3º DIA DO TRÍDUO: GABRIEL Bendigamos ao Senhor que escuta a oração dos

MALAGRIDA, COMPANHEIRO empobrecidos e liberta os oprimidos. Façamos nossa

experiência de intimidade com Deus que o salmista
MÁRTIR
nos revela e os companheiros mártires viveram e
testemunharam com a prova do amor maior.
CHEGADA – escutar música Tocha Viva - OPA
:/Os justos elevem a Deus o seu grito e o Deus que
liberta escuta o clamor; bem perto está Deus e
ABERTURA
salva o abatido, de suas angústias livra o Senhor:/
Vem, ó Deus da vida, vem nos ajudar!
1. Vamos juntos dar glória ao Senhor e ao seu
Vem, não demores mais, vem nos libertar!
nome fazer louvação. Procurei o Senhor, me
Hoje, ó Deus da vida, vimos adorar,
atendeu, me livrou de uma grande aflição./ Olhem
com o companheiro mártir, vimos celebrar!
Todos: para ele e se alegrem, todo o tempo sua boca
Glória ao Pai e ao Filho e ao Santo Espírito,
sorria. Este pobre gritou e ele ouviu, fiquei livre da
glória à Trindade Santa, glória ao Deus
minha agonia.
bendito!
Aleluia, irmãs, aleluia, irmãos!
2. Acampou na batalha seu anjo, Defendendo
Lembrando Malagrida, a Deus louvação!
seu povo e o livrando, provem Todos:, pra ver como
é bom o Senhor que nos vai abrigando./ Povo santo,
RECORDAÇÃO DA VIDA
adore o Senhor, aos que o temem nenhum mal
Leitor 1: Em 1758 houve um atentado contra el-rei
assalta. Quem é rico empobrece e tem fome, mas a
D. José I. Pouco depois o Padre Malagrida foi preso
quem busca a Deus, nada falta.
em Lisboa, acusado de cumplicidade no atentado e
encerrado sem julgamento, durante dois anos, nas
3. Ó meus filhos, escutem o que eu digo pra
masmorras subterrâneas.
aprender o temor do Senhor. Quem de nós que não
Leitor 2: Enquanto Malagrida penava nas
ama sua vida, e a seus dias não quer dar valor?/Tua
masmorras, Pombal fez arrebanhar todos os jesuítas
língua preserva do mal e não deixes tua boca mentir.
do reino português e atirá-los às costas marítimas da
Ama o bem e detesta a maldade, vem a paz procurar
Itália. Do mesmo modo, os jesuítas das colônias
e seguir.
foram apinhados em estreitas embarcações, trazidos
para Lisboa e dali levados ao Estado Pontifício.
4. Sobre o justo o Senhor olha sempre, seu
Muitos morreram no caminho, pelos maus tratos nas
ouvido se põe a escutar. Que teus olhos se afastem
embarcações.
dos maus, pois ninguém deles vai se lembrar./Deus
Leitor 3: Pombal tratou de preparar o tribunal que
ouviu quando os justos chamaram e livrou-os de sua
devia dar aparência legal à prisão do padre Gabriel.
aflição. Está perto de quem se arrepende, ao pequeno
O marquês não gostava da Companhia de Jesus e
ele dá salvação.
muito menos de Malagrida, especialmente depois da
celebridade que ele alcançou na época do terrível
5. Para o justo não há momentos amargos, mas
terremoto de 1755. A que ponto Pombal dominava
vem Deus pra lhe dar proteção. Ele guarda com amor
o rei, ficou patente pela ousadia de remover o
os seus ossos; nenhum deles terá perdição. /A
próprio irmão de D. José I do cargo de inquisidor-
malícia do ímpio o liquida, quem persegue o
geral e substituí-lo por seu próprio irmão Paulo
inocente é arrasado. O Senhor e seus servos liberta,
Carvalho.
quem se abriga em Deus é poupado.
Leitor 4: Finalmente Malagrida foi citado diante do
tribunal. Teve que apresentar-se com a batina meio
6. Glória a Deus, Criador que nos ama, glória a
apodrecida pelo ar da masmorra. Durante dois anos
Cristo que é nosso bem. E ao Espírito, Mãe de
não lhe tinham concedido mudar de roupa.
ternura, desde agora e pra sempre. Amém!
Cumplicidade no atentado contra el-rei não era da
alçada do tribunal eclesiástico, pelo que Pombal
LEITURA BÍBLICA – Ap 7,2-4. 9-14.
forjou novas acusações apropriadas. Malagrida teria
escrito duas obras de conteúdo ridículo e herético,
Defesa do Padre Malagrida apresentada ao
que hoje se crê terem sido forjadas a pedido do
Papa Clemente XIII, em 1759
marquês.
Leitor 1: Em janeiro de 1761 apareceu a
Leitor 1: Beatíssimo Padre. Que triste espetáculo é
escandalosa sentença: Malagrida era declarado réu
tudo isso! Que repentina metamorfose! Neste
de heresia, de blasfêmia, de falsas profecias e por
porto, onde outrora tantos pregadores evangélicos
tais crimes, devia ser relaxado ao braço secular. O
costumavam partir para África, Ásia e América, vêm
tribunal civil julgou reais os "enormes crimes" e
agora ancorar as naus carregadas de missionários que
lavrou a sentença, condenando o apóstolo a ser
voltam das missões. Não que eles, exaustos com a
garrotado pela mão do algoz e queimado na praça
sua atividade apostólica, anseiem regressar à sua
pública de Lisboa. A execução foi realizada aos 21-
pátria, na Europa, mas, como que fulminados por um
9-1761.
raio, com estupefação do povo cristão, eles são
Todos: "Ao excesso do ridículo e do absurdo
obrigados pelas autoridades dos reis a abandonar o
ajunta-se o excesso do horror!" (Voltaire)
seu campo apostólico, são expulsos das missões pelo
próprio governador — por ordem do Rei, são
SALMO 34(33) – (Jocy Rodrigues)
lançados para fora delas, marcados com a ignomínia,
atraiçoados pelos homens, esmagados de calúnias
como sedutores, traidores e proclamados inimigos do
Estado. Eles, que nunca deixaram de ser os
defensores da paz e da concórdia! Ai de mim! Não
sei para onde me voltar!
