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Anexo 3
que os objetivos de assistência, ensino e pesquisa, inerentes so. Foi utilizado eletrocardiógrafo Dixtal 3C para exame em
ao hospital-escola, fossem atingidos. Foi elaborado um pro- 12 derivações.
tocolo de atendimento utilizando-se como indicadores dieté- 9) A avaliação de condicionamento foi feita com os mé-
ticos o inquérito alimentar quantitativo e qualitativo, de ma- todos de Ruffier modificado e com o Step Test de Har-
cro e micronutrientes ingeridos pelos atletas e comparados vard modificado – O Ruffier consta da execução de 20 fle-
ao Recommended Dietary Allowance (RDA/89)(2), frente às xões de joelho em 30 segundos, sendo tomados valores de
suas necessidades nutricionais. Como indicadores de avalia- freqüência cardíaca, em repouso, ao final do exercício, após
ção corpórea foram avaliados: peso atual/peso habitual, ín- 1 minuto, 1 minuto e meio e 2 minutos com o aparelho polar.
dice de massa corpórea (IMC), somatório das pregas cutâ- Calcula-se o índice de Ruffier através da fórmula IR = (R +
neas (bíceps, tríceps, subescapular, abdominal, supra-ilíaca E + 1’) – 200 dividido por 10, sendo considerados os índices
e panturrilha), área muscular do braço (AMB), % de gordura de Ruffier como sendo: abaixo de 0 – ótimo; de 0 a 5 – bom;
e bioimpedância elétrica (BIA). Finalmente, quanto aos in- de 5 a 10 – regular; de 10 a 15 – fraco; e acima de 15 –
dicadores de qualidade da alimentação, estabeleceram-se cri- péssimo.
térios sobre fracionamento das refeições, escolha dos alimen-
O Harvard Step Test consta de 150 subidas (uma a cada
tos e adequação nutricional. A composição corporal foi ava-
segundo) durante 5 minutos, em banco específico (com altu-
liada por três métodos: bioimpedância (BIA), índice de mas-
ra graduada a cada centímetro) que é calculada para cada
sa corpórea (IMC) e somatório de pregas cutâneas.
atleta em função da distância entre o rebordo distal da patela
6) Avaliação clínica completa – Os 11 atletas foram ava-
até o solo estando o atleta na posição ortostática, com o cál-
liados clinicamente através de exame físico geral.
culo sendo feito através do índice de Harvard: IH = t (seg) x
7) Avaliação psiquiátrica de sintomatologia depressi-
100 dividido por 5,5 x número de batimentos entre 1 minuto
va – A avaliação dos sintomas depressivos foi realizada com
e 1 minuto e meio após o exercício, e graduados como: aci-
a utilização do “Inventário de Depressão Infantil” (Children’s
ma de 100 – ótimo; de 80 a 100 – bom; de 60 a 80 – regular;
Depression Inventory – CDI) (Kovacs(12)), uma escala de 27
e abaixo de 60 – fraco. Ou utilizando os dados para calcular
itens, auto-aplicável, utilizada em crianças e adolescentes
o consumo de VO2 máximo.
em idade escolar (8 a 17 anos). Sua pontuação pode variar de
0 a 54 pontos e 20 é a pontuação sugerida pelo seu manual 10) Densitometria óssea – Foi utilizado um densitôme-
como pontuação de corte para uma população geral, pois, tro por dupla emissão de raios X da marca Hologic QDR-
abaixo dela, a possibilidade de apresentação de sintomatolo- 2000. São estudados os seguintes sítios: coluna lombar, colo
gia depressiva clinicamente significante é baixa. de fêmur, corpo total e, em algumas modalidades, o antebra-
Para o estudo com atletas adolescentes, entretanto, foi es- ço esquerdo. Com esse estudo, podemos determinar a densi-
colhido 17 como pontuação de corte, pois estamos à procura dade mineral óssea e também a composição corporal.
