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O Direito À Morte Digna PDF
O Direito À Morte Digna PDF
RESUMO: O avanço da medicina trouxe imenso benefício à espécie humana. Não se morre
mais por doenças que, em alguns anos atrás, eram letais. Contudo, esses mesmos avanços científicos
proporcionaram efeitos negativos, principalmente no tocante ao “processo de morrer” que se tornou
cada vez mais penoso, graças à implantação de novas tecnologias que permitem adiar a morte por
tempo indeterminado. Nesse contexto, é cada vez mais comum referir-se ao direito de morrer
dignamente em casos nos quais os pacientes se encontram em fase terminal, cujo processo de morrer
pode se prolongar indefinidamente. Diante disso, discute-se a possibilidade do ser humano dispor de
sua vida, quando sua manutenção está prejudicada ou limitada pelo tempo, como no caso de doenças
incuráveis ou quadro médico irreversível. Quando se apresenta ao profissional um caso assim, ele se
vê diante de um dos maiores dilemas bioéticos atuais, se é mais digno e humano manter o paciente
vivo a qualquer custo ou abreviar seu sofrimento. A ortotanásia se apresenta como o método mais
humanizado, vez que permite a pessoa escolher sua morte da maneira que acha mais digna.
PALAVRAS-CHAVE: Direito Constitucional, dignidade humana, morte digna.
SUMMARY: The advancement of medicine has brought immense benefit to mankind. It does
not die again for diseases that in some years ago, were lethal. However, these same scientific advances
have provided negative effects, especially regarding the "dying process" that has become increasingly
painful, thanks to the deployment of new technologies to postpone death indefinitely. In this context, it
is increasingly common to refer to the right to die with dignity in cases where patients are terminally
ill, whose dying process can last indefinitely. Therefore, we discuss the possibility of the human being
have his life when maintenance is impaired or limited by time, as in the case of incurable diseases or
irreversible medical condition. When presented to the professional a case, he finds himself facing one
of the greatest current bioethical dilemmas, it is more dignified, humane keep the patient alive at all
costs or shorten their suffering. The orthothanasia presents itself as the most humane method, as it
allows the person to choose his death the way you find most worthy.
KEYWORDS: Constitutional rights, human dignity, dignified death.
1. Notas introdutórias
O direito à vida é o principal direito fundamental protegido pela Constituição Federal. É a partir
dele que os demais poderão ser exercidos pelo indivíduo plenamente.
Após as guerras mundiais e os horrores do holocausto se fez necessário que as nações se
reunissem para firmar a proteção a dignidade da pessoa humana por meio de tratados, e são neste que
se encontram, principalmente, a tutela da vida humana.
Objetivando garantir o cumprimento de tal direito, de todas as formas possíveis, a tecnologia
médica tem avançado e o ser humano tem sua vida prolongada cada vez mais, pelas mais variadas
técnicas de suporte à saúde, tratamentos à doenças e terapêuticas reparadoras. Desta forma, tem se
conseguido evitar, por mais tempo, a única dívida que todo homem possui desde seu nascimento, a
morte.
Mas até que ponto a manutenção desmedida da vida de uma pessoa é de fato o cumprimento de
seus direitos e de sua dignidade? A imposição de tratamentos médicos a um indivíduo cuja doença foi
comprovadamente tida como terminal, incurável, fazendo-o com que esta pessoa sofra com dores, por
alguns dias a mais de vida, é garantia de sua dignidade?
Diante destas interrogações, conhecer o conceito e histórico da morte e as implicações legais que
dela derivam, bem como a análise do que se trata o princípio da dignidade da pessoa humana,
autonomia da vontade e as formas de abreviação da vida de um indivíduo que possui doença incurável.
E diante disto, avaliar as melhores possibilidades de morrer que seja tão digna quanto à de viver.
2. Conceito de Morte
Os direitos do ser humano no Brasil iniciam-se com o nascimento com vida, conquanto muitos só
possam ser exercidos com a maioridade civil e com o indivíduo em sua plena capacidade para tal.
Esses direitos cessam com a morte da pessoa natural ou com a declaração de sua ausência, conforme
se verifica interpretando o artigo 6º do Código Civil[1].
