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MINISTÉRIO DA FAZENDA

Conselho Nacional de Política Fazendária – CONFAZ


Secretaria-Executiva

Grupo Especial de Estudo do Fundo de


Participação dos Estados
GEFPE

Relatório Consolidado dos Estudos


(Março de 2012)

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MINISTÉRIO DA FAZENDA
Conselho Nacional de Política Fazendária – CONFAZ
Secretaria-Executiva

INDICE

1 Introdução ...............................................................................................................................5
2 Antecedentes e contextualização ...........................................................................................7
2.1 A Distribuição do FPE no Código Tributário Nacional - CTN ......................................... 8
2.2 A Distribuição do FPE na Lei Complementar 62/89 .................................................... 11
2.3 Ações Diretas de Inconstitucionalidade ...................................................................... 12
3 O Modelo Previsto pelo Código Tributário Nacional - CTN ...................................................14
4 Modelo de Equalização .........................................................................................................23
4.1. Lógica do Modelo ............................................................................................................... 23
4.2. Considerações iniciais sobre os elementos-chave do modelo ........................................... 24
4.3. Objetivo: equalizar receita, critério de equidade adotado ................................................ 24
4.4. Receita potencial x receita efetiva ..................................................................................... 25
4.5. Receita base utilizada na equalização ................................................................................ 25
4.6. Valor de Referência x Máxima Redistributividade ............................................................. 27
4.7. Critérios e base de dados ................................................................................................... 27
4.8. Equalização em duas etapas............................................................................................... 28
4.9. Modelo de Equalização Básico ........................................................................................... 29
4.10. Apuração dos coeficientes de participação...................................................................... 31
4.11. Comparação com a distribuição atual do FPE .................................................................. 33
4.12. Variações do Modelo de Equalização Básico ................................................................... 34
4.12.1. Equalização com Coeficiente Máximo Limitado em 10%.............................................. 34
4.12.2. Equalização com Redução Máxima (em relação à LC 62/89) Limitada em 20% ........... 37
5 Modelo Redistributivo ...........................................................................................................40
5.1. Variáveis analisadas: ................................................................................................... 40
5.2. Atribuição de pesos para cada variável ...................................................................... 42
5.3. Resultados ................................................................................................................... 42
5.4. Simplificação do modelo redistributivo ...................................................................... 44
6 Modelo Misto ........................................................................................................................46
6.1. Modelo Misto com a Variável de Infraestrutura ................................................................ 51
6.1.1. Composição da variável infraestrutura ........................................................................... 53
6.1.3. Resultados ....................................................................................................................... 54
7 Condições de Transição .........................................................................................................57
8 Considerações sobre a Elevação do Aporte da União para o FPE .........................................62
9 Projetos no Congresso Nacional sobre o FPE ........................................................................65
10 Considerações Finais .........................................................................................................84
11 APÊNDICE I - Anteprojeto da Lei Complementar 62/89 ...................................................85
12 APÊNDICE II – Minuta de Proposta de Emenda Constitucional Ampliando o FPE ...........89
13 APÊNDICE III – Memória dos Trabalhos no GEFPE para o Modelo Redistributivo ...........91
14 APÊNDICE IV - Relação de Integrantes do Grupo Especial de Estudo do FPE – GEFPE ...101

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1 Introdução

O presente documento reflete os resultados dos trabalhos elaborados pelo Grupo Especial de
Estudo do Fundo de Participação dos Estados – GEFPE durante o ano de 2011, versando sobre
alternativas aos critérios atualmente adotados para a distribuição de recursos do Fundo de
Particpação dos Estados - FPE entre as unidades da Federação Brasileira. A decisão do Supremo
Tribunal Federal - STF, datada de fevereiro de 2010, declarou a inconstitucionalidade do Artigo
2º e Anexo Único da Lei Complementar 62/89, limitando os seus efeitos até 31 de dezembro de
2012, e estabelecendo que novos critérios deveriam ser definidos para serem aplicados a partir
de 2013. O Conselho Nacional de Política Fazendária – CONFAZ incorporou esta questão às suas
prioridades.

Desta forma, em sua Reunião Ordinária de setembro de 2010, realizada em Belo Horizonte -
MG, os secretários de fazenda dos estados, reunidos no CONFAZ deliberaram pela instituição
do Grupo Especial de Estudo do Fundo de Participação dos Estados – GEFPE, com o propósito
de elaboração de estudos e análises que pudessem subsidiá-los na construção de uma nova
alternativa para a destinação dos recursos do Fundo de Participação do Estados – FPE, a ser
adotada a partir de janeiro de 2013. O GEFPE é composto por representantes das unidades da
Federação, indicados por seus secretários de fazenda, e reporta-se diretamente ao CONFAZ.

O GEFPE aproveitou estudos anteriores elaborados no âmbito da Comissão Técnica


Permanente do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre
Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação -
COTEPE, do Grupo de Gestores das Finanças Estaduais – GEFIN e também do Fórum Fiscal dos
Estados Brasileiros, todos vinculados ao CONFAZ. Realizou, desde novembro de 2010 até o final
de 2011, nove reuniões técnicas, em que foram propostos, discutidos e avaliados diferentes
modelos para a distribuição dos recursos do Fundo.

E com o propósito de ampliar o debate para recepcionar as perspectivas dos poderes judiciário
e legislativo, promoveu também o Seminário de Avaliação de Alternativas para o Fundo de
Participação dos Estados – FPE, em conjunto com a Escola de Administração Fazendária – ESAF
e com o Fórum Fiscal dos Estados Brasileiros, o qual ocorreu na sede da ESAF em Brasília no dia
25 de maio de 2011. Contou com a participação do Dr. Gilmar Mendes, Ministro do Supremo
Tribunal Federal e relator da decisão de inconstitucionalidade, e do Dr. Marcos Mendes,
Consultor Legislativo do Senado Federal.

Assim, o propósito deste documento, consolidado em sua 10ª reunião técnica, realizada em
março de 2012, consiste em sintetizar os resultados alcançados neste processo participativo e
democrático de estudo e discussão de alternativas, de modo a subsidiar esforços subsequentes
em busca de uma solução adequada. No entanto, o GEFPE não optou por uma alternativa
específica, por não ter alcançado uma posição de consenso técnico e político no âmbito do
Grupo, assim como no próprio CONFAZ.

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O relatório está estruturado em dez capítulos, sendo o primeiro esta introdução. No capítulo 2,
são apresentados os antecedentes que contextualizam o presente debate. Nos capítulos
seguintes, 3, 4 e 5, são apresentados estudos referentes aos modelos do Código Tributário
Nacional, de Equalização e Redistributivo. Em seguida, é analisado um Modelo Misto que
procura combinar os atributos dos modelos de equalização e redistributivo, além de apresentar
uma alternativa incorporando a variável de infraestrutura. No capítulo 7, é sugerida uma
proposta de transição do modelo atual para o novo modelo a ser adotado. As considerações
sobre a elevação do aporte ao Fundo são analisadas no capítulo 8. O capítulo 9 contém um
levantamento dos projetos apresentados no Congresso Nacional sobre o tema. No último
capítulo, são feitas considerações finais decorrentes dos estudos realizados.

Cabe destacar que, como não há uma padronização na terminologia utilizada nos modelos de
distribuição de recursos, é preciso explicitar a que foi adotada no GEFPE. Um primeiro corte
para os cenários apresentados é a separação em duas principais modalidades: modelos de
equalização de receitas e modelos redistributivos.

Denomina-se modelo de equalização de receitas aquele regido por uma lógica que visa a
aproximar a capacidade de gasto per capita entre as unidades federadas - UFs. Denomina-se
modelo redistributivo aquele que utiliza variáveis socioeconômicas (tais como área territorial,
população, inverso da renda per capita, etc.), para determinar os índices de repartição. Neste
trabalho, denominamos ainda de modelo misto aquele que combina atributos do modelo de
equalização e do redistributivo, o que é apresentado no capítulo 6 deste documento.

Os diversos atributos inerentes a cada um destes modelos foram definidos pelo grupo em
processo de votação por maioria, observando-se votos divergentes em relação a estes. Não
foram, portanto, as deliberações do GEFPE resultantes de consenso entre os seus integrantes.

Dentre os pontos de divergência, cabe destacar a posição contrária do Distrito Federal à


inclusão das suas receitas de natureza municipal (IPTU, ITIV, ...) nos respectivos cálculos, assim
como o pleito do Estado do Rio de Janeiro para que as receitas decorrentes dos royalties
incidentes sobre a exploração de petróleo fossem tratadas em separado.

Na avaliação dos resultados obtidos com os diferentes modelos neste documento, denominam-
se “ganhos” e “perdas” as variações entre os coeficientes e montantes resultantes de cada
modelo e aqueles atualmente vigentes, conforme prevê a Lei Complementar 62/89. Ou seja,
refletem os impactos financeiros, sem pretender alcançar um juízo de valor.

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2 Antecedentes e contextualização

O FPE foi instituído em 1965, tendo os seus repasses efetivamente iniciados em 1967. Trata-se
de uma transferência vertical de recursos, da União para os Estados, e sempre teve como fonte
de financiamento o produto da arrecadação do Imposto sobre a Renda e Proventos de
Qualquer Natureza (IR) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

As transferências verticais, do governo central para os estados, são necessárias em todas as


federações, pois há limites para atribuir a competência tributária a governos subnacionais, à
medida que sistemas tributários centralizados são mais eficientes sob a ótica econômica. Como
a descentralização de encargos é uma realidade em âmbito internacional, é necessário que o
sistema de transferências cumpra o papel de redistribuir as receitas entre os níveis de governo.

Do ponto de vista horizontal, as diferenças em capacidade econômica entre os estados geram


diferenças em capacidade fiscal, e, para adequar as receitas de cada um às respectivas
necessidades em termos de despesa, é necessário adotar um adequado sistema de distribuição.

A tabela a seguir apresenta a evolução dos normativos que disciplinam o FPE, explicitando as
suas fontes de receita e respectivos percentuais, assim como a presença ou não de vinculações
para a sua aplicação.

Período Norma % IR + IPI Aplicação


1967/1968 EC 18/65, art. 21 10% Livre
1969/1975 Ato Complementar 40/68, art. 26 5% Vinculada
1976 EC 5/75 6% Vinculada
1977 EC 5/75 7% Vinculada
1978 EC 5/75 8% Vinculada
1979 e 1980 EC 5/75 9% Vinculada
1981 EC 17/80 10% Livre
1982 e 1983 EC 17/80 10,5% Livre
1984 EC 23/83 12,5% Livre
1985 a 1987 EC 23/83 e EC 27/85 14% Livre
1988 Constituição de 1988 18% Livre
1989 Constituição de 1988 19% Livre
1990 Constituição de 1988 19,5% Livre
1991 Constituição de 1988 20% Livre
1992 Constituição de 1988 20,5% Livre
1993 em Constituição de 1988 Livre
diante 21,5%

A previsão do percentual atual de 21,5% de IR e IPI, acima referida, encontra-se definida no Art
159 da Constituição Federal de 1988 – CF/88, conforme segue:

Art. 159. A União entregará:

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I - do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre
produtos industrializados, quarenta e sete por cento na seguinte forma:

a) vinte e um inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito
Federal;
....

No capítulo 8, é efetuada uma discussão acerca da evolução das receitas do FPE como
proporção das receitas totais da União.

Já no que se refere à evolução da distribuição horizontal dos recursos do FPE entre os estados,
que remete ao(s) critério(s) de partilha, destaca-se inicialmente o dispositivo da CF/88, que
sintetiza o objetivo do FPE, dando a direção para o critério de partilha:

Art. 161. Cabe à lei complementar:


.......................................................
II - estabelecer normas sobre a entrega dos recursos de que trata o art. 159, especialmente sobre os
critérios de rateio dos fundos previstos em seu inciso I, objetivando promover o equilíbrio sócio-
econômico entre Estados e entre Municípios;
........................................................

Desde a instituição do FPE, foram adotados basicamente três modelos para distribuição
horizontal dos recursos do Fundo, conforme resumido na tabela a seguir e detalhado nas
seções seguintes.

Período Norma Síntese do Critério de Partilha


CTN (Lei
1967/1975 5.172/66) Superfície, população e inverso da renda per capita
CTN + Decreto Superfície, população e inverso da renda per capita, com
1976/1989 Lei 1.434/75 Reserva Especial de 20% dos recursos para N e NE
1990 a 2012 LC 62/89 Coeficientes Constantes no Anexo Único da LC

2.1 A Distribuição do FPE no Código Tributário Nacional - CTN

Com base no critério de partilha do CTN, foram transferidos os recursos do FPE relativos aos
exercícios de 1967 a 1989. Uma das características deste período foi a dinamicidade do sistema,
no sentido de que os coeficientes eram periodicamente calculados.

O critério inicialmente previsto pelo CTN, que denominamos neste trabalho como “CTN
original”, foi aplicado no período 1967 a 1975, e comportava os seguintes parâmetros: 5%
proporcional à superfície de cada Estado e 95% proporcional ao produto dos fatores
representativos da população e do inverso da renda per capita, sendo que os fatores

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representativos da população e do inverso da renda per capita eram enquadrados em “faixas”,


com respectivos pisos e tetos.

A seguir, é apresentada uma tabela que resume este critério “CTN original” e os artigos do
CTN que os definem.

Fator Peso Limites


Superfície (proporcional) 5%
População (proporcional) piso = 2%; teto =10%
95%
Renda Per Capita (inverso) piso = 0,4; teto = 2,5

CTN – Lei 5.172/1966:

Art. 88. O Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal, a que se refere o artigo 86,
será distribuído da seguinte forma:
I - 5% (cinco por cento), proporcionalmente à superfície de cada entidade participante;
II - 95% (noventa e cinco por cento), proporcionalmente ao coeficiente individual de participação,
resultante do produto do fator representativo da população pelo fator representativo do inverso
da renda per capita, de cada entidade participante, como definidos nos artigos seguintes.
Parágrafo único. Para os efeitos do disposto neste artigo, consideram-se:
I - a superfície territorial apurada e a população estimada, quanto à cada entidade participante,
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;
II - a renda per capita, relativa a cada entidade participante, no último ano para o qual existam
estimativas efetuadas pela Fundação "Getúlio Vargas".

Art. 89. O fator representativo da população a que se refere o inciso II do artigo anterior, será
estabelecido da seguinte forma:
Fator
I - Até 2% ...............................................................................2,0
II – Acima de 2% até 5%:
a) pelos primeiros 2% .....................................................2,0
b) para cada 0,3% ou fração excedente, mais .................0,3
III - Acima de 5% até 10%:
a) pelos primeiros 5% ......................................................5,0
b) para cada 0,5% ou fração excedente, mais ..................0,5
IV - Acima de 10% ......................................... .....................10,0
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, considera-se como população total do País a soma
das populações estimadas a que se refere o inciso I do parágrafo único do artigo anterior.

Art. 90. O fator representativo do inverso da renda per capita, a que se refere o inciso II do artigo
88, será estabelecido da seguinte forma:
Inverso do índice relativo à renda per capita da entidade participante:
Fator
Até 0,0045 ............................................................0,4
Acima de 0,0045 até 0,0055 .................................0,5
Acima de 0,0055 até 0,0065 .................................0,6
Acima de 0,0065 até 0,0075 .................................0,7
Acima de 0,0075 até 0,0085 .................................0,8
Acima de 0,0085 até 0,0095 .................................0,9
Acima de 0,0095 até 0,0110 .................................1,0
Acima de 0,0110 até 0,0130 .................................1,2
Acima de 0,0130 até 0,0150 .................................1,4
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Acima de 0,0150 até 0,0170 .................................1,6


Acima de 0,0170 até 0,0190 .................................1,8
Acima de 0,0190 até 0,0220 ................................ 2,0
Acima de 0,220 .....................................................2,5
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, determina-se o índice relativo à renda per capita de
cada entidade participante, tomando-se como 100 (cem) a renda per capita média do País.
....

Em 1976, com a vigência do Decreto Lei 1.434/75, foram adotadas reservas regionais para a
distribuição do FPE. A partir deste ano, até 1989, prevaleceu o que denominamos neste
trabalho como “CTN com reservas regionais”. Os parâmetros que integravam o critério de
partilha continuaram sendo os mesmos do “CTN original”, todavia aplicados separadamente
sobre as respectivas reservas, sendo: 80% do montante do FPE destinado para todos os estados
e 20% apenas para os estados das regiões Norte e Nordeste.
Observe-se, que houve um período de transição para a aplicação da reserva de 20%. Em 1976 e
1977, foi adotada uma reserva de apenas 10%.

Destaca-se também o Decreto 1723/79, que incluiu os territórios de Rondônia, Roraima e


Amapá na reserva de 20%, com aplicação a partir de 1980, deslocando recursos anteriormente
reservados aos demais estados do Norte e Nordeste para estes ex-territórios, anteriormente
financiados pela União.

A seguir, é apresentada uma tabela que resume o critério “CTN com reservas regionais” e os
respectivos dispositivos do CTN que os definem.

Fator Peso Limites P/ Distribuição Limites P/ Reserva de


de 80% (todos os 20% (Estados do Norte e
estados) Nordeste)
Superfície (proporcional) 5%
População (proporcional) piso = 2%; teto =10% piso = 2%; teto =10%
95%
Renda Per Capita (inverso) piso = 0,4; teto = 2,5 piso = 0,4; teto = 2,5
Coeficiente Final teto = 10%

Decreto-Lei nº 1.434, de 11 de Dezembro de 1975:


....
Art. 1º Fica criada reserva do Fundo de Participação dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, a
que se refere o item I do artigo 25 da Constituição, na redação dada pela Emenda Constitucional nº 5, de
28 de junho de 1975, destinada exclusivamente aos Estados das Regiões Norte e Nordeste, constituída
por:
I - 10% dos recursos do referido Fundo, nos exercícios financeiros de 1976 e 1977;
II - 20% dos recursos mencionados no item anterior, a partir do exercício financeiro de 1978, inclusive.
Art. 2º Os recursos da reserva criada na forma do artigo 1º serão distribuídos de acordo com coeficientes
individuais de participação, calculados pelo Tribunal de Contas da União, de acordo com os critérios
fixados nos artigos 88 a 90 da Lei número 5.172, de 25 de outubro de 1966, sem prejuízo da participação
desses Estados, nos termos da legislação em vigor, nos demais recursos do Fundo a que se refere este
Decreto-lei.
Parágrafo Único. Os coeficientes individuais, calculados na forma do item II do artigo 88 da Lei nº 5.172,
de 25 de outubro de 1966, que forem iguais ou superiores a 10, serão reduzidos em 50%, para efeito da
distribuição da reserva instituída por este Decreto-lei.
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....

Anote-se ainda que, conforme o art. 34 do ADCT da CF/88, § 2º, inciso I, o critério de partilha
vigente em 1988 foi mantido para 1989, pois a LC 62/89 entrou em vigor a partir de 1990.

O capítulo 3 deste documento mostra como ficaria atualmente a partilha do FPE caso o modelo
do CTN voltasse a ser adotado, tanto o CTN “original” (Lei 5.172/1966), quanto o resultante da
adoção de “reservas regionais” para o fundo.

2.2 A Distribuição do FPE na Lei Complementar 62/89

Consoante o disposto no art. 161 da CF/88, foi editada a LC 62/89, a qual, sem a coordenação
do poder central e em um ambiente democrático, tornou a definição de critérios para a partilha
do FPE bem mais complicada e politizada do que na década de 60. As exaustivas negociações
entre os secretários de fazenda dos estados resultaram em um acordo “provisório” para a
distribuição dos recursos, o qual pode ser sintetizado da seguinte forma.
a) os incisos I e II do art. 2° da LC 62/89 estipulam reservas (fixas) para o FPE, sendo 85%
para as regiões N/NE/CO e 15% para as regiões S/SE. Note-se, que, a partir desta LC
62/89, o Centro Oeste passou a integrar as reservas em conjunto com o Norte e
Nordeste.

b) o Anexo Único do art. 2º estipula coeficientes fixos de participação para cada estado.

O acordo de secretários de fazenda seria aplicado aos repasses de 1990 e 1991 (§ 1º do art. 2º).
A partir de 1992 deveria ser editada uma nova LC, estipulando critérios dinâmicos de
distribuição, levando em conta os dados do censo demográfico de 1990 (§ 2º do art. 2º).

Embora o Congresso Nacional tenha apreciado vários projetos de lei complementar para
instituir novos critérios, nenhum deles foi aprovado. Desta forma, continuaram sendo aplicados
os coeficientes fixos definidos no Anexo Único, com respaldo no § 3º do art. 2º da LC 62/89,
que admite que, na ausência de nova lei complementar, continuariam sendo aplicados. Assim,
o acordo de 1989, que resultou na LC 62/89, terminou prevalecendo com os coeficientes
congelados por vinte e três anos (1990 a 2012).

A seguir, são apresentados os dispositivos da Lei Complementar 62/89 acima referidos.

LC 62/89:
....
Art. 2° Os recursos do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal - FPE serão distribuídos da
seguinte forma:
I - 85% (oitenta e cinco por cento) às Unidades da Federação integrantes das regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste;
II - 15% (quinze por cento) às Unidades da Federação integrantes das regiões Sul e Sudeste.
§ 1° Os coeficientes individuais de participação dos Estados e do Distrito Federal no Fundo de Participação
dos Estados e do Distrito Federal - FPE a serem aplicados até o exercício de 1991, inclusive, são os
constantes do Anexo Único, que é parte integrante desta Lei Complementar.

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§ 2° Os critérios de rateio do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal, a vigorarem a partir
de 1992, serão fixados em lei específica, com base na apuração do censo de 1990.
§ 3° Até que sejam definidos os critérios a que se refere o parágrafo anterior, continuarão em vigor os
coeficientes estabelecidos nesta Lei Complementar.
....

Anexo Único da LC 62/89 - Coeficientes do FPE


UF Coeficiente UF Coeficiente Região ∑ Coeficiente
BA 9,3962% PR 2,8832% ∑ Norte 25,3717%
CE 7,3369% GO 2,8431% ∑ Nordeste 52,4551%
MA 7,2182% RO 2,8156% ∑ Centro Oeste 7,1732%
PE 6,9002% AM 2,7904% ∑ Sudeste 8,4822%
PA 6,1120% RR 2,4807% ∑ Sul 6,5178%
PB 4,7889% RS 2,3548% ∑ N/NE/CO 85,0000%
MG 4,4545% MT 2,3079% ∑ SE/S 15,0000%
TO 4,3400% RJ 1,5277% ∑ Brasil 100,0000%
PI 4,3214% ES 1,5000%
RN 4,1779% MS 1,3320%
AL 4,1601% SC 1,2798%
SE 4,1553% SP 1,0000%
AC 3,4210% DF 0,6902%
AP 3,4120%

Em apêndice, encontra-se a redação de uma minuta de anteprojeto de lei complementar, com


os detalhes do acordo final entre os secretários de fazenda, e que resultou na LC 62/89, tendo o
Congresso optado por uma redação bastante sucinta, definindo diretamente os coeficientes
fixos. Não tendo sido possível localizar registros sobre o processo de discussão havido para
obtenção do referido acordo, considera-se importante apresentar o anteprojeto em apêndice.

2.3 Ações Diretas de Inconstitucionalidade

Argumentando que a forma estática de transferências do FPE não atende ao comando


constitucional de promover o equilíbrio socioeconômico entre os estados, previsto pelo art.
161, inciso II, da CF/88, e que os coeficientes teriam sido estabelecidos por acordo político,
alguns estados apresentaram Ações Diretas de Inconstitucionalidade - ADIs junto ao Supremo
Tribunal Federal - STF, contestando a aplicação de coeficientes fixos. São elas: ADI nº 875 dos
Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, de 13/05/93; ADI nº 1987 dos Estados
de Mato Grosso e Goiás, de 30/03/99; ADI nº 2727 do Estado do Mato Grosso do Sul, de
05/08/02; e ADI nº 3243 do Estado do Mato Grosso, de 24/06/04.

A ADI 1987/DF tem por objeto a omissão do Congresso Nacional em regulamentar o art. 161, II,
da CF; as demais ações contestam o art. 2º, I e II, e §§ 1º, 2º e 3º, e Anexo Único da LC 62/89.
Por terem um objeto similar, foram julgadas conjuntamente.