de sintomatologia depressiva que prejudique a performance 11) Avaliações laboratoriais – Esta etapa é realizada nos
esportiva, mesmo que não caracterize um distúrbio depressi- Laboratórios Central do Hospital das Clínicas e de Metabo-
vo. Essa pontuação leva a 7,29% de falsos-negativos e 14,86% lismo Ósseo da Disciplina de Reumatologia da Faculdade de
de falsos-positivos para sintomatologia depressiva clinica- Medicina da USP e consta dos seguintes exames: avaliação
mente significante(12). Portanto, acreditamos que a propor- hematológica: hemograma completo; função hepática: TGO,
ção de falsos-positivos para sintomatologia que prejudique a TGP, fosfatase alcalina e gama-glutamiltransferase; função
performance esportiva seja ainda menor. renal: uréia, creatinina sanguínea e creatinina urinária; bio-
No caso de atletas maiores de 17 anos, como é o caso des- química: proteínas total e frações, glicemia, colesterol total
ta amostra de 11 maratonistas, a escala adotada foi a de Beck e frações, e triglicérides; avaliação hormonal: cortisol, FSH
(Beck et al.(3)), uma escala de 21 itens, também auto-aplicá- (hormônio folículo-estimulante), LH (hormônio luteinizan-
vel, mas mais adequada para adultos. Sua pontuação pode te), testosterona (homens), estradiol (mulheres); avaliação
variar de 0 a 63 pontos. Qualquer pontuação abaixo de 15 muscular: CPK (creatinofosfoquinase), DHL (desidrogenase
indica ausência de sintomatologia com significância clínica lática); avaliação do metabolismo ósseo: cálcio sérico e uri-
ou que prejudique a performance esportiva. nário, fósforo sérico, fosfatase alcalina, fração óssea, osteo-
8) Avaliação eletrocardiográfica – Todos os atletas fo- calcina, deoxipiridinolina e hidroxiprolina urinárias; urina I
ram submetidos a avaliação eletrocardiográfica, em repou- e parasitológico de fezes.
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AVALIAÇÃO DE ATLETAS: METODOLOGIA DO GRUPO DE MEDICINA ESPORTIVA DO IOT/HC-FMUSP
12) Cintilografia óssea – Foi realizada cintilografia ós- Na avaliação antropométrica obtivemos as seguintes mé-
sea, por administração endovenosa de 99m Tc-MDP (metil- dias e desvios-padrões com as medidas coletadas:
fosfonato), no Instituto de Medicina Nuclear da USP.
13) Provas de pista – Foram realizadas as seguintes pro- Medidas Distância
vas de pista: impulsão vertical tomada em cm; impulsão ho- Peso Estat. Lt. TC Trans. T Ant-post. Alt. tor. Bicr. Ili. Bitroc. Biacr.
rizontal tomada em cm; shuttle run de 9 metros com basto- X 61,0 172,3 9,2 27,0 19,1 15,7 26,6 29,8 37,8
netes tomada em seg; prova de 50 metros em velocidade pura DP 07,3 007,1 3,7 01,1 01,0 01,0 01,7 02,2 01,7
tomada em seg; espaço (em metros) percorrido em 40 segun-
dos em pista de 400 metros. Perímetros
4) Forma do tronco Diâmetro (D) R. Martino Com essas medidas classificamos os atletas como sendo:
D bicrista ilíaca x 100 26,6 x 100 Quanto ao índice peso/estatura = magros
= = 70,37
D biacromial 37,8 = 15,40 Quanto ao índice torácico = medianos
Quanto à largura da pelve = pelve estreita
Tr. trapezoidal Até 69,9
Tr. intermediário de 70,0 até 74,9 Quanto à forma do tronco = tronco mediano
Tr. retangular a partir de 75 Quanto ao quadril = quadro estreito
⇒ Tronco intermediário Quanto ao índice de comp. de M.I. = macrosqueléticos
(M.I. longos)
5) Índice Baudelocque Diâmetro (D) Quanto ao índice de comp. troncocef. = metricórmico
(comp. T.C. médio)
D bitrocanter x 100 29,8 x 100
= = 17,2
estatura 172,3 = 15,4 Na avaliação da flexibilidade encontramos as medidas da
tabela 1.
Quadril estreito até 17,9 Na avaliação nutricional foram encontrados os resultados
Quadril médio 18 a 19,9 da tabela 2.
Quadril largo a partir de 20,0
Na avaliação clínica dois pacientes apresentaram sopro
⇒ Quadril estreito cardíaco (sopro sistólico +/+6 no foco mitral e sopro sistóli-
co +2/+6 nos focos mitral e aórtico), ambos sem outras re-
6) Índice squélico (IS) Manouvrier percussões clínicas ou hemodinâmicas detectadas ao exame.
(Estatura – Alt. troncocef.) x 100 Na avaliação cutânea foram observados quatro pacientes
I.S. =
com onicomicose em unhas de pés, dois com micoses inter-
(Alt. troncocef.)
digitais em pés, dois com ptiríase versicolor em tronco e dor-
(172,3 – 89,2) x 100 so.
