vosso coração e de toda a vossa alma que nem uma só promessa caiu
de todas as boas palavras que falou de vós o SENHOR , vosso Deus; todas vos sobrevieram,
nem uma delas falhou” (Js 23.14). “Presente de Deus”.
Radai (“Subjugado por Yahweh” ou “pisoteado”)
Depois que Abraão foi eleito e Deus se revelou como o Pai (Eliabe), depois que
Israel foi liberto do Egito (Abinadabe) e foi conduzido através do deserto (Siméia) à
Terra Prometida (Natanael), finalmente a terra e o povo estavam unidos. Assim,
estava preparado o caminho para que pudesse vir Aquele que traria a salvação para
Israel e para os povos e com poder para subjugar o poder do pecado. Jesus pisou a
cabeça da serpente. Dessa maneira, Radai (“Subjugado por Yahweh”) aponta
simbolicamente para a primeira vinda de Jesus. Deus chamou para Si a causa da
derrota do pecado e venceu a morte. Na cruz, Jesus pisou a cabeça da serpente (Gn
3.15). Não existe nenhum pecado, nenhum medo e nenhum poder das trevas que não
tivesse sido derrotado por Jesus . Ele desarmou totalmente as forças e poderes e os
colocou publicamente ao opróbrio. Deus obteve o triunfo sobre todos eles em Jesus
(Cl 2.15).
Ozém (“Ira” ou “irado”)
Este nome aponta para aquilo que ocorreu após a primeira vinda de Jesus: Israel
foi disperso por todo o mundo porque desobedeceu e foi infiel a Deus. Pela mesma
razão, Israel será conduzido à Grande Tribulação e sofrerá a ira de Deus. O
Apocalipse demonstra claramente que a Grande Tribulação não é nada além da ira de
Deus sobre Israel.
Não é interessante observar que justamente o nome do 6º filho signifique “ira”
ou “irado”? O número 6 é conhecido como o número do Anticristo da Grande
Tribulação e indica o número do homem sem Deus. Este será o período em que a ira
de Deus também será derramada sobre todos os povos do mundo. Em Apocalipse
6.16, lemos: “...escondei-nos ...da ira do Cordeiro” (ver Is 13.9,11,22; Ap 1.3). No
Salmo 2, onde se fala sobre os povos, consta a resposta de Deus: “Em sua ira os
repreende e em seu furor os aterroriza...” (Sl 2.5 – NVI). Adiante, no versículo 12,
lemos: “Beijai o Filho para que se não irrite, e não pereçais no caminho; porque dentro
em pouco se lhe inflamará a ira. Bem-aventurados todos os que nele se refugiam” (Sl
2.12). Será que estamos próximos da época do reino do Anticristo e da ira de Deus
que será derramada sobre todos os povos? Mesmo o Diabo, quando se materializar no
Anticristo, estará muito irado, pois sabe que terá pouco tempo (Ap.12.12).
Davi (“O amado”)
Através do profeta Jeremias, Deus descreve o quanto o Seu amor por Israel foi e
é imenso: “Não é Efraim meu precioso filho, filho das minhas delícias? Pois tantas vezes
quantas falo contra ele, tantas vezes ternamente me lembro dele; comove-se por ele o
meu coração, deveras me compadecerei dele, diz o SENHOR ” (Jr 31.20). Também através
de Oséias Deus sublinha isso: “Como te deixaria, ó Efraim? Como te entregaria, ó
Israel? Como te faria como a Admá? Como fazer-te um Zeboim? Meu coração está
comovido dentro de mim, as minhas compaixões, à uma, se acendem” (Os 11.8).
Davi, o sétimo filho de Jessé aponta para o cumprimento do Plano de Salvação de
Deus para com o Seu povo e com este mundo. Ele aponta para o maior Filho de Davi:
o Messias e a Sua Volta. “Suscitarei para elas um só pastor, e ele as apascentará; o meu
servo Davi é que as apascentará; ele lhes servirá de pastor” (Ez 34.23). Em Ezequiel 37,
o Senhor diz: “O meu servo Davi reinará sobre eles; todos eles terão um só pastor,
andarão nos meus juízos, guardarão os meus estatutos e os observarão. 25 Habitarão na
terra que dei a meu servo Jacó, na qual vossos pais habitaram; habitarão nela, eles e
seus filhos e os filhos de seus filhos, para sempre; e Davi, meu servo, será seu príncipe
eternamente... 28 As nações saberão que eu sou o SENHOR que santifico a Israel, quando
o meu santuário estiver para sempre no meio deles” (Ez 37.24-25,28). Jesus é o Filho
amado do Pai, pois o Pai apontou para Ele, dizendo: “Este é o meu Filho amado, em
quem me comprazo” (Mt 3.17). Ele é o Herdeiro de todas as coisas e toda a terra, com
Seus inimigos, será colocada como estrado aos Seus pés. Já em Daniel 7.13-14 isso está
bem descrito: “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as
nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram
chegar até ele. 14 Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e
homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não
passará, e o seu reino jamais será destruído” (Dn 7.13-14). Depois que Israel percorreu
a sua história – iniciando com a eleição de Abraão (Eliabe), a libertação do Egito
(Abinadabe) e foi conduzido através do deserto (Siméia) à Terra Prometida
(Natanael), chegando à primeira vinda de Jesus (Radai) e à Grande Tribulação
(Ozém) – o Senhor, o Grande Filho de Davi voltará para estabelecer o Seu Reino.
Louvado seja o Seu Nome, Sua sabedoria e Seus pensamentos! Seus desígnios são
perfeitos e Ele dirige tudo maravilhosamente!
-6-
O SEGREDO DO ÊXITO
“Davi lograva bom êxito em todos os seus empreendimentos, pois o SENHOR era com ele. 15 Então,
vendo Saul que Davi lograva bom êxito, tinha medo dele. 16 Porém todo o Israel e Judá
amavam Davi, porquanto fazia saídas e entradas militares diante deles. ... 30 Cada vez que os
príncipes dos filisteus saíam à batalha, Davi lograva mais êxito do que todos os servos de Saul;
portanto, o seu nome se tornou muito estimado” (1Sm 18.14-16,30).
Introdução
O que “êxito” não significa
Visto da perspectiva espiritual, “êxito” não significa estar sempre nas alturas, que
tudo dará certo, que nunca se terá o emprego abalado, que sempre haverá dinheiro
suficiente, etc., etc. Os exemplos que seguem mostram que o êxito da Bíblia se
encontra numa esfera bem diferente.
• Davi tinha êxito, mas teve que enfrentar guerras cruéis;
• Jó teve êxito, mas passou por um abismo terrível;
• Daniel teve êxito, mas precisou entrar na cova dos leões;
• José teve êxito, mas foi aprisionado;
• Paulo teve êxito, mas sofreu grande tribulação e perseguição horrível.
O que significa o verdadeiro êxito
Ter êxito significa andar nos caminhos que o Senhor preparou anteriormente:
“Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de
antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10). Não existe maior êxito –
quer seja nos altos ou nos baixos da nossa vida – do que viver no centro da vontade de
Deus. Desse modo, um cristão pode ter êxito até no martírio. Justamente nisso estava
o êxito dos heróis da fé em Hebreus 11 e nisso também estava o êxito de nosso Senhor
Jesus Cristo!
Onde encontramos a razão do êxito de Davi?
A paixão de Davi: o Senhor
Davi obteve vitórias militares como nenhum outro: “As mulheres se alegravam e,
cantando alternadamente, diziam: Saul feriu os seus milhares, porém Davi, os seus dez
milhares” (1Sm 18.7). Davi saía e entrava à frente do povo de Israel, de vitória em
vitória. Assim, ele deixou marcas que o tornaram famoso perante todo o mundo: “Os
comandantes dos filisteus continuaram saindo para a batalha, e, todas as vezes que o
faziam, Davi tinha mais habilidade do que os outros oficiais de Saul, e assim tornou-se
ainda mais famoso” (1Sm 18.30 – NVI). Esse êxito não se baseava em sua força, mas
em sua paixão pelo Senhor, na sua confiança inabalável em Deus, na sua entrega total
e na sua íntima comunhão com o Senhor. Davi nunca considerava as vitórias
conquistadas como sendo suas, porém, sempre estava consciente que o Senhor, o
Forte Lutador, estava sempre ao seu lado.
Davi revelava a verdade das suas profundas experiências. Não eram sonhos, não
eram teorias nem fantasias, porém, correspondia ao seu próprio ser. Ao lermos o que
ele testemunhou, estando no deserto de Judá, deveríamos nos questionar se uma
paixão dessas é encontrada também em nossa vida: “Ó Deus, tu és o meu Deus forte;
eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como
terra árida, exausta, sem água. 2 Assim, eu te contemplo no santuário, para ver a tua
força e a tua glória. 3 Porque a tua graça é melhor do que a vida; os meus lábios te
louvam. 4 Assim, cumpre-me bendizer-te enquanto eu viver; em teu nome, levanto as
mãos. 5 Como de banha e de gordura farta-se a minha alma; e, com júbilo nos lábios, a
minha boca te louva, 6 no meu leito, quando de ti me recordo e em ti medito, durante a
vigília da noite. 7 Porque tu me tens sido auxílio; à sombra das tuas asas, eu canto
jubiloso. 8 A minha alma apega-se a ti; a tua destra me ampara” (Sl 63.1-8). Quão
intenso era o amor de Davi por seu Senhor! Essa paixão deixou uma marca
inextingüível em sua vida e foi parte do segredo do seu êxito. Na verdade, no Antigo
Testamento lemos várias vezes a promessa do Senhor: “Se me seguirem de todo o
coração, Eu estarei com vocês” (ver 1Sm 12.14; 2 Cr 15.2; Jr 29.13-14, etc.).
Também no Novo Testamento temos a promessa que, aquele que amar a Jesus
de todo o coração e com todas as suas forças e com todo o seu entendimento e que,
antes de tudo, buscar o Seu Reino e a Sua justiça, receberá todas as demais coisas (Mt
6.33).
Será que, sob esse enfoque, nossa vida não se tornou morna e monótona, sim,
enfadonha? Quando nos falta o óleo da paixão, se apaga o fogo que poderia
proporcionar luz e calor para os outros. A paixão espiritual por Jesus é igual ao óleo na
hidráulica: é preciso que sempre haja uma quantidade suficiente para produzir a força
necessária para movimentar as pesadas cargas.
Já alguns anos após sua conversão e abençoado ministério, Oswald Chambers
conheceu aquela que então se tornaria a sua esposa. Um pouco antes de se casarem,
em 1910, ele lhe escreveu: “Eu amo o Senhor, mais e mais. Esse serviço para Ele está
se tornando uma paixão cada vez mais desgastante. Gostaria que você estivesse comigo
nesse caminho, mas, em breve isso acontecerá. Louvado seja o Seu Nome!” Oswald
Chambers morreu aos 43 anos de idade, vítima de embolia pulmonar. Sua vida foi
infrutífera? Não! As marcas de bênção de sua breve vida e ministério se estendem até
os nossos dias: sua esposa publicou o livro de meditações “Mein Äusserstes für sein
Höchstes” (O Meu Melhor Para o Seu Máximo, em tradução livre).