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E em fevereiro de 2010, o STF declarou a inconstitucionalidade do Artigo 2º e Anexo Único da


LC 62/89, sem pronúncia de nulidade, mantendo até 31 de dezembro de 2012 a vigência dos
dispositivos julgados. O STF entendeu que os dispositivos não atenderiam satisfatoriamente à
exigência constante do art. 161, II, da CF/88, segundo o qual uma lei complementar deve
estabelecer os critérios de rateio do FPE com a finalidade de promover o equilíbrio
socioeconômico entre os entes federativos.

Conforme opinativo do relator da decisão judicial, Ministro Gilmar Mendes, deve haver a
possibilidade de revisão periódica dos coeficientes, “de modo a se avaliar criticamente se
aqueles até então adotados ainda estão em consonância com a realidade econômica dos entes
federativos e se a política empregada na distribuição dos recursos produziu o efeito desejado”.

Desta forma, o Congresso Nacional terá que aprovar uma nova Lei Complementar ainda em
2012, definindo novos critérios de rateio para o FPE, a serem aplicados a partir de janeiro de
2013. Conforme a complexidade do novo sistema, o Congresso precisa aprovar com razoável
antecedência, para que o TCU possa calcular os novos coeficientes em tempo de serem
aplicados aos repasses a serem realizados em janeiro de 2013.

13
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3 O Modelo Previsto pelo Código Tributário Nacional - CTN

O Código Tributário Nacional (Lei nº 5. 172, de 25 de Outubro de 1966) no Título VI –


Distribuição de Receitas Tributárias, Capítulo III – Fundos de Participação dos Estados e
Municípios, Seção II- Critério de Distribuição do Fundo de Participação dos Estados e Artigos de
88 a 90, estabelece as diretrizes para o cálculo dos coeficientes de repartição dos recursos
transferidos pela União aos Estados a partir de uma fatia dos impostos sobre produtos
industrializados (IPI) e sobre a renda (IR), que atualmente é de 21,5%.

A metodologia definida pelo CTN contempla 3 parâmetros de distribuição, quais sejam:


superfície, população e renda per capita. Os dois últimos são utilizados para compor o
denominado coeficiente individual de participação, obtido pela multiplicação dos referidos
parâmetros.

O Art. 88 apresenta os pesos dos fatores conforme o texto e equação abaixo:

“I - 5% (cinco por cento), proporcionalmente à superfície de cada entidade participante;

II - 95% (noventa e cinco por cento), proporcionalmente ao coeficiente individual de participação,


resultante do produto do fator representativo da população pelo fator representativo do inverso da renda
per capita, de cada entidade participante, como definidos nos artigos seguintes.”

5% 95%
FATOR SUPERFÍCIE
+ COEFICIENTE INDIVIDUAL

FATOR
FATOR X INVERSO DA
POPULAÇÃO
RENDA PER
CAPITA

FATOR SUPERFÍCIE

Definido como a proporção entre a área do estado e a área total do país.

Área _ Estado(km 2 )
Fator _ Superfície _ Estado =
Área _ Brasil (km 2 )

O Inciso I do parágrafo único estabelece que as informações referentes às superfícies


territoriais serão estabelecidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.

14
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O gráfico a seguir expõe os coeficientes resultantes dos cálculos realizados com as informações
do IBGE para o ano de 2007 do parâmetro Superfície Territorial.
Fator Superfície
20,00

18,00
16,00

14,00
12,00

10,00
8,00
6,00

4,00
2,00

-
DF SE AL RJ ES RN PB SC PE AP CE AC PR RR RO SP PI TO RS MA GO MS BA MG MT PA AM

FATOR POPULAÇÃO

O Fator População foi definido como a proporção da população do estado em relação à


população total do país, conforme segue:

População _ Estado
Fator _ População _ Estado =
População _ Brasil

Porém, além desta proporção em relação à população do país, o coeficiente deve considerar
uma tabela, reproduzida a seguir, contendo faixas de coeficientes, a partir da qual serão
estabelecidos os fatores finais de população.

I – Até 2% 2,0
II – Acima de 2% até 5%
a) Primeiros 2% 2,0
b) Para cada 0,3% ou fração excedente, mais 0,3
III – Acima de 5% até 10%
a) Primeiros 5% 5,0
b) Para cada 0,5% ou fração excedente, mais 0,5

IV – Acima de 10% 10,0

Após o cálculo da proporção da população estadual em relação à população do país, verifica-se


em que faixa da tabela o resultado se encontra. Caso a proporção fique abaixo de 2,0%, o
estado terá um coeficiente final de 2,0%. Assim, o Estado de Roraima, que em 2007 tinha a
menor população do país com 395.725 habitantes e o Estado da Paraíba com 3.641.397
habitantes, ficariam com 2% de fator população, uma vez que a proporção de suas populações

15
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em relação ao total do país, apesar de distintas, estavam abaixo do coeficiente 2,0%


estabelecido pela tabela.

Para os Estados com proporção entre 2,0% e 5%, o coeficiente final de população será de 2,0%
mais 0,3 pontos percentuais para cada 0,3% na proporção ou fração excedente. Por exemplo, o
Estado de Goiás com 5.647.035 habitantes, que representa 3,07% da população do país em
2007, teria 2,0%, por pertencer à faixa referida neste parágrafo. Os 1,07 pontos percentuais
restantes seriam divididos em parcelas de 0,3, resultando em 3 parcelas de 0,3 mais um
excedente de 0,17.

3,07% = 2,0% + 3 × 0,3% + 1 × 0,17

Desta forma, o Estado receberia mais 4 parcelas de 0,3 pontos percentuais, sendo 3 referentes
às frações completas de 0,3 e mais uma referente ao excedente de 0,17 p.p.

O mesmo raciocínio é aplicado aos Estados com proporção entre 5,0 e 10,0%, sendo atribuído
aos Estados 5,0% referentes aos primeiros 5,0% na proporção de sua população em relação à
população nacional e mais 0,5 pontos percentuais para cada parcela de 0,5 ou excedente.

Por fim, os estados com mais de 10% da população do país ficam com fator população final de
10,0%. Em 2007, apenas São Paulo, com 39.827.690 habitantes (21,65%), e Minas Gerais, com
19.273.533 (10,48%), estavam nessa faixa.

O resultado da aplicação da metodologia apresentada, com valores de 2007, fornecidos pelo


IBGE, conforme estabelece o CTN, está exposto no gráfico a seguir.

Fator População - FP
12,00

10,00

8,00

6,00

4,00

2,00

-
RR AP AC TO RO SE MS DF MT RN PI AL AM ES PB GO SC MA PA CE PE PR RS BA RJ MG SP

Cabe salientar que a utilização da tabela de população resulta em um somatório de coeficientes


diferente de 100%. Para os dados de 2007, esta soma é de 101,9. Essa diferença será tratada
quando o Coeficiente de Participação Individual for calculado.

FATOR INVERSO DA RENDA PER CAPITA

16
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O fator inverso da renda per capita é proporcional ao inverso da relação entre a renda per
capita do estado e a renda per capita média do Brasil.

1
Fator _ Inversode Re nda =
Re ndaPerCapita _ Estado
Re ndaPerCapita _ Brasil

Da mesma forma que o fator de população, o fator inverso de renda per capita utiliza uma
tabela para estabelecer o fator final do parâmetro, apresentada a seguir.

Fator Inverso PIB Per Capita


Até de 0,0045 0,4
Acima de 0,0045 até 0,0055 0,5
Acima de 0,0055 até 0,0065 0,6
Acima de 0,0065 até 0,0075 0,7
Acima de 0,0075 até 0,0085 0,8
Acima de 0,0085 até 0,0095 0,9
Acima de 0,0095 até 0,0110 1,0
Acima de 0,0110 até 0,0130 1,2
Acima de 0,0130 até 0,0150 1,4
Acima de 0,0150 até 0,0170 1,6
Acima de 0,0170 até 0,0190 1,8
Acima de 0,0190 até 0,0220 2,0
Acima de 0,0220 2,5

As faixas definidas pela tabela acarretam agrupamentos de Estados com o mesmo percentual,
apesar das diferenças entre as rendas, tais como o Piauí e o Ceará, que possuíam rendas per
capita de R$ 4.662,00 e R$ 6.149,00 respectivamente, e o coeficiente de ambos é de 2,5.

O resultado da aplicação da metodologia apresentada, com valores de 2007, fornecidos pelo


IBGE, está exposto no gráfico a seguir.

Fator Inverso do PIB per Capita


3,00

2,50

2,00

1,50

1,00

0,50

-
DF SP RJ ES SC RS PR MT AM MG MS GO RR RO AP TO AC SE BA RN PE PA CE PB AL MA PI

A tabela de inverso de renda per capita resulta em um somatório de coeficientes diferente de


100%. Para os dados de 2007 esta soma é de 40,3. Esta diferença será tratada a seguir.

COEFICIENTE INDIVIDUAL DE PARTICIPAÇÃO


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O coeficiente individual de participação é a composição entre os fatores de população e renda


per capita, obtido por meio da multiplicação destes e em seguida normalizado para que a soma
dos percentuais resultantes seja 100%.

CoeficienteIndividualdeParticipação = FatorPopulação × FatorInversode Re nda

A normalização é feita multiplicando-se o resultado obtido na equação acima pela razão entre
100% e o somatório dos coeficientes obtidos pela multiplicação dos fatores de população e
inverso de renda per capita. Para os dados de 2007, a equação é ajustada da seguinte forma:

100%
CoeficienteIndividualdeParticipação( Final) = CoeficienteIndividualdeParticipação×
140,7%
COEFICIENTE FPE

Finalmente, os recursos do FPE serão distribuídos proporcionalmente ao coeficiente de


superfície, com peso de 5%, e ao coeficiente individual de participação com 95%, conforme a
equação a seguir:

Coeficiente _ FPE _ Estado = 5% Fator _ Superfície + 95%CoeficienteIndividualdeParticipação


Aplicando-se a metodologia aos valores de 2007, obtém-se os seguintes coeficientes:

CTN APLICADO AOS DADOS DE 2007


ESTADOS LC 62/89 CTN VARIAÇÃO (p.p.) VARIAÇÃO (%)

ACRE AC 3,42100 2,2502 -1,17 -34,22


ALAGOAS AL 4,16010 3,3923 -0,77 -18,46
AMAPÁ AP 3,41200 1,9744 -1,44 -42,13
AMAZONAS AM 2,79040 2,5428 -0,25 -8,87
BAHIA BA 9,39620 10,0544 0,66 7,01
CEARÁ CE 7,33690 8,0209 0,68 9,32
DISTRITO FEDERAL DF 0,69020 0,5436 -0,15 -21,25
ESPÍRITO SANTO ES 1,50000 1,1074 -0,39 -26,18
GOIÁS GO 2,84310 2,7925 -0,05 -1,78
MARANHÃO MA 7,21820 6,1029 -1,12 -15,45
MATO GROSSO MT 2,30790 1,8808 -0,43 -18,50
MATO GROSSO DO SUL MS 1,33200 1,8302 0,50 37,40
MINAS GERAIS MG 4,45450 8,4468 3,99 89,62
PARÁ PA 6,11200 6,2693 0,16 2,57
PARAÍBA PB 4,78890 3,4091 -1,38 -28,81
PARANÁ PR 2,88320 3,7631 0,88 30,52
PERNAMBUCO PE 6,90020 6,4046 -0,50 -7,18
PIAUÍ PI 4,32140 3,5237 -0,80 -18,46
RIO DE JANEIRO RJ 1,52770 4,6170 3,09 202,22
RIO GRANDE DO NORTE RN 4,17790 2,7318 -1,45 -34,61
RIO GRANDE DO SUL RS 2,35480 3,8115 1,46 61,86
RONDONIA RO 2,81560 2,0301 -0,79 -27,90
RORAIMA RR 2,48070 2,0223 -0,46 -18,48
SANTA CATARINA SC 1,27980 1,7845 0,50 39,43
SÃO PAULO SP 1,00000 4,1969 3,20 319,69
SERGIPE SE 4,15530 2,1735 -1,98 -47,69
TOCANTINS TO 4,34000 2,3236 -2,02 -46,46

18
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Participação FPE
12,00
10,05
10,00
8,45
8,02
8,00
6,10 6,27 6,40
6,00
4,62
3,81 4,20
4,00 3,39 3,41 3,52 3,76
2,73 2,79
2,25 2,32 2,54
1,78 1,83 1,88 1,97 2,02 2,03 2,17
2,00 1,11
0,54
-
DF ES SC MS MT AP RR RO SE AC TO AM RN GO AL PB PI PR RS SP RJ MA PA PE CE MG BA

Comparando-se os coeficientes atuais, estabelecidos pela LC 62/89, com os resultantes da


aplicação do CTN aos dados de 2007, há variações em todos os estados, com destaque para
Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro que teriam acréscimo de 3,99, 3,20 e 3,09 pontos
percentuais, respectivamente. Por outro lado, os estados do Tocantins e Sergipe teriam
decréscimo de 2,02 e 1,98 pontos percentuais, nesta ordem.

Variação dos Coeficientes (Pontos Percentuais)


5,00
3,99
4,00 3,09 3,20
3,00
2,00 1,46
0,88
1,00 0,50 0,50 0,66 0,68
-0,05 0,16
-
-0,15
-1,00 -0,50 -0,46 -0,43 -0,39 -0,25
-1,12 -0,80 -0,79 -0,77
-2,00 -1,45 -1,44 -1,38 -1,17
-2,02 -1,98
-3,00
TO SE RN AP PB AC MA PI RO AL PE RR MT ES AM DF GO PA MS SC BA CE PR RS RJ SP MG

A variação percentual sobre o valor recebido atualmente mantém as mesmas unidades


federadas entre as maiores variações positivas e negativas.

Variação dos Coeficientes (%)


319,7

350,0
300,0
202,2

250,0
200,0
150,0
89,6
61,9

100,0
39,4
37,4
30,5
-47,7

-46,5

-27,9
-34,6

-34,2

-26,2

-15,5
-42,1

-18,5
-28,8

-18,5

-18,5

50,0
-21,2

-18,5

-8,9

-7,2

9,3
7,0
2,6

0,0
-1,8

-50,0
-100,0
SE TO AP RN AC PB RO ES DF MT RR PI AL MA AM PE GO PA BA CE PR MS SC RS MG RJ SP

Avaliando a distribuição regional resultante da aplicação da metodologia introduzida pelo CTN


aos dados de 2007, verifica-se que a maior parte dos recursos (45,81%) é direcionada para a
região Nordeste, seguida pela Norte (19,41), Sudeste (18,37%), Sul (9,36%) e Centro-Oeste
(7,05).

19
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Comparando-se com a distribuição regional atual, as regiões Nordeste, Norte e Sudeste


continuariam sendo os maiores destinatários dos recursos, nesta ordem. No entanto, há
redução nos montantes para as regiões Nordeste e Norte em virtude, principalmente, da não
utilização das reservas regionais estabelecidas na lei complementar. As regiões Centro-Oeste e
Sul invertem a participação, pois atualmente a região Centro-Oeste tem participação de 7,17%
e passaria para 7,05%, enquanto o Sul passaria de 6,52% para 9,36%.

CTN
LC62/89
6,52
9,36 NORTE
8,48
NORDESTE NORTE
19,41
25,37 NORDESTE
18,37 CENTRO- OESTE 7,17
SUDESTE CENTRO- OESTE

SUL SUDESTE

7,05 SUL
45,81 52,46

S - SE S - SE
27,73 15,00

N - NE - CO N - NE - CO
72,27 85,00

APLICAÇÃO DAS RESERVAS REGIONAIS AO CTN

Seguindo a orientação de alguns dos Secretários, o GEFPE realizou simulações modificando a


metodologia delineada pelo CTN com a incorporação das reservas regionais trazidas pela LC
62/89, conforme segue:

“Art. 2° Os recursos do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal - FPE serão distribuídos da
seguinte forma:
I - 85% (oitenta e cinco por cento) às Unidades da Federação integrantes das regiões Norte, Nordeste
e Centro-Oeste;
II - 15% (quinze por cento) às Unidades da Federação integrantes das regiões Sul e Sudeste.”

A aplicação das reservas é realizada sobre os coeficientes finais apresentados na seção anterior.
Desta forma, os fatores de superfície, população e inverso de renda per capita não têm
modificação.

20
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Para obtenção dos coeficientes com reserva, multiplica-se o percentual atribuído à UF na


metodologia sem reservas pela razão entre o valor estabelecido pela LC 62/89 ao bloco e o
valor obtido pelo bloco no cálculo sem reservas.

- Regiões Sul e Sudeste:

15%
CoeficienteFPE _ COM _ Re servas = CoeficienteFPE _ SEM _ Re servas ×
27,73%

- Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste:

85%
CoeficienteFPE _ COM _ Re servas = CoeficienteFPE _ SEM _ Re servas ×
72,27%

Os coeficientes resultantes da aplicação das reservas regionais ao modelo do CTN, para os


dados de 2007, estão expostos na tabela e no gráfico a seguir.

ESTADOS LC 62/89 CTN COM RESERVAS VARIAÇÃO (p.p.) VARIAÇÃO (%)

ACRE AC 3,42100 2,6465 -0,77 -22,64


ALAGOAS AL 4,16010 3,9897 -0,17 -4,10
AMAPÁ AP 3,41200 2,3221 -1,09 -31,94
AMAZONAS AM 2,79040 2,9906 0,20 7,17
BAHIA BA 9,39620 11,8250 2,43 25,85
CEARÁ CE 7,33690 9,4334 2,10 28,57
DISTRITO FEDERAL DF 0,69020 0,6393 -0,05 -7,38
ESPÍRITO SANTO ES 1,50000 0,5991 -0,90 -60,06
GOIÁS GO 2,84310 3,2842 0,44 15,51
MARANHÃO MA 7,21820 7,1776 -0,04 -0,56
MATO GROSSO MT 2,30790 2,2121 -0,10 -4,15
MATO GROSSO DO SUL MS 1,33200 2,1525 0,82 61,60
MINAS GERAIS MG 4,45450 4,5696 0,12 2,58
PARÁ PA 6,11200 7,3733 1,26 20,64
PARAÍBA PB 4,78890 4,0095 -0,78 -16,28
PARANÁ PR 2,88320 2,0358 -0,85 -29,39
PERNAMBUCO PE 6,90020 7,5324 0,63 9,16
PIAUÍ PI 4,32140 4,1442 -0,18 -4,10
RIO DE JANEIRO RJ 1,52770 2,4977 0,97 63,50
RIO GRANDE DO NORTE RN 4,17790 3,2128 -0,97 -23,10
RIO GRANDE DO SUL RS 2,35480 2,0620 -0,29 -12,44
RONDONIA RO 2,81560 2,3875 -0,43 -15,20
RORAIMA RR 2,48070 2,3784 -0,10 -4,12
SANTA CATARINA SC 1,27980 0,9654 -0,31 -24,57
SÃO PAULO SP 1,00000 2,2705 1,27 127,05
SERGIPE SE 4,15530 2,5562 -1,60 -38,48
TOCANTINS TO 4,34000 2,7328 -1,61 -37,03

PARTICIPAÇÃO FPE - CTN COM RESERVAS


14,00 11,82
12,00
9,43
10,00
8,00
7,18 7,37 7,53
6,00 3,99 4,01 4,14 4,57
2,99 3,21 3,28
4,00 2,04 2,06 2,15 2,21 2,27 2,32 2,38 2,39 2,50 2,56 2,65 2,73
2,00 0,60 0,64 0,97
0,00
ES DF SC PR RS MS MT SP AP RR RO RJ SE AC TO AM RN GO AL PB PI MG MA PA PE CE BA

21
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As variações nos coeficientes, comparativamente à LC 62, em pontos percentuais (p.p.), com a


aplicação das reservas regionais ao modelo original do CTN, resultariam em incrementos para
10 UF’s, com destaque para os estados da Bahia, com 2,43, do Ceará, com 2,10 e São Paulo com
1,27 p.p. . As 17 UF’s restantes têm decréscimos em seus coeficientes, com valores mais
negativos para os estados do Tocantins e Sergipe, com 1,61 e 1,60 p.p, respectivamente.

Variação dos Coeficientes (Pontos Percentuais)


3,00 2,43
2,50 2,10
2,00
1,50
1,26 1,27
0,82 0,97
1,00 0,44 0,63
0,50 0,12 0,20
0,00
-0,50 -0,18 -0,17 -0,10 -0,10 -0,05 -0,04
-1,00 -0,43 -0,31 -0,29
-0,97 -0,90 -0,85 -0,78 -0,77
-1,50 -1,09
-2,00 -1,61 -1,60
TO SE AP RN ES PR PB AC RO SC RS PI AL RR MT DF MA MG AM GO PE MS RJ PA SP CE BA

Em termos percentuais, as Unidades da Federação mais impactadas positivamente são: São


Paulo (127,05%), Rio de Janeiro (63,50%) e Mato Grosso do Sul (61,60%). Negativamente, os
estados mais impactados são Espírito Santo (-60,05%), Sergipe (-38,48%) e Tocantins (-37,03).
Os valores para todas as UF’s estão apresentados no gráfico a seguir.

Variação dos Coeficientes (%)

127,05
150,00

63,50
61,60
100,00

28,57
25,85
20,64
-31,94

-15,20
-38,48

-23,10

15,51
-24,57

-12,44
-22,64
-60,06

-37,03

-16,28
-29,39

-4,15

-4,10
-4,12
-7,38

-4,10

9,16

50,00
-0,56

7,17
2,58

0,00

-50,00

-100,00
ES SE TO AP PR SC RN AC PB RO RS DF MT RR PI AL MA MG AM PE GO PA BA CE MS RJ SP

Conforme apresentado nos gráficos dos coeficientes por região a seguir, a nova distribuição
tem a região Nordeste com 53,88% dos recursos, seguida pela região Norte com 22,83%, a
Sudeste com 9,94%, a Centro-Oeste com 8,29% e, por fim, a Sul com 5,06%.

A variação em relação à distribuição atual é de 1,43 pontos percentuais para a região Nordeste,
de - 2,54 p.p. para a região Norte, de 1,45 p.p. para a região Sudeste, de 1,11 p.p. para a região
do Centro-Oeste e de – 1,45% para a região Sul.

LC 62/89 CTN COM RESERVAS

6,52 5,06 NORTE


NORTE
8,48 9,94 NORDESTE
NORDESTE 22,83
25,37 CENTRO-OESTE
7,17 CENTRO-OESTE 8,29
SUDESTE
SUDESTE
SUL
SUL

52,46 53,88

22
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4 Modelo de Equalização

A Equalização pode ser entendida como um modelo que orienta a distribuição de recursos do
FPE de forma a diminuir as desigualdades de receita orçamentária per capita dos governos
participantes1.

O ponto de partida é o levantamento da receita de cada UF (comportando variações, como:


receita própria, receita corrente, corrente livre, receita corrente total, etc.), em termos per
capita. Então, o montante de recursos a ser distribuído é utilizado para aproximar a capacidade
de gasto per capita entre os estados. A redução ou até mesmo a eliminação das diferenças
entre elas depende do volume de recursos a distribuir e do grau de redistributividade utilizado
para nivelar a capacidade de gasto.

4.1. Lógica do Modelo

Segundo a ótica da equalização, as fontes de financiamento do orçamento estadual devem ser


vistas em conjunto. Receitas tributárias, receitas patrimoniais, compensações financeiras pela
exploração de recursos naturais, transferências recebidas da União, contribuem, em diferentes
graus, para colocar os estados em condições de suportar um determinado nível de gasto
público.

Como não há equilíbrio de renda e condições econômicas, o potencial de gerar receita


tributária, esteio dos sistemas inspirados no conceito de autonomia, se distribui desigualmente
na federação. Nessas circunstâncias, cabe ao FPE, tanto quanto possível, promover o equilíbrio
na capacidade de gasto dos estados.

A leitura direta dos valores orçamentários deve, assim, revelar uma ordem de carência entre os
estados, que orienta a partilha do Fundo.