= 93,16
89,2 = 93,16 Na avaliação psiquiátrica observou-se que dentre os 11
atletas, 3 não puderam ser avaliados por ser analfabetos ou
ter muita dificuldade em ler e escrever. A pontuação máxi-
Braquisquélico (MI curtos) até 84,9
Mesaquisquélico (MI médios) 85 a 89,9
ma entre os oito atletas avaliados foi de 14, portanto sem
Macrosquelético (MI longos) 90 > qualquer significância clínica para sintomatologia depressi-
va. Apoiando ainda mais essa ausência de significância está
⇒ Macrosquélico o fato de que cinco entre oito atletas fizeram pontuação abaixo
de 5.
7) Índice córmico (IC) Na avaliação eletrocardiográfica observou-se: bradicardia,
Alt. troncocefálica x 100 sem alterações significativas de patologia. Observou-se igual-
IC =
IC = Alt. troncocef. mente aumento do complexo QRS, indicando aumento uni-
forme de câmaras.
89,2 x 100 Nos testes de avaliação do condicionamento físico através
= 51,7
172,3 = 51,7 dos testes de Ruffier e Harvard-Step, foram obtidos os resul-
tados da tabela 3.
Giuffrida-Ruggeri Vallois-Brugsch O estudo da densitometria mineral óssea feito através da
densitometria por raios X revelou que a DMO foi normal na
Homem Mulher Homem Mulher
coluna lombar em 8 atletas e no colo de fêmur em 11. Dois
Braquicórmico até 51,0 até 52,0 até 50,9 até 51,4
atletas apresentavam osteopenia em coluna lombar e 1, os-
Metricórmico 51,1 a 53,0 52,1 a 54,0 51,0 a 52,9 51,5 a 52,0
Macrocórmico > 53,1 > 54,1 > 53,0 > 52,1 teopenia em ambos os sítios estudados. O impacto provoca-
do pela prática da corrida funciona como estímulo mecânico
⇒ Metricórmico para remodelação e aquisição de massa óssea, o que aconte-
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AVALIAÇÃO DE ATLETAS: METODOLOGIA DO GRUPO DE MEDICINA ESPORTIVA DO IOT/HC-FMUSP
TABELA 1
Medidas de flexibilidade
Atleta AML AS CC JBN JCS JMGA JMIS JRAR LRC RAVL SFA med. nl
coluna
schober-like 15/15,3 16/19,5 14,0/17 12,0/16 12/15,5 11,5/13,5 13,0/16 12,0/13 13,0/15 13/15,5 11,5/15
flexão ott 30/33,2 30/32,5 30,0/33 30/31,5 30,0/33 30,0/33 30,0/31 30,0/33 30,0/31 30/32,5 30/33,5
flex. schober 10,0/20 10/15,5 10,0/15 10,0/14 10,0/14 10/14,5 10/15,5 10,0/14 10/14,5 10,0/14 10,0/16
flex. cervic. 44 66 51 41 49 67 60 40 58 49 62 53,4 65
ext. cervic. 32 54 87 70 83 75 80 79 79 85 74 72,5 50
incl. cerv. D 58 50 36 47 26 35 42 25 36 40 55 40,9 40
incl. cerv. E 54 30 36 41 35 33 44 18 34 41 48 37,6 40
rot. cerv. D 92 60 70 70 87 83 79 84 70 66 80 77 55
rot. cerv. E 82 80 74 70 73 86 81 90 75 69 84 78,5 55
incl. tron. D 48 38 36 42 36 43 35 43 40 42 42 40,5 40
incl. tron. E 50 38 38 41 38 43 40 41 42 44 50 42,3 40
rot. tron. D 54 58 65 67 51 65 60 55 60 59 60 59,5 35
rot. tronc. E 40 60 66 68 52 55 61 53 64 57 60 57,8 35
ombro
flexão D 192 165 175 180 187 175 173 164 182 170 166 175,4 180
flexão E 192 156 176 180 186 174 172 166 180 168 170 174,5 180
extensão D 60 60 68 64 62 69 61 62 51 61 64 62,0 45
extensão E 60 55 68 64 58 63 62 67 49 61 60 60,6 45
abdução D 180 180 180 180 180 180 180 180 180 180 180 180,0 180
abdução E 180 180 180 180 180 180 180 180 180 180 180 180,0 180
