Você está na página 1de 3

Coletânea:

REDAÇÃO
Professor (a): Robson 04
Ensino Médio / Curso
Entregar: 06/03/2014
1º Bimestre
Aluno (a): Nº

REDAÇÃO
Instruções

Você deve desenvolver seu texto em um dos gêneros apresentados nas propostas de redação. O tema é único para as
três propostas. A fuga do tema ou cópia da coletânea anula a redação. A leitura da coletânea é obrigatória. Ao utilizá-la, você
não deve copiar trechos ou frases. Quando for necessária, a transcrição deve estar a serviço do seu texto. Independente-
mente do gênero escolhido, o seu texto NÃO deve ser assinado.

Tema
Quais os impactos da aprovação da lei “anti-terror” na sociedade brasileira?

Coletânea
1.
Terrorismo e inquisição à brasileira
A lei antiterrorismo emerge para, em nome “dos cidadãos de bem”, manter as estruturas políticas, econômicas, co-
municacionais e religiosas dominantes

Caio Silva de Souza, de 22 anos, suspeito de acender o rojão que matou Santiago Andrade, é apresentado pela polícia. O caso serviu
para a lei antiterrorismo voltar a ser debatida no Senado

A lei antiterrorismo apresentada no Senado é um dos maiores atentados à democracia brasileira dos últimos tempos.
A aprovação do Projeto de Lei 499 é defendida por senadores do PT como Jorge Viana (AC) e Paulo Paim (RS) com o
objetivo de “conter quem provocar o pânico generalizado”. Qualquer ligação com a necessidade desesperada de mostrar
um espetáculo imagético de corpos dóceis durante a Copa do Mundo não é mera coincidência.
Não passará! Estamos a um passo de jogar fora as conquistas democráticas brasileiras, concretizando a paranoia
coletiva que legitima a repressão e uma estrutura punitiva, baseada na ação policial violenta, que, neste caso, visa ape-
nas à criminalização dos movimentos sociais de massa, ampliando a zona do terror espalhada pelo Estado brasileiro. Não
restam dúvidas que a corda vai romper no lado mais fraco. Os terroristas terão cor, classe e ideologia.
Junho de 2013 foi uma das maiores insurgências populares da história do Brasil. É vulgar a manobra orquestrada – da
grande mídia, da direita e do governo – de esvaziamento da luta dos movimentos sociais por meio da criminalização. Não
funcionou a criação do personagem do vândalo. Mas a morte estúpida e injustificável do cinegrafista Santiago Ilídio An-
drade é o elemento estopim que se precisava para institucionalizar um sistema injusto que, ao invés de avançar para re-
formas estruturais que a sociedade brasileira carece, regride no autoritarismo punitivo.
A criminalização não é um fato novo na história do Brasil. Ela atualiza estruturas históricas nacionais e globais.
De um lado, representa a continuidade de um modelo ocidental baseado no exercício do biopoder difuso e multiface-
tado que atinge seu ápice no neoliberalismo do século XXI. A modernidade e o capitalismo reforçaram discursos conser-
vadores sobre a “normalidade”, tendo como consequência a marginalização e a criação de grupos “delinquentes” para os
quais só resta a lógica punitiva, como já mostrava Michel Foucault. Isso ganha uma nova roupagem na virada do milênio
com o que John e Jean Comaroff chamam de “fetiche pela lei”, que procura exorcizar os fantasmas do Estado, que su-
postamente detêm a custódia da civilidade contra a desordem.
De outro, temos a nossa modernidade tupiniquim, sentida pelos operadores públicos como eternamente incompleta
no simulacro dos países desenvolvidos. A história do Brasil é repleta de exemplos sobre a criação do personagem “mar-
ginal” – o que fica à parte da modernidade. Capoeiras, ambulantes, pobres, manifestantes. Todos deslocados de nosso
sonho que nunca alcançamos: a cidade moderna onde as elites consomem e flanam com tranquilidade. Para com os gru-
pos “marginais”, em uma nação fundada na invasão, no extermínio e no estupro das populações nativas – estas também
fora de lugar – aplica-se apenas uma medida: a violência.

