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TELA CHEIA SUMÁRIO

Copyright 2020 Futebol Interativo / Natal – RN ©

Autors
Claudio Leão de Almeida Junior
Mariana Fraga Pereira
Bruno Baltazar dos Reis Gomes
Allan Igor Silva Serafim
Victor Hugo Butzloff de Abreu
Edson Albuquerque de Oliveira Filho
Lizandra da Silva Nunes
Pedro Nasser
Ricardo Patrício Honorato Almeida
Vitor Hugo Lima Mendes dos Anjos

Designer Editorial e Interação


José Antonio Bezerra Junior

Capa
Marcus Arboés

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TELA CHEIA SUMÁRIO

Sumário
PSICOLOGIA DO FUTEBOL REESTRUTURAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE
PSICOLOGIA DO FLUMINENSE FOOTBALL CLUB
Claudio Leão de Almeida Junior ......................................................................................................................................................4

MODELO DE JOGO COMO ESTRUTURAR 1 SEMANA DE TREINOS


PARA A ESTREIA NA TEMPORADA?
Mariana Fraga Pereira ..............................................................................................................................................................................16

PREPARAÇÃO FÍSICA NO FUTEBOL


Bruno Baltazar dos Reis Gomes ..................................................................................................................................................23

PERIODIZAÇÃO DE UM CLUBE PROFISSIONAL DA SÉRIE A DO CAMPEONATO


BRASILEIRO: DESCRIÇÃO DE UM MESOCICLO COMPETITIVO
Allan Igor Silva Serafim ............................................................................................................................................................................37

PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DE UM DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA EM


UM CLUBE DE FUTEBOL
Victor Hugo Butzloff de Abreu ......................................................................................................................................................60

ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DEPARTAMENTO DE FUTEBOL FEMININO


Edson Albuquerque de Oliveira Filho ....................................................................................................................................73

NÚCLEO DE EXCELÊNCIA: FORMAÇÃO DE ATLETAS FUTEBOL FEMININO


“FORMAR PESSOAS, DESENVOLVENDO TALENTO!”
Lizandra da Silva Nunes ..........................................................................................................................................................................82

CURSO DE TÁTICAS PARA TREINADORES FUTEBOL INTERATIVO


Pedro Nasser .....................................................................................................................................................................................................87

ANÁLISE DE DESEMPENHO –LIVERPOOL X MANCHESTER CITY –


COMMUNITY SHIELD 2019
Ricardo Patrício Honorato Almeida......................................................................................................................................135

ANÁLISE QUALITATIVA E QUANTITATIVA: CONFRONTO PARIS SAINT GERMAIN


X MANCHESTER UNITED
Vitor Hugo Lima Mendes dos Anjos ....................................................................................................................................146
TELA CHEIA SUMÁRIO

PSICOLOGIA DO FUTEBOL
REESTRUTURAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE
PSICOLOGIA DO FLUMINENSE FOOTBALL CLUB

CLAUDIO LEÃO DE ALMEIDA JUNIOR

4 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


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1. Breve Introdução à área e ao serviço


O presente projeto é parte integrante do curso de Psicologia do Futebol
realizado pelo Futebol Interativo e se trata de uma reestruturação do departamento
de Psicologia do Fluminense Football Club. Tal proposta advém da necessidade de
(re)pensar e ampliar a Psicologia do esporte dentro do clube, visto a falta de
compreensão de suas funções, bem como da falta de efetividade das mesmas para
uma melhor performance e na prevenção e promoção do bem estar dos atletas e
profissionais.
Esta reestruturação percorre diversos caminhos, dentre eles: evidenciar para
o clube a necessidade da Psicologia do esporte e suas aplicabilidades; renovar o
processo de avaliação psicológica dos atletas; introduzir o treinamento de habilidades
psicológicas; desenvolver trabalhos interdisciplinares; intervir com os demais
profissionais do clube e refletir a saúde mental dos atletas e profissionais do clube.
Toda essa reformulação envolve tanto o time profissional como a base, contudo, cada
categoria possui suas demandas, especificidades e formas de intervir, e isso também
precisa ser levado em consideração.
Infelizmente, a parte psicológica não é vista da mesma forma que a parte tática,
técnica e física dentro do futebol e muitas vezes é esquecida no planejamento do
time, sendo lembrada somente em decisões de finais de campeonato, nas últimas
rodadas na luta contra o rebaixamento e em outros momentos urgentes do clube.
Diante disso, seria possível preparar a parte psicológica de um atleta na semana do
jogo? Seria difícil (ou até mesmo impossível), da mesma forma que deixar um atleta,
voltando de pré-temporada, preparado fisicamente no mesmo período. Quem fica
responsável por essa função, na maioria dos casos, é o próprio treinador, e não um
profissional da Psicologia. Assim, existe uma contradição sobre este assunto, pois ao
mesmo tempo que se diz ser importante a parte emocional e psicológica, pouco fazem
para trabalhar estas áreas.
Assim, a importância de reconstruir este departamento surge do fato de o nível
técnico, físico e tático dos atletas de alto rendimento estarem cada vez mais
nivelados, e portanto a parte psicológica seria o diferencial para atingir um resultado
esperado. Weinberg e Gould (2017) citam que os principais responsáveis pelas
oscilações no desempenho são os fatores psicológicos. Para que o alto desempenho

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seja atingido, os atletas necessitam de uma prática metodológica de treino que inclua
todas as dimensões do desempenho esportivo, e isso abarca a parte física, tática,
técnica e psicológica (PESCA; PEREIRA; CRUZ, 2014).
Rose Jr. (1997) coloca que os atletas de modalidades de esportes coletivos
estão suscetíveis aos mais diferentes tipos de pressão interna e externa, sendo que
as pressões internas abarcam as expectativas de sucesso, as percepções frente as
derrotas e vitórias, bem como as metas pessoais. E as pressões externas,
compreendem a avaliação do desempenho dos técnicos, o comportamento da torcida
e as críticas das pessoas ao seu redor (companheiros de equipe, família e imprensa).
Além desses fatores citados a cima, o atleta em muitos casos está sujeito a
uma rotina cansativa de treinos e jogos e por essa razão percebe-se envolvido por
questões como: a ausência de contato com a família, superexposição na mídia e a
incapacidade de confessar suas fragilidades, angústias e incertezas para si e para os
outros (RUBIO, 2013).
Diante desses aspectos, a Psicologia necessita desenvolver estratégias para
lidar com todas essas questões, sendo uma delas o treinamento de habilidades
psicológicas (THP). É fundamental entender que este treinamento não é atribuído
apenas para os atletas com problemas emocionais ou psicológicos, mas constitui
também como uma área da preparação global do atleta (LAVOURA; ZANETTI;
MACHADO, 2008). De acordo com Samulski (2002), a finalidade do treinamento
psicológico é desenvolver e aperfeiçoar as habilidades e capacidades psicológicas
dos atletas e treinadores.
Os atletas da base precisam ser olhados com atenção em suas necessidades,
pois ainda estão em fase desenvolvimento, e pensar em estratégias para trabalhar o
lado humano e social é primordial. Peres e Lovisolo (2006) enfatizam que o círculo
social dos atletas jovens precisam ser ampliado e desenvolvido, cabendo ao clube
promover um ambiente social educativo através de diversas intervenções que envolva
as famílias, treinadores e as pessoas de seus convívios.
Em síntese, percebe-se a urgência em reconstruir o departamento de
Psicologia do clube, deixando de restringir sua função em apenas realizar “testagem
psicológica”, propondo estratégias mais humanas e de cunho emocional, para que
TODOS sejam orientados e preparados a uma série de desafios psicológicos que

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terão que enfrentar enquanto profissionais e atletas de um time de futebol.

2. Objetivos
2.1 Objetivo geral
• Reestruturar o departamento de Psicologia do Fluminense Football Club a fim de
promover uma valorização e reconhecimento da importância da Psicologia esportiva
dentro do clube, buscando desenvolver intervenções para o melhor rendimento e
bem-estar dos atletas e profissionais.

2.2 Objetivos específicos


• Dialogar com profissionais de diferentes áreas do clube;
• Desenvolver trabalhos interdisciplinares;
• Aperfeiçoar o processo de avaliação psicológica dos atletas;
• Introduzir o treinamento de habilidades psicológicas para atingir o melhor
desempenho e alcançar maior satisfação no futebol;
• Promover atuações humanizadas com todos os profissionais do clube frente as
situações de fragilidade emocional e riscos psicossociais.
• Desenvolver potencialidades pessoais e profissionais da comissão técnica
multidisciplinar e demais profissionais.

3. Plano de desenvolvimento
3.1 Esclarecer o papel do departamento de Psicologia
A reestruturação do departamento de Psicologia começará pela clarificação do
que este setor pode fazer dentro do clube, explicitando as suas funções, seus
objetivos e formas de trabalho, para assim desmitificar algumas questões e ampliar
seu entendimento, a fim de que os profissionais possam usufruir dos benefícios da
Psicologia esportiva. Umas das maiores dificuldade é a falta de informação e o
entendimento do senso comum, portanto, como primeiro passo, é necessário fazer
com que realmente se conheça as possibilidades e potencialidades da Psicologia do
esporte. Esta etapa será concretizada através de reuniões com todos os
departamentos do clube de forma separada antes do início da temporada,

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apresentando dados reais sobre o trabalho da Psicologia no esporte e seus


resultados. Isso será importante para o entendimento de que o psicólogo/a não está
ali para tomar ou ameaçar do trabalho de ninguém, mas para agregar na equipe
multiprofissional e potencializar os demais trabalhos. Além de reuniões, o
departamento disponibilizará papeis informativos sobre todas as funções e objetivos
dos profissionais da Psicologia para melhor fixação das informações. Essas reuniões
também poderão ser realizadas ao longo do ano e no final da temporada, de acordo
com as necessidades.

3.2 Aproximação da Psicologia com/na a comissão técnica


Tendo realizada essa primeira parte, o próximo passo será a aproximação com
a comissão técnica multiprofissional, para pensar em trabalho interdisciplinares e
explicar sobre os benefícios do treinamento de habilidades psicológicas com atletas
e equipe multiprofissional, e outras estratégias possíveis. O intuito não é só o
psicólogo trabalhar COM a comissão técnica, mas também NA comissão técnica
(estando presente, observando, orientando, avaliando e etc.). Essa aproximação é
uma das etapas mais importantes, e uma boa relação com o treinador é fundamental
para o engajamento dentro da comissão. É essencial a clarificação do seu papel ser
contínua e realizada com cuidado, até por que a comissão técnica pode mudar ao
longo do ano mais de uma vez. Por isso, essa aproximação será constante.

3.3 Mudança no processo de avaliação Psicológica


Após o engajamento NA comissão técnica, se inicia o contato com os atletas,
onde será de extrema importância explicar as funções e as contribuições da
Psicologia do esporte. Um ponto primordial desta reestruturação do departamento é
que o processo de avaliação psicológica terá uma mudança de postura, não sendo
apenas aplicado testes psicológicos para estabelecer os perfis dos atletas antes de
propor estratégias. Este processo também abarcará conversas com os atletas,
anamneses, entrevistas, aplicação de questionários, observações em treinos e
competições, técnicas de dinâmica de grupo, conversas com a equipe técnica para
saber como o atleta é visto e entrevista devolutiva. Os testes psicológicos serão
utilizados com cautela, pois a maioria advém de outros contextos da psicologia e/ou

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de outros países sem a devida adaptação a realidade brasileira, o que pode ser
prejudicial para o atleta (GARCIA; BORSA, 2016). Assim, busca-se humanizar este
processo, acolhendo e escutando os atletas. Somente depois de reunir estas
informações, será possível traçar estratégias de intervenção. Os atletas precisam ser
vistos como humanos que pensam, sentem, sofrem, percebem, e não como
máquinas, por isso a importância da escuta neste processo.

3.4 Introdução e desenvolvimento do Treinamento de Habilidades


Psicológicas (THP)
Considerando o fato de que o problema real na maioria das vezes não são as
habilidades físicas e técnicas, mas as habilidades mentais, esta reestruturação tem
como uma de suas principais propostas a introdução e o desenvolvimento do
treinamento das habilidades psicológicas (THP), começando pelo estabelecimento de
metas, mentalização, diálogo interior positivo e regulação da ativação. Depois que o
processo de avaliação psicológica estiver iniciado, e percebendo as necessidades
dos atletas, poderá ser incluído outras estratégias e técnicas. A THP pode ser
realizada tanto com os atletas e o treinador, e terá as seguintes recomendações:

• Iniciar este treinamento na pré-temporada, e continuar até o seu fim;


• As habilidades psicológicas devem ser praticadas com frequência e aperfeiçoadas
através de repetições;
• Podem ser utilizados de 10 a 15 minutos (no começo ou final do treino), e de 3 a 5
dias por semana para serem praticados;
• Conforme os atletas vão ficando competentes, este treinamento pode ser integrado
aos demais treinamentos propostos por outros profissionais (ex. treino físico);
• Incluir outras estratégias e técnicas de acordo com as necessidades dos atletas
após o processo de avaliação psicológica;
• O THP necessita de encontros breves, porém frequentes;
• Pode ser realizado com outros profissionais do clube (principalmente o treinador),
além dos atletas, visto que estes também utiliza usam habilidades psicológicas.

Este processo de introdução do THP percorrerá por três fases: Educação,

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Aquisição e Prática. A primeira se refere a uma psicoeducação do atleta, explicando


os princípios básicos da habilidade psicológica em desenvolvimento, suas
características e efeitos sobre o desempenho. Na segunda fase, serão ensinadas
situações práticas, estratégias e técnicas de regulação da habilidade psicológica fora
das situações esportivas. E na última fase, as técnicas aprendidas são incorporadas
as diversas situações vividas pelo atleta no futebol. O objetivo final da THP é a
autorregulação, com os profissionais sendo capaz de monitorar e controlar de modo
efetivo seus pensamentos, sentimentos e comportamentos (WEINBERG; GOULD,
2017). E será avaliado de forma contínua através de observações e perguntas como:
quais técnicas funcionaram melhor? Houve tempo suficiente para praticar? Alguma
coisa deve ser acrescentando ou retirada? O treinamento contribuiu para a
autorregulação na performance de desempenho?

3.5 Criação do serviço de Plantão de Atendimento Psicológico (PAP)


Considerando que o futebol é um esporte que envolve muita pressão e
estresse, além da rotina desgastante (principalmente no time profissional), e
pensando na saúde mental de todos que trabalham no clube, será disponibilizado em
dia e horário previamente agendado o serviço de plantão de atendimento psicológico
(PAP) semanal. O plantão se dá a partir do ato de plantar-se, permanecer presente e
disponível para prestar atendimento, tendo como principal objetivo o acolhimento das
demandas e sofrimentos dos usuários que buscam pelo atendimento psicológico em
condições de urgência. Realiza-se, geralmente, em três encontros com duração de
tempo não sentenciada, pois está a serviço da escuta e da atenuação do conflito de
quem dele procura, possibilitando encaminhamentos conforme as queixas
apresentadas Esta estratégia também tem o objetivo de prevenir a síndrome de
Burnout em atletas e profissionais da comissão técnica.

3.6 Trabalho interdisciplinar com o departamento médico


Outra proposta da reestruturação do departamento de Psicologia é o trabalho
interdisciplinar com o departamento médico com atletas lesionados. Estes muitas
vezes se sentem isolados, frustrados, ansiosos e deprimidos, e a Psicologia pode
contribuir no enfrentamento da lesão, bem como em sua recuperação, através do

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ensino de habilidades psicológicas como: estabelecimento de metas, diálogo interior,


mentalização e relaxamento muscular progressivo. Além de intervir na promoção do
apoio social (dos companheiros, familiares e do técnico), tão importante para seu
processo de reabilitação.

3.7 Atividades de desenvolvimento de equipe


No futebol, as habilidades psicossociais (liderança, comunicação,
comprometimento, feedback, e etc.), a coesão da equipe, a relação entre atleta e
treinador, as percepções de papel de cada membro, e capacidade de enfrentar
estressores organizacionais e ambientais, são fundamentais para o sucesso do clube.
Por isso, tais aspectos serão trabalhados com a comissão técnica e com os atletas,
de forma separada e conjunta, de acordo com as necessidades e objetivos. Como
primeira estratégia com os atletas para desenvolver estas áreas, se utilizará do
recurso denominado sociograma para conhecer melhor a equipe e assim propor
intervenções. Esta ferramenta, em forma de questionário, permitirá medir a coesão e
criar um mapa das relações existentes. Após esta etapa, o profissional da Psicologia
pode desenvolver técnicas de dinâmica de grupo e atividades para aprimorar e/ou
desenvolver aspectos entre os membros da equipe. Como estratégia com a comissão
técnica, realizar momentos curtos semanalmente para orientar e ensinar estratégias.
Essas atividades de desenvolvimento de equipe precisam ser breves e frequentes
também (assim como a THP), até mesmo para não roubar a cena dos outros
profissionais da comissão técnica. O mais importante é qualidade e não a quantidade
de tempo. E sugere-se a sua realização, antes ou após os treinos de 1 a 2 dias na
semana, para os atletas.

3.8 Hipóteses a serem testadas


• Quando todos os profissionais do clube entendem os objetivos, as funções e os
benefícios da Psicologia esportiva e reconhecem a sua importância, a atuação do
departamento de Psicologia torna-se mais possível e processa-se de forma mais
eficaz.
• O profissional da Psicologia integrado a comissão técnica, possibilita o treinamento
de habilidades psicológicas, psicossociais e outras técnicas, potencializando o

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treinamento físico, técnico e tático, e otimizando o desempenho.


• O processo de avaliação psicológica de atletas é mais confiável e legítimo quando
realizado através de anamneses, entrevistas, aplicação de questionários,
observações em treinos e competições, técnicas de dinâmica de grupo, conversas
com a equipe técnica para saber como o atleta é visto, aplicação de testes
psicológicos e entrevista devolutiva.
• O treinamento de habilidades psicológicas propicia a resistência mental,
contribuindo para a concentração e motivação do atleta, aumento da confiança,
recuperação do fracasso, lidar com as pressões e adversidades, e regular os níveis
de ativação.
• O serviço de plantão psicológico é uma estratégia para que os profissionais e atletas
possam aliviar suas dores emocionais e psíquicas em situações emergenciais.
• O trabalho da Psicologia integrado ao departamento médico através de estratégias
psicológicas contribui para o enfrentamento do atleta diante de sua lesão e também
para uma recuperação mais rápida.
• Atividade de desenvolvimento de equipe que proporciona uma equipe coesa, uma
comunicação eficaz, e uma liderança coerente resulta numa maior satisfação e num
aumento do desempenho e da motivação dos atletas.

3.9 Avaliação das Hipóteses


As hipóteses são as questões norteadoras deste projeto de reestruturação,
portanto, devem ser avaliadas constantemente. Será utilizado de observações,
desenvolvendo protocolos para registrar e assim verificar o estado atual e os
resultados após a atuação do departamento de Psicologia, bem como de conversas
com os profissionais nos ambientes em que atuam para saber sobre a aplicabilidade
e o impacto das função deste setor para o desenvolvimento do clube. Esses dois tipos
de avaliação deve ser semanal. E como outra forma de avaliar, será aplicado
questionário de seis em seis meses para complementar as etapas anteriores, além
de servir como um documento de comprovação dos efeitos da Psicologia.

3.10 Futebol de Base


O departamento de Psicologia também necessita olhar o futebol de base como

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um universo a parte, ou seja, com necessidades diferentes daqueles que compõem


o time profissional. Todos os sete pontos sobre a reestruturação deste
departamento também serão proporcionados aos profissionais e atletas da
base. Porém considerando que estas pessoas ainda estão em processo de
formação, deve-se olhar com atenção suas dimensões psicossociais, (re)pensando
em estratégias para desenvolver o aspecto humano e social destas pessoas. Assim,
propõe-se com as categorias:

• Promover encontros de orientação aos pais dos atletas da base no início da


temporada para explicar sobre código de conduta, filosofia do clube e
responsabilidades. E discutir sobre expectativas e a importância do plano B.
• Promover momentos interativos entre as famílias e os atletas.
• Proporcionar experiências além da prática do futebol (Ex. visitar pontos turísticos,
museus, hospitais e asilos, assistir outros esportes, ir em teatros, etc.);
• Desenvolver palestras socioeducativas (Ex. Sexualidade e gênero, drogas,
educação financeira, estratégias para falar em público e outras);
• Planejar atividades diversas em conjunto (Ex. assistir filmes e jogos importantes,
comemorar os aniversariantes do mês, etc.);
• Desenvolver treinamentos interativos para lidar com questões diversas (ex.
comportamento e comunicação em redes sociais e mídias sociais);
• Ofertar o serviço de orientação profissional;
• Reiterar a importância dos estudos através de ações para valorizar os mesmos (ex.
jantar para comemorar).

4. Resultados Esperados
Como resultado chave no primeiro semestre, espera-se que o departamento
de Psicologia tenha aprovação dos outros setores do clube e consiga ganhar espaço
para suas intervenções e estratégias. Também espera-se que a comissão técnica
inclua as intervenções da Psicologia nos treinos e competições, e que haja um diálogo
constante entre todos os profissionais. Esses resultados são fundamentais para
alcançar outros. Ao mesmo tempo, espera-se que os atletas compreendam a
relevância do THP e pratiquem as estratégias em outros ambientes para seu melhor

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aperfeiçoamento, bem como das atividades de desenvolvimento de equipe; que o


processo de avaliação psicológica seja visto por todos como fundamental para o
desenvolvimento de intervenções; que o PAP possa ser desfrutado por todos aqueles
que estão em situação de urgência e necessitam de acolhimento e escuta e que o
departamento Médico inclua a Psicologia no trabalho interdisciplinar para contribuir
no enfrentamento e recuperação de lesões.
No segundo semestre, como resultado chave, a estimativa é que os atletas,
através do THP, tomem consciência de seus pensamentos, sentimentos e
comportamentos e aprendam a controlá-los, influenciando de forma positiva em sua
performance. Ainda espera-se que a equipe se torne mais coesa, tendo uma melhor
comunicação, liderança e gestão.
Pensando em resultado chave para os próximos 24 e 36 meses, projeta-se que
o Departamento de Psicologia seja reconhecido como um pilar essencial dentro do
clube de futebol, sendo visto como imprescindível, aumentando suas funções e
introduzindo novos processos. É importante ressaltar que tudo que foi relatado neste
projeto de reestruturação depende muito da quantidade de profissionais de Psicologia
contratados, visto que uma só pessoa não dá conta de todas demandas. Essa
reestruturação só acontece quando o trabalho é feito ao lado de profissionais de
outras áreas; a Psicologia só acontece quando feita de forma conjunta, com todos
sabendo seu papel e suas vantagens. O lugar do profissional da Psicologia no clube
é em todos os ambientes onde estão os atletas e profissionais: no campo, nos treinos,
nas competições, nas refeições, no centro de treinamento, nas reuniões e etc., e não
dentro de uma sala.

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5. Referências Bibliográficas

GARCIA, R. P.; BORSA, J. C. A prática da avaliação psicológica em contextos


esportivos. Temas em Psicologia, v.24, n.4, p.1549-1560, 2016.

LAVOURA, T. N.; ZANETTI, M. C.; MACHADO, A. A. Os estados emocionais e a


importância do treinamento psicológico no esporte. Motriz, Rio Claro, v.14, n.2,
2008.

PERES, L.; LOVISOLO, H. Formação Esportiva: Teoria e Visões do Atleta de Elite


no Brasil. Revista da Educação Física, v.17, n.2, p. 211-218, 2006.

