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Educação Patrimonial TV Escola PDF
Educação Patrimonial TV Escola PDF
Educação
Patrimonial A série Educação Patrimonial vem complementar as
diversas séries anteriores veiculadas pelo programa
Salto para o Futuro/TV Escola, que abordaram com
MARIA DE
LOURDES muita riqueza temas correlatos, como as manifestações
PARREIRAS
HORTA 1 da cultura popular e o sentido ampliado do que
chamamos de “Patrimônio Cultural”2. As diversas
experiências pedagógicas demonstradas e discutidas
nessas séries, nas quais o trabalho de campo é visto
“A valorização do patrimônio
cultural brasileiro depende,
como o ponto de partida e/ou de chegada para a
necessariamente, de seu co- pesquisa e o aprendizado em sala de aula, vêm
nhecimento. E sua preserva- convergir para um aprofundamento do tema que será
ção, do orgulho que possuí-
mos de nossa própria iden-
apresentado nessa nova série. A Educação Patrimonial
tidade.” será enfocada como uma área de trabalho e de pesquisa
Luiz Antonio Bolcato
Custódio
educacional, que pode ampliar e enriquecer o processo
de ensino e aprendizagem, extrapolando os muros da
escola e também dos museus, bibliotecas e arquivos,
num processo de descoberta em que alunos,
professores, pais, avós e toda uma comunidade podem
estar envolvidos.
PROPOSTA PEDAGÓGICA 2
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PROPOSTA PEDAGÓGICA
ção ativa da “linguagem das coisas”, uma linguagem que usamos desde que nascemos, sem
nos darmos conta de que muitas vezes ela é mais rica e ampla que a linguagem das palavras.
Como descrever, por exemplo, o que é um “pôr-do-sol”?
Através de um trabalho consistente e sistemático com a Educação Patrimonial, numa
proposta transdisciplinar, vamos descobrir porque, para darmos um “salto para o futuro”, é
preciso aprender a dar um “salto para o passado”, ativando e enriquecendo os processos da
memória e compreendendo a dinâmica cultural como um movimento contínuo de mudança,
transformação e permanência. Um processo que explica, em seu verdadeiro sentido, o que
significa o “desenvolvimento” humano, econômico e social, tão discutido hoje em todas as
esferas.
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 3
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PROPOSTA PEDAGÓGICA
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 4
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PGM 1
O QUE É
EDUCAÇÃO A proposta de uma metodologia para o desenvolvimento
PATRIMONIAL
de ações educacionais voltadas para o uso e a
MARIA DE apropriação dos bens culturais que compõem o nosso
LOURDES
PARREIRAS “patrimônio cultural” foi introduzida no Brasil, em termos
HORTA 1 conceituais e práticos, por ocasião do 1o. Seminário
sobre o “Uso Educacional de Museus e Monumentos”,
realizado em julho de 1983, no Museu Imperial, em
Petrópolis, RJ. A partir dessa proposta inicial, inúmeras
experiências e atividades vêm sendo realizadas, em
diferentes contextos e locais do país, que vieram
demonstrar resultados surpreendentes na recuperação
da memória coletiva, no resgate da auto-estima de
comunidades em processo de desestruturação, no
desenvolvimento local e no encontro de soluções
inovadoras de preservação do patrimônio cultural, em
áreas sob o impacto de mudanças e transformações
radicais em seu meio ambiente.
seus elementos materiais, formais e funcionais para chegar a conclusões que sustentam suas
teorias. O aprendizado desse método investigatório é uma das primeiras capacitações que
se pode estimular nos alunos, no processo educacional., desenvolvendo suas habilidades de
observação, de análise crítica
observação crítica, de comparação e dedução
dedução, de formulação de hipóteses e de
solução de problemas colocados pelos fatos e fenômenos observados.
rando uma prática religiosa e uma manifestação popular, sendo assim, da mesma forma, um
elemento significativo da cultura brasileira. O Carnaval de Olinda, as vaquejadas do Pantanal,
as técnicas tradicionais da pesca no litoral de Santa Catarina, o trabalho das rendeiras nor-
destinas, as panelas fabricadas pelas mulheres do Vale do Jequitinhonha, a maneira de plan-
tar, fiar e tecer o linho que ainda sobrevive no interior do Rio Grande do Sul, as rodas de
samba cariocas, as festas do Divino em Parati, são exemplos da cultura viva que pode ser
trabalhada e conhecida por meio da Educação Patrimonial.