1
O Modelo de Equalização, tal como foi considerado no âmbito do GEFPE, é pormenorizadamente descrito no
seguinte estudo:
• Prado, Sérgio; Silva, Alessandro M.;Fagundes, Fernando de Castro; Pereira, Rivael Aguiar. Transferências
intergovernamentais na federação brasileira - avaliação e alternativas de reforma. Fórum Fiscal dos
Estados Brasileiros. Brasília, 2006.
http://www.esaf.fazenda.gov.br/esafsite/cursos_presenciais/Forum_s/FFEB_Caderno_n_6.pdf.
O relatório a seguir identificado é um exemplo de abordagens próximas, que seguem a concepção de equalização
de receitas, sem, necessariamente, acompanhar todos os desdobramentos propostos no modelo de referência:
• Mendes, Marcos. Fundo de Participação dos s: sugestão de novos critérios de partilha que atendam
determinação do STF. Assessoria do Senado Federal. Brasília. Junho de 2011.
http://www.senado.gov.br/senado/conleg/textos_discussao/TD96-MarcosMendes.pdf

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4.2. Considerações iniciais sobre os elementos-chave do modelo

i. Receita orçamentária: pode envolver a totalidade da receita ou o somatório de alguns


itens representativos (por exemplo, receitas tributárias e transferências não
vinculadas).

ii. Valores per capita: foi considerada a população total de cada estado para a obtenção
dos valores orçamentários per capita.

iii. Tratamento das desigualdades: os estados com menor receita per capita recebem
proporcionalmente mais recursos do Fundo, de tal forma que sejam eliminadas ou
mitigadas as desigualdades de receita per capita após a partilha do FPE.

iv. Valor de Referência: nível de receita per capita que orienta a distribuição de recursos do
Fundo.

v. Conta Aberta: o tamanho do Fundo é aquele necessário para alcançar a equalização


plena. Logo, pressupõe que não existem restrições orçamentárias.

vi. Conta Fechada: o montante do Fundo é previamente definido. Logo, pode não ser
possível alcançar a equalização plena.

4.3. Objetivo: equalizar receita, critério de equidade adotado

Equalizar a receita orçamentária é o objetivo do Modelo. Admite-se que, dispondo da mesma


receita per capita, os estados ficam nivelados na sua capacidade de gasto. É um critério que não
contempla todas as nuances do contexto em que operam os governos estaduais. São
desconsideradas as diferenças de custo, associadas à extensão territorial e ao grau de
concentração metropolitana, dentre outros, e de demanda de serviços públicos, decorrentes,
por exemplo, do perfil da população (idosa ou em idade escolar).

Modelos de equalização são utilizados em federações como o Canadá, a Alemanha e a


Austrália, sendo que apenas esta última adota a prática de ponderar receitas, custos e
necessidades.

O objetivo do Modelo de Equalização adotado é, assim, elevar as receitas orçamentárias per


capita em direção ao Valor de Referência. Este valor distingue os estados em dois grupos:

• Estados com receita per capita inferior ao Valor de Referência: receberão recursos do
FPE, no montante necessário para igualar a receita per capita de cada um ao Valor de

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Referência. Como o valor do Fundo é definido, os recursos podem ser insuficientes para
a equalização plena, hipótese na qual os índices de participação serão calculados
proporcionalmente.

• Estados com receita per capita igual ou superior ao Valor de Referência: não receberão
recursos do FPE.

4.4. Receita potencial x receita efetiva

A receita tributária com certeza deverá compor, e com destaque, a receita base considerada
para efeito de equalização. Trata-se, porém, de um item de receita que também pode oferecer
obstáculos à comparação entre os estados, uma vez que os governos não necessariamente
padronizam suas decisões quanto às alíquotas de imposto, admissão de benefícios fiscais e
outros aspectos que determinam o nível de sua receita.

Em outros termos, os estados podem exercer de diferentes maneiras a sua competência para
legislar no campo tributário, enquanto a equalização pressupõe uma uniformização da
exploração das bases de incidência. Do contrário, um estado que, por exemplo, aliviasse a carga
tributária de seus contribuintes, praticando alíquotas inferiores à média nacional,
automaticamente se credenciaria a receber mais recursos do FPE, em detrimento dos demais.

Para contornar esses inconvenientes, uma solução é substituir a receita tributária efetiva,
constante dos registros contábeis, pela receita tributária potencial, obtida da aplicação de um
mesmo padrão de regras tributárias à base de incidência dos diferentes estados. Embora
tentadora, por sua consistência conceitual, a solução costuma esbarrar em dificuldades de
ordem prática, decorrentes da complexidade do sistema tributário e da base de dados que
demanda. Para ser convenientemente encaminhada, a apuração da receita potencial depende
da construção de modelos robustos o suficiente para despertar a confiança em seus resultados.
Um sistema tributário harmônico facilita o cálculo da receita potencial.

4.5. Receita base utilizada na equalização

O universo de receitas correntes, que normalmente financiam o custeio, cumpre usualmente o


papel de receita a ser equalizada. Uma questão importante é definir se todas as receitas
correntes ou apenas uma parte delas devem compor a receita base. Uma vez que as
transferências vinculadas, como o SUS e o FUNDEB, financiam programas nacionais, com
critérios próprios de repartição de responsabilidades e recursos, não devem compor a receita
base. Da mesma forma, deve-se subtrair as transferências obrigatórias a outros membros da
federação (por exemplo, cota-parte municipal do ICMS e IPVA). Logicamente, a cota-parte do
FPE não pode ser considerada, porque é a própria variável a ser calculada.

Em face do acima exposto, foi construído o conceito de receita corrente livre, que pode ser
representado da seguinte forma:

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Receita corrente própria (tributária, patrimonial, agropecuária, industrial e de


serviços, sem considerar a receita de contribuições)
(+) Transferências não vinculadas da União (sem considerar a cota-parte do FPE)
(-) Transferências constitucionais e legais aos municípios
---------------------------------------------------------------------------------------
(=) Receita corrente livre

Um exemplo de como aplicar esse conceito, apurando a receita corrente livre a partir dos
quadros contábeis divulgados pela Secretaria do Tesouro Nacional – STN, pode ser observado
na seguinte proposta:

Receita Tributária
(+) Receita Patrimonial
(+) Receita Agropecuária
(+) Receita Industrial
(+) Cota-parte do FPM (DF)
(+) Cota-parte do ITR (DF)
(+) Cota-parte do IPI-EXP
(+) Cota-parte IOF- Ouro
(+) Cota-parte CFRH
(+) Cota-parte CFEM
(+) Cota-parte Royalties
(+) Cota-parte Royalties Excedente da Produção de Petróleo
(+) Cota-parte Royalties pela Participação Especial
(+) Outras receitas decorrentes de compensação financeira (recursos naturais)
(+) Transferência Financeira ICMS Desoneração
(+) Outras Transferências da União
(+) Outras Transferências dos Estados
(+) Outras Transferências dos Municípios
(+) Outras Transferências Multi-governamentais
(+) Outras Receitas Correntes
(-) Transferências aos Municípios (Dívida Ativa / acessórios)
(-) Transferências aos Municípios ICMS
(-) Transferências aos Municípios IPVA
(-) Transferências aos Municípios IPI Exportação
(-) Dedução de Receita de IPVA para formação do FUNDEB
(-) Dedução de Receita de ITCD para formação do FUNDEB
(-) Dedução de Receita de ICMS para formação do FUNDEB
(-) Dedução de Receita do FPM FUNDEB Redutor Financeiro (DF)
(-) Dedução de Receita para formação do FUNDEB ITR (DF)
(-) Dedução de Receita para formação do FUNDEB IPI Exportação
(-) Dedução de Receita para formação do FUNDEB ICMS desoneração
(-) Dedução de Receita para formação do FUNDEB Dívida Ativa e Juros do ICMS
-----------------------------------------------------------------------------------------------------
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(=) Receita corrente livre

4.6. Valor de Referência x Máxima Redistributividade

O Valor de Referência é uma escolha. É uma das mais importantes no desenho de um Modelo
de Equalização, revelando a preferência do legislador sobre a forma mais conveniente de
tratamento das desigualdades.

Há dois resultados particulares do Modelo que, por suas características, merecem ser
destacados. Um primeiro caso é a condição de “máxima redistributividade”, aquela em que os
recursos são distribuídos prioritariamente aos que dispõem de menor receita base per capita,
de tal forma que a receita per capita entre eles seja unificada, no maior valor possível. Com
restrição orçamentária, em sistema de conta fechada, há um único Valor de Referência que
produz esse resultado, dados os parâmetros de população e receita orçamentária dos estados,
combinados com um determinado montante do Fundo. Nada impede que se eleja a “máxima
redistributividade” como critério de um sistema de equalização. Nesse caso, o Valor de
Referência é um resultado endógeno ao modelo, aquele que produz os resultados típicos dessa
condição.

A escolha da máxima redistributividade implica na ausência de um ou mais estados da partilha


do FPE. Em contraponto, o segundo caso particular a ser destacado é aquele em que o Valor de
Referência escolhido comporta a ampla distribuição de recursos, de tal forma que os
coeficientes de participação no fundo sejam, sem exceção, maiores do que zero. Para tanto, ele
deve superar a maior receita base per capita observada na federação, para que até mesmo o
estado com a receita base per capita mais elevada seja contemplado com algum recurso do
fundo.

Entre essas duas situações especiais, há Valores de Referência intermediários que pressupõem
um grau maior ou menor de redistributividade e de participação dos estados na partilha.

4.7. Critérios e base de dados

Os Modelos de Equalização apresentados neste relatório foram construídos de acordo com as


seguintes definições:

• Adotado o critério de equalização de receitas (cf. item 4.3)


• Base de dados corresponde à receita efetiva, dada a dificuldade de se construir e
calcular, em tempo hábil, um modelo de apuração de receita potencial (cf. item 4.4)
• A receita orçamentária escolhida para equalizar é a receita corrente livre (cf. item 4.5)

Os critérios selecionados foram aplicados à seguinte base de dados:


• Receita orçamentária de 2008 (fonte: Secretaria do Tesouro Nacional - STN, com ajustes
e retificações)
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• População residente em 2009 (fonte: IBGE)

O quadro a seguir apresenta os dados por estado, em ordem crescente de receita per capita:
valores em R$

Receita Corrente Receita Per


Estado População % População
Livre Capita
Piauí 1.049.594.489 3.119.697 1,6% 336,44
Maranhão 2.226.670.824 6.305.539 3,3% 353,13
Alagoas 1.415.133.984 3.127.557 1,6% 452,47
Ceará 3.859.978.680 8.450.527 4,5% 456,77
Paraíba 1.811.015.768 3.742.606 2,0% 483,89
Pará 3.845.310.612 7.321.493 3,9% 525,21
Bahia 8.264.365.447 14.502.575 7,6% 569,86
Pernambuco 4.982.765.773 8.734.194 4,6% 570,49
Amapá 424.877.519 613.164 0,3% 692,93
Rio Grande do Norte 2.158.630.007 3.106.430 1,6% 694,89
Acre 479.952.486 680.073 0,4% 705,74
Sergipe 1.456.382.098 1.999.374 1,1% 728,42
Tocantins 986.023.469 1.280.509 0,7% 770,02
Roraima 334.404.507 412.783 0,2% 810,12
Santa Catarina 5.809.802.663 6.052.587 3,2% 959,89
Paraná 10.358.516.049 10.590.169 5,6% 978,13
Goiás 6.029.468.367 5.844.996 3,1% 1.031,56
Minas Gerais 21.424.688.437 19.850.072 10,5% 1.079,33
Rondônia 1.613.770.807 1.493.566 0,8% 1.080,48
Amazonas 3.611.548.641 3.341.096 1,8% 1.080,95
Rio Grande do Sul 12.392.774.551 10.855.214 5,7% 1.141,64
Mato Grosso 3.816.632.284 2.957.732 1,6% 1.290,39
Mato Grosso do Sul 3.377.831.222 2.336.058 1,2% 1.445,95
São Paulo 64.055.135.724 41.011.635 21,6% 1.561,88
Rio de Janeiro 27.746.988.435 15.872.362 8,4% 1.748,13
Espírito Santo 6.222.103.078 3.453.648 1,8% 1.801,60
Distrito Federal 7.202.589.084 2.557.158 1,3% 2.816,64
Total 206.956.955.005 189.612.814 100,0% 1.091,47
As transferências da União aos estados por conta do FPE, alcançaram o montante de R$
46.849.561.647,76 em 2008 (Fonte: STN).

4.8. Equalização em duas etapas

A Equalização em duas etapas foi uma solução concebida para acomodar a opção de privilegiar
fortemente os estados com maior carência de recursos, garantindo, porém, a presença de
todos na partilha.

O mecanismo pode ser representado pelo seguinte roteiro:

• Aplica-se o critério de Máxima Redistributividade (ver item 4.6) a um montante que


represente uma parcela significativa do FPE;

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• As cotas-parte obtidas são somadas à receita orçamentária inicial de cada estado,


apurando-se novos valores per capita;
• A partir dessa nova base, aplica-se a Equalização ao valor complementar do FPE,
considerando-se um Valor de Referência superior à maior receita per capita observada
na federação;
• Os coeficientes de participação são apurados com base no cômputo das parcelas
resultantes de ambas as etapas.

4.9. Modelo de Equalização Básico

Esse modelo foi apresentado aos secretários de fazenda por ocasião da reunião do CONFAZ em
março de 2011, no Rio de Janeiro. É a equalização em duas etapas (cf. item 4.8), com a adoção
dos seguintes parâmetros:
• 1ª Etapa: critério de Máxima Redistributividade para 80% do FPE
• 2ª Etapa: Valor de Referência = 110% da maior receita per capita da federação (em
2008, a do Distrito Federal), critério aplicado para o saldo remanescente (20%)

1ª Etapa

A parcela do Fundo a ser equalizada (80% de R$ 46,8 bilhões) alcança os resultados de máxima
redistributividade para o Valor de Referência igual a R$ 1.081,88.

Como se pode observar no quadro apresentado a seguir, nesta primeira etapa vinte estados
recebem recursos do FPE. Têm receita per capita superior ao Valor de Referência, Rio Grande
do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Distrito
Federal, que ficam automaticamente excluídos da partilha, nessa fase. Os resultados obtidos
com a distribuição parcial do FPE são utilizados para o cálculo da etapa subsequente.

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Sistema de Conta Fechada

valores em R$
Receita
Receita + FPE
Estado Orçamentária + Cota FPE Coeficiente FPE
Per Capita
Cota FPE
Piauí 3.375.142.097 1.081,88 2.325.547.609 6,2%
Maranhão 6.821.845.239 1.081,88 4.595.174.414 12,3%
Alagoas 3.383.645.685 1.081,88 1.968.511.701 5,3%
Ceará 9.142.467.818 1.081,88 5.282.489.137 14,1%
Paraíba 4.049.055.746 1.081,88 2.238.039.979 6,0%
Pará 7.920.986.955 1.081,88 4.075.676.343 10,9%
Bahia 15.690.065.863 1.081,88 7.425.700.416 19,8%
Pernambuco 9.449.361.863 1.081,88 4.466.596.091 11,9%
Amapá 663.370.715 1.081,88 238.493.196 0,6%
Rio Grande do Norte 3.360.788.777 1.081,88 1.202.158.770 3,2%
Acre 735.758.316 1.081,88 255.805.830 0,7%
Sergipe 2.163.085.503 1.081,88 706.703.406 1,9%
Tocantins 1.385.358.845 1.081,88 399.335.376 1,1%
Roraima 446.582.242 1.081,88 112.177.735 0,3%
Santa Catarina 6.548.181.180 1.081,88 738.378.516 2,0%
Paraná 11.457.306.659 1.081,88 1.098.790.610 2,9%
Goiás 6.323.592.342 1.081,88 294.123.975 0,8%
Minas Gerais 21.475.423.301 1.081,88 50.734.863 0,1%
Rondônia 1.615.861.246 1.081,88 2.090.439 0,0%
Amazonas 3.614.669.553 1.081,88 3.120.912 0,0%
Rio Grande do Sul 12.392.774.551 1.141,64 0 0,0%
Mato Grosso 3.816.632.284 1.290,39 0 0,0%
Mato Grosso do Sul 3.377.831.222 1.445,95 0 0,0%
São Paulo 64.055.135.724 1.561,88 0 0,0%
Rio de Janeiro 27.746.988.435 1.748,13 0 0,0%
Espírito Santo 6.222.103.078 1.801,60 0 0,0%
Distrito Federal 7.202.589.084 2.816,64 0 0,0%
Total 244.436.604.323 1.289,14 37.479.649.318 100,0%

2ª Etapa

Ao saldo remanescente (20% do FPE), aplica-se a equalização, considerando-se o Valor de


Referência de R$ 3.098,30, que corresponde a 110% da maior receita base per capita da
federação em 2008 (Distrito Federal).

Nesta etapa, por força do critério escolhido, todos os estados participarão da partilha. Ainda
assim, esta etapa da equalização beneficiará aqueles com menor receita per capita.

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Sistema de Conta Fechada

valores em R$
Receita
Receita + FPE
Estado Orçamentária + Cota FPE Coeficiente FPE
Per Capita
Cota FPE
Piauí 3.546.965.709 1.136,96 171.823.611 1,8%
Maranhão 7.169.135.531 1.136,96 347.290.292 3,7%
Alagoas 3.555.902.202 1.136,96 172.256.517 1,8%
Ceará 9.607.897.654 1.136,96 465.429.837 5,0%
Paraíba 4.255.187.328 1.136,96 206.131.582 2,2%
Pará 8.324.232.965 1.136,96 403.246.010 4,3%
Bahia 16.488.824.463 1.136,96 798.758.600 8,5%
Pernambuco 9.930.415.233 1.136,96 481.053.370 5,1%
Amapá 697.141.960 1.136,96 33.771.245 0,4%
Rio Grande do Norte 3.531.881.682 1.136,96 171.092.904 1,8%
Acre 773.214.710 1.136,96 37.456.394 0,4%
Sergipe 2.273.205.063 1.136,96 110.119.560 1,2%
Tocantins 1.455.885.463 1.136,96 70.526.619 0,8%
Roraima 469.317.099 1.136,96 22.734.857 0,2%
Santa Catarina 6.881.539.629 1.136,96 333.358.450 3,6%
Paraná 12.040.581.599 1.136,96 583.274.940 6,2%
Goiás 6.645.517.298 1.136,96 321.924.956 3,4%
Minas Gerais 22.568.706.095 1.136,96 1.093.282.794 11,7%
Rondônia 1.698.122.409 1.136,96 82.261.163 0,9%
Amazonas 3.798.687.161 1.136,96 184.017.608 2,0%
Rio Grande do Sul 12.972.928.062 1.195,09 580.153.511 6,2%
Mato Grosso 3.962.690.181 1.339,77 146.057.897 1,6%
Mato Grosso do Sul 3.483.263.739 1.491,09 105.432.517 1,1%
São Paulo 65.776.242.082 1.603,84 1.721.106.359 18,4%
Rio de Janeiro 28.332.343.297 1.785,01 585.354.862 6,2%
Espírito Santo 6.344.425.623 1.837,02 122.322.545 1,3%
Distrito Federal 7.222.262.416 2.824,33 19.673.332 0,2%
Total 253.806.516.653 1.338,55 9.369.912.330 100,0%

4.10. Apuração dos coeficientes de participação

Os coeficientes finais de participação são obtidos a partir da soma, por estado, das cotas
calculadas em cada uma das etapas.

O próximo quadro exibe os resultados da aplicação do modelo, com destaque para o


Coeficiente de Participação, por estado, que corresponde ao resultado final da simulação.

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Sistema de Conta Fechada

valores em R$
Cota FPE Cota FPE
Estado Soma das Cotas Coeficiente FPE
Etapa 1 Etapa 2
Piauí 2.325.547.609 171.823.611 2.497.371.220 5,3%
Maranhão 4.595.174.414 347.290.292 4.942.464.706 10,5%
Alagoas 1.968.511.701 172.256.517 2.140.768.218 4,6%
Ceará 5.282.489.137 465.429.837 5.747.918.974 12,3%
Paraíba 2.238.039.979 206.131.582 2.444.171.561 5,2%
Pará 4.075.676.343 403.246.010 4.478.922.353 9,6%
Bahia 7.425.700.416 798.758.600 8.224.459.016 17,6%
Pernambuco 4.466.596.091 481.053.370 4.947.649.460 10,6%
Amapá 238.493.196 33.771.245 272.264.441 0,6%
Rio Grande do Norte 1.202.158.770 171.092.904 1.373.251.674 2,9%
Acre 255.805.830 37.456.394 293.262.224 0,6%
Sergipe 706.703.406 110.119.560 816.822.965 1,7%
Tocantins 399.335.376 70.526.619 469.861.994 1,0%
Roraima 112.177.735 22.734.857 134.912.592 0,3%
Santa Catarina 738.378.516 333.358.450 1.071.736.966 2,3%
Paraná 1.098.790.610 583.274.940 1.682.065.550 3,6%
Goiás 294.123.975 321.924.956 616.048.931 1,3%
Minas Gerais 50.734.863 1.093.282.794 1.144.017.658 2,4%
Rondônia 2.090.439 82.261.163 84.351.602 0,2%
Amazonas 3.120.912 184.017.608 187.138.520 0,4%
Rio Grande do Sul - 580.153.511 580.153.511 1,2%
Mato Grosso - 146.057.897 146.057.897 0,3%
Mato Grosso do Sul - 105.432.517 105.432.517 0,2%
São Paulo - 1.721.106.359 1.721.106.359 3,7%
Rio de Janeiro - 585.354.862 585.354.862 1,2%
Espírito Santo - 122.322.545 122.322.545 0,3%
Distrito Federal - 19.673.332 19.673.332 0,0%
Total 37.479.649.318 9.369.912.330 46.849.561.648 100,0%
Em quatro estados, o Coeficiente supera 10%: Bahia (17,6%), Ceará (12,3%), Pernambuco
(10,6%) e Maranhão (10,5%), enquanto o Pará fica em um nível muito próximo (9,6%). Todos
eles são estados populosos, com receita per capita significativamente inferior à média nacional.
Entre os estados com coeficiente abaixo de 1%, predominam os que possuem peso ainda
menor na população: Roraima (0,2% da população e Coeficiente FPE de 0,3%), Amapá (0,3% e
0,6%, respectivamente), Acre (0,4% e 0,6%). Já o Espírito Santo e o Distrito Federal têm, cada
qual, mais do que 1% da população, logo o que determina o Coeficiente inferior é a elevada
receita per capita.

Outra forma de visualizar os resultados do Modelo, o gráfico Receita per capita retrata duas
séries, antes (receita-base) e após a equalização.

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Os estados com relativamente menos recursos, que participaram da partilha na primeira Etapa,
ao final de toda a Equalização alcançaram, todos, o resultado de R$ 1.136,96 per capita (receita
livre mais a cota-parte do FPE). A contribuição isolada do FPE é demonstrada pela distância
entre as duas curvas, que atinge o máximo no ponto inicial; isso significa que, em termos per
capita, é o Piauí quem mais receberá recursos do FPE (R$ 800,51), seguindo-se Maranhão,
Alagoas e Ceará. No outro extremo, para os que só participaram da segunda fase (Rio Grande
do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Distrito
Federal), o impacto per capita da cota-parte do FPE é bastante modesto – ES com R$ 35,62 e DF
com R$ 7,69 recebem o menor valor - como sinaliza a proximidade entre as duas curvas.

4.11. Comparação com a distribuição atual do FPE

Em comparação com os índices de participação fixados na LC 62/89, a aplicação do modelo em


exame redistribui os recursos do FPE, sobretudo em favor dos estados mais populosos do
nordeste, com baixa receita per capita.

Em situação inversa, estão alguns dos estados da região norte, que, no passado, foram
contemplados pelas regras do CTN que tendiam a favorecer os estados de população rarefeita.
O gráfico a seguir exibe todas as variações entre os coeficientes obtidos com o modelo e os
atualmente em vigor.

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Como se pode observar, a Bahia é contemplada com variação positiva de 8,2 pontos
percentuais, o que corresponde à diferença entre o Coeficiente do FPE segundo o Modelo de
Equalização (17,6%) e aquele fixado pela LC 62/89 (9,4%). No caso de Tocantins, o resultado é
negativo em 3,3 pontos percentuais.