A medicina determina a morte de uma pessoa com o fim de sua atividade neural, sem que seja
possível a reversão deste quadro, mesmo que os demais sistemas anatômicos estejam em pleno
funcionamento (respiratório, circulatório, etc) (FAUSTINO, 2008). O sistema neurológico acarreta a
morte dos demais em atividade, sua paralisação, consequentemente levará a dos outros.
A morte encefálica consiste, assim, na parada definitiva e irreversível do encéfalo (cérebro e
tronco cerebral), onde se situam as estruturas responsáveis pela manutenção dos processos vitais
autônomo, como a pressão arterial e a função respiratória, provocando a falência de todo o organismo
em questão de tempo. Quando isso ocorre, a parada cardíaca é inevitável. (PESSOA, 2011:33)
O ordenamento jurídico brasileiro, se utiliza do conceito de morte retromencionado, para
determinar o fim da personalidade civil do ser humano. No presente artigo, tem-se que a morte real do
indivíduo (primeira parte do artigo 6º do Código Civil) é caracterizada pelo término da existência da
pessoa natural, com fim da possibilidade de adquirir direitos e contrair obrigações.
Logo é possível observar que definição da morte é idêntica para a medicina e para o direito, ou
seja, o fim das atividades cerebrais determina que a pessoa pusesse termo a sua existência biológica e
jurídica.
Em qualquer lugar do mundo, nascer ou morrer, são situações complexas e que geram inúmeras
discussões no campo religioso, jurídico, moral, etc. Em nosso país não é diferente, não obstante ser um
Estado laico, ou seja, que tem uma posição neutra no campo religioso, conforme disposição
constitucional do artigo 5º, inciso VI[2].
Assim, torna-se de fundamental importância, abordar sobre o prisma histórico-religioso a
concepção da morte, de como algumas religiões encaravam e encaram até hoje este tema emblemático,
o que para cada uma significa morrer dignamente.
Nas diversas concepções da morte, o defunto não morre definitivamente, mas adquire apenas um
modo elementar de existência; é uma regressão, não extinção final. Na expectativa de retorno ao
circuito cósmico (transmigração) ou de libertação definitiva (ELIADE, 2002:161).
Na Grécia antiga, onde prevalecia o politeísmo, a morte era vista como um processo, que ia
desde o momento em que a pessoa está morrendo (doença, ferimentos, etc.) até seu sepultamento. O
indivíduo perdia sua individualidade e se transformava para incorporar-se ao cosmos (SANTOS,
2010).
Na Roma Antiga, ainda incursa na religião politeísta, a morte inseria o ser humano entre os
homens e os deuses. Suas almas eram consideradas perigosas, por isso o Estado Romano impunha aos
familiares do morto um regulamento que os obrigava a realizar os ritos funerários e o sepultamento
deste, a fim de aquietar a alma do defunto (BUSTAMANTE, 2011). Posteriormente, quando surge a
Roma Cristã, surge a concepção da ressurreição da alma, para tanto o homem deve cuidar e honrar o
corpo terreno, sendo a morte o final de sua jornada terrestre (HENRIQUES, 2014).
Na idade média, a morte era algo natural, era recebida com simplicidade, ou seja, havia uma
aceitação no final da vida. Ao final deste período, a morte já passou a ser vista com outros olhos, de
forma que a morte deixa de ser algo que colocava um fim a vida, pois com esta morte, a pessoa
deixava “coisas” para trás, não era apenas uma vida que se encerrava, e sim toda uma construção que
ficava, surge assim um romance pela vida, a vida passava a ter valor.
A religião Católica Moderna posiciona-se favorável no sentido de dar um fim ao sofrimento da
pessoa, porém não quer dizer que realizar a eutanásia em uma pessoa é o modo correto de se agir, esta
igreja aceita a chamada morte encefálica e não a eutanásia, segundo seus religiosos, a pessoa deve
estar preparada para a morte, ou seja, não seria aceito o fato da pessoa estar inconsciente, impedindo
assim que o mesmo tenha o preparo necessário para a morte. O fato de a igreja pregar que o ser
humano foi criado A imagem e semelhança de Deus faz menção ao fato de que Deus é o dono da vida,
a pessoa humana é apenas um administrador do corpo e da alma, não podendo ser escolhido morrer de
meios diversos ao natural que Deus permite. Para Gonçalves, “a vida não é um bem absoluto que deva
ser preservada a todo custo”. (GONÇALVES, 2006: 135).