Antes de iniciar o trabalho com qualquer dos temas do Patrimônio Cultural, procure estu-
dar e conhecer o tema a ser tratado. Você pode conversar com os técnicos do Museu local, do
Instituto do Patrimônio, com membros da comunidade, ir a bibliotecas e arquivos para ampliar
seu enfoque e conhecer os recursos a serem explorados. Defina seus objetivos educacionais
pretendidos. Decida que habilidades
e os resultados pretendidos habilidades, conceitos e conhecimentos você quer
que seus alunos adquiram e de que modo o trabalho se insere no seu currículo
currículo. Verifique que
outras disciplinas poderiam estar envolvidas na exploração do tema, e converse com outros
professores dessas matérias. Converse com a coordenação pedagógica de sua escola para
discutir como o trabalho será avaliado, e como poderá ser mostrado na escola, de modo a ser
aproveitado pelos demais alunos.
Como será a preparação do trabalho de campo e o desenvolvimento posterior em sala de
aula? A maioria das crianças vai sentir que aproveitou mais a experiência se tiver um produto
final tangível. Uma sessão de diapositivos, um vídeo, uma dramatização ou uma pequena expo-
sição das fotos, textos e trabalhos feitos podem documentar todo o processo, e possibilitar a
discussão pedagógica entre os professores e coordenação.
Uma apresentação ou entrevista com outras pessoas, como colegas de escola, professo-
res, pais, avós, moradores da vizinhança podem ser recursos para multiplicar e reforçar o
trabalho realizado, promovendo a integração das crianças com a comunidade escolar, fami-
liar e da vizinhança.
PGM 2
O OBJETO
CULTURAL – O OBJETO CULTURAL COMO FONTE PRIMÁRIA DE
UMA
DESCOBERTA
CONHECIMENTO
oferecer uma grande margem de exploração de significados. Mas se pensarmos em como era
a vida das pessoas antes da invenção do botão, podemos descobrir fatos interessantes... Até
a Idade Média, na Europa, as roupas, em especial os casacos e coletes, eram amarradas com
laços e cadarços, de tecido ou de couro. Após o surgimento do botão, fechando o vestuário, as
pessoas passaram a ter uma melhor proteção contra o frio e o vento, em suas atividades
diárias. Isto veio contribuir para a diminuição das doenças contraídas pela exposição a esses
fatores atmosféricos, inclusive à umidade, em uma época em que a medicina ainda estava
engatinhando, e em que não se conheciam os antibióticos e outros medicamentos para com-
bater a gripe, a pneumonia, a bronquite. A invenção do botão veio assim aumentar a expecta-
tiva de vida dos indivíduos, influenciando também a moda, e gerando uma sucessão de outros
recursos para o fechamento das roupas, em tempos posteriores, como os zíperes, os botões
de pressão em metal, e mais recentemente as fitas “velcro”. A popularização do uso do botão
levou à criação de usos correlatos para este pequeno objeto, que passa a ostentar monogramas,
indicativos da profissão do usuário (como nos uniformes do período imperial, no Brasil, que
ostentam a sigla PI ou PII, em referência aos dois Imperadores), a ser símbolo de prestígio
social, como as abotoaduras de ouro ou madrepérola usadas nos punhos das camisas, ou
ainda o uso na propaganda, com os conhecidos “buttons”/ botões com siglas partidárias, de
campanhas sociais, de eventos ou clubes. Podemos ainda lembrar do “futebol de botão”, tão
popular entre adultos e crianças.
Você pode dar às crianças uma folha como essa para ajudá-las no exer-
cício de analisar um objeto, sem limitar sua própria capacidade de propor
perguntas e respostas.
Ao lado das perguntas e aspectos acima, você pode criar duas colunas,
para anotação:
Aspectos
descobertos
pela observação Aspectos a pesquisar
...........................................................................
...........................................................................
............................. ...........................................................................
............................. ...........................................................................
............................. ...........................................................................
............................. ...........................................................................