4.12. Variações do Modelo de Equalização Básico

Com suas duas etapas, combinando máxima redistributividade e presença de todos os estados
na partilha, o Modelo de Equalização Básico comporta inúmeras variações. A simples
redistribuição do percentual do FPE equalizado em cada uma das etapas gera um novo
conjunto de resultados, cujo perfil, conforme a escolha, pode aprofundar a tendência do
modelo a favorecer os estados com menor receita base per capita ou dar mais peso à
distribuição ampla dos recursos.

Também é possível introduzir critérios específicos que limitem o coeficiente máximo ou que
não permitam reduções expressivas em relação aos coeficientes fixados na LC 62/89. Ambos os
casos são retratados a seguir.

4.12.1. Equalização com Coeficiente Máximo Limitado em 10%

Este modelo foi construído com os seguintes critérios:


- Equalização em duas Etapas, nos moldes do Modelo Básico;
- Quando o coeficiente resultante superar 10%, assume-se esse limite como o
coeficiente final;

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- Os recursos remanescentes são redistribuídos aos demais estados, de forma


proporcional à população.

∆ EM
Coeficiente RELAÇÃO AO
ESTADO Soma das Cotas
FPE COEFICIENTE
LC 62/89
Piauí 2.603.667.605 5,6% 28,31%
Maranhão 4.684.956.165 10,0% 38,22%
Alagoas 2.247.332.414 4,8% 15,04%
Ceará 4.684.956.165 10,0% 35,98%
Paraíba 2.571.692.114 5,5% 14,36%
Pará 4.684.956.165 10,0% 63,24%
Bahia 4.684.956.165 10,0% 11,01%
Pernambuco 4.684.956.165 10,0% 44,59%
Amapá 293.156.571 0,6% -81,70%
Rio Grande do Norte 1.479.096.017 3,2% -24,51%
Acre 316.434.122 0,7% -80,30%
Sergipe 884.946.962 1,9% -54,65%
Tocantins 513.492.346 1,1% -75,82%
Roraima 148.977.208 0,3% -87,21%
Santa Catarina 1.277.964.723 2,7% 112,65%
Paraná 2.042.900.809 4,4% 50,89%
Goiás 815.203.510 1,7% -38,94%
Minas Gerais 1.820.362.471 3,9% -12,97%
Rondônia 135.241.373 0,3% -89,77%
Amazonas 300.978.558 0,6% -77,03%
Rio Grande do Sul 950.019.559 2,0% -14,08%
Mato Grosso 246.835.702 0,5% -77,22%
Mato Grosso do Sul 185.028.234 0,4% -70,42%
São Paulo 3.118.481.977 6,7% 564,10%
Rio de Janeiro 1.126.168.503 2,4% 56,98%
Espírito Santo 239.997.530 0,5% -65,93%
Distrito Federal 106.802.514 0,2% -67,05%
TOTAL 46.849.561.648

Os resultados constantes do quadro acima indicam que o limite de 10% foi atribuído não só aos
estados que superavam esse percentual no Modelo Básico (BA, CE, PE, MA), como também ao
Pará, que estava em região fronteiriça.

O gráfico Receita per capita para este modelo é apresentado a seguir. Nota-se o formato
irregular da curva relativa à série de dados após a equalização, decorrente do limite imposto ao
coeficiente máximo de participação.

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O gráfico das variações em pontos percentuais (entre os coeficientes obtidos com o modelo e
os previstos na LC 62/89) inclui São Paulo – beneficiado pela redistribuição dos recursos
remanescentes pelo critério populacional - no rol daqueles com resultados mais positivos (5,7
pontos percentuais), acompanhando destaques já conhecidos (PA, PE, MA e CE). A Bahia
acompanha esse grupo a uma certa distância, com variação positiva mais modesta, em razão da
proximidade de seu coeficiente atual (9,4%) com o limite fixado (10%). Os resultados mais
negativos são os de Tocantins com -3,4 pontos percentuais, Amapá e Acre, com -2,8, e
Rondônia com -2,5 pontos percentuais.

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4.12.2. Equalização com Redução Máxima (em relação à LC 62/89) Limitada em 20%

Este modelo foi construído com os seguintes critérios:

- Equalização em duas Etapas, nos moldes do Modelo Básico;

- Quando, para qualquer estado, o coeficiente resultante implicar em perda (em


comparação com o atribuído pela LC 62/89) maior do que 20%, adota-se o
coeficiente que respeitar esse limite;

- Como parâmetro auxiliar, é definido um crescimento máximo de 20% do


coeficiente resultante em relação ao da LC 62/89, índice que pode ser diminuído
para assegurar a redução máxima definida como objetivo e a distribuição completa
dos recursos do FPE.

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∆ EM
Coeficiente RELAÇÃO AO
ESTADO Soma das Cotas
FPE COEFICIENTE
LC 62/89
Piauí 2.383.723.903 5,09% 17,74%
Maranhão 3.981.625.370 8,50% 17,74%
Alagoas 2.100.459.705 4,48% 7,77%
Ceará 4.047.101.380 8,64% 17,74%
Paraíba 2.398.150.268 5,12% 6,89%
Pará 3.371.435.297 7,20% 17,74%
Bahia 5.183.030.161 11,06% 17,74%
Pernambuco 3.806.213.652 8,12% 17,74%
Amapá 1.278.805.635 2,73% -20,00%
Rio Grande do Norte 1.565.862.269 3,34% -20,00%
Acre 1.282.178.803 2,74% -20,00%
Sergipe 1.557.391.868 3,32% -20,00%
Tocantins 1.626.616.780 3,47% -20,00%
Roraima 929.757.661 1,98% -20,00%
Santa Catarina 705.949.426 1,51% 17,74%
Paraná 1.590.399.583 3,39% 17,74%
Goiás 1.065.583.910 2,27% -20,00%
Minas Gerais 1.669.530.979 3,56% -20,00%
Rondônia 1.055.277.006 2,25% -20,00%
Amazonas 1.045.832.135 2,23% -20,00%
Rio Grande do Sul 882.570.782 1,88% -20,00%
Mato Grosso 864.992.827 1,85% -20,00%
Mato Grosso do Sul 499.228.929 1,07% -20,00%
São Paulo 551.609.178 1,18% 17,74%
Rio de Janeiro 585.354.862 1,25% -18,21%
Espírito Santo 562.194.740 1,20% -20,00%
Distrito Federal 258.684.540 0,55% -20,00%
TOTAL 46.849.561.648

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Nesta alternativa de equalização, podemos perceber que as variações entre os coeficientes


tornam-se mais modestas. Destacam-se os estados da Bahia, Ceará, Maranhão e Pernambuco
com ganhos que não alcançam dois pontos percentuais, e os estados de Minas Gerais,
Tocantins e Rio Grande do Norte com maiores perdas.

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5 Modelo Redistributivo

O modelo chamado de redistributivo utiliza-se de variáveis sociais e econômicas para compor o


cálculo dos índices de repartição do FPE, com o objetivo de atender ao comando constitucional
de promover o equilíbrio socioeconômico entre as UF’s. Para tanto, foram seguidos os
seguintes passos:
- Eleger as variáveis a serem consideradas (sociais, econômicas, de custos, etc)
- Escolher os indicadores de cada variável
- Definir a metodologia de cálculo
- Atribuir pesos a cada variável

A seguir, são abordadas todas as variáveis que foram analisadas pelo grupo, explicitando a
simulação final referente ao modelo, com os índices de cada UF, além de gráficos ilustrativos.
Para melhor compreensão do histórico do desenvolvimento dos trabalhos, ver apêndice III.
Resumidamente, as orientações dos Secretários ao longo dos trabalhos foram a de
simplificação e de redução de impactos financeiros para as UF’s.

A simulação a seguir foi a última versão apresentada aos Secretários. Entretanto, conforme
orientação dos mesmos, foi feita a simplificação do modelo redistributivo, com redução do
número de variáveis e com a eliminação dos limites, travas e faixas (ver item 5.4). Este modelo
simplificado serviu de base para a construção do modelo misto (ver capítulo 6).

5.1. Variáveis analisadas:

TERRITORIAL: Justifica-se a utilização desta variável, porque, quanto maior a área geográfica do
Estado, maior a infraestrutura e os custos necessários para manter os serviços à população
(variável de custos). Foi utilizado como indicador a superfície ou área individual de cada UF. O
método de cálculo adotado foi o percentual individual em relação ao total Brasil, sem limites
mínimos ou máximos.
POPULAÇÃO: Justifica-se a utilização desta variável, porque, quanto maior a população, tanto
maior será a necessidade de recursos para fornecer serviços à sociedade (variável de custos).
Durante o desenvolvimento dos trabalhos, foi analisada a proposta de utilização de uma
“população qualificada”, que corresponderia a uma população de baixa renda (com renda per
capita inferior a ½ ou ¼ de salário mínimo). Adotou-se a “população qualificada” como sendo
aquela com renda per capita inferior a ½ salário mínimo. O método adotado foi o percentual da
população qualificada de cada UF em relação ao total Brasil.
IDS: Justifica-se a utilização desta variável, porque ela pretende avaliar o resultado das políticas
públicas adotadas, na redução das desigualdades sociais (variável social). No desenvolvimento
dos trabalhos, foram utilizados como indicadores o IDH (PNUD), com a utilização de dois
índices: 1) Distância do IDH individual para o maior IDH; 2) Evolução (variação) do IDH.
Entretanto, com a orientação dos Secretários de torná-lo independente de dados ou
informações de um órgão externo, decidiu-se calcular um índice batizado de Índice de
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Desenvolvimento Social - IDS, a ser calculado nos mesmos moldes do IDH, porém com a
metodologia antiga (vigente até 2010). Além disso, decidiu-se utilizar apenas a Distância do IDS
individual para o maior IDS. Foi adotado como limite máximo 8,0% por UF, sendo redistribuído
o excesso. Ao final, foi utilizado como limite mínimo 1,0% por UF.
RENDA PER CAPITA (RPC): Também considerada como variável social. O método adotado para
cálculo foi o inverso da RPC nos mesmos moldes do CTN, ou seja, com limites e faixas.
PIB: Justifica-se a utilização desta variável, porque ela mede o nível de desenvolvimento
econômico de cada UF (variável econômica). Decidiu-se utilizar como indicador o PIB de cada
UF. No desenvolvimento dos trabalhos, analisou-se a possibilidade de utilizar um “PIB
industrial” ou de um “PIB qualificado” em vez do PIB total. No “PIB qualificado”, seriam levadas
em consideração apenas algumas parcelas do PIB (de acordo com as contas regionais do IBGE)
que deveriam fazer parte do cálculo. Por exemplo: agricultura, silvicultura e exploração
florestal; pecuária e pesca; indústria extrativa; indústria de transformação; construção civil;
produção e distribuição de energia elétrica e gás, água e esgoto; comércio e serviços de
manutenção e reparação, etc (que representam em torno de 50% do PIB). Foi utilizado o PIB
qualificado e adotado como limite máximo 8,0% por UF, sendo redistribuído o excesso. Ao final,
foi utilizado como limite mínimo 1,0% por UF.
INFRAESTRUTURA: Justifica-se a utilização desta variável, porque ela, por um lado, pretende
medir o grau de desenvolvimento de cada UF e, por outro, a necessidade de custos de
investimentos a serem feitos. Decidiu-se considerar esta variável como sendo do tipo
econômica, ou seja, de logística. A variável de saneamento não foi aprovada como variável
independente, pois já estaria incluída na variável de infraestrutura. Foram aprovados os
indicadores: rodovias pavimentadas, ferrovias, portos, aeroportos e energia. Entretanto, foram
usados apenas os dados relativos a rodovias pavimentadas, com ponderação por área. Foi
adotado como limite máximo 8,0% por UF, sendo redistribuído o excesso. Ao final, foi utilizado
como limite mínimo 1,0% por UF. Ressalta-se que a variável foi melhor estudada e incorporada
ao modelo misto, conforme capítulo 6.
AMBIENTAL: Também considerada variável do tipo econômica, justifica-se a utilização desta
variável pela restrição imposta a cada UF em utilizar algumas áreas para exploração econômica,
com reflexos no potencial de arrecadação. No desenvolvimento dos trabalhos, foram
considerados como indicadores as áreas indígenas e áreas de conservação da natureza (áreas
de proteção integral + áreas de uso sustentável). Posteriormente, analisou-se a possibilidade de
utilização, além das áreas que possuem restrição legal, das áreas com restrição efetiva, por
dificuldades na exploração, como é o caso das áreas de desertificação, áreas inundadas, etc.
Ficou decidido considerar apenas as áreas com restrição legal de exploração. O método de
cálculo adotado foi o percentual de área protegida em relação à área total do Estado, com
utilização de valores por faixa.
FINANCEIRA: A variável financeira foi proposta com a intenção de compensar as diferenças de
aplicações diretas, investimentos e repasses voluntários efetuados pelo Governo Federal a cada
unidade federada. Entretanto, a variável foi rejeitada.

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5.2. Atribuição de pesos para cada variável


Para fins de avaliação da importância relativa de cada variável (peso), utilizou-se o “Método de
Análise Hierárquica” de Thomas L. Saaty. A metodologia utiliza uma “árvore” e faz comparações
das variáveis, mediante pesquisa com perguntas, atribuindo pesos às variáveis consideradas. Os
pesos atribuídos por este método para cada variável refletem a percepção dos integrantes do
grupo. O sistema também possui uma avaliação de consistência para verificar a coerência dos
resultados (ver apêndice III). Desta forma, os pesos atribuídos às variáveis foram os seguintes:

VARIÁVEL PESO

ÁREA 4,56%

POPULAÇÃO QUALIFICADA 10,24%

DISTÂNCIA PARA O MAIOR IDS 50,04%

INVERSO DA RENDA PER CAPITA (RPC) 18,13%

INVERSO DO PIB QUALIFICADO 9,51%

AMBIENTAL 2,67%

INFRAESTRUTURA (RODOVIAS PAVIMENTADAS) 4,85%

5.3. Resultados
Com a aplicação destas variáveis e respectivos pesos, o modelo apresentou os seguintes
resultados (coeficientes apresentados na coluna “MODELO REDISTRIB”):

POP PIB MODELO


UF ÁREA QUALIF QUALIF RPC AMBIENTAL INFRA IDS REDISTRIB DIF VARIAÇÃO
AC 1,79% 1,00% 8,00% 3,97% 8,24% 8,00% 4,28% 4,41% 0,99% 29,05%
AL 0,33% 3,63% 6,44% 6,20% 2,35% 1,18% 6,35% 5,42% 1,26% 30,33%
AP 1,68% 1,00% 8,00% 3,47% 8,24% 8,00% 3,57% 3,96% 0,55% 16,14%
AM 18,45% 2,95% 2,11% 2,98% 8,24% 8,00% 3,71% 4,35% 1,56% 55,80%
BA 6,63% 8,00% 0,96% 4,47% 2,35% 3,73% 4,74% 4,64% -4,76% -50,61%
CE 1,75% 8,00% 2,32% 6,20% 1,18% 1,84% 5,39% 5,06% -2,28% -31,03%
DF 0,07% 1,00% 3,91% 0,99% 3,53% 0,44% 0,00% 0,77% 0,08% 12,00%
ES 0,54% 1,93% 1,55% 1,99% 2,35% 1,11% 2,82% 2,26% 0,76% 50,42%
GO 3,99% 2,74% 1,50% 2,98% 1,18% 2,59% 2,71% 2,66% -0,18% -6,47%
MA 3,90% 6,93% 3,26% 6,20% 3,53% 4,70% 6,28% 5,79% -1,43% -19,84%
MT 10,61% 1,52% 2,09% 2,48% 5,88% 8,00% 3,28% 3,48% 1,17% 50,58%
MS 4,19% 1,20% 3,91% 2,98% 2,35% 5,52% 2,50% 2,81% 1,47% 110,64%
MG 6,89% 8,00% 0,42% 2,98% 2,35% 2,17% 2,68% 3,22% -1,23% -27,72%
PA 14,65% 6,83% 2,02% 4,96% 8,24% 8,00% 4,21% 5,17% -0,94% -15,34%

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Secretaria-Executiva

PB 0,66% 3,83% 5,66% 6,20% 1,18% 1,55% 5,28% 4,83% 0,05% 0,94%
PR 2,34% 3,94% 0,60% 2,23% 2,35% 1,42% 1,93% 2,07% -0,82% -28,28%
PE 1,15% 8,00% 2,04% 4,96% 2,35% 1,41% 5,64% 4,92% -1,98% -28,73%
PI 2,95% 3,15% 8,00% 6,20% 2,35% 3,91% 5,71% 5,45% 1,13% 26,17%
RJ 0,51% 5,36% 0,44% 1,99% 2,35% 0,75% 1,71% 1,93% 0,40% 26,39%
RN 0,62% 2,86% 5,29% 4,96% 1,18% 1,20% 5,24% 4,44% 0,26% 6,22%
RS 3,31% 3,92% 0,58% 2,23% 1,18% 2,46% 1,89% 2,11% -0,25% -10,42%
RO 2,79% 1,00% 7,31% 3,47% 8,24% 8,00% 4,14% 4,23% 1,42% 50,35%
RR 2,63% 1,00% 8,00% 3,47% 8,24% 8,00% 4,21% 4,33% 1,85% 74,45%
SC 1,12% 1,35% 0,87% 1,99% 2,35% 1,38% 1,43% 1,48% 0,20% 15,35%
SP 2,92% 8,00% 0,13% 1,49% 1,18% 0,98% 1,53% 2,08% 1,08% 108,10%
SE 0,26% 1,85% 6,60% 3,97% 2,35% 1,04% 4,64% 3,98% -0,17% -4,15%
TO 3,26% 1,00% 8,00% 3,97% 4,71% 4,61% 4,14% 4,15% -0,19% -4,34%

Assim, as diferenças em pontos percentuais, em relação à distribuição atual da LC 62, são as


seguintes:

MODELO REDISTRIBUTIVO

10
DIFERENÇA EM PONTOS PERCENTUAIS

4
1,85
1,421,47 1,56
2 0,991,081,131,171,26
0,550,76
0,050,080,200,26 0,40
0
-0,25-0,19-0,18-0,17
-0,94-0,82
-2 -1,43-1,23
-1,98
-2,28
-4
-4,76
-6

-8

-10
BA CE PE MA MG PA PR RS TO GO SE PB DF SC RN RJ AP ES AC SP PI MT AL RO MS AM RR

Distribuição entre regiões:


N, NE e CO 84,86%
S e SE 15,14%
Perda global (2010): R$ 6,94 bilhões
Comparando-se os coeficientes atuais, estabelecidos pela LC 62/89, com os resultantes da
aplicação do Modelo Redistributivo, as maiores variações positivas em pontos percentuais
correspondem aos estados de Roraima (1,85 p.p.), Amazonas (1,56 p.p.) e Mato Grosso do Sul
(1,47 p.p.). Por outro lado, as maiores variações negativas correspondem aos estados da Bahia
(-4,76 p.p.), Ceará (-2,28 p.p.) e Pernambuco (-1,98 p.p.).
Em termos percentuais, as Unidades da Federação mais impactadas positivamente são: Mato
Grosso do Sul (110,64%), São Paulo (108,10%) e Roraima (74,45%). Negativamente, os estados
mais impactados são Bahia (-50,61%), Ceará (-31,03%) e Pernambuco (-28,73%).

43
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Conselho Nacional de Política Fazendária – CONFAZ
Secretaria-Executiva

Avaliando a distribuição regional resultante da aplicação da metodologia, verifica-se que a


maior parte dos recursos (44,53%) é direcionada para a região Nordeste, seguida pela Norte
(30,60%), Centro-Oeste (9,72%), Sudeste (9,49%) e Sul (5,66%).
Comparando-se com a distribuição regional atual, as regiões Nordeste e Norte continuariam
sendo os maiores destinatários dos recursos, nesta ordem. Apesar de não haver reservas
regionais, como acontece na LC 62/89, as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste continuariam
com quase 85% (84,86%) dos recursos do fundo.

5.4. Simplificação do modelo redistributivo


Seguindo orientações dos Secretários, buscou-se a simplificação do modelo, com a redução do
número de variáveis e a retirada dos limites, faixas e travas. Assim, restaram as seguintes
variáveis:

Área – área da UF sobre a área total do Brasil.


População – população total da UF sobre a população total do Brasil (em vez de utilizar a
população qualificada).
PIB – inverso do PIB total da UF (em vez de utilizar o PIB qualificado).
Renda per capita – Inverso da RPC da UF.

Com o propósito de minimizar a variação total dos coeficientes em relação aos atualmente
previstos pela LC 62 (impacto financeiro global), utilizou-se a ferramenta “solver” do Excel para
realizar os cálculos e efetuar a atribuição de pesos (ver apêndice). Os resultados são
apresentados a seguir:

VARIÁVEL PESO
ÁREA 0,85%
POPULAÇÃO 6,07%
PIB 0,00%
RENDA PER CAPITA (RPC) 93,08%

Ressalta-se que a opção de minimização das perdas levou à desconsideração da variável PIB
(atribuição do peso zero). Com a aplicação destas variáveis e respectivos pesos, o modelo
apresentou os seguintes resultados (coeficientes apresentados na coluna “MODELO
REDISTRIB”):

MODELO
UF ÁREA POP PIB RPC REDISTRIB DIF VARIAÇÃO
AC 1,79% 0,36% 13,75% 3,97% 3,73% 0,31% 9,11%
AL 0,33% 1,65% 4,45% 6,20% 5,88% 1,72% 41,27%
AP 1,68% 0,33% 13,15% 3,47% 3,27% -0,14% -4,23%
AM 18,45% 1,77% 1,88% 2,98% 3,04% 0,25% 8,80%
BA 6,63% 7,64% 0,72% 4,47% 4,68% -4,72% -50,22%
CE 1,75% 4,46% 1,57% 6,20% 6,06% -1,28% -17,41%
DF 0,07% 1,36% 0,79% 0,99% 1,01% 0,32% 45,90%

44
MINISTÉRIO DA FAZENDA
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Secretaria-Executiva

ES 0,54% 1,82% 1,31% 1,99% 1,96% 0,46% 30,85%


GO 3,99% 3,09% 1,21% 2,98% 2,99% 0,15% 5,28%
MA 3,90% 3,33% 2,51% 6,20% 6,01% -1,21% -16,75%
MT 10,61% 1,57% 1,86% 2,48% 2,50% 0,19% 8,11%
MS 4,19% 1,23% 2,82% 2,98% 2,88% 1,55% 116,36%
MG 6,89% 10,46% 0,33% 2,98% 3,47% -0,99% -22,21%
PA 14,65% 3,88% 1,60% 4,96% 4,98% -1,13% -18,53%
PB 0,66% 1,97% 3,57% 6,20% 5,90% 1,11% 23,19%
PR 2,34% 5,58% 0,49% 2,23% 2,44% -0,45% -15,47%
PE 1,15% 4,60% 1,27% 4,96% 4,91% -1,99% -28,87%
PI 2,95% 1,64% 5,60% 6,20% 5,90% 1,58% 36,50%
RJ 0,51% 8,36% 0,27% 1,99% 2,36% 0,83% 54,45%
RN 0,62% 1,64% 3,45% 4,96% 4,72% 0,55% 13,08%
RS 3,31% 5,70% 0,45% 2,23% 2,45% 0,10% 4,16%
RO 2,79% 0,79% 5,28% 3,47% 3,31% 0,49% 17,39%
RR 2,63% 0,22% 19,00% 3,47% 3,27% 0,79% 31,79%
SC 1,12% 3,20% 0,76% 1,99% 2,05% 0,77% 60,30%
SP 2,92% 21,61% 0,09% 1,49% 2,72% 1,72% 172,23%
SE 0,26% 1,05% 4,69% 3,97% 3,76% -0,39% -9,48%
TO 3,26% 0,67% 7,14% 3,97% 3,76% -0,58% -13,27%

Assim, as diferenças em pontos percentuais, em relação à distribuição atual da LC 62, são as


seguintes:

DIFERENÇA EM PONTOS PERCENTUAIS


2,00 1,55 1,58 1,72 1,72
1,11
0,77 0,79 0,83
1,00 0,46 0,49 0,54
0,10 0,15 0,19 0,25 0,31 0,32
0,00
-0,14
-1,00 -0,58-0,44-0,40
-0,98
-1,28-1,21-1,13
-2,00
-1,99
-3,00

-4,00

-5,00 -4,72

-6,00
BA PE CE MA PA MG TO PR SE AP RS GO MT AM AC DF ES RO RN SC RR RJ PB MS PI AL SP

Distribuição entre regiões:


N, NE e CO 82,55%
S e SE 17,45%
Perda global (2010): R$ 6,28 bilhões
Comparando-se os coeficientes atuais, estabelecidos pela LC 62/89, com os resultantes da
aplicação do Modelo Redistributivo Simplificado, as maiores variações positivas em pontos
percentuais correspondem aos estados de São Paulo (1,72 p.p.), Alagoas (1,72 p.p.) e Piauí
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Secretaria-Executiva

(1,58 p.p.). Por outro lado, as maiores variações negativas correspondem aos estados da Bahia
(-4,72 p.p.), Pernambuco (-1,99 p.p.) e Ceará (-1,28 p.p.).
Em termos percentuais, as Unidades da Federação mais impactadas positivamente são: São
Paulo (172,23%), Mato Grosso do Sul (116,36%), e Santa Catarina (60,30%). Negativamente, os
estados mais impactados são Bahia (-50,22%), Pernambuco (-28,87%) e Minas Gerais (-22,21%).
Avaliando a distribuição regional resultante da aplicação da metodologia, verifica-se que a
maior parte dos recursos (47,82%) é direcionada para a região Nordeste, seguida pela Norte
(25,36%), Sudeste (10,51%) Centro-Oeste (9,38%), e Sul (6,94%).
Comparando-se com a distribuição regional atual, as regiões Nordeste e Norte continuariam
sendo os maiores destinatários dos recursos, nesta ordem. Apesar de não haver reservas
regionais, como acontece na LC 62/89, as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste continuariam
com a maior parte dos recursos do fundo (82,55%).