www.praxisvestibulares.com.br – Fone (62) 3224-3595 – Rua 83-A nº 27, Setor Sul – Goiânia - Go
Colégio Práxis

Mas o século XXI no mundo como um todo apresenta novas características que apontam para um retrocesso de
conquistas democráticas e plurais. Há um aperto conservador que vem ocorrendo em diversos campos. Eventos que pa-
recem, à primeira vista, completamente distintos, na verdade, compõem o amplo corolário neoliberal da virada do milênio,
em tempos nos quais os grandes paradigmas que governam o mundo têm sido questionados: a propriedade de ideias, o
estado-nação, os sistemas tradicionais de informação, a política, a religião.
A lei antiterrorismo não emerge do vácuo histórico: mas do medo da perda do controle da tão desejada e necessária
ordem que, em nome “dos cidadãos de bem”, apenas visa manter as estruturas políticas, econômicas, comunicacionais e
religiosas dominantes. Trata-se de uma tentativa desesperada de calar a sociedade civil no ano de Copa do Mundo, que
em vez de protestos, deveria mostrar um evento pirotécnico e uma população domesticada, que docilmente senta-se nos
estádios ou toma uma cerveja em frente a sua tela plasma conquistada em um pagamento de 12 vezes com juros. Ela
deveria chorar de emoção com o gol da seleção enquanto “inglês vê” as maravilhas conquistadas pelo crescimento eco-
nômico brasileiro. Malditos vândalos que não entendem que o Brasil está progredindo e que querem atrapalhar a nossa
grande festa da modernidade.
Não vai ter espetáculo. Arma-se, ao contrário, um grande circo que aponta para o fracasso das estruturas democrá-
ticas brasileiras, em que o governo se vale das mesmas armas sórdidas das quais foi vítima no passado.
O que está por trás da lei antiterrorismo é uma caça às bruxas em nome das “pessoas de bem”. Por isso é bom lembrar o
significado das expressões bem e mal. São categorias que se polarizam na história do ocidente e da Igreja Católica, divi-
dindo o céu e o inferno. Os cidadãos de bem, é claro, seguindo fielmente as regras dominantes, assumem o seu lugar no
paraíso. Endossado pela grande mídia que vê seu poderio ameaçado, o bem é uma categoria falsa e vaga para manter a
velha e boa ordem que conjuga conservadorismo econômico, religioso e político.
O mundo dos movimentos sociais, entretanto, não se pauta pelos valores como o bem e o mal, mas pela ética e a
justiça. A ética reside na possibilidade de exercer cidadania, de ir e vir, de reivindicar, de escolher e de circular. Não há
critérios éticos nem justos para definir terrorismo. Serão critérios discriminatórios generalizantes que, em nome da paz e
do bem, apenas visam espalhar aprisionamento, medo, sangue e tortura entre aqueles que não se enquadram nas regras
do espetáculo.
Lei antiterrorismo é fruto do medo que gera ainda mais medo. Medo de que as coisas fujam da “normalidade”. Ao
longo da história, em nome do “bem”, muitas vidas inocentes já foram executadas para no fim das contas manter a ordem.
E se não barrarmos imediatamente esse absurdo, a zona do terror só tende a se ampliar.

2.

3.
Direito e Justiça
Deputado e governo dizem que lei antiterror não punirá manifestantes

Projeto, que está em análise no Senado, é resultado do trabalho de uma comissão conjunta de deputados e senadores.