A paixão de Davi pelo Deus vivo de Israel foi um dos motivos de seu êxito. Em
seus inúmeros Salmos ele demonstra várias vezes o quanto ele estava intimamente
ligado ao seu Senhor e vivia com Ele. Em seu livro “Jerusalém, um Cálice de Tontear”,
Dave Hunt observou o seguinte:
Ninguém enfrentou maiores dificuldades, venceu mais desvantagens intransponíveis ou se elevou de uma posição mais
baixa para subir a um trono tão glorioso do que Davi. E nenhum outro rei de Israel, antes ou depois dele, obteve maiores
vitórias militares e políticas. Entretanto, Davi não busca crédito por nada disso, mas dá toda a glória a Deus. Os salmos
de Davi transbordam de louvor e gratidão Àquele que guiou os seus passos, o protegeu no perigo, o salvou de seus
inimigos e fez dele o maior guerreiro e líder na história de Israel e, talvez, de qualquer nação.[4]
Davi reconheceu que o pecado conduz ao fracasso espiritual. Ele observou isso
em Saul, o qual, em conseqüência do pecado, recebeu o silêncio de Deus como uma
amarga experiência: “Consultou Saul ao SENHOR , porém o SENHOR não lhe respondeu,
nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas” (1Sm 28.6). Posteriormente,
também Davi teve que experimentar, em sua própria vida, a sensação de ver Deus se
afastando dele. Após o pecado com Bate-Seba e o assassinato de Urias, nada mais
dava certo até que ele mostrou arrependimento. Deus havia dito para ele: “Porque tu
o fizeste em oculto, mas eu farei isto perante todo o Israel e perante o sol” (2 Sm 12.12).
Quando o Senhor se opôs a Davi, este praticamente perdeu toda a sua família quando
seu próprio filho se rebelou contra ele, o perseguiu e o ameaçou de morte. Davi, que
antes conquistou grandes vitórias contra seus inimigos, agora teve que empreender a
fuga diante do seu filho!
No entanto, Davi fez a única coisa certa que poderia fazer ao confessar a causa de
seu fracasso: “...debilita-se a minha força, por causa da minha iniqüidade, e os meus
ossos se consomem” (Sl 31.10). Ele retornou para o Senhor através de arrependimento
sincero, recebeu o perdão divino e foi novamente investido na condição de rei e de
“homem segundo o coração de Deus”.
É importante que nós, os filhos de Deus, tratemos o pecado como pecado, o
condenemos e o abandonemos. Hoje vemos uma tendência geral de cada vez mais
baratear e tolerar o pecado. Não se usa mais referir ao pecado pelo nome, muito
menos revelar algum. Em conseqüência, fala-se muito no “Deus de amor”, mas quase
não se lembra que a Bíblia também O revela como o “Deus Santo”. Assim, Jesus
muitas vezes é considerado apenas o Salvador, o Amigo e Ajudador, mas não como o
Filho de Deus, o Juiz do mundo. Do mesmo modo como o Céu é uma realidade,
também o inferno é real. Isso, porém, muitas vezes é omitido. No entanto, da mesma
maneira como o pecador arrependido tem a promessa da redenção eterna em Jesus
Cristo, para o homem sem Jesus resta a perdição eterna. Quando não se fala nessa
realidade, a mensagem do Evangelho é diluída. Temos, assim, a causa pela qual em
muitas igrejas e na vida de muitos crentes há sempre menos progresso espiritual.
A Bíblia explica claramente: “O que encobre as suas transgressões jamais
prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv 28.13). Quando
foi tentado pela mulher de Potifar, no Egito, José considerou o pecado como pecado e
reconheceu que o pecado primeiramente significa uma afronta contra Deus. “...como,
pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?” (Gn 39.9). Do ponto de
vista humano, se José tivesse passado dos limites com a mulher, isso seria considerado
um pecado contra o seu marido Potifar, mas José reconheceu que seria algo contra o
mandamento de Deus e, por isso, seria um pecado contra o Senhor.
Foi isso que também Davi reconheceu quando confessou diante do Senhor o seu
pecado com Bate-Seba e Urias: “Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal
perante os teus olhos...” (Sl 51.4).
José considerou o pecado, na figura da esposa de Potifar, tão repulsivo que agiu
de acordo, desvencilhando-se dela e fugindo: “Falando ela a José todos os dias, e não
lhe dando ele ouvidos, para se deitar com ela e estar com ela... 12 Então, ela o pegou
pelas vestes e lhe disse: Deita-te comigo; ele, porém, deixando as vestes nas mãos dela,
saiu, fugindo para fora” (Gn 39.10,12). Uma pergunta bem concreta para nós: ainda
consideramos, por exemplo, um relacionamento sexual pré-matrimonial como pecado
e prostituição e, ainda, um pecado sexual fora do casamento como adultério, da
maneira como o Senhor Jesus os vê?
O resultado da atitude do coração de José diante do Senhor e que determinava o
seu modo de agir foi o seu êxito:
- “O SENHOR era com José, que veio a ser homem próspero” (Gn 39.2).
- “E, desde que [Potifar] o [José] fizera mordomo de sua casa e sobre tudo o que
tinha, o SENHOR abençoou a casa do egípcio por amor de José; a bênção do SENHOR
estava sobre tudo o que tinha, tanto em casa como no campo” (Gn 39.5).
Aos olhos dos homens isso não foi legal, pois José acabou na prisão e foi
renegado. O êxito, porém, estava na bênção concedida por Deus e esta bênção o
acompanhou na prisão, de modo que teve êxito também ali:
- “O SENHOR , porém, era com José, e lhe foi benigno, e lhe deu mercê perante o
carcereiro” (Gn 39.21).
- “E nenhum cuidado tinha o carcereiro de todas as coisas que estavam nas mãos
de José, porquanto o SENHOR era com ele, e tudo o que ele fazia o SENHOR prosperava”
(Gn 39.23).
Talvez você tenha dificuldades em sua vida, estando bloqueado espiritualmente e
sem êxito por causa de um pecado que mantém escondido, isto é, convive
ocultamente com ele ao invés de realmente confessá-lo? A Bíblia diz: “O que encobre
as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará
misericórdia” (Pv 28.13). Se o seu pecado ainda não foi trazido à luz, então faça-o
agora! Dirija-se a Jesus, confesse-Lhe o seu pecado para livrar-se dele definitivamente.
O Senhor lhe concederá Sua misericórdia e o Seu perdão: “...o sangue de Jesus, seu
Filho, nos purifica de todo pecado” (1 Jo 1.7). Dessa maneira, o Espírito Santo pode
novamente ocupar espaço em sua vida, Jesus se tornará a sua paixão e você
novamente trará frutos espirituais permanentes!
-7-
NA CAVERNA DE ADULÃO
“Davi retirou-se dali e se refugiou na caverna de Adulão; quando ouviram isso seus irmãos e
toda a casa de seu pai, desceram ali para ter com ele. 2 Ajuntaram-se a ele todos os homens que
se achavam em aperto, e todo homem endividado, e todos os amargurados de espírito, e ele se
fez chefe deles; e eram com ele uns quatrocentos homens. 3 Dali passou Davi a Mispa de Moabe
e disse ao seu rei: Deixa estar meu pai e minha mãe convosco, até que eu saiba o que Deus há de
fazer de mim. 4 Trouxe-os perante o rei de Moabe, e com este moraram por todo o tempo que
Davi esteve neste lugar seguro. 5 Porém o profeta Gade disse a Davi: Não fiques neste lugar
seguro; vai e entra na terra de Judá. Então, Davi saiu e foi para o bosque de Herete” (1Sm 22.1-
5).
Introdução
O Antigo Testamento serve de livro de prefiguração para o Novo Testamento,
pois, nele encontramos um rastro profético: o rastro da cruz. Reiteradas vezes ele
chama à atenção para o maior acontecimento da história e da eternidade para a
salvação dos homens: A morte de Jesus na cruz do Gólgota. Por exemplo:
• A promessa do Descendente para ferir a cabeça da serpente (Gn 3.15);
• Jesus venceu o poder das trevas sobre a cruz (Cl 2.15);
• As vestimentas de peles (Gn 3.21);
• Jesus nos reveste com a justiça que vale diante de Deus (Rm 3.21s.);
• A arca de Noé (Gn 6 e 7);
• Jesus é a porta de entrada para a vida eterna (Jo 10.9);
• O sacrifício de um cordeiro em lugar de Isaque (Gn 22);
• Jesus, o Filho e Cordeiro de Deus, morreu em nosso lugar (Mt 3.17, Jo 1.29);
• O sangue de um cordeiro nas ombreiras e na verga das portas dos israelitas, que
os guardou do juízo de Deus sobre o Egito (Êx 12);
• Jesus derramou o Seu sangue para nos livrar da ira de Deus (Jo 3.36);
• A serpente de bronze no deserto (Nm 21.9). Quem fosse picado por uma
serpente e, então, olhasse com fé para a serpente de bronze, sobreviveria;
• Jesus foi pendurado na cruz. Quem olha para Ele, com fé, será salvo (Jo 3.14-15);
• Os sacerdotes e os sacrifícios;
• Jesus é, ao mesmo tempo, o Cordeiro do sacrifício e o Sacerdote (Hb 9.11s.);
• O cordão de fio escarlata de Raabe (Js 2.18-19) com o qual ela foi guardada e
salva;
• Jesus verteu o Seu sangue para a salvação dos pecadores (1Tm 1.15; Ef 1.7).
Também em vários outros acontecimentos do Antigo Testamento e no livro de
Salmos (p.ex.: Salmo 22, etc.) encontramos inúmeros rastros da cruz, isto é, da obra
redentora de Jesus Cristo. O próprio rei Davi apontava para Jesus. Da mesma
maneira, a caverna de Adulão serve de pré-figura para aquilo que o Davi Celestial
consumou na cruz. Essa pré-figura contém 7 facetas:
Adulão, lugar de justiça
“...quando ouviram isso seus irmãos e toda a casa de seu pai, desceram ali para ter
com ele” (1Sm 22.1). Davi, o que antes mal havia recebido a atenção dos de sua
própria casa, sim, havia sido menosprezado (rejeitado), agora foi procurado pelos seus.
Eles encontraram refúgio junto dele.
Isso também aconteceu à época de Jesus: primeiramente seus irmãos não creram
nEle (Jo 7.5). Mais tarde, porém, também eles creram em Jesus (At 1.14), como, por
exemplo, Tiago, o autor da carta de Tiago. Ao mesmo tempo, no entanto, isso tem
significado profético: os irmãos de Jesus – os israelitas – são o Seu povo. A maioria
deles ainda não crê nEle, mas chegará o dia em que todo o remanescente de Israel
buscará socorro e encontrará refúgio em Jesus.
Em Miquéias 1.15, no contexto da palavra profética, Adulão é mencionado como
sinal para a futura salvação de Israel: “...A glória de Israel irá a Adulão”. Significa, em
outras palavras, que o remanescente de Israel em algum dia encontrará refúgio na
caverna de Adulão (Gólgota), isto é, se abrigará nAquele que consumou a salvação na
cruz, já há 2.000 anos (ver Zc 14.4-5, 8-11).