6 Modelo Misto

A ideia da elaboração de uma simulação usando um modelo misto (redistributivo e


equalização) foi a de tentar alcançar um resultado que não gerasse impactos financeiros
excessivos para as UF’s. No modelo redistributivo, algumas UF’s apresentam perda elevada em
relação à situação atual. Já no modelo de equalização, outras UF’s apresentam perda
expressiva. No modelo misto, estas perdas ou impactos financeiros são reduzidos.
Foram apresentadas e discutidas as simulações de impactos com base nas planilhas do modelo
redistributivo simplificado (com as mesmas variáveis), com a adição de uma variável
independente de equalização, assumindo uma característica mista. Inicialmente, também
utilizou-se a variável de equalização nos mesmos moldes do modelo de equalização puro
apresentado, ou seja, com duas etapas, sendo a primeira com 80% dos recursos e VR de
máxima redistributividade e 20% dos recursos com VR do Distrito Federal mais 10%.
Por reduzir as perdas individuais das UF’s, decidiu-se utilizar a equalização, com duas etapas,
sendo a primeira com 50% dos recursos e VR de máxima redistributividade, e a segunda com
50% dos recursos e VR igual à receita média per capita nacional acrescida de ½ desvio padrão.
Com estes parâmetros, a parcela de equalização não destinaria recursos às UF’s com maior
receita per capita (DF, SP, ES, RJ e MS). Entretanto, estas UF’s recebem recursos em função das
demais variáveis do modelo redistributivo. Além disso, a segunda etapa de equalização não
está “fixada”, sendo recalculada ao longo do tempo, em função da receita média nacional per
capita acrescida de ½ desvio padrão. Assim sendo, algumas UFs que não recebem recursos a
título de equalização num primeiro momento, poderão receber recursos no futuro, inclusive
em função de uma possível reforma tributária.
Utilizou-se a ferramenta “solver” do Excel para calcular os pesos das variáveis de modo a
minimizar as perdas individuais de cada UF, como também as perdas globais.
Conseguiu-se alcançar uma simulação que atendeu à “meta” de limite máximo de 20% de
perdas por UF, combinada com uma “meta” de limite máximo de 75% de ganhos, sem,

46
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entretanto, impor-se quaisquer limites, travas ou faixas para as variáveis consideradas. Nesta
simulação, os pesos atribuídos às variáveis foram os seguintes:

VARIÁVEL PESO
ÁREA 2,67%
POPULAÇÃO 1,54%
PIB 11,61%
RENDA PER CAPITA (RPC) 57,90%
EQUALIZAÇÃO DE RECEITA 26,28%

Com a aplicação destas variáveis e respectivos pesos, o modelo apresentou os seguintes


resultados (coeficientes apresentados na coluna “MISTO”):

FATOR FATOR FATOR FATOR FATOR


UF ÁREA POP PIB RPC EQUALIZAÇÃO MISTO DIF VARIAÇÃO
AC 1,79% 0,36% 13,75% 4,08% 0,61% 4,17% 0,749% 21,880%
AL 0,33% 1,65% 4,45% 6,03% 4,49% 5,22% 1,059% 25,462%
AP 1,68% 0,33% 13,15% 3,54% 0,56% 3,77% 0,360% 10,549%
AM 18,45% 1,77% 1,88% 2,74% 0,99% 2,59% -0,204% -7,315%
BA 6,63% 7,64% 0,72% 4,54% 17,17% 7,52% -1,879% -20,000%
CE 1,75% 4,46% 1,57% 5,77% 12,04% 6,80% -0,533% -7,258%
DF 0,07% 1,36% 0,79% 0,89% 0,00% 0,63% -0,062% -9,033%
ES 0,54% 1,82% 1,31% 1,96% 0,00% 1,33% -0,168% -11,217%
GO 3,99% 3,09% 1,21% 3,09% 2,03% 2,62% -0,227% -7,994%
MA 3,90% 3,33% 2,51% 6,84% 10,38% 7,14% -0,080% -1,114%
MT 10,61% 1,57% 1,86% 2,39% 0,22% 1,96% -0,343% -14,883%
MS 4,19% 1,23% 2,82% 2,85% 0,00% 2,11% 0,777% 58,351%
MG 6,89% 10,46% 0,33% 2,82% 5,89% 3,56% -0,891% -20,000%
PA 14,65% 3,88% 1,60% 5,10% 9,37% 6,05% -0,061% -0,997%
PB 0,66% 1,97% 3,57% 5,77% 5,12% 5,15% 0,359% 7,490%
PR 2,34% 5,58% 0,49% 2,25% 4,27% 2,63% -0,255% -8,862%
PE 1,15% 4,60% 1,27% 4,81% 10,33% 5,75% -1,152% -16,702%
PI 2,95% 1,64% 5,60% 7,56% 5,25% 6,51% 2,190% 50,670%
RJ 0,51% 8,36% 0,27% 1,83% 0,00% 1,23% -0,293% -19,194%
RN 0,62% 1,64% 3,45% 4,65% 2,85% 3,88% -0,294% -7,038%
RS 3,31% 5,70% 0,45% 2,10% 2,51% 2,10% -0,252% -10,687%
RO 2,79% 0,79% 5,28% 3,41% 0,44% 2,79% -0,028% -1,000%
RR 2,63% 0,22% 19,00% 3,44% 0,28% 4,34% 1,861% 75,000%
SC 1,12% 3,20% 0,76% 1,99% 2,55% 1,99% 0,709% 55,404%
SP 2,92% 21,61% 0,09% 1,56% 0,00% 1,32% 0,322% 32,185%
SE 0,26% 1,05% 4,69% 4,06% 1,69% 3,36% -0,792% -19,063%
TO 3,26% 0,67% 7,14% 3,96% 0,97% 3,47% -0,868% -20,000%

Assim, as diferenças em pontos percentuais, em relação à distribuição atual são as seguintes:


47
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Secretaria-Executiva

MODELO MISTO - MÁX. 20% PERDAS POR UF

10
DIFERENÇA EM PONTOS PERCENTUAIS

4
1,86 2,19
2 0,71 0,75 0,78
1,06
0,32 0,36 0,36
-0,08 -0,06 -0,06 -0,03
0
-0,34 -0,29 -0,29 -0,26 -0,25 -0,23 -0,20 -0,17
-0,79 -0,53
-2 -1,15 -0,89 -0,87
-1,88

-4

-6

-8

-10
BA PE MG TO SE CE MT RN RJ PR RS GO AM ES MA DF PA RO SP PB AP SC AC MS AL RR PI

Distribuição entre regiões:

N, NE e CO 85,84%
S e SE 14,16%

Perda global (2010): R$ 4,09 bilhões


O resultado obtido apresentou proximidade com a distribuição atual (da LC 62/89), tendo em
vista que a perda máxima individual ficou dentro da meta de 20%. Salienta-se que o resultado
mantém uma distribuição entre regiões semelhante à situação atual, sem a necessidade das
reservas fixas de 85% e 15%.
Comparando-se os coeficientes atuais, estabelecidos pela LC 62/89, com os resultantes da
aplicação do Modelo Misto, as maiores variações positivas em pontos percentuais
correspondem aos estados de Piauí (2,19 p.p.), Roraima (1,86 p.p.) e Alagoas (1,06 p.p.). Por
outro lado, as maiores variações negativas correspondem aos estados da Bahia (-1,88 p.p.),
Pernambuco (-1,15 p.p.) e Minas Gerais (-0,89 p.p.).
Em termos percentuais, as Unidades da Federação mais impactadas positivamente são:
Roraima (75,00%), Mato Grosso do Sul (58,35%), e Santa Catarina (55,40%). Negativamente, os
estados mais impactados são Bahia (-20,00%), Tocantins (-20,00%) e Minas Gerais (-20,00%).
Avaliando a distribuição regional resultante da aplicação da metodologia, verifica-se que a
maior parte dos recursos (51,33%) é direcionada para a região Nordeste, seguida pela Norte
(27,18%), Sudeste (7,44%), Centro-Oeste (7,32%) e Sul (6,72%).

7.2 Modelo misto com limites de 5% por variável

Ainda dentro do modelo misto, decidiu-se impor limites às variáveis (coeficiente máximo de 5%
por UF em cada variável, redistribuindo o excedente), exceto a de equalização de receita.

48
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Secretaria-Executiva

Utilizou-se novamente a ferramenta “solver” do Excel, sendo atribuídos os seguintes pesos às


variáveis:

VARIÁVEL PESO
ÁREA 0,00%
POPULAÇÃO 0,00%
PIB 2,82%
RENDA PER CAPITA (RPC) 69,86%
EQUALIZAÇÃO DE RECEITA 27,32%

Ressalta-se que, para a hipótese de minimização de perdas em relação à situação atual, foi
atribuído peso zero para as variáveis área e população. Restaram, então, as variáveis PIB, RPC e
equalização de receita. Com a aplicação destas variáveis e respectivos pesos, o modelo
apresentou os seguintes resultados (coeficientes apresentados na coluna “MISTO”):

FATOR FATOR FATOR FATOR FATOR


UF ÁREA POP PIB RPC EQUALIZAÇÃO MISTO DIF VARIAÇÃO
AC 4,27% 0,80% 5,00% 4,58% 0,61% 3,51% 0,086% 2,526%
AL 0,78% 3,65% 5,00% 5,00% 4,49% 4,86% 0,700% 16,817%
AP 4,00% 0,72% 5,00% 3,97% 0,56% 3,07% -0,341% -10,000%
AM 5,00% 3,92% 5,00% 3,08% 0,99% 2,56% -0,226% -8,110%
BA 5,00% 5,00% 1,99% 5,00% 17,17% 8,24% -1,155% -12,296%
CE 4,17% 5,00% 4,34% 5,00% 12,04% 6,91% -0,430% -5,867%
DF 0,16% 3,01% 2,19% 1,00% 0,00% 0,76% 0,067% 9,735%
ES 1,29% 4,03% 3,62% 2,21% 0,00% 1,64% 0,144% 9,581%
GO 5,00% 5,00% 3,35% 3,47% 2,03% 3,07% 0,230% 8,073%
MA 5,00% 5,00% 5,00% 5,00% 10,38% 6,47% -0,748% -10,356%
MT 5,00% 3,47% 5,00% 2,69% 0,22% 2,08% -0,231% -10,000%
MS 5,00% 2,73% 5,00% 3,21% 0,00% 2,38% 1,048% 78,675%
MG 5,00% 5,00% 0,91% 3,17% 5,89% 3,85% -0,605% -13,589%
PA 5,00% 5,00% 4,42% 5,00% 9,37% 6,18% 0,065% 1,057%
PB 1,58% 4,36% 5,00% 5,00% 5,12% 5,03% 0,243% 5,081%
PR 5,00% 5,00% 1,35% 2,53% 4,27% 2,97% 0,085% 2,953%
PE 2,75% 5,00% 3,51% 5,00% 10,33% 6,41% -0,486% -7,043%
PI 5,00% 3,63% 5,00% 5,00% 5,25% 5,07% 0,746% 17,271%
RJ 1,22% 5,00% 0,74% 2,06% 0,00% 1,46% -0,068% -4,438%
RN 1,48% 3,63% 5,00% 5,00% 2,85% 4,41% 0,234% 5,609%
RS 5,00% 5,00% 1,24% 2,36% 2,51% 2,37% 0,014% 0,602%
RO 5,00% 1,74% 5,00% 3,83% 0,44% 2,94% 0,120% 4,256%
RR 5,00% 0,49% 5,00% 3,86% 0,28% 2,91% 0,433% 17,457%
SC 2,67% 5,00% 2,09% 2,23% 2,55% 2,32% 1,037% 81,049%
SP 5,00% 5,00% 0,24% 1,75% 0,00% 1,23% 0,230% 22,966%
SE 0,61% 2,33% 5,00% 4,56% 1,69% 3,79% -0,364% -8,755%
TO 5,00% 1,49% 5,00% 4,45% 0,97% 3,51% -0,828% -19,071%

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Assim, as diferenças em pontos percentuais, em relação à distribuição atual são as seguintes:

MÁX. 10% PERDAS - LIMITE 5% POR VARIÁVEL

10
DIFERENÇA EM PONTOS PERCENTUAIS

4
2 1,04 1,05
0,43 0,70 0,75
-0,07 0,01 0,06 0,07 0,09 0,09 0,12 0,14 0,23 0,23 0,23 0,24
0
-0,75 -0,61 -0,49 -0,43 -0,36 -0,34 -0,23 -0,23
-2 -1,16 -0,83

-4

-6

-8

-10
BA TO MA MG PE CE SE AP MT AM RJ RS PA DF PR AC RO ES GO SP RN PB RR AL PI SC MS

Distribuição entre regiões:

N, NE e CO 84,2%
S e SE 15,8%

Perda global (2010): R$ 2,67 bilhões

Os resultados obtidos reduziram ainda mais as perdas individuais, possibilitando o uso de meta
de máximo de 10% de perda por UF (o sistema só não conseguiu atender a esta meta para os
Estados de BA com 12,3%, MG com 13,6% e TO com 19%). Além disso, houve redução na perda
global.

Comparando-se os coeficientes atuais, estabelecidos pela LC 62/89, com os resultantes da


aplicação do Modelo Misto, as maiores variações positivas em pontos percentuais
correspondem aos estados de Mato Grosso do Sul (1,05 p.p.), Santa Catarina (1,04 p.p.) e Piauí
(0,75 p.p.). Por outro lado, as maiores variações negativas correspondem aos estados da Bahia
(-1,15 p.p.), Tocantins (-0,83 p.p.) e Maranhão (-0,75 p.p.).

Em termos percentuais, as Unidades da Federação mais impactadas positivamente são: Santa


Catarina (81,05%). Mato Grosso do Sul (78,67%) e Roraima (17,46%). Negativamente, os
estados mais impactados são Tocantins (-19,07%) e Minas Gerais (-13,59%) e Bahia (-12,30%),

Avaliando a distribuição regional resultante da aplicação da metodologia, verifica-se que a


maior parte dos recursos (51,20%) é direcionada para a região Nordeste, seguida pela Norte
(24,68%), Centro-Oeste (8,29%), Sudeste (8,18%) e Sul (7,65%). Permanecem as regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste com a maior parte dos recursos (84,2%), semelhante à situação atual,
sem a necessidade de reservas regionais.

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6.1. Modelo Misto com a Variável de Infraestrutura

Justificativa

A ideia da consideração de dados relacionados a infraestrutura na proposta em elaboração pelo


GEFPE foi discutida em inúmeras oportunidades, como é possível verificar nos relatórios que
abordaram o modelo redistributivo em 2010, mas a dificuldade de levantamento de dados e as
votações realizadas pelo grupo excluíram sua consideração em oportunidades anteriores.

Após a apresentação de simulações no 2º semestre de 2011, a Secretária da Receita Estadual


do Amapá apresentou demanda ao CONFAZ para elaboração de uma proposta de variável que
pudesse integrar os modelos propostos (redistributivo e misto), o que foi acolhido pelos
Secretários e encaminhado ao GEFPE. A motivação foi a defesa da necessidade de diferenciar
níveis de desenvolvimento e capacidade de autossuficiência, considerando a com enfoque na
influência que infraestrutura provoca nos Estados.

A justificativa da consideração da infraestrutura na distribuição do FPE foi amplamente


discutida: considerar seu impacto na possibilidade de desenvolvimento econômico (energia,
transporte e comunicação) e na condição social (saneamento, habitação e transporte), é avaliar
as realidades distintas de cada Estado.

O critério encontra amparo nos trabalhos especializados apresentados no GEFPE para


elaboração da variável, indicando a relação direta entre a infraestrutura e o desenvolvimento
econômico e bem-estar social:
“Investimentos em infraestrutura impactam sobre a economia:
- Canais diretos: geração de empregos; elevação da capacidade produtiva e logística
nacional etc.
- Canais Indiretos: aumento da produtividade dos fatores; abertura de novas
possibilidades de produção.” [IPEA (DISET/DIRUR) - Apresentação do Projeto:
Perspectivas do Desenvolvimento Brasileiro Projeto: Perspectivas do
Desenvolvimento Brasileiro - Eixo: Infraestrutura Econômica, 2010].

Para atender a demanda, discutiu-se a infraestrutura a partir de alguns critérios e premissas,


utilizando como fontes o IBGE (Censo 2010), IPEA (estudos econômicos diversos), ANTAQ,
INFRAERO, ANAC, e Governo Federal. Como composição inicial, dividiu-se a infraestrutura em:

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(suporte aos cidadãos e


seus domicílios)

*Divisão proposta pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA

Observando os trabalhos do GEFPE até o momento, buscou-se informações que atendessem a


04 critérios básicos: representatividade (preferência para censos), simplicidade, atualização
periódica e fácil acesso.

Estabeleceu-se ainda como critério inicial para a pesquisa, considerando a referida reunião do
Confaz, informações sobre infraestrutura que fossem diretamente ligadas à autossuficiência
econômica. Dados sociais, a exemplo da taxa de desemprego ou analfabetismo, foram
descartados por este critério.

Entretanto, algumas dificuldades limitaram o universo de informações que pudessem compor a


variável:

PRINCIPAIS DIFICULDADES
Inexistência de um relatório consolidado sobre infraestrutura no Brasil
FONTE DE DADOS que fosse atualizado periodicamente e que estivesse disponível nos sítios
oficiais.
Exemplos:
- SNIS (água e esgoto), periodicidade anual, representatividade limitada
DIAGNÓSTICOS (último, ref. 2009, contou apenas 12% dos municípios e 3,9% da
QUE ATENDEM OS população urbana no país), e complexididade;
CRITÉRIOS* - Infraero: Índice de Aproveitamento (disponibilidade e utilização do
transporte aéreo de passageiros);
- Ferrovias: dados inconsistentes.
Especialmente para portos e aeroportos, mensurar a infraestrutura
DIFÍCIL torna-se complexa e exige grande dinamismo por conta das constantes
MENSURAÇÃO mudanças. O dado mais acessível seria a movimentação de carga, por
tonelada.
* representatividade (preferência para censos), simplicidade, atualização periódica e fácil acesso.
52
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6.1.1. Composição da variável infraestrutura

Saneamento:

Água tratada (IBGE): Calculada pela razão inversa entre a quantidade de domicílios com
disponibilidade de água tratada, canalização interna, proveniente da rede geral e a quantidade
total de domicílios da Unidade da Federação.
Rede coletora de esgoto (IBGE): Calculado pela razão inversa entre a quantidade de domicílios
com disponibilidade de rede coletora de esgoto e a quantidade total de domicílios da Unidade
da Federação.

Energia Elétrica:

Energia elétrica (ANEEL): Calculado pela razão inversa entre a quantidade de domicílios com
disponibilidade de energia elétrica de rede regular e a quantidade total de domicílios da
Unidade da Federação.

Rodovias Pavimentadas:

Rodovias pavimentadas (DNIT): Calculado pela razão inversa entre a quantidade de


quilômetros de estradas asfaltadas da Unidade da Federação em relação a sua área.

6.1.2. Composição final:

COMPONENTE PESO JUSTIFICATIVA


Principal modal na matriz de transportes brasileira (aprox.
Rodovias Pavimentadas
1 60% do total), c/ relação direta com o desenvolvimento
(econômica)
econômico
Coleta de Condições para qualidade de vida (saúde preventiva),
Saneamento
resíduos proteção ambiental
social e 1
Água Importante para diversas áreas econômicas (produção) e
urbana)
tratada para qualidade de vida
Consumo industrial de
Indica o desenvolvimento industrial e capacidade de
energia elétrica 1
autossuficiência
(econômica)
VARIÁVEL INFRAESTRUTURA: [RODOVIAS PAVIMENTADAS], [SANEAMENTO] E [CONSUMO INDUSTRIAL DE
ENERGIA ELÉTRICA]  MÉDIA ARITMÉTICA

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6.1.3. Resultados

A composição dos componentes escolhidos apresentou resultados com extremos, confirmando


as diferenças que motivaram a elaboração da variável:

Rodovias Energia Saneamento (rede geral)


UF (consumo Água INFRA
área população Índice ind) Esgoto Índice
tratada
Acre 4,16% 1,69% 2,93% 17,12% 5,64% 3,07% 4,35% 8,13%
Alagoas 0,48% 4,88% 2,68% 1,31% 3,88% 3,50% 3,69% 2,56%
Amapá 12,88% 5,06% 8,97% 16,13% 4,88% 11,25% 8,07% 11,05%
Amazonas 35,81% 6,93% 21,37% 0,37% 4,13% 2,85% 3,49% 8,41%
Bahia 1,58% 3,68% 2,63% 0,18% 3,32% 1,65% 2,48% 1,76%
Ceará 0,76% 3,90% 2,33% 0,42% 3,45% 2,29% 2,87% 1,87%
Distrito Federal 0,25% 10,23% 5,24% 1,46% 2,80% 0,93% 1,87% 2,86%
Espírito Santo 0,56% 3,77% 2,16% 0,54% 3,18% 1,11% 2,14% 1,61%
Goiás 1,16% 1,81% 1,48% 0,30% 3,36% 2,08% 2,72% 1,50%
Maranhão 1,94% 3,33% 2,64% 1,44% 4,04% 6,44% 5,24% 3,11%
Mato Grosso 5,04% 1,50% 3,27% 0,63% 3,57% 3,87% 3,72% 2,54%
Mato Grosso do Sul 1,95% 1,16% 1,56% 1,15% 3,21% 3,10% 3,16% 1,96%
Minas Gerais 0,96% 2,95% 1,96% 0,11% 3,09% 1,00% 2,04% 1,37%
Pará 11,36% 6,06% 8,71% 0,48% 5,56% 7,37% 6,46% 5,22%
Paraíba 0,65% 3,91% 2,28% 0,76% 3,47% 1,88% 2,68% 1,91%
Paraná 0,42% 2,02% 1,22% 0,08% 3,03% 1,41% 2,22% 1,17%
Pernambuco 0,61% 4,88% 2,74% 0,30% 3,50% 1,72% 2,61% 1,89%
Piauí 1,95% 2,19% 2,07% 2,50% 3,69% 10,73% 7,21% 3,93%
Rio de Janeiro 0,25% 8,25% 4,25% 0,21% 3,15% 0,98% 2,06% 2,17%
Rio Grande do Norte 0,48% 2,57% 1,53% 1,14% 3,08% 2,99% 3,04% 1,90%
Rio Grande do Sul 0,97% 3,38% 2,18% 0,09% 3,12% 1,56% 2,34% 1,54%
Rondônia 3,95% 2,24% 3,10% 1,55% 6,92% 12,37% 9,65% 4,77%
Roraima 8,50% 1,43% 4,96% 47,16% 3,28% 4,92% 4,10% 18,74%
Santa Catarina 0,53% 3,04% 1,79% 0,11% 3,27% 2,58% 2,93% 1,61%
São Paulo 0,32% 4,71% 2,51% 0,03% 2,80% 0,87% 1,83% 1,46%
Sergipe 0,43% 3,58% 2,00% 1,35% 3,19% 1,90% 2,54% 1,96%
Tocantins 2,03% 0,85% 1,44% 3,10% 3,39% 5,58% 4,48% 3,01%
* Foram realizadas ainda simulações com uma trava individual de no máximo 10%, o que apresentou resultados menos
extremados, mas que não foram apresentados no âmbito do CONFAZ, razão pela qual não integrarão o presente relatório.

