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Universidade Federal do Rio Grande do Sul 08/02/2024

Faculdade de Ciências Econômicas


Departamento de Economia e Relações Internacionais

O Protagonismo das Associações de Migrantes Haitianos:


Lideranças Comunitárias Promovendo a Continuidade do
Fluxo Frente à Política Migratória Brasileira do Século XXI

Defesa de Trabalho de Conclusão de Curso


Autor: Gerson Carlos Soares da Silva Filho
Orientadora: Profa. Dra. Pâmela Marconatto Marques
JUSTIFICATIVA ACADÊMICA
• Migração haitiana corresponde ao segundo maior fluxo migratório que o Brasil recebeu
no século XXI
• Estudo que permite descentralizar o debate Estado-cêntrico e colocar luz nas lideranças
comunitárias
• Aproximação do prisma migratório a esses atores internacionais pouco explorados na
academia
• Abordagem pós-colonial permite uma reflexão pouco realizada sobre a Política Externa
Brasileira
• Necessidade de uma análise de RI que alie a categoria de raça ao estudo de migrações,
vide Joseph (2021) e Silva e Sá (2021)

JUSTIFICATIVA PESSOAL
• Identificação enquanto homem negro que migrou ao Sul do Brasil em busca de formação
acadêmica
SUMÁRIO
• 1 Introdução
• 2 Contextualização Histórica
• 2.1 Paradigma da Política Externa Brasileira (2004-2017)
• 2.2 Paradigma de Direitos Humanos (2017-2020)
• 2.3 Paradigma de Segurança (2020-2023)
• 3 Onde Estão as Associações de Haitianos no Brasil?
• 3.1 Sobre as Associações
• 3.2 O Mapeamento
• 3.3 Um Breve Diagnóstico
• 4 Relatos e Entraves Encontrados na Busca pela Reunião Familiar
• 4.1 A Judicialização da Reunião Familiar
• 4.2 As Entrevistas
• 4.3 As Lacunas de Atuação do Estado Brasileiro na Pauta Migratória
• 5 Conclusão
OBJETIVOS
• Geral
• Entender de que maneira a migração haitiana ao Brasil aconteceu, frente à política
migratória do Estado brasileiro e da judicialização da reunificação familiar entre 2020
e 2023
• Específicos
• (i) contextualizar historicamente as relações Brasil-Haiti entre 2004 e 2023,
focando na temática migratória
• (ii) analisar o fluxo migratório ao Brasil entre 2010 e 2023, colocando foco nas
associações de haitianos que foram erigidas no Brasil e na atuação delas enquanto
atores da cena internacional
• (iii) analisar a articulação política realizada pelos migrantes haitianos entre
2020 e 2023, centralizando esta análise às associações de haitianos e no caso da
judicialização da migração por reunificação familiar
METODOLOGIA
• i. Revisão de literatura especializada na migração e de teoria
pós-colonial
• ii. Mapeamento nacional das associações de migrantes
haitianos no Brasil
• iii. Realização de entrevistas semi-estruturadas com pessoas
haitianas que trabalharam junto às associações
• iv. Análise documental envolvendo fontes primárias da
imprensa e da justiça para a compreensão do processo de
judicialização da reunificação familiar haitiana
RESULTADOS cap. 3

• Associações de haitianos definidas como um agrupamento


político criado por haitianos que representa os migrantes e
defende os interesses deles, bem como suas pautas no lugar
de residência
• Intuito de proteger o povo, fortalecer os seus direitos e realizar
a manutenção das relações dos haitianos com o Haiti e entre si
• Representação prática da rede migratória politizada, auxiliando
aqueles em mobilidade e aqueles que permanecem no lugar de
origem
RESULTADOS cap. 3
• Mapeamentos de Joseph (2016), ACNUR (2024) e Secretaria de Justiça,
Cidadania e Direitos Humanos do RS ([2022])
• Ao menos 11 associações de migrantes haitianos ativas encontradas no Brasil
• Contatos com Secretarias Estaduais, Organizações Internacionais e
Organizações da Sociedade Civil
RESULTADOS cap. 3

• Nenhuma associação encontrada no Nordeste


• Falta de respostas das autoridades
• Sobrecarga das autoridades e defasagem de informações nos sites
institucionais
• Genuína falta de conhecimento com relação a associações pelas
autoridades locais
• Pacto da branquitude (Bento, 2002)
• Colonialidade do Poder (Quijano, 2005)
• Negrização da migração (Joseph, 2021)
RESULTADOS cap. 4

• Em 2021 tem-se início o processo de judicialização da reunificação


familiar, de modo a facilitar a entrada sem visto de haitianos no Brasil
tendo em mente o contexto crítico complexificado pela pandemia, morte
do presidente e terremoto de 2021
• Pressão popular e mobilização realizada pela AINTESO resultou na
Portaria Interministerial Nº 38, publicada em 2023 por MJSP/MRE
• Processo específico para a reunificação familiar através de plataforma
governamental
• Ainda não foi possível aferir dados quanto à chegada de haitianos por
meio desta modalidade desde a publicação da portaria
RESULTADOS cap. 4

• Entrevistas com 3 haitianos


• Fedo Bacourt, presidente da USIH e residente de São Paulo;
• [Maria], residente do Rio Grande do Sul;
• Rood Marline, associada à AINTESO e residente no Rio Grande do Sul.
• Principais pautas das associações
• Vida em comunidade;
• Aumento da empregabilidade;
• Ascensão econômica;
• Regularização de documentação (e tradução de documentos);
• Acesso à educação (aprendizado da língua portuguesa) e à saúde;
• Proteção dos direitos de migrantes.
• Racismo e Xenofobia mascarados pelo mito da democracia racial
HIPÓTESE
• Principal
• O Estado brasileiro negligenciou a migração haitiana a tal ponto que
as lideranças comunitárias teriam que assumir o protagonismo na
pauta migratória no contexto pós-pandêmico e reforçar seu papel
enquanto importantes atores do campo internacional
• Secundária
• A maneira como a política externa brasileira pautou a migração
haitiana demonstra que o MRE, ainda durante o século XXI, ignora as
nuances raciais, que precisam ser reconhecidas quando tratando da
migração de um povo negro e do Sul Global
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Campos de pesquisa que foram percebidos
• Papel das rádios para a migração e a comunidade haitianas
• Impactos na mobilidade internacional a partir da criação dos Comitês
Estaduais que trabalham a migração e o refúgio
• Articulação política entre parlamentares e associações de migrantes
• Impacto das associações na empregabilidade e na permanência dos
haitianos
• Maneira como a identidade dos haitianos que migraram ao Brasil foi
influenciada pelo local de residência, tendo em mente
atravessamentos raciais e geopolíticos
OBRIGADO!

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