Adulão, lugar de profundidade insondável
Quem poderia imaginar que o homem, que haveria de reinar sobre Israel,
estivesse naquela caverna? Ainda, quem poderia ter a idéia que, através dele, Deus
quisesse dar a salvação para Israel de modo que as pessoas pudessem achar refúgio
junto a ele? Davi era o rei de Israel, mesmo que estivesse vivendo numa situação tão
humilhante na caverna! No entanto, esse era o caminho determinado por Deus para
ele. Nessa ocasião, Davi já era o rei, já havia sido ungido, mesmo que não pudesse ser
reconhecido como tal nessa situação. Que figura para representar a Jesus!
Observem como Jesus foi desprezado, cuspido, torturado e escarnecido enquanto
estava pendurado na cruz! No entanto, Ele é o Homem da Salvação, o verdadeiro Rei
e o único lugar de refúgio para a humanidade perdida. Pedro testemunhou de Jesus
para os maiorais, escribas, sacerdotes e a todos da linhagem sacerdotal: “E não há
salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado
entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4.12). Jesus é o verdadeiro
Filho de Davi. Apesar de não ter sido reconhecido como tal na cruz, mesmo assim Ele
é o verdadeiro Senhor desse mundo e Rei sobre todos os reis!
Adulão, lugar de refúgio
“...desceram ali para ter com ele. 2 Ajuntaram-se a ele todos os homens que se
achavam em aperto, e todo homem endividado, e todos os amargurados de espírito, e ele
se fez chefe deles; e eram com ele uns quatrocentos homens” (1Sm 22.1-2).
Eles desceram. Quem pretende chegar diante de Jesus precisa descer, precisa se
pôr de joelhos. É por essa experiência que Israel (os irmãos de Jesus, do Seu lar
paterno terrenal) precisará passar e é o que precisa experimentar todo aquele que
procura a salvação no Gólgota. Quem quiser se aproximar de Jesus precisará ir até
onde Ele esteve: no fundo, humilhado. O rei Herodes, só para citar um exemplo, não
foi ao Gólgota, ele preferiu permanecer “montado em seu cavalo”.
Eles se submeteram a Davi. No momento em que os homens se refugiaram na
caverna de Adulão, Davi se tornou seu chefe. Eles trocaram de comandante.
Eles trocaram de reino. Se alguém perguntasse a esses homens de onde eles
tinham vindo, eles responderiam: “Viemos do reino de Saul”. Aqui, Saul representa a
figura do príncipe desse mundo. Há alguns anos, Saul havia sido elevado, por Deus, à
condição de rei. Todavia, ele se afastou de Deus com sua desobediência e, por isso, foi
rejeitado por Ele. A partir desse momento, Saul reinava somente contra Deus em seu
mandato.
Com Lúcifer aconteceu algo à semelhança de Saul. Essa é a tragédia: a maioria
das pessoas se encontra no reino de Lúcifer e são poucas as que fogem de lá para se
refugiarem junto ao Davi Celestial.
Com os homens que procuraram refúgio junto a Davi, o caso foi diferente: eles
queriam sair do reino de Saul e estavam dispostos a se submeter ao comando de Davi,
rompendo com sua vida antiga.
Saul era o rei segundo o coração dos homens e também serve de pré-figura para a
carne. Davi, por outro lado, o homem segundo o coração de Deus, serve de pré-figura
para o espírito. Quem quer seguir a Jesus precisa romper com a vida antiga (carne) e
colocar Jesus no posto mais alto de sua vida.
Como está a questão da troca de comando hoje em dia? Afinal, isso ainda é
necessário? Sim! Aqueles homens tomaram decisões conscientes para ir até onde
estava Davi. Eles foram até à caverna (túmulo). À luz do Novo Testamento, isso
significa: ir para a morte com Jesus (Rm 6.3s.)! Eles estavam conscientes de sua culpa e
das suas imensas dificuldades, estavam aflitos. Cada um deles, certamente, pensava:
“Se há alguém que pode me ajudar, esse é Davi”. Assim, se dispuseram e desceram até
onde estava Davi, na caverna. Lá, junto a ele, encontraram paz e, a partir de então,
passaram a pertencer ao seu reino.
Quem ainda não desceu para a “caverna”, para se encontrar com Jesus Cristo, o
Davi Celestial e ainda não mudou de comandante, deveria dar esse passo decisivo
imediatamente!
-8-
A LAMENTAÇÃO DE DAVI
“17 Pranteou Davi a Saul e a Jônatas, seu filho, com esta lamentação, 18 determinando que
fosse ensinado aos filhos de Judá o Hino ao Arco, o qual está escrito no Livro dos Justos. 19 A
tua glória, ó Israel, foi morta sobre os teus altos! Como caíram os valentes! 20 Não o noticieis em
Gate, nem o publiqueis nas ruas de Asquelom, para que não se alegrem as filhas dos filisteus,
nem saltem de contentamento as filhas dos incircuncisos. 21 Montes de Gilboa, não caia sobre
vós nem orvalho, nem chuva, nem haja aí campos que produzam ofertas, pois neles foi
profanado o escudo dos valentes, o escudo de Saul, que jamais será ungido com óleo. 22 Sem
sangue dos feridos, sem gordura dos valentes, nunca se recolheu o arco de Jônatas, nem voltou
vazia a espada de Saul. 23 Saul e Jônatas, queridos e amáveis, tanto na vida como na morte não
se separaram! Eram mais ligeiros do que as águias, mais fortes do que os leões. 24 Vós, filhas de
Israel, chorai por Saul, que vos vestia de rica escarlata, que vos punha sobre os vestidos adornos
de ouro. 25 Como caíram os valentes no meio da peleja! Jônatas sobre os montes foi morto! 26
Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; tu eras amabilíssimo para comigo! Excepcional era
o teu amor, ultrapassando o amor de mulheres. 27 Como caíram os valentes, e pereceram as
armas de guerra!” (2Sm 1.17-27).
Introdução
Numa batalha contra os filisteus, no Monte Gilboa, Saul e três dos seus filhos
foram mortos (1Sm 31). Quando Davi recebeu essa notícia, ele compôs esse cântico de
lamentação. Ele mesmo deu-lhe o título de “O Hino do Arco” (2Sm 1.18). Que outro
título poderia ser dado ao hino? Na minha opinião, o melhor seria: “Uma Canção de
Amor Para um Inimigo Mortal”. Conhecemos muitas canções de amor, feitas para
pessoas que se ama, mas creio que não há nenhuma canção de amor para um inimigo.
Por isso, creio que esse hino nos revela um pouco do coração de Deus e, assim, um
pouco dos Seus pensamentos. Ninguém tem mais compaixão do que o Senhor.
O amor é mais forte do que o ódio
“As muitas águas não poderiam apagar o amor, nem os rios, afogá-lo; ainda que
alguém desse todos os bens da sua casa pelo amor, seria de todo desprezado” (Ct 8.7).
- Davi foi terrivelmente perseguido por Saul, mas, mesmo assim, não estava
amargurado;
- Davi sofreu a pior perseguição e dor, porém, teve compaixão para com o seu
perseguidor;
- Davi foi desprezado ao extremo por Saul, no entanto, manteve o respeito pelo
rei.
Davi não se alegrou com a morte de Saul, apesar de Saul lhe ter causado muito
sofrimento.
Imagine-se na seguinte situação: você tem um inimigo mortal, capaz de fazer de
tudo para ver você longe. Movido pela inveja, seu ódio o leva a atitudes imprevisíveis
e sem limites contra você. Ele ocupa um cargo na organização que, na verdade,
deveria ser desempenhado por você, mas, mesmo assim, em seu ciúme e orgulho, ele
o persegue implacavelmente por estar firmemente decidido a tirar você do caminho,
custe o que custar.
Agora, de repente, esse inimigo vem a falecer. Você poderia respirar aliviado, se
alegrar e pensar: “Esse tipo não merecia outra coisa, finalmente estou livre desse tirano
e agora possp ocupar a vaga dele, sem problemas”. Ao invés disso, porém, ficaria de
coração sinceramente contristado e lamentaria, você sentiria muito pela morte dele e
ainda se lembraria das boas qualidades dessa pessoa. – Você seria capaz disso? Pois
essa foi a atitude de Davi! Não é de admirar que ele era o homem segundo o coração
de Deus e um rei digno no trono de Israel, sendo assim, de algum modo, o
representante de Deus na terra.
Agora poderíamos argumentar que Davi apenas fingiu com essa lamentação, mas
que havia outro sentimento em seu coração, já que é comum ver pessoas se
hostilizando em vida, porém, à beira da sepultura cantam um hino de louvor ao
falecido. O caso de Davi não foi assim. Temos pelo menos cinco fatos para comprovar
que ele não fingiu:
1. A idéia de Davi sobre Saul era a mesma, tanto durante a vida como após a
morte deste. Apesar de ser perseguido por Saul, lhe poupou a vida em duas ocasiões.
Davi ordenou várias vezes a seus subordinados a não atentar contra a vida do “ungido
do Senhor”. Além disso, mostrou sempre ser um servo fiel a Saul devotando-lhe
respeito e consideração (1Sm 24 e 26).
2. Davi era inspirado pelo Espírito Santo. Ao final de sua vida, ele mesmo
testemunhou: “O Espírito do SENHOR fala por meu intermédio, e a sua palavra está na
minha língua” (2Sm 23.2).
3. Davi determinou que todo Israel deveria aprender esse hino em memória e
honra a Saul e Jônatas: “Pranteou Davi a Saul e a Jônatas, seu filho, com esta
lamentação, 18 determinando que fosse ensinado aos filhos de Judá o Hino ao Arco...”
(2Sm 1.17-18). Caso Davi tivesse outra motivação, certamente teria aproveitado a
ocasião para fazer lembrar do seu sofrimento durante as perseguições de Saul. Então
ele exaltaria a destruição de Saul por Deus e cantaria de júbilo por ser agora o rei
legítimo. Ele não fez nada disso, o que mostra que o seu lamento foi sincero.
4. Davi ordenou a morte de um homem (amalequita – 2Sm 1.8) que lhe afirmou
(falsamente) haver dado o golpe de misericórdia em Saul, quando este se encontrava
mortalmente ferido (2Sm 1.9-16; 1Sm 31.3-6).
5. Davi se refere a Saul como o “ungido do Senhor”, mesmo que este já estivesse
morto: “...Como não temeste estender a mão para matares o ungido do SENHOR ?” (2Sm
1.14). Davi não considerava Saul apenas como uma autoridade, um monarca, porém,
sempre como o rei instituído por Deus, por quem ele tinha todo o respeito e
consideração.
Observando esse sentimento de Davi, somos lembrados de Jesus. O Senhor é
capaz de chorar por Seus inimigos, orar por eles e ter compaixão deles. Ele ainda deu
um enorme passo adiante: Ele morreu pelos Seus inimigos! Ele morreu também por
nós, pois também éramos Seus inimigos: “Porque, se nós, quando inimigos, fomos
reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já
reconciliados, seremos salvos pela sua vida” (Rm 5.10).
