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FAMÍLIA BRASILEIRA

Kariny a base de tudo


Lorrany
1
A FAMÍLIA COMO QUESTÃO
SOCIAL NO BRASIL

Antônio Carlos Gomes da Costa


• Quando governo e organizações não governamentais, internacionais
e indivíduos se mobilizam ética, social e politicamente em torno de
um determinado tema, os resultados podem ser vistos como avanços
nas formas de compreensão, normatização e enfrentamentos dos
problemas que estão relacionados a eles.
• Com o Ano Internacional da Mulher, em 1975, ocorreu o surgimento
de outras iniciativas com o mesmo intuito, como por exemplo, o
Ano Internacional da Criança, do Jovem, e do Deficiente,
contribuindo para o avanço do processo de especificação dos direitos
humanos e os distintos segmentos da população.
• Essa tendência se dá ao fato do surgimento de novos instrumentos
na normativa internacional, em que se segue a adoção de
iniciativas conjuntas por parte dos organismos internacionais, de
acordo com um panorama legal, refletindo nas políticas públicas e no
movimento sociais dos países abertos a essa perspectiva.
• No Brasil, apesar das dificuldades que o país apresenta e a dimensão
dos desafios, pode-se observar que há uma tendência por parte
de importantes segmentos da sociedade e do estado a sintonizar a
legislação e as políticas públicas do país com as mais recentes
conquistas observadas no plano internacional; porém esses esforções
têm de ir na contramão da crise econômica, da cultura política e
técnica.
• É nesse contexto que surge o Ano Internacional da Família, em 1994,
como uma grande oportunidade de consolidação e avanço dos
direitos humanos no Brasil. Isso ocorre, porque em primeiro lugar,
todas as questões problemáticas relacionadas à pessoa, encontram
suas fontes na grande questão da família; e em segundo lugar, porque
o tema família tem sido historicamente relegado a um plano
secundário na evolução das lutas sociais no país.
• A grande evidência dessa posição periférica da família no
movimento social brasileiro pôde ser aquilatada durante a
Assembleia Nacional Constituinte, em que todos os movimento
sociais se mobilizaram para incluir no novo texto constitucional
seus pleitos e reivindicações.
• É importante ressaltar que nenhuma força importante
apresentou propostas em nome de um movimento de organizações
familiares, as conquistas que mudaram a face da questão familiar
na Constituição, foram apresentadas pelos movimentos em favor da
mulher e as forças sob a promoção e defesa dos direitos da criança
e do adolescente.
• A nova definição constitucional de família, como por exemplo,
o planejamentos familiar como livre decisão do casal, são o resultado
das lutas feministas junto aos legisladores constituintes.
• Já a afirmação do direito das crianças e adolescentes à
convivência familiar e comunitária, o reconhecimento da igualdade
de direitos aos filhos havidos ou não da relação do casamento, por
exemplo, são o produto da ação dos grupos que se mobilizaram
em favor da população infanto-juvenil.
• As organizações familiares que existem hoje no interior do movimento
social brasileiro não têm tido uma protagonização política de maior
envergadura. Quando se considera o perfil geral da atuação dessas entidades,
pode-se dividi-las em quatro grupos básicos:
1. Constituído pelas organizações de orientação religiosa. Nesse grupo estão
a Pastoral da família, o Movimento Familiar Cristão,
2. Constituído por associações de profissionais, como médicos, assistentes
sociais. O Centro Brasileiro de Estudos da Família é um exemplo.
3. Constituído por entidades que agrupam pais em favor da educação dos
filhos. A Escola de Pais do Brasil.
4. Abarca as organizações que aglutinam famílias envolvidas em atividades
de natureza produtiva. Os centros de Apoio a Pequenos
Empreendimentos familiares.
• Essa relativa desmobilização política na área da família no Brasil, tem
suas raízes em sua evolução histórica, uma vez que em momentos de
ruptura social, o sentimento familiar do povo e os valores
prevalecentes foram mobilizados nessa área contra mudanças que
pretendiam beneficiar os segmentos mais oprimidos da população,
como por exemplo, a reforma agrária.
• Parece que, além da manipulação conservadora do tema, uma
outra parcela da explicação pode estar na orientação adotada pelo
serviço social no Brasil, uma vez que o mesmo libertou-se das
amarras que o prendiam à orientação funcionalista do serviço social
americano, que organizava sua atuação nessa área em torno de três
eixos básicos:
I) O serviço social de casos
II) O serviço social de grupos (onde se situa a questão da família)
III) O serviço social na comunidade
• A orientação que passou a prevalecer, propiciou a percepção da família de
uma forma mais ampla, contraditória e complexa do conflito de classes,
sujeitando o entendimento da realidade social.
• Não é difícil perceber que a importância do trabalho com a família
foi bastante relativizada em favor da atuação junto a comunidade e
os movimentos sociais. Concentrar esforções na família passou a
ser percebido como um desvio de energia e conhecimentos, que
poderiam ser destinados a setores de maior capacidade de resposta em
termos de transformação das relações sociais em seu conjunto, não
contribuindo para fortalecer o trabalho junto às famílias e muito menos
para gerar um movimento social avançado.
• Portanto, é necessário ressaltar o caráter nucleador da família, tanto
no âmbito dos movimentos sociais como no que se refere às
políticas públicas. É importante que, no conjunto do movimento
social, esse Ano Internacional oportunize a articulação de todos esses
setores; no campo das políticas públicas, é importante que o Ano
Internacional da Família seja percebido como a oportunidade para se
introduzir um “claro raio ordenador” , rumo à construção de um
verdadeiro estado social de direito.
2
AJUSTANDO O FOCO DAS LENTES:
um novo olhar sobre a organização das
famílias no Brasil.