PESCA, A. D.; PEREIRA, F. S. A.; CRUZ, R. M. Avaliação e intervenção


psicológica no esporte. In. MAIA, M. F. M.; MIRANDA NETO, J. T.; MAIA, T. T.
(ORG). Saúde e educação física: pesquisas, percepções e perspectivas (p. 269-
274). Montes Claros: Unimontes, 2014.

RUBIO, K. Psicologia do esporte aplicada. São Paulo: Casa do psicólogo, 2003.

ROSE JR, D. Sintomas de “stress” no esporte infanto-juvenil. Revista Treinamento


Desportivo, Curitiba, v.2, n.3, p.12-20, 1997.

SAMULSKI, D. Psicologia do Esporte. São Paulo: Manole, 2002.

WEINBERG, R.; GOULD, D. Fundamentos da Psicologia do Esporte e do


Exercício. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.

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15 ANAIS DO CONGRESSO – CFC
TELA CHEIA SUMÁRIO

MODELO DE JOGO
COMO ESTRUTURAR 1 SEMANA DE TREINOS
PARA A ESTREIA NA TEMPORADA?

MARIANA FRAGA PEREIRA

16 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Introdução

A construção do modelo de jogo se deu através de estudos sobre


futebol, relacionados às fases e momentos do jogo, métodos ofensivos e
defensivos, princípios táticos gerais, operacionais, fundamentais e específicos,
assim como seus subprincípios, entre outros temas. Esses conhecimentos
foram adquiridos através da leitura de artigos principalmente da Universidade
do Porto, livros e cursos, como os trazidos pelo futebol interativo. Além disso, a
troca de informações e experiências com outros profissionais da área também
foi de grande valia e auxiliou nesse processo.
A exercitação por meio de análise de jogos, observação do modelo
de jogo adotado por cada equipe, seus pontos positivos, negativos, o que
precisa ser melhorado e como poderia ser feito, também foi uma excelente
ferramenta para evolução profissional. Contribuindo assim com enriquecimento
de ideias, aquisição de novos conhecimentos, além de possibilitar estar sempre
atenta ao cenário do futebol.
Esses “métodos” são fundamentais no processo de elaboração de
ideias, na construção de uma forma de jogar e na formulação do modelo de
jogo desejado, e na prática observa-se o que pode ser mudado, melhorado,
levando em conta as características dos atletas e o clube representado.
É importante ressaltar que o modelo de jogo de uma equipe é um
“projeto inacabável”, ou seja, está sempre em construção.

17 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Modelo de jogo

Organização defensiva

Defesa a zona pressionante, buscando direcionar o adversário para os lados


do campo em blocos de marcação com jogadores definidos para fazer esta
função. Diminuir o espaço de jogo com linhas de marcação compactadas
vertical e horizontalmente, dentro de um padrão tático 1-4-1-4-1. Pressionar o
portador da bola, e com a concentração de jogadores próximos ao centro de
jogo, procurar retirar possíveis linhas de passe e reduzir o espaço adversário.

Transição ofensiva

Retirar a bola da zona de pressão, aproveitando o possível desequilíbrio


adversário, com passes verticais e em profundidade buscando chegar ao
ataque de forma rápida e eficiente. Quando a equipe adversária estiver
organizada defensivamente, buscar iniciar o processo ofensivo por meio de
passes mais laterais ou para trás.

Organização ofensiva

Aumentar o espaço efetivo de jogo tanto em largura, como em profundidade


através do posicionamento e movimentação dos jogadores na última linha de
defesa adversária e nos corredores laterais do campo, facilitando assim a
circulação da bola. Avanço da última linha defensiva no campo de jogo,
acompanhando a progressão da equipe, buscando se manter compacta e
concentrando assim mais jogadores no campo defensivo adversário, facilitando
a manutenção da posse de bola.
Bastante mobilidade dos atacantes objetivando criar espaços para penetração.

Transição defensiva

Criar uma zona de pressão para recuperar a posse de bola ou impedir que o
adversário saia em contra-ataque, com o jogador mais próximo a zona da
perda da bola pressionando imediatamente o portador da bola, os atletas mais
próximos ao centro de jogo fechando as possíveis linhas de passe, e com
avanço das linhas defensivas no campo de jogo.

Bolas paradas
Defensivas:
Lateral: Marcação em linha na entrada da área
Escanteio: Marcação individual

Ofensivas:
Tiro de meta: Saída de 3
Escanteio ofensivo: Cobrança fechada

18 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


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Microciclo semanal da equipe Sub-20 do Paraíba do Sul F.C

Semana de estreia na primeira divisão do campeonato carioca da categoria

Domingo: Jogo treino

Segunda-feira: Folga

Objetivo: Corrigir erros apresentados sobre pressão ao portador da bola


ocorrido no jogo amistoso.

Terça-feira:
Todo treino terá início com uma conversa e ao final será realizado um feedback
Objetivo: Potencializar a pressão pós-perda, a retirada da bola da zona de
pressão e a mudança de comportamento ofensivo para defensivo.
Aquecimento: Tempo: 15’ / Exercícios: Fortalecimento do core = 3 exercícios /
Alongamento dinâmico e exercícios de soltura articular.
Exercício 1: Três equipes com 4 jogadores cada, jogam em um campo
reduzido. Duas equipes disputam a posse da bola em uma metade do campo,
enquanto a outra aguarda na outra metade. Ao conquistar a posse de bola, a
equipe deverá passa-la imediatamente para o outro campo de jogo, enquanto a
equipe que a perdeu deverá reagir de forma rápida, passando para a outra
metade do campo para realizar a marcação.
Duração: 2 tempos de 10min, com intervalo de 2’ entre eles / Objetivo: Retirada
da bola da zona de pressão, mudança de atitude ofensiva para defensiva,
pressionar o portador da bola.

Exercício 2: Jogo (GR+6) x (GR+6), em campo reduzido dividido ao meio.


Pontuação: Gol vale 3 pontos, recuperar a bola no campo ofensivo em até 5”
após a perda vale 2 pontos.
Duração: 2 tempos de 15min, com uma pausa para hidratação (2min) /
Objetivo: Pressionar o portador da bola imediatamente após a perda, mudança
de atitude ofensiva para defensiva.

Quarta-feira:
Objetivo: Trabalhar mobilidade, visando a criação de espaços.
Aquecimento: Tempo: 15’ / Exercício: Rondo com 2 jogadores ao centro
(Pausas para realização de alongamentos)
Exercício 1: Campo reduzido, dividido ao meio com 1 apoio em cada
extremidade. Jogo 3x3 + 2 apoios, sendo que em cada metade do campo só
poderão estar dois jogadores de cada equipe. Objetivo da equipe em posse de
bola é passa-la ao apoio do lado aposto, atingindo a finalidade a equipe
continua em posse da bola, apenas inverte o sentido do jogo.

19 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


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Duração: 3 tempos de 5’ com intervalo de 1’ entre eles / Objetivo: Abertura de


jogadores em profundidade, dinâmica e velocidade na troca de passes e
mobilidade visando criar espaços.

Exercício 2: Espaço dividido em quatro quadrantes. Jogo 6x6 em que cada


jogador só pode fazer um passe dentro de cada quadrante. Por exemplo, após
o jogador “A” realizar um passe no quadrante “X”, ele deve se deslocar para
qualquer outro quadrante de campo para tocar na bola novamente. O objetivo é
conseguir trocar o maior número de passes sem interrupção.
Duração: 3 tempos de 5’ com intervalo de 1’ entre eles / Objetivo: Dinâmica e
velocidade na troca de passes e mobilidade visando criar espaços.

Exercício 3: Jogo (GR+6) x (GR+6) + 2 curingas. O campo é divido em dois


espaços, meio-campo defensivo onde estão posicionados o goleiro e três
defensores, e meio-campo ofensivo onde se posicionam três atacantes. Os
curingas jogam como meias, sempre pela equipe que tem a posse de bola. O
jogo inicia-se com o goleiro através de saída curta com os defensores, que com
auxilio dos curingas buscam passar a bola para o lado aposto. Após conseguir
atingir esse objetivo, os curingas passam pro campo ofensivo e se articulam
com os atacantes na tentativa de criar espaços e finalizar a baliza. Quando a
equipe contrária recuperar a posse de bola, invertem-se as funções.
Duração: 2 tempos de 20’ com intervalo de 2’ entre eles / Objetivo: Saídas em
construção curta, dinâmica e velocidade na troca de passes e mobilidade
visando criar espaços.

Quinta-feira:
Objetivo: Ajustar os comportamentos da defesa a zona pressionante
(direcionamento e pressing)
Aquecimento: Tempo: 15’ / Exercícios: Fortalecimento do core = 3 exercícios /
Alongamento dinâmico e exercícios de soltura articular
Exercício 1: Campo dividido no meio. Jogo 2x2. Pontuação: se a equipe
roubar a bola em seu campo de ataque ganha 2 pontos, se a equipe portadora
do bola passar pro campo ofensivo ganha 1 ponto. Após atingir o objetivo, a
jogada recomeça com a equipe adversária.
Duração: 1’ de estímulo pra 1’ de descanso (10 a 15’) / Objetivo: Pressionar o
portador da bola no intuito de ganhar a posse no seu campo ofensivo.

Exercício 2: Campo reduzido. Jogo (GR+6)x6, com a equipe “A” composta por
1 goleiro, dois zagueiros, dois laterais e dois volantes e a equipe “B” formada
por 3 atacantes, 1 meia e 2 volantes. O jogo terá início com a equipe “A”, que
sairá jogando curto através do goleiro e terá a presença de um volante entre os
zagueiros, tendo como objetivo passar a linha de meio-campo com a bola
dominada. Já a equipe “B” irá direcionar e pressionar a equipe adversária,
procurando recuperar a bola e finalizar a baliza.

20 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Duração: 2 tempos de 15’ com intervalo de 2’ entre eles / Objetivo: Direcionar o


adversário para zonas do campo de menor risco e pressionar no intuito de
roubar a bola.

Exercício 3: Jogo GR+8xGR+8 utilizando a metade do campo. A equipe que


está defendendo deverá jogar de forma compacta, direcionando o jogo
adversário para as laterais do campo para que então o pressione no intuito de
roubar a bola.
Duração: 2 tempos de 20’ com intervalo de 2’ entre eles / Objetivo:
Compactação das linhas, direcionar o adversário para os corredores laterais e
pressing.

Sexta-feira:
Objetivo: Trabalhar mobilidade, visando a criação de espaços.
Aquecimento: Tempo: 15’ / Exercícios: Trote com incremento de corrida
lateral, corrida em zig-zag, corrida de costas, alongamento dinâmico.
Exercício 1: Jogo (GR+4) x (GR+4) + 6 apoios, 2 laterais e 4 em profundidade.
Duração: 20’ / Objetivo: dinâmica e velocidade na troca de passes, jogando
tanto em largura como em profundidade e mobilidade visando criar espaços.

Exercício 2: Jogo (GR+7) x (GR+7). O objetivo da equipe com posse de bola é


através de mobilidade e velocidade na troca de passes criar espaços para
finalizar a baliza, ao perderem a bola devem pressionar o adversário
imediatamente, no intuito de recuperar a bola.
Duração: 2 tempos de 15’ com intervalo de 2’ entre eles / Objetivo: Mobilidade
visando criar espaços e pressão no portador da bola imediatamente após a
“perda”.

Exercício 3: Jogo (GR+10) x (GR+10). No campo defensivo jogam os


zagueiros, laterais e volantes, no campo ofensivo estão posicionados os
atacantes, e o meio-campista joga nos dois campos. A equipe deve sair
jogando curto, por meio do goleiro, com um volante posicionado entre os
zagueiros e os laterais próximos a linha de meio campo. Deverá circular a bola
até encontrar o passe de ruptura no meio campista ou em um dos atacantes.
Quando a equipe em posse de bola conseguir passar para o campo ofensivo,
passa ser permitida a entrada dos volantes e laterais para dar apoio e se
articular com os atacantes na tentativa de criar espaços e finalizar a baliza.
Duração: 20 minutos / Objetivo: Circulação da bola e mobilidade visando criar
espaços.

Sábado:
Objetivo: Aperfeiçoamento da finalização e dos comportamentos em bola
parada defensiva

21 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Aquecimento: Tempo: 15’ / Exercícios: Dentro da grande área, cada jogador


com uma bola, devendo conduzi-la, desviar dos companheiros por meio de
dribles e fintas, realizar embaixadinha (ao comando do treinador), e ao sinal do
treinador deverão deixar sua bola e pegar a de um companheiro. Exercício com
pausas para alongamento.

Exercício 1: Campo reduzido com duas balizas. Jogo 5x5 + 1 curinga e dois
jogadores posicionados a frente de uma linha delimitadora. A equipe em posse
de bola deverá trocar no mínimo 6 passes para então realizar o passe em um
dos jogadores posicionados a frente da linha, que deverão dominar a bola já
“ajeitando” para a finalização. Imediatamente após a finalização, uma outra
bola será passada para um atleta da equipe que estava em posse de bola, para
que ele também a domine já preparando para a finalização que será feita no
gol aposto.
Duração: 20’ / Objetivo: Aperfeiçoamento da finalização e mobilidade, visando
a criação de espaços.

Exercício 2: Treinamento de bola parada (escanteio ofensivo e defensivo, falta


lateral defensiva) e das ações subsequentes à ela, ou seja a ação só era
finalizada quando a equipe que estava atacando finalizava à baliza, ou quando
a equipe que estava defendendo recuperava a posse da bola ou estava
reorganizada para defender.
Duração: 25’ / Objetivo: Trabalhar a bola parada de acordo com o modelo de
jogo.

22 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

PREPARAÇÃO FÍSICA
NO FUTEBOL
BRUNO BALTAZAR DOS REIS GOMES

23 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO

O futebol é um esporte coletivo de características intermitentes, de longa duração.


O tempo total do jogo é de 90 minutos, divididos em dois tempos de 45 minutos, com 15
minutos de intervalo.
Quando falamos de futebol de forma específica envolvemos várias facetas
relacionadas ao tema, sendo uma delas a preparação física no futebol.
No futebol, a preparação física começou a ganhar relevância e olhares atentos,
principalmente, depois da copa de 1954, onde, pelas primeiras vezes, uma pessoa figurava
junto ao treinador e era responsável pela condução das atividades físicas das equipes (DE
ALEMIDA BARROS, 1990).
A partir da década de 1970, começou-se a ter um maior interesse na investigação
cientifica no futebol, com o objetivo de auxiliar na preparação física dos atletas (MAYHEW;
WENGER, 1985).
Como citado pelos autores acima, após a copa de 1954 a preparação física ganha
destaque no futebol, porém só na década de 70 que se começa a ter investigação científica
para auxiliar a preparação física e os atletas.
De acordo com Morgans et al. (2014), as demandas energéticas envolvidas numa
partida de futebol são variáveis e complexas, devido às mudanças constantes de intensidade
durante o jogo.
A identificação dos sistemas energéticos que predominavam no esporte era feita
através da análise de movimento realizadas pelos atletas durante o jogo (BARBANTI, 1996).
Avaliar o efeito de treinos aplicados e o estado de prontidão de uma equipe ou
atleta é importantíssimo tanto para o planejamento quanto para a prescrição dos programas de
treino de curto ou longo prazo (Bangsbo, 1994).
De acordo com SILVA (1998), periodização significa a divisão da temporada de
preparação em períodos e etapas de treino com objetivos, orientações e características
particulares, o que implica a definição de procedimentos e orientações de treino específicos.
Como dito pelos autores citados acima, as demandas energéticas durante uma
partida de futebol são variáveis e complexas e cabe ao preparador físico planejar, organizar e
estruturar o planejamento para melhora da performance da equipe, isso denomina-se
periodização.

24 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Também dentro da estrutura de preparação do atleta, segundo ZAKHAROV & GOMES


(1992), convém destacar os quatro níveis de organização:

macrociclo;
mesociclo;
microciclo;
sessão de treinamento.

O macrociclo, dentro da periodização do treinamento desportivo, junta o período


preparatório, o período competitivo e o período de transição. É a soma de todas as unidades
de treinamento necessárias para elevar o nível de treinamento do atleta (BARBANTI, 1997).
Já o mesociclo representa o elemento da estrutura de preparação do atleta e inclui uma
série de microciclos, que, por sua vez, representam o elemento de estrutura de preparação do
atleta, o qual inclui uma série de sessões de treinamento ou competições orientadas para a
solução das tarefas de um dado macrociclo (ZAKHAROV & GOMES, 1992).
Por fim, encontra-se a sessão de treinamento, que é a menor unidade na organização
do processo de treinamento (BARBANTI, 1997). Para ZAKHAROV & GOMES (1992), a
sessão de treinamento é o elemento integral de partida da estrutura de preparação do atleta e
representa um sistema de exercícios que visa à solução das tarefas de um dado macrociclo da
preparação do atleta.
Como dito por todos os autores, organizar cada etapa de treinamentos e fundamental
para o sucesso de uma equipe de futebol e cabe ao preparador físico estar apto a desenvolver
tal função.

25 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Mesociclo de Fevereiro
Domingo Segunda-Feira Terça-Feira Quarta-Feira Quinta-Feira Sexta-Feira Sábado
Manhã: Folga Manhã: Treino Manhã: Folga Manhã: Treino Viagem
Objetivo: Objetivo:
Físico Físico-Técnico
Jogo Tarde: Treino Tarde: Treino Jogo Tarde: Treino Tarde: Treino
Objetivo: Objetivo: Objetivo: Objetivo:
Regenerativo + Técnico-Tático Regenerativo + Tático
Físico Físico

Manhã: Folga Manhã: Treino Manhã: Folga Manhã: Treino Viagem


Objetivo: Objetivo:
Técnico-Tático Técnico-Tático
Jogo Tarde: Treino Tarde: Treino Jogo Tarde: Treino Tarde: Treino
Objetivo: Objetivo: Objetivo: Objetivo:
Regenerativo + Técnico-Tático Regenerativo + Tático
Físico-Técnico Físico-Técnico

Manhã: Folga Manhã: Treino Manhã: Folga Manhã: Treino Viagem


Objetivo: Objetivo:
Físico-Técnico Físico-Técnico
Jogo Tarde: Treino Tarde: Treino Jogo Tarde: Treino Tarde: Treino
Objetivo: Objetivo: Objetivo: Objetivo:
Regenerativo + Técnico-Tático Regenerativo + Tático
Físico Técnico-Tático

Manhã: Folga Manhã: Treino Manhã: Folga Viagem


Objetivo:
Técnico-Tático
Jogo Jogo Jogo
Tarde: Treino Tarde: Treino Tarde: Treino Viagem
Objetivo: Objetivo: Objetivo:
Regenerativo + Tático Regenerativo +
Físico-Técnico Técnico-Tático

26 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Observação:
Sessão de treinos onde está descrito Regenerativo + Físico ou Físico-Técnico ou
Técnico-Tático, os atletas que jogaram irão fazer treinos regenerativos e os atletas que
não jogaram irão fazer treinos físicos, técnicos e táticos.

Treino – 1 Semana – Descrição do treino a ser realizado.

Aporte Téorico: A prática da preparação física (Estelio Dantas);

Futebol ciências aplicada ao jogo e treinamento


(Miguel Arruda);

Futebol sistemico conceitos e metodologia de


treinamento (Felipe L. Belozo);

Futebol treinamento global (Eduardo A. Paulo/Charles


R. Lopes);

O novo modelo de treinamento funcional (Michael


Boyle);

Avanços no treinamento funcional (Michael Boyle).

Conceitos Básicos: Componentes táticos, técnicos e físicos;

Métodos integrados, sistemicos e competitivos.

Métodos de Avaliação: Composição corporal – Illinois;

Yo-yo test – Teste de 20 m;

1 RM – FMS e Squat Jump.

Métodos de Controle: PSE X MIN – Frequência Cardiaca

Escala de recuperação TQR - GPS

Descrição dos treinamentos (pode Treino da semana, terça feira, treino em 2 períodos
ser colocado desenhos também Objetivo: Desenvolver resistência aeróbica e
além das descrições): anaeróbica.

27 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Sessão de treino: Terça – Feira – Período: Manhã

Objetivo: Desenvolver a resitência aeróbica e anaeróbica

Categoria: Profissional

Local: Campo

Período: Competitivo

Materiais: Bolas, Cones, Discos, Escadinha de coordenação, Mini-barreiras

Método: Integrado

Aquecimento

Alongamento dinâmico mais trabalho coordenativo na escadinha;

Exercício coordenativo com estimulos de resistência de velocidade com bola e sem bola;

Exercício de saltos com estimulos de resistência de velocidade sem bola.

Parte Principal

Jogos de confronto com superioridade númerica, 2 quadrados de 12x16m, trabalhando


4x4+2, utilizer no máximo 2 toques na bola.

Parte Final

Trabalho de core mais alongamento estático.

Observação

Controlar a carga de treinamento dos atletas atráves do GPS e avaliar a carga de treino, pré
treino com a escala de recuperação TQR e pós treino com PSE X MIN.

28 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Sessão de treino: Terça – Feira – Período: Tarde

Objetivo: Desenvolver a resitência aeróbica e anaeróbica

Categoria: Profissional

Local: Campo

Período: Competitivo

Materiais: Bolas, Cones, Discos, Escadinha de coordenação, Mini-barreiras

Método: Sistemico

Aquecimento

Alongamento dinâmico;

Exercício coordenativo com bola e sem bola;

Parte Principal

Trabalho técnico/tático realizado em 1/3 do campo com o objetivo de trabalhar a


organização defensiva, balanço defensivo, saída com posse de bola e transição defensiva
para ofensiva.

Parte Final

Alongamento estático.

Observação

Controlar a carga de treinamento dos atletas atráves do GPS e avaliar a carga de treino, pré
treino com a escala de recuperação TQR e pós treino com PSE X MIN.

29 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Treino – 2 Semana – Descrição do treino a ser realizado.

Aporte Téorico: A prática da preparação física (Estelio Dantas);

Futebol ciências aplicada ao jogo e treinamento


(Miguel Arruda);

Futebol sistemico conceitos e metodologia de


treinamento (Felipe L. Belozo);

Futebol treinamento global (Eduardo A. Paulo/Charles


R. Lopes);

O novo modelo de treinamento funcional (Michael


Boyle);

Avanços no treinamento funcional (Michael Boyle).

Conceitos Básicos: Componentes táticos, técnicos e físicos;

Métodos integrados, sistemicos e competitivos.

Métodos de Avaliação: Composição corporal – Illinois;

Yo-yo test – Teste de 20 m;

1 RM – FMS e Squat Jump.

Métodos de Controle: PSE X MIN – Frequência Cardiaca

Escala de recuperação TQR - GPS

Descrição dos treinamentos (pode Treino da semana, Segunda feira, treino em 1 período.
ser colocado desenhos também
Objetivo: Regenerativo para quem jogou e treino
além das descrições):
físico/técnico para quem não jogou.

30 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Sessão de treino: Segunda – Feira – Período: Tarde

Objetivo: Trabalho Regenerativo

Categoria: Profissional

Local: Academia

Período: Competitivo

Materiais: Rolo de liberação miofascial, mini-bands, disco proprioceptivo

Método: Funcional

Aquecimento

Liberação Miofascial;

Ativação neuromuscular com mini-bands;

Trabalho proprioceptivo;

Equilibrio;

Alongamento e coordenativo

Parte Principal

Estações de treinamento de mobilidade articular, estabilidade, core e força funcional.

Estações de trabalho de força funcional bilateral e unilateral, trabalhando membros superiores


e inferiors (Treino de puxar e empurrar de membros superiores, dominância de joelho e
quadril de membros inferiores).

Caminhada na esteira e elíptico.

Parte Final

Alongamentos e relaxamento.

Observação

Controlar a carga de treinamento dos atletas atráves do GPS e avaliar a carga de treino, pré
treino com a escala de recuperação TQR e pós treino com PSE X MIN.

