Você está na página 1de 2

PROCESSO CIVIL – QUESTÕES GERAIS

Exame de coincidências

23 de Janeiro de 2014

(Duração: 2h30m)

Em Setembro de 2013, Amilcar (20 anos) e Belmiro (17 anos), portugueses,


arrendaram em conjunto à sociedade francesa C, com sede em Paris, um andar de que a
mesma era proprietária, situado em Lisboa, cidade onde Amilcar estudava Direito, na
Universidade Católica e Belmiro frequentava o último ano do liceu, pelo preço de 500
euros mensais.

Do contrato constava que os arrendatários já tinham pago duas rendas, uma pelo
primeiro mês e outra a título de caução. Constava ainda do contrato que, em caso de
litígio a ele referente, o Tribunal competente seria o Tribunal judicial da Comarca do
Porto, por ser aí que residia a família dos dois estudantes.

Três meses depois de celebrado o contrato e estando Amilcar e Belmiro a habitar no


andar, rebentou a canalização do referido andar, que sofreu graves danos, ficando
inabitável. Na sequência deste episódio, Amilcar e Belmiro mudaram-se para o hotel
Marriott para poderem estudar com calma para os exames que ambos iriam ter e que se
iriam realizar em Janeiro.

Apesar de, segundo Amilcar e Belmiro, estes terem contactado a sociedade por
diversas vezes para que esta procedesse à reparação da canalização, C nunca o fez.

Por este motivo, Amilcar e Belmiro, patrocinados por Amilcar (estudante de direito),
instauram uma acção na instância central do tribunal judicial da comarca de Lisboa em
que juntam um documento escrito com o contrato de arrendamento, pedindo:

a) a condenação do réu na reparação imediata da canalização;


b) a condenação do réu no pagamento de uma indemnização, a cada um, no valor
de 5 000 euros, correspondente ao valor das despesas que tiveram com a estadia
no Marriott, acrescida do valor dos juros que essa quantia for vencendo, até
efectivo e integral pagamento da indemnização.
1. C vem apresentar a sua contestação, invocando:
1.1. a incompetência do tribunal em que a acção foi proposta, alegando que
devia ser absolvido do pedido com esse fundamento;
1.2. a falta de interesse em agir dos autores no pedido dos juros, que, por esse
motivo, devia improceder;
1.3. a impossibilidade de Amilcar assumir o patrocínio judiciário nesta acção,
devendo, consequentemente, ser absolvido da instância com esse
fundamento;
1.4. a menoridade de Belmiro, que deveria conduzir à sua substituição pelos
respectivos progenitores.
Comente os diversos meios de defesa do réu e diga se devem ou não proceder.
Relativamente à defesa descrita em 1.1., se considerar que o tribunal em que a
acção foi proposta não é competente, diga qual seria o tribunal competente para
propor a acção.

2. Suponha que, na constestação, a sociedade C veio ainda dizer que, apesar de


Amilcar e Belmiro terem junto um documento escrito, assinado pelas partes,
como contrato de arrendamento, nunca tinha assinado nenhum contrato escrito
naqueles termos com os autores, tendo o acordo sido meramente verbal. Diga se:
2.1. O contrato junto por Amilcar e Belmiro prova o arrendamento e o
pagamento do valor ali referido;
2.2. Se C pode vir apresentar testemunhas para provar que o contrato de
arrendamento foi meramente verbal, uma vez que pretende vir invocar a
nulidade do referido contrato com fundamento no vício de forma.

3. C vem alegar que, ao contrário do que os autores contam na petição inicial,


nunca recebeu qualquer contacto de Amilcar e Belmiro a comunicar-lhe a
ocorrência da inundação. Como deve o tribunal julgar o pedido de indemnização
se não ficar provado que Amilcar e Belmiro tentaram contactar C a comunicar-
lhe o sucedido?

Você também pode gostar