Os Protestantes, comumente conhecidos por Evangélicos, encaram a morte de maneira mais
natural, inclusive por não realizar rituais fúnebres como a maioria das religiões. Desde que o morto
tenha aceitado a Jesus antes de morrer, o Protestantismo entende que estará salvo (RIBEIRO, 2013).
Através desta concepção da morte como o fim natural do homem, é possível vislumbrar que os fiéis
desta vertente religiosa não aceitam a abreviação da vida pelo ser humano, pois para eles apenas o seu
Deus decide o destino final dos seres.
O Budismo acredita que todos que nascem um dia irão morrer, porém tal religião acredita
também na reencarnação. O fato de interromper a vida adiantando a morte, interfere no processo, pois
o morte para eles é algo que se repetirá por muitas vezes, representado pela Roda da Vida, até que o
indivíduo alcance o estágio de libertação espiritual (HENRIQUES, 2014).
O Espiritismo acredita na reencarnação[3], portanto para seus seguidores o a pessoa não
morre, desencarna, sendo a morte uma mera passagem entre mundos (FERREIRA, 2008). O
Evangelho Segundo o Espiritismo trata da abreviação da vida, não aceitando esta possibilidade, pois é
através das experiências que o espírito cresce, inclusive próximo a morte (KARDEC, 1869).
Não há dúvidas que cada religião lidam com a morte a sua maneira, com seus rituais próprios ou
sem qualquer destes. Mas foi possível verificar que nenhuma delas aceita abreviação da vida por
desígnio humano, ou seja, as vias de morrer ou na agonia da morte o homem deve vivenciá-las até o
“último suspiro de vida”.
O princípio da autonomia é o que dá à pessoa, direito de decidir sobre sua própria vida, sobre a
submissão, ou não, a tratamento ou pesquisas médico-científicas. Marcelo Dias Varella, Eliana Fontes
e Fernando Galvão da Rocha definem o princípio da autonomia da seguinte maneira:
[...] refere-se à capacidade de autogoverno do homem, de tomar suas próprias decisões, de o
cientista saber ponderar, avaliar e decidir sobre qual método ou qual rumo deve dar a suas pesquisas
para atingir os fins desejados, sobre o delineamento dos valores morais aceitos e de o paciente se
sujeitar àquelas experiências, ser objeto de estudo, utilizar uma nova droga em fase de testes, por
exemplo. O centro das decisões deve deixar de ser apenas o médico, e passar a ser o médico em
conjunto com o paciente, relativizando as relações existentes entre os sujeitos participantes [...].
(VARELA, FONTES, ROCHA, 1998: 228).
Mas tal princípio jamais poderão olvidar da dignidade da pessoa humana. Princípio matriz e
erradiador de todos os demais direitos. Ingo Wolfganf Sarlet preleciona que:
Com o reconhecimento expresso, no título dos princípios fundamentais, da dignidade da pessoa
humana como um dos fundamentos do nosso Estado democrático (e social) de Direito (art. 1º, inc. III
da CF), o constituinte de 1987/88, além de ter tomado uma decisão fundamental a respeito do sentido,
da finalidade e da justificação do exercício do poder estatal e do próprio Estado, reconheceu
expressamente que é o Estado que existe em função da pessoa humana, e não o contrário, já que o
homem constitui a finalidade precípua e não o meio da atividade estatal. (SARLET, 2001: 102-103)
No mesmo sentido, Adeli Garcia Matias diz que:
“A dignidade, como dito, significa também a possibilidade de desenvolvimento da personalidade
do sujeito e é aí que se insere a conexão entre ela e a liberdade, no sentido de seguir sua vida conforme
desejar” (MATIAS, 2004: 39).
Também é necessário ressaltar que a autonomia da vontade está intimamente ligada à bioética,
que tem como objetivo analisar se as técnicas utilizadas nas relações médicos/pacientes ferem o direito
do ser humano, seja moral, físico ou psicológico.
Cabe ao médico informar ao seu paciente tudo que engloba o seu tratamento. Depois disso,
incumbe o paciente fazer a sua escolha. Ronald Dworkin assevera que:
“A concepção de autonomia centrada na integridade não pressupõe que as pessoas competentes
tenhas valores coerentes, ou que façam as melhores escolhas, ou que sempre levem vidas estruturadas
e reflexivas.