Gizlene Neder
Multiplicidade étnico-cultural brasileira
Uma discussão desde a fundação da República em 1889, sobre a
formação da nacionalidade e da cidadania, tinha que levar em conta a
massa de ex-escravos e de miscigenados de origem africana e
indígenas.
Ou seja naquela época na formação nacional brasileira, se preocupava
em como formar a nacionalidade e a cidadania num país de ex-escravos
e miscigenados, e de raças inferiores.
A autora destaca a política educacional e seu comprometimento com o
sucesso escolar, que todos, incluindo assistentes sociais, policiais,
professores e outros trabalhadores sociais devem ser informados sobre
estas diferentes ÉTNICO-CULTURAIS:
• FAMÍLIA PADRÃO E OUTRAS FAMÍLIAS
O fracasso escolar se deve a incapacidade da política educacional oficial
no país de ENXERGAR as diferenças culturais.
Visões da família tradicionalista brasileira
• Na obra de Gilberto Freyre – casa-grande & Senzalas. Freyre diz que
a família tradicional era patriarcal (de origem ibérica) é extensa.
Sobretudo no Nordeste a mulher da família patriarcal (sinhazinha)
atividades voltadas mais para o interior da casa-grande
No Sul são encontradas as (bandeirantes) as mulheres eram
convocadas a administrar fazendas e a controlar a escravaria na
ausência do homem o desbravador.
ELAS ERAM SUBORDINADAS E SUBMISSAS AOS HOMENS, de carácter
repressivo, reprodutora das normas de disciplinamento e controle
social (e sexual) ditadas pela IGREJA.
Em relação a famílias africanas
(escravizada) eram vigentes as
concepções racistas mais arcaicas de
não reconhecimento de sua condição
humana, pensamento esse católico
ibérico
Pensavam os europeus sobre as
famílias escravas: morando em
senzalas, viviam em promiscuidade
sexual, como bestas, como animais.
A República, o positivismo e as novas
concepções da família.

• Projeto republicano vitorioso dos militares jacobinos, traça as


possibilidades de construção da ordem burguesa no Brasil. Introduziu
no país o fim do trabalho escravo e a urbanização.
• O projeto republicano dos militares inspirava-se no positivismo de
Augusto Comte no século XIX, trazendo a ideia da família moderna
(nova família).
• A nova família, trouxe uma nova concepção sobre o lugar da mulher. Ao
contrário da família tradicional, a nova mulher, ``moderna´´, deveria ser
educada para desempenhar o papel de mãe e educadora dos filhos e de
suporte do homem para que este pudesse enfrentar o trabalho fora de
casa.