adução D 30 20 45 29 38 45 30 35 30 38 20 32,7 40
adução E 32 20 44 30 37 47 30 32 33 38 20 33,0 40
rot. int. 0º D 90 90 90 90 90 90 90 90 90 90 90 90,0 90
rot. int. 0º E 90 90 90 90 90 90 90 90 90 90 90 90,0 90
rot. ext. 0º D 72 82 70 77 68 94 46 66 53 64 76 69,8 90
rot. ext. 0º E 70 80 71 79 75 82 50 60 51 70 76 69,5 90
rot. int. 90º D 76 45 46 60 58 59 54 67 56 68 52 58,3 90
rot. int. 90º E 70 45 46 53 47 55 52 63 55 75 50 55,5 90
rot. ext. 90º D 80 85 105 88 110 96 84 95 89 90 88 91,8 90
rot. ext. 90º E 78 90 105 102 112 98 85 102 89 90 86 94,3 90
cotovelo
flexão D 136 148 140 138 147 156 140 148 145 140 145 143,9 145
flexão E 138 148 144 140 140 154 140 150 144 141 148 144,3 145
extensão D 2 0 8 7 0 0 12 0 0 –8 0 1,9 0
extensão E 0 0 6 4 0 0 12 0 2 –5 0 1,7 0
punho
flexão D 58 80 75 80 77 79 72 76 83 80 76 76,0 90
flexão E 70 76 73 70 80 70 75 74 70 80 68 73,3 90
extensão D 74 56 68 60 72 79 50 57 67 68 58 64,5 70
extensão E 82 80 72 60 56 84 59 64 65 65 60 67,9 70
incl. uln. D 46 40 39 41 33 55 38 52 44 40 40 42,5 45
incl. uln. E 42 42 34 42 30 55 27 48 30 38 30 38,0 45
incl. rad. D 20 5 27 11 24 24 14 9 15 15 15 16,3 20
incl. rad. E 22 25 23 10 8 36 14 20 14 16 24 19,3 20
pronação D 78 74 75 68 61 75 80 69 66 70 71 71,5 90
pronação E 72 72 74 65 70 75 86 64 71 72 69 71,8 90
supinação D 84 90 87 73 92 86 90 92 90 93 90 87,9 90
supinação E 82 90 90 83 88 88 85 94 90 97 90 88,8 90
TABELA 1 (continuação)
quadril
flexão D 92 101 121 125 122 128 112 116 120 125 113 115,9 125
flexão E 90 101 116 125 126 132 118 124 123 125 120 118,2 125
extensão D 2 30 30 45 31 27 22 50 26 28 32,7 10
extensão E –4 32 32 34 31 25 22 54 26 22 30,6 10
abdução D 60 50 64 53 55 44 66 54 65 62 45 56,2 45
abdução E 56 45 66 53 59 45 62 47 70 59 53 55,9 45
adução D 26 22 19 24 34 32 24 37 27 20 22 26,1 15
adução E 26 22 21 24 42 36 26 40 28 27 26 28,9 15
rot. int. D 28 25 29 29 39 42 35 32 30 36 34 32,6 45
rot. int. E 54 25 26 23 15 43 26 23 29 32 28 29,5 45
rot. ext. D 34 38 30 34 23 26 22 26 40 28 38 30,8 45
rot. ext. E 20 38 35 30 21 39 34 42 37 29 35 32,7 45
joelho
flexão D 146 146 144 144 138 143 145 135 144 140 140 142,3 140
flexão E 144 140 143 142 139 149 143 140 144 133 142 141,7 140
extensão D –2 0 0 –10 –12 0 0 0 0 0 0 –2,2 0
extensão E –2 0 0 –12 –9 0 0 0 0 0 0 –2,1 0
tornozelo
flex. plan. D 34 48 49 44 36 46 52 48 57 50 32 45,1 45
flex. plan. E 52 50 52 45 36 41 42 47 50 49 40 45,8 45
flex. dors. D 16 20 24 16 18 25 17 23 15 12 17 18,5 20
flex. dors. E 10 18 17 16 22 29 15 18 17 11 20 17,5 20
passivo
flex. sup. joe. D 148 158 145 147 156 159 145 150 152 146 150 150,5
flex. sup. joe. E 150 148 143 148 155 156 146 150 152 149 153 150,0
flex. quad. D 88 88 80 90 99 92 110 74 98 86 108 92,1
flex. quad. E 88 82 77 90 103 92 114 81 102 87 93 91,7
ext. quad. D 32 45 40 41 65 50 45 49 36 38 40 43,7
ext. quad. E 30 38 40 43 64 45 46 47 36 40 43 42,9
TABELA 2
Nutrientes Média/desvio-padrão Adequação ceu na maioria dos atletas, com valor de densidade mineral
acima da média da população normal.