...
A autonomia estimula a capacidade geral das pessoas de conduzir suas vidas de acordo com uma
concepção individual de seu próprio caráter, uma percepção do que é importante para elas”
(DWORKIN, 2009: 319)
Assim, deve ser respeitado o direito do paciente terminal, de postergar ou não sua própria vida,
se deseja ou não se submeter a tratamento agressivo, degradante, de alto sofrimento.
Ronald Dworkin aborda o assunto com brilhantismo:
“O fato de estar ou não entre os direitos fundamentais de uma pessoa ter um final de vida de um
jeito ou de outro depende de tantas outras coisas que lhe são essenciais – a forma e o caráter de sua
vida, seu sendo de integridade e seus interesses críticos - que não se pode esperar que uma decisão
coletiva uniforme sirva a todos da mesma maneira” (DWORKIN, 2009: 301)
Diante do exposto, tem-se que é legítimo ao paciente terminal através do principio da autonomia
da vontade decidir se deseja prolongar ou não sua vida.
A bioética é o campo que estuda as questões morais na seara das ciências biológicas e da saúde,
como tratamentos e pesquisas que envolvam, principalmente, os seres humanos. Através de uma
perspectiva interdisciplinar procura resolver e entender dilemas éticos e valores humanos. (SILVA,
2008).
Um tema muito discutido nesta área é a possibilidade do ser humano dispor de sua vida, quando
sua manutenção está prejudicada ou limitada pelo tempo, como no caso de doenças incuráveis ou
quadro médico irreversível. Quando se apresenta ao profissional um caso assim, ele se vê diante de um
dos maiores dilemas bioéticos atuais, se é mais digno e humano manter o paciente vivo a qualquer
custo ou abreviar seu sofrimento.
A primeira solução que vêm à cabeça de muitos é o suicídio. No Brasil caso a pessoa decida por
fim a sua própria vida, suicidando-se, não cometerá crime algum, mesmo que não logre êxito em sua
empreitada. Porém, a ajuda moral ou material de terceiro ao suicida é um delito, inserido no rol de
crimes contra a vida no artigo 122 do Código Penal[7], inclusive remetendo o autor ao Tribunal do
Júri[8]. É o chamado suicídio assistido.
Maria Helena Diniz “esclarece que o suicídio assistido é a hipótese em que a morte advém de ato
praticado pelo próprio paciente, orientado ou auxiliado por terceiro ou por medico.” (DINIZ,
2006:381).
Refutando esta alternativa tão agressiva ao corpo, existe outra, a eutanásia, que segundo o
dicionário Aurélio trata-se de “1. Morte serena, sem sofrimento. 2. Prática pela qual se busca
abreviar, sem dor ou sofrimento, a vida de um enfermo reconhecidamente incurável”. A eutanásia é
defendida por aqueles que acreditam na antecipação da morte como meio de acabarem com o
sofrimento de um doente terminal, cujo tratamento não traria resultados apenas mais dores.
[...] refere à prática de abreviar a vida do paciente incurável, poupando-o de dores. Outra forma
seria a morte de doente incurável, submetido à forte sofrimento e dor de caráter físico e/ou emocional,
causada por um terceiro movido por sentimento de compaixão e piedade em relação a este. Na
eutanásia a morte é deslocada de tempo e modo, ou seja, tem-se a morte antes da hora de modo
provocado objetivando ser de forma suave e indolor. (HÜBNER, 2013:14-15).
Temos ainda, a ortotanásia que consiste em um processo no qual o paciente terminal não terá sua
vida encerrada antecipadamente. Ocorre pela omissão dos profissionais da saúde e da família, em não
submeter o paciente a tratamentos invasivos e abusivos, que gerariam mais sofrimento sem perspectiva
de cura. Considerada mais humana pelos estudiosos e defensores da morte digna, a ortotanásia busca
amenizar as dores por meio de métodos paliativos (HÜBNER, 2013).
Difere da eutanásia, pois nesta há obrigatoriamente uma ação praticada que abreviaria a vida do
indivíduo (injeção de medicamento, por exemplo), enquanto naquela deixa-se a pessoa seguir o curso
natural de tempo até a morte, apenas diminuindo suas dores.