Acrescentando-se a variável de infraestrutura ao modelo misto de minimização de perdas


individuais, o “solver” atribuiu peso zero a esta variável, indicando a inviabilidade da utilização
da variável, nessas condições. Assim, decidiu-se realizar uma simulação atribuindo-se o peso de
10% para a variável de infraestrutura, permitindo que a ferramenta “solver” do Excel calculasse
os demais pesos das variáveis para a minimização das perdas individuais:

Infraestrutura 10,00%
Área 2,40%
População 1,38%
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PIB 10,45%
RPC 52,11%
Equalização 23,65%

Com a aplicação destas variáveis e respectivos pesos, o modelo apresentou os seguintes


resultados (coeficientes apresentados na coluna “MISTO”):

FATOR FATOR FATOR FATOR FATOR FATOR


UF MISTO DIF VARIAÇÃO
INFRA ÁREA POP PIB RPC EQUALIZAÇÃO
AC 8,13% 1,79% 0,36% 13,75% 4,08% 0,61% 4,57% 1,145% 33,464%
AL 2,56% 0,33% 1,65% 4,45% 6,03% 4,49% 4,95% 0,793% 19,072%
AP 11,05% 1,68% 0,33% 13,15% 3,54% 0,56% 4,50% 1,088% 31,895%
AM 8,41% 18,45% 1,77% 1,88% 2,74% 0,99% 3,17% 0,378% 13,556%
BA 1,76% 6,63% 7,64% 0,72% 4,54% 17,17% 6,94% -2,455% -26,123%
CE 1,87% 1,75% 4,46% 1,57% 5,77% 12,04% 6,31% -1,026% -13,981%
DF 2,86% 0,07% 1,36% 0,79% 0,89% 0,00% 0,85% 0,161% 23,261%
ES 1,61% 0,54% 1,82% 1,31% 1,96% 0,00% 1,36% -0,140% -9,329%
GO 1,50% 3,99% 3,09% 1,21% 3,09% 2,03% 2,50% -0,339% -11,908%
MA 3,11% 3,90% 3,33% 2,51% 6,84% 10,38% 6,73% -0,484% -6,700%
MT 2,54% 10,61% 1,57% 1,86% 2,39% 0,22% 2,02% -0,286% -12,389%
MS 1,96% 4,19% 1,23% 2,82% 2,85% 0,00% 2,09% 0,762% 57,196%
MG 1,37% 6,89% 10,46% 0,33% 2,82% 5,89% 3,34% -1,110% -24,926%
PA 5,22% 14,65% 3,88% 1,60% 5,10% 9,37% 5,97% -0,144% -2,363%
PB 1,91% 0,66% 1,97% 3,57% 5,77% 5,12% 4,82% 0,035% 0,721%
PR 1,17% 2,34% 5,58% 0,49% 2,25% 4,27% 2,48% -0,401% -13,909%
PE 1,89% 1,15% 4,60% 1,27% 4,81% 10,33% 5,36% -1,539% -22,299%
PI 3,93% 2,95% 1,64% 5,60% 7,56% 5,25% 6,25% 1,931% 44,693%
RJ 2,17% 0,51% 8,36% 0,27% 1,83% 0,00% 1,33% -0,199% -13,038%
RN 1,90% 0,62% 1,64% 3,45% 4,65% 2,85% 3,69% -0,493% -11,789%
RS 1,54% 3,31% 5,70% 0,45% 2,10% 2,51% 2,05% -0,308% -13,094%
RO 4,77% 2,79% 0,79% 5,28% 3,41% 0,44% 2,99% 0,170% 6,028%
RR 18,74% 2,63% 0,22% 19,00% 3,44% 0,28% 5,78% 3,300% 133,043%
SC 1,61% 1,12% 3,20% 0,76% 1,99% 2,55% 1,95% 0,671% 52,408%
SP 1,46% 2,92% 21,61% 0,09% 1,56% 0,00% 1,34% 0,336% 33,552%
SE 1,96% 0,26% 1,05% 4,69% 4,06% 1,69% 3,22% -0,932% -22,428%
TO 3,01% 3,26% 0,67% 7,14% 3,96% 0,97% 3,43% -0,915% -21,074%

Assim, as diferenças em pontos percentuais, em relação à distribuição atual são as seguintes:

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INFRAESTRUTURA COM PESO DE 10%

10
DIFERENÇA EM PONTOS PERCENTUAIS

6
4 3,30
1,93
2 0,67 0,76 0,79
1,09 1,14
0,03 0,16 0,17 0,34 0,38
0
-0,49 -0,48 -0,40 -0,34 -0,31 -0,29 -0,20 -0,14 -0,14
-2 -1,03 -0,93 -0,91
-1,54 -1,11
-2,45
-4
-6

-8

-10
BA PE MG CE SE TO RN MA PR GO RS MT RJ PA ES PB DF RO SP AM SC MS AL AP AC PI RR

DISTRIBUIÇÃO POR REGIÕES


N, NE e CO 86,2%
S e SE 13,8%
PERDA GLOBAL (2010): R$ 5,25 BILHÕES

Comparando-se os coeficientes atuais, estabelecidos pela LC 62/89, com os resultantes da


aplicação do Modelo Misto, as maiores variações positivas em pontos percentuais
correspondem aos estados de Roraima (3,30 p.p.), Piauí (1,93 p.p.) e Acre (1,14 p.p.). Por outro
lado, as maiores variações negativas correspondem aos estados da Bahia (-1,98 p.p.),
Pernambuco (-1,15 p.p.) e Minas Gerais (-0,89 p.p.).

Em termos percentuais, as Unidades da Federação mais impactadas positivamente são:


Roraima (133,04%), Mato Grosso do Sul (57,19%), e Santa Catarina (52,41%). Negativamente,
os estados mais impactados são Bahia (-26,12%), Minas Gerais (-24,92%) e Sergipe (-22,43%).

Avaliando a distribuição regional resultante da aplicação da metodologia, verifica-se que a


maior parte dos recursos (48,27%) é direcionada para a região Nordeste, seguida pela Norte
(30,41%), Centro-Oeste (7,46%), Sudeste (7,37%) e Sul (6,48%). As regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste continuam com a maior parte dos recursos (86,2%), semelhante à situação atual.

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7 Condições de Transição

As unidades da Federação caracterizam-se por uma elevada rigidez orçamentária decorrente da


impossibilidade de redução dos seus principais elementos de despesa, a exemplo dos gastos
com pessoal, custeio básico e investimentos programados e contratados para vários exercícios
financeiros.

A adoção de novos critérios de repartição do FPE exige que se estabeleça um processo de transição
como forma de manter o equilíbrio orçamentário das unidades federadas. Com a transição, seriam
atenuados os impactos financeiros para os estados.

Consideram-se duas possibilidades conceituais para a organização de um processo de transição


para critérios de repartição de receitas:

Prazo Variável: Fixa um percentual do montante atual com os índices da LC 62 (garantia


de 100% ou 80% do valor nominal, por exemplo) e aplicam-se os novos índices apenas
sobre o acréscimo do montante. Portanto, a transição ocorrerá em função do
crescimento da arrecadação Federal (IPI + IR).

Prazo Fixo: Faz-se uma composição dos índices do modelo atual com os índices do novo
modelo de forma que a participação dos índices atuais seja decrescente e a dos novos
índices seja crescente durante um prazo pré-determinado;

Relativamente à transição por prazo fixo, foram inicialmente sugeridas as seguintes condições:

• Prazo de transição: 10 anos (Divisão do avanço ou recuo de cada índice


individual durante o período de transição considerado)
• No primeiro ano: 5% com base no novo modelo e 95% com base na LC 62
• No segundo ano: 10% com base no novo modelo e 90% com base na LC 62
• Incremento da participação do novo modelo de 10 pontos percentuais ao
ano.

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O gráfico a seguir exibe a participação relativa dos recursos sob um novo modelo proposto e
aqueles previstos pela Lei Complementar 62.

Vale observar que, de acordo com o comportamento histórico do FPE, estima-se que o valor
nominal dobre a cada 5 anos, o que seria suficiente para a transição.

Foi estudada também uma transição por prazo fixo com um período de 20 anos, considerando-
se um crescimento nominal de 5% ao ano nos recursos do FPE, bem inferior à média histórica
de crescimento (14,5%). Desta forma, seriam garantidos, além dos valores nominais de 2012,
algum ganho inclusive para os estados que perdem pontos percentuais nos seus coeficientes.
Por esta simulação de transição, a cada ano 5% dos recursos passariam a ser distribuídos de
acordo com os novos critérios.
A tabela a seguir ilustra a aplicação deste processo de transição em 20 anos, calculada sobre os
parâmetros do modelo misto, apresentado no capítulo anterior (valores em bilhões):

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UF 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022

AC 2,12 2,23 2,35 2,47 2,60 2,74 2,88 3,03 3,18 3,34 3,52

AL 2,58 2,75 2,93 3,12 3,32 3,52 3,73 3,96 4,19 4,44 4,69

AP 2,12 2,20 2,29 2,38 2,48 2,59 2,70 2,82 2,94 3,07 3,21

AM 1,73 1,80 1,88 1,96 2,04 2,13 2,23 2,33 2,43 2,54 2,66

BA 5,83 6,05 6,28 6,52 6,78 7,06 7,35 7,66 7,98 8,32 8,68

CE 4,55 4,75 4,96 5,18 5,42 5,67 5,93 6,20 6,49 6,79 7,11

DF 0,43 0,45 0,48 0,51 0,54 0,57 0,60 0,63 0,67 0,71 0,74

ES 0,93 0,99 1,04 1,10 1,17 1,23 1,30 1,38 1,45 1,53 1,62

GO 1,76 1,87 1,97 2,08 2,20 2,32 2,45 2,59 2,73 2,88 3,03

MA 4,48 4,65 4,84 5,04 5,25 5,47 5,70 5,95 6,21 6,48 6,77

MT 1,43 1,49 1,55 1,61 1,68 1,75 1,83 1,91 1,99 2,08 2,17

MS 0,83 0,93 1,04 1,16 1,27 1,40 1,52 1,65 1,79 1,93 2,08

MG 2,76 2,86 2,97 3,08 3,20 3,33 3,46 3,60 3,75 3,91 4,08

PA 3,79 3,98 4,19 4,40 4,62 4,86 5,10 5,36 5,63 5,92 6,22

PB 2,97 3,13 3,30 3,48 3,67 3,87 4,08 4,29 4,52 4,76 5,01

PR 1,79 1,88 1,98 2,09 2,20 2,31 2,43 2,56 2,69 2,83 2,97

PE 4,28 4,46 4,66 4,86 5,08 5,30 5,54 5,79 6,06 6,34 6,63

PI 2,68 2,86 3,05 3,24 3,45 3,66 3,89 4,12 4,37 4,62 4,89

RJ 0,95 0,99 1,04 1,08 1,13 1,19 1,24 1,30 1,36 1,43 1,50

RN 2,59 2,73 2,89 3,04 3,21 3,38 3,56 3,76 3,96 4,16 4,38
RS

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1,46 1,53 1,61 1,69 1,78 1,87 1,96 2,06 2,17 2,27 2,39

RO 1,75 1,84 1,94 2,04 2,15 2,27 2,39 2,51 2,64 2,78 2,93

RR 1,54 1,64 1,75 1,86 1,98 2,10 2,23 2,37 2,51 2,66 2,81

SC 0,79 0,90 1,01 1,12 1,23 1,35 1,48 1,60 1,74 1,88 2,02

SP 0,62 0,67 0,71 0,76 0,81 0,87 0,92 0,98 1,04 1,10 1,17

SE 2,58 2,68 2,80 2,91 3,04 3,17 3,31 3,45 3,61 3,77 3,94

TO 2,69 2,77 2,86 2,96 3,06 3,16 3,28 3,40 3,53 3,66 3,80

O gráfico a seguir demonstra o primeiro ano da transição comparado ao índice atual:

ÍNDICES LC 62/89 x PRIMEIRO ANO DA TRANSIÇÃO

10%

9%

8%

7%

6%

5%
4%

3%

2%
1%

0%
DF SP SC MS ES RJ MT RS RR AM RO GO PR AP AC SE AL RN PI TO MG PB PA PE MA CE BA

60
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De outra forma, o gráfico a seguir demonstra a evolução dos índices na transição:

AC
14
AL
AP
AM
12 BA
CE
DF
ES
10
GO
MA
MT
8 MS
MG
PA
6 PB
PR
PE
PI
4
RJ
RN
RS
2 RO
RR
SC
SP
-
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 SE
TO

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8 Considerações sobre a Elevação do Aporte da União para o FPE

A Constituição Federal de 1988 estabeleceu em seu Art. 159, inciso I, que a União
destine, do produto da arrecadação dos impostos sobre a renda e proventos de qualquer
natureza (IR) e sobre produtos industrializados (IPI), quarenta e oito por cento (48%) aos Estados
e Municípios. Desta repartição, vinte e um e meio por cento (21,5%) destina-se ao Fundo de
Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE), vinte e três e meio por cento (23,5%)
destina-se ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM), e três por cento (3%) para aplicação
em programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-
Oeste.

O objetivo do FPE, criado com recursos oriundos de parte da arrecadação da União, é


promover o equilíbrio socioeconômico entre Estados, conforme preceito constitucional disposto
no Art. 161, inciso II da Carta Magna. A CF ainda determina que lei complementar deva
estabelecer as normas sobre a entrega dos recursos desse Fundo.

No entanto, a cada ano os Estados vêm sofrendo perdas significativas em suas


transferências constitucionais obrigatórias, haja vista a migração da arrecadação federal para os
tributos não compartilhados. Com essa inversão, o Governo Federal diminuiu a participação
daqueles entes na partilha de sua arrecadação. Para se ter uma ideia dessa redução, em 1988,
ano da promulgação da CF, a arrecadação oriunda do IR e do IPI somava 76,2% do total da
arrecadação da União, e as contribuições e outras receitas administradas pela RFB somavam
23,8%. Já em 2010, o IR e o IPI representaram 45,5%, e as contribuições e outras receitas
administradas, 54,5% do total da arrecadação federal, conforme gráfico a seguir.

62
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80% 76%
72%

70%

60% 61%
58% 58% 57% 58%
60% IPI+IR
53% 55% 55% 55% 55% 5 5%
54% 53% (A)
53%53% 53% 52% 53%
52%
50%
50% 45% 45%47%
50% 48% 47%
42% 42% 47% 47% 48%
46% 47% 46%
40% 43% 44% 45% 45%
42%
40% 39%

30%
CONTRIBUIÇÕE
S + OUTRAS
28%
RECEITAS
24%
20% ADMINISTRADA
S (D = B+C)

10%

0%
19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20
88

89

90

91

92

93

94

95

96

97

98

99

00

01

02

03

04

05

06

07

08

09

10
Por outro lado, analisando-se o gráfico seguinte, observa-se que em 1988, a soma do IR
e do IPI representava 16,4% do total da arrecadação do Governo Federal, enquanto que em
2010 essa participação declinou para 9,8%, conferindo aos Estados, somente no ano de 2010,
uma perda de aproximadamente 40% do total do FPE.

EVOLUÇÃO DA BASE DO FPE, COMPARANDO-SE COM A RECEITA TOTAL ADMINISTRADA PELA RFB
18,00%
16,4%

16,00% 15,6%

14,00% 12,8%
13,0%
12,4% 12,5%
11,3%
12,00% 11,5% 11,3%
10,7% 10,3% 9,6%
9,8% 10,4%
10,1% 9,7% 10,2%9,8%
9,7%
10,00% 9,6% 9,3% 9,4%
9,0%

8,00%
IPI+IR
(A)
6,00%

4,00%

2,00%

0,00%
19
19
19
19
19
19
19

19
19
19
19
19
20
20
20
20
20

20
20
20
20
20
20
88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
00
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10

63
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Há, portanto, necessidade de recomposição da base de cálculo do FPE, levando-se em


consideração dois objetivos: tornar neutro o impacto das mudanças na composição da
arrecadação dos tributos administrados pela RFB sobre a evolução do FPE; e ajustar os
percentuais aplicados sobre o total arrecadado pela União, restaurando a participação relativa
da partilha do FPE ao nível de 1988. Desta forma, ficaria garantido que os recursos destinados ao
FPE seriam sempre equivalentes a 16,4% do total da arrecadação da União, recompondo assim,
a base perdida pelos Estados.

Além disto, para compensar as perdas decorrentes de um novo modelo de repartição,


será necessário um aporte extra de recursos. Para tal, é apresentada em apêndice uma minuta
de proposta de emenda constitucional e respectiva justificação.

64
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9 Projetos no Congresso Nacional sobre o FPE

A decisão do Supremo Tribunal Federal, ao declarar inconstitucionais, sem a pronúncia da


nulidade, o art. 2º e o Anexo Único da Lei Complementar nº 62, de 28 de dezembro de 1989,
coloca para a sociedade brasileira a tarefa de desenvolver um novo sistema de repartição que
cumpra a função de promover o equilíbrio socioeconômico e o equilíbrio econômico-financeiro
e, consequentemente, de refletir as variações ocorridas na população, produção, renda per
capita, receita e despesa dos Estados. O desenvolvimento desse novo sistema de repartição é
absolutamente necessário porque os critérios previstos no Código Tributário Nacional -CTN-
foram revogados2 e os coeficientes fixos estabelecidos pela referida lei complementar têm
sobrevida até 31 de dezembro de 2012.

A atividade legislativa relacionada com o sistema de repartição de receita foi intensa ao longo
do período que abrange o ano seguinte ao da promulgação da Constituição Brasileira até a
presente data. Foram apresentados, por exemplo, pelo menos 4 (quatro) projetos de emenda
constitucional -PEC-, propondo a alteração do art. 159 com o objetivo de destinar maior
quantidade de recursos para as regiões menos desenvolvidas e para elevar os percentuais
aplicáveis sobre a receita de competência da União que é compartilhada com os Estados;
diversos requerimentos solicitando informações a respeito dos recursos transferidos para o
Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal -FPE-; e em torno de 40 (quarenta)
projetos de lei complementar propondo mudanças nos critérios de distribuição previstos na Lei
Complementar nº 62/89, sendo que 60% (sessenta por cento) são projetos apresentados na
Câmara dos Deputados.

Em que pese o esforço dos deputados e senadores, não houve proficiência na solução final dos
projetos, motivo pela qual a decisão do Supremo Tribunal Federal assume a condição de um
elemento externo capaz de conduzir o Congresso Nacional a solucionar definitivamente o
assunto. A avaliação desse esforço é feita tomando-se por base, em primeiro lugar, o
quantitativo de projetos levados à apreciação das duas casas que compõem o Congresso
Nacional; em segundo lugar, verificando qual a situação de cada um desses projetos e a
possibilidade de solucionarem a questão da repartição de recursos entre as unidades
federadas. Isso significa que os projetos arquivados, por exemplo, não serão objeto de
avaliação porque já não têm chance de se transformarem em lei complementar.
Posteriormente analisa-se se o projeto contém metodologia de cálculo, explicitando as
variáveis passíveis de quantificação, e se ele é similar a outro apresentado na mesma ou na
outra Casa. Chega-se, dessa forma, a um conjunto de projetos que têm possibilidade de
cumprir o mandamento constitucional e a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal.

Esses projetos são, então, classificados em função da existência ou não de algum tipo de
distribuição por grupos de unidades federadas, conforme consta, por exemplo, na Lei
Complementar nº 62/89, que destina 85% (oitenta e cinco por cento) aos estados localizados

2
Inciso I do § 2º do art. 34 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal.
65
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nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e 15% (quinze por cento) aos estados localizados
nas Regiões Sul e Sudeste, e se o projeto contempla algum tipo de limite, seja em alguma
variável seja no índice final. Com efeito, o Código Tributário Nacional determinava que a
participação da população no cálculo do índice deveria obedecer aos limites constantes de uma
tabela. Da mesma forma, pode acontecer que algum desses projetos estabeleça que nenhuma
unidade federada possa ter um índice de participação que supere determinado valor
percentual.

Continuando o processo de classificação, explicitam-se os critérios utilizados em cada um dos


projetos para efeito de repartição de receita. Como exemplo pode-se citar o critério ambiental,
que possivelmente terá guarida em mais de um projeto, porque é hoje uma discussão presente
em todos os segmentos da sociedade. Basta ver que algumas unidades federadas instituíram o
denominado ICMS Ecológico como um dos elementos integrantes do processo de repartição da
quota-parte do ICMS pertencente aos municípios, ou seja, adotaram o denominado critério
ambiental. Cada um desses critérios contém uma ou mais variáveis, que se é a unidade de
cálculo do índice de participação; um projeto sem variável é um projeto inócuo, ainda que
tenha os mais variados critérios de distribuição, uma vez que impossibilita o cálculo do índice
de participação.

Por fim, analisa-se em cada projeto a forma como as variáveis são arranjadas, ou seja, qual é a
metodologia de cálculo utilizada para a determinação do índice de participação das unidades
federadas, e a que resultado quantitativo isso conduz, o qual é confrontando com aquele que
se encontra fixado pela Lei Complementar nº 62/89. Finalizando o capítulo, faz-se uma síntese
de toda a análise realizada dos projetos existentes no Congresso Nacional.

Os deputados federais apresentaram os seguintes projetos de lei complementar -PLP-


relacionados com a repartição de receitas entre os estados brasileiros:

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PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DA CÂMARA DOS DEPUTADOS VERSANDO


SOBRE FPE
ITEM NÚMERO ANO AUTOR SITUAÇÃO
1 34 1991 João Maia Arquivado
2 90 1991 Maurici Mariano Arquivado
3 99 1992 Valter Pereira Arquivado
4 44 1995 Ildemar Kussler Arquivado
5 73 1995 Gilney Viana Arquivado
6 121 1996 Marisa Serrano Arquivado
7 124 1996 João Maia Arquivado
8 7 1999 Marcos Afonso Apensado ao PLP 351 2002
9 50 1999 Wilson Santos Apensado ao PLP 7 1999
10 53 1999 Flávio Dérzi Arquivado
11 319 2002 José Carlos Coutinho Apensado ao PLP 7 1999
12 351 2002 Ramez Tebet Pronto para Plenário
13 7 2003 Wilson Santos Devolvido ao autor
14 310 2005 Inocêncio Oliveira Arquivado
15 435 2008 José Fernando Aparecido de Oliveira Apensado ao PLP 351 2002
16 458 2009 José Fernando Aparecido de Oliveira Pronto para Plenário
17 565 2010 Júlio César Apensado ao PLP 458 2009
18 582 2010 Vanessa Grazziotin Apensado ao PLP 565 2010
19 97 2011 Eduardo Cunha Apensado ao PLP 565 2010
20 107 2011 Anthony Garotinho Apensado ao PLP 565 2010
21 112 2011 Arnaldo Jordy Apensado ao PLP 351 2002
22 129 2012 Perpétua Almeida Aguardando despacho
23 135 2012 Nazareno Fonteles Aguardando despacho
24 137 2012 Rose de Freitas Aguardando despacho
Fonte: Câmara dos Deputados (www.camara.gov.br)

Excluindo os que foram arquivados e o que foi devolvido ao autor do projeto, persistem 14
(quatorze) projetos, dos quais 3 (três) aguardam despacho e os demais encontram-se
tramitando em 2 (dois) grandes grupos, conforme pode ser verificado nas seguintes árvores de
apensamento:

67
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ÁRVORE DE APENSAMENTO DE PROJETOS DE LEI COMPLEMENTAR RELATIVOS


AO FPE EM TRAMITAÇÃO NA CÂMARA DOS DEPUTADOS

351/2002 458/2009

7/1999 435/2008 112/2011 565/2010

50/1999 319/2002 582/2010 97/2011 107/2011

Fonte: Câmara dos Deputados (www.camara.gov.br)

O PLP 458/2009 de autoria do deputado José Fernando Aparecido de Oliveira, embora


encabece a lista dos projetos, promove mudanças no art. 91 do Código Tributário Nacional -
CTN-, sendo, portanto, um projeto que trata do Fundo de Participação dos Municípios. Diante
desse fato, é recomendável que se inicie a análise a partir do PLP 565/2010, desconsiderando-
se a parte superior dessa árvore de apensamento.