Descobrindo um objeto
O objeto mais comum de uso doméstico ou cotidiano pode oferecer uma vasta gama de
informações a respeito do seu contexto histórico-temporal, da sociedade que o criou, usou e
transformou, dos gostos, valores e preferências de um grupo social, do seu nível tecnológico
e artesanal, de seus hábitos, da complexa rede de relações sociais. A observação direta, a
manipulação e o questionamento do objeto,
objeto feitos com perguntas apropriadas, podem reve-
lar estas informações em um primeiro nível de conhecimento,
conhecimento que deverá ser expandido por
meio do estudo e da investigação de fontes complementares como livros, fotografias, docu-
mentos, arquivos cartoriais e eclesiásticos, arquivos de instituições, clubes, associações, ar-
quivos familiares, pesquisas, entrevistas, etc.
especializadas, todo o contexto histórico, social, econômico, tecnológico e político em que esta
cadeira está inserida. Você pode explorar ainda os outros tipos de “cadeiras” que você conhe-
ce, e os seus diferentes usos, inclusive os simbólicos (por exemplo, o Trono Imperial que está
no Museu de Petrópolis é um tipo de cadeira, que representa a dignidade do governante
máximo em sua época).
Finalmente, você descobriu a cadeira em que está sentado e se apropriou dela intelec-
tual e emocionalmente. Você é capaz de recriar esta cadeira de alguma forma? Poética, plás-
tica, musical, com movimentos ou dramatização? De escrever a história dessa cadeira? De
dialogar com ela? Neste momento, é a sua própria capacidade de expressão criativa que
estará se revelando.
Você pode aplicar este exercício com qualquer objeto existente na sala de aula, como um
modo de preparar seus alunos para a visita a um museu, monumento ou sítio histórico. Ou
propor que tragam algum objeto de casa, para ser explorado em sala, em grupos de dois ou
três alunos.
PGM 3
OS MONUMENTOS
E CENTROS
HISTÓRICOS EXPLORANDO O “MEIO
MEIO AMBIENTE HISTÓRICO
HISTÓRICO”
MARIA DE
3
MARIA FERREIRA
LOURDES
O conceito de “meio ambiente histórico”
PARREIRAS
HORTA Olhar um monumento, uma paisagem, um centro histórico,
ou uma área rural adquire uma dimensão bem mais ampla
e profunda quando utilizamos o conceito de “meio
meio
ambiente histórico
histórico” como eixo de nossa observação. É
comum, ao falarmos do meio ambiente em que vivemos,
considerar-se unicamente a questão do meio ambiente
natural, em seus aspectos físicos e biológicos. Mas é
inevitável, ao se questionar os efeitos da poluição, do
desmatamento, da extinção dos mananciais e da
contaminação do ar e das águas, chegarmos ao “agente”
responsável por estes problemas: o ser humano e sua
ação sobre o meio ambiente natural. Os aspectos
históricos da ação transformadora do homem sobre a
natureza, para dela tirar o seu sustento e criar as
condições necessárias à sua sobrevivência e à vida em
sociedade, não podem deixar de ser estudados e
analisados criticamente, para uma compreensão mais
abrangente e complexa dessa interação, e de suas
conseqüências para a vida em sociedade.
dimensão vertical,
vertical que mostra as sucessivas camadas e modificações de uma mesma área ao
longo do tempo. A sobrevivência de cada uma dessas camadas depende de uma série de
fatores, como o tipo de material usado nas estruturas construídas, ou o processo de mudança
nas atividades, na agricultura, na indústria e na população. Algumas estruturas recentes po-
dem esconder uma estrutura mais antiga, por trás das fachadas. A expansão urbana e as
atividades agrícolas provocaram, em um passado muito recente, e ainda provocam, a destrui-
ção de muitos sítios e monumentos históricos.
As alterações do meio ambiente natural vão refletir essas mudanças de uso e ocupação
das áreas, e vão estar também refletidas nas estruturas e nos equipamentos construídos pelo
homem para enfrentar as condições climáticas de uma determinada região.
brar ou relembrar algum episódio, momento ou personagem de nossa história, criados por
arquitetos, escultores, artistas, como por exemplo: o Monumento às Bandeiras, em São Paulo,
ou o Monumento aos Mortos na 2a. Guerra Mundial, no Rio de Janeiro, ou o Memorial JK, em
Brasília. Outros são remanescentes do passado, que sobreviveram ao tempo, e que são con-
sagrados pela sociedade como símbolos coletivos
coletivos, e como referências da memória de um
povo.
Em suas estruturas, formas e uso,
uso revelam um momento determinado do passado, e
são testemunhas dos modos de vida, das relações sociais, das tecnologias, das crenças e
valores dos grupos sociais que os construíram, modificaram e utilizaram.
