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São Paulo
2017
EDITORA STIEG
E ste é um manual de exercícios para quem gosta de escrever e
quer melhorar a qualidade do texto com foco na ficção. Funciona
como uma oficina literária.
O Autor
SUMÁRIO
EXERCÍCIOS, 4
FRASES DE ABERTURA, 12
UM ENREDO EM 3 ATOS, 23
3 OPÇÕES DE NARRADOR, 33
TÓPICOS PARA CRIAR UM PERSONAGEM, 44
BIBLIOGRAFIA, 72
EXERCÍCIOS
F aça uma lista de frases sobre o que aconteceu no seu melhor Carnaval.
E screva um texto a partir da frase: “Eu não entendo este cachorro. Ele é
totalmente pirado.”
E screva um texto a partir da frase: “É hoje. Meu coração já começa a
bater mais forte.”
Luiz Ruffato
2. C onte como foi a viagem mais interessante e inesquecível que você já fez.
3. E screva uma carta para ser aberta daqui a 100 anos contando o que a
nossa geração fez com o planeta.
“Assim como alguns jovens passam de quatro a cinco horas por dia
estudando piano ou violino, eu vivia entre meus papéis e minhas
canetas.”
Truman Capote
FRASE DE ABERTURA
A frase estabelece uma ligação imediata com quem está lendo e o convida a
seguir em frente.
“Da primeira vez em que pus os olhos em Terry Lennox ele estava bêbado,
num Rolls-Royce Silver Wraith, em frente ao terraço do The Dancers.”
“Às cinco daquela tarde de inverno tinha hora marcada com o dr. Bentsen,
outrora seu psicanalista e agora seu amante.”
“Ainda que viva cem, mil anos, não esquecerei aquele dia em que, deitado
no leito miserável da cela B 17, a porta se abriu e dois soldados empurraram
um corpo que logo se estatelou no chão de ladrilhos.”
8. O seu personagem está numa ilha deserta. Ele acredita que não vai
sobreviver e decide escrever uma carta de despedida. Escreva a carta.
“O que se escreve é reflexo de tudo: do que você está lendo, fazendo,
assistindo na televisão, dos seus amigos, das suas experiências recentes,
viagens, tudo.”
Vanessa Barbara
4. V ocê está num reality show e tem que convencer o público que não deve
ser eliminado. O que você diz?
5. E screva uma carta de amigo-para-amigo ao presidente Donald Trump.
6. E screva uma carta com um pedido de emprego.
7. V ocê foi eleito o prefeito de sua cidade. Descreva o seu primeiro dia de
trabalho.
8. O narrador compra um casaco antigo numa loja de roupas usadas. No
bolso há uma carta de amor. Quem escreveu a carta? Para quem?
Transcreva a carta.
“O mais importante: fica alerta o quanto puderes, cuida, sua, reescreve
pela quinta vez, corta etc.”
Anton Tchékhov
UM ENREDO EM 3 ATOS
O texto de um romance ou de uma novela, em geral, tem começo,
meio e fim. Poderíamos desdobrar a estrutura em três atos: 1) introdução e
desafio; 2) peripécias e conflitos; 3) clímax e encerramento.
6. C onte uma história que contenha as seguintes palavras: cabana, frio, faca
e lobo.
7. C onte um caso de amor que termina bem.
8. A gora, conte o mesmo caso de amor, mas nesta nova versão ele termina
mal.
9. D urante a noite, os bonecos de um parque de diversões ganham vida.
Escreva o diálogo entre eles.
“Flaubert tinha uma teoria sobre estilo: a do ‘mot juste’. A palavra certa
era aquela – única – capaz de expressar cabalmente uma ideia. A
obrigação do escritor era encontrá-la. Como saber que a encontrara? Seu
ouvido lhe dizia: a palavra era certa quando soava bem.”
O narrador pode contar uma história que aconteceu com ele próprio. Ele é
um personagem. Nesse caso, o texto será escrito em primeira pessoa (“Eu
estava no prédio e ouvi a explosão”).
O narrador pode ser alguém que conhece a história. Ele conta, o que viu e
ouviu, em terceira pessoa (“Fulano estava no prédio e disse que ouviu a
explosão”).
O narrador pode ser alguém que conhece a história toda e sabe de tudo,
está em todos os lugares, lê todas as mentes, enfim, é um “deus”. É o
narrador onisciente. O texto é escrito em terceira pessoa (“Fulano estava no
prédio e ouviu a explosão. Ele teve medo, pensou em correr, mas decidiu
ficar e ajudar as vítimas”).