Há, portanto, 13 (treze) projetos em tramitação na Câmara dos Deputados que tratam do
Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal -FPE-, os quais podem ser distribuídos
em dois grupos distintos, os que explicitam as variáveis de cálculo e os que não as explicitam.
Os primeiros permitem a determinação do índice de participação de cada unidade federada; os
segundos, não. Estes, em geral, promovem redução nos percentuais destinados a cada uma das
duas macrorregiões brasileiras, criadas para efeito de distribuição de recursos3, e destinam o
valor percentual retirado para os estados que estabeleçam políticas de preservação ambiental.
Os projetos que têm a exclusiva finalidade de destinar recursos para as unidades federadas que
promovam políticas de preservação ambiental, na qual se encontra incluída o estabelecimento
de uma política de demarcação de terra indígena, são as seguintes:

3
A divisão do País em duas macrorregiões encontra-se prevista nº 62/89. Essas macrorregiões são Norte, Nordeste
e Centro-Oeste, que percebem 85% (oitenta e cinco por cento) dos recursos do FPE, e Sul e Sudeste, que
percebem 15% (quinze por cento).
68
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PROJETOS QUE APENAS ALTERAM O PERCENTUAL DE DISTRIBUIÇÃO REGIONAL


PERCENTUAL DESTINADO
REDISTRIBUIÇÃO
ÀS MACRORREGIÕES
PROJETO NORTE,
SUL E PERCEN
NORDESTE E DESTINAÇÃO
SUDESTE TUAL
CENTRO-
OESTE unidades de conservação da natureza ou terras indígenas
demarcadas, para aplicação em projetos de desenvolvimento
PLP 351 2002 84,50 13,50 2,00
sustentável, segundo diretrizes estabelecidas na regulamentação
desta Lei.
unidades de conservação da natureza e terras indígenas
demarcadas, para aplicação em projetos de desenvolvimento
PLP 7 1999 84,00 14,00 2,00
sustentável, segundo diretrizes estabelecidas na regulamentação
desta Lei.
unidades de conservação da natureza ou terras indígenas
demarcadas, para aplicação em projetos de desenvolvimento
2,00
PLP 435 2008 80,50 13,50 sustentável, segundo diretrizes estabelecidas na regulamentação
desta Lei.
4,00 redução do ritmo de desmatamento do bioma Amazônico.
unidades de conservação da natureza e terras indígenas
demarcadas, para aplicação em projetos de desenvolvimento
PLP 112 2011 84,00 14,00 2,00
sustentável, segundo diretrizes estabelecidas na regulamentação
desta lei.
unidades de conservação da natureza e terras indígenas
demarcadas, para aplicação em projetos de desenvolvimento
PLP 319 2002 75,00 15,00 10,00
sustentável, segundo diretrizes estabelecidas na regulamentação
desta lei.
Fonte: Câmara dos Deputados (www.camara.gov.br)

Como o objetivo exclusivo desses projetos é destinar recursos para a área de preservação
ambiental e de proteção às comunidades indígenas, não alteram nenhum outro dispositivo da
Lei Complementar nº 62/89, fazendo com que fiquem prejudicados como substitutos da norma
em vigor, uma vez que essa lei complementar é omissa em critérios, variáveis e metodologia de
cálculo do FPE. Há, portanto, 8 (oito) projetos em tramitação na Câmara dos Deputados que
permitem a quantificação do índice de participação das unidades federadas.

Os senadores apresentaram os seguintes projetos de lei complementar -PLS- relacionados com


a repartição de receitas entre os estados brasileiros:

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PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO SENADO FEDERAL VERSANDO


SOBRE FPE
ITEM NÚMERO ANO AUTOR SITUAÇÃO
1 165 1989 Fernando Henrique Cardoso Arquivado
2 366 1989 João Lobo Arquivado
3 161 1996 Iris Rezende Machado Arquivado
4 571 1999 Iris Rezende Machado Arquivado
5 53 2000 Marina Silva Arquivado
6 133 1998 Marina Silva Arquivado
7 136 1999 Marina Silva Rejeitado
8 602 1999 Luiz Estevão Arquivado
9 44 2000 Heloisa Helena Retirado pela autora
10 208 2000 Roberto Saturnino Braga Rejeitado
11 29 2005 Serys Slhessarenko Arquivado
12 289 2011 Randolfe Rodrigues Relatoria
13 192 2011 Vanessa Grazziotin Relatoria
14 744 2011 Marcelo Crivella Aguardando relatoria
15 761 2011 Ricardo Ferraço Aguardando relatoria
16 35 2012 Aloysio Nunes Ferreira Aguardando relatoria
Fonte: Senado Federal (www.senado.gov.br)

Todos os 5 (cinco) projetos em tramitação no Senado Federal permitem o cálculo do índice de


participação de cada unidade federada. Assim sendo, considerando esses e os que se
encontram na Câmara dos Deputados, há 11 (onze) projetos passíveis de quantificação. Chega-
se a essa quantidade porque são exatamente iguais os projetos PLP 582/2010, PLP 129/2012 e
PLS 192/2011. O PLP 582/2010 e o PLS 192/2011 são de autoria da Senadora Vanessa
Grazziotin. O primeiro foi apresentado na Câmara dos Deputados, porque essa congressista
pertencia àquela Casa, e o segundo no Senado Federal, porque a referida congressista foi eleita
para representar o seu estado nesta Casa. O PLP 129/2012, de autoria da Deputada Federal
Perpétua Almeida, é uma reedição do projeto dessa senadora, conforme a própria deputada
explicita na justificação do projeto. A decisão de reapresentar o mesmo projeto decorre do fato
da deputada, talvez por considerá-lo o que melhor se ajusta à realidade brasileira ou talvez por
pertencer ao mesmo partido da senadora, ter entendido que ele encontrava-se arquivado.
Assim, os 11 (onze) projetos são:

70
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PROJETOS DE LEI COMPLEMENTAR


EXISTENTES NO CONGRESSO NACIONAL
PASSÍVEIS DE QUANTIFICAÇÃO
PROJETOS AUTORIA
PLP 50 1999 Wilson Santos
PLP 565 2010 Júlio César
PLP 97 2011 Eduardo Cunha
PLP 107 2011 Anthony Garotinho
PLP 135 2012 Nazareno Fonteles
PLP 137 2012 Rose de Freitas
PLS 192 2011 Vanessa Grazziotin
PLS 289 2011 Randolfe Rodrigues
PLS 744 2011 Marcelo Crivella
PLS 761 2011 Ricardo Ferraço
PLS 35 2012 Aloysio Nunes Ferreira
Fonte: Câmara dos Deputado (www.camara.gov.br) e Senado
Federal (www.senado.gov.br)

Esses 11 (onze) projetos podem ser classificados de 2 (duas) maneiras distintas, a primeira
quanto a distribuição regional de recursos e, a segunda, quanto ao estabelecimento de limites.
A distribuição regional de recursos diz respeito à solução que o projeto apresenta quanto à
manutenção da divisão do Brasil em duas macrorregiões distintas. Nesse caso, alguns projetos
mantêm a divisão prevista na Lei Complementar nº 62/89, outros alteram o percentual
atribuído a cada região e outros, ainda, fazem a divisão, porém, não especificando a região. O
estabelecimento de limites diz respeito à determinação de um valor percentual para a unidade
federada ou de um número para determinada variável como limite, inclusive com a utilização
de tabelas, nos moldes do Código Tributário Nacional. Se a variável utilizada for a população da
unidade federada, por exemplo, os estados mais populosos aumentarão significativamente a
sua participação no índice final, caso o peso conferido a essa variável seja elevado e caso não se
estabeleça um teto a partir do qual o recurso terá de ser redistribuído.

71
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CLASSIFICAÇÃO DOS PROJETOS DE LEI COMPLEMENTAR QUE TRATAM DO FPE EM FUNÇÃO DA


EXISTÊNCIA DE DISTRIBUIÇÃO REGIONALIZADA E DO ESTABELECIMENTOS DE LIMITES EM RELAÇÃO
ÀS VARIÁVEIS OU AO ÍNDICE FINAL DE PARTICIPAÇÃO
DISTRIBUIÇÃO REGIONALIZADA
LIMITES
INEXISTENTE CONFORME LC 62/89 DIVERSA
PLP 107/11 PLP 565/10
INEXISTENTE PLS 761/11 PLP 97/11 PLP 50/99 PLS 744/11
PLS 35/12
PLP 137/12
SOBRE VARIÁVEL 1 PLP 135/12
PLS 289/11
SOBRE ÍNDICE2 PLS 192/11
Fonte: Câmara dos Deputados (www.camara.gov.br) e Senado Federal (www.senado.gov.br)
1 - Determina que uma variável (renda per capita , população, território, etc) não pode ultrapassar o valor ou o percentual
Notas: estabelecido.
2 - Determina que o índice de participação da unidade federada não pode ultrapassar o percentual estabelecido.

Quatro projetos não apresentam qualquer tipo de distribuição regional, três dos quais não
estabelecem limites. O PLP 135/12 possui uma tabela para cada uma das três variáveis
utilizadas para o cálculo do índice. Assim, não se usa o valor encontrado para a variável e sim o
que consta da tabela; um valor da tabela possui um rol de valores calculados.

Cinco projetos possuem distribuição regionalizada de recursos de forma idêntica ao que consta
na Lei Complementar nº 62/89, ou seja, 85% (oitenta e cinco por cento) para as Regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste, e 15% (quinze por cento) para as Regiões Sul e Sudeste. Desses, três
não apresentam limites e dois têm limites sobre as variáveis. No PLP 137/12 e no PLS 289/11 a
variável produto interno bruto -PIB-, calculada pelo seu inverso, não pode ensejar valor
percentual superior a 10% (dez por cento).

Os dois projetos restantes possuem critério de distribuição regional diverso do apresentado


pela Lei Complementar nº 62/89, seja porque os percentuais são distintos, seja porque inexiste
fixação regionalizada. Com efeito, o PLS 744/11, que não estabelece limite, destina 70%
(setenta por cento) dos recursos do FPE para as Regiões Norte e Nordeste e 30% (trinta por
cento) para as Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Já o PLS 192/11 destina 88% (oitenta e oito
por cento) para os estados que têm renda per capita inferior a renda per capita média nacional
e 10% (dez por cento) para os que têm renda per capita igual ao superior à média nacional. Dos
88% (oitenta e oito por cento) para os que têm renda per capita inferior, 80% (oitenta por
cento) são distribuídos entre todos os estados e 8% (oito por cento) destinado, em partes
iguais, aos cinco mais populosos. Este projeto estabelece que nenhuma unidade federada pode
receber mais do que 20% (vinte por cento) dos recursos do FPE e que os 2% (dois por cento)
destinados à área de reserva de conservação da natureza e de terras indígenas demarcadas
estão limitados aos valores apresentados em tabela.

Todo e qualquer projeto de distribuição de recurso elege um ou mais critérios que, no entender
do autor, melhor refletem a realidade socioeconômica passível de ação modificadora. Desses
critérios explicitam-se as variáveis necessárias ao estabelecimento de uma metodologia que
alcance o objetivo proposto pelo autor do projeto. Com essas considerações, os projetos de
autoria dos deputados federais e dos senadores que permitem a realização do cálculo do índice
de participação adotam os seguintes critérios que, no entender deles, têm importância na
72
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determinação de uma política redistributiva que contemplará cada unidade federada com o
percentual a que faz jus:

CRITÉRIOS UTILIZADOS NOS PROJETOS DE LEI COMPLEMENTAR DE AUTORIA DOS DEPUTADOS FEDERAIS E SENADORES

CRITÉRIOS CRITÉRIOS
PROJETOS AUTORIA POPULACIO- SOCIOECO- UTILIZADOS NO
AMBIENTAL ECONÔMICO ESTRUTURAL LINEAR FINANCEIRO TERRITORIAL
NAL NÔMICO PROJETO
PLP 50 1999 Wilson Santos 3
PLP 565 2010 Júlio César 1
PLP 97 2011 Eduardo Cunha 1
PLP 107 2011 Anthony Garotinho 4
PLP 135 2012 Nazareno Fonteles 2
PLP 137 2012 Rose de Freitas 5
PLS 192 2011 Vanessa Grazziotin 3
PLS 289 2011 Randolfe Rodrigues 6
PLS 744 2011 Marcelo Crivella 2
PLS 761 2011 Ricardo Ferraço 4
PLS 35 2012 Aloysio Nunes 3
NÚMERO DE PROJETOS QUE UTILIZAM O
3 2 1 2 1 10 9 6
CRITÉRIO
Fonte: Câmara dos Deputados (www.camara.gov.br) e Senado Federal (www.senado.gov.br)

Observa-se que há uma concentração nos critérios previstos no Código Tributário Nacional,
sobretudo no populacional e no socioeconômico4, enquanto o critério estrutural é utilizado em
um projeto, o mesmo acontecendo com o financeiro. Cabe também observar que dois projetos
utilizam um critério apenas. O PLP 565/10 de autoria do Deputado Júlio César utiliza-se
exclusivamente do critério socieconômico e o PLP 97/10 de autoria do Deputado Eduardo
Cunha, do critério populacional. Embora a adoção de um critério não signifique a utilização de
uma variável, no caso desses dois projetos isso acontece, como se verá adiante.

As variáveis explicitadas dos critérios de distribuição utilizadas nos projetos de lei


complementar são as seguintes:

4
A nomenclatura utilizada para denominar os critérios não é necessariamente coincidente com a que alguns
projetos utilizam.
73
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VARIÁVEIS UTILIZADAS NOS PROJETOS DE LEI COMPLEMENTAR DE AUTORIA DOS DEPUTADOS FEDERAIS E SENADORES

VARIÁVEIS
PROJETOS AUTORIA POPULACIO- SOCIOECO-
AMBIENTAL ECONÔMICO ESTRUTURAL FINANCEIRO TERRITORIAL
NAL NÔMICO
Renda per
PLP 50 1999 Wilson Santos População Território
capita
Renda per
PLP 565 2010 Júlio César
capita
PLP 97 2011 Eduardo Cunha População
Tributos da
PLP 107 2011 Anthony Garotinho População Território
União
População
Renda per
PLP 135 2012 Nazareno Fonteles População capita
qualificada
Área de Renda per
conservação capita
1
PLP 137 2012 Rose de Freitas PIB População Território
Área indígena IDH2

Área de Renda per


PLS 192 2011 Vanessa Grazziotin conservação capita Território
Área indígena IDH
Área de
IDH
conservação Esgoto
PLS 289 2011 Randolfe Rodrigues PIB População Território
domiciliar Renda per
Área indígena
capita
Tributos da
União Renda per
PLS 744 2011 Marcelo Crivella População
Transferências capita
da União
Renda per
PLS 761 2011 Ricardo Ferraço População capita Território
domiciliar
PLS 35 2012 Aloysio Nunes População PIB per capita Território

Fonte: Câmara dos Deputados (www.camara.gov.br) e Senado Federal (www.senado.gov.br)


Notas: 1 - PIB = Produto Interno Bruto
2 - IDH = Índice de Desenvolvimento Humano

As variáveis mais utilizadas são a renda per capita, a população e o território. A renda per
capita é tomada pelo seu inverso; a população na proporção que a da unidade federada
representa em termos da população total ou da população da macrorregião a que pertence; o
território, também, é tomado na proporção que o da unidade federada representa sobre o do
Brasil ou da macrorregião a que essa unidade pertence.

Uma vez explicitadas as variáveis de cada um dos projetos, cabe agora verificar como elas são
arranjadas para que se determine quanto caberá a cada unidade federada dos recursos do FPE.
Ou seja, cabe verificar qual é a metodologia de cálculo que cada projeto adota na determinação
desse valor. Essa metodologia é a seguinte:

1. PLP 50/99 de autoria de Wilson Santos:

1.1. divide-se o País em dois grupos distintos: Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que
ficam com 85% dos recursos do FPE, e Regiões Sul e Sudeste, que ficam com 15%;

1.2. calcula-se a participação relativa da população da unidade federada no total do grupo a


que pertence; aplica-lhe um peso de 22% (vinte e dois por cento);

74
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1.3. calcula-se a participação relativa do inverso da renda per capita da unidade federada em
relação à renda per capita do grupo a que pertence5; aplica-lhe um peso de 71% (setenta e um
por cento);

1.4. calcula-se a participação relativa do território da unidade federal no território total do


grupo a que pertence; aplica-lhe um peso de 7% (sete por cento);

1.5. soma-se os valores encontrados nos itens 1.2., 1.3. e 1.4.

2. PLP 565/10 de autoria de Júlio César:

2.1. calcula-se a participação relativa do inverso da renda per capita da unidade federada em
relação à renda per capita nacional6;

2.2. divide-se o País em dois grupos distintos: Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que
ficam com 85% dos recursos do FPE, e Regiões Sul e Sudeste, que ficam com 15%;

2.3 faz-se o ajuste da participação encontrada no item 2.1. em função da distribuição prevista
no item 2.2.

3. PLP 97/11 de autoria de Eduardo Cunha:

3.1. calcula-se a participação relativa da população da unidade federada;

3.2. divide-se o País em dois grupos distintos: Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que
ficam com 85% dos recursos do FPE, e Regiões Sul e Sudeste, que ficam com 15%;

3.3 faz-se o ajuste da participação encontrada no item 3.1. em função da distribuição prevista
no item 3.2.

4. PLP 107/11 de autoria de Anthony Garotinho:

4.1. calcula-se a participação relativa dos valores dos tributos recolhidos pela União no
território da unidade federada em relação ao recolhimento total da União, aplicando-lhe um
peso equivalente a 1/3 (um terço);

4.2. calcula-se a participação relativa da população da unidade federada na população do País;

4.3. calcula-se a participação do território da unidade federada no território nacional;

4.4. soma-se os valores encontrados nos itens 4.2. e 4.3. e aplica-lhe o peso de 1/3 (um terço);
5
A renda per capita de cada grupo foi calculada da seguinte forma: encontra-se o somatório do produto da renda
per capita das unidades federadas pertencentes a esse grupo pela sua população e divide o resultado pela
população total do grupo.
6
O PLP não indica se o inverso da renda per capita é calculado sobre o nacional ou sobre o do grupo a que
pertence; optou-se por considerar como sendo calculado sobre o nacional.
75
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4.5. multiplica-se a fração 1/27 (um vinte e sete avos) pelo peso 1/3 (um terço);

4.6. soma-se os valores encontrados nos itens 4.1., 4.4. e 4.5.

5. PLP 135/12 de autoria de Nazareno Fonteles:

5.1. calcula-se a participação proporcional de população da unidade federada na população do


País;

5.2. confronta-se o valor encontrado no item 5.1. com o fator representativo da população
existente em tabela;

5.3. calcula-se a participação proporcional da renda per capita familiar de até ¼ (um quarto) do
salário-mínimo da unidade federada na mesma renda per capita familiar do País;

5.4. confronta-se o valor encontrado no item 5.3. com o fator representativo da renda per
capita familiar existente em tabela;

5.5. calcula-se a participação proporcional da renda per capita da unidade federada, pelo seu
inverso, na renda per capita do País;

5.6. confronta-se o valor encontrado no item 5.5. com o fator representativo do inverso da
renda per capita existente em tabela;

5.7. o índice de participação da unidade federada é dado pela soma dos valores encontrados
nos itens 5.2. e 5.4. multiplicado pelo valor encontrado no item 5.6.

O PLP contém a expressão algébrica do cálculo do índice de participação da unidade federada,


que é a seguinte:

em que IP é o índice de participação, P o fator representativo da população, D o fator


representativo da população com renda per capita de até um quarto do salário-mínimo e R o
fator representativo do inverso da renda per capita.

Todos os projetos, cuja metodologia de cálculo do índice de participação dos Estados foi
anteriormente discriminada, não contemplam um período de transição entre a situação atual e
a sistemática proposta.

6. PLP 137/12 de autoria de Rose de Freitas:

6.1. verifica-se que unidade federada possui o maior IDH, que servirá de parâmetro para o
cálculo da distância entre os IDH;

76
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6.2 calcula-se a distância entre o maior IDH encontrado e o da unidade federada, aplicando
sobre o valor encontrado o peso de 27% (vinte e sete por cento), nos termos da seguinte
fórmula:

6.3. verifica-se a evolução decenal do IDH da unidade federada em questão, em termos


percentuais, e aplica-se o peso de 12% (doze por cento), nos termos da seguinte fórmula:

6.4. calcula-se a participação proporcional do inverso da renda per capita em relação á renda
per capita nacional, aplicando sobre o valor encontra o peso de 14% (quatorze por cento), nos
termos do art. 90 do Código Tributário Nacional7 (o valor encontrado é confrontado com o
existente em tabela);

6.5. calcula-se a participação proporcional da população em relação à população do País,


aplicando sobre o valor encontrado o peso de 23% (vinte e três por cento), nos termos do art.
89 do Código Tributário Nacional8 (o valor encontrado é confrontado com o existente em
tabela);

6.6. calcula-se a participação proporcional da área de conservação e áreas indígenas em relação


à área total da unidade federada, aplicando sobre o valor encontrado o peso de 7% (sete por
cento), nos termos da seguinte fórmula:

6.7. calcula-se a participação proporcional do território da unidade federada em relação ao


território nacional, aplicando sobre o valor encontrado o peso de 6% (seis por cento), nos
termos da seguinte fórmula:

6.8. calcula-se a participação proporcional do inverso do PIB da unidade federada em relação


ao PIB nacional, aplicando sobre o valor encontrado o peso de 11% (onze por cento), nos
termos da seguinte fórmula:
7
O PLP remete diretamente ao CTN sem revigorar o dispositivo mencionado. O art. 90 do CTN está expressamente
revogado.
8
O PLP remete diretamente ao CTN sem revigorar o dispositivo mencionado. O art. 89 do CTN está expressamente
revogado.
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6.9. faz-se o ajuste do índice de participação encontrado com o percentual destinado às


Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que é de 85% (oitenta e cinco por cento) e das
Regiões Sul e Sudeste, que é de 15% (quinze por cento).

O PLP 137/12 prevê a implantação gradativa do novo sistema, mantendo-se a divisão prevista
no art. 2º da Lei Complementar nº 62/899, no primeiro ano em 95% (noventa e cinco por
cento), no segundo em 85% (oitenta e cinco por cento), no terceiro em 65% (sessenta e cinco
por cento), no quarto ano em 45% (quarenta e cinco por cento) e no quinto ano em 30% (trinta
por cento). A partir do sexto ano a distribuição é integralmente feita de acordo com o projeto.