31 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Treino – 3 Semana – Descrição do treino a ser realizado.

Aporte Téorico: A prática da preparação física (Estelio Dantas);

Futebol ciências aplicada ao jogo e treinamento


(Miguel Arruda);

Futebol sistemico conceitos e metodologia de


treinamento (Felipe L. Belozo);

Futebol treinamento global (Eduardo A. Paulo/Charles


R. Lopes);

O novo modelo de treinamento funcional (Michael


Boyle);

Avanços no treinamento funcional (Michael Boyle).

Conceitos Básicos: Componentes táticos, técnicos e físicos;

Métodos integrados, sistemicos e competitivos.

Métodos de Avaliação: Composição corporal – Illinois;

Yo-yo test – Teste de 20 m;

1 RM – FMS e Squat Jump.

Métodos de Controle: PSE X MIN – Frequência Cardiaca

Escala de recuperação TQR - GPS

Descrição dos treinamentos (pode Treino da semana, Sexta feira, treino em 2períodos.
ser colocado desenhos também
Objetivo: Desenvolver a resistência de força e sprints e
além das descrições):
organização tática.

32 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Sessão de treino: Sexta – Feira – Período: Manhã

Objetivo: Desenvolver a resistência de força e sprints

Categoria: Profissional

Local: Campo

Período: Competitivo

Materiais: Bolas, Cones, Discos, colchonete, pesos de 5 a 10 kg, Escadinha de coordenação, Mini
barreiras

Método: Integrado

Aquecimento

Alongamento dinâmico mais trabalho coordenativo na escadinha;

Agachamento com pesos mais sprints de 20 metros;

Abdominais mais sprints de 15 metros.

Flexão de braços mais sprints de 10 metros.

Parte Principal

Jogos de confrontos com superioridade numérica, 2 quadrados de 35x40m, trabalhando


4x4+2, no máximo 3 toques na bola.

Parte Final

Trabalho de core mais alongamento estático.

Observação

Controlar a carga de treinamento dos atletas atráves do GPS e avaliar a carga de treino, pré
treino com a escala de recuperação TQR e pós treino com PSE X MIN.

33 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Treino – 4 Semana – Descrição do treino a ser realizado.

Aporte Téorico: A prática da preparação física (Estelio Dantas);

Futebol ciências aplicada ao jogo e treinamento


(Miguel Arruda);

Futebol sistemico conceitos e metodologia de


treinamento (Felipe L. Belozo);

Futebol treinamento global (Eduardo A. Paulo/Charles


R. Lopes);

O novo modelo de treinamento funcional (Michael


Boyle);

Avanços no treinamento funcional (Michael Boyle).

Conceitos Básicos: Componentes táticos, técnicos e físicos;

Métodos integrados, sistemicos e competitivos.

Métodos de Avaliação: Composição corporal – Illinois;

Yo-yo test – Teste de 20 m;

1 RM – FMS e Squat Jump.

Métodos de Controle: PSE X MIN – Frequência Cardiaca

Escala de recuperação TQR - GPS

Descrição dos treinamentos (pode Treino da semana, Quinta feira, treino em 1 período.
ser colocado desenhos também
Objetivo: Regenerativo para quem jogou e treino físico/técnico
além das descrições):
para quem não jogou.

34 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Sessão de treino: Quinta – Feira – Período: Tarde

Objetivo: Trabalho Regenerativo

Categoria: Profissional

Local: Academia

Período: Competitivo

Materiais: Rolo de liberação miofascial, mini-bands, disco proprioceptivo

Método: Funcional

Aquecimento

Liberação Miofascial;

Ativação neuromuscular com mini-bands;

Trabalho proprioceptivo;

Equilibrio;

Alongamento e coordenativo

Parte Principal

Estações de treinamento de mobilidade articular, estabilidade, core e força funcional.

Estações de trabalho de força funcional bilateral e unilateral, trabalhando membros superiores


e inferiores (Treino de puxar e empurrar de membros superiores, dominância de joelho e
quadril de membros inferiores).

Caminhada na esteira e elíptico.

Parte Final

Alongamentos e relaxamento.

Observação

Controlar a carga de treinamento dos atletas atráves do GPS e avaliar a carga de treino, pré
treino com a escala de recuperação TQR e pós treino com PSE X MIN.

35 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

REFERÊNCIAS

BARBANTI, V. J. Treinamento físico: bases científicas. 3. Ed. São Paulo: CLR Balieiro,
1996. 116p.

BARBANTI, V.J. Teoria e prática do treinamento esportivo. 2.ed., São Paulo: Edgard
Blücher, 1997.

BANGSBO, J. The physiology of soccer. Acta Physio. Scand. suppl. 151, 1994.

DE ALMEIDA BARROS, J. M. Futebol: porque foi… porque não é mais. Sprint, 1990.

MAYHEW, S. R.; WENGER, H. A. Time-motion analysis of professional soccer. Journal of


Human Movement Studies, v. 11, n. 1, p. 49-52, 1985.

MORGANS, R. et. al. Principles and practices of training for soccer. Journal of Sport and
Health Science, v.3, n.4, p. 251-257, Dez. 2014.

SILVA, F.M. Planejamento e periodização do treinamento desportivo: mudanças e


perspectivas. In: Treinamento desportivo: reflexões e experiências. João Pessoa: Editora
Universitária, p. 29-47, 1998.

ZAKHAROV, A. & GOMES, A.C. Ciência do treinamento desportivo. Rio de Janeiro: Grupo
Palestra Sport, 1992.

36 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

PERIODIZAÇÃO DE
UM CLUBE PROFISSIONAL
DA SÉRIE A DO CAMPEONATO
BRASILEIRO: DESCRIÇÃO DE
UM MESOCICLO COMPETITIVO
ALLAN IGOR SILVA SERAFIM

37 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

RESUMO

Introdução: O futebol é inegavelmente o esporte mais popular do mundo e tem


por característica a longa duração, os esforços intermitentes e a participação dos três
sistemas de energia. Nesse sentido, a preparação de jogadores de futebol costuma
ser sistêmica, objetiva e organizada, sendo dividida em etapas, períodos e fases que
se sucedem de forma estruturada. Métodos: Para o presente estudo serão analisadas
4 sessões de treinamento dentro do mesociclo proposto. Uma sessão de treinamento
para cada semana (30,31,32 e 33) do mesociclo será descrita de maneira detalhada.
Conclusão: Conclui-se que o mesociclo descrito no presente estudo foi fundamental
para a compreensão das cargas de treinamento expostas aos atletas da equipe,
possibilitando o controle entre o ótimo desempenho e o aparecimento de fadiga
residual, que pode estar fortemente associada a quedas de rendimento esportivo e ao
surgimento de lesões. Diante do exposto, é determinante que se controle as
demandas do treinamento para que se obtenha a maximização do desempenho de
jogadores de futebol em nível profissional.

Palavras-chave: futebol; periodização; mesociclo.

38 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

O futebol é inegavelmente o esporte mais popular do mundo (1) e tem por

característica a sua longa duração, os esforços intermitentes e a participação dos três

sistemas de energia (2). Durante uma partida oficial a frequência cardíaca atinge

valores em torno de 85% do máximo, entretanto, devido ao estresse da partida, a

temperatura corporal e a desidratação, esses valores podem estar mais próximos de

70%-75% do máximo. Além disso, os atletas podem realizar de 150 a 250 ações com

altíssima intensidade em cada partida, demandando aproximadamente 95% da FC

máxima (3). Essas ações de altíssima intensidade, como os sprints e as mudanças de

direção, constituem uma das mais importantes atividades dentro do futebol, porém,

representam apenas 1 a 12% da distância total percorrida em uma partida (4). É

importante salientar, também, que as distâncias percorridas e a intensidade podem

ser diferentes de jogador para jogador de acordo com a sua posição (5, 6).

Para suprir essas demandas é necessário que a maximização do desempenho

seja atingida através de um adequado conjunto técnico, tático, físico e psicológico (7).

Atualmente, sabe-se que programas de treinamento corretamente elaborados e

baseados em princípios científicos são fundamentais na busca constante do

rendimento máximo (8). Nesse sentido, a preparação de jogadores de futebol costuma

ser sistêmica, objetiva e organizada, sendo dividida em etapas, períodos e fases que

se sucedem de forma estruturada (9).

A estruturação/planificação do treinamento é conhecida mundialmente como

periodização (10) e costuma ser composta por macrociclos, mesociclos e microciclos

(11). Seguindo a concepção clássica de distribuição de carga de treinamento, a

somatória das cargas de esforço físico em uma sessão de treino, quando multiplicadas

39 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

constitui um microciclo. Por sua vez, o agregado de microciclos produz uma cinética

ondulatória de cargas, que resultam no mesociclo, refletindo as semanas de treinos.

Por fim, a quantidade total de cargas cumulativas de mesociclos origina o macrociclo

(12). Ainda que esta combinação de períodos seja comum para as mais variadas

propostas de treino, a maneira e os objetivos como estes ciclos são desenvolvidos

diferenciam-se metodologicamente, dependendo da concepção adotada (10).

Em esportes de altíssimo desempenho, o objetivo da periodização está pautado

na otimização do rendimento através da manipulação das variáveis e controle das

cargas de treinamento (13). Entretanto, a otimização do rendimento se torna complexa

a partir do momento em que alguns empecilhos aparecem, como o tempo reduzido

em função do calendário esportivo (14), a carga externa e interna que podem ser

diferentes para atletas titulares, reservas e não-relacionados (15) e as individualidades

inerentes aos atletas(16).

Diante desses desafios supracitados e visando maximizar o desempenho de

maneira estruturada, o objetivo do presente estudo é descrever um mesociclo

competitivo de uma equipe profissional da série A do campeonato brasileiro pela visão

da preparação física e otimizar o desempenho dos atletas.

MATERIAIS E MÉTODOS

Amostra:

A amostra foi composta por vinte atletas do sexo masculino (26,2 ± 3,9 anos,
estatura 1,82 ± 0,07 cm, 77,6 ± 8,42kg, percentual de gordura 11,6 ± 1,15%) de uma
equipe profissional da primeira divisão de futebol da cidade de Natal, Rio Grande do

40 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Norte, Brasil. Dentre esses vinte atletas haviam 1 goleiro, 4 zagueiros, 4 laterais, 2
volantes, 4 meias e 5 atacantes.

Abordagem experimental

Vinte atletas foram monitorados durante quatro semanas em um mesociclo


competitivo da planificação. Todos os atletas eram de uma equipe profissional da
primeira divisão do campeonato brasileiro e estavam cientes de todo processo de
monitoramento durante o período descrito. Os atletas se reportaram ao centro de
treinamento no período matutino, vespertino e também em dois períodos. O mesociclo
foi composto por 20 sessões de treinamento e 6 jogos oficiais (2 jogos da Copa do
Brasil e 4 jogos do Campeonato Brasileiro) no mês de agosto, em uma organização
oscilatória das cargas de treinamento, com volumes que ondulavam entre 30% a 70%
do máximo. As sessões de treinamento não ultrapassavam 70-min e após cada
sessão (30-min) havia o registro da percepção de esforço percebida pelo instrumento
de PSE. Os descansos (folgas) também foram planejados, visando a recuperação
ótima dos atletas de maneira passiva ou proativa. Antes de cada sessão de
treinamento todos os atletas executavam auto liberação miofascial com auxílio de
Foam roller® e, também, exercícios para incremento da mobilidade articular. Os dados
referentes ao mesociclo estão expressos no quadro 1 e 2.

Desenho com a quantidade de jogos e sessões de treinamento de cada semana

Semana 30 Semana 31 Semana 32 Semana 33


2 Jogos 2 Jogos 2 Jogos 2 Jogos
5 sessões 7 sessões 4 sessões 7 sessões
de de de de
treinamento treinamento treinamento treinamento

Quadro 1.

41 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

MESOCICLO OSCILATÓRIO
Mês AGOSTO
Resistência de força rápida e resistência de
Mesociclo
velocidade - Competitivo
Semanas 30 31 32 33
Frequência proposta 4 4 4 4
Frequência realizada 5 7 4 7
Controle de Volume - Min 135 270 135 270
Volume em Minutos/Dia 33,75 67,5 33,75 67,5
Controle de intensidade 90% 70% 90% 70%
Variação metodológica *** *** *** ***
Resistência Aeróbia * * * *

Resistência Anaeróbia Lática

Resistência Anaeróbia Alática * * * *

Flexibilidade
Força Máxima
Resistência de Força * * * *
Potência * * * *

Resistência de Força Rápida *** *** ** *

Velocidade ** ** ** **
Res. Velocidade * ** *** ***
Técnico - Tático *** *** *** ***
Mesociclo competitivo com cargas em organização oscilatória com 4 semanas de
duração.

Nota: * = pouco importante, ** = importante, *** = muito importante

Descrição dos treinamentos semanais em subcomponentes de acordo com os


objetivos do treinamento

A categorização em subcomponentes foi organizada em conjunto pela


comissão técnica da equipe. O treinamento físico (F) foi caracterizado por sessões
que não continham situações de jogo (técnico ou tático) e sub categorizado em
regenerativo (FR). Em sessões de treinamento físico (F) em conjunto com treinos
técnicos (T), as mesmas foram categorizadas como físico/técnico (FT). Quando as

42 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

sessões continham características pautadas no aspecto técnico (T) e também no


entendimento tático (TA) as mesmas eram categorizadas como técnico/tática (TT). Os
treinos envolvendo situações reais do jogo (tempo, dimensões, números de
jogadores) foram definidos como coletivos (C), os descansos/folgas como off (17) e
os dias de teste/controle como (CTR).

Quadro 2.

Treinos semanais por categorização em cada dia correspondente

Domingo Segunda-Feira Terça-Feira Quarta-Feira Quinta-Feira Sexta-Feira Sábado


Manhã: CTR+
SEMANA Manhã: OFF Manhã: FR Manhã: TA
Jogo TA Jogo OFF
Tarde: FR Tarde: OFF Tarde: F+TA Tarde: OFF
SEMANA Manhã: OFF Manhã: TA Manhã: TA Manhã: OFF Manhã: TA
Jogo OFF
Tarde: FR Tarde: FT Tarde: TA Tarde: F+TA Tarde: OFF
SEMANA Manhã: OFF Manhã: F+TA Manhã: OFF Manhã: TA
Jogo Jogo Jogo
Tarde: FR Tarde: OFF Tarde: FR Tarde: OFF
SEMANA Manhã: F+TA Manhã: OFF Manhã: TT Manhã: F Manhã: TA
OFF Jogo
Tarde: TA Tarde: F Tarde: OFF Tarde: TA Tarde: OFF

Descrição das 4 sessões de treinamentos do mesociclo

Foram escolhidas 4 sessões (destacado em vermelho) de treinamento dentro do


mesociclo proposto. Uma sessão de treinamento para cada semana do mesociclo, ou
seja, uma descrição detalhada de uma sessão de treinamento da semana 30, 31, 32
e 33.

SESSÃO DE TREINAMENTO DA SEMANA 30

Dia escolhido: terça-feira;

Objetivo: controlar - realização de avaliações;

43 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


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Capacidades físicas avaliadas: potência e velocidade.

Preparatório

Ativação neuromuscular
Exercício - Posição atlética (ativação)
Séries - 3
Repetições - 6
Repouso entre as repetições - 5”
Repouso entre as séries - 1’

Exercício - Sprint
Séries - 1
Repetições - 6
Metragem - 20 metros
Repouso entre as repetições - 1’

Repouso de 5’ para início dos testes visando a ressíntese completa de


ATP-CP.

Principal

Teste de Velocidade - 30 Metros


Fotocélulas posicionadas nas metragens 10, 20 e 30 metros;
Avaliar a aceleração em Sprint.

Teste de Potência de Membros Inferiores - SJ e CMJ

44 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


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Plataforma de salto para calcular o tempo de voo;


Avaliar a potência de membros inferiores com e sem impulsão.

Treino tático
Objetivo: mudanças de direção
Exercício: jogo reduzido (4x4), metragem 20x20 metros;
Duração: 20-min de forma descontinua;
Repouso: pausas de 2’ (passiva) a cada 2’ de trabalho;
Densidade: 1 para 1
Intensidade: máxima exigida;

Complemento

Feedback referente aos testes e treino com cunho tático

SESSÃO DE TREINAMENTO DA SEMANA 31

Dia: quinta-feira;

45 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


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Período: vespertino;

Objetivo: Incremento da resistência de força rápida

Natureza da carga: específica

Grandeza da carga: forte

Organização da carga: competitiva

Orientação da carga: complexa sequencial

Preparatório

Ativação neuromuscular
Exercício - Posição atlética (ativação neuromuscular)
Séries - 3
Repetições - 6
Repouso entre as repetições - 5”
Repouso entre as séries - 1’

Pliometria de leve intensidade

Exercício - Saltitos
Séries - 3
Repetições - 10
Repouso entre as repetições - menor possível;
Repouso entre as séries - 1.
Exercício - Hops;
Séries - 3;
Repetições - 10;
Repouso entre as repetições - menor possível;
Repouso entre as séries - 1’.

Resistência de força rápida

46 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Exercícios
Box jump com CAE (reativo):

Squat jump:

Squat jump com CAE (reativo):

Salto horizontal reativo;

Depth (drop) jump reativo - 20cm de queda.

47 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


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Séries em cada exercício: 3;

Repetições: 10;

Repouso entre as repetições: menor intervalo possível;

Repouso entre as séries: 1’ (para estimular a resistência fadiga e a


ressíntese parcial de ATP-CP);

Intensidade: máxima executável;

Contatos com o solo (volume): 30 por exercício;

Volume total de todos os exercícios: 150 contatos.

Principal

Treino tático
Jogo Reduzido (6x4) com utilização de apoio nos corredores,
metragem 50x50 metros;
Objetivo: Resistência de força rápida a partir dos elementos de jogo e
saltos executados;
Objetivo técnico: Buscar os corredores para alçar bola na área após a
transição ofensiva;
Duração: 20-min de forma descontinua;
Repouso: pausas de 2’ (passiva) a cada 2’ de trabalho;
Densidade: 1 para 1;
Intensidade: máxima exigida.

48 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Complemento

Feedback

SESSÃO DE TREINAMENTO DA SEMANA 32

Dia: terça-feira;

Período: matutino;

Objetivo: Incremento da resistência de velocidade;

Natureza da carga: específica;

Grandeza da carga: forte;

Organização da carga: competitiva;

Orientação da carga: complexa sequencial;

Preparatório

Ativação neuromuscular
Exercício - Posição atlética (ativação neuromuscular)
Séries - 3
Repetições - 6

49 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Repouso entre as repetições - 5”


Repouso entre as séries - 1’

Exercício - Sprint
Séries - 1
Repetições - 6
Metragem - 20 metros
Repouso entre as repetições - 1’

Repouso de 1’30” para início do treino de resistência de velocidade


visando a ressíntese parcial de ATP-CP.

Resistência de velocidade

Volume: 200m
Séries: 1
Repetições: 10x
Distância para cada série: 20 metros
Repouso entre cada repetição: 1’
Intensidade: 100% do máximo
Densidade: 1 para 20

Principal

Treino tático
Objetivo: sprints com mudanças de direção;
Objetivo técnico: velocidade no passe e dinâmica nas tomadas de
decisão
Exercício: jogo reduzido (4x4), metragem 30x20 metros;
Duração: 20-min de forma descontinua;
Repouso: pausas de 2’ (passiva) a cada 1’ de trabalho;
Densidade: 1 para 2

50 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Intensidade: máxima exigida;

Complemento

Feedback

SESSÃO DE TREINAMENTO DA SEMANA 33

Dia: quinta-feira;

Período: vespertino;

Objetivo: Incremento da resistência de velocidade;

Natureza da carga: específica;

Grandeza da carga: forte;

Organização da carga: competitiva;

Orientação da carga: complexa sequencial;

Preparatório

Ativação neuromuscular e preventivos


Exercício - Passadas (Avanço)
Séries - 3
51 ANAIS DO CONGRESSO – CFC
TELA CHEIA SUMÁRIO

Repetições - 6
Repouso entre as séries - 1’

Exercício - Agachamento Unilateral


Séries - 3
Repetições - 6
Repouso entre as repetições - 1’

Exercício - Flexão Nórdica


Séries - 3
Repetições - 6
Repouso entre as repetições - 1’

Principal

Treino tático
Objetivo: sprints com mudanças de direção;
Objetivo técnico: velocidade na transição ofensiva e defensiva
Exercício: jogo reduzido (4x4), metragem 20x20 metros;
Duração: 20-min de forma descontinua;
Repouso: pausas de 2’ (passiva) a cada 1’ de trabalho;
Densidade: 1 para 2
Intensidade: máxima exigida;

52 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Complemento

Feedback tático.

Instrumentos

PSE

Foster et al., (2001) (18) sugeriram em estudo a utilização de uma escala


adaptada para a mensuração da carga da sessão de treinamento. A escala ficou
conhecida como CR-10 e através dela procurou-se estimar a carga interna de cada
dia e da semana (em unidades arbitrárias, representando o produto da duração da
sessão pela graduação da dificuldade segundo a escala), sendo então, uma versão
modificada da escala desenvolvida por Borg et al., (1982) (19).

PSR

A escala de PSR tem por finalidade monitorar a quantidade total de


recuperação (QTR) dos atletas durante o descanso entre um estímulo e outro. Ela
também foi utilizada rotineiramente nos treinamentos dos atletas para a familiarização
com a escala e para controle dos treinamentos.

53 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Composição Corporal

A mensuração da massa corporal total foi obtida através de uma balança


Omron HBF 514C® (Japão). Da mesma forma, o porcentual de gordura foi avaliado
com a utilização de um adipômetro clínico compacto (Cescorf, Lange, Sanny -
Curitiba, Brasil). Foram avaliadas as dobras cutâneas (peitoral, subescapular, tricipital,
axilar-média, supra ilíaca, abdominal e coxa) através do protocolo de Pollock de 7
dobras.

Yo-Yo intermitente teste

A aptidão aeróbia foi avaliada através do teste intermitente com recuperação,


nível 1 (Yo-Yo). O teste consiste em percorrer a distância de 20 m em ida e volta (40m)
com um intervalo de 10 segundos de recuperação ativa, em 5 m. A velocidade inicial
do teste é de 10 km·h-1, a segunda velocidade é de 11,5 km·h-1 e nas velocidades
seguintes, a partir de 13 km·h-1, a velocidade aumenta em 0,5 Km·h-1, até a exaustão
(20). A velocidade do teste foi controlada por sinais sonoros emitidos por aparelho de
som. O teste foi interrompido quando os jogadores não foram capazes de percorrer
por duas vezes consecutivas o trajeto dentro do tempo delimitado pelos sinais sonoros
ou pela fadiga voluntária, sendo considerada a distância percorrida total (em metros)
o desempenho final do teste.

Teste de salto vertical

A capacidade de saltar verticalmente foi analisada através do squat jump (SJ)


e do salto com contra movimento (CMJ). No SJ os atletas ficaram em posição estática
com 90º de flexão de joelho e permaneceram na mesma posição por 3 segundos antes
de saltarem. A técnica do salto foi acompanhada pelos treinadores locais para
assegurar a melhor execução possível. No CMJ os atletas foram instruídos a
executarem o movimento com as mãos no quadril, partindo de cima para baixo e
praticando um salto com impulsão. Foram executados 5 saltos com 15 segundos de
repouso entre cada salto. Os saltos foram realizados na plataforma de contato
(Multisprint, Minas Gerais, Brasil) com obtenção do tempo de voo.

54 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Teste de salto horizontal

A capacidade de salto horizontal foi avaliada através do salto horizontal (18)


parado, com balanço dos membros superiores. Os jogadores realizaram três
tentativas, com o intervalo mínimo de três minutos entre cada uma, considerando a
maior distância dentre as três tentativas.