O lado bom de alguém mau
É muito interessante observar que Davi não proferiu nenhuma palavra negativa
sobre Saul, mas ressaltou somente o seu lado bom. É certo que Jônatas, o filho de
Saul, era o melhor amigo de Davi, porém, este praticamente não faz nenhuma
diferença entre Jônatas e Saul. Davi poderia ter se dirigido ao povo e transformado
tudo em promoção pessoal, dizendo: “Vejam, é isso o que acontece com quem é infiel
a Deus e persegue um ungido. Esse homem queria me matar, sim, me caçou
implacavelmente! Ele me humilhou e odiou, atacou minha família e assassinou amigos
inocentes. Sofri horrivelmente nas mãos desse homem, mas agora ele está morto e eu
vivo...” Ao invés disso, Davi exalta as virtudes de Saul e Jônatas e os classifica como “o
esplendor de Israel” (2Sm 1.19 – NVI). Ele os considera “valentes” (v.19, 25, 27) e
lamenta: “...foi profanado o escudo dos valentes...” (v.21). Quando Davi fala que o
escudo de Saul “...nunca mais será polido com óleo...” (v.21 – NVI), ele confirma a sua
própria unção para o reinado. Ele ainda louva a habilidade de ambos: “...nunca se
recolheu o arco de Jônatas, nem voltou vazia a espada de Saul” (v.22). “...Eram mais
ligeiros do que as águias, mais fortes do que os leões” (v.23). Ainda lemos:
- “Saul e Jônatas, queridos e amáveis...” (v.23);
- “...chorai por Saul, que vos vestia de rica escarlata, que vos punha sobre os
vestidos adornos de ouro” (v.24).
- “Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; tu eras amabilíssimo para comigo!
Excepcional era o teu amor, ultrapassando o amor de mulheres” (2Sm 1.26).
Essas frases estão provavelmente entre as mais belas da Bíblia e revelam o coração
e a atitude de Davi. Ele não desejava que alguém pudesse se alegrar pela morte de
Saul e Jônatas, mas que todos lamentassem com sinceridade: “Não o noticieis em Gate,
nem o publiqueis nas ruas de Asquelom, para que não se alegrem as filhas dos filisteus,
nem saltem de contentamento as filhas dos incircuncisos” (2Sm 1.20).
Que sobre os montes de Gilboa não caia “nem orvalho, nem chuva, nem haja aí
campos que produzam ofertas (v.21). Essas ofertas eram relacionadas à gratidão, a
doações para os sacerdotes e tinham a ver com louvor e honra. Agora, no entanto, não
havia motivo de louvor, mas somente de lamento porque Saul encontrou a morte
sobre os montes de Gilboa. Todavia, a Bíblia não oculta nada. Em outras passagens ela
menciona o lado negativo de Saul, sem omitir nada.
A atitude de Davi nos lembra de um Homem que, em torno de 1.000 anos mais
tarde, chorou por causa de Jerusalém, mesmo que ali Ele foi perseguido e estavam
dispostos a expulsá-lO de lá. Ela nos lembra dAquele que pôde orar pelo perdão aos
homens, mesmo que estes estivessem pregando-O na cruz. Lembra-nos também
dAquele que teve compaixão com um povo que gritava “Crucifica-o! Crucifica-o”.
Que misericórdia sem igual!
Davi, já tinha sentimento semelhante ao de Jesus, apesar de não ser perfeito,
pois, ele amou seu inimigo e a sua atitude – sem levar em conta a atitude de Jesus –
está entre os exemplos práticos mais importantes de uma vida orientada para Deus e,
ao mesmo tempo, uma exortação para nós, porque Jesus nos ordena: “...amai os vossos
inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mt 5.44).
Sabemos que existe Alguém com um amor maior do que o de Davi, um amor
maior do que o ódio e a rejeição que recebe: Jesus Cristo. Quem ama a Jesus não pode
odiar seus inimigos, mas deve ter sincera compaixão deles e deve ter a mesma atitude
de Jesus.
-9-
QUEDA E PERDÃO
“Passado o luto, Davi mandou buscá-la e a trouxe para o palácio; tornou-se ela sua mulher e
lhe deu à luz um filho. Porém isto que Davi fizera foi mal aos olhos do SENHOR” (2Sm 11.27).
Introdução
Hoje em dia é comum ouvir o argumento que, na Bíblia, há muitas coisas que são
simplesmente incompreensíveis. Ao ser confrontado com essa afirmação, certo cristão
respondeu: “Eu não tenho problemas com aquilo que é incompreensível na Bíblia,
mas com aquilo que eu entendo!”
É isso que acontece com a Bíblia: ela pode ser um livro desagradável, pois ela
chama o pecado pelo nome. Ela relata sobre a origem e o objetivo do pecado, dos seus
efeitos e para onde ele leva caso não haja perdão. A Bíblia não enfeita nada, nem
quando homens de Deus transgridem como aconteceu com Davi, por exemplo. As
palavras da Bíblia podem nos atingir como se fossem flechas e inquietar nossa
consciência. Por esse motivo a Bíblia é rejeitada por muitos. Um certo indígena
expressou-se assim: “Esse livro cava buracos em meu coração”. No entanto, quem se
submete a ela recebe ajuda, pois a revelação de culpa e pecado conduz à graça de
Deus, através de Jesus Cristo e, assim, ao perdão e à restauração.
No exemplo de Davi, a Bíblia nos mostra a maneira como o pecado se infiltra em
nossa vida.
A infiltração do pecado
“Por que, pois, desprezaste a palavra do SENHOR , fazendo o que era mal perante
ele? A Urias, o heteu, feriste à espada; e a sua mulher tomaste por mulher, depois de o
matar com a espada dos filhos de Amom” (2Sm 12.9).
O pecado recebe atenção quando a Palavra de Deus é desprezada. Quando se
fecha uma porta para Deus, abre-se uma janela para o Diabo! Onde o liberalismo
aumenta, a Palavra de Deus diminui. O primeiro passo dado na direção do mundo e
aos seus prazeres é dado quando não se leva mais a Palavra de Deus a sério (ver Sl
1.1s.). Ao abandonarmos a Sua Palavra, desaparece o temor do Senhor. É isso que
lemos em Provérbios: “O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria...” (Pv 9.10) e,
ainda: “O temor do SENHOR consiste em aborrecer o mal...” (Pv 8.13). Em outra
passagem consta: “...Retenha o teu coração as minhas palavras; guarda os meus
mandamentos e vive; 5 adquire a sabedoria, adquire o entendimento e não te esqueças
das palavras da minha boca, nem delas te apartes. 6 Não desampares a sabedoria, e ela
te guardará; ama-a, e ela te protegerá” (Pv 4.4-6). Quando abandonamos a Palavra de
Deus, abandonamos o caminho no qual somos protegidos. É semelhante a sair da
trilha marcada nas montanhas: corre-se grande perigo!
A queda de Davi começou quando ele abandonou a Palavra de Deus, a
desprezou para fazer o que era mau aos olhos de Deus. Às vezes podemos tentar
justificar algumas coisas (ações) com adjetivos, como: “moderno”, “legal” ou “cool”,
porém, elas continuam más aos olhos de Deus (ver 2Sm 11.27; 12.9, etc.). Como está
a sua vida: a Palavra de Deus ainda é o seu parâmetro? Você a lê regularmente? Ela o
acompanha durante o dia, em todos os seus afazeres? Ou será necessário que o Senhor
repita para você o que ele falou ao Seu povo, através do profeta Jeremias: “Falei
contigo na tua prosperidade, mas tu disseste: Não ouvirei. Tem sido este o teu caminho,
desde a tua mocidade, pois nunca deste ouvidos à minha voz” (Jr 22.21)? Deus exortou
o Seu povo, dizendo: “Ó terra, terra, terra! Ouve a palavra do SENHOR !” (Jr 22.29).
Conseguimos manter íntima comunhão com Jesus se ouvirmos e praticarmos a Palavra
de Deus: “...meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam” (Lc
8.21)!
O pecado modifica
Bate-Seba ficou grávida e, assim, iniciou-se o grande drama. O que fazer? Não
havia como encobrir o pecado! As atitudes seguintes de Davi nos assustam e mostram
como um comportamento pecaminoso pode modificar a personalidade de uma pessoa.
Davi mandou chamar Urias com a intenção de atribuir-lhe o filho. Até um
presente lhe foi enviado (2Sm 11.8). Quanta hipocrisia! No entanto, Urias não foi
para a sua casa, nem encontrou sua esposa. Ele deixou de fazê-lo em sinal de
fidelidade ao seu rei e aos seus camaradas que estavam guerreando no front, mas,
principalmente, por fidelidade a Deus e à Arca da Aliança (v. 9-11).
Diante disso, Davi tentou convencê-lo mais uma vez para que fosse visitar sua
mulher. Ele lhe ordenou que ficasse mais uma noite em Jerusalém e, pior de tudo:
Davi não teve escrúpulos e o embebedou (v.13). Mesmo assim, não tendo ele ido à
sua casa, Davi mostrou sua maldade e atrevimento ao mandar Urias de volta à
batalha, com a mensagem de sua própria condenação à morte endereçada ao
comandante Joabe (v.14-15). O pecado gera pensamentos de morte.
Quando Davi recebeu a notícia de que Urias estava morto, ele tratou o assunto
de maneira superficial gritante (v. 25). O pecado traz indiferença! Antes disso, Davi
ficaria decepcionado com tal prejuízo. Ele ordenaria uma investigação para descobrir
por que a vida de um companheiro de guerra foi colocada em risco com tanta
negligência. É impressionante como o pecado consegue se infiltrar, conquistar espaço e
modificar a personalidade de uma pessoa!
O poder do perdão
O pecado é algo trágico, o perdão é algo tremendamente poderoso. Por isso,
pretendemos olhar mais a fundo em passagens do Novo Testamento sobre o tema. Em
1 João 2.12, o apóstolo João diz: “Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados
são perdoados, por causa do seu nome”. Já através do profeta Isaías, o Deus vivo falou:
“Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus
pecados não me lembro” (Is 43.25).
Os teclados de computadores tem uma tecla importante que eu utilizo muitas
vezes. É a tecla “Delete” que significa “apagar, liquidar”. Quando se escreve algo
errado ou se resolve modificar ou, ainda, não utilizar alguma frase, basta selecionar o
que se quer excluir e pressiona-se a tecla “Delete”. Numa fração de segundos o texto
desaparece.
Assim como Davi fez, nós podemos “marcar”, isto é, confessar nossos pecados
diante de Deus para que Ele, então, aperte a tecla “Delete celestial” e nossos pecados
desaparecem para sempre (Mq 7.19).
Numa companhia telefônica dos EUA, por uma falha de sistema, milhares de
ligações interurbanas tiveram seus registros apagados. Em conseqüência, os usuários
não precisaram pagar por elas. Quem recebeu o perdão não precisa mais pagar pelos
seus pecados, pois Deus já pagou por eles – e todo o custo foi dEle!
O perdão total
Existe um lugar onde Deus não encontra mais nenhum pecado, onde toda a
culpa foi apagada de tal maneira como se nunca tivesse existido. Esse lugar se chama
Gólgota: “[Jesus] tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava
de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na
cruz” (Cl 2.14).
Outra versão diz: “Havendo riscado a cédula que era contra nós... [Jesus] a tirou
do meio de nós, cravando-a na cruz” (ACF e ARC).