≥ 90 ≤ 90
Na análise laboratorial dos atletas não observamos nenhum
Calorias (Kcal) 3.089,73 ± 862,090. 073 27
Proteínas (g) 123,76 ± 62,100 100 –
caso de anemia. Apenas um atleta apresentou hematúria,
Carboidratos (g) 479,24 ± 160,42 091 09 podendo ser decorrente do próprio treinamento. As enzimas
Lipídios (g) 90,57 ± 30,99 055 45 estavam aumentadas em grande parte dos atletas: CPK em
Cálcio (mg) 953,03 ± 294,04 082 18
73% dos atletas, TGP e DHL em 46%, TGO e gama-GT em
Fósforo (mg) 1.722,94 ± 591,290. 100 –
Magnésio (mg) 300,55 ± 133,72 055 45 9%. Apenas um atleta apresentou aumento discreto no coles-
Ferro (mg) 22,34 ± 6,930 100 – terol total(15).
Zinco (mg) 11,43 ± 5,760 027 73 Nas avaliações cintilográficas foram observadas alterações
Vitamina C (mg) 298,01 ± 267,46 082 18
em três exames: lesão em partes moles da face medial de
terço médio da perna direita; lesão osteodegenerativa em joe-
Modalidade Distribuição calórica BIA IMC Somatório
(média) % gordura de pregas lho esquerdo; e fraturas de estresse em ambas as tíbias e si-
nais de sinusiopatia.
PTN CHO LIP Média/DP Média/DP Média/DP
Nos testes de pista foram encontrados os resultados da ta-
Maratona 16,02 62,04 26,38 15,74 ± 3,38 20,91 ± 1,15 29,06 ± 12,11
bela 4.
934 Rev Bras Ortop _ Vol. 32, Nº 12 – Dezembro, 1997
AVALIAÇÃO DE ATLETAS: METODOLOGIA DO GRUPO DE MEDICINA ESPORTIVA DO IOT/HC-FMUSP
TABELA 3
Testes de Ruffier e de Harvard
Ruffier Harvard
nacular lateral e tenossinovite do poplíteo também são fre- No estudo da flexibilidade, utilizamos como definição de
qüentes. flexibilidade a descrita por Dantas (1989): qualidade física
Outro fator importante a ser analisado é o equipamento do responsável pela execução voluntária de um movimento de
atleta: o calçado deve ter por característica fundamental a amplitude angular máxima, por uma articulação ou conjunto
capacidade de absorver o choque do contato repetitivo. O de articulações dentro dos limites morfológicos sem o risco
uniforme deve ser leve e confortável, permitindo movimen- de provocar lesões.
tação livre. Em média os valores em flexão e extensão cervical en-
Alongamento e aquecimento adequados são outros fatores contrados estão diminuídos, em relação aos valores normais
fundamentais na prevenção de lesões nesses atletas. previsíveis para sedentários(16), e aumentados em relação às
Nosso estudo mostra-se concordante com os dados de lite- medidas. Os demais valores obtidos para a coluna cervical
ratura, demonstrando a maior prevalência de lesões relacio- estão aumentados, principalmente as rotações cervicais e do
nadas a estresse repetitivo e localizadas preferencialmente tronco, segundo os autores.
nos membros inferiores. Os valores encontrados para o ombro foram diminuídos
Chamou-nos a atenção o período prolongado de recupera- para adução, rotação interna a 90º e externa a 0º. Os valores
ção, talvez tendo relação com as modalidades terapêuticas encontrados para extensão estão aumentados.
empregadas, sendo muito pequeno o uso do “repouso”. Jul- Para o punho encontramos todos os valores diminuídos,
gamos que a falta de recuperação adequada seria fator de principalmente os da pronação. Comparando estão aumenta-
cronificação da lesão. dos e normais comparados.
Um último dado a ser analisado é o grande número de Os demais valores, à exceção da rotação interna e rotação
retrações musculares em atletas de elite. Talvez esse achado externa, estão aumentados em relação aos autores consulta-
seja decorrente da falta de informação ao atleta dos benefí- dos.
cios do alongamento ou mesmo decorrente de treinamento As outras articulações pesquisadas apresentavam valores
incorreto. semelhantes aos encontrados na literatura.