Alguns monumentos continuam a servir à mesma função original,
original como as igrejas da
época colonial. Outros servem a novas funções
funções, como as Casas de Câmara e Cadeia, transfor-
madas em museus ou repartições públicas, como aconteceu em Ouro Preto, MG; alguns per-
manecem vazios, sem uso particular, constituindo freqüentemente um pólo de atração turísti-
ca, como, por exemplo, os fortes para a defesa da costa ou das fronteiras do país.
Alguns estão bem conservados em seu aspecto original, outros sofreram modificações
ao longo do tempo para servir a novos usos, outros ainda se encontram em ruínas, como as
Missões Jesuítico-Guarani, no Rio Grande do Sul. Uma parte do monumento pode estar enter-
rada sob camadas do solo, como resultado de modos sucessivos de ocupação do espaço: as
casas dos guaranis, as oficinas e o colégio dos padres, nas Missões de São Miguel, São Nicolau
ou São João Batista só são conhecidos como resultado de escavações arqueológicas.
Sítio
História Função
Sítio
Como foi construído? Por que foi construído? Como foi usado?
Preparando a visita
A visita a um monumento/sítio histórico ou arqueológico requer algumas precauções:
Escolha um sítio/monumento, de preferência bem conservado, evitando os que apre-
sentem algum risco de desmoronamento.
Verifique se o sítio/monumento tem suficiente documentação histórica e registros
anteriores, para facilitar a comparação com seu aspecto atual.
A facilidade de acesso ao local é fundamental. No processo de estudo é possível que
se necessite voltar ao sítio para complementar e esclarecer alguns aspectos.
Nem todas as perguntas poderão ser respondidas no local, ou porque as evidências
não existem mais ou porque ainda não foram encontradas. É importante que os alunos
percebam as limitações das evidências. Isto pode levar à formulação de hipóteses
sobre os elementos disponíveis, mas os alunos devem perceber também os riscos e
problemas da interpretação de evidências incompletas, levando a conclusões inexatas
ou distorcidas.
PGM 4
OS SÍTIOS
ARQUEOLÓGICOS
E O PATRIMÔNIO O QUE É UM SÍTIO ARQUEOLÓGICO?
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PGM 4
contram-se nas camadas mais profundas. Esta superposição de camadas no solo, como se fosse
um bolo, e o seu estudo, é o que se chama, em Arqueologia, a estratigrafia do sítio. Ela permite
identificar as datas sucessivas de ocupação, umas em relação a outras, levando à descoberta de
como viviam essas populações, o que comiam, o que fabricavam, os instrumentos de que dispu-
nham, e a evolução das tecnologias ao longo do tempo. Por isto é tão importante preservar e
proteger os sítios arqueológicos da destruição – eles são fontes preciosas para o conhecimento de
nossa história, de nossa pré-história, de nossos antepassados e de nossa trajetória cultural.
O que é a Arqueologia?
É a ciência que nos permite conhecer o passado do homem, antes dos registros históri-
cos. A palavra vem do grego Archaios, que significa antigo, e o sufixo logia, que significa o
estudo de alguma coisa. Um arqueólogo é como um detetive: ele estuda os vestígios e pistas
que indicam como vivia o homem no passado. Para isso ele emprega métodos e instrumentos
específicos. Existem diferentes tipos de trabalho arqueológico. Os mais praticados no Brasil
são: a arqueologia pré-histórica,
pré-histórica que se refere ao longo período antes de 1500, quando os
europeus chegaram aqui; a arqueologia histórica,
histórica que estuda o passado do homem que aqui
viveu a partir dessa data, com a ajuda de documentos escritos e de relatos orais.
O que é a Pré-História?
A história brasileira só começou a ser escrita com a chegada dos portugueses, em 1500.
A História é o estudo do passado baseado em registros escritos ou em histórias contadas por
alguém, o que chamamos de história oral. No Brasil, os antigos habitantes, que eram os ín-
dios, não usavam a escrita, mas sua história foi passada de geração a geração por meio da
história oral.
oral Sabemos que há vestígios da presença humana no Brasil que datam de 30 mil
anos, aproximadamente. Mas, naqueles tempos, a escrita ainda não havia sido inventada. O
longo período de tempo que antecede a História, período em que não se tem registros escritos
ou orais, é chamado Pré-História
Pré-História. Mas se não há registros escritos, ou orais, dos tempos pré-
históricos, como podemos estudá-los?