A BOA ESPOSA e BOA MÃE

Esse era o perfil de uma mulher-suporte que os positivistas brasileiros


chamavam de uma NOVA FAMÍLIA.
EDUCAÇÃO
O projeto republicano dos positivistas a educação ocupa um lugar
fundamental para o ideal de ``ordem e progresso´´
Mas esse projeto voltava-se para modernização da FAMÍLIA BRANCA,
DE ORIGEM EUROPÉIA.
Com isso, educar os escravos que foram recém libertos para cidadania
e a nacionalidade não estava entre os planos de uma nova ordem e
progresso, devido a isso, a massa de ex-escravos foi vedada a
propriedade da terra.
• Na virada do século XIX para o XX (Rio de Janeiro, Salvador, Recife)
pouco se podia fazer, pois o DETERMINISMO BIOLÓGICO que
inferiorizava os negros. Do ponto de vista da educação não fazia
sentido incluir essas pessoas ``inferiores´´, incapazes de aprender.
A família escrava
A escravidão tem marcado a sociedade brasileira, qualquer que for o
viés interpretativo a ser adotado; e geralmente não descartam uma
reflexão sobre a escravidão negra no país.
Assim, o AUTORITARISMO e a VIOLÊNCIA da escravidão são
responsáveis pela separação entre casais, pais e filhos e outros
parentes e amigos, provocando perda de vínculos e crises de
identidade.
• Separação forçada (já aludidas)
• Preferência por escravos homens
Se tratando de crianças, no Brasil avia desprezo uma vez que não se
apostava com muita frequência na reprodução natural da massa
escrava. Havia uma clara preferência pelo investimento no escravo
adulto e era frequente o abandono de crianças.
• Uma vez que foi gerado por uma união efêmeras e passageiras
• Ou pelo SENHOR
• Conhecida como criança-escrava
O padrão autoritário presente na organização política brasileira
imprimiu continuidade nesta perda de vínculos familiares e crise de
identidade entre as classes populares de origem africana, com
migrações campo-cidade, por exemplo, outras separações forçadas.
• As famílias das CLASSES POPULARES no Brasil são consideradas
biologicamente inferiores,
• E as CULTURAS AFRICANAS são tratadas como ``primitivas´´
EM RESUMO:
• Podemos dizer que na sociedade burguesa a
formação familiar era ligada aos laços
sanguíneos e a habitação em comum cujos
membros se limitavam ao pai, mãe e filhos,
sendo que o pai era o provedor do sustento,
tinha contato com a vida social e o mercado de
trabalho, já a mãe tinha como obrigações os
cuidados domésticos e com os filhos, desta
forma a esposa e filhos deviam obediência
irrestrita ao seu provedor, esse modelo de
formação familiar era conhecido como patriarcal
e nessa época o casamento era ligado aos
negócios e tido como união eterna.
Família brasileira atual
• As famílias atuais vem apresentando em
comum como, a diminuição do número
de membros, de casamentos religiosos,
aumento na participação feminina no
mercado de trabalho, participação de
vários membros da família em sua
economia, o chefe da família tende a ser
mais velho, quanto mais rica mais chefes
responsáveis pela família, quanto mais
pobre mais os filhos contribuem na
renda familiar.
3
O DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR
E COMUNITÁRIA:
Uma política de manutenção do vínculo

Cenise Monte Vicente


O vínculo tem dimensão biológica, afetiva e social

• Todo recém-nascido é, em si, expressão concreta de uma experiência


de encontro entre um homem e uma mulher. A própria gestação
é impensável sem um vínculo concreto entre mãe e feto, nesse caso,
um cordão os une, e possibilita a vida. Após o nascimento, o seio
assumirá esta função de vinculação concreta.
• O recém-chegado expressa um vínculo, sobrevive graças a
uma vinculação orgânica, biológica e todos o seu crescimento
e desenvolvimento se constitui com uma vinculação simbólica, afetiva
e social.
Toda criança tem família
e rede de parentesco

• Quando concebido, o bebê já pertence a uma


rede familiar, que compreende o pai e a mãe e
seus respectivos grupos familiares. Ao pertencer a
estes grupos, também já está estabelecido quem
são os outros e o universo de escolhas amorosas
e interdições às quais estará sujeito de acordo
com a cultura em que está inserido.
• Cada criança recebe um nome e um sobrenome
próprio que indicam esta pertinência, sua
constituição enquanto ser social e
enquanto indivíduo, ao ser nomeado, inclui uma
família, toda rede de parentesco ao qual estará
vinculado.
O vínculo é vital