Teste de velocidade - 30 metros

Para execução do teste de velocidade, 4 pares de fotocélulas foram


posicionadas nas distâncias de 0, 10 e 30 metros ao longo do percurso. Os atletas
partiram lançados (0-3metros) antes da linha de partida. Foram realizadas 2
tentativas, com 5 minutos de repouso entre elas e considerou-se o melhor tempo
atingido nas duas.

T-teste 40 de agilidade

As direções adotas foram baseadas no estudo de Miller et al., (2006) (21). No


comando “vai”, o atleta se move o mais rápido possível até o cone central 1,
posteriormente desloca-lateralmente para a direita, percorrendo uma distância de 5
metros até o cone 2, depois lateralmente para o cone 3 dez metros distante do cone
2 e, enfim, desloca-se novamente de forma lateral para o cone central 1 e de costas
para o ponto inicial do teste. O tempo de cada tentativa é anotado em segundos e o
tempo é desqualificado caso o atleta não consiga efetuar a tentativa de forma bem-
sucedida.

CONCLUSÃO

Conclui-se que o mesociclo descrito no presente estudo foi fundamental para a


compreensão das cargas de treinamento expostas aos atletas da equipe,
possibilitando o controle entre o ótimo desempenho e o aparecimento de fadiga
residual, que pode estar fortemente associada a quedas de rendimento esportivo e ao

55 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

surgimento de lesões. Diante do exposto, é determinante que se controle as


demandas do treinamento para que se obtenha a maximização do desempenho de
jogadores de futebol em nível profissional.

ANEXOS

PSE

PSR

YO-YO INTERMITENTE TESTE

56 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

TESTES DE SALTO VERTICAL

TESTE DE SALTO HORIZONTAL

T-TESTE 40 DE AGILIDADE

57 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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for elite soccer. Journal of sports sciences. 2000;18(9):669-83.

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intermittent exercise. Acta Physiologica Scandinavica Supplementum. 1994;619:1-
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International journal of sports physiology and performance. 2007;2(2):111-27.

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level soccer match performance. International journal of sports medicine.
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práticas e científicas. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte.
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studi. 1988(6):569-86.

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58 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


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2006;5(3):459.

59 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO
DE UM DEPARTAMENTO
DE PSICOLOGIA EM UM CLUBE
DE FUTEBOL
VICTOR HUGO BUTZLOFF DE ABREU

60 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Introdução
Com o avanço científico-tecnológico, a formação e preparação de atletas têm
evoluído exponencialmente nos últimos anos. Diferente do século passado, hoje
todo clube de ponta conta com profissionais de diversas áreas do conhecimento que
cooperam entre si na busca constante pela melhoria do rendimento de suas
equipes. O trabalho multidisciplinar elevou a qualidade competitiva, tornando-se um
dos fatores determinantes de grandes conquistas.
Integrando o movimento de consolidação das Ciências do Esporte, a
Psicologia aplicada ao contexto esportivo revelou-se útil tanto na garantia da
promoção da saúde mental de atletas e comissão técnica quanto na otimização dos
desempenhos em treinamentos e partidas. Assim, além dos aspectos físico, técnico
e tático, o desenvolvimento da dimensão psicológica comprovou-se também
necessária e indispensável para o alcance, estabilização e superação dos mais
altos níveis de rendimento.
No futebol, a psicologia demonstra um leque amplo de possibilidades de
contribuição. Estudos de personalidade¹, com identificação de características
comuns ao perfil vencedor, apontam estratégias valiosas de captação, seleção e
intervenção com atletas. No âmbito das avaliações psicológicas, instrumentos² e
métodos validados cientificamente têm servido para prevenir adoecimentos
psíquicos e orientar planos de ação em conjunto com as comissões técnicas.
Para além disso, com o advento da neurociências, pesquisas³ com auxílio de
equipamentos avançados de biofeedback e neurofeedback indicam metodologias
inovadoras de treino de habilidades fundamentais para a potencialização de
performance. Comportamentos antes de difícil acesso para observação e análise,
como “atenção visual”​4 e “tomada de decisão”​5​, já são passíveis de serem avaliados
e treinados. Na mesma direção, a neuropsicologia tem oferecido ainda estratégias
de desenvolvimento de regulação emocional​6​, propiciando aos atletas maior domínio
de suas emoções com consequente redução de níveis indesejados de estresse e
ansiedade nos jogos somada a melhorias cognitivas, afetivas e motoras.
Em termos de saúde mental, considerando a importância do desenvolvimento
integral do ser humano também no contexto do esporte de alto rendimento,
compreende-se a assistência psicológica especializada como fundamental para o

61 ANAIS DO CONGRESSO – CFC 1


TELA CHEIA SUMÁRIO

aumento da qualidade de vida e realização profissional. O bem estar dos atletas,


membros da comissão técnica e demais agentes do clubes, reflete no bom
funcionamento da instituição, maximizando o desempenho produtivo e
aproveitamento de investimentos, e contribuindo, em última instância, para a vitória.
Portanto, conforme os muitos benefícios apresentados, do rendimento
esportivo à saúde psicológica, a elaboração e manutenção de serviços de psicologia
em um clube revela-se pertinente e essencial para o sucesso da instituição e de
seus profissionais. Assim, pretende-se com este plano de implementação de um
Departamento de Psicologia oferecer uma proposta fundamentada cientificamente
que visa a organização e execução de serviços de psicologia do esporte
direcionados para o alto rendimento no futebol.

Plano de Desenvolvimento
A fim de garantir a relevância e eficiência de atuação do Departamento de
Psicologia a ser implantado, serão implementados quatro eixos de trabalho
simultâneos - Acolhimento, Avaliação, Intervenção e Prevenção - sendo todos
integrados e disponibilizados tanto para as equipes adultas masculina e feminina
quanto para as categorias de base masculinas e femininas.
A atuação em todos os eixos será de acordo com os princípios éticos da
psicologia, úteis para a salvaguarda dos direitos humanos e compromisso científico.
Contudo, o plano de trabalho pretendido não dependerá exclusivamente de
profissionais psicólogos(as), mas também do envolvimento multidisciplinar com
participação de toda a comissão técnica.
A seguir, estão dispostos os quatro eixos que nortearão a implantação deste
Departamento de Psicologia, com especificação dos objetivos e procedimentos a
serem executados, os quais são divididos em subseções conforme a natureza das
tarefas:

Eixo de Acolhimento
Objetivo geral: acolher demandas espontâneas individuais de todo(a) e
qualquer atleta da instituição.

62 ANAIS DO CONGRESSO – CFC 2


TELA CHEIA SUMÁRIO

Procedimentos:
1. Para todas as demandas
a) Proporcionar um espaço de escuta de atletas com problemas de
convivência no ambiente do clube, de desempenho nos treinos e jogos, de
planejamento ou satisfação profissional, de relacionamento com a imprensa e
torcida ou de outras questões pessoais;
b) Encaminhar para suporte clínico externo atletas com dificuldades explícitas
não relacionadas à atividade esportiva ou à instituição;
c) Encaminhar para avaliação atletas com demandas ligadas ao rendimento
esportivo, à carreira profissional, à imprensa, à torcida e aos relacionamentos
organizacionais.

Eixo de Avaliação
Objetivo geral: avaliar os aspectos psicológicos e socioeconômicos
pertinentes à qualidade do rendimento esportivo e à promoção da saúde mental de
todo(a) e qualquer aleta da instituição.

Procedimentos:
1. Para os aspectos psicossociais
a) Identificar, por meio de entrevistas psicossociais, as principais
características familiar, cultural e socioeconômica de atletas recém-chegados(as) ao
clube;
b) Encaminhar para intervenção atletas que necessitem de apoio psicológico
para adaptação e permanência no clube;

2. Para a personalidade
a) Caracterizar a personalidade dos(as) atletas do clube e em observação
segundo o Modelo dos Cinco Grandes Fatores de Personalidade (CGF)​7​, por meio
da aplicação do Inventário de Cinco Fatores NEO Revisado - versão curta
(NEO-FFI-R​8​);
b) Encaminhar para intervenção atletas do clube com níveis inadequados de
organização, condescendência ou neuroticismo;

63 ANAIS DO CONGRESSO – CFC 3


TELA CHEIA SUMÁRIO

3. Para a saúde mental e controle emocional


a) Diagnosticar adoecimentos psíquicos de atletas por meio de entrevistas e
instrumentos psicológicos para medição de ansiedade (Inventário Beck de
Ansiedade - BAI​9​; Competitive State Anxiety Inventory - CSAI-2​10​; Inventário de
Ansiedade Traço-Estado - IDATE​11​), depressão (Inventário Beck de Depressão -
BDI​12​), estresse (Inventário de Sintomas de Stress para adultos de Lipp - ISSL​13​) e
burnout (Questionário de Burnout para Atletas - QBA​14​);
b) Encaminhar para intervenção atletas com indicativo de ansiedade
disfuncional, depressão, estresse excessivo ou burn-out.

4. Para as funções cognitivo-comportamentais


a) Analisar funções cognitivo-comportamentais essenciais à qualidade ótima
do rendimento esportivo dos(as) atletas, com uso de instrumentos psicométricos
para resiliência (Escala da Resiliência - RS​15​), motivação (Escala de Motivação para
o Esporte - SMS​16​) e atenção (Bateria Psicológica para Avaliação da Atenção -
BPA​17​), rastreadores oculares (Eye Tracking​18​) para atenção visual e protocolos com
tempo de reação manual (TRM​19​) para tomada de decisão, raciocínio e memória.
b) Complementar as avaliações cognitivas com uso de sistemas de
biofeedback e neurofeedback​20​;
c) Encaminhar para intervenção atletas com baixo nível em qualquer função
cognitivo-comportamental.

5. Para a satisfação profissional


a) Verificar o índice de satisfação dos(as) atletas com a prática esportiva
(com uso do Questionário de Satisfação do Atleta - QSA​21​), com seu treinador (com
uso do Questionário de Satisfação do Atleta - versão liderança QSA-L​22​; e ​Escala de
Liderança no Desporto - ELD​23 - aplicada também medir a satisfação do treinador
com os(as) atletas​), com a instituição e colegas (por meio de Pesquisa de Clima
Organizacional - PCO), com a imprensa e torcida através de entrevistas individuais
(realizadas também para os demais elementos);
b) Encaminhar para intervenção atletas com graus elevados de insatisfação.

64 ANAIS DO CONGRESSO – CFC 4


TELA CHEIA SUMÁRIO

6. Para todas as demandas


Acompanhar as equipes nas rotinas de treinos e jogos complementando as
avaliações por meio da observação de campo, identificando demandas implícitas ou
não espontâneas para avaliação.

Eixo de Intervenção
Objetivo geral: intervir no desenvolvimento e estado psicológicos inerente à
qualidade do rendimento esportivo de cada atleta da instituição.

Procedimentos:
1. Para os aspectos psicossociais
a) Auxiliar todo(a) atleta recém-chegado no estabelecimento de vínculos que
favoreçam sua adaptação ao clube;
b) Promover a aproximação das famílias dos(as) atletas com a instituição,
esclarecendo a importância e o papel de atuação dos familiares na carreira
esportiva;

2. Para a personalidade
a) Desenvolver o comportamento de organização dos(a) atletas
individualmente a partir do condicionamento operante e coletivamente por meio de
discussões e debates sobre estratégias de ordenamentos;
b) Orientar a comissão técnica no ensino do modelo de jogo e das estratégias
táticas aos atletas para desenvolver o comportamento crítico e criativo, atingindo
níveis ideais de condescendência, autonomia e criatividade na prática esportiva.
c) Conduzir os(as) atletas ao equilíbrio entre o medo de errar e a coragem
para ousar, compreendendo seus pensamentos e gerando novas perspectivas
acerca dessa relação por meio de sessões individuais;
d) Desenvolver a agressividade instrumental dos(as) atletas por meio de
modulação de comportamentos através de feedbacks dos treinos, com imagens e
vídeos, e uso de técnicas cognitivas de identificação de pensamentos automáticos,

65 ANAIS DO CONGRESSO – CFC 5


TELA CHEIA SUMÁRIO

que servirão de gatilho para eliciar o comportamento agressivo desejado e de alerta


para reter a violência prejudicial ao jogo.

3. Para a saúde mental e controle emocional


a) Desenvolver a inteligência emocional dos(as) atletas por meio de sessões
individuais com protocolos baseados na Teoria Cognitiva-Motivacional-Relacional da
Emoção​24​, ensinando a ressignificação das falhas, emoções negativas, medos e
frustrações, e impulsionando as crenças de autoeficácia e motivação intrínseca;
b) Regular a ansiedade pré-competitiva dos(as) atletas com técnicas de
relaxamento e meditação;
c) Auxiliar os(as) atletas com indicativo de burnout por meio de sessões
individuais, trabalhando o equilíbrio das respostas às demandas altas ou conflitantes
segundo o Modelo Afetivo-Cognitivo de Smith para o Burnout​25​;
d) Encaminhar para suporte clínico externo atletas com indicativo de
depressão, contribuindo com o manejo dos fatores relacionados ao clube ou à
atividade esportiva e oferecendo todo suporte necessário para a evolução do quadro
depressivo.

4. Para as funções cognitivas-comportamentais


a) Propor, com auxílio da comissão técnica, treinamentos com bola que
estimulem o desenvolvimento das funções cognitivas, como memória de trabalho,
controle inibitória e flexibilidade cognitiva;
b) Propiciar o treino das funções cognitivas dos(as) atletas por meio de jogos
cognitivos conectados a sistemas de biofeedback e neurofeedback;
c) Desenvolver em sessões individuais e em parceria com a comissão técnica
o comportamento de resiliência dos(as) atletas a partir da Teoria Fundamentada de
Resiliência Psicológica e Desempenho Esportivo Ótimo​26​, com instrumentalização
de recursos de enfrentamento, como características pessoais e suporte social;
d) Desenvolver em sessões individuais e em parceria com a comissão
técnica a motivação dos(as) atletas com uso de técnicas de mentalização,
determinação e variação de metas, autoafirmação, antecipação mental,

66 ANAIS DO CONGRESSO – CFC 6


TELA CHEIA SUMÁRIO

automotivação, participação ativa e auto-responsabilidade, com base na Teoria da


Auto Determinação (TAD​27​);

5. Para a satisfação profissional


a) Mediar as relações conflituosas de atletas com o clube, colegas e
comissão técnica, equilibrando expectativas e cobranças excessivas, desobstruindo
a comunicação e favorecendo a compreensão mútua entre os(as) agentes da
instituição;
b) Desenvolver com os(as) atletas em sessões individuais e em discussões
coletivas estratégias de enfrentamento de críticas e cobranças externas, advindas
da imprensa ou torcida;
c) Proporcionar encontros de orientação profissional para os(as) atletas,
apresentando e discutindo os fatores relacionados às transições de carreiras
normativas e não normativas.

Eixo de Prevenção
Objetivo geral: prevenir o adoecimento e desequilíbrio mentais de todo e
qualquer atleta da instituição.

Procedimentos:
1. Para todos os agentes
Promover palestras e discussões, com foco na psicoeducação, em temas
relevantes para os(as) atletas, comissão técnica e familiares, integrando-os na
busca e manutenção do alto rendimento esportivo sustentável, tendo em vista a
saúde mental, a realização profissional e o sucesso da instituição.

2. Para a comissão técnica


Desenvolver junto à comissão técnica estratégias de liderança, comunicação,
gestão, ensino, avaliação e treinamento de atletas, objetivando a otimização dos
resultados das metodologias utilizadas, a criação de novos métodos
potencializadores do rendimento esportivo e a prevenção de demandas
psicológicas.

67 ANAIS DO CONGRESSO – CFC 7


TELA CHEIA SUMÁRIO

3. Para os(as) atletas


Proporcionar encontros periódicos para compartilhamento e discussão de
assuntos escolhidos pelos(as) atletas, fortalecendo a coesão grupal e identificando
sinais de problemas ou dificuldades para prevenção.

Resultados esperados
Considerando que os frutos da implantação de um Departamento de
Psicologia são determinados sobretudo pela continuidade da execução das ações
planejadas, é possível prever os principais resultados alcançados ao longo de três
anos:

Em 6 meses
1. Acolhimento das principais demandas dos(as) atletas e comissão técnica;
2. Acompanhamento das equipes nas rotinas de treino e jogos, com
identificação de demandas implícitas e não espontâneas;
3. Encaminhamento para suporte clínico externo dos(as) atletas com
dificuldades explícitas não relacionadas à atividade esportiva ou à instituição;
4. Levantamento do perfil psicossocial de todos(as) atletas;
5. Favorecimento da adaptação de todos(as) atletas ao clube;
6. Caracterização do perfil de personalidade de todos(as) atletas;
7. Diagnóstico de possíveis adoecimentos e desequilíbrios psicológicos dos(as)
atletas;
8. Encaminhamento para suporte clínico externo de atletas com indicativo de
depressão;
9. Implementação de sessões de regulação de ansiedade pré-competitiva.

Em 12 meses
1. Avaliação das funções cognitivo-comportamentais de dos(as) atletas;
2. Avaliação da satisfação profissional dos atletas;
3. Aproximação das famílias do(as) atletas com a instituição;

68 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

4. Estabilização emocional dos(as) atletas diagnosticados com burnout;


5. Resolução dos conflitos interpessoais dos(as) atletas;
6. Ensino de estratégias de enfrentamento de críticas e cobranças externas;
7. Constatação de melhoras significativas dos(as) atletas encaminhados para
suporte clínico externo;
8. Redução significativa dos índices de ansiedade pré-competitiva das equipes;

Em 24 meses
1. Aumento significativo da qualidade do comportamento de organização
dos(as) atletas;
2. Aumento significativo do conhecimento tático dos(as) atletas;
3. Aumento significativo da incidência de comportamentos criativos em treino e
jogos;
4. Redução significativa dos sentimentos de medo dos(as) atletas;
5. Aumento significativo dos comportamentos corajosos em treinos e jogos;
6. Redução significativa dos comportamentos violentos indesejados;
7. Aumento significativo da agressividade instrumental dos(as) atletas em
treinos e jogos;
8. Aumento significativo da inteligência emocional dos(as) atletas;
9. Aumento significativo da qualidade das funções cognitivas-comportamentais;
10. Aumento significativo da satisfação profissional dos(as) atletas;
11. Redução significativa dos descontentamentos dos(as) atletas acerca de
críticas e cobranças externas;
12. Redução significativa dos índices de estresse, ansiedade e depressão;

Em 36 meses
1. Aumento significativo do conhecimento dos(as) atletas, comissão técnica e
familiares sobre temas psicológicos inerentes ao contexto esportivo
2. Aumento significativo do índice de saúde mental dos(as) atletas, comissão
técnica e familiares

69 ANAIS DO CONGRESSO – CFC 9


TELA CHEIA SUMÁRIO

3. Melhora significativa do exercício do papel de liderança dos(as)


treinadores(as);
4. Aumento significativo do grau de eficiência da comunicação interpessoal
entre atletas e comissão técnica;
5. Melhora significativa dos efeitos dos processos de gestão de atletas;
6. Melhora significativo dos efeitos dos processos de ensino e treinos;
7. Lançamento de metodologias inovadoras de desenvolvimento do rendimento
esportivo;
8. Redução significativa das demandas de adoecimento e desequilíbrio
psicológicos de atletas;
9. Aumento significativo da qualidade de coesão grupal das equipes;
10. Potencialização de todos os resultados alcançados.

Com isso, espera-se ter demonstrado a relevância de implementação deste


projeto de implantação de Departamento de Psicologia, para o qual os
investimentos possuem garantia de múltiplos retornos ao clube, da saúde mental
dos(as) profissionais da instituição até à otimização do rendimento esportivo das
equipes.

70 ANAIS DO CONGRESSO – CFC 10


TELA CHEIA SUMÁRIO

Referências

1.Samulski, D. M.​ (2002). ​Psicologia do esporte: manual para a educação física, psicologia e fisioterapia​. Manole, 2002.
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R. S., & Burton, D. (1990). ​Competitive anxiety in sport.​ Champaign: Human Kinetics.]; ​Questionário de Burnout para Atletas
(QBA) ​[Pires, D. A., Brandão, M. R., & Silva, C. B. (2006). ​Validação do questionário de Burnout para atletas​. Revista da
Educação Física, v. 17, n. 1, p. 27-36.] ​Inventário de Sintomas de Stress para adultos de Lipp (ISSL) ​[Lipp, M. E. N. (2000)
Manual do Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL)​. São Paulo: Casa do Psicólogo.]; ​Inventário de
Ansiedade Traço-Estado (IDATE) ​[Biaggio, A. M., Natalício, L., & Spielberger, C. (1977). ​Desenvolvimento da forma
experimental em português do Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) de Spielberger​. Arquivos Brasileiros de
Psicologia Aplicada, v.29, n.3, p.31-44.].

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11.Biaggio, A. M., Natalício, L., & Spielberger, C. (1977). ​Desenvolvimento da forma experimental em português do
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12.Cunha, J. A.​ (2001) ​Manual da versão em português das Escalas Beck​. São Paulo: Casa do Psicólogo Livraria e Editora.

11
71 ANAIS DO CONGRESSO – CFC
TELA CHEIA SUMÁRIO

13.Lipp, M. E. N. (2000) ​Manual do Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL)​. São Paulo: Casa do
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14.Pires, D. A., Brandão, M. R., & Silva, C. B. (2006). ​Validação do questionário de Burnout para atletas​. Revista da
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20.Naito, E., & Hirose, S.​ (2014) ​Efficient foot motor control by Neymar’s brain.​ Frontiers in Human Neuroscience, v. 8, p. 594.

21.Borrego, C. M., & Chicau et al. (2010) ​Análise confirmatória do Questionário de Satisfação do Atleta: versão Portuguesa​.
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72 ANAIS DO CONGRESSO – CFC 12


TELA CHEIA SUMÁRIO

ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO
DEPARTAMENTO DE FUTEBOL
FEMININO

EDSON ALBUQUERQUE DE OLIVEIRA FILHO

73 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

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TELA CHEIA SUMÁRIO

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TELA CHEIA SUMÁRIO

81 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

NÚCLEO DE EXCELÊNCIA:
FORMAÇÃO DE ATLETAS
FUTEBOL FEMININO
“FORMAR PESSOAS, DESENVOLVENDO TALENTO!”

LIZANDRA DA SILVA NUNES

82 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Esporte Clube Bahia

1. APRESENTAÇÃO DO CENÁRIO (ANÁLISE DO AMBIENTE)

Este documento tem como objetivo orientar o processo de implantação e


desenvolvimento de Núcleo de Excelência em divisão da base no Esporte Clube Bahia
(ECB) na modalidade feminina.
A Federação Internacional de Futebol (FIFA), instituição que organiza e representa
o Futebol Feminino no Mundo, reconhecendo a desigualdade histórica de oportunidade
para sua prática, como desporto de alto nível, cria medidas obrigatórias para serem
seguidas mundialmente pelos clubes profissionais de futebol, favorecendo a inclusão
das mulheres neste contexto.
No Brasil, o cenário excludente é marcado por uma série de fatos históricos, como o
Decreto de Lei nº 3.199/41, que proibia a participação de mulheres em jogos de futebol,
ficando em vigência por quase 40 anos. Este cenário começa a mudar a partir do novo
regulamento de licença de clubes da Confederação Sul-Americana de Futebol
(CONMEBOL), que entrou em vigência no primeiro semestre de 2019, determinando
aos clubes da América do Sul o critério esportivo de ter e manter um time feminino de
futebol para possibilitar a participação da equipe profissional masculina na Copa
Libertadores da América.
Para além dos aspectos legais, pretende-se também consolidar um modelo de
formação para todas as categorias. Fundamentando o processo de formação em uma
proposta tática, na qualidade e organização do processo de treino, de modo a
implementar e construir ao longo do tempo e de maneira permanente uma cultura para
jogar, um jogar com ideias e conceitos (GARGANTA, 2007; TEOLDO, 2015). Este
modelo de formação, sistêmica, permitirá desenvolver mulheres/seres humanos e atletas
inteligentes, com o perfil almejado para integrarem a equipe principal do Esporte Clube
Bahia.
É perceptível que a Copa do Mundo de Futebol Feminino na França, impactou
positivamente a modalidade em diversos países. Percebe-se que o cenário atual é
favorável para expansão do futebol feminino e no Brasil, a modalidade vem
conquistando espaço na mídia televisiva (transmissões e coberturas de jogos), gerando
aumento do número de praticantes, comercialização de camisas e materiais esportivos,
conquistando o apoio de alguns patrocinadores e etc.