Assim, Deus elimina nossos pecados de maneira radical, como se nunca os
tivéssemos cometido! Aos olhos humanos isso é algo impossível, mas para Deus é algo
possível e real!
Nós, seres humanos, podemos até perdoar-nos mutuamente, mas não
conseguimos eliminar os pecados cometidos. Um pecado não pode ser transformado
em algo inexistente por nós. Quando, por exemplo, falo alguma maldade para um de
meus irmãos e, posteriormente, me arrependo e vou a ele para pedir perdão,
certamente ele me perdoará, mas o que foi dito permanece dito. Deus, ao contrário,
em Jesus Cristo perdoa nossos pecados de tal modo, como se nunca os tivéssemos
cometido! “Desfaço as tuas transgressões como a névoa e os teus pecados, como a
nuvem; torna-te para mim, porque eu te remi” (Is 44.22).
Falando figuradamente, os pecados são mandados embora por Deus, de fato e
definitivamente. No Antigo Testamento temos um exemplo magnífico para isso, com
o bode de Azazel. Existe a conhecida expressão: “mandar para o deserto” ou “logo
mando você para o deserto”. Isso é oriundo de Levítico 16: por ocasião do Yom
Kippur, o grande dia do perdão, o sacerdote Arão deveria tomar dois cabritos e
colocá-los “diante do SENHOR ”. Um deles era sacrificado diante do Senhor e o outro
recebia a carga dos pecados do povo e era literalmente mandado para o deserto: “Arão
fará chegar o bode sobre o qual cair a sorte para o SENHOR e o oferecerá por oferta pelo
pecado. 10 Mas o bode sobre que cair a sorte para bode emissário será apresentado vivo
perante o SENHOR , para fazer expiação por meio dele e enviá-lo ao deserto como bode
emissário... 20 Havendo, pois, acabado de fazer expiação pelo santuário, pela tenda da
congregação e pelo altar, então, fará chegar o bode vivo. 21 Arão porá ambas as mãos
sobre a cabeça do bode vivo e sobre ele confessará todas as iniqüidades dos filhos de
Israel, todas as suas transgressões e todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do
bode e enviá-lo-á ao deserto, pela mão de um homem à disposição para isso. 22 Assim,
aquele bode levará sobre si todas as iniqüidades deles para terra solitária; e o homem
soltará o bode no deserto” (Lv 16.9-10,20-22). Esse bode, enviado para o deserto, era
chamado Azazel (v.8 – NVI), o que significa “afastar”. Assim, os pecados eram
eliminados.
Em Jesus Cristo aconteceram as duas coisas: Ele foi sacrificado por nós e Ele
eliminou nossos pecados: “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os
nossos pecados...” (1 Pe 2.24). Para onde Jesus carregou nossos pecados? Para um
lugar distante, um lugar de esquecimento: “Naqueles dias e naquele tempo, diz o
SENHOR , buscar-se-á a iniqüidade de Israel, e já não haverá; os pecados de Judá, mas
não se acharão; porque perdoarei aos remanescentes que eu deixar” (Jr 50.20).
Como será possível, para Deus, esquecer os pecados? Ele não é Onisciente e
Onipresente? Sim, isso Ele é, porém, o Senhor não lembra mais deliberadamente deles
e não os enxerga mais. Vejamos um exemplo: você comparece diante de Jesus com seu
pecado, pede perdão a Ele e o Senhor lhe perdoa. Alguns dias depois, você lembra
novamente desse pecado. Novamente sua consciência o acusa e você vai novamente
para Jesus com a mesma culpa e confessa: “Senhor! O pecado da semana passada está
pesando novamente. Por favor, perdoe-me!” Jesus, então, lhe perguntará: “Que
pecado?” Um conselheiro espiritual afirmou, certa vez: “Há muitos que confessam mil
vezes o mesmo pecado. Eu aconselho que o confessem uma vez diante de Deus e,
então, agradeçam mil vezes pelo perdão recebido”.
Assim como Deus perdoa e esquece o pecado, através de Jesus, por outro lado
também é verdade que Ele nunca esquece o pecado não perdoado. Não há como
“colocar uma pedra” sobre isso: “Jurou o SENHOR pela glória de Jacó: Eu não me
esquecerei de todas as suas obras, para sempre!” (Am 8.7).
A CONSPIRAÇÃO DE ABSALÃO
“Enviou Absalão emissários secretos por todas as tribos de Israel, dizendo: Quando ouvirdes o
som das trombetas, direis: Absalão é rei em Hebrom!” (2Sm 15.10).
Introdução
Tal como aconteceu com a vida de José, também a vida de Davi não era marcada
só por êxitos, mas também por sofrimento e dor. A via dolorosa de Davi não
corresponde somente à vida de sofrimento de Jesus, mas, além disso, à história de
Israel que, na sua fase final, estará estreitamente vinculada ao Anticristo. Como tal,
ele se levantará contra o Rei Davi, o ungido do Senhor. Ele o fará tentando tomar-Lhe
o reino para assentar-se no trono.
“Não havia, porém, em todo o Israel homem tão celebrado por sua beleza como
Absalão; da planta do pé ao alto da cabeça, não havia nele defeito algum... 4 Dizia mais
Absalão: Ah! Quem me dera ser juiz na terra, para que viesse a mim todo homem que
tivesse demanda ou questão, para que lhe fizesse justiça! 5 Também, quando alguém se
chegava para inclinar-se diante dele, ele estendia a mão, pegava-o e o beijava. 6 Desta
maneira fazia Absalão a todo o Israel que vinha ao rei para juízo e, assim, ele furtava o
coração dos homens de Israel” (2Sm 14.25;15.4-6).
Quem conhece a história de Absalão, sabe que, por causa do assassinato de seu
irmão Amnom (2Sm 13.22-29), ele precisou viver durante três anos em uma espécie
de exílio (v.37-39). Davi não queria mais vê-lo. No entanto, através da mediação de
Joabe, o general de Davi, Absalão foi autorizado a retornar. Foi um erro grave de Davi
haver concordado com a iniciativa de paz promovida por Joabe. Primeiramente, ele
ainda estava desgostoso por ter concordado (assim como o atual Governo de Israel),
porém, depois ele até recebeu e beijou Absalão. Dessa maneira, Absalão novamente
estava livre (2Sm 14) e Davi trouxe um inimigo para dentro de sua casa! O filho
agradeceu à benevolência do rei de maneira muito infame.
Não foi algo parecido que assistimos no Oriente Médio, nesses últimos anos? Em
várias ocasiões, Israel libertou muitos presos palestinos, na maioria terroristas, contra
uns poucos presos israelenses, mas a situação não melhorou, antes disso, piorou.
O Anticristo, assim como fez Absalão, primeiramente se manterá em segredo
juntamente com o seu real objetivo. Ele até fará uma aliança de sete anos com Israel
(Dn 9.27), no entanto, rompendo-a em pouco tempo (3 anos e meio) e mostrando a
sua verdadeira intenção.
2. Absalão recompensava aos que o procuravam
“...quando alguém se chegava para inclinar-se diante dele, ele estendia a mão,
pegava-o e o beijava. 6 Desta maneira fazia Absalão a todo o Israel que vinha ao rei
para juízo e, assim, ele furtava o coração dos homens de Israel” (2Sm 15.5-6). Daniel
escreve sobre o Anticristo: “Com o auxílio de um deus estranho, agirá contra as
poderosas fortalezas, e aos que o reconhecerem, multiplicar-lhes-á a honra, e fá-los-á
reinar sobre muitos, e lhes repartirá a terra por prêmio” (Dn 11.39). O mesmo aparece
em Apocalipse 13: aquele que o adorar poderá comprar e vender sem limitações.
3. Absalão: Piedoso ao falar, diabólico ao agir
Absalão desafiou o reinado de Davi, pois, seu objetivo definido era assumir o
lugar do rei. Como conseqüência, Davi precisou fugir. Ele apenas conseguiu avisar
seus aliados: “...Dai-vos pressa a sair, para que não nos alcance de súbito, lance sobre
nós algum mal e fira a cidade a fio de espada. 37 ...e Absalão entrou em Jerusalém”
(2Sm 15.14b,37b). Absalão não vacilou em dominar Jerusalém.
A perseguição a Davi, por Absalão, é uma amostra da perseguição que o
Anticristo fará a Israel. Figuradamente, num futuro próximo, Israel também seguirá o
caminho de Davi através do Vale de Cedrom (Vale de Josafá) e, em certo sentido,
também o caminho de Jesus. Quando a Bíblia afirma, em Hebreus: “Pois, naquilo que
ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados” (Hb
2.18), então Hebreus 2.17 igualmente se refere a Israel. Alguém disse, certa vez, que
Cristo participa do martírio dos judeus. O povo do qual Ele veio foi o mais cruelmente
perseguido. Israel é empurrado ao encontro do ponto mais profundo de sua história:
ao “Vale de Cedrom”. Sob a inspiração de Satanás, o Anticristo e o falso profeta
levarão todas as nações a ponto de querer eliminar Israel radicalmente. Satanás
empregará toda a sua inteligência, seu poder, toda sua astúcia e malícia, junto com
toda a política e religiosidade, para dar um fim a Israel. É um objetivo diabólico!
Ao tentar eliminar Israel, Satanás pretende impedir o cumprimento das profecias
bíblicas, classificar Deus como mentiroso e evitar a sua própria derrota. No entanto,
ele não conseguirá nada disso! Fica claro, porém, que Israel e Jerusalém o atrapalham.
Por isso, num futuro próximo, a política mundial se envolverá sempre mais
intensivamente com essa nação, com esse povo e com a cidade de Jerusalém. Esta
Jerusalém será a pedra pesada para todo o mundo (Zc 12.3)! Apesar disso, ainda não
significa o fim!
Davi orou: “Ó SENHOR , peço-te que transtornes em loucura o conselho de Aitofel”
(2Sm 15.31). Assim como o conselho de Aitofel não vingou – “...Pois ordenara o
SENHOR que fosse dissipado o bom conselho de Aitofel, para que o mal sobreviesse contra
Absalão” (2Sm 17.14) – da mesma maneira a idéia diabólica de Satanás também não
dará certo, no fim dos tempos. Nenhum “acordo das nações” contra Israel, promovido
pelo Anticristo, conseguirá eliminar Israel porque o “acordo” de Deus é mais
poderoso! “Enfurecei-vos, ó povos, e sereis despedaçados; dai ouvidos, todos os que sois
de países longínquos; cingi-vos e sereis despedaçados, cingi-vos e sereis despedaçados. 10
Forjai projetos, e eles serão frustrados; dai ordens, e elas não serão cumpridas, porque
Deus é conosco” (Is 8.9-10). Nada nem ninguém poderá impedir que o Messias venha
novamente para reinar sobre o mundo todo, a partir de Jerusalém.
6. Absalão assumiu o lugar de Davi
A VIA DOLOROSA
“Então, veio um mensageiro a Davi, dizendo: Todo o povo de Israel segue decididamente a
Absalão. 14 Disse, pois, Davi a todos os seus homens que estavam com ele em Jerusalém:
Levantai-vos, e fujamos, porque não poderemos salvar-nos de Absalão. Dai-vos pressa a sair,
para que não nos alcance de súbito, lance sobre nós algum mal e fira a cidade a fio de espada...