Outro conceito importante, na área da bioética, é o da distanásia. Método pelo qual a vida do
paciente é mantida qualquer custo, ou seja, “a tecnologia médica é usada para prolongar penosa e
inutilmente o processo de agonizar e morrer” (PESSINI, 2004).
Diante de tantas “soluções” para os casos de pacientes incuráveis, esta última não parece atender
ao Princípio da Dignidade da Pessoa Humana. Ao contrário, a imposição de intervenções médicas
abusivas para atender ao direito à vida, causando ao indivíduo mais sofrimento do que a doença em si
lhe proporciona, parece desumano.
A Constituição Federal defende o direito à vida, porém em momento algum veta que o indivíduo
disponha de sua vida da forma que desejar, ou seja, não criminaliza o suicídio, tão pouco penaliza
aquele que não queira tratar-se de uma enfermidade.
Mas, quando um indivíduo singular e determinado é o único titular do bem jurídico - e esse é o
caso da vida - sua possibilidade de disposição não pode sofrer qualquer limitação, aí incluída
naturalmente a disposição que resulta na própria destruição do objeto. (PESSOA, 2011:48-49).
A imposição da continuidade da vida de uma pessoa desenganada pela medicina, apenas com o
fim de se cumprir metas estatísticas fere profundamente o princípio da dignidade da pessoa humana.
Este princípio é que garante ao indivíduo autonomia de escolher como viver sua vida e, portanto, o
mesmo pode fazer quanto a sua morte. Verifica-se que a manutenção da vida de um indivíduo por
meio de técnicas, equipamentos e tratamentos fortíssimos, mesmo que sua qualidade de vida diminua é
desumana, e infringe completamente sua dignidade (CUNHA, 2012).
Evidente que a eutanásia e o suicídio assistido se mostram contrários as leis brasileiras, pois
exige uma ação por parte de terceiro, que abreviaria a vida de outrem. Mas, a distanásia não se mostra
a melhor opção, visto que fere direitos fundamentais e da personalidade, a imposição de tratamentos
inúteis e fúteis ao indivíduo cuja morte é certa.
Dito isto, parece mais humano e digno a adoção da ortotanásia aos pacientes que não desejam
prolongar sua vida, diante de uma morbidade incurável. Por não submeter o indivíduo a tratamentos
invasivos, apenas amenizando as dores e sintomas consequentes a doença.
8. Conclusão
Como se pode verificar o direito à vida é o mais importante direito que o homem possui, sendo
garantido pela Constituição Federal, além dos mais diversos tratados internacionais de direitos
humanos. Tornando praticamente impossível que indivíduo disponha deste direito como lhe convier,
sem esbarrar nas leis, ética e moral.
Diante de tão elevada proteção à vida, a morte se tornou um tabu, algo que deve ser evitado ao
máximo, não sendo mais vista como o fim natural de todos os seres vivos. As ciências médicas e a
tecnologia buscam cada vez mais procrastinar o final da existência de uma pessoa, muitas vezes sem
levar em consideração o desejo desta.
Ficou evidente, ainda, que a manutenção desmedida da vida de um doente terminal não lhe
garante seu direito à dignidade, ao contrário, não há virtude em prolongar a vida de alguém que sente
dores e tem de submeter a inúmeros tratamentos médicos.
Não se pode concordar, também, com a utilização da eutanásia e o suicídio assistido, que
afrontam o ordenamento jurídico brasileiro, vez que exige que terceiro abrevie a vida de outrem.
A distanásia, fere direitos fundamentais e de personalidade, impondo ao doente incurável
terapêuticas infrutíferas. Sem falar no sofrimento implacável imposto a todos os seus familiares.
A ortotanásia se apresenta como o método mais humano, que permite ao indivíduo uma morte
digna, com menos dores e sofrimento físico e psíquico. Permitindo que a vida e a morte sigam seu
curso natural, e que o ser humano aceite melhor a sua natureza perene.
9. Referentes Bibliográficas
Autores:
Wanderson Lago Vaz. Mestre em Direito (Cesumar). Professor da UNIPAR, campus Paranavaí
e da UNESPAR, campus Fafipa.
Bruna de Oliveira Andrade. Bacharelanda em Direito – UNIPAR, campus Paranavaí
(integrante do PIC – programa de iniciação cientifica).