O autor também pode adotar o estilo livre e narrar uma parte da história
em primeira pessoa e outra parte em terceira pessoa. É o que faz o autor de
novelas policiais Harlan Coben no livro “Não conte a ninguém”. O
personagem principal, o doutor David Beck, narra sua própria história. Nas
cenas em que ele não aparece quem assume é o narrador onisciente.
2. V ocê está num hotel com fama de mal-assombrado e acorda com barulhos
que vem do corredor. Descreva a cena? Como a história termina?
3. V ocê passa um dia trabalhando num depósito de lixo. Conte como foi a
experiência. O que aconteceu de mais interessante?
“O fascínio permanente de (Sherlock) Holmes provém também da
ambientação e da atmosfera das histórias. Entramos naquele mundo
vitoriano de fog e luz de gás, o tilintar das rédeas dos cavalos, o crepitar
das rodas nas pedras do calçamento e a sombra de uma mulher encoberta
subindo a escada daquele claustrofóbico santuário da Baker Street,
221B.”
P.D. James
4. O dinheiro compra a liberdade? Comece o texto com uma tese de abertura,
desenvolva alguns argumentos e termine com a conclusão.
nome
idade
altura
peso
estado de saúde
aparência física
como se veste
profissão
estado civil
família
situação financeira
comidas preferidas
características de personalidade
o que ele quer mais do que qualquer outra coisa (motivação dentro da
história)
um segredo do passado
9. É o dia mais frio do ano e você sai de casa, a pé, às seis da manhã para ir
ao trabalho ou à escola. Descreva a situação.
0. V ocê acorda e a cidade está completamente deserta. A população
desapareceu. O que você faz?
1. V ocê conhece uma pessoa que tem pavor de peixe (não pode nem ver).
Conte o que acontece quando vocês entram, por engano, numa peixaria.
2. E screva um texto publicitário sobre o seu chocolate preferido. Por que o
consumidor deve comprá-lo?
Fernanda Torres
5. A lmoço de Natal. Crie um personagem que parece bom no começo da
história, mas termina como vilão.
9. V ocê está num museu e sua amiga quebra um valioso vaso chinês da
dinastia Ming. Ninguém viu. O que você faz? Descreva a cena
0. O personagem tem 64 anos de idade. Ele volta no tempo e conversa com
ele mesmo quando tinha 20 anos de idade. O que ele diz? Ele dá conselhos?
Escreva em forma de diálogo.
12 PASSOS PARA ILUMINAR O TEXTO
Leia em voz alta para saber se o texto cai bem nos ouvidos.
Escreve e reescreva.
2. O personagem está num shopping e percebe que está sendo seguido. O que
ele faz?
3. O seu filho cometeu um crime. Você é a única testemunha. O que você
faz?
Marcelo Mirisola
Quis Deus que ela os realizasse. Quando morrer não terá página na
história; mas o marido poderá escrever-lhe na sepultura: Foi boa esposa e
teve muitos filhos.”
4. D uas velhinhas se reúnem para um café com bolo na casa de uma delas.
Cada uma tem uma mania muito peculiar. Descreva a cena e invente um
final inusitado.
5. A escola de lousa e giz é adequada aos estudantes da era digital? Por quê?
Adélia Prado
6. E screva uma história que comece com a frase: “Amanhã será outro dia.”
7. E screva um diálogo para uma peça de teatro. Um conde senil e uma
jovem faxineira atrevida discutem sobre um cachimbo.
“Toda obra científica deve ser uma espécie de thriller – o relato de uma
busca por algum Santo Graal.”
Umberto Eco
Fernando Morais
O QUE LER?
Recomendar livros é algo que dificilmente funciona porque seria
preciso saber a idade, o gosto, o nível de leitura, a disponibilidade de tempo
e o momento pessoal de cada leitor. Apesar disso, aqui estão alguns dos
meus preferidos.
“O Alienista”, os contos e os romances (“Memórias póstumas de Brás
Cubas”, “Quincas Borba”, “Dom Casmurro”, “Esaú e Jacó” e “Memorial de
Aires”) de Machado de Assis
Assis, Machado de. Seus trinta melhores contos. Rio de Janeiro : Nova
Fronteira, 1994.
Cony, Carlos Heitor. Romance sem palavras. São Paulo : Companhia das
Letras, 1999.
Steen, Edla van. Viver & escrever: volume 1. Porto Alegre : L&PM, 2008.