23 Toda a terra chorava em alta voz; e todo o povo e também o rei passaram o ribeiro de
Cedrom, seguindo o caminho do deserto” (2Sm 15.13-14,23).
Introdução
Quando recebeu a notícia de que Absalão havia tomado o reinado para si, Davi
compreendeu imediatamente que isso significava algo terrível: Ele precisou fugir de
seu próprio filho! Tudo o que Deus lhe havia dado e tudo o que conseguiu angariar
parecia estar perdido. Parecia, até, que o povo havia se esquecido dele apesar de tudo
que havia feito e de todas as vitórias conquistadas.
O caminho através do Vale de Cedrom
O caminho que Davi precisaria percorrer agora era o mais difícil em sua vida,
muito pior do que a fuga diante de Saul. Ele estava novamente no chão, era um
“ninguém”. Ele precisou abandonar Jerusalém. Sua rota seguia para o vale, passando
pelo ribeiro de Cedrom, em direção ao Monte das Oliveiras, ao leste. Como num
profundo drama, lemos: “Toda a terra chorava em alta voz; e todo o povo e também o
rei passaram o ribeiro de Cedrom, seguindo o caminho do deserto” (2Sm 15.23). Ainda:
“Seguiu Davi pela encosta das Oliveiras, subindo e chorando; tinha a cabeça coberta e
caminhava descalço; todo o povo que ia com ele, de cabeça coberta, subiu chorando”
(2Sm 15.30). Existe uma descrição melhor de desespero e luto do que essa?
Parece que no caminho do sofrimento de Davi transparece a via dolorosa de
Jesus em direção ao Getsêmani e para a cruz. Não foi o que aconteceu com Jesus, em
sua primeira vinda a Israel, conquistando vitórias e mais vitórias sobre o poder das
trevas, assim como Davi obteve vitórias sobre os seus inimigos? Sempre que Jesus
aparecia, havia perdão de pecados, expulsão de demônios, curas de enfermos,
fenômenos naturais dominados. As pessoas acorriam em multidões para ouvi-lO e
para ver Suas obras. Até se puseram à beira do caminho, saudando-o com “Hosana!
Bendito o que vem em nome do Senhor!” (Mc 11.9). No entanto, não muito depois
disso, por duas vezes eles “ ...clamavam: Crucifica-o! 14 Mas Pilatos lhes disse: Que mal
fez ele? E eles gritavam cada vez mais: Crucifica-o!” (Mc 15.13-14). Quando Jesus,
então, foi pregado na cruz, parecia que tudo estava perdido (Dn 9.26), quando, na
verdade, Ele venceu tudo (Mc 16.6; Cl 2.12-15)!
“Tendo chegado o rei Davi a Baurim, eis que dali saiu um homem da família da casa de Saul,
cujo nome era Simei, filho de Gera; saiu e ia amaldiçoando. 6 Atirava pedras contra Davi e
contra todos os seus servos, ainda que todo o povo e todos os valentes estavam à direita e à
esquerda do rei. 7 Amaldiçoando-o, dizia Simei: Fora daqui, fora, homem de sangue, homem
de Belial; 8 o SENHOR te deu, agora, a paga de todo o sangue da casa de Saul, cujo reino usurpaste;
o SENHOR já o entregou nas mãos de teu filho Absalão; eis-te, agora, na tua desgraça, porque és
homem de sangue” (2Sm 16.5-8).
Introdução
Já comentamos que está cada vez mais claro que, em nossos dias, Israel está a
caminho do ponto mais profundo da sua história, para o seu “Vale de Cedrom”.
Vemos sinais disso na Primeira e na Segunda Intifada. Esta ainda não terminou, mas
está estacionada em outro nível, pois, na luta por Jerusalém, trata-se em suma do
ataque de Satanás ao Plano de Salvação de Deus e ao Reino Messiânico. O ápice dessa
batalha acontecerá quando todos os povos se reunirem contra Israel no Vale de Josafá
(Jl 3.1-2).
Podemos considerar 2 Samuel 16.5-8 como um quadro profético para eventos
futuros e, por isso, pretendemos analisar esses versículos sob essa ótica.
A época da rebelião
“Ao cabo de quatro anos, disse Absalão ao rei...” (2Sm 15.7). Assim, o ataque
contra Davi, Hebrom e Jerusalém e a respectiva Intifada começou após 4 anos.
“Intifada” significa literalmente “sacudir”. O objetivo do mundo árabe é por
demais conhecido. Ele pretende “sacudir” o domínio judeu sobre Eretz Israel, quer
expulsar os judeus de sua própria terra e empurrá-los para o mar. Sobre isso, Ernst
Schrupp escreveu:
O movimento de combate islâmico “Hamas” serve de “braço forte” da Irmandade Islâmica mundialmente difundida. Ela
incentiva a “hastear uma bandeira islâmica em cada metro quadrado da área da Palestina”, ou seja, a destruição do
Estado de Israel. Na Declaração do Hamas, de Agosto de 1988, consta: “A Palestina é a terra da herança islâmica de
todos os muçulmanos até o fim dos tempos. Nada dela pode ser cedida. Nenhum país árabe, nenhum rei, nenhuma
organização – seja árabe ou palestina – tem autorização para isso. A única maneira de resolver o problema é a “guerra
santa”. Ela livrará a Palestina de qualquer compromisso.[6]
Simei já dá uma amostra clara das atitudes hostis contra Israel: “Tendo chegado o
rei Davi a Baurim, eis que dali saiu um homem da família da casa de Saul, cujo nome
era Simei, filho de Gera; saiu e ia amaldiçoando. 6 Atirava pedras contra Davi e contra
todos os seus servos, ainda que todo o povo e todos os valentes estavam à direita e à
esquerda do rei. 7 Amaldiçoando-o, dizia Simei: Fora daqui, fora, homem de sangue,
homem de Belial” (2Sm 16.5-7). A atitude má e enganosa de Simei aponta para a
maldade e as mentiras da Liga Árabe em relação a Israel – e as nações do mundo
apóiam. A acusação de “homem de sangue, homem de Belial” ou de “Assassino!
Bandido!” (NVI) não foi feita a Absalão, mas contra Davi. O que vemos hoje? Sejam
pedras arremessadas, mísseis disparados da faixa de Gaza contra Israel ou o fracasso
dos chamados acordos de paz, a culpa sempre é imputada a Israel.
Simei acusou a Davi de ser culpado da morte de Saul para lhe tirar o reinado e
continuou afirmando que tudo que Davi passaria a sofrer seria mandado pelo Senhor
para vingar a morte de Saul: “o SENHOR te deu, agora, a paga de todo o sangue da casa
de Saul, cujo reino usurpaste; o SENHOR já o entregou nas mãos de teu filho Absalão; eis-
te, agora, na tua desgraça, porque és homem de sangue” (2Sm 16.8). Isso era uma falsa
acusação, uma mentira clara, pois havia acontecido justamente o contrário: Davi havia
poupado a vida de Saul quando poderia facilmente tê-lo matado (1Sm 24.11). Além
disso, Davi queria que os descendentes de Saul fossem bem tratados (2Sm 9.1s.).
O problema de Simei, que era “um homem da família da casa de Saul” (2Sm
16.5), era não suportar que agora Davi ocupava o trono de Saul. Era algo semelhante
ao caso de Esaú: “Passou Esaú a odiar a Jacó por causa da bênção, com que seu pai o
tinha abençoado...” (Gn 27.41).
Simei afirmou que Davi não era o rei legítimo de Israel. Não é o que ouvimos os
inimigos de Israel gritar também hoje, de que se apropriou de algo que não lhe
pertence? Justamente por isso, eles pretendem expulsar os israelenses da terra de seus
antepassados, dominar Jerusalém e assumir o poder! A verdade é vergonhosamente
distorcida! Deus destinou Jerusalém claramente para Israel, inclusive, chamando-a de
“a cidade do grande Rei” (Sl 48.2). Enquanto Jerusalém é mencionada 600 vezes no
Antigo Testamento, no Corão ela não aparece nenhuma vez.
O procedimento do inimigo
“Tendo Davi chegado a Maanaim, Sobi, filho de Naás, de Rabá, dos filhos de
Amom, e Maquir, filho de Amiel, de Lo-Debar, e Barzilai, o gileadita, de Rogelim, 28
tomaram camas, bacias e vasilhas de barro, trigo, cevada, farinha, grãos torrados, favas
e lentilhas; 29 também mel, coalhada, ovelhas e queijos de gado e os trouxeram a Davi e
ao povo que com ele estava, para comerem, porque disseram: Este povo no deserto está
faminto, cansado e sedento” (2Sm 17.27-29).
Enquanto Davi fugia diante de Absalão, não somente Itai (uma figura para a
Igreja de Jesus) se aliou a Davi (2Sm 15.21), mas também um homem chamado
Barzilai (uma figura para a disposição de servir e de fidelidade). Simei arremessou
pedras e terra contra o rei e seu povo e o amaldiçoou, ao passo que Barzilai veio ao
encontro de Davi com bênçãos. Barzilai significa “férreo”. Ele trouxe camas, vasilhas,
alimentos e consolo. As camas proporcionam possibilidade de descanso. Trouxe,
também, vasilhas e bacias, isto é, utensílios para produção. Além disso, ele
proporcionou alimentos. Resumindo: ele acompanhou Davi, o apoiou e ajudou a
reerguer as suas tropas. Por isso, em nossa época, em que a pressão contra Israel
aumenta constantemente e dificulta sua vida, deveríamos ter também essa atitude
férrea em apoio a Israel.
Jesus diz: “...vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos
irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25.40). A Bíblia relata sobre as igrejas da Macedônia e
de Acaia: “Porque aprouve à Macedônia e à Acaia levantar uma coleta em benefício
dos pobres dentre os santos que vivem em Jerusalém. 27 Isto lhes pareceu bem, e mesmo
lhes são devedores; porque, se os gentios têm sido participantes dos valores espirituais
dos judeus, devem também servi-los com bens materiais” (Rm 15.26-27). Mesmo que o
“manto de Moisés” ainda esteja cobrindo a maioria do povo de Israel, isso não deveria
nos impedir em abençoar e fazer o bem a Israel. Não devemos esquecer, nunca, por
que o “manto de Moisés” ainda se estende sobre ele: “Quanto ao evangelho, são eles
inimigos por vossa causa; quanto, porém, à eleição, amados por causa dos patriarcas; 29
porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Rm 11.28-29).
Juízo, bênção e maldição
Depois que Davi retornou e reassumiu o seu reino, ele sentou-se à porta, como
juiz: “Então, o rei se levantou e se assentou à porta, e o fizeram saber a todo o povo,
dizendo: Eis que o rei está assentado à porta. Veio, pois, todo o povo apresentar-se
diante do rei. Ora, Israel havia fugido, cada um para a sua tenda” (2Sm 19.8).
A porta é uma figura para o juízo, pois, desde a antiguidade, as causas do povo
eram julgadas junto às portas, em Israel. “Lá estão os tronos de justiça”(Sl 122.5). A
Davi eram atribuídos capacidade de julgamento e senso de justiça: “...o rei, meu
senhor, é como um anjo de Deuz; faze, pois, o que melhor te parecer” (2Sm 19.27).