83 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Esporte Clube Bahia

Mesmo vivendo um momento oportuno, os clubes que adotaram o futebol


feminino vem enfrentando algumas dificuldades como: maior concorrência entre os
clubes; lotar o estádio tendo um público pagante; houve o aumento dos gastos para
manutenção da modalidade; dificuldade em fechar parcerias com grandes
patrocinadores; e até o momento, poucos jogos são televisionados.
Após analisar o cenário interno e externo, acredita-se que a criação do Núcleo de
Excelência possibilitará o ECB: sair na frente dos demais clubes do Nordeste e de
algumas regiões do Brasil no processo de captação de atletas, resultando na estruturação
e no desenvolvimento de equipes competitivas compostas por atletas inteligentes; ser
um ambiente de capacitação profissional oportunizando profissionais que pretendem
conhecer, trabalhar e qualificar-se na área futebolista; aumentar a renda do clube com a
venda de materiais esportivos vinculados a equipe feminina; aumentar a receita do clube
com possíveis negociações de atletas; maior visibilidade do ECB por parte da mídia
local e nacional; e elevados índices de interações nas redes sociais, principalmente em
dias de jogo.

2. VISÃO

Torne-se um Núcleo de referência na formação de atletas para o cenário nacional


e internacional, prezando pela excelência na gestão e humanização dos sujeitos
envolvidos.

3. MISSÃO

A missão do ECB é promover ensino, aprendizado e treinamento de excelência


nas categorias de base do futebol feminino, garantindo os direitos civis, democráticos e
os princípios éticos do esporte, possibilitando a formação de equipes competitivas que
representem o Clube no âmbito estadual, regional, nacional e integrar as atletas à equipe
principal.

4. VALORES

Atuar com ética e responsabilidade pedagógica no processo de formação de atletas,


cumprindo com todas as obrigações legais, agindo com transparência, respeitando
atletas, familiares e funcionários, buscando a excelência em todas as ações.

84 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


Esporte Clube
TELA CHEIA Bahia
SUMÁRIO

5. METAS
- Realizar treinamento com 75 atletas nas categorias sub 15, sub 17 e sub 20 de futebol
feminino (25 atletas por cada categoria de acordo com a idade cronológica);
- Participar de competições nacionais, regionais e estaduais;
- Promover processos de captação de atletas realizando eventos internos e externos;
- Realizar ações de formação cidadã das atletas inseridas na base;
- Capacitação Continuada de profissionais que atuam com o futebol feminino.

6. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Compreendendo que abordagem metodológica deve estimular a aprendizagem


de habilidades com e sem bola no futebol, e objetivando potencializar o processo de
formação dessas atletas nas esferas: tática, técnica, física e psicológica, será utilizada a
abordagem sistêmica que se baseia em quatro categorias fundamentais: interação,
globalidade, complexidade e organização, possibilitando o desenvolvimento de forma
integrada das atletas (DURAND, 1979, apud CARGANTA e GRÉHAIGNE, 1999).
Tal modelo de formação buscará formar atletas inteligentes, capazes de realizar a
leitura do jogo, selecionar as técnicas mais adequadas para responder as configurações
do mesmo e resolver as possíveis e imprevisíveis situações-problemas que o jogo
proporciona, em um curto espaço de tempo e de forma eficaz (GARGANTA, 2002).
O(A) treinador(a) neste processo será como um guia, deve orientar os treinos
para o jogo, apresentando situações-problemas de modo que as atletas sejam
protagonistas na resolução dessas configurações (Descoberta guiada). Os profissionais
da comissão técnica, em especial os que estão diretamente envolvidos com a construção
do jogar (ex: preparador físico, preparador de goleira, auxiliar e analista), deverão
através do planejamento do treinamento sob a perspectiva do jogo, propor situações e
gerar estímulos através de jogos reduzidos, onde as habilidades trabalhadas possam ser
transferidas para o jogo real, entendendo que a melhor forma de desenvolver o talento
futebolístico é jogando futebol. (LOURENÇO, 2010; CLEMENTE e MENDES, 2015).
O Núcleo de Excelência contará com um departamento voltado para os
processos de prospecção, captação e seleção de atletas da categoria sub 15 a sub 20,
onde pretende-se realizar peneiras e parcerias com projetos e equipes amadoras. Para as

85 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Esporte Clube Bahia

atletas identificadas através dos projetos e equipes amadoras, será adotado um programa
de bonificação semelhante ao que existe no ECB, no entanto, com algumas alterações.
Caso a atleta seja aprovada o projeto ou o time amador receberá um kit de materiais
esportivos e os profissionais do projeto ou da equipe amadora também poderão
participar de processos de capacitação organizados pelo ECB.

7. GESTÃO DOS RECURSOS HUMANOS


Para a manutenção e o desenvolvimento do Núcleo de Excelência: Formação de
Atletas – Futebol Feminino será necessário à contratação de um grupo de profissionais,
alguns já existentes no clube e que podem trabalhar nas categorias femininas e
masculinas. Será necessário: (1) assistente social; (1) psicólogo(a); (1) fisiologista; (1)
analista de desempenho; (1) nutricionista; (1) médico(a); (1) preparador(a) físico; (1)
preparador(a) de goleira; (1) auxiliar técnico(a); (1) técnico (a); e (1) roupeiro(a).
Para a contratação e seleção de profissionais que o clube não dispõe, será
utilizado processo seletivo com análise de currículo e entrevista, e serão firmados
convênios com instituições de ensino (universidades e faculdades) possibilitando a
aproximação de estudantes estagiários(as) no âmbito do futebol. Quanto ao perfil
profissional, será priorizada a contratação de profissionais que: possuam aproximação
com a área do esporte; investem na sua formação de forma continuada; defendam e
respeitam a formação humana, os direitos civis e democráticos.
REFERÊNCIAS

CLEMENTE, F. M; MENDES, R.S. Treinar jogando: Jogos reduzidos e condicionados no


futebol. Ed 1. Portugal: Prime Books, jul. 2015.

GARGANTA, J; Competência de ensino de jovens futebolistas. Universidade do Porto/


Faculdade de Ciência do Desporto e Educação Física. Rev. Digital, ano 8, fev. 2002.

GARGANTA, J. Modelação Táctica em Jogos Desportivos: A Desejável Cumplicidade entre


Pesquisa, Treino e Competição. I Congresso Internacional Jogos Desportivos. FADEUP.
2007

GARGANTA, J.; GRÉHAIGNE, J. Abordagem sistêmica do jogo de futebol: moda ou


necessidade? Movimento, v. 5, n. 10, p. 40-50, 1999.

LOURENÇO, L, Mourinho: a descoberta guiada. São Paulo: Almedina, 2010.

TEOLDO, I. Para um futebol jogado com ideias: Concepção, treinamento e avaliação do


desempenho tático de jogadores e equipes. Ed 1. Curitiba: Appris, 2015.

86 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

CURSO DE TÁTICAS PARA


TREINADORES
FUTEBOL INTERATIVO
PEDRO NASSER

87 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

INTRODUÇÃO:

O clube inglês Liverpool1 foi um criado em 1892, ano que também ocorreu a fundação
do seu histórico estádio: Anfield. A equipe joga na cidade homônima, e é o time inglês que
possui mais títulos continentais, com cinco Champions League. O time da terra dos Beatles, é
também o segundo maior campeão nacional, com 18 campeonatos ingleses, só ficando atrás
do seu maior rival histórico, o Manchester United. No entanto, ainda que tenha 18 títulos
conquistados, o Liverpool nunca venceu uma Premier League, desde que o campeonato inglês
passou a ter esse nome em 1992.
De fato, não é só de glórias que vive o clube do norte da Inglaterra, que esteve presente
nas duas maiores tragédias do futebol europeu: Heysel2 em 1985, que afastou todos os
clubes das competições europeias por cinco anos, e Hilsborough3 em 1989, no qual 96
torcedores do Liverpool morreram após à queda de parte da arquibancada, devido a
superlotação do estádio.
Atualmente, os “Reds”, como são chamados, praticam um futebol muito intenso, que tem
seduzido diversos fãs do futebol. Vistos como uma equipe modelo de contra-ataque, são
conhecidos pela sua verticalidade e ofensividade. Para isso, contam com um ataque composto
por três jogadores de elite, assim como um técnico que além de muito competente e
carismático, é adorado pelos seus comandados e tem total controle do time. Não por acaso,
eles são os atuais detentores da tão cobiçada “Liga dos Campeões”.
O time inglês parece ter alcançado uma sintonia rara nos dias de hoje, entre seus
diversos sistemas - diretoria, técnico, jogadores e torcida. Mas não foi sempre esse “mar de
rosas”. Para chegar onde chegou, o time precisou passar por um processo longo, cerca de três
anos, deixando evidente que nada disso seria possível sem a contratação do alemão Jurgen
Klopp, e principalmente sem a confiança da diretoria no seu trabalho, dando o tempo
necessário para que ele desenvolvesse a equipe da maneira que ele imaginava.
A equipe está tão bem organizada, que para temporada de 2019/20 não fizeram
nenhuma contratação de peso. Ao mesmo tempo, não perderam nenhum jogador titular. Nesse
começo de temporada, além de não deixarem o ritmo e o nível da última campanha cair,

1 https://liverpool-brasil.com/pagina/historia
2 https://www.theguardian.com/football/2015/may/27/heysel-stadium-disaster-30th-anniversary
3 https://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/futebol-ingles/noticia/tragedia-de-
hillsborough-faz-30-anos-relembre-os-erros-as-mudancas-e-a-busca-por-justica.ghtml

88 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

lideram com autoridade o campeonato e já entraram para a história protagonizando o melhor


início de Premier League de todos os tempos (31 pontos ganhos em 33 disputados)4.
O jogo que usarei como a base desse projeto vai ser contra a equipe que deixou o título
dos “Reds” entalado na garganta, o Manchester City, do não menos carismático e competente,
Pep Guardiola. Este duelo, além de ser uma amostra de enfrentamento entre dois dos maiores
times do mundo atualmente, promete muita intensidade e ofensividade, características que
nenhuma das duas equipes abdica em seus jogos. A numerologia do duelo também carrega
um tempero especial. O City de Guardiola, nunca conseguiu vencer o Liverpool em Anfield, a
equipe do noroeste da Inglaterra inclusive não sabe o que é perder em casa há mais dois anos,
quase 50 jogos.5 Por outro lado, a única derrota que sofreu na temporada passada na Premier
League veio justamente contra a equipe de Manchester.
A partida do dia 07/11/2019 coloca frente a frente o atual campeão europeu, que vem de
uma vitória de virada contra o Aston Villa fora de casa por 1x2 contra o atual campeão inglês,
que também vem de uma vitória de virada contra o Southampton jogando em casa por 2x1. Vai
ser: contra-ataque versus ataque posicional; “Gengenpressing” vs “Tiki-Taka”; Guardiola vs
Klopp. “Prato cheio” para qualquer amante do bom futebol.

4https://www.dailystar.co.uk/sport/football/best-ever-starts-premier-league-20048155
5https://www.dailymail.co.uk/sport/football/article-7667525/Liverpool-unbeaten-Anfield-900-DAYS-
Manchester-City-cut-gap.html

89 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 5

ANÁLISE DO LIVERPOOL:

Organização defensiva: “Os princípios estruturais de defesa correspondem a


uma intenção da equipe de tornar o espaço de jogo pequeno, com os jogadores próximos
uns aos outros, para se ajudarem e diminuírem as linhas de passe do adversário,
desorganizando-se o menos possível durante a fase de defesa”6. (LEITÃO,2009)

- Marcação:

Bloco Médio/Alto: (1-4-3-3)


A ideia principal é: criar várias linhas de pressão em profundidade; ter os atacantes próximos do gol no
caso de contra-ataque.

MARCAÇÃO DO LIVERPOOL: BLOCO-ALTO (PAPEL DOS ATACANTES)

6O JOGO DE FUTEBOL: investigação de sua estrutura, de seus modelos


e da inteligência de jogo, do ponto de vista da
complexidade (LEITÃO, 2009)

90 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

MARCAÇÃO DO LIVERPOOL: BLOCO-ALTO (PAPEL DOS MEIO CAMPISTAS)

Defesa:
A defesa inicialmente, adota uma posição mais conservadora, com a linha de quatro jogadores
sustentando suas posições atrás. A função principal da linha defensiva é: fechar o centro, impedir um
passe entre linhas e defender lançamentos longos.

Defesa na construção/criação do adversário:


Caso a equipe adversária ultrapasse a primeira linha, há uma compactação ainda maior das
linhas, para pressionar o portador da bola na intenção de impedir que a equipe adversária troque passes
rápidos ou crie situações de jogadas individuais. Normalmente essa primeira pressão cabe aos volantes
ou aos laterais, depende de quem está mais próximo da pelota. Quando um volante pressiona o portador
da bola, os outros dois volantes devem fazer o balanço defensivo, e cabe a linha de quatro defensiva
cuidar das coberturas. O Mané é o atacante mais ativo na função de voltar, ajudar na marcação e
proteger os espaços, o Firmino é menos ativo nas marcações, pois devido a sua importância na criação
ele não desce tanto, ajudando mais em um primeiro combate, e se posicionando um pouco á frente da
linha da bola, pronto para recebê-la e iniciar um contra-golpe. O Salah, é o atacante mais rápido, por isso
fica mais avançado que o Firmino, pronto para acionar sua velocidade durante esses contra-ataques.

91 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 7

Bloco Baixo:
A composição da marcação muda quando o time marca em bloco baixo. Todos defendem muito
próximos, reunindo jogadores na entrada da área. Os atacantes ajudam com pressões e realizam
coberturas, e se posicionam prontos para um eventual contra-ataque, dessa forma o esquema tático
pode variar do 1-4-3-3 para o: 1-4-5-1, 1-4-1-1, 1-4-4-2.
O fechamento da entrada da área, muitas vezes obriga os times adversários a usar os lados do
campo, e a apostar nos cruzamentos. Para a defesa desses cruzamentos conta muito a qualidade na
saída do gol do goleiro e da qualidade defensiva dos zagueiros que conseguem vigiar a movimentação
do adversário sem perder o controle da trajetória da bola.

MARCAÇÃO DO LIVERPOOL: BLOCO-BAIXO (PAPEL DOS ATACANTES)

92 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


8
TELA CHEIA SUMÁRIO

TRANSIÇÃO DEFENSIVA:
A Transição Defensiva é o momento do jogo em que uma equipe perde a posse de bola, saindo da
fase ofensiva e indo para a fase defensiva.

- Uma das maiores qualidades da equipe do Liverpool são as suas transições defensivas. Os
“Reds” aplicam o estilo “Gegenpressing” de marcação. “Gegen” significa “contra” em alemão, e
com base nessa tradução é capaz de se tirar a tônica desse modelo de marcação, uma pressão
ao contra-ataque adversário, ou “contrapressing”
Para isso ser feito, um dos aspectos principais é a distribuição posicional com bola,
dessa forma: assim que perder a bola, o time com base nessa organização posicional, deve
pressionar o adversário para tentar recuperar a posse o mais rápido possível.

TRANSIÇÃO DEFENSIVA DO LIVERPOOL: MÉTODO GEGENPRESSING


Para conseguir pressionar com essa qualidade e regularidade a equipe cumpre os seguintes aspectos
táticos:
Vigilância defensiva: Cabe a linha de defensores mais volantes, a missão de vigiar os jogadores
adversários capazes de puxar um eventual contra-ataque.

93 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Compactação ofensiva: Independente de estar em ataque posicional ou jogo direto (organização


ofensiva), ou quando saí em contra-ataque, a equipe deve acompanhar a trajetória da bola, e buscar
ocupar o campo adversário, gerando uma compactação ofensiva.

TRANSIÇÃO DEFENSIVA: VIGILÂNCIA E COMPACTAÇÃO

BOLAS PARADAS:
Escanteio: defendido em zona seguindo a distribuição:

DEFESA DO ESCANTEIO: MARCAÇÃO ZONAL

94 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

10

Falta lateral: Marcação em zona

DEFESA DE FALTA LATERAL: BLOCO-ALTO

DEFESA DE FALTA LATERAL: BLOCO-BAIXO

95 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 11

ORGANIZAÇÃO OFENSIVA: (1-4-3-3),


“O momento de organização ofensiva se caracteriza pelos comportamentos que uma
equipe assume quando tem a posse de bola, tendo por objetivo a preparação e a
criação de situações ofensivas com o intuito final de marcar gol”7. (OLIVEIRA,1996)
Saída de bola:
“A partir da defesa - passa a ser uma das estratégias ofensivas hoje bastante trabalhada,
existem modelos de equipe que saem com a bola no chão, na fase de construção, desde o
goleiro, passando pelos defensores e seguindo no jogo. Para se executar essa saída é
necessário muito treinamento para preenchimento de espaços e qualidade técnica.”
8
(SIMPLÍCIO,2019)
Durante a saída de bola, o goleiro tende a buscar os zagueiros que quando acionados, devem circular a
bola defensivamente com segurança. Os laterais devem dar profundidade e oferecer linha de passe para
eles, os volantes também encostam nos zagueiros para ajudar no processo de construção.

SAÍDA DE BOLA DO LIVERPOOL: SAÍDA SUSTENTADA

7 “Estudo comparativo das ações ofensivas finalizadas com remate, em equipas de futebol, de diferentes
níveis competitivos” (OLIVEIRA, 1996)
8
“Tática para treinadores” (SIMPLÍCIO, 2019)

96 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 12

Construção/Criação:
“A construção e criação no jogo de futebol torna-se um elemento importante estratégico onde a
equipe opta por um jogo de proposição ou reação.”9 (SIMPLÍCIO, 2019)

Durante a fase de construção /criação, os laterais avançam para criar mais amplitude, e os três
atacantes ganham a companhia de um meio campista. Esses quatro jogadores (três atacantes mais um
meio campista) que estão no último terço vão ter a liberdade para flutuar, sem guardar posição.
A linha de ataque, realiza uma compactação, para abrir espaço nas alas, por onde a equipe consegue
criar muitas chances de perigo. Também é comum que um dos atacantes (normalmente o Firmino que
tem ótima percepção do espaço e ótima capacidade de criação), recue para receber a bola e ajudar o
processo de criação. Um outro meio campista deve se posicionar um pouco mais atrás da linha ofensiva
de quatro jogadores. Cabe então, aos dois zagueiros e ao primeiro volante a tarefa de ficar atrás da linha
da bola.

FASE DE CONSTRUÇÃO DO LIVERPOOL

9 “Tática para treinadores” (SIMPLÍCIO, 2019)

97 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 13

Construção de jogada pelas laterais:


Quando a bola é trabalhada no lateral direito/esquerdo por exemplo, é comum que o Salah/Mané
arrastem a sua marcação oferecendo linha de passe para o Arnold/Robertson. Quando os pontas
realizam essa ação surge um espaço nas costas do seu marcador que pode ser ocupado pelo Firmino
ou por um outro meio campista. Uma outra forma adotada para avançar com sucesso no campo do
adversário são as viradas de jogo.

Finalizações:

“Na organização ofensiva é importante a estratégia da finalização, que irá depender das características
individuais e do sistema tático utilizado, por exemplo, se a equipe joga com 1 ou até 3 atacantes, essa
finalização podendo ser: vertical ou combinada.”10(SIMPLÍCIO,2019)

No que diz respeito às finalizações, as jogadas mais usadas pelo Liverpool para finalizar são: os
cruzamentos (aéreos ou rasteiros) pelos laterais; as finalizações de fora da área; as jogadas de bola
parada, contando com a forte presença de Van Dijk e Matip na área; por meio do contra-ataque,
contando com poucos passes muita verticalidade, e principalmente com a velocidade e qualidade da
frente de ataque.

FORMAS DE FINALIZAÇÃO: CRUZAMENTO RASTEIRO

10
“Tática para treinadores” (SIMPLÍCIO, 2019)

98 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 14

TRANSIÇÃO OFENSIVA:
“No momento da perda da posse de bola, a equipe já deve apresentar respostas individuais e
coletivas que estejam conjecturadas com seu modelo de jogo independentemente do que
este propõe. Os jogadores devem ter claro quais são as ações que eles deverão tomar no
instante imediato após a recuperação da bola ou de sua perda. Antes de se organizar
defensivamente, uma equipe deve apresentar características de sua organização ‘ataque-
defesa’ para potencializar os efeitos da sua parte defensiva”.11 (ZAGO,2016)

As transições ofensivas, são baseadas em buscar o contra-ataque rápido (quando possível),


independente da região que a bola seja recuperada. O jogador que estiver em posse, deve olhar
para frente, e os demais devem acelerar, buscando romper a linha defensiva adversária.

Função do Roberto Firmino:


Para esse momento do jogo, cabe salientar a função do “Bobby”, que por ter sido meio campo
durante a sua formação, possui uma vasta capacidade de organizar os contra-ataques, muitas
vezes sendo responsável por iniciá-los.

TRANSIÇÃO OFENSIVA: PAPEL DOS ATACANTES

11
https://www.youtube.com/watch?v=gepknP9OUqs&feature=emb_title

99 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 15

Participação dos laterais:


Cabe salientar também a importância ofensiva dos laterais durante os contra-ataques. Essa
participação é mais frequente quando a roubada de bola acontece no campo defensivo, nesses
momentos a equipe deve sair rapidamente de trás, compactando ofensivamente e os laterais
devem acelerar com ou sem bola se somando ao ataque.

Recuperar a bola na zona de pressão:


Quando a equipe recuperar a bola em zonas pouco favoráveis para realizar a verticalização,
deve-se reiniciar a jogada, removendo a bola da zona de pressão. Deve haver a circulação da
bola para dar tempo e espaço para os jogadores da frente possam dar opção no fundo, a
intenção dessa forma, é aprofundar o jogo no menor tempo possível.