Sugestões de atividades
A LOUÇA QUEBRADA
O objetivo desta atividade é iniciar o aluno na compreensão da evidência cultural e nos
diferentes modos de analisá-la, levando-o a perceber o processo de reconstituição do passa-
do, por meio dos fragmentos e vestígios observados no presente. A experiência pode ser
usada como preparação para o estudo de qualquer evidência, de objetos de museus a monu-
mentos em ruínas ou sítios históricos e arqueológicos.
Apresente aos alunos um objeto qualquer de cerâmica ou louça comum (xícara, prato,
bule, pote, caneca, etc.), previamente quebrado em pequenos pedaços, dentro de um
saco plástico transparente.
Peça aos alunos para identificar o que é este objeto. A resposta nem sempre será
óbvia. Faça perguntas que levem à observação do material empregado, vestígios de
decoração e a forma dos fragmentos.
Escolha um dos fragmentos que permita uma fácil identificação (a alça, por exemplo).
Faça perguntas que levem a uma interpretação deste fragmento de evidência. Nem
sempre você pode ter certeza absoluta de como era o objeto original. A borda de uma
caneca, ou de um pote, podem ser semelhantes.
Repita o exercício com os demais fragmentos. Os alunos podem desenhá-los para
O arqueólogo do futuro
Os alunos podem imaginar que são arqueólogos do ano 3000. A sala de aula ou o jardim
da escola podem ser sítios arqueológicos, que serão explorados pelos alunos para descobrir
as pistas sobre a vida no início do século XXI. Cada grupo de alunos deve recolher, em um
saco plástico, alguns artefatos ou coisas que foram para o lixo, na sala ou no pátio da escola.
Cada aluno, em cada grupo, descreve em uma ficha um objeto encontrado. Quando todos os
objetos estiverem descritos, o grupo pode discutir a função de cada um, discutindo as várias
hipóteses de uso, como se não soubessem como era a vida em nossa época.
Cada grupo apresentará aos demais suas hipóteses sobre o material encontrado; no
final da atividade, é possível fazer um painel, em classe, sobre as informações obtidas, a partir
da análise do material recolhido, discutindo ainda tudo o que não está representado por esse
material – o que está faltando, ou o que fica pouco claro, a partir dessas evidências. Este
exercício, que pode ser bem divertido e lúdico, estimulando a criatividade dos alunos, também
os fará perceber as limitações da Arqueologia, na descoberta dos mundos passados.
porque na maioria dos casos estão em pleno uso, em frente de nossos olhos, e prontos para
serem conhecidos e experimentados. O isolamento dos grandes centros, ao mesmo tempo em
que contribui para um processo de estagnação e de êxodo dos mais jovens, é ao mesmo tempo
um fator de proteção das tradições
tradições, dos saberes e dos fazeres da cultura local.
A proposta da Educação Patrimonial, levando-nos à exploração e conhecimento dos obje-
tos e manifestações da cultura de um modo diferenciado, em busca de seus múltiplos signifi-
conteúdos, vem sendo um poderoso instrumento de trabalho para professores e
cados e conteúdos
agentes de cultura e educação no meio rural, como recurso para a recuperação da auto-
estima das comunidades, do resgate da memória coletiva,
coletiva e da percepção e reconhecimento
dos valores locais
locais.
Um exemplo bem sucedido da utilização da Educação Patrimonial em uma vasta região,
predominantemente rural, no sul do país, é a experiência do Programa Regional de Educação
Patrimonial da 4a. Colônia de Imigração Italiana no Rio Grande do Sul
Sul. Este projeto, desen-
volvido pela Secretaria de Cultura e Turismo do Município de Silveira Martins, RS, a partir de
1993, abrangeu toda a rede educacional dos municípios circunvizinhos, tais como D.Francisca,
Faxinal do Soturno, Ivorá, Nova Palma, Pinhal Grande e São João do Polêsine. Durante três
anos, o projeto (PREP) desenvolveu e aplicou uma metodologia específica para o trabalho da
Educação Patrimonial a partir da cultura e da história locais, marcadas pelos elementos carac-
terísticos do fenômeno da imigração italiana e alemã no sul do país, a partir do século XIX. O
projeto envolveu alunos e professores do 1o grau, num processo interdisciplinar e interescolar,
incluindo também a comunidade e as famílias dos estudantes, cujos resultados se fazem sentir
até hoje, no desenvolvimento da região.