Miro Teixeira: "Os direitos individuais não são afetados pela nova proposta".
Deputados e representantes do governo federal garantem que a lei antiterrorismo em discussão no Congresso não vai ser
usada para impedir manifestações democráticas ou punir seus participantes.
Com o retorno dos trabalhos legislativos e a aproximação da Copa do Mundo, o projeto da lei antiterrorismo deve vol-
tar aos debates parlamentares. A proposta é de autoria da comissão mista do Congresso Nacional criada para regulamen-
tar leis federais e artigos da Constituição e pode entrar na pauta do Plenário do Senado ainda neste mês.
Colégio Práxis

O Brasil ainda não tem uma legislação específica sobre terrorismo, mas um artigo sobre o assunto foi incluído a Lei de
Segurança Nacional (Lei 7.170/83), promulgada durante o governo do último presidente militar, general João Figueiredo, e
sem revogação expressa.
A lei prevê prisão de três a dez anos para quem devastar, saquear, extorquir, roubar, sequestrar, manter em cárcere
privado, incendiar, depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo político
ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas.

"Direitos não são afetados"


Apesar dessa definição, não existe consenso no meio acadêmico e na doutrina jurídica sobre se determinados atos
são ou não terroristas. Mesmo assim, o deputado Miro Teixeira (Pros-RJ), integrante da comissão mista que aprovou o pro-
jeto da lei antiterrorismo, destaca que não é difícil reconhecer um ato terrorista e, por isso, ele não pode ser confundido com
algumas ações que possam ocorrer em manifestações democráticas no Brasil.
O ato terrorista, diz o deputado, “tem um índole muito própria, é fácil de ser identificado, não há muito mistério. Lembra
um velho jargão até do mundo jurídico, também do mundo jornalístico: você pode não saber o que é uma coisa, agora, di-
ante dela, você sabe que ela está existindo. Então o terrorismo é assim: você sabe exatamente o que é o ato terrorista”.
De outro lado, contrapõe Miro, “a manifestação social por reivindicações justas, como temos no Brasil, não pode, de
forma alguma, ser considerada terrorismo. Consequentemente, os direitos individuais não são absolutamente afetados. A
existência de uma lei antiterrorismo é uma exigência da Constituição".

Preocupação do governo
O secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira, afirma que o governo está acompa-
nhando o andamento do projeto da lei antiterrorismo no Congresso justamente para evitar que a proposta venha a restringir
a liberdade de manifestação.
"Temos preocupação em relação à amplitude que está sendo dada ao conceito de terrorismo. Se nós olharmos o pro-
jeto hoje, ele diz: conceito de terrorismo – provocar ou infundir terror ou pânico generalizado mediante ofensa ou tentativa
de ofensa à vida, à integridade física ou à saúde ou à privação da liberdade da pessoa. Ou seja, é um conceito bastante
amplo”, preocupa-se Pereira.
Por isso, o secretário considera necessário “aprofundar esse debate para evitar que, a pretexto de se tipificar o terro-
rismo, de se aumentar o rigor da punição contra atos terroristas, nós tenhamos um retrocesso nos direitos e garantias de
manifestação, de associação, no direito do cidadão de poder reivindicar a concretização de seus direitos".
Marivaldo Pereira destacou que, mesmo que o projeto da lei antiterrorismo não seja aprovado antes da Copa do Mun-
do, o País já tem instrumentos legais para atuar na prevenção a ações terroristas. O representante do Ministério da Justiça
também declarou que os governos dos estados que vão sediar os jogos e o governo federal já estão realizando ações de
inteligência para impedir esse tipo de ocorrência.

Propostas de Redação
A – Artigo de Opinião
Baseando-se no tema faça um ARTIGO DE OPINIÃO.

B – Manifesto
Imagine-se um manifestante que ficou sabendo da proposta da “lei anti-terror” e faça um MANIFESTO posicionando-se em
relação ao tema.

C – Carta Argumentativa
Como um cidadão brasileiro faça uma CARTA ARGUMENTATIVA, direcionada ao deputado criador da “lei anti-
terror” posicionando-se em relação ao tema.

Você também pode gostar