Leitor 2: Onde estará a causa de tamanha
calamidade? A quem atribuir a culpa desta tão
horrível tragédia? A Sua Majestade Fidelíssima?
Mas, este nobre filho dos piedosíssimos Reis, D.
João V e D. Mariana de Áustria, foi educado com
todo esmero nos sãos princípios de um príncipe
religioso, cuidadosamente formado pelos padres da
Companhia e dócil aos seus conselhos, como
diretores que eram da sua consciência. É forçoso,
portanto, procurar em outros a causa de tão nefasta
tempestade. Se eu a atribuir ao Primeiro Ministro,
Carvalho e Melo, não andarei longe da verdade. Este
autor de tanta ruína, obcecado pelo esplendor do
nome da nossa Companhia, que lhe ofuscava os
olhos cheios de inveja, esforçou-se por obscurecê-lo
com os seus livros satíricos, espalhados por toda a
parte. A sua voz difundiu-se por toda a terra e as suas
palavras até aos confins do Mundo (Sl 19,5). Estas
publicações atacam-nos com um estilo tão violento e
estão eivadas de ódio tão cruel, virulento,
implacável, que, se estivesse na mão do seu autor,
não ficaria um só Jesuíta com a cabeça sobre os
ombros.
Leitor 3: Mas, foi contra mim, que ele,
principalmente, vomitou todo o vírus da crueldade
que, desde há muito, nutria no seu coração. Fui
expulso do palácio, exilado da Capital e encerrado no
Colégio de Setúbal, como que sob custódia. Mas,
qual terá sido a causa dessa súbita perseguição? Foi
o fato de eu ter refutado a explicação dada pelos
descrentes, que atribuíam a causas meramente
naturais o horrível terremoto da cidade de Lisboa. Eu
apelei para a autoridade dos Doutores da Igreja, para
a justiça de Deus, vingador severo dos pecados dos
homens. Defendi ardentemente a honra de Deus. Se
o Ministro me condena, acuse o Tribunal da Sagrada
Inquisição, acuse a Cúria Patriarcal, acuse o
Desembargo do Paço, acuse os três magistrados, que
aprovaram o meu sermão e concederam autorização
para o publicar.
PRECES
Leitor 4: Junto a Gabriel Malagrida e a todos os
companheiros mártires unamo-nos à intercessão de
Jesus e rezemos:
Todos: Escutai-nos, Senhor da glória!
Leitor 1: Pelo testemunho dos mártires, tu te
revelaste próximo de nós e companheiro de nossas
vidas.
Leitor 2: Acolhe o louvor de todas as criaturas e a
oferenda que fizeram de suas vidas os mártires de
todos os tempos e lugares.
Leitor 3: Nós te bendizemos pelos sinais de amor
que cada pessoa e toda a nossa comunidade tem
recebido de ti.
Leitor 4: Da terra regada pelo sangue dos mártires,
faz brotar, Senhor, flores de aleluia e vida, frutos de
paz e justiça para teu povo...
Leitor 1: Julga, Senhor, os responsáveis pela morte
de nossos novos mártires, que compreendam o mal
que fazem e se convertam de seu pecado...
PAI NOSSO DOS MÁRTIRES (Cirineu Kuhn)
Pai Nosso, dos pobres marginalizados! Pai Nosso,
dos Mártires, dos torturados!
1. Teu nome é santificado naqueles que
morrem defendendo a vida. Teu
nome é glorificado quando a justiça é
nossa medida. Teu reino é de
liberdade, de fraternidade, paz e
comunhão. Maldita toda violência,
que devora a vida pela repressão. Ô,
ô, ô.
2. Queremos fazer tua vontade, és o
verdadeiro Deus libertador. Não podemos
seguir as doutrinas corrompidas pelo
poder opressor. Pedimos-te o pão da vida,
o pão da segurança, o pão das multidões, o
pão que traz humanidade que constrói a
vida em vez de canhões. Ô, ô, ô.
3. Perdoa-nos quando por medo, ficamos
calados diante da morte! Perdoa e destrói os
reinos em que a corrupção é a lei mais forte.
Protege-nos da crueldade, do esquadrão da
morte, dos prevalecidos. Pai Nosso
revolucionário, Parceiro dos pobres, Deus dos
oprimidos!
ORAÇÃO
Deus da vida e de toda a família humana, que
caminha na vossa presença, fazendo memória do
martírio do companheiro Gabriel Malagrida,
celebramos a Páscoa do vosso Filho Jesus, a
Testemunha Fiel. Nós vos bendizemos pelo amor
que venceu o medo e a tortura e vos pedimos que nos
torneis filhos da mesma Graça, testemunhas e
herdeiros do sangue derramado, fiel ao Evangelho
do Reino. Por Cristo nosso Senhor.
Amém!