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Na História do Brasil é possível identificar elementos centrais que estruturam

as dinâmicas sociais e contribuem para compreender a sociedade brasileira


(escravidão, concentração fundiária, etc.). Aponte, discorra e problematize sobre
esses elementos:
a) No período Colonial e Imperial (1500-1889)
b) No período Republicano (1889-2020)

Vários foram os fatores que influenciaram as dinâmicas sociais no Brasil ao longo de


história. Desde a chegada dos portugueses em 1500, o país vem sofrendo diversas alterações na
sua configuração econômica, política e cultural.

Diferente de países como o EUA, onde a colonização teve um caráter voltado


principalmente ao povoamento, no Brasil a colonização, além de ter durado mais tempo, foi
voltada mais à exploração de recursos, independentemente de quem tenha sido o colonizador,
pois se trata da forma que essa colonização foi feita, como explica o historiador Antonio Barbosa
em entrevista à rádio Agência Nacional em 2017.

O ciclo econômico brasileiro nesta etapa inicial se dá muito à extração do pau brasil, o
qual era realizado em sua grande parte pelos nativos em troca de diversos utensílios, como
machados e outros objetos. Outro elemento implantado neste período colonial é o cultivo da
cana de açúcar, realizado nas capitanias hereditárias, que mais eram uma forma de terceirização
da colonização por parte da coroa portuguesa, sendo que apenas as capitanias de São Vicente e
Pernambuco conseguiram obter algum retorno significativo. É nessa época que começa no Brasil
a inserção de escravos africanos para trabalharem nos engenhos de açúcar, o que acabou
gerando inúmeras fugas e a formação dos quilombos.

Com a anulação do Tratado de Tordesilhas devido a origem da União Ibérica, as terras


brasileiras passaram a ser exploradas em regiões de difícil acesso, pelos Bandeirantes, e com
isto, veio a descoberta do ouro, principalmente na região de Minas Gerais, desta forma, a
cobrança de tributos por parte de Portugal foi ainda maior. Com tal notícia, iniciou-se a vinda de
portugueses interessados em tais riquezas.

Após o bloqueio continental instaurado por Napoleão contra a Inglaterra na Europa e a


constante ameaça que sofria, Dom João VI decidiu fugir para o Brasil e acabou unificando o
reino, com capital estabelecida no Rio de Janeiro, tendo como principal acontecimento a
liberalização do comércio com os demais países, sobretudo com a Inglaterra.

A economia do Império neste momento era sustentada principalmente pelo cultivo de


café, onde a mão de obra escrava continuava sendo altamente empreendida nas grandes
fazendas.

Com o retorno de Dom João VI para Portugal, seu filho Dom Pedro I assumiu como
Regente e posteriormente declarou a independência do Brasil em 1822, porém, o país continuou
sendo de regime monárquico. Após algum tempo, Dom Pedro I também voltou para Europa e
seu filho Dom Pedro II assumiu o trono mesmo sendo menor de idade, pois entre o período que
Dom Pedro I ausentou-se até a posse de seu filho, o país foi administrado por uma Regência que
mantinha o poder de certa forma mais descentralizado.
No governo de Dom Pedro II ocorreram vários avanços relacionados a industrialização,
construção de portos e estradas de ferro, abertura de bancos e a produção do café continuava
sendo a principal atividade econômica da nação. Porém, nesta época ocorreram eventos que
acabaram afetando vigorosamente a economia, os quais foram, a Guerra do Paraguai e a
pressão sobre o Império para abolir a escravidão estava aumentando cada vez mais, e foi o que
aconteceu. Em 1888, Princesa Isabel assinou a Lei Áurea com objetivo de extinguir a escravidão
no Brasil que já durava aproximados três séculos. Com o fim da escravidão e a necessidade de
mão de obra nas fazendas de café, houve o surgimento dos imigrantes europeus com o intuito
de “fazer a América”, como comenta o historiador Bóris Fausto no documentário “A história do
Brasil”.

Pouquíssimo tempo após a abolição da escravidão ocorreu a queda do Império. O


exército sentindo-se desprezado pela coroa após a guerra e os ricos fazendeiros inconformados
com a libertação dos escravos estabeleceram um golpe de estado, colocando no poder o então
Marechal Deodoro da Fonseca, o qual proclamou a República.

No início da República, os militares queriam centralização do poder, porém os


partidos regionais (principalmente o paulista) pretendiam que o poder fosse amplo entre os
estados. A ideia dos militares prevaleceu no início, mas após alguns anos se formou uma
Republica Civil com a constituição republicana aprovada em 1891, com o Brasil sendo
considerado uma República Federativa, seguindo o modelo americano com 3 poderes.

“As principais inovações dessa nova Constituição, datada de 24 de fevereiro de 1891,


são: instituição da forma federativa de Estado e da forma republicana de governo;
estabelecimento da independência dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário;
criação do sufrágio com menos restrições, impedindo ainda o voto aos mendigos e
analfabetos; separação entre a Igreja e o Estado, não sendo mais assegurado à religião
católica o status de religião oficial; e instituição do habeas corpus (garantia concedida
sempre que alguém estiver sofrendo ou ameaçado de sofrer violência ou coação em seu
direito de locomoção – ir, vir, permanecer –, por ilegalidade ou abuso de poder).”