• Nos primeiros ano de vida a criança depende destas ligações


para crescer, carece de cuidados com o corpo, a alimentação e
também a aprendizagem, porém nada disso é possível se não houver
um ambiente de acolhimento e afeto.
• As doenças mentais infantis expressam, as dificuldades afetivas
das relações interpessoais familiares.
A criança nasce numa comunidade
• A criança nasce em determinado território social e geográfico, imediatamente
recebe o direito à cidadania: é natural de algum de lugar, que será incluído na sua
definição, identidade. Portanto, a criança nasce em uma comunidade.
• Qualquer lugar sempre pertence a uma nação ou está submetido a uma bandeira.
A nacionalidade é um presente imediato de qualquer sociedade a uma criança.
São suas raízes, é a faceta comunitária da necessidade humana fundamental de
não estar só.
O vínculo e o crescimento
• Ao nascer, o ser humano não é capaz de sobreviver sem a
participação de um outro significativo, que supra sua inabilidade para
subsistir, sua falta de autonomia. Os primeiros anos de vida são de
grande imaturidade e vulnerabilidade (Rosseti-Ferreira, 1984)
• O vínculo ou o apego seriam um dos sistemas comportamental
destinado a garantir a sobrevivência, cujo objetivo é garantir a
segurança da criança.
A dor do rompimento
• O outro significativo pode não ser a mãe. O vínculo pode ser com
outras pessoas que se ocupam ou não das necessidades básicas da
criança, no entanto, separar ou perder pessoas querida ou romper
temporária ou definitivamente vínculos produz sofrimentos, e
diversos estudos dedicam-se a essa questão, os danos causados pelo
afastamento da criança de pessoas queridas.
A importância do filho para os pais e a família
• Quando um bebê é concebido e aceito, a identidade dos genitores também é
alterada. Do ponto de vista dos adultos grávidos, o vínculo com o novo ser é
anterior ao nascimento e composto de um imaginário repleto de esperança,
apenas um estado de extrema miséria ou incerteza, pode retirar das pessoas o
sonho de um futuro melhor para seus filhos.
• Pode-se dizer então que a transformação de um sonho em
pesadelo envolvendo uma gestação, é um dos piores sintomas de pobreza.
Significa perda da crença no futuro e a instalação de uma vivência de
impotência civil profunda.
Importância do vínculo no direito à vida

• O que está em jogo não é uma questão moral, religiosa ou cultural,


MAS SIM UMA QUESTÃO VITAL.
Sobreviver é uma condição básica, óbvia, para o direito à vida. Mas é
POUCO. A criança tem direito a viver, desfrutar de um rede afetiva,
contar com a tolerância e a compreensão dos adultos sempre que
estiver em dificuldade.
• Como o direito de chorar, de se expressar.
A dimensão política do vínculo
• Cabe ao estado assegurar aos cidadãos tais direitos para que a criança
desfrute de bens que apenas a dimensão afetiva pode fornecer.
• O vínculo tem, portanto, uma dimensão política quando, para
sua manutenção e desenvolvimento, necessita de proteção do
Estado.

• A FAMÍLIA NATURAL OU SUBSTITUTA É SEMPRE MELHOR DO


QUE QUALQUER INSTITUIÇÃO DE INTERNAÇÃO.
As representações sociais sobre as famílias pobres

• Tais representações dos problemas relativos a pobreza acabam por determinar as


ações pelo poder público. Com programas institucionais destinadas as crianças
tiradas da rua para sua proteção e desenvolvimento
Quando uma mãe pobre, em pleno puerpério, entrega seu bebê para salvá-lo da
fome, o discurso do senso comum diz que ela DEU sua criança. Nunca se ouve dizer
que ela PERDEU o filho.
Conflito familiar
• A conflitos e tensões
A forma de lidar com os conflitos pode variar de modelos autoritários e
intolerantes, nos quais predomina um relacionamento adultocêntrico,
de opressão e silenciamento dos mais fracos, em geral AS CRIANÇAS.
Método não-violento: o diálogo. Dialogar é aprender a conviver com as
diferenças e conflitos familiares.
Violência doméstica
• As diferenças são transformadas ou em relação entre
superiores e inferiores, ou onde o mais fraco é tratado
como ``coisa´´.
• Existe a tradição de ensinar através do castigo, da
punição.
Se tratando de uma solução a violência doméstica, ao
trabalhar no interior da família, para impedir a crueldade, a
tortura e o estupro ou abuso, ou, em alguns casos mesmo,
retirar o agressor do convívio com a criança.
• A vida da criança não pode ser danificada ou destruída,
para evitar esse risco o juiz pode optar pela busca de
uma nova família.

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