No desenvolvimento do PREP – Projeto Regional de Educação Patrimonial, escolheram-
se núcleos temáticos a serem trabalhados a partir desta metodologia:
A casa, espaços e mobiliário;
Documentos familiares;
Instrumentos de trabalho e técnicas de uso;
Cultivos e alimentação;
A flora e a fauna nativas.
Cada um desses temas foi objeto de estudo e exploração durante todo um semestre
letivo, em todas as áreas/disciplinas do currículo, por meio de atividades e experiências con-
cretas de observação
observação, coleta
coleta, pesquisa e exploração
exploração, partindo sempre do enfoque da reali-
dade quotidiana dos alunos. Os aspectos do trabalho, do plantio e da colheita e de outras
atividades comuns na região foram observados no campo, onde os pais dos alunos foram os
“monitores” da atividade, explicando os métodos e instrumentos de seu fazer
fazer. A valorização
A CHAVE
Carlos Drummond de Andrade (O Corpo, 1984)
E de repente
o resumo de tudo é uma chave.
Aperto-a duramente
para ela sentir que estou sentindo
sua força de chave.
O ferro emerge de fazenda submersa.
Que valem escrituras de transferência de domínio
se tenho nas mãos a chave-fazenda
com todos os seus bois e os seus cavalos
e suas éguas e aguadas e abantesmas?
Se tenho nas mãos barbudos proprietários oitocentistas
de que ninguém fala mais, e se falasse
era para dizer: os Antigos?
(Sorrio pensando: somos os Modernos
provisórios, a-históricos...)
PGM 5
A MULTIPLICAÇÃO
DO MÉTODO
OFICINAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
MARIA DE
LOURDES
PARREIRAS
HORTA
AVALIAÇÃO DA EXPERIÊNCIA
A metodologia da Educação Patrimonial pode ser um
instrumento valioso para o trabalho pedagógico dentro e
fora da escola. Para alcançar a multiplicação das idéias
e conceitos propostos neste campo da Educação
baseada no Patrimônio Cultural é importante que se faça
um treinamento com os agentes que irão desenvolver
este trabalho nas escolas, nas associações de bairros,
ou em qualquer espaço ou grupo social que se pretenda
sensibilizar.
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PGM 5
A partir da avaliação dos trabalhos apresentados, será possível perceber o grau de apro-
priação e envolvimento dos participantes em relação aos bens culturais analisados. Uma ava-
liação escrita solicitada aos professores permite ajustes e aperfeiçoamento nos mecanismos
de desenvolvimento das Oficinas de Educação Patrimonial.
Alguns tópicos são ideais para a abordagem de temas do currículo básico, que atraves-
sam várias áreas/disciplinas: a educação ambiental
ambiental, a cidadania (pessoal, comunitária, naci-
onal, incluindo os aspectos políticos e legais), as questões econômicas e do desenvolvimento
tecnológico/industrial/social.
A MULTIPLICAÇÃO DO MÉTODO 34
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PGM 5
Algumas sugestões podem dar uma pequena idéia das infinitas possibilidades de um
trabalho integrado e interdisciplinar, e do que pode ser feito no âmbito de cada disciplina:
Linguagem: as sugestões para a dramatização/ representação de papéis/ solução de
problemas podem servir como ponto de partida para o trabalho de criação verbal, falada ou
escrita. O material coletado pelo aluno, no papel de jornalista ou produtor de rádio/TV/video,
pode ser usado de diversas maneiras: para elaborar um artigo de jornal, uma novela ou
documentário de televisão, uma peça de teatro, uma história infantil, ilustrada ou em quadri-
nhos, uma exposição, etc. Ou pode ser usado simplesmente como base para discussão em
sala de aula. Todas essas criações demandam o uso imaginativo e competente da linguagem.
A poesia e a metáfora podem ser usadas como expressão dos sentimentos e percepções
provocados pela observação dos objetos ou monumentos. A pesquisa das linguagens e termos
de épocas passadas, comparados com os da atualidade, as diferentes expressões e formas de
linguagem, ritmo e pronúncia, características das diferentes regiões e de diversas origens
étnicas, pode contribuir para a compreensão dos processos culturais e históricos em nosso
país, com seus diferentes elementos e aportes.