Nessa ocasião, Davi é comparado a Jesus, pois, quando o Antigo Testamento
menciona “Anjo de Deus” ou “Anjo do SENHOR ”, refere-se ao próprio Senhor (Gn
31.11-12; Êx 3.2-6). Jesus é o único Juiz verdadeiro, justo e soberano!
Absalão havia morrido na batalha, Davi reconquistou o povo e, nesse contexto,
afirmou algo muito importante: “Vós sois meus irmãos, sois meu osso e minha carne;
por que, pois, seríeis os últimos em tornar a trazer o rei?” (2Sm 19.12). Não se trata de
uma profecia em relação a Jesus? Será que Deus não fala essas palavras ao Seu povo,
também hoje?
Simei, agora, precisava reconhecer o reinado de Davi e arcar com as
conseqüências por causa de sua atitude diante dele, já que suas propriedades foram
drasticamente reduzidas: “Apressou-se Simei, filho de Gera, benjamita, que era de
Baurim, e desceu com os homens de Judá a encontrar-se com o rei Davi... 19 e lhe disse:
Não me imputes, senhor, a minha culpa e não te lembres do que tão perversamente fez
teu servo, no dia em que o rei, meu senhor, saiu de Jerusalém; não o conserves, ó rei, em
teu coração” (2Sm 19.16,19). Davi ouviu o seu pedido e não se vingou. Mais tarde,
porém, sob o reinado de Salomão, Simei foi enquadrado e condenado (1Rs 2.8-9; 36-
46).
Por outro lado, Barzilai estava junto com Davi e o acompanhou na travessia do
Jordão: “Também Barzilai, o gileadita, desceu de Rogelim e passou com o rei o Jordão,
para o acompanhar até ao outro lado. 32 Era Barzilai mui velho, da idade de oitenta
anos; ele sustentara o rei quando este estava em Maanaim, porque era homem mui
rico” (2Sm 19.31-32). Seu apoio efetivo e sua fidelidade foram recompensados acima
do esperado, pois: “Disse o rei a Barzilai: Vem tu comigo, e te sustentarei em
Jerusalém” (2Sm 19.33). Além de ser voluntarioso e fiel, Barzilai também era humilde
e modesto: “Respondeu Barzilai ao rei: Quantos serão ainda os dias dos anos da minha
vida? Não vale a pena subir com o rei a Jerusalém. 35 Oitenta anos tenho hoje; poderia
eu discernir entre o bom e o mau? Poderia o teu servo ter gosto no que come e no que
bebe? Poderia eu mais ouvir a voz dos cantores e cantoras? E por que há de ser o teu
servo ainda pesado ao rei, meu senhor? ...39 Havendo, pois, todo o povo passado o Jordão
e passado também o rei, este beijou a Barzilai e o abençoou; e ele voltou para sua casa”
(2Sm 19.34-35,39).
A respeito do povo, a Bíblia relata: “Então todo o exército atravessou o Jordão, e
também o rei o atravessou”(v.39 – NVI). Quando vier o Rei e “atravessar o Jordão”
com o Seu povo, isto é, quando tiver alcançado o objetivo com Israel, então também,
como em todas as épocas, se cumprirá a palavra de Gênesis 12.3:“Abençoarei os que te
[Abraão = Israel] abençoarem...” (Gn 12.3). A incumbência que Salomão recebeu de
Davi, em relação aos filhos de Barzilai, pode ser considerada como uma indicação ou
figura para o Reino Milenar: “Porém, com os filhos de Barzilai, o gileadita, usarás de
benevolência, e estarão entre os que comem à tua mesa, porque assim se houveram
comigo, quando eu fugia por causa de teu irmão Absalão” (1 Rs 2.7).
O Senhor voltará como o Rei e Messias, como o Anjo de Deus para o Seu povo.
Para nós, aqui e agora, cabe levar a sério o que diz no Salmo 122: “Orai pela paz de
Jerusalém! Sejam prósperos os que te amam. 7 Reine paz dentro de teus muros e
prosperidade nos teus palácios. 8 Por amor dos meus irmãos e amigos, eu peço: haja paz
em ti! 9 Por amor da Casa do SENHOR , nosso Deus, buscarei o teu bem” (v.6-9).
-13-
“Todos os seus homens passaram ao pé dele... 19 Disse, pois, o rei a Itai, o geteu: Por que irias
também tu conosco? Volta e fica-te com quem vier a ser o rei, porque és estrangeiro e desterrado
de tua pátria... 21 Respondeu, porém, Itai ao rei: Tão certo como vive o SENHOR, e como vive o rei,
meu senhor, no lugar em que estiver o rei, meu senhor, seja para morte seja para vida, lá estará
também o teu servo” (2Sm 15.18-19,21).
Introdução
Assim como Davi tinha um verdadeiro aliado no Vale de Cedrom, também Israel
tem hoje, em seu último trajeto em direção à Tribulação, somente uma aliada
verdadeira sobre a Terra e esta é a Igreja de Jesus. No entanto, após o arrebatamento
da Igreja, Israel permanecerá praticamente sem nenhum apoio. Tanto mais
deveríamos, hoje, como cristãos verdadeiros, constrangidos pelo Espírito Santo,
manter espiritualmente nosso reconhecimento a Israel e apoiar esse povo com palavras
e ações!
Itai, uma imagem representando a Igreja de Jesus
Quando lemos sobre a saída de Davi de Jerusalém: “Ao chegar Davi ao cimo,
onde se costuma adorar a Deus...” (2Sm 15.32), isso nos dá uma imagem maravilhosa,
mesmo que não seja perfeita, para o Arrebatamento e a glória celestial. O versículo 30
indica que o cume era o Monte das Oliveiras. Saindo desse monte e depois de seguir
seu caminho de sofrimento através do Vale de Cedrom (Jardim do Getsêmani), Jesus
enfrentou a morte na cruz, ressuscitou triunfalmente e subiu ao Céu, de onde virá
novamente (At 1.11; Zc 14.4). Ele chegou ao cume da vitória (Ap 12.9-10). Falando
figuradamente, ao estar no cume, ele tocou o Céu e a Terra. Em breve, a Igreja,
comprada com o Seu precioso sangue, também será arrebatada para o Céu (1 Ts 4.17).
Lá na glória, todos se prostrarão diante de Deus e O adorarão. É isso que nos mostram
os 24 anciãos (Ap 4.9s.) que representam a Igreja.
Quem pôde acompanhar Davi?
1. Husai
“Ao chegar Davi ao cimo, onde se costuma adorar a Deus, eis que Husai, o
arquita, veio encontrar-se com ele, de manto rasgado e terra sobre a cabeça. 33 Disse-lhe
Davi: Se fores comigo, ser-me-ás pesado. 34 Porém, se voltares para a cidade e disseres a
Absalão: Eu serei, ó rei, teu servo, como fui, dantes, servo de teu pai, assim, agora, serei
teu servo, dissipar-me-ás, então, o conselho de Aitofel” (2Sm 15.32-34). Por que Husai
foi impedido de acompanhar Davi? Houve diversas razões e, assim, ele apresenta uma
figura com diferentes facetas:
- Husai não pôde acompanhar Davi porque chegou atrasado. Ele veio somente
depois que Davi já estava praticamente no cume. Isso nos lembra das virgens néscias
que tentaram entrar no lugar da festa quando a porta já estava fechada (ver Mt
25.1s.).
- Husai não pôde acompanhar Davi porque representava o crente do Antigo
Testamento, isto é, o crente que pretende ser salvo pelas obras.
- Husai não pôde acompanhar Davi porque vestia um manto rasgado e tinha
terra sobre sua cabeça. Isso é uma representação para as obras de justificação sem o
sangue redentor. O Novo Testamento ensina claramente que não se obtém a salvação
através de boas obras sem ser redimido pelo poder do sangue de Jesus. Assim, Husai
representa todas as pessoas que, mesmo seguindo alguma religião e praticando boas
obras, não possuem o testemunho do Espírito Santo de que são filhos de Deus (Rm
8.16). As palavras de Davi para Husai nos fazem estremecer: “...Se fores comigo, ser-
me-ás pesado” (2Sm 15.33).
A Igreja – a Noiva – é a alegria do Noivo, pois foi comprada com o Seu sangue e
o Noivo já se alegra pelo dia das bodas, pelo dia da união. No entanto, as pessoas
meramente religiosas e que não pertencem à Noiva, Lhe são um peso. É certo que
Jesus sofreu também por elas, morreu e consumou a salvação perdoando-as, no
entanto, assim como as cinco virgens néscias, elas não a aceitaram para si,
pessoalmente. Essas pessoas Lhe são um peso porque a obra de Jesus no Gólgota,
consumada também para elas, não operou em seus corações.
- Husai não pode acompanhar Davi porque foi enviado de volta para Jerusalém.
Lá ele deveria servir a Absalão, aos sacerdotes Zadoque e Abiatar e, finalmente,
também a Davi (2Sm 15.35). Desse modo, na minha opinião, Husai também
representa aqueles que forem salvos através da Grande Tribulação. São as pessoas que
se mantém junto com Israel no reino do Anticristo (Ap 12) e, assim, mais tarde
poderão entrar no Reino Milenar de Jesus aqui na Terra. Husai precisou permanecer
em Jerusalém quando Absalão retornou para lá. Apesar disso, ele ainda é chamado de
“amigo de Davi” (v.37). Desse modo, haverá pessoas que se converterão na Grande
Tribulação e permanecerão fiéis a Jesus nesse período extremamente difícil.
2. Os sacerdotes Zadoque e Abiatar
Também estes não puderam acompanhar Davi (2Sm 15.35-36). Eles poderiam
ser reconhecidos como uma figura para o remanescente judeu na Grande Tribulação,
que se dedicará ao Messias e confessará sua fé nEle.
3. As concubinas do rei
“...deixou, porém, o rei dez concubinas, para cuidarem da casa” (2Sm 15.16).
Estas mulheres não eram esposas do rei, mas concubinas. Na minha opinião, elas
representam as pessoas que vêm de outras religiões e, de alguma maneira, se prendem
ao nome de Jesus, chegando até a seguir Suas orientações. No Budismo, ao lado de
outros deuses, Jesus é mantido em alta consideração e o Islã O considera um grande
Profeta. Mesmo assim, os seguidores dessas religiões não pertencem a Jesus, de fato,
pois não são como uma esposa que pertence ao seu marido. Eles não estão unidos a
Ele em amor profundo e em fidelidade, por isso, não Lhe pertencem e serão deixados
para trás. Aqueles que simpatizam com Jesus, mas não são verdadeiramente Seus,
estes não poderão acompanhá-lO quando Ele vier para levar a Sua Noiva – a Igreja –
para o Céu. A Bíblia afirma isto claramente: “Cada um, porém, por sua própria ordem:
Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda” (1 Co 15.23).
O que uma pessoa precisa fazer para ser arrebatada?
