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A prosa experimental do
Catatau, de Paulo
Leminski, teve sua
primeira edição, bancada pelo
próprio autor de forma indepen-
rodapé explicativas. Composto por
um volume de 15,5 x 22,8 cm, de
231 páginas, apresentava dedica-
tória, epígrafes, dois textos do autor
tecendo comentários sobre o livro
dente, em dezembro de 1975. e alguma fortuna crítica (excertos e
Impressa pela Grafipar, uma gráfica textos completos). Sua capa trazia
de Curitiba, foi organizada em um uma foto do filósofo René Descartes
volume de 13 x 20 cm, de 224 alterada e colorida por computador.
páginas, contendo dedicatória, Quase trinta anos depois de sua
epígrafes, excertos críticos e icono- primeira aparição, presenciamos,
grafia histórica. Sua capa trazia, no em fins de 2004, a publicação da
alto, em vermelho, ocupando toda terceira edição crítica e anotada do
a largura do livro, o título Catatau Catatau, levada a efeito por uma
em grandes letras; em preto e equipe de pesquisadores da área
branco, ocupando o restante do de Letras da Pontifícia Universidade
espaço, numa espécie de fotograma, Católica do Paraná, coordenada
uma montagem seqüencial de cenas pela Profa. Dra. Marta Morais da
de luta elaborada com desenhos Costa, a partir de uma sugestão do
primitivos do Egito antigo. Foram poeta Décio Pignatari, na condição
impressos 2000 exemplares. de consultor de literatura da Fundação
A segunda edição do livro foi Cultural de Curitiba.
publicada pela Editora Sulina, de Sabemos que o trabalho da
Porto Alegre, em 1989. Seu texto, Crítica Textual (ou Edótica) – disci-
revisto e alterado por Leminski, plina que tem como tarefa “recons-
trouxe ainda algumas notas de tituir o original perdido, ou um
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LEMINSKI, Paulo. Catatau... Carlos Augusto Novais – p.245-250
1
SPAGGIARI & PERUGI, 2004. p. 24.
246
Revista do CESP – v. 25, n. 34 – jan.-dez. 2005
2
VAZ, 2001. p. 176.
3
MONTENEGRO, 2004. p. 258.
247
LEMINSKI, Paulo. Catatau... Carlos Augusto Novais – p.245-250
4
MONTENEGRO, 2004. p. 257.
5
MONTENEGRO, 2004. p. 260.
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Revista do CESP – v. 25, n. 34 – jan.-dez. 2005
outros autores; artigos, ensaios e Outra razão que nos parece impor-
resenhas em jornais e revistas; sua tante foi a oportunidade criada pelo
produção musical e roteiros de HQ, movimento editorial que vinha se
já listados em outros estudos) e processando: a publicação do
“Referências” bibliográficas e Finnegans Wake, de James Joyce,
eletrônicas das obras consultadas traduzido por Donaldo Schüler, de
para realização da edição crítica e 1999 a 2003 (cinco livros), pela
de outras referentes ao Catatau. Ateliê Editorial; a também tradução,
Infelizmente, o “Prefácio Crítico” por Maria Luiza X. de A. Borges, em
por Flora Süssekind, embora previsto 2002 (Jorge Zahar Editor), de Alice:
pela equipe de pesquisadores e Edição Comentada [“The Annotaded
anunciado no texto de apresen- Alice: The Definitive Edition”] com
tação do “Processo de Estabele- as introduções e notas de Martin
cimento da Edição Crítica”, não Gardner e ilustrações originais de
consta do corpo do livro. Seria, sem John Tenniel, contendo as Aventuras
dúvida uma grande contribuição de Alice no País das Maravilhas e
para a apreciação e o entendimento Através do Espelho, de Lewis Carrol;
da obra. e a publicação da segunda edição
Destacamos, a seguir, algumas revista do Galáxias, de Haroldo de
razões e circunstâncias que teriam Campos, pela Editora 34, orga-
favorecido e até mesmo justificada nizada por Trajano Vieira, em 2004.
a publicação desta edição do O parentesco do Catatau com
Catatau, de Paulo Leminski. A essas obras, nas quais a linguagem
primeira é imediata e óbvia: as é conduzida aos seus limites
edições anteriores há muito estavam extremos, é fartamente reconhecido.
esgotadas e, conseqüentemente, o A presente edição, ao repor em
livro era mais citado que lido. Uma circulação a radicalidade da prosa
outra deriva do fato de que o de Paulo Leminski, não só atua no
Catatau vinha sendo objeto de sentido de preencher uma grave
estudos, alguns de maior fôlego, e lacuna do nosso mercado editorial,
despertando expectativas na nova como também, segundo as palavras
geração de leitores, chegando, de Décio Pignatari, seu mentor, na
inclusive, a ter uma versão Apresentação do livro, no de “levar
eletrônica parcial (http:// e elevar o seu Catatau aos campos
inforum.insite.com.br/ Elíseos literários do que de mais
pauloleminski/), sem crivo edito- instigante e original se produziu no
rial, elaborada por um admirador. passado século brasileiro”.
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LEMINSKI, Paulo. Catatau... Carlos Augusto Novais – p.245-250
Referências Bibliográficas
MONTENEGRO, Delmo. Sukkar in hell: uma leitura do Catatau através do
Recife. In: DICK, André & CALIXTO, Fabiano (Org.). A linha que nunca
termina: pensando Paulo Leminski. Rio de Janeiro: Lamparina, 2004.
SPAGGIARI, Bárbara; PERUGI, Maurizio. Fundamentos da Crítica Textual. Rio
de Janeiro: Lucerna, 2004.
VAZ, Toninho. Paulo Leminski: o bandido que sabia latim. Rio de Janeiro:
Record, 2001.
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