Representar papéis e vivenciar experiências de outros contextos culturais no tempo e no
espaço requer a compreensão da linguagem e expressões de grupos diferenciados, contribu-
indo para o envolvimento dos alunos com os fenômenos e grupos característicos da pluralidade
cultural brasileira. A leitura de obras da literatura da época, ou da região, pode enriquecer o
processo de conhecimento e discussão do tema abordado.
Matemática: o desenho de edifícios, a confecção de mapas e plantas, o exame detalha-
do de um objeto podem servir para a prática de habilidades e conceitos matemáticos
matemáticos, tais
como: pesar e medir, calcular alturas, comprimentos, ângulos, áreas e volumes. A utilização
de instrumentos de medição (réguas, fitas métricas, fios de prumo, etc.) é mais uma habilida-
de desenvolvida por meio destas atividades. É possível utilizar-se medidas e métodos históri-
cos para os cálculos, por exemplo: pés, léguas, palmos, polegadas, etc.
Os edifícios podem ser excelentes para o estudo das formas e planos geométricos
geométricos. A
criação de padrões decorativos pode ser desenvolvida a partir de ladrilhos, azulejos, tijolos,
rendas de janelas, vitrais e telhas. As fachadas dos edifícios podem ilustrar uma variedade de
formas
formas, linhas e curvas
curvas, e problemas de ritmo e simetria
simetria. Os andaimes fornecem material
para a geometria
geometria, e os espaços interiores e o mobiliário podem oferecer idéias para exercí-
cios de reorganização e planejamento dos espaços, para atender a funções ou circunstânci-
as diferentes.
Os aspectos financeiros e estatísticos dos objetos, edifícios ou conjuntos históricos
também oferecem oportunidades para exercícios matemáticos: custos de fabricação, dos
materiais, da mão-de-obra, do tempo de construção, etc.
A MULTIPLICAÇÃO DO MÉTODO 35
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PGM 5
Ciências: os edifícios e monumentos podem ser usados para o estudo dos fenômenos e
das leis da Física
Física, por exemplo, a força da gravidade
gravidade: galpões e salões antigos, com estrutura
aparente, podem ajudar a compreensão dos problemas de construção e de distribuição dos
pesos do telhado e paredes. Tijolos de brinquedo podem ser usados em sala de aula para
reconstruir problemas estruturais e testar a resistência de diferentes tipos de materiais. O
mesmo pode ser feito com maquetes de estruturas e arcos.
Durante o trabalho de campo, os alunos podem usar lentes para examinar os diferentes
materiais e suas texturas e qualidades. A deterioração dos materiais em objetos e edifícios
históricos é um bom pretexto para se produzir hipóteses e pesquisas sobre como e porque
alguns materiais se deterioram diferentemente de outros. As questões sobre o clima e a
umidade são importantes nesta questão. Pode-se fazer experiências com madeiras, metais,
ferro, plástico, papel, vidro, etc., submetendo-os a diferentes agentes de deterioração e a um
processo de observação: jogando na água, enterrando, deixando ao ar livre, sacudindo, sub-
metendo a impacto, manipulando o objeto ou material estudado. Pode-se assim discutir as
diferentes maneiras de preservação desses materiais.
A MULTIPLICAÇÃO DO MÉTODO 36
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instrumento cada vez mais ao alcance de muitas escolas, que permite diferentes recursos de
comunicação e expressão. O uso da palavra e do som permitindo a criação de cenas, músicas,
representações corporais, mímica e dança, bem como a utilização e criação de instrumentos
musicais, são outras formas de expressão criativa e de desenvolvimento das capacidades do
aluno.
Geografia: o estudo de um centro histórico, de um parque botânico ou do meio ambiente
natural pode ser o ponto de partida para a abordagem dos temas desta disciplina. A elabora-
ção de mapas e plantas de edificações, a comparação com mapas antigos, a análise dos
registros populacionais de uma determinada localidade são outros recursos a explorar, ten-
do como base a evidência histórico/cultural. A procedência dos materiais, as técnicas cons-
trutivas, a decoração podem dar informações interessantes para o conhecimento da Geogra-
fia Física e Humana. Ao identificar os recursos e características que dão o caráter especial de
uma localidade ou região, os alunos podem discutir as alternativas para sua preservação.