Em primeiro lugar, ela precisa se decidir por Jesus, seguir conscientemente ao Seu
lado e se submeter a Ele em tudo. Em outras palavras, isso significa: tornar-se
propriedade de Jesus e dizer como os servos do rei: “Eis aqui os teus servos, para tudo
quanto determinar o rei, nosso senhor” (2Sm 15.15). Quando observamos que a Bíblia
fala que “...Todo o povo de Israel segue decididamente a Absalão” (2Sm 15.13), tanto
mais é motivo de admiração e de alegria que, por outro lado, havia uma multidão de
homens com forças para se separar daquele povo. Eles se colocaram conscientes e
decididos – “de corpo e alma” – ao lado de Davi. Isso nos dá uma imagem do que
significa uma conversão ao lado de Jesus Cristo.
Também Abigail ilustra, de maneira maravilhosa, o que significa se entregar a
Jesus sem reservas. Quando os servos de Davi lhe falaram: “Davi nos mandou a ti,
para te levar por sua mulher” (1Sm 25.40), ela imediatamente começou a agir: “Então,
ela se levantou, e se inclinou com o rosto em terra, e disse: Eis que a tua serva é criada
para lavar os pés aos criados de meu senhor. 42 Abigail se apressou e, dispondo-se,
cavalgou um jumento com as cinco moças que a assistiam; e ela seguiu os mensageiros
de Davi, que a recebeu por mulher” (1Sm 25.41-42). Abigail ouviu a mensagem através
dos servos de Davi, então se levantou, se prostrou e se decidiu (v.41). Quem quiser
seguir a Jesus, precisa dispor-se internamente, se prostrar (se arrepender) e se decidir
firmemente por Ele. Abigail fez isso logo e completamente (v.42). O tempo para que
Jesus venha buscar os Seus verdadeiros seguidores, está próximo!
-14-
O REINADO
“Agora, pois, assim dirás ao meu servo Davi: Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Tomei-te da
malhada, de detrás das ovelhas, para que fosses príncipe sobre o meu povo, sobre Israel. 9 E fui
contigo, por onde quer que andaste, eliminei os teus inimigos diante de ti e fiz grande o teu
nome, como só os grandes têm na terra. 10 Prepararei lugar para o meu povo, para Israel, e o
plantarei, para que habite no seu lugar e não mais seja perturbado, e jamais os filhos da
perversidade o aflijam, como dantes, 11 desde o dia em que mandei houvesse juízes sobre o meu
povo de Israel. Dar-te-ei, porém, descanso de todos os teus inimigos; também o SENHOR te faz
saber que ele, o SENHOR, te fará casa. 12 Quando teus dias se cumprirem e descansares com teus
pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que procederá de ti, e estabelecerei o
seu reino. 13 Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu
reino” (2Sm 7.8-13).
Deus confirma, em 2 Samuel 7, que Ele chamou Davi para reinar sobre o Seu
povo e que foi Ele Quem confirmou e validou o seu reinado. Em 2 Samuel 8 são
descritas as campanhas militares vitoriosas de Davi. Ele derrotou sete povos, ou seja:
os filisteus, os moabitas, a Hadadezer, rei de Zobá, os arameus de Damasco, os
amonitas, os amalequitas e os edomitas. Também está descrito como Toí, rei de
Hamate, enviou seu filho Jorão para congratular-se com ele e trazer caros presentes
(v.9-10). Além disso, descreve como Davi subjugava seus inimigos e o que isso
significava para estes, como foi o caso dos filisteus: “Depois disto, feriu Davi os filisteus
e os sujeitou; e tomou de suas mãos as rédeas da metrópole” (2Sm 8.1). Deus ajudou a
Davi em todos os lugares e “Reinou, pois, Davi sobre todo o Israel; julgava e fazia
justiça a todo o seu povo” (2Sm 8.15). Deus ainda acrescentou uma promessa para o
rei Davi: “Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu
trono será estabelecido para sempre” (2Sm 7.16).
Nessas vitórias triunfais de Davi sobre seus sete inimigos, podemos identificar
uma figura profética para a vitória e triunfo de Jesus Cristo e o Seu futuro Reino.
Na Sua Volta, o Senhor Jesus aparecerá em sete lugares diferentes para derrotar
Seus inimigos:
• Em Armagedom: Apocalipse 16.16s. e Apocalipse 19.11s.;
• Em Jerusalém: Zacarias 12;
• No Monte das Oliveiras: Zacarias 14;
• Em Edom, de Bozra: Isaías 63.1s.;
• Em Temã, do monte Parã: Habacuque 3.3 (Dt 33.2);
• No Egito: Isaías 19.1s.
• Nos montes de Israel contra Gogue e Magogue e os seus aliados: Ezequiel 38 e
39.
Será algo majestoso: A vitória é do Senhor! Então Deus colocará todos os
inimigos como estrado aos pés de Seu Filho e Jesus reinará sobre eles como Rei e Juiz,
com cetro de ferro e outorgará o direito e a justiça ao Seu povo. Os povos virão ao Seu
encontro para honrá-lO e exaltar o Seu Nome (Ap 19.11,15). Terá chegado, enfim, o
tempo em que “Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao monte do SENHOR e à
casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas
veredas; porque de Sião sairá a lei, e a palavra do SENHOR , de Jerusalém” (Is 2.3). Então
se ouvirá o brado de júbilo: “Reina o SENHOR ; tremam os povos. Ele está entronizado
acima dos querubins; abale-se a terra. 2 O SENHOR é grande em Sião e sobremodo
elevado acima de todos os povos. 3 Celebrem eles o teu nome grande e tremendo, porque
é santo. 4 És rei poderoso que ama a justiça; tu firmas a eqüidade, executas o juízo e a
justiça em Jacó. 5 Exaltai ao SENHOR , nosso Deus, e prostrai-vos ante o escabelo de seus
pés, porque ele é santo” (Sl 99.1-5).
Outra conseqüência durante o governo de Jesus Cristo no Reino Milenar, é que
todas as criaturas viverão em paz: “O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá
palha como o boi; pó será a comida da serpente. Não se fará mal nem dano algum em
todo o meu santo monte, diz o SENHOR ” (Is 65.25). Então o Senhor governará o Seu
povo em retidão e justiça. A paz prometida e tão ardentemente aguardada abrangerá
o mundo sob o reinado de Jesus Cristo, o Messias!
-15-
“Porém o SENHOR não quis destruir a casa de Davi por causa da aliança que com ele fizera,
segundo a promessa que lhe havia feito de dar a ele, sempre, uma lâmpada e a seus filhos” (2Cr
21.7).
Essa promessa Deus fizera num período em que Israel era governada pelo rei
ateu, chamado Jorão. Jorão se casou com Atalia, a filha de Jezabel e Acabe. Essas duas
mulheres estão entre as mais terríveis de toda a história de Israel. Jezabel é
mencionada novamente em Apocalipse 2.20. Jorão “Fez o que era mau perante o
SENHOR ; porém não como seu pai, nem como sua mãe; porque tirou a coluna de Baal,
que seu pai fizera” (2Rs 3.2) e, apesar disso tudo, o Senhor faz essa promessa. Por quê?
Deus o fez com vistas ao Messias vindouro – Jesus Cristo. Suas promessas precisam se
cumprir, mesmo diante de todas as resistências.
Essa lâmpada eterna, prometida por Deus, é Jesus Cristo. Quando Ele veio ao
mundo, declarou: “Eu sou a luz do mundo...” (Jo 8.12). Já quando o anjo Gabriel
anunciou o nascimento de Jesus para Maria, ele esclareceu: “Este será grande e será
chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; 33 ele
reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim” (Lc 1.32-33).
Posteriormente, Paulo escreveu para Timóteo: “Lembra-te de Jesus Cristo, ressuscitado
de entre os mortos, descendente de Davi, segundo o meu evangelho” (2Tm 2.8). Na
última página da Bíblia, lemos: “Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas
coisas às igrejas. Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a brilhante Estrela da manhã” (Ap
22.16).
Ao final de sua vida, o rei Davi afirmou algumas coisas sobre a fidelidade de
Deus:
- “O caminho de Deus é perfeito...” (2Sm 22.31a). Davi havia enfrentado tempos
difíceis, aliás, muito difíceis. Ele havia sido perseguido, chegando até a buscar asilo
junto aos inimigos. Mais tarde, ele mesmo caiu em pecado grave e teve sérios
problemas na família, chegou a perder filhos que morreram. Em certa ocasião, o povo
queria apedrejá-lo. Ele foi disciplinado por Deus e também lhe foi proibido construir o
Templo, a Casa de Deus. Podemos imaginar que Davi nem sempre compreendia as
intenções de Deus em meio a tudo isso. No final de sua vida, porém, ele pôde dizer:
“O caminho de Deus é perfeito...” Ao olhar para trás, ele constatou que Deus nunca
cometeu algum erro, que Ele sempre teve as melhores intenções e que até se utilizou
de vias tortuosas para levá-lo ao objetivo. Ainda hoje, Deus é esse mesmo Deus! Ele
nos leva, através das marcas da vida de Davi e de outras figuras bíblicas para, através
delas, adquirirmos esperança e confiarmos em Deus.
- “...a palavra do SENHOR é provada...” (2Sm 22.31b). Isso não é uma constatação
maravilhosa e libertadora? Deus é absolutamente confiável, Sua Palavra é
perfeitamente pura, sem contaminações do pecado. Não há nada que impeça que o
Senhor cumpra Suas palavras. Deus manteve Suas promessas dadas para Davi, por
isso, Ele também as manterá em relação a Israel. Ao final, nenhuma de Suas palavras
faltará; Ele assumirá todas as suas afirmações.
- “...ele é escudo para todos os que nele se refugiam” (2Sm 22.31c). Estamos
lembrados de como Davi enfrentou Golias? Ele avançou sobre o gigante em nome do
Senhor e o venceu. O Deus vivo foi seu escudo, por maior que fosse a lança de Golias.
Quantas vezes ele obteve a proteção de Deus! Davi foi protegido de um urso, de um
leão, do ódio do rei Saul e de incontáveis inimigos. Quando o povo o pressionava e
falava em apedrejá-lo, a Bíblia relata: “...Davi se reanimou no SENHOR , seu Deus” (1Sm
30.6) e Deus o protegeu. A história de Davi mostra claramente que Deus vai à frente
de todo aquele que confia nEle.
- “O Espírito do SENHOR fala por meu intermédio, e a sua palavra está na minha
língua. 3 Disse o Deus de Israel, a Rocha de Israel a mim me falou...” (2Sm 23.2-3). Davi
não afirmou isso por orgulho. Foram muitas as experiências pelas quais passou para
que pudesse ficar orgulhoso. No entanto, ele tinha plena certeza de ser inspirado pelo
Espírito Santo. Davi afirmou isso quando estava quase no fim de sua vida. Para que
ele o fez? Ele o fez com o propósito de nos animar!
As palavras de Davi foram sopradas nele por Deus e as marcas que ele deixou
servem para nos exortar e animar, além de fortalecer nossa confiança no Deus
Onipotente.
NOTAS
1. Topic 5/96
2. Topic 5/96
3. Meister, Abraham, Biblisches Namenlexikon, p. 7, Verlag Mitternachtsruf, CH-8600 Dübendorf
4. Hunt, Dave, Jerusalém, O Cálice de Tontear, Actual Edições, 1999, p. 63
5. De Seniorengruss 173, Evangelische Volks- und Schriftenmission Lemgo-Lieme.
6. Schrupp, Ernst, Israel am Ende der Endzeit, (p. 69), SCM R.Brockhaus