Na avaliação antropométrica, notamos em todos os dados Na avaliação nutricional, notamos que a ingestão média
colhidos relativa homogeneidade, visto que os desvios-pa- de calorias (Kcal/dia) foi de 3.089,73 ± 862,09, sendo que
drões encontrados foram bastante discretos, levando-nos a 27% dos atletas não atingiram as recomendações dietéticas
interpretar que o grupo por nós avaliado é bastante uniforme preconizadas. Quanto à distribuição de nutrientes, carboi-
em sua composição corporal. dratos, lípides e proteínas sobre o valor calórico total (VCT),
Nossos resultados comparados com alguns dados coleta- observou-se que a dieta desse grupo apresentou-se normo-
dos entre maratonistas olímpicos mostram-se dentro da mé- glicídica, normolipídica e normoprotéica. Constatou-se que
dia de peso e estatura: 81,8% dos atletas avaliados utilizam os carboidratos como
fonte energética em quantidade maior ou igual a 50% do VCT,
Olimpíada Amsterdã Roma Tóquio México Munique Montreal o que está de acordo com o recomendado para favorecer a
de: 1928 1960 1964 1968 1972 1976 reposição de glicogênio muscular. Por outro lado, devem-se
Estatura 166,1 168,3 170,3 168,7 170,0 172,0 evitar alimentos que provoquem descarga de insulina acen-
Peso 059,6 060,2 060,8 056,6 070,2 060,8 tuada, como os carboidratos simples (por exemplo: glicose),
(Ross, W.D., 1978) preferindo-se os açúcares complexos, do tipo amido e dex-
trinas.
Constatamos que o perfil antropométrico dos atletas ob- Em relação à ingestão média de cálcio, 82% dos atletas
servados, através dos índices calculados, seria o ectomórfi- atingiram recomendações nutricionais, enquanto que para o
co-mesomorfo, ou seja, os maratonistas seriam longilíneos, fósforo, 100%. Pelo suor, há perda de sódio, cloreto, potás-
com predominância do comprimento de membros e, em se- sio, magnésio e cálcio. A falta desses eletrólitos pode provo-
gundo plano, o fator força muscular e estrutura óssea. car o aparecimento de cãibras musculares e outros distúr-
Resta uma questão a ser discutida no final da análise dos bios, com sérios prejuízos ao rendimento do atleta.
500 atletas: será que esse grupo é relativamente homogêneo Quanto ao ferro e zinco, 100% e 27%, respectivamente,
devido à seleção natural em função da atividade exercida dos atletas atingiram as recomendações desses nutrientes.
(maratona) ou simplesmente acaso? Cabe considerar que o zinco, em especial, é fundamental para
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AVALIAÇÃO DE ATLETAS: METODOLOGIA DO GRUPO DE MEDICINA ESPORTIVA DO IOT/HC-FMUSP
que ocorra síntese protéica e o ferro para o transporte de elé- Para avaliar quem não pode preencher uma escala auto-apli-
trons na cadeia respiratória. Quanto ao índice de massa cor- cável existem outras escalas, não utilizadas neste estudo.
poral (IMC), 27% da amostra encontraram-se abaixo do pa- Apesar de essa limitação não ser incomum nessa modalida-
drão de normalidade (20 a 25kg/m2), com a percentagem res- de esportiva, entre os mais jovens (quase 200 atletas avalia-
tante dentro da faixa de normalidade. dos até o momento, 35 de atletismo), nenhuma avaliação
Em relação à percentagem de gordura obtida pela avalia- deixou de ser realizada por essa razão.
ção da composição corporal, pelo método de bioimpedância Se nos baseássemos apenas nessa pequena amostra, sería-
elétrica, 36% da amostra mostraram-se acima dos valores mos obrigados a reforçar a hipótese de que atletas não neces-
recomendados para essa modalidade (17%). sitam de atenção psiquiátrica, pois apresentaram sintomato-
A avaliação clínica demonstrou que, apesar de os atletas logia depressiva clinicamente insignificante. No entanto, o
não apresentarem patologias importantes, observou-se que fato de estarmos estudando apenas um tipo de alteração psi-
possuem alterações observáveis decorrentes de situações quiátrica, assim como o tamanho da amostra estudada, são
como falta de higiene adequada (dermatomicoses). limites claros a essa conclusão. Reforçando essas limitações
Em relação à avaliação psiquiátrica, partimos do pressu- está o fato de que, no estudo que vem sendo realizado com a
posto de que a participação de um psiquiatra num grupo de população mais jovem, vários atletas têm apresentado sinto-
medicina esportiva é algo novo e, até hoje, considerado de matologia depressiva significativa(18).