Trecho da constituição de 1891 (Brasil República)

A partir daí, o poder do governo foi alternando de modo geral entre os estados de São
Paulo e Minas Gerais, o que ficou conhecido como a República do café com leite, já que o voto
não era secreto e essa manipulação das eleições era facilitada com o apoio de grandes
fazendeiros do interior, os coronéis, que segundo Fausto, “Do ponto de vista eleitoral, o
“coronel” controlava os votantes em sua área de influências. Trocava votos, em candidatos por
ele indicados, por favores tão variados como um par de sapatos, uma vaga no hospital ou um
emprego de professora.” (FAUSTO, 1999).

Neste período republicano a produção de borracha no norte do país ganhou força e o


café gerou expansão econômica e urbanização, as indústrias cresceram, houve o surgimento de
bairros de operários onde antes eram chácaras, e com isso movimentos socialistas que
defendiam direitos trabalhistas apareceram influenciados pela Revolução Russa, o que acabou
acarretando em greves e na crise da República.
No início da década de 30 a República do café com leite rompe, e Getúlio Vargas assume
a presidência, inicialmente em caráter provisório, mas seu mandato acabou sendo estendido
por vários anos, o que ficou conhecido como a Era Vargas.

Com um governo influenciado pelos governos ditatoriais europeus da época, Vargas se


viu levado ao final da Segunda Guerra a adotar uma posição diferente. Devido às vitórias das
forças democráticas pelo mundo no pós guerra, o autoritarismo entrou em crise, e Getúlio
decidiu voltar a atenção ao populismo o que desagradou os militares que o apoiaram na
implantação do estado novo, ocasionando em sua renúncia em 45. Porém, anos depois volta a
presidência de forma democrática.

Durante os anos que esteve no poder, houve o surgimento de empresas como a


Petrobrás e Vale do Rio Doce, implantação do ensino técnico, do direito de voto da mulher que
até então era proibido entre outros projetos populistas, ao mesmo tempo que tomava medidas
autoritárias e antidemocráticas. Vargas cometeu suicídio enquanto ainda era presidente em
decorrência da pressão de greves e diversos problemas, entre eles o atentado ao jornalista
Carlos Lacerda.

O próximo presidente com destaque a assumir o governo foi Juscelino Kubitschek, o qual
implantou uma grande industrialização no país e a construção da nova capital, Brasília. Apesar
do avanço da indústria, a inflação na economia também aumentou ocasionando em uma
enorme crise que acarretou na renuncia do presidente seguinte, Jânio Quadros, deixando a vaga
da presidência para seu vice João Goulart, que acabou sofrendo um golpe de estado por parte
dos militares em 1964 por querer implementar as reformas de base, entre as quais estava a
reforma agrária, o que na época era temido pela elite, classe média e militares, devido ao medo
do fantasma do comunismo presente na época durante a Guerra Fria.

Durante o regime militar as eleições diretas foram extintas e muita repressão,


principalmente no governo de Médici. A censura aos meios de comunicação, perseguição
intensificada contra quem não apoiava o atual regime da época. Foi um período obscuro na
história do país, mas que se encerrou em 1985, e anos após ocorreu o movimento das Diretas
Já, tendo como novo presidente José Sarney, que assumiu após a morte de Tancredo Neves,
dando início a Nova República.

A inflação atingia níveis altíssimos, após o impeachment de Collor, mas no governo


seguinte de Itamar Franco e posterior com FHC foi estabilizada com a adoção do plano real.

Lula assume a presidência anos depois e com uma situação favorável junto a economia
mundial e consegue ótimos resultados econômicos em seu governo, com vários programas
sociais de inclusão das classes mais pobres. Após o término de seu segundo mandato, quem
assume a presidência é Dilma Rousseff, porém não obteve o mesmo sucesso econômico de seu
antecessor e durante seu segundo mandato acabou sofrendo impeachment, por vários motivos,
entre eles as chamadas pedaladas fiscais.

Atualmente, Jair Bolsonaro é o presidente eleito, o que se deve principalmente às


diversas manifestações ocorridas no governo anterior sobre escândalos de corrupção, o que
acarretou em uma polarização ainda maior do pensamento político de grande parte do
eleitorado brasileiro.

É perceptível que a sociedade contemporânea brasileira, após tudo que aconteceu na


história do país, desde a exploração colonial, escravidão, coronelismo, regimes ditatoriais,
carece é de educação. Há necessidade de diversas reformas, sejam elas econômicas, políticas e
culturais, mas no que tange a educação será o essencial para as futuras gerações.

Não é absurdo dizer que hoje em dia o coronelismo ainda exista em nosso país,
principalmente nas cidades menores, que ainda exista discriminação com os negros e pobres,
pois a marginalização dos escravos no pós abolição está representada nos dias atuais, pois
mesmo tendo sua liberdade concedida na época, os governantes não adotaram medidas de
inclusão aos ex escravos. A escravidão acaba sendo a maior cicatriz na história do Brasil, e a
educação a chave para que o país obtenha produtividade, discernimento e tolerância.

REFERÊNCIAS

https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/acervo/geral/audio/2017-01/na-
trilha-da-historia-confira-principais-diferencas-da-colonizacao-nos-eua-e-
no/#:~:text=E%20a%C3%AD%20n%C3%B3s%20temos%20uma,Estados%20Europeus%20Portu
gal%20e%20Espanha.&text=J%C3%A1%20nos%20Estados%20Unidos%2C%20a%20coloniza%C
3%A7%C3%A3o%20foi%20principalmente%20de%20povoamento.

FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil (disponibilizado no moodle)

Constituições Brasileiras (disponibilizado no moodle)

A referência: A História do Brasil por Bóris Fausto. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=USplCYfEwR4 . Acesso em: 27 de ago. 2020

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