Bola parada :

Escanteio 1 --- sinal: duas mãos levantadas, cobrador: Salah


Distribuição:
Cinco jogadores na área, sendo: Origi fechando no primeiro poste, Fabinho se movimentando
para dentro da pequena área, e Van Djik e Firmino se movimentam para o meio, na boca da
pequena área para, o Wijnaldum fica perto da marca do pênalti, O Robertson, fica fora da área
no caso de alguma sobra. Essa jogada foi executada com sucesso no jogo contra o Norwich,
conforme mostra o link : https://www.youtube.com/watch?v=bWam-nCjHWs (3:52´)
Escanteio 2 --- sinal: uma mão levantada, cobrador: Arnold
Distribuição:
Seis jogadores na área: Fabinho na entrada lateral da área oferecendo opção de cobrança curta;
Wijnaldum fecha no primeiro poste, Mané corre para o meio na entrada da pequena área; Van
Dijk e Matip ficam um pouco à esquerda de Mané mas na mesma linha que o senegalês; o
Firmino fica no segundo poste. Essa jogada foi executada com sucesso no jogo contra o Arsenal,
conforme mostra o link:
https://www.youtube.com/watch?v=TihFHIKgM9s (1:52´)

100 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 16

Faltas laterais:

FALTAS LATERAIS OFENSIVAS

Faltas frontais: O Liverpool possui no seu elenco um excelente cobrador de faltas frontais que é
o Trent Alexander Arnold, o lateral costuma chutar com muita força dificultando muito o tempo de
reação do goleiro. Aqui uma falta que acaba com uma excelente defesa do Krul :
https://www.youtube.com/watch?v=bWam-nCjHWs (7:39´)

101 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 17

ESTRATÉGIAS PARA TIRAR VANTAGEM DOS PONTOS VULNERÁVEIS DO


ADVERSÁRIO:

Função do Henderson na criação:


Quem vai ocupar a posição do Arnold e oferecer profundidade pelo lado direito vai ser o
Henderson, essa movimentação deve confundir o lateral esquerdo do City, (provavelmente o
Angeliño) que já vai ter que se preocupar com a marcação do Salah, O objetivo é que o
Henderson busque jogar entre linhas, encontrando muito espaço para criação no lado direito.

Apostar nos cruzamentos:


Levando em conta que o Fernandinho vai jogar fora da sua posição habitual e que o Kyle Walker
tem dificuldades para fechar os cruzamentos, a estratégia deve ser apostar nos cruzamentos em direção
a área, para isso devemos ter uma área povoada com a presença de um meio campista bem
posicionado na entrada da área para pegar o rebote.

Goleiro reserva:
Com a lesão do Ederson, o provável titular do City deve ser o Bravo. Portanto, a estratégia deve
ser pressionar mais o Bravo na saída de jogo, e apostar nos chutes de fora da área, visto que o chileno
não tem tanta qualidade nos pés quanto o Ederson, e que a sua última exibição foi ruim.

102 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 18

IDENTIFICAR QUAIS SERÃO OS PONTOS FORTES DO ADVERSÁRIO E OQUE


SERÁ FEITO PARA NEUTRALIZÁ-LOS:

Garantir a estabilidade defensiva nas transições ofensivas adversárias:


Recentemente os times tem tentado nos atacar com dois homens na frente aproveitando a
profundidade dos nossos laterais, o objetivo desses times é colocar os atacantes em situações
de 1v1 contra os nossos zagueiros, com base nesse padrão e nos jogadores a sua disposição eu
acredito que o Guardiola deve tentar nos atacar da mesma maneira, com dois jogadores na
frente. Dessa forma para fortalecer a nossa linha defensiva e prevenir essas situações de mano-
a-mano, a estratégia é: subir somente um lateral por vez. Ou seja, quando o Robertson subir
oferecendo apoio e profundidade, o Arnold vai ficar para compor a linha defensiva e vice-versa,
essa é uma forma eficaz de garantir a estabilidade defensiva em caso de contra-ataque,
essencial para essa equipe do City, que tem um contra-ataque tão letal.

Conter o Raheem Sterling:


Para ajudar nas transições, a ideia é pedir que o Arnold sempre esteja muito próximo do Sterling,
que é o ponta mais rápido e mais perigoso do Manchester, cabe ao Lovren atenção na cobertura
visto que o atacante inglês é muito habilidoso no 1v1.

Conter o Kevin De Bruyne:


O belga lidera o ranking de maior número de assistências na Premier League, com 9. Ele costuma
criar chances muito perigosas quando consegue encontrar liberdade para correr com a bola ou para
realizar cruzamentos. Portanto, o Fabinho e o Wijnaldum que vão ficar mais recuados, devem estar
responsáveis em vigiar o meio campista para não oferecer esse espaço de corrida ou de cruzamento
para o belga.

103 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 19

ANÁLISE DO ADVERSÁRIO:

Time: MANCHESTER CITY


Posição na última Premier League: 1º
Campanha na última Premier League: 32V, 4D, 2E - 98 pontos
Último jogo em Anfield: empate 0x0

ORGANIZAÇÃO DEFENSIVA:
MARCAÇÃO: Ação que correlaciona atitudes individuais e coletivas no sentido de organizar
as relações entre os jogadores de uma mesma equipe e evidenciar as tarefas de cada um
destes no intuito de impedir a estruturação das ações da equipe adversária” 12(Armieiro,
2010).

Bloco Alto/ Médio:


- Durante a saída de bola, o City tem a tendência de realizar marcação em bloco alto,
com o intuito de recuperar a bola o mais rápido possível. Para isso, o time transita do
seu tradicional 4-3-3 para um 4-2-3-1 ou 4-4-2.

MARCAÇÃO: BLOCO ALTO-MÉDIO

12
Defesa à zona no futebol: um pretexto para refletir sobre o jogar…bem, ganhando! (ARMIEIRO,2005)

104 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 20

Bloco Baixo:
A primeira linha do City é muito dinâmica, não se preocupa tanto com a marcação
individual, e realiza variações conforme a posição da bola. Quando a equipe realiza
marcação em bloco baixo as linhas do time de Manchester se aproximam, criando
compactação, normalmente com 9 jogadores atrás da linha da bola, mas o princípio da
marcação em bloco alto/médio não muda, o jogador mais próximo do portador da bola,
abandona a linha para ir pressionar quem tem a bola.

105 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 21

TRANSIÇÃO DEFENSIVA:
“Quanto mais ofensiva for uma equipa, melhor ela tem que saber defender,
principalmente na transição defensiva, no momento da perda.” 13(Mourinho)

Uma virtude da equipe de Guardiola é saber o momento certo para arriscar uma jogada
ofensiva. Esse acerto na tomada de decisão se dá muito pela aproximação das linhas.
Os jogadores esperam o momento que a equipe está preparada para uma perda
marcando alto, deixando muito difícil para a maioria dos times que tiverem a bola os
atacarem. A maneira que a equipe organiza essa essa prevenção de contra-ataque é a
aproximação dos laterais com o primeiro volante e os zagueiros, atuando como meio
campistas.

TRANSIÇÃO DEFENSIVA: ORGANIZAÇÃO DEFENSIVA

O City valoriza muito a posse de bola, por isso, utiliza o método perde-pressiona,
pressionando o portador da bola independente da parte do campo que ele ocupar,
forçando-o a um erro ou um chute para frente.

13
Guardiola vs Mourinho mais do que treinadores, (LANÇA 2016)

106 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 22

TRANSIÇÃO DEFENSIVA: PERDE-PRESSIONA

BOLAS PARADAS:
Escanteio : https://www.youtube.com/watch?v=krQxul2Z1_0 ( 3:46´)
Marcação Mista
Faltas laterais : https://www.youtube.com/watch?v=BtJLwPwoUg4 (1:29´)
Marcação Mista

ORGANIZAÇÃO OFENSIVA: Fase na qual a equipe está sob posse de bola, e realiza uma
organização no intuito de atacar a equipe adversária.

- A filosofia adotada pela equipe de Manchester é a de ter a bola o maior tempo possível.
A maneira utilizada para manter esse alto índice de posse de bola é por meio das
constantes trocas de passes (maior média de posse de bola da Premier League, com
66,4% segundo o “Transfermarkt”). Dessa forma, para manter a posse, a equipe realiza
aproximações, no intuito de ampliar ao máximo o número de linhas de passe
disponíveis.
Saída de bola:
- A saída de bola é feita de maneira sustentada, com a ideia de facilitar o jogo pelo chão
e criar superioridade numérica em relação aos atacantes adversários, são raros os

107 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO
23

“chutões” nos tiros de meta. Durante a saída: os dois zagueiros abrem dentro da área
os dois laterais sobem um pouco e dois meio campistas encostam para criar mais linhas
de passe. Um aspecto a se destacar nesse time, que virou uma marca das equipes
comandadas pelo catalão é a função do goleiro na saída de bola.

SAÍDA DE BOLA: GOLEIRO LÍBERO


Construção/Criação
- Durante a fase de construção/criação a equipe do Guardiola pode se transformar em
um 3-1-4-2, porém esse sistema pode variar, dependendo do jogo. Devido a sua
organização e quantidade de linhas de passe criadas, o time costuma trocar muitos
passes durante a fase de construção e criação, esperando a melhor hora para penetrar
a defesa adversária.

-
FASE DE CONSTRUÇÃO

108 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


24

TELA CHEIA SUMÁRIO

Finalização:
Uma das grandes virtudes que os times do Guardiola possuem são a variedade de
formas de finalizar as jogadas. E com o City não é diferente, o melhor ataque do
campeonato (até a 11ª rodada), pode finalizar por meio de: contra ataque, após
recuperar a bola do adversário, aproveitando a velocidade dos pontas e o desequilíbrio
defensivo; cruzamentos, em especial cruzamentos rasteiros fortes para o meio da área;
lançamentos precisos pelo alto ou chutes de fora da área, e para isso o City conta com
o talento e a precisão de meio campistas e atacantes do nível de: De Bruyne, David
Silva, Gundogan, Rodri, Bernardo Silva, Aguero, Sterling etc.

TRANSIÇÃO OFENSIVA:
A transição ofensiva é o nome dado a fase na qual o time recupera a posse de bola,
marca a transição da função de defender, para a função de atacar.
Ao recuperar a bola, o time tenta aproveitar a desorganização da equipe adversária
apostando na velocidade dos seus pontas nos corredores com passes verticais que coloquem
os jogadores em condições de finalizar o mais rápido possível.

TRANSIÇÃO OFENSIVA: CONTRA ATAQUE RÁPIDO

109 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 25

BOLAS PARADAS:
Escanteio 1: 6 jogadores dentro da área distribuídos sendo: 3 na pequena área, 2 na entrada
da área e um perto da marca do pênalti. Na cobrança, o jogador que estava perto da marca do
pênalti corre para o primeiro pau e os dois jogadores que estavam na entrada da área correm
para o meio da área.
https://www.youtube.com/watch?v=krQxul2Z1_0 (6:07´)
Faltas laterais :

FALTA LATERAL OFENSIVA

110 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 26

. ANÁLISE INDIVIDUAL DOS PROVÁVEIS TITULARES, IDENTIFICANDO PONTOS


FORTES/FRACOS:

- Claudio Bravo
Pontos fortes: bom goleiro que sai bem com os pés.
Pontos fracos: vêm de uma partida ruim pela Champions League
- Kyle Walker
Pontos fortes: é muito rápido e ajuda muito nas coberturas defensivas.
Pontos fracos: costuma deixar espaço para cruzamento quando tenta marcar o lateral
adversário
- Fernandinho
Pontos fortes: líder em desarmes na temporada passada, um dos pilares do Guardiola
Pontos fracos: joga fora da sua posição habitual
- Stones
Pontos Fortes: Seguro defensivamente, sai muito bem com a bola no chão
Pontos Fracos: Por vezes arrisca demais nas saídas de bola, e acaba de voltar de lesão
- Angeliño
Pontos fortes: muito bom nos cruzamentos
Pontos fracos: é jovem, e não é acostumado a jogar esse tipo de jogo
Gundogan
Pontos fortes: boa qualidade de passe e boa leitura de espaço
Pontos fracos: não é muito bom em marcações de 1x1
- Rodri
Pontos fortes: é seguro defensivamente, marca muito bem e raramente erra passes
Pontos fracos: deverá ser o primeiro jogo desde que esteve lesionado, pode sofrer um
pouco com o ritmo da partida.
- Bernardo Silva
Pontos fortes: considerado o melhor jogador da temporada passada, está na melhor
fase da sua carreira, tem uma visão de jogo privilegiada e é muito bom no 1x1
Pontos fracos: não é bom nas marcações individuais, devido a entre outros fatores, o
seu biotipo
- De Bruyne (jogador chave)

111 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 27

Pontos fortes: qualidade de passe impressionante, é um dos melhores meio campistas


do mundo ele lidera a Europa em número de assistências.
Pontos fracos: costuma cair de nível nos últimos 15 minutos de partida
- Sterling
Pontos fortes: um dos artilheiros do time na temporada, um dos melhores em 1x1 no
campeonato,
Pontos fracos: carrega um tabu: nunca conseguiu marcar contra o Liverpool.
- Aguero
Pontos fortes: Artilheiro nato, é o maior artilheiro da história do time
Pontos fracos: carrega um tabu: nunca conseguiu fazer gol em Anfield nas 10 partidas
que já disputou no estádio.

112 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 28

ANÁLISE DE TRÊS GOLS MARCADOS E TRÊS GOLS SOFRIDOS:

- Acredita-se que na próxima revolução tática, não se falará mais em sistemas de jogo. O
time do Manchester City, ajuda a evidenciar que o futebol é e está cada vez dinâmico,
com jogadores em constante movimentação, e sistemas mudando diversas vezes
durante uma mesma partida.
Isso dificulta a identificação de um sistema único nas equipes. É capaz que o futebol no
futuro, se assemelhe ao Handebol no que diz respeito as marcações. No qual a equipe
atua como um bloco único, na fase defensiva e ofensiva, sem uma clara divisão de
setores.
O Manchester City adota o modelo de jogo denominado ataque posicional: “Nascida na
década de 1920, com a criação do 2-3-5, essa forma de jogar tem como objetivo ocupar
espaços ao invés de puramente tocar a bola. É você ir para uma região de campo e
ficar lá, mesmo se a bola estiver em outro lugar. O time cria um desenho geométrico no
campo do adversário. Assim, quem tem a bola sempre vê um companheiro bem
localizado para tocar, e o time joga mais confiante - quem carrega sabe que terá ao
menos uma opção para não ficar solitário.”14 (MIRANDA, 2018)
O jogo posicional aplicado no City contém vários elementos: ataque em bloco,
compactação, linhas altas adiantadas, valorização da posse de bola, amplitude,
triangulações, pressão imediata para retomar a posse de bola, intensidade,
superioridade numérica na zona da bola, saída sustentada, passes curtos com
aproximação dos jogadores, entre outros.
O time joga no ataque, com o objetivo de ter a manutenção posse de bola pelo maior
tempo possível, portanto costuma jogar com as linhas altas no campo adversário, para
que quando perca essa posse, a equipe seja capaz de recuperá-la da maneira mais
rápida pressionando o adversário com a marcação chamada zona pressionante.
No entanto, essa marcação alta, fez com que o City encontrasse dificuldades quando o
time adversário conseguia encaixar o contra-ataque em velocidade. Durante a partida
contra o Wolverhampton por exemplo, a equipe sofreu muito com os contra-ataques, e

14https://globoesporte.globo.com/blogs/painel-tatico/post/2018/06/23/ataque-posicional-entenda-a-ideia-
que-tite-resgatou-de-guardiola-para-vencer-a-costa-rica.ghtml

113 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 29

acabou tomando dois gols em função deles.


https://www.youtube.com/watch?v=92jNbuaO5zk. (1:37´, 2:20´, 5:18´,7:30´)
Isso também se repetiu na derrota diante do Norwich, jogo no qual a equipe de
Manchester sofreu outro gol criado a partir de contra-ataques em velocidade:
https://www.youtube.com/watch?v=krQxul2Z1_0 ( 1:40´, 3:43´)

Um dos melhores meio campistas do mundo é o Kevin de Bruyne que joga no


City. O belga é conhecido pela sua brilhante visão de jogo e ótima qualidade de passe,
não por acaso o Manchester já conseguiu três gols com a mesma jogada: cruzamento
do De Bruyne para segunda trave. Ele lidera a competição em número de assistências,
com 9 passes para gol.
- Gol contra o Tottenham: https://www.youtube.com/watch?v=eSxwP1Dqr84
(0:20´)
- Gol contra o Watford: https://www.youtube.com/watch?v=zSkraU8i7hs (0:02´)
- Gol contra o Everton: https://www.youtube.com/watch?v=x11Qkm3aC2c (0:28´)

114 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 30

SEMANA DE TREINOS:

“A forma como determinada equipe ataca é influenciada pela forma como treina os
exercícios de ataque, isto é, a movimentação ofensiva da equipe é fruto da interligação
entre a forma como o treinador quer que a mesma ataque, como treina essas
movimentações e a forma como os jogadores interpretam essas movimentações no
jogo”15( LEAL E QUINTA, 2001)

Os treinamentos do Liverpool vão ocorrer nas instalações de Melwood. A ideia dos


treinamentos é analisar como a equipe está por meio de análise com enfoque nos aspectos
táticos e técnicos, e também fazer uma análise específica individual a respeito de cada jogador,
a nível tático e técnico. Os treinos vão ocorrer conforme o seguinte cronograma:

15
O treino de futebol. Uma concepção para formação. (LEAL E QUINTA,2001)

115 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

SEGUNDA:

“O treino constitui a forma mais importante e mais influente de preparação dos jogadores para a
competição”16 (Garganta, 1997)

Proposta do treino: Treino físico regenerativo pós-jogo

11h - Conversa com os atletas explicando o que vai ser trabalhado durante a semana, e dando umas
informações iniciais a respeito do nosso próximo adversário (duração: 5 minutos)

Sessão de treino físico - Trabalho regenerativo na musculação com volume MODERADO - BAIXO
Tipo de exercícios : exercícios que lidem com elementos específicos do futebol mas com um grau
de complexidade, ou seja : que envolvam a maior quantidade de músculos na sua execução
(exemplos: Agachamento, Saltos, etc.) , o foco no trabalho feito na musculação é no aumento da
resistência e da potência do jogador.
12h - 10 minutos de trote por volta do campo.

TERÇA: “A especificidade do treino indica que o jogador deve ser treinado de acordo com as
condicionantes do futebol, permitindo a lembrança desse treino durante o jogo e,
consequentemente, contribuindo para um melhor rendimento.”17 Mourinho

Número de atletas: 25

Materiais: 3 coletes, 20 bolas, 8 mini gols, 2 gols moveis, 30 pratinhos

Proposta do treino: Manutenção da posse de bola, e aprimoramento do jogo em momento de


superioridade/inferioridade numérica

10h - Aquecimento:

16 Modelação táctica do jogo de futebol: estudo da organização da fase


ofensiva em equipas de alto rendimento. (GARGANTA, 1997)
17
Guardiola vs Mourinho mais do que treinadores, (LANÇA 2016)

116 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

32

1 º - Todos os 25 jogadores realizam duas voltas em volta do campo com intensidade média
contínua (duração 8 minutos)

2º - Duas rodas de bobinho 10x2 e 11x2 com a limitação de um toque somente na bola (duração: 10
minutos)

3º - Conversa reforçando os erros e acertos da última partida, explicando os exercícios do dia e o


objetivo desses exercícios

1º Exercício: Bobinho 22x3 em volta do círculo do meio campo

Roda de bobinho 22x3 em volta do círculo do meio de campo, limite de um toque na bola. O jogador
que errar o passe vai formar o trio de marcação com os outros dois jogadores do seu lado. Se a
equipe completar 20 passes ou alguém levar uma caneta, os marcadores ficam mais uma rodada

(duração: 10 minutos)

(objetivo principal: manutenção da posse de bola, melhora no passe, e aprimoramento na


velocidade e no acerto da tomada de decisão)

117 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 33

2º Exercício: 1x1 - 3x3 em progressão

1x1 com campo reduzido, a equipe que sofrer o gol contra-ataca com um jogador a mais, até ambas
equipes ficarem em uma situação de 3x3, nesse caso, a equipe que fizer um gol perde um jogador,
até que voltem a ficar em uma situação de 1x1.

(duração: 10 minutos)

(objetivo principal: aprimorar a equipe em termos de jogo em superioridade e inferioridade


numérica)

3º Exercício: 7x7 em espaço reduzido

Torneio de 7x7 com 3 equipes em campo reduzido, os 4 goleiros revezam a cada jogo. A ideia é que
as duas equipes recebam funções diferentes, uma delas deve criar as jogadas a partir de ligação
direta ou da descida de um atacante para o meio, e a outra deve pressionar alto e tentar recuperar a

118 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 34

bola o mais rápido possível, e ao recuperar a bola, deve começar e finalizar um contra-ataque em no
máximo 10 segundos. O time que vencer fica, se terminar em empate saem os dois times.

(Duração: 25 minutos - 5 minutos por jogo)

(Objetivo principal: aprimorar tomada de decisão, passe, finalização, lançamento, movimentação


com e sem bola, marcação)

ALONGAMENTO - foi passado para os atletas um alongamento de aproximadamente 15 minutos,


que contemplasse o alongamento de membros inferiores, anteriores e posteriores, assim como
adutores e abdutores. Também exercícios de Flexão/Extensão/Torção da Coluna. Exercícios
baseados nas técnicas de Pilates e Yoga.

QUARTA18 : “ Exercícios específicos são a melhor forma de ajudar os jogadores a atingirem


uma forte relação entre a mente e o hábito.” 19(Guardiola)

Proposta do treino: Treinamento de subprincípios da transição ofensiva/defensiva :

Número de atletas: 24

Materiais: 10 mini gols, 2 coletes, 2 estacas, 30 pratinhos, 2 bandeiras

10h - Aquecimento:

1 º - Todos os 25 jogadores realizam duas voltas em volta do campo com intensidade média
contínua (duração 8 minutos)

2º - Duas rodas de bobinho 10x2 e 11x2 com a limitação de um toque somente na bola (duração 10
minutos)

3º - Conversa reforçando os erros e acertos da última partida, explicando os exercícios do dia e o


objetivo desses exercícios

18 http://blog.videobserver.com/exercicios-para-criar-e-explorar-a-partir-dos-corredores-laterais/?lang=pt-
pt
19
Guardiola Confidencial. (PERARNAU, 2015)

119 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 35

1º Exercício: 3x3 em campo reduzido - goleiros treinam à parte

4 campos reduzidos 50x35, 3x3 livre no entanto só um jogador de ataque e de defesa pode entrar na
linha de finalização. O jogador que marcou o gol tem que correr por trás do gol pra poder entrar de
novo no jogo, dessa forma o time que sofreu o gol pode aproveitar a situação de contra ataque de
3x2.

(duração): 15 minutos

(objetivo principal): aprimorar a equipe em termos de jogo em superioridade e inferioridade


numérica

2º Exercício: 8v8 em espaço reduzido - goleiros treinam à parte

120 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 36

Um jogo de 8x8 no qual todos os jogadores podem marcar chutando entre as estacas, mas só os
laterais podem fazer gols nos gols laterais.

(Objetivo principal): Reforçar que os laterais ofereçam o apoio no ataque

(Duração): 20 minutos

3º Exercício: 10x10 em espaço reduzido

Se divide um campo reduzido em duas zonas, uma maior e uma menor, onde deverão estar
posicionados os times em 4-3-3, com os três atacantes dentro das zonas menores, o objetivo do
time com bola deve ser completar 10 passes com a participação de no mínimo 2 dos jogadores nas
zonas menores. Assim que a equipe completar os 10 passes, a bola deve voltar para zona menor e
depois de passar por no mínimo dois atacantes, estes devem finalizar contra o gol. No momento
que os 10 passes são completos dois zagueiros adversários podem invadir a zona menor e tentar
impedir o processo de finalização

(duração): 20 minutos

(objetivo principal): manutenção da posse de bola, e aprimorar o jogo posicional

ALONGAMENTO - foi passado para os atletas um alongamento de aproximadamente 15 minutos,


que contemplasse o alongamento de membros inferiores, anteriores e posteriores, assim como
adutores e abdutores. Também exercícios de Flexão/Extensão/Torção da Coluna. Exercícios
baseados nas técnicas de Pilates e Yoga.