pouca valia. Consideramos que a participação desse especia- As observações eletrocardiográficas encontradas são com-
lista poderia ser útil em vários pontos, como, por exemplo, patíveis com o tipo de treinamento esportivo ao qual os atle-
detecção e tratamento de síndromes psiquiátricas, detecção tas são submetidos.
de talentos, avaliação de personalidade (observando aspec- Analisando os resultados dos testes de Ruffier e Harvard
tos relevantes para a atividade esportiva, como capacidade observamos que houve uma relação bastante significativa
de liderança, agressividade, extroversão, etc.), supervisão psi- entre eles. Assim, os atletas com os melhores índices de Ruf-
codinâmica para a comissão técnica, terapia de apoio em atle- fier obtiveram os melhores índices de Harvard (–1,1 →
tas lesionados ou com outros problemas, etc. 227,27), (0 → 202,02) e os atletas piores também (3,2 →
O trabalho que vem sendo realizado no Grupo de Medici- 136,36), (3,4 → 165,28) (tabela 3). O que demonstra que
na Esportiva do HC-FMUSP tem como objetivo verificar um para esse tipo de esporte (maratona) os dois testes levam a
dos pontos em que a participação desse especialista pode ser resultados semelhantes e podem ser utilizados em conjunto
útil. Parte da idéia de que, caso se comprove que atletas po- ou isoladamente.
dem apresentar sintomatologia psiquiátrica significativa, que Sabemos, no entanto, que em outros esportes o Ruffier
prejudique sua performance, a participação do especialista nos dá mais informações sobre a evolução do condiciona-
na equipe viria a ajudar em sua preparação. mento orgânico dos atletas e o Harvard nos fornece com
Com esse objetivo montou-se o projeto de avaliação de melhor exatidão suas condições de momento.
sintomatologia depressiva em atletas adolescentes. Escolheu- Sabemos, outrossim, que para atletas jovens os resultados
se a sintomatologia depressiva por sua freqüência (taxas de dos dois testes são menos concordantes do que para atletas já
prevalência para toda a vida de 8% em homens e 12% em formados.
mulheres)(1), pela natureza dos sintomas, os quais claramen- Sabemos também que são testes com limitações acentua-
te prejudicam a performance esportiva, e pelo fato de haver das em relação ao teste de ergoespirometria com dosagem de
uma escala de depressão auto-aplicável para crianças e ado- lactato. No entanto, pela sua simplicidade e pelo fato de po-
lescentes amplamente utilizada (CDI)(12), pois não haveria derem ser executados em qualquer lugar e a qualquer mo-
possibilidade de entrevistar separadamente cada um dos atle- mento, são bastante úteis e podem ser perfeitamente utiliza-
tas avaliados. dos para avaliar a grande massa de atletas que se submetem
Quanto aos 11 maratonistas estudados, o fato de 3 não te- a treinamentos intensos, sem qualquer controle.
rem podido preencher o questionário limitou ainda mais uma Na análise densitométrica notou-se que os efeitos da ativi-
amostra já pequena. Teria sido fácil colocar ao lado de cada dade física no esqueleto humano vêm sendo estudados(6,21,22)
uma pessoa que lesse e anotasse suas respostas, mas não existe com interesse crescente. A literatura demonstra que a ativi-
validação para que essa escala seja utilizada dessa maneira. dade física praticada por adultos de maneira regular pode
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J.G. CARAZZATO, M. AMBRÓSIO, L. CÂMPELO ET AL.
ajudar a manter a integridade esquelética por toda a vida e Sabe-se também que o exercício físico vigoroso pode in-
possivelmente reduz o risco de fratura a longo termo(4). A duzir alterações no sistema imunológico. Quarenta e seis por
avaliação inicial do metabolismo ósseo nesses atletas foi exe- cento dos atletas apresentavam leucopenia leve, sem reper-
cutada através da dosagem de cálcio, fósforo, fosfatase alca- cussão clínica, vista em geral através de quadros infecciosos
lina e relação cálcio/creatinina urinária, todos dentro dos de vias aéreas(19).
