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Hipótese n.

º 1

Costume Internacional

1. Em 1974, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou - numa votação com 80 votos
a favor e 58 votos contra - a Resolução A/RES/76/22 que define o direito de passagem
inofensiva como uma norma essencial para o desenvolvimento de uma regulação
internacional do mar.

2. Em 1975, teve lugar a Conferência de Maseru que reuniu os vários chefes de governo
e de Estado dos Estados do mundo sem litoral, marcada pela unanimidade nas
declarações de oposição à codificação por convenção internacional do direito de
passagem inofensiva.

3. Em 1976, um investigador da Universidade de Tóquio publicou um artigo no American


Journal of International Law, referindo vários atos administrativos de vários Estados
asiáticos a autorizar a passagem inofensiva de navios provenientes de outros Estados
do pacifico.

4. Em 1977, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos decide o processo Brownlie v. State
of California, estabelecendo o direito de passagem inofensiva como norma aplicável
em todo o território norte-americano.

5. Em 1978, no exercício da sua competência exclusiva no quadro da Política Comercial


Comum, a Comunidade Económica Europeia estabeleceu em Regulamento o direito de
passagem inofensiva de navios provenientes de Estados terceiros pelo mar territorial
dos Estados-Membros

6. Entre 1976 e 1982, no contexto da negociação do texto da Convenção das Nações


Unidas sobre o Direito do Mar (‘CNUDM’), o Presidente da República do Peru, nos
seus discursos durante a sessão ordinária anual da Assembleia Geral das Nações
Unidas, insurgiu-se de forma consistente contra a consagração na convenção de um
direito de passagem inofensiva, entendendo caber aos Estados decidir quais navios
devem beneficiar de tal prerrogativa.

7. A CNUDM foi assinada no dia 10 de dezembro de 1982 por 119 Estados, seguindo-se
o processo de ratificação.
8. Nos termos do artigo 17.º da referida convenção «os navios de qualquer Estado,
costeiro ou sem litoral, gozarão do direito de passagem inofensiva pelo mar
territorial.»

9. A República do Peru não ratificou a convenção.

10. A República do Peru sempre autorizou a passagem de navios da República do Equador,


prática refletida numa circular do Ministério dos Negócios Estrangeiros peruano.

11. Em 1983, a República do Peru impediu um navio chileno, o Pinochet, de passar pelo
seu mar territorial, invocando a necessidade de concordância prévia para o efeito.

12. O Pinochet transportava opositores ao governo chileno que tinham sido detidos no
território colombiano e que estavam a ser levados para Santiago onde seriam sujeitos a
atos de tortura.

13. Na sequência destes factos, em 1984, a República do Chile propõe uma ação junto do
Tribunal Internacional de Justiça, pedindo a declaração da ilicitude do ato de
impedimento da passagem do Pinochet pelo mar territorial peruano.

14. Nos termos do disposto no n.º 1, do artigo 308 da CNUDM, a mesma entrou em vigor
no dia 16 de Novembro de 1994, com o depósito do sexagésimo instrumento de
ratificação ou de adesão.

Deve o Tribunal Internacional de Justiça decidir contra a República do Peru?

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