121 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 37

QUINTA : “ O treino ideal é aquele que reproduz a intensidade e a emoção da competição “20
(SANTANA)

Proposta do treino: Uma sessão de Treino Físico e uma sessão de treino Técnico-tático com foco
em finalizações e manutenção da posse de bola

Número de atletas: 25

Materiais: 3 coletes, 20 pratinhos, 2 gols móveis,

10h - Conversa com os atletas explicando o que vai ser trabalhado durante a semana, e dando umas
informações iniciais a respeito do nosso próximo adversário (duração: 5 minutos)

Sessão de treino físico : Trabalho regenerativo na musculação com volume MODERADO - BAIXO
Tipo de exercícios : exercícios que lidem com elementos específicos do futebol mas com um grau
de complexidade, ou seja : que envolvam a maior quantidade de músculos na sua execução (ex :
Agachamento, Saltos, etc.) , o foco no trabalho feito na musculação é no aumento da resistência e
da potência do jogador.

12h - 10 minutos de trote por volta do campo,

1º Exercicio: cruzamentos, 2x2 + 1, e depois 1x1

20
Fio de Esperança – Biografia de Telê Santana, (RIBEIRO, 2011)

122 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 38

Descrição: no meio campo se disputa a posse de bola em uma situação de 2x2 + 1, o time que
completar primeiro 5 passes poderá passar para os seus respectivos laterais que por sua vez vão
ter que enfrentar uma situação de 1x1 para conseguir o cruzamento na área, o time que completou
os passes vai para área tentando fazer o gol e o outro time que estava no meio tenta defender o
cruzamento. um reserva em cada lado do campo, vai mudando ao decorrer do exercício.

(Objetivo principal): Procurar os corredores e marcar o gol

(Duração): 12 minutos

2º Exercício: 9x9 com espaço reduzido, e demarcação três corredores

Descrição: jogo de 9x9 com gols na entrada da área e usando a largura máxima. Campo é
separado por três corredores. Para contar o gol a bola deve passar pelos três corredores primeiro.
Os corredores laterais podem ter no máximo dois jogadores e o corredor do meio pode ter no
máximo quatro. Os jogadores do corredor do meio tem a limitação de 3 toques no máximo. Gols de
cruzamento valem dois pontos. Dois jogadores e dois goleiros ficam na reserva e vão mudando ao
decorrer do exercício.

(Objetivo): Privilegiar as 1×1 e 2×1 nos corredores, envolvendo overlaps e a criatividade dos
jogadores

(Duração): 25 minutos sendo que, após 15 minutos, vira jogo livre sem necessitar de passar pelos
3 corredores

ALONGAMENTO - foi passado para os atletas um alongamento de aproximadamente 15 minutos,


que contemplasse o alongamento de membros inferiores, anteriores e posteriores, assim como
adutores e abdutores. Também exercícios de Flexão/Extensão/Torção da Coluna. Exercícios
baseados nas técnicas de Pilates e Yoga.

123 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 39

SEXTA: Recomenda-se treinar em espaço reduzido pois, a repetição sistemática exponencia os


princípios e fica mais fácil fomentar hábitos e automatismos nos jogadores nesse sentido.

Proposta do treino: Treino de bolas paradas, foco em manutenção da posse da bola, e


aprimoramento nas transições: ofensiva/defensiva

Número de atletas: 25

Materiais: 3 coletes, 20 pratinhos, 2 gols móveis

10h - Aquecimento:

1 º - Todos os 25 jogadores realizam duas voltas em volta do campo com intensidade média
contínua (duração 8 minutos)

2º - Duas rodas de bobinho 10x2 e 11x2 com a limitação de um toque somente na bola (duração 10
minutos)

3º - Conversa reforçando os erros e acertos da última partida, explicando os exercícios do dia e o


objetivo desses exercícios

1 º Exercício: Defesa de faltas laterais

124 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 40

Distribuição: coletes vermelhos (titulares) x coletes azuis (reservas)

Defesa de faltas laterais: Defesa de faltas laterais, cobradas do lado direito e do lado esquerdo em
lugares diferentes do campo (mais próximos ou mais distantes da área). Distribuição ofensiva: 7
jogadores dentro da área e 2 fora da área para a sobra. Distribuição defensiva: 9 jogadores na área e
1 na sobra. Um adjunto fica fazendo a função do bandeira e anula caso o gol tenha sido impedido
na sua opinião. Os gols não serão contabilizados para a próxima atividade. Goleiros revezam a cada
2 faltas.

(duração): 12 minutos sendo: 6 minutos vermelhos defendendo, 6 minutos azuis defendendo.

(objetivo principal): corrigir os erros da equipe em defesa de bolas paradas e aumentar o


aproveitamento em gols de bolas paradas

2ºExercício: 4X2 em campo reduzido - goleiros treinam à parte

Jogo de bobinho 4x2, no qual a posse de bola retorna caso os dois que defendam consigam
interceptar a bola 3 vezes, ou caso eles consigam recuperar a bola e passar para os jogadores no
outro quadrado.

(Objetivo principal): aprimorar a equipe em termos de jogo em superioridade e inferioridade


numérica e aumentar a eficiência da transição defensiva

125 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 41

(Duração: 10 minutos)

3º Exercício: 10x10 em espaço reduzido

Um jogo de 10x10 com espaço reduzido, nos corredores laterais só podem haver dois jogadores de
cada time. Não há limite de toques. Gols de cruzamento valem dois.

(Objetivo): Privilegiar as 1×1 e 2×1 nos corredores, envolvendo overlaps e a criatividade dos
jogadores

(Duração): 25 minutos sendo que, após 15 minutos, vira jogo livre sem necessitar de passar pelos
3 corredores

. ALONGAMENTO - foi passado para os atletas um alongamento de aproximadamente 15 minutos,


que contemplasse o alongamento de membros inferiores, anteriores e posteriores, assim como
adutores e abdutores. Também exercícios de Flexão/Extensão/Torção da Coluna. Exercícios
baseados nas técnicas de Pilates e Yoga.

126 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 42

SÁBADO:

“O treino visa induzir alterações positivas observáveis na performance dos jogadores e da equipe.”
21(Garganta, 2002)

Proposta do treino: Treino de ativação, com foco em finalização e bolas paradas

Número de atletas: 25

Materiais: 20 cones, 30 pratinhos, elásticos, 20 bolas, 2 gols móveis

10h - Aquecimento

Ativação Geral

Todos os jogadores lado a lado numa das partes do campo, realizam movimentos indicados pelo
treinador adjunto : correr de uma lateral à outra da grande área ( depois do meio alargam a passada
– aceleração progressiva). i) Deslocamentos laterais (para um lado e outro); ii) Skipping à frente e
atrás; iii) Pontapear à frente (uma perna e a outra); iv) Rodar para dentro (adutores), uma perna e a
outra; v) Pontapear lateralmente (uma perna e a outra); vi) Rodar para fora (abdutores), uma perna e
a outra; vii) Skipping lateral (para um lado e para o outro); viii) Aceleração de um lado ao outro.

(Duração): 4 minutos

21
Competências no ensino e treino de jovens futebolistas. (GARGANTA,2002)

127 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 43

Skipping Rápido e Sprint:

Com os jogadores divididos em 2 filas (Guarda-Redes treinam à parte), ao sinal do treinador partem
em máxima velocidade os dois primeiros de cada uma das filas, retornando depois e partindo os
seguintes e assim sucessivamente. Os jogadores começaram por fazer skipping rápido, apoiando 1
pé em cada espaço entre as 8 “barreiras pequenas” (próximas umas das outras) e em seguida
fizeram sprint à máxima velocidade em 10 metros. (Duração: 5 minutos)

1º Exercício: Defesa do escanteio

Defesa em zona do escanteio, os cobradores devem alternar as cobranças em: cobranças abertas,
cobranças curtas, cobranças fechadas e cobranças diretas para o gol. A cobrança de escanteio e a
função de marcar gols vai ficar a cargo dos jogadores de colete azul. A equipe vermelha deve
impedir a equipe azul de marcar, e a equipe vermelha pode recuperar a bola e puxar um contra-

128 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 44

ataque ou caso a bola saía, o goleiro vermelho vai ter bolas dentro do gol para poder fazer um passe
rápido para ajudar sua equipe no contra-ataque. Para os vermelhos pontuarem, um jogador deverá
passar a bola por entre as estacas. Goleiros revezam a cada 2 escanteios.

(objetivo principal): corrigir os erros da equipe em defesa de bolas paradas e aumentar o


aproveitamento em gols de bolas paradas

(duração): 17 minutos, sendo - 8,5 minutos azul atacando, 8,5 minutos vermelho atacando

2 º Exercício: Cruzamento e finalização

Jogadores são divididos em quatro filas: duas no corredor central com bola e duas nos corredores
laterais. Os primeiros das filas centrais (um deles com uma bola) passam para um dos jogadores
colocados num dos corredores laterais que de primeira realizam o cruzamento para os das filas
centrais finalizarem de primeira dentro da grande área. Em seguida os segundos das filas no
corredor central passam a bola para o outro corredor e assim sucessivamente.

(Duração): 10 minutos

(Objetivo Principal): Aprimoramento dos cruzamentos e das finalizações

129 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 45

3º Exercício: 7x7 em espaço reduzido

Torneio de 7x7 com 3 equipes em campo reduzido, os 4 goleiros revezam a cada jogo. A ideia é que
as duas equipes recebam funções diferentes, uma delas deve criar as jogadas a partir de ligação
direta ou da descida de um atacante para o meio, e a outra deve pressionar alto e tentar recuperar a
bola o mais rápido possível, e ao recuperar a bola, deve começar e finalizar um contra-ataque em no
máximo 10 segundos. O time que vencer fica, se terminar em empate saem os dois times.

(Duração): 30 minutos - 5 minutos por jogo

(Objetivo principal): aprimorar tomada de decisão, passe, finalização, lançamento, movimentação


com e sem bola, marcação

ALONGAMENTO - foi passado para os atletas um alongamento de aproximadamente 15 minutos,


que contemplasse o alongamento de membros inferiores, anteriores e posteriores, assim como
adutores e abdutores. Também exercícios de Flexão/Extensão/Torção da Coluna. Exercícios
baseados nas técnicas de Pilates e Yoga.

14h00 - Palestra sobre o “Remembrance Day”

Uma palestra de 40 minutos com o historiador inglês sobre a primeira guerra mundial seguido da
exibição de um curta sobre a 1ª guerra mundial chamado: “Glória feita de sangue” Stanley Kubrick.
A palestra é obrigatória para todas as categorias até o sub-21 e opcional para os jogadores
profissionais. O objetivo é conscientizar os jogadores a respeito do mês de homenagens a primeira
guerra. O jogo de domingo contará com uma cerimônia especial referente a 1ª guerra mundial.

130 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 46

. O JOGO: RELACIONADOS:

LIVERPOOL X CITY
RELACIONADOS

Primeiro Nome Último Nome Posição

First Last

Alisson Becker GOLEIRO

Adrian San Miguél GOLEIRO

Trent Arnold LATERAL DIREITO

Virgil Van Djik ZAGUEIRO

Dejan Lovren ZAGUEIRO

Joe Gomez ZAGUEIRO

LATERAL
Andrew Robertson
ESQUERDO

Fábio Tavarez MEIO CAMPISTA

Giorgino Wijnaldum MEIO CAMPISTA

Jordan Henderson (C) MEIO CAMPISTA

Naby Keita MEIO CAMPISTA

Adam Lallana MEIO CAMPISTA

Roberto Firmino ATACANTE

Sadio Mané ATACANTE

Mohamed Salah ATACANTE

Divock Origi ATACANTE

Alexander Chamberlain ATACANTE

131 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 47

LESÕES:
Nathaniel Clyne - Rotura no ligamento cruzado
Joel Matip - Lesão no joelho

SUSPENSOS:
Ninguém

CAPITÃES:

1º Capitão: Jordan HENDERSON


2º Capitão: James MILNER
3º Capitão: Virgil VAN DIJK

COBRADORES DE PENÂLTIS:

Cobrador oficial: Mohammed SALAH


Cobrador reserva: Fabinho

COBRANÇA DE FALTAS FRONTAIS :

Cobrador oficial: Trent Alexander Arnold


Cobrador reserva: Mohammed Salah

ESCALAÇÃO 22:

22
https://www.liverpoolfc.com/match/2019-20/first-team/liverpool-v-manchester-city-live-matchday-blog

132 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 48

ÚLTIMA FRASE DITA ANTES DE SUBIR PARA O CAMPO:

“A imprensa vive falando que o Manchester City pratica um futebol


angelical e que tem a equipe dos céus, eu concordo, agora vão lá mostrar
pra eles como é jogar no inferno!”

133 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO 49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS :

. LEITÃO, R. O JOGO DE FUTEBOL: investigação de sua estrutura, de seus modelos e da


inteligência de jogo, do ponto de vista da complexidade; Dissertação (mestrado) Faculdade
de Educação Física. Universidade Estadual de Campinas. 2009

. RIBEIRO, A. Fio de esperança-biografia de Telê Santana. Cia dos Livros, 2ºed, 2011.

. OLIVEIRA, J. Estudo comparativo das ações ofensivas finalizadas com remate, em equipas de
futebol, de diferentes níveis competitivos, 1996

. GIACOMINI, D. VENTURA, J. PEDRO, E. LOSS, O. PIVETTI, B. VILHENA, M. Tática para


treinadores. Natal, Futebol Interativo, 2019

. PERARNAU, M. Guardiola Confidencial. Espanha, Grande Área, 2015

.AMIEIRO, N. Defesa à Zona no Futebol: um pretexto para reflectir sobre o “jogar”... bem,

ganhando! Edição de Autor, 2005.

. GARGANTA, J. Modelação táctica do jogo de futebol: estudo da organização da fase


ofensiva em equipas de alto rendimento. 1997. 302 f. Tese (Doutorado em Ciências do
Desporto e de Educação Física) - Faculdade de Ciência do Desporto e de Educação Física,
Universidade do Porto, Porto.
. GARGANTA, J. Competências no ensino e treino de jovens futebolistas. Lecturas Educación
Fisica y Deportes, Buenos Aires, n. 45, 2002.

. LANÇA,R. Guardiola vs Mourinho mais do que treinadores. Lisboa, 1ª ed. Prime Books. 2016

. LEAL, M. QUINTA, R. O treino de futebol. Uma concepção para formação. Edições APPCDM.
Braga. 2001

. TOBAR, J. SAEZ, J. ANÁLISE DOS PADRÕES DE JOGO DO LIVERPOOL FC. SÃO PAULO, Universidade do
Futebol, 1 ed. 2018

. MENDONÇA, P. Sessión de Treino de Julen Lopetegui, 1º de Janeiro de 2015. 1 ed. Lisboa. 2015

134 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

ANÁLISE DE DESEMPENHO –
LIVERPOOL X MANCHESTER CITY –
COMMUNITY SHIELD 2019
RICARDO PATRÍCIO HONORATO ALMEIDA

135 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

RESUMO
O trabalho consiste na elaboração de uma análise da partida válida pela decisão da
Community Shield, entre Liverpool e Manchester City. Foram analisados os aspectos
táticos, acima de tudo, da partida, buscando compreender as ações das equipes nas fases
ofensiva e defensiva e nos momentos de transição ofensiva e defensiva, além das bolas
paradas. Valendo-se de dados obtidos a partir do InStat, foram analisados os 90 minutos
de jogo e uma análise das batidas de pênalti, considerando o lado das batidas e o lado em
que os goleiros caíram para tentar a defesa. Foi importante considerar também a
influência de fatores externos, como o estádio, o árbitro e o contexto da temporada. Com
base nisso, foram realizados relatórios breves com o intuito de auxiliar as equipes
envolvidas em buscar melhorias e entender erros e acertos.

Palavras-chave: Análise de desempenho; Liverpool; Manchester City

136 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

O trabalho consiste na realização da análise de desempenho da partida realizada


entre Liverpool e Manchester City, válida pela disputa do título da Community Shield de
2019. A análise das duas equipes é direcionada para os respectivos treinadores. O objetivo
geral é avaliar os aspectos importantes relacionados à partida e apresentar sugestões ao
final da análise. Para que isso seja feito, deve ser avaliada a organização das equipes nas
fases do jogo, bem como em seus momentos. Além disso, é de extrema importância
analisar o que cada equipe faz que é capaz de provocar uma perturbação no adversário.
Os pontos fracos e fortes das equipes, a partir disso também deve ser discutido.

A partida escolhida foi realizada no dia 4 de agosto de 2019, representando o


primeiro jogo oficial das equipes para a temporada 2019/2020. Portanto, as equipes
estavam longe de seu auge técnico e físico. Além disso, muitos atletas disputaram
competições por suas seleções e precisaram de um maior descanso. Esse foi o caso de
Agüero e Fernandinho, por exemplo. Gabriel Jesus, em tese, seria poupado, mas precisou
entrar aos 13 minutos em decorrência de uma lesão de Sané. A partida foi disputada em
campo neutro no estádio de Wembley, em Londres.

O árbitro da partida foi Martin Atkinson. Na última temporada apitou cerca de 34


jogos. Aplicou uma média de 3,2 cartões amarelos por jogo. Nos duelos entre grandes
equipes (“Big Six”), sua média de cartões chega até mesmo a diminuir para 2,8. Portanto,
não é um árbitro que gosta de controlar os grandes jogos com cartões. Além disso, em
todas essas partidas, concedeu apenas 1 pênalti.

As últimas partidas entre as duas equipes foram bastante disputadas, com uma
rivalidade crescente em virtude da grande competitividade apresentada entre as duas
equipes, que precisaram apresentar uma margem mínima para erros na última temporada
para manter-se vivas na disputa pelo título da liga. Com o tempo, os treinadores foram
fazendo ajustes específicos para este duelo em específico. O Manchester City, por
exemplo, que gosta bastante de manter a posse de bola, cada vez mais passou a abrir mão
dela, nesta partida, apenas durante 49% do tempo a bola se manteve com a equipe de
Guardiola. Assim, o trabalho deve servir como um relatório a ser encaminhado para os
treinadores, sendo, portanto, base para que eles possam realizar alterações em futuros
confrontos, que certamente serão de grande importância para ambos, e na sequência da
temporada.
137 ANAIS DO CONGRESSO – CFC
TELA CHEIA SUMÁRIO

DESENVOLVIMENTO DA ANÁLISE
Já no primeiro minuto de jogo, a equipe do Liverpool procura atacar de maneira
direta, com bolas longas. Quando a bola rola, os ataques já correm para tomar suas
posições, enquanto a bola é recuada para Virgil Van Dijk tentar o lançamento.

Depois desse momento, fica bastante evidente o estilo de marcação da equipe,


com linhas bastante definidas e espaço efetivo muito reduzido. A equipe se defende com
uma defesa à zona, que se caracteriza por marcar o espaço mais valioso. Para a equipe do
Liverpool, esse espaço é o centro do campo. Assim, ao adversário resta apenas procurar
o lado do campo, e é nesse momento em que três jogadores passam a pressionar o portador
da bola, que também se vê encurralado pela linha lateral do campo.

Além disso, a equipe costuma pressionar muito forte os zagueiros com a bola e
ainda mais fortemente o goleiro, como foi o caso já nos primeiros segundos da partida,
com o avanço da linha de atacantes para pressionar diretamente o goleiro e os zagueiros,
fechando sua linha de passe e impedindo a construção da jogada. Essa pressão alta
também foi capaz de garantir algumas jogadas de perigo em contra-ataque, como em
algumas finalizações perigosas de Salah. O Liverpool de Klopp também procura
recuperar a bola assim que a perde, com o intuito de dar continuidade à jogada e evitar o
contra-ataque. Assim, dois ou três jogadores costumam fazer uma pressão pós-perda
muito intensa.

138 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

No ataque, os Reds lançaram mão de muitos lançamentos, principalmente aqueles


vindos dos zagueiros. A maioria deles acabou direcionada para Salah, que encontrou
muitas oportunidades de finalização no jogo, com 10 arremates, mais do que todo o time
do City, acertando 4 no alvo, além de chutes na trave e tirados em cima da linha. A equipe
de Manchester pressionava a defesa do Liverpool, enquanto eles procuravam opções para
ataques diretos e rápidos. Por conta disso, os zagueiros trocavam muitos passes,
especialmente pelo posicionamento avançado dos laterais. Van Dijk e Gomez foram os
que mais trocaram passes no jogo, com 77 e 83 passes, respectivamente. Na imagem
abaixo é possível visualizar a amplitude dada pelos laterais, bem como a profundidade do
ataque do Liverpool. Salah, Firmino e Origi estão sempre incomodando os defesores
adversários. A jogada resultou em mais um lançamento de Van Dijk para Salah.

Outro ponto importante do movimento ofensivo do Liverpool se dá na etapa de


criação. Uma das orientações é para a presença dos meias na área para a finalização. Isso
fica mais evidente na partida após a entrada de um meia mais incisivo que aproveitou os
espaços dados pela marcação cansada do City. Após uma roubada de bola na defesa, a
equipe de Liverpool chegou ao ataque em poucos passes e pode aproveitar o espaço
deixado. É possível ver a presença de Lallana na área, atraindo marcação, e o espaço que
permite a chegada e a finalização de Keita.

A equipe do Manchester City também inicia bate o centro buscando que seus
jogadores de ataque ocupem rapidamente o campo ofensivo, mas possuem preferência
pelo ataque posicional.

139 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

A organização defensiva do City passa muito pela pressão que o time busca
exercer no adversário. Porém, nessa partida, o time precisou ser um pouco mais paciente,
com o Liverpool trocando mais passes e mantendo mais a bola. A equipe azul pressionava
os zagueiros com o avanço de um dos meias. No primeiro tempo foi David Silva e no
segundo, após sua saída, foi a vez de De Bruyne. Importante observar que apenas um dos
jogadores mais avançados pressiona o portador da bola, o resto dos jogadores fecha a
linha de passe. Dessa forma, a equipe chega a atuar em um 4-2-4 defensivamente. O tipo
de marcação também é defesa à zona, com o time procurando guardar o meio e tendo as
laterais como zona de recuperação.

O objetivo do City é pressionar a construção do jogo e impedir que o Liverpool


chegue à sua baliza. Outro ponto importante para essa mentalidade está na forte pressão,
especialmente a pós-perda. As duas equipes possuem esse sub-sub-princípio de recuperar
rapidamente a posse. Isso gerou até mesmo certos momentos de briga intensa pela bola,
com grande alternância na posse.

Para o Manchester City, é muito importante que as jogadas sejam bem construídas
e partindo dessa mentalidade, o goleiro sempre deve procurar um jogador para realizar a
primeira fase de construção, sem apenas despachar a bola para frente. Sendo a primeira
partida oficial com as novas regras da FIFA, o goleiro agora pode tocar para alguém
dentro da área no tiro de meta, o que gerou uma nova configuração para superioridade
numérica na saída de jogo. A pressão do Liverpool, porém, era muito forte e exigiu alguns
lançamentos um pouco mais longos que o usual da equipe.

140 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


TELA CHEIA SUMÁRIO

Na segunda fase de construção, a bola tende a passar bastante pelo primeiro


volante, que assume um papel de regista. Rodri foi justamente o segundo jogador que
mais trocou passes. Além disso, o goleiro Bravo procurou bastante Zinchenko para dar
prosseguimento às jogadas, o que garantiu que este fosse o jogador com mais passes por
parte do City. É importante observar que os laterais eram importantes para a construção
das jogadas, pois os meias e atacantes do City estavam dando bastante profundidade,
mantendo-se próximos à linha de defesa adversária. Isso permitia uma infiltração de De
Bruyne e David Silva, que ocorria principalmente pela ação dos pontas com a bola.
Bernardo Silva e Sterling conduziam a bola, atraindo a marcação dos laterais e abrindo a
defesa para a entrada dos meias, que recebiam o passe em profundidade.