História: os objetos patrimoniais e os edifícios e centros históricos, os sítios arqueológi-
cos e paisagísticos podem refletir a maior parte da História do Brasil e do mundo. Os objetos
e monumentos do passado são a evidência concreta da continuidade e da mudança dos
processos culturais.
culturais A comparação da própria casa com as casas do passado pode dar aos
alunos a compreensão de como os estilos e modos de vida das sociedades mudam ao longo do
tempo. Em um automóvel moderno podemos encontrar ainda os traços das antigas carrua-
gens puxadas a cavalo. Os detalhes de diferenciação dos objetos do passado e do presente
podem ser traçados num gráfico, ou linha de tempo
tempo, que pode ser comparada a uma árvore
genealógica
genealógica, situando os personagens familiares em diferentes épocas.
A MULTIPLICAÇÃO DO MÉTODO 37
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Avaliando experiências
Em qualquer atividade de Educação Patrimonial, a avaliação da experiência pode trazer
subsídios que possibilitem aos educadores enriquecer a aplicação da metodologia utilizada,
verificando o nível de envolvimento e compreensão dos alunos com o tema explorado.
Um método possível para se fazer esta avaliação é o uso de questionários, aplicados aos
professores e alunos, a partir da experiência vivenciada. Os questionários preenchidos após a
visita ou atividade permitem avaliar:
Aspectos relativos ao professor: familiaridade com o local visitado, intenção, motiva-
ção da visita, nível de preparação em sala de aula, conhecimento prévio do tema,
expectativa em relação à visita e aos resultados alcançados.
A MULTIPLICAÇÃO DO MÉTODO 38
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Bibliografia
Bens Móveis e Imóveis Inscritos nos Livros do Tombo do Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN) – Ministério da Cultura. 4a. edição revista e atualizada, Rio de
Janeiro, IPHAN, 1994.
Ciências & Letras, Revista da Faculdade Porto-Alegrense de Educação, Ciências e Letras, FAPA,
n.27, jan./jun./2000. Diversos artigos sobre o tema.
“Educação Patrimonial: Utilização dos Bens Culturais como Recursos Educacionais”. Evelina
Grunberg. In: Museologia Social. Porto Alegre, Secretaria Municipal de Cultura, 2000.
“Educação Patrimonial”. Maria de Lourdes Parreiras Horta.In: MUSAE Textos, Disk 1, Rio de
Janeiro, 1997 (edição em disquete).
Educação Patrimonial, a experiência da Quarta Colônia. José Itaqui e Maria Angélica Villagrán.
Santa Maria: Pallotti, 1998.
“Fundamentos da educação patrimonial”. Maria de Lourdes Parreiras Horta. In: Ciências & Le-
tras, Porto Alegre, FAPA, n.27, jan./jun.2000.
Guia Básico de Educação Patrimonial. Maria de Lourdes Parreiras Horta, Evelina Grunberg e
Adriane Queiroz Monteiro. Brasília, Museu Imperial/IPHAN/MinC, 1999.
Museu Educação: se faz caminho ao andar. Vera Maria Abreu de Alencar. Tese de mestrado
apresentada ao Departamento de Educação da PUC. Rio de Janeiro, 1986 (não publicada)
Lições das Coisas (ou canteiro de obras) através de uma metodologia baseada na Educação
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tamento de Educação da PUC, Rio de Janeiro, 1997 (não publicada).
A MULTIPLICAÇÃO DO MÉTODO 39
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PGM 5
Série “Education on Site”. Ed. Mike Corbishley, English Heritage, Reino Unido.
- “Learning from Objects – a Teacher´s Guide to Learning from Objects”. Gail Durbin e outros,
1990.
- “A Teacher´s Guide to Using Listed Buildings”. Crispin Keith, 1991.
- “A Teacher´s Guide to Maths and the Historic Environment”. Tim Copeland, 1991.
- “A Teacher´s Guide to Geography and the Historic Environment”. Tim Copeland, 1993.
- “A Teacher´s Guide to Using Castles”. Tim Copeland, 1994.
A MULTIPLICAÇÃO DO MÉTODO 40
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Presidente da República
Luís Inácio Lula da Silva
Ministro da Educação
Cristovam Buarque
MEC
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
TV ESCOLA – SALTO PARA O FUTURO
Supervisora Pedagógica
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Diagramação e Editoração
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Março/Abril de 2003
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