valores esperados. Porém, para se estudar melhor o turnover Em um atleta encontramos caso isolado de plaquetopenia,
ósseo desses atletas, está programada para uma etapa poste- que está sendo considerado como patológico e encontra-se
rior a realização dos marcadores bioquímicos de formação e em observação.
os de reabsorção. O impacto provocado pela prática da corri- Os demais achados coincidem com os encontrados na lite-
da funciona como estímulo mecânico para o remodelação e ratura, mostrando que os exercícios de resistência com alto
aquisição de massa óssea, que foi o que aconteceu na maio- volume de treinamento, como as corridas de fundo, podem
ria dos atletas, com valores de densidade mineral acima da levar a várias alterações detectáveis à cintilografia óssea.
média da população normal. Os achados de osteopenia em 3 Cabe destacar que nenhum dos atletas apresentava queixa
atletas podem refletir a influência do chamado “pico de massa clínica compatível com seu quadro cintilográfico, ressaltan-
óssea”, quantidade de tecido ósseo presente no final da ma- do assim o valor deste exame.
turação esquelética. Como já foi mostrado nos resultados, Quanto aos testes de pista, os atletas foram submetidos a
esses atletas iniciaram o treino intensivo após a adolescên- dois tipos de impulsão (vertical e horizontal) tomados em
cia, quando cerca de 97% da massa óssea já foram adquiri- centímetros e três tipos de provas com corridas (50 metros,
dos(23). Possivelmente, esses atletas já apresentavam osteo- 40 segundos e shuttle run de 9 metros).
penia quando entraram na vida adulta. Esse achado demons- Nos testes de impulsão verificamos correlação na maioria
tra a importância de realizar-se essa avaliação especialmen- dos casos. Assim, a melhor impulsão vertical de 49,5cm apre-
te nos atletas jovens, com a maturação esquelética em anda- sentou a melhor impulsão horizontal de 2,60m. As impul-
mento e, portanto, com maior possibilidade de intervenção. sões verticais de 39,5cm até 36,5cm tiveram impulsão verti-
Com relação aos dados de composição corporal pela den- cal acima de dois metros. Verificamos ainda que as impul-
sitometria, não houve surpresa. Os atletas encontram-se com sões verticais iguais ou abaixo de 36cm têm impulsão hori-
uma relação massa magra/massa gorda adequada e corres- zontal igual ou abaixo de 1,88m.
pondente a sua prática esportiva. Já nas provas de velocidade não encontramos correlação
entre os três testes, o que nos parece lógico, pois estamos
Em relação ao achados laboratoriais e cintilográficos, ob-
discutindo valores de maratonistas, os quais terão suas ca-
servamos que os dados indicam a presença de lesões de su-
racterísticas mais condizentes em testes de resistência.
pertreinamento em grande parte dos atletas.
É sabido que o treinamento físico em excesso pode levar a CONCLUSÃO
várias alterações físicas e orgânicas para o atleta. De forma Na avaliação de 11 atletas de alto nível praticantes da
geral, essas alterações são tidas como parte do fenômeno de maratona, utilizando-se da metodologia do Grupo de Medi-
adaptação do organismo ao estímulo do exercício. Quando cina Esportiva do IOT/HC-FMUSP para estudo de 500 atle-
não existem condições de recuperação adequadas, essas al- tas jovens de 10 esportes, constando de questionários geral e
terações podem levar ao que geralmente é chamado de sín- ortopédico, avaliações antropométricas, de flexibilidade,
drome de supertreinamento(14). nutricional, clínica e psiquiátrica, somadas à avaliação ele-
Na verdade, o atleta pode apresentar várias alterações físi- trocardiográfica, laboratorial, de densitometria e outros, além
cas, bioquímicas, psicológicas ou em sua performance, de- de testes de condicionamento cardiorrespiratório e de pista,
pendendo do mecanismo, do tipo e da intensidade de treina- verificamos que o protocolo foi facilmente aplicado, obten-
mento, de fatores externos (calçados, temperatura, umidade) do em seus diferentes itens informações suficientes para que
e da própria estrutura de adaptação do indivíduo ao estímulo os integrantes de um grupo de medicina esportiva possam
provocado(13,17). promover avaliações iniciais e de controle que visem detec-
Em indivíduos submetidos a atividade de resistência, são tar distúrbios, quantificar índices e estabelecer condições para
observados fenômenos como anemia por microtrauma e he- um treinamento equilibrado, levando os atletas a constante
mólise, hematúria, alterações enzimáticas e hormonais. aprimoramento, indispensável aos grandes resultados.
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