Mesmo possuindo uma filosofia que prefere o ataque posicional, o City chegou
algumas vezes com perigo em ataques rápidos. Em um deles, Walker fez grande jogada,
quebrando as linhas e entregando excelente passe para Sterling, que deperdiçou a chance.
Em outra jogada, a bola saiu do goleiro e os meias do time tiveram uma grande capacidade
de superar a pressão do marcador. David Silva recebeu com um grande espaço entre a
defesa e a linha de meio-campo do Liverpool. Com liberdade, passou para Sterling, que
mandou na trave.

Mesmo com as duas equipes criando oportunidades, os gols resultaram de lances


de bola parada, o que demonstra a importância desse momento do jogo atualmente. O
City inaugurou o marcador após jogada ensaiada que desestabilizou a linha defensiva em
zona dos Reds. Jogador tal recebeu na lateral da área e encontrou vários companheiros
sozinhos na área, com essa liberdade, Sterling marcou o gol.

141 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


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No gol do Liverpool, uma falta frontal foi cobrada e o rebote sobrou para Van Dijk. Nesse
momento, a marcação adversária foi desestabilizada e o zagueiro mandou para Matip,
sozinho, empatar a partida.

Nos escanteios, as equipes adotaram estratégias semelhantes de marcação mista, com


diferença apenas no número de jogadores realizando as funções individuais e zonais.
Ofensivamente, a equipe do Liverpool aglomera seus jogadores para que eles se espalhem
quando a bola sair para ocupar posições pré-determinadas na área, tentando enganar o
adversário. Isso resultou em uma bola na trave de Van Dijk. O City posiciona alguns
jogadores na pequena área, para chamar marcação e alguns jogadores mais distantes, para
pegar um impulso para cabeçada.

Bola parada ofensiva L’pool

Bola parada ofensiva


City e defensiva L’pool

Bola parada
defensiva City

Pênaltis Liverpool Pênaltis City

Mov. Bravo Mov. Alisson

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ENTREGA DA ANÁLISE

LIVERPOOL FC: Pontos Fortes:

Atacantes velozes em profundidade levando perigo, especialmente Salah


Linhas defensivas sólidas
Capacidade de pressão

Pontos Fracos:

Pressão forte acabou abrindo espaços nas linhas de marcação


Desatenção na marcação gerou problemas

Apesar do resultado negativo, a equipe apresentou um bom futebol, com muitas


oportunidades de marcar. Foram cerca de 10 chances claras de gol. Por outro lado,
concedeu ao adversário apenas 5 chances.

Das 10 chances criadas, pelo menos 5 decorreram de roubada de bola após pressão
e/ou jogadas rápidas, que avançavam linhas. Essa velocidade do time foi algo importante
na partida para aproveitar os espaços dados pelo adversário com maior eficiência, sendo
capaz de gerar perturbação na defesa. A equipe de Manchester não defende de uma
maneira muito compacta, o que permitiu avanços rápidos.

É importante notar a força defensiva dos jogadores. Mantiveram forte pressão,


especialmente no goleiro, e impediram muitos dos avanços. O time bastante compactado,
com linhas bem definidas, representou dificuldades para o adversário, que também
procurou muitas vezes lançamentos longos. Todavia, a necessidade de pressionar podia
deixar espaços para uma equipe da qualidade do Manchester City aproveitar. A força dos
zagueiros foi essencial em muitos momentos para evitar o pior.

Defensivamente, houve uma certa falta de atenção na linha de impedimento, que


permitiu que Sterling, marcasse. O problema maior no lance foi a proporção de 4
adversários para 1 defensor, praticamente eliminando qualquer chance de reação. No
ataque, as bolas paradas ofensivas se mostraram eficientes, gerando pelo menos 3 boas
oportunidades, entre elas o gol.

Destaques: Van Dijk: Realizou interceptações cruciais, além de contribuir na fase


ofensiva com lançamentos e uma assistência.

Salah: Jogador bastante agudo pela direita, levou perigo com dribles e muitos chutes (10).
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MANCHESTER CITY FC

Pontos Fortes:

Equipe com muita profundidade


Amplitude dada pelos pontas

Pontos Fracos:

Pressão no 4-2-4 fragiliza o meio-campo momentaneamente


Bloco alto expõe a equipe a jogadas rápidas em profunidade

O resultado final coroou uma boa atuação da equipe, que se mostrou bastante segura.
Isso foi possível por conta da pressão nos zagueiros adversários, que impediu uma maior
ação dos zagueiros na construçao do jogo, por outro lado, a equipe do Manchester City
concedeu muitas oportunidades, em parte por conta do espaço deixado no meio, uma vez
que a pressão foi feita em um 4-2-4. Esse sistema também ficou em parte vulnerável em
decorrência do cansaço de início de temporada dos jogadores, em especial de David Silva,
que foi substituído para dar lugar a Gundogan.

Uma das jogadas de perigo do City ocorreu em decorrência da pressão exercida na


defesa adversária, com uma roubada de Sterling para finalização de David Silva. Boa
parte das chances de perigo criadas, porém, fugiram das características da equipe, sendo
geradas por meio de lances de ataque rápido, aproveitando o espaço deixado pelo
Liverpool.

Nas bolas paradas, a defesa sofreu um pouco para parar o Liverpool, em parte pela
força ofensiva de Van Dijk, que mandou uma bola na trave e deu uma assistência.
Ofensivamente foram poucas as oportunidades, mas uma delas gerou o gol em uma
jogada ensaiada que se provou exitosa, aproveitando desatenção da linha de impedimento
adversária.

Destaques: Bravo: Muito eficiente no jogo com os pés, foi capaz de encontrar os
companheiros livres mesmo sob pressão. Além disso, defendeu muitas oportunidades
claras do Liverpool.

Walker: Importante na construção do ataque e sólido da defesa. Tirou uma bola em cima
da linha no último minuto, para coroar a atuação.

144 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho foi desenvolvimento plenamente, pois todas as informações necessárias foram
disponibilizadas. O conhecimento adquirido durante o curso foi essencial para a
realização do projeto e o objetivo de compreender dos aspectos da partidas foi atingido
de maneira totalmente satisfatória. Dessa forma, a conclusão não apenas do trabalho, mas
do curso, pode ser considerada um sucesso e de grande valor para a formação profissional.

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ANÁLISE QUALITATIVA E
QUANTITATIVA: CONFRONTO
PARIS SAINT GERMAIN X MANCHESTER UNITED

VITOR HUGO LIMA MENDES DOS ANJOS

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RESUMO
O presente trabalho relata dados informativos sobre a análise futebolística feita pelo professor
Vitor Hugo dos Anjos, referente a partida realizada no dia 06 de março de 2019, válida pelo segundo
jogo da fase de oitavas de finas da Liga dos Campeões. O confronto analisado foi entre Paris Saint
Germain (PSG) e Manchester United (M.U), jogo realizado na cidade de Paris no estádio do PSG,
Parque dos Príncipes. O primeiro confronto foi realizado em Manchester, no estádio Old Trafford,
casa do Manchester United, partida que teve o placar final de 2 a 0 para o PSG. Assim no segundo
confronto, o Manchester United teria que reverter o placar do primeiro jogo.
Dessa forma, ao longo do artigo serão apresentadas através de relatórios as análises com os
pontos positivos e negativos de cada equipe e o que os mesmos ofereceram a equipe adversária, desde
de a parte técnica, visando os recursos que cada jogador em destaque na partida utilizaram para
ludibriar os seus adversários, até a parte tática, mostrando o que os treinadores usaram com seus
conhecimentos e estratégias para alcançarem seus objetivos nesse duelo equilibrado.

Palavras-Chaves: Paris Saint Germain, Manchester United, confronto, análise e técnica/tática.

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2. INTRODUÇÃO
Os confrontos realizados pela Liga dos Campeões, sempre são partidas muito disputadas e
equilibradas, principalmente pelo grande nível técnico dos times que fazem parte desse campeonato.
Dessa forma, um confronto que merece ser analisado é a partida realizada no dia 06 de março de
2019, pelas oitavas de final da liga, envolvendo os clubes Paris Saint Germain e Manchester United.
A partida foi selecionada para análise, por conta da grande gama de informações e dados a serem
estudados e através disso serem compartilhadas com as devidas comissões técnicas.
Outro ponto importante que levou a escolha do jogo entre Paris Saint Germain e Manchester
United foi a curiosidade em analisar as reações das devidas equipes perante ao resultado do primeiro
jogo, vencido pela equipe da cidade de Paris pelo placar de 2 a 0 em pleno Old Trafford, casa do
Manchester United. Com isso o time da Inglaterra só conseguiria a classificação com os seguintes
resultados: vencer a partida pelo mesmo placar do primeiro duelo, para poder levar o jogo para a
prorrogação ou vencer por dois gols de diferença e assim se classificar com o gol qualificado, que dá
vantagem ao time que marca mais gols que o adversário fora de casa.
Como todos os jogos e confrontos dessa fase final são equilibrados e muito disputados, este
jogo tem pontos ainda mais relevantes para serem analisados: o fato do segundo jogo ser realizado
no Parque dos Príncipes, com mando do PSG, onde o Manchester teria maiores dificuldades para
reverter a derrota sofrida em casa, e também por conta da equipe inglesa estar jogando sem 9
jogadores considerados titulares, tendo assim mais uma dificuldade e ser enfrentada pela equipe dos
“Reds Devils”.
Com base nas teorias acima, os treinadores criaram modelos de jogo a serem seguidos por
seus comandados, e dessa forma, o objetivo do presente estudo foi descrever, analisar e discutir tais
modelos, disponíveis ao longo do artigo.

148 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


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3. DESENVOLVIMENTO DA ANÁLISE
3.1 Desenvolvimento da Análise – Manchester United.
Com todo o panorama futebolístico ocorrido no primeiro jogo das oitavas de final, o técnico
Solskjaer teve que adotar um estilo de jogo diferente ao escolhido no primeiro confronto. Para essa
segunda disputa, o norueguês utilizou um modelo de jogo com transições ofensivas rápidas e com
passes mais verticais. Assim ele adotou a formação tática inicial no 1-4-4-2 (imagem 1) com duas
linhas bem compactas, para dessa forma diminuir os espaços de ataque do PSG.

Imagem 1: Formação 1-4-4-2.


Com essa ideia e estilo de jogo, o Manchester United marcava em bloco baixo, porém
utilizando muito da pressão na bola e saída em bloco. Com essa pressão o United conseguiu fazer
com que o PSG cometesse erros nos passe, erro que o jogador Thilo Kehrer cometeu com 2 minutos
de jogo (imagem 2), ao tentar recuar uma bola ao seu goleiro Buffon tentado sair de uma pressão dos
“Reds”. Assim a bola foi mal recuada e o atacante belga Romelu Lukaku conseguiu recuperá-la e sair
mano a mano com o goleiro italiano (imagem 3). A jogada originou o primeiro gol do Manchester
United que corria atrás do placar para poder se classificar.
O gol foi fundamental na proposta pensada pelo técnico do United, pois para reverter o placar
de 2x0 contra, necessitaria de tempo, nada melhor do que fazer um gol logo no início do jogo.

Imagem 2: Erro técnico Kehrer. Imagem 3: Um contra um.

149 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


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Outro momento crucial na proposta de jogo pensada, foi quando aos 12 minutos do primeiro
tempo o PSG conseguiu o gol após falha na linha defensiva (imagem 4), momento que foi deixado
um espaço entre o lateral esquerdo e o zagueiro facilitando o ataque do Paris, que conseguiu achar
uma bola enfiada para o Mbappé e o mesmo cruzar para Juan Bernat empurrar para as redes. Outra
falha que o time inglês teve nessa jogada, foi quando o lateral direito Bailly não acompanhou o
número 14 do PSG, deixando o livre para poder marcar o gol (imagem 5).

Imagem 4: Falha nos espaços na linha defensiva Imagem 5: Desatenção defensiva M.U.
Com a partida em vantagem para o time parisiense, o Manchester United mesmo assim
manteve a proposta de jogo estabelecida, que consistia em deixar o time do PSG jogar para recuperar
a bola e com isso aplicar as transições ofensivas rápidas. Mesmo atrás no placar no agregado, os
ingleses conseguiram aos 30 minutos de jogo a virada na partida com Lukaku após uma finalização
de Rashford com o goleiro Buffon falhando e dando rebote, esse que Romelu Lukaku aproveitou com
ótimo posicionamento (imagem 6) e acreditando que o italiano poderia falhar.

Imagem 6: Rebote Lukaku.


É natural que numa partida com essa grandeza o jogo seja equilibrado e muito disputado como
foi o primeiro tempo, pois mesmo perdendo de 2x1, o Paris Saint Germain estaria se classificando no
agregado com o placar de 3x2.
O segundo tempo manteve a mesma intensidade de jogo, com o PSG propondo o seu modelo
e o Manchester United se defendendo. Mas aos 89 minutos de jogo após uma boa troca de passes
6

150 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


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entre o time do Manchester, o atacante Diogo Dalot, conseguiu finalizar a jogada com um chute ao
gol que desviou no jogador do PSG posicionado dentro da sua área defensiva, originando assim um
escanteio ao time do United. Porém após um revisão no V.A.R foi constatado pelo árbitro da partida
que a bola bateu no braço do jogador do PSG, caracterizando a penalidade máxima. Assim, o
Manchester teve a oportunidade de conseguir a classificação caso convertesse o pênalti. A
responsabilidade ficou para o jovem jogador Marcus Rashford que sem titubear marcou o gol, com
uma bela cobrança de pênalti.
Com isso, Solskjaer conseguiu colocar em pratica a ideia e modelo de jogo pensados,
aproveitando desses momentos positivos demonstrando que seus jogadores emplacaram as dicas e
conselhos que o norueguês passou durante a semana de treinamentos.

Pontos positivos no modelo de jogo: Obediência e aproveitamento dos momentos de erro do


adversário.
Pontos negativo no modelo de jogo: Desatenção em alguns momentos da marcação.

3.2 Desenvolvimento da Análise – Paris Saint Germain.

Ao contrário do modelo de jogo imposto pelo técnico do United e seus atletas, Thomas Tuchel
técnico do PSG, escolheu um modelo de jogo que os jogadores propusessem a ofensividade e a rápida
troca de passe, já que o time estaria com a vantagem do primeiro jogo, utilizando a formação tática
inicial no 1-3-4-3 (imagem 7). Assim o técnico adaptou o modelo utilizado no primeiro jogo e colocou
seus comandados para marcar pressão alta na saída de bola do Manchester, evitando que o United
atacasse.
Como Thomas tem jogadores rápidos pelos lados do campo, se utilizou muito da amplitude e
profundidade ofensiva, abusando dos cruzamentos. Já nos momentos defensivos Tuchel utilizou da
marcação alta e na pressão após a perda da bola, independentemente da zona do campo.

Imagem 7: Formação tática 1-3-4-3.

151 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


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Com essa ideologia pensada para o segundo jogo com troca de passes e movimentações, os
jogadores teriam que ter o mínimo de erros possíveis, pois qualquer erro poderia ser crucial na partida,
como o que aconteceu após o jogador Thilo Kehrer recuar a bola para o goleiro de cabeça baixa e não
colocar a força certa para a bola chegar limpa e clara ao Buffon. Com esse erro o PSG mudou o
panorama da partida. Porém aos 12 minutos com a insistência do jogo verticalizado com amplitude,
o PSG através de muitos passes e movimentações conseguiu abrir o time de Manchester, com um
passe infiltrado (imagem 8) para o Mbappé que foi ao fundo e concluiu a jogada com um cruzamento
para Juan Bernat que com oportunismo finalizou a grande jogada empurrando a bola para o fundo das
redes (imagem 9) e aliviando os torcedores que estavam assistindo ao espetáculo.

Imagem 8: Passe infiltrado. Imagem 9: Posicionamento Bernat.


Portanto, o ambiente voltava a ser favorável ao time de Tuchel, que com uma proposta
ofensiva não poderia vir a falhar novamente. Porém outro erro técnico aconteceu e ocasionou o gol
do Manchester United. Desta vez quem veio a falhar foi o mais experiente e líder do time, Buffon,
com um gesto técnico errado permitindo o rebote para o meio da área, assim dando a oportunidade
de Lukaku fazer o segundo gol da partida. Neste lance a defesa do Paris estava em balanço defensivo
(imagem 10) até que Rashford recebeu a bola livre, sem nenhum outro jogador do outro time chegar
para fazer a marcação, assim com esse espaço livre o atacante inglês finalizou a jogada com um chute,
que ocasionou a falha de Buffon (imagem 11).

Imagem 10: Balanço defensivo PSG. Imagem 11: Falha Buffon.


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152 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


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Com o placar de 2x1, o PSG ainda se classificaria para as quartas de final, mesmo assim o
técnico Thomas Tuchel manteve sua proposta de jogo perante a forte defesa do Manchester porém
com muitas finalizações e cruzamentos ineficientes. Os comandados de Tuchel não foram eficientes
a ponto de fazer segundo gol válido, pois a arbitragem anulou o suposto segundo gol do PSG, com
Di Maria impedido ao empurrar a bola para a rede. Portanto, o PSG continuou operando o que o
treinador mandava, com um estilo de jogo verticalizado e ofensivo, deixando assim o time de
Manchester completamente envolvido.
A partida foi desenrolando com a pressão do PSG e com o Manchester se defendendo, mas
desta vez quem fez a jogada de troca de passes e movimentações foi o United, com uma jogada
iniciada no campo de defesa. Os jogadores do time inglês envolveram o PSG na movimentação rápida
e vertical, dificultando a transição defensiva e marcação dos parisienses até o momento que Dalot,
atacante português do time de Manchester, finalizou a jogada com um chute ao gol. A finalização
desviou no jogador de Paris que utilizou o braço e como ele estava dentro da área foi marcado a
penalidade. Com a partida no final, o PSG não poderia sofrer esse gol, pois assim o time seria
desclassificado com o gol qualificado, já que com a marcação o placar estaria em 3x3 no agregado.
E aconteceu o que a maioria do estádio não queria, gol do Manchester United já nos acréscimos do
segundo tempo, classificando o Manchester para as quartas de final da Champions League.

Pontos Positivos no modelo de Jogo: Troca de Passes; Movimentações envolvendo a


marcação e criatividade na variação das jogadas.
Pontos Negativos no modelo de jogo: Erros técnicos em momentos cruciais e ineficiência para
finalizar as jogadas.

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4. ENTREGA DA ANÁLISE

Resultado das últimas cinco partidas

Paris Saint Germain Manchester United

Ligue 1 – Caen 1 x 2 PSG – Vitória Premier League – Manchester United 3 x 2


02/03/2019 Southampton – Vitória
02/03/2019
Coupe de France – PSG 3 x 0 Dijon – Vitória Premier League – Crystal Palace 1 x 3
26/02/2019 Manchester United – Vitória
27/02/2019
Ligue 1 – PSG 3 x 0 Nimes Olympique – Premier League – Manchester United 0 x 0
Vitória Liverpool – Empate
23/02/2019 24/02/2019
Ligue 1 – PSG 5 x 1 Montpellier – Vitória F.A Cup – Chelsea 0 x 2 Manchester United
20/02/2019 – Vitória
18/02/2019
Ligue 1 – ST. Etienne 0 x 1 PSG – Vitória Champions League – Manchester United 0 x
17/02/2019 2 PSG – Derrota
12/02/2019

Análise Quantitativa

06.03.2019 – França – UEFA Champions League


Paris Saint Germain 1 x 3 Manchester United

Pontos relevantes dos dados da partida:


Jogo proposto pelo Paris Saint
Germain;
Pressão ofensiva do Paris Saint
Germain;
Paris Saint Germain com mais
finalizações, porém com pouca eficácia;
Manchester United aproveitando as
poucas oportunidades que teve;
Jogo com poucos momentos de bola
parada relevantes.

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154 ANAIS DO CONGRESSO – CFC


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Análise Qualitativa

Paris Saint Germain Manchester United


- Formação Tática: 1-3-4-3. - Formação Tática: 1-4-4-2

- Modelo de Jogo Ofensivo: Propor o Jogo, - Modelo de Jogo Ofensivo: Deixar o


com troca de passes e manter a posse da adversário propor o jogo, utilizar das
bola, utilizando profundidade e amplitude. transições ofensivas com passes rápidos.

- Modelo de Jogo Defensivo: Marcação em - Modelo de Jogo Defensivo: Marcação em


bloco alto, marcando pressão na saída de bloco baixo, com os 10 jogadores atrás da
bola do adversário e recuperar a bola logo linha da bola e assim que a bola entra no
após perder a bola. zona do campo defensivo marcar com
superioridade.
- Bola Parada Ofensiva(Escanteio): 6 - Bola Parada Ofensiva(Escanteio): Não
jogadores na área, dobra com o cobrador, 1 teve.
no rebote próximo da área e 1 jogador
marcando. - Bola Parada Defensiva (Escanteio):
Defesa mista, com 2 jogadores marcando
- Bola Parada Defensiva (Escanteio): Não por zona e 6 marcando homem-a-homem.
Teve.
- Jogador em Destaque: Romelu Lukaku,
- Jogador em Destaque: Kylian Mbappé, com dois gols e taticamente bem
assistência para o gol do PSG, com muita posicionado, causando desequilíbrio na
velocidade e improviso para estar causando equipe do PSG.
desequilíbrio na equipe adversária
Os dois times mantiveram ao longo do jogo a proposta na formação tática e também
no modelo de jogo, aonde durante a partida as equipes insistiram na suas propostas
mesmo com a alteração no placar e assim na alteração do agregado, placar esse que
definiria quem estaria se classificando ou não.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento da presente análise possibilitou a informação de como as ideias, modelos


e propostas de jogo criada por seus treinadores, foram eficientes dentro da partida realizada. Além
disso podemos analisar o quanto são importantes as estratégias para que cada equipe consiga chegar
ao seu objetivo final no duelo, porém com a ressalva de que nem sempre teremos os nossos objetivos
alcançados como por exemplo o PSG que aplicou seu modelo, porém não conseguiu se classificar
para as quartas de final da Champions League.
Mesmo com a duas propostas de jogo sendo aplicadas, é importante lembrar que por mais que
exista um modelo de jogo, a concentração e execução tática dos jogadores são de extrema importância
para o mesmo ser aplicado com eficiência, pois qualquer erro ou descuido por parte de um jogador, o
modelo trabalhado pode vir a ser destruído. Os grandes exemplos foram os dois erros técnicos, pelo
jogador Kehrer e Buffon, pelo lado do PSG, que ocasionaram dois gols do time inglês e também pela
falta de concentração do jogador Bailly do United no lance de gol sofrido pelo time de Manchester e
com isso os ingleses tiveram correr e se desgastar o dobro para conseguir alcançar o seu objetivo
principal, a classificação.
Após um jogo muito disputado e brigado, o resultado final foi a desclassificação do PSG que
cometeu erros que vieram a ser fundamentais para o desenrolar da partida e que estava com a
vantagem de até perder o jogo por um gol de diferença. Consequentemente com a desclassificação
do time da França, a classificação foi conquistada nos últimos minutos de partida pelo lado do time
inglês, Manchester United, que insistiu na proposta de jogo desde o começo do jogo e com poucos
erros durante o duelo.
As fotos com demarcações explicativas conseguiram mostrar os pontos mais relevantes
perante a proposta que cada time teria durante o jogo, pois dentro de uma mesma partida, as equipes
teriam objetivos e metas opostas para serem atingidas.
Assim, fica evidente nessa análise a importância de seguir um modelo e proposta de jogo, com
muita aplicação e intensidade tática, para poder chegar aos objetivos traçados pelos treinadores, na
semana de treinamento antes da partida.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. InStat Scout. Disponível em: <instatscout.com>. Acesso em: 10 de abril de 2019.

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ED U C A Ç Ã O para

um F U T E B O L
ainda melhor!

CAPA

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