7. PLS 192/11 de autoria de Vanessa Grazziotin:

7.1. divide-se as unidades federadas em dois grupos distintos, os que têm renda per capita
inferior à renda per capita média nacional, que ficam com 80% (oitenta por cento) dos recursos
do fundo, e os que têm renda per capita igual ou superior à renda per capita média nacional,
que ficam com 10% (dez por cento) dos recursos do fundo;

7.2. calcula-se a participação relativa do inverso do IDH da unidade federada em relação ao IDH
nacional, aplicando sobre o valor encontrado o peso de 50% (cinqüenta por cento);

7.3. calcula-se a participação relativa do inverso da renda per capita da unidade federada em
relação à renda per capita nacional, aplicando sobre o valor encontrado o peso de 50%
(cinqüenta por cento);

7.4. ajusta-se os valores encontrados para 80% (oitenta por cento), no caso das unidades com
renda per capita inferior à média, e para 10% (dez por cento), no caso das unidades federadas
com renda per capita superior à média;

7.5. atribui-se as 5 (cinco) unidades federadas mais populosas, que se encontram no grupo de
renda per capita inferior à média, o valor de 1,6% (um inteiro e seis décimos por cento).

Tem-se, com esse procedimento, o valor percentual de 98% (noventa e oito por cento). Os 2%
(dois por cento) restantes são destinados aos Estados que possuem área de conservação da
natureza ou terras indígenas demarcadas, cuja metodologia de distribuição será explicitada em
regulamento. Esse PLS prevê que nenhuma unidades federada perceberá mais do que 20%
(vinte por cento) dos recursos destinados ao FPE10.

8. PLS 289/11 de autoria de Randolfe Rodrigues:

9
O art. 2º da Lei Complementar nº 62/89 foi julgado inconstitucional. Assim, o PLP deveria ter reproduzido a
tabela existente no Anexo Único dessa lei, revigorando os seus efeitos.
10
Essa limitação está prevista na Constituição Federal para a distribuição do IPI exportação, conforme o disposto
no §2º do art. 159.
78
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8.1. verifica-se que unidade federada possui o maior IDH, que servirá de parâmetro para o
cálculo da distância entre os IDH;

8.2 calcula-se a distância entre o maior IDH encontrado e o da unidade federada, aplicando
sobre o valor encontrado o peso de 25% (vinte e cinco por cento), nos termos da seguinte
fórmula:

8.3. verifica-se a evolução decenal do IDH da unidade federada em questão, em termos


percentuais, e aplica-se o peso de 10% (dez por cento), nos termos da seguinte fórmula:

8.4. calcula-se a participação proporcional do inverso da renda per capita em relação á renda
per capita nacional, aplicando sobre o valor encontra o peso de 13% (treze por cento), nos
termos do art. 90 do Código Tributário Nacional11 (o valor encontrado é confrontado com o
existente em tabela);

8.5. calcula-se a participação proporcional da população em relação à população do País,


aplicando sobre o valor encontrado o peso de 22% (vinte e dois por cento), nos termos do art.
89 do Código Tributário Nacional12 (o valor encontrado é confrontado com o existente em
tabela);

8.6. calcula-se a participação proporcional do território da unidade federada em relação ao


território nacional, aplicando sobre o valor encontrado o peso de 5% (cinco por cento), nos
termos da seguinte fórmula:

8.7. calcula-se a participação proporcional dos domicílios não atendidos por água tratada da
unidade federada em relação ao número de domicílios total da referida unidade federada,
aplicando sobre o valor encontrado o peso de 5% (cinco por cento), nos termos da seguinte
fórmula:

11
O art. 90 do CTN está expressamente revogado e o projeto não o revigora.
12
O art. 89 do CTN está expressamente revogado e o projeto não o revigora.
79
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8.8. calcula-se a participação proporcional dos domicílios não atendidos por rede de esgoto da
unidade federada em relação ao número de domicílios total da referida unidade federada,
aplicando sobre o valor encontrado o peso de 5% (cinco por cento), nos termos da seguinte
fórmula:

8.9. calcula-se a participação proporcional da área de conservação e áreas indígenas em relação


à área total da unidade federada, aplicando sobre o valor encontrado o peso de 5% (cinco por
cento), nos termos da seguinte fórmula:

8.10. calcula-se a participação proporcional do inverso do PIB da unidade federada em relação


ao PIB nacional, aplicando sobre o valor encontrado o peso de 10% (onze por cento), nos
termos da seguinte fórmula:

8.11. faz-se o ajuste do índice de participação encontrado com o percentual destinado às


Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que é de 85% (oitenta e cinco por cento) e das
Regiões Sul e Sudeste, que é de 15% (quinze por cento).

O PLS 289/11 prevê a implantação gradativa do novo sistema, mantendo-se a divisão prevista
no art. 2º da Lei Complementar nº 62/8913, no primeiro ano em 90% (noventa por cento), no
segundo em 80% (oitenta por cento), no terceiro em 60% (sessenta por cento), no quarto ano
em 40% (quarenta por cento) e no quinto ano em 20% (vinte por cento). A partir do sexto ano a
distribuição é integralmente feita de acordo com o projeto.

9. PLS 744/11 de autoria de Marcelo Crivella:

9.1. soma-se a arrecadação dos impostos de competência da União -IR, IPI, IOF e CIDE-
realizada no território da unidade federada;

9.2. aplica-se sobre o valor encontrado no item 9.1. o percentual de 20% (vinte por cento);

9.3. soma-se as transferências realizadas pela União para a unidade federada a título de IOC-
ouro, IPI exportação, CIDE, Lei Kandir e os auxílios financeiros para fomentar a exportação
previstos em lei específica;

13
O art. 2º da Lei Complementar nº 62/89 foi julgado inconstitucional e o projeto não o reedita.
80
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9.4. subtrai-se o valor encontrado no item 9.2. do valor encontrado no item 9.3., que será a
participação da unidade federada no FPE;

9.5. calcula-se a participação proporcional da população em relação à população do País,


aplicando sobre o valor encontrado o peso de 15% (quinze por cento);

9.6. calcula-se a participação proporcional do inverso da renda per capita em relação á renda
per capita nacional, aplicando sobre o valor encontra o peso de 85% (oitenta e cinco por cento);

9.7. soma-se o valor encontrado no item 9.5. e no 9.6., aplicando sobre o valor encontrado o
percentual de 90% (noventa por cento);

9.8. faz-se o ajuste do índice de participação encontrado com o percentual destinado às


Regiões Norte, Nordeste, que é de 70% (setenta por cento) e das Regiões Sul, Sudeste e Centro-
Oeste, que é de 30% (trinta por cento);

9.9. complementa-se o valor destinado à unidade federada, caso haja redução nominal dos
recursos que lhe são destinados, com recursos do Fundo de Estabilização do FPE -FEFPE-,
composto com 10% (dez por cento) dos recursos destinados ao FPE. Haverá distribuição do
valor do FEFPE de acordo com a metodologia aplicada nos itens 9.5. a 9.8., caso os recursos
sejam inferiores aos necessários para cobrir a repartição com a metodologia prevista nos itens
9.1. a 9.4.

A metodologia prevista nos itens 9.5.a 9.9. somente é aplicada se houver excedente de recurso,
que supere a necessidade de efetuar a divisão com a metodologia prevista nos itens 9.1. a 9.4.

10. PLS 761/11 de autoria de Ricardo Ferraço

10.1. calcula-se a participação proporcional do inverso da renda per capita em relação á renda
per capita nacional, aplicando sobre o valor encontra o peso de 35% (trinta e cinco por cento);

10.2. calcula-se a participação proporcional da população em relação à população do País,


aplicando sobre o valor encontrado o peso de 10% (dez por cento);

10.3. calcula-se a participação proporcional do território da unidade federada em relação ao


território nacional, aplicando sobre o valor encontrado o peso de 20% (vinte por cento);

10.4. soma-se aos valores encontrados nos itens anteriores o valor percentual de 3,7037% (três
inteiros e sete mil e trinta e sete milionésimos por cento) para cada unidade federada;

10.5. faz-se o ajuste do índice de participação encontrado com o percentual destinado às


Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que é de 85% (oitenta e cinco por cento) e das
Regiões Sul e Sudeste, que é de 15% (quinze por cento).

81
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O PLS 761/11 prevê a implantação gradativa do novo sistema, mantendo-se a divisão prevista
no art. 2º da Lei Complementar nº 62/8914, no primeiro ano em 90% (noventa por cento), no
segundo em 80% (oitenta por cento), no terceiro em 60% (sessenta por cento), no quarto ano
em 40% (quarenta por cento) e no quinto ano em 20% (vinte por cento). A partir do sexto ano a
distribuição é integralmente feita de acordo com o projeto.

11. PLS 35/2012 de autoria de Aloysio Nunes Ferreira:

11.1. calcula-se a participação do território da unidade federada em relação ao território


nacional e aplica ao resultado encontrado o peso de 5% (cinco por cento);

11.2. calcula-se a participação da população da unidade federada na população nacional;

11.3. calcula-se a participação do inverso da PIB da unidade federada sobre o inverso do PIB
nacional; faz-se os ajustes necessários;

11.4. soma-se os valores encontrados nos itens 11.2. e 11.3. e aplica sobre o valor encontrado o
peso de 95% (noventa e cinco por cento).

O PLS 35/12 não prevê processo de transição.

Conclui-se, do que foi exposto neste capítulo, que o Congresso Nacional produziu as mais
variadas alternativas de solucionar a questão relacionada com a distribuição dos recursos do
FPE entre as unidades federadas, porém, sem obter resultados positivos até a presente data.
Muitos projetos tramitaram regularmente, mas finalizaram por serem arquivados. Essa situação
indica a dificuldade de se tratar do assunto, o que não constitui surpresa, uma vez que os
recursos do FPE representam uma receita essencial para grande número de unidades federadas
e qualquer variação negativa, por menor que seja, produz um grande impacto orçamentário
nessas unidades. Assim sendo, a questão da transição parece assumir um papel primordial no
sucesso de qualquer projeto; muitos congressistas, porém, não atentaram para essa questão ou
simplesmente entenderam não haver necessidade dessa previsão. Três questões merecem
destaque, a primeira diz respeito à distribuição regionalizada dos recursos, a segunda, a escolha
das variáveis e a terceira, a referência a dispositivos revogados ou julgados inconstitucionais.

A distribuição regionalizada, com as nuances apresentadas, parece ser o entendimento da


maioria daqueles que apresentaram projetos. Dos onze processos selecionados, sete
apresentam esse tipo de distribuição. Embora a divisão existente no PLS 192/11 não seja
regionalizado, ele foi incluído no rol desse projetos porque estabelece uma proporção fixa de
distribuição, como se o desenvolvimento socioeconômico do País jamais pudesse caminhar
para uma sociedade mais igualitária.

A escolha das variáveis parece reproduzir o fascínio que o Código Tributário Nacional exerce
sobre quem debruça sobre o assunto. Os critérios e as variáveis daí decorrentes, existentes

14
O autor da nova redação ao art. 2º da Lei Complementar nº 62/89, dando sobrevida aos valores discriminados
no Anexo Único até o exercício de 2017. Não revigorou, contudo esse Anexo, que foi julgado inconstitucional.
82
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naquela norma, são as mais utilizadas, ainda que a Constituição Federal tenha considerado
aquele tipo de repartição de recurso superado, exigindo a sua modificação. Possivelmente,
como as metodologias apresentadas são diferentes, é possível que os congressistas vejam
nessas variáveis as que melhor se adéquam para refletir a realidade socioeconômica brasileira.
Cabe observar nessa questão, que o PLS 35/12 é a adoção tanto das variáveis quanto da
metodologia do Código Tributário Nacional, diferindo deste apenas no que diz respeito a
existências de limites, uma vez que esse projeto abandona a utilização de tabelas.

Por fim, é comum que alguns projetos façam menção a dispositivos do Código Tributário
Nacional que se encontram expressamente revogados, bem como a dispositivos da Lei
Complementar nº 62/89 que foram julgados inconstitucionais, sem que tivessem a
preocupação de revigorarem tais dispositivos ou incluí-los no corpo do projeto. A falha, embora
possa parecer sem relevância, pode abrir o caminho para infindáveis discussões judiciais.

83
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10 Considerações Finais

Este relatório, portanto, reflete as diferentes perspectivas apresentadas pelos representantes


das várias unidades da Federação Brasileira, sem, no entanto, apontar para uma posição
consensual em direção aos novos critérios de repartição dos recursos do FPE.

A sua relevância reside no amplo conjunto de possibilidades identificadas e formatadas como


alternativas para um novo critério, assim como na exposição objetiva de seus propósitos,
premissas, metodologia de cálculo, fontes de informação e, sobretudo, impactos financeiros
sobre os estados e o Distrito Federal.

O documento destaca ainda condições atenuantes de tais impactos e que poderiam facilitar a
assimilação de um novo modelo pelas unidades federadas que incorram em perdas financeiras
e vislumbrem a partir dele uma ameaça à sua condição de equilíbrio fiscal, contemplando
basicamente duas possibilidades: a) o estabelecimento de um substancial período de transição;
e b) a elevação da contribuição da União para o Fundo de Participação dos Estados, conforme
delineado no capítulo 8.

Por último, é também apresentada uma breve síntese dos projetos de lei referentes ao tema, já
formulados no âmbito do Congresso Nacional, alguns arquivados e outros em tramitação,
isolada ou conjunta.

Assim, espera-se que este documento possa constituir uma importante referência para os
debates subseqüentes, a serem empreendidos na instância legislativa e na sociedade, com
vistas ao estudo e à efetiva construção de uma proposta viável e justa para um novo modelo
federativo de repartição do FPE, com a promoção de um maior equilíbrio socioeconômico entre
os membros da Federação, como reza a Constituição Federal de 1988.

Esta contribuição deverá somar-se aos demais estudos elaborados no âmbito do CONFAZ,
referentes a questões relevantes, cujo equacionamento mostra-se inter-relacionado ao
presente tema, como a revisão da repartição das receitas interestaduais do ICMS, a distribuição
dos royalties e participações especiais sobre a produção de petróleo, e a renegociação da dívida
pública das unidades federadas junto à União.

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11 APÊNDICE I - Anteprojeto da Lei Complementar 62/89

Anteprojeto de Lei Complementar de 1989 Para a Distribuição do FPE

Segue a redação de Anteprojeto de Lei Complementar para a distribuição do FPE que resultou
nos coeficientes de distribuição constantes no Anexo I da Lei Complementar 62/89.

“FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL

Estabelece os critérios de distribuição do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito


Federal.

SEÇÃO I - DA CONSTITUIÇÃO

Art. 1º - Do produto da arrecadação dos impostos referidos nos incisos III e IV do artigo 153 da
Constituição Federal destinar-se-á o percentual de 21,5% (vinte e um vírgula cinco por cento)
para a constituição do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal.
§ 1º - o percentual estabelecido neste artigo obedecerá às seguintes determinações:
I – no exercício financeiro de 1989, será de 19% (dezenove por cento).
II – durante os exercícios financeiros de 1990 a 1992, inclusive, os percentuais crescerão à razão
de 0,5% (meio por cento), por exercício, atingindo em 1993 o limite definido no caput deste
artigo.
§ 2º - para efeito do cálculo da percentagem prevista neste artigo, exclui-se a parcela da
arrecadação do Imposto sobre a Renda e Proventos de qualquer natureza pertencente aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, nos termos do disposto no parágrafo primeiro do
artigo 159 da Constituição Federal.

Art. 2º - A União, à medida em que for recebendo as comunicações do recolhimento dos


impostos que formam o Fundo de que trata o artigo anterior, a este creditará o valor
correspondente à aplicação do percentual estabelecido para o exercício em curso.
Parágrafo único – os valores totais relativos a cada imposto, creditados, mensalmente, ao
Fundo de que trata o artigo primeiro, serão comunicados ao Tribunal de Contas da União até o
último dia do mês subseqüente.

SEÇÃO II - DO CRITÉRIO DE DISTRIBUIÇÃO

Art. 3º - O Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal será distribuído da seguinte
forma:
I - 80% (oitenta por cento) do total a ser rateado serão destinados a todos os Estados e ao
Distrito Federal;
II – 20% (vinte por cento) destinados exclusivamente aos Estados das Regiões Norte e Nordeste.
Parágrafo único. Os percentuais definidos nos incisos do artigo anterior serão aplicados de tal
forma que os Estados das Regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste participem, no mínimo, com
85% do total do Fundo de Participação, obedecidos os critérios dos artigos 4º a 9º.
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Art.4º - Os recursos de que trata o inciso I do artigo anterior serão rateados da seguinte forma:
I – 5% (cinco por cento) proporcionalmente à superfície de cada entidade participante em
relação ao território nacional;
II – 95% (noventa e cinco por cento) proporcionalmente ao coeficiente individual de
participação resultante do produto do fator representativo da população, pelo fator
representativo do inverso da renda per capita de cada entidade participante, como definidos
nos artigos seguintes.
Parágrafo único. Para os efeitos do disposto no caput, consideram-se:
I – a superfície territorial apurada e a população estimada, quanto a cada entidade participante,
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
II – a renda per capita, relativa a cada entidade participante, no último ano para o qual existam
estimativas efetuadas pela Fundação Getúlio Vargas.

Art. 5º - O fator representativo da população a que se refere o inciso II do artigo anterior será
estabelecido da seguinte forma:
DISCRIMINAÇÃO FATOR
I – até 2% 2,0
II – acima de 2% e até 5%
a) pelos primeiros 2% 2,0
b) para cada 0,3 ou fração excedente, mais 0,3
III – acima de 5% até 10%:
a) pelos primeiros 5% 5,0
b) para cada 0,5% ou fração excedente, mais 0,5
IV – acima de 10% 10,0
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, considera-se como população total do País a soma
das populações estimadas a que se refere o inciso I do parágrafo único do artigo anterior.

Art. 6º - O fator representativo do inverso da renda per capita, a que se refere o inciso II, do
artigo 4º, será estabelecido da seguinte forma:
Inverso do índice relativo à renda per capita da entidade participante:
DISCRIMINAÇÃO FATOR
Até 0,0045 0,4
Acima de 0,0045 até 0,0055 0,5
Acima de 0,0055 até 0,0065 0,6
Acima de 0,0065 até 0,0075 0,7
Acima de 0,0075 até 0,0085 0,8
Acima de 0,0085 até 0,0095 0,9
Acima de 0,0095 até 0,0110 1,0
Acima de 0,0110 até 0,0130 1,2
Acima de 0,0130 até 0,0150 1,4
Acima de 0,0150 até 0,0170 1,6
Acima de 0,0170 até 0,0190 1,8
Acima de 0,0190 até 0,0220 2,0
Acima de 0,0220 2,5
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Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, determina-se o índice relativo à renda per capita
de cada entidade participante, tomando-se como 100 (cem) a renda per capita do País.

Art. 7º - Os recursos de que trata o inciso II do artigo 3º, serão rateados na forma dos critérios
utilizados para o rateio dos recursos definidos no inciso I do citado artigo com as seguintes
adaptações:
I - ao disposto no inciso I do artigo 4º, considerar-se-á a superfície do território das Regiões
Norte-Nordeste em substituição ao Território Nacional;
II – os coeficientes individuais, calculados na forma do inciso II, art. 4º que forem iguais ou
superiores a 10 (dez), serão reduzidos em 50% (cinqüenta por cento).

Art. 8º - Calculados os índices individuais nacional e regional, de conformidade com o disposto


nos artigos 4º a 7º, determina-se o índice básico individual de cada unidade.
Parágrafo único. Para efeito deste artigo considera-se índice básico individual a média
ponderada dos índices individuais nacional e regional com os pesos de 0,8 e 0,2,
respectivamente.

Art. 9º - Calculados os índices básicos individuais deverão ser procedidos os seguintes


ajustamentos para obtenção dos índices finais individuais de participação.
I – relativamente aos estados das Regiões Sul e Sudeste:
a) Ao Estado de maior renda per capita será atribuído o índice final de 1,0% (um por cento);
b) Os Estados da região Sul terão como índices finais, os respectivos índices básicos reduzidos
em 15% (quinze por cento);
c) Ao Estado de maior índice básico, deverá ser atribuído como índice final individual, o índice
básico correspondente, reduzido em 30% (trinta por cento);
d) O índice final do Estado do Espírito Santo será fixado em 1,5% (um e meio por cento);
e) O Estado do Rio de Janeiro terá como índice final o seu índice básico reduzido em 55%
(cinqüenta e cinco por cento);
f) Quando, por ocasião do reajustamento, o somatório dos índices finais individuais obtidos
conforme disposto nas alíneas anteriores, ultrapassar o limite estabelecido no parágrafo
único do art. 3º, esses índices serão reduzidos, na mesma proporção, de forma que seu
somatório se torne igual a 15% (quinze por cento);
II – relativamente aos Estados das regiões Norte, Nordeste, Centro-oeste e ao Distrito Federal:
a) O Estado que apresentar o maior índice básico, terá este índice como índice final;
b) Os Estados que apresentarem o segundo, terceiro e quarto índices básicos, em ordem de
grandeza, terão como índices finais individuais, esses índices básicos reajustados em 5%, 7%
e 9%, respectivamente;
c) Os Estados da Região Centro-oeste e o Distrito Federal, terão seus índices básicos
reajustados em 13% (treze por cento) para que se tenha os índices finais individuais;
d) Os índices dos demais Estados serão reajustados proporcionalmente aos respectivos índices
básicos de tal forma que, o somatório dos índices finais individuais das regiões referidas
neste inciso seja igual à diferença entre 100% (cem por cento) e o somatório referido na
alínea “f” do inciso anterior.
....................................

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Proposta de Cálculo de Distribuição do Fundo de Participação dos Estados – FPE


Unidade Federada Índice Básico Índice Final Variação
Acre 3,0857 3,4210 10,87%
Amapá 3,0781 3,4125 10,86%
Amazonas 2,5169 2,7904 10,87%
Pará 5,5134 6,1124 10,86%
Rondônia 2,5397 2,8156 10,86%
Roraima 2,2376 2,4807 10,86%
Tocantins 3,9151 4,3405 10,87%
Alagoas 3,7524 4,1601 10,87%
Bahia 9,3962 9,3962 0,00%
Ceará 6,9885 7,3379 5,00%
Maranhão 6,7460 7,2182 7,00%
Paraíba 4,3196 4,7889 10,86%
Pernambuco 6,3305 6,9002 9,00%
Piauí 3,8979 4,3214 10,86%
Rio Grande do Norte 3,7684 4,1779 10,87%
Sergipe 3,7480 4,1553 10,87%
Distrito Federal 0,6108 0,6902 13,00%
Goiás 2,5160 2,8431 13,00%
Mato Grosso 2,0424 2,3079 13,00%
Mato Grosso do Sul 1,1788 1,3320 13,00%
Espírito Santo 1,2376 1,5000 21,20%
Minas Gerais 6,3636 4,4545 -30,00%
Rio de Janeiro 3,3948 1,5277 -55,00%
São Paulo 6,1568 1,0000 -68,32%
Paraná 3,3920 2,8832 -15,00%
Rio Grande do Sul 2,7692 2,3538 -15,00%
Santa Catarina 1,5040 1,2784 -15,00%
TOTAL 100 100

Nota do GEFPE: chama-se a atenção para o total da coluna “Índice Básico” do anteprojeto de
LC. Embora explicite um total de 100%, o somatório real totaliza 103%.

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12 APÊNDICE II – Minuta de Proposta de Emenda Constitucional Ampliando o FPE

Altera o artigo 159 da Constituição Federal e acrescenta o


§5º ao mesmo artigo.

Art. 1º Dê-se ao inciso I do art.159 a seguinte redação e acrescente-se o seguinte § 5º:

“Art.159......................................................................................................................

I – Do produto da arrecadação dos tributos da União, exceto o imposto previsto no art.


153, VI e as contribuições previstas nos arts. 177, §4º e 195, I, “a”, e II:

a) xxx por cento ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal;

b) dez inteiros e setenta centésimos por cento ao Fundo de Participação dos Municípios;

c) um inteiro e quarenta e três centésimos por cento para aplicação em programas de


financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de
suas instituições financeiras de caráter regional, de acordo com os planos regionais de
desenvolvimento, ficando assegurada ao semi-árido do Nordeste a metade dos recursos
destinados à Região, na forma que a lei estabelecer;

d) quarenta e oito centésimos por cento ao Fundo de Participação dos Municípios, que
será entregue no primeiro decêndio do mês de dezembro de cada ano;

II – Do produto da arrecadação dos tributos da União, exceto o imposto previsto no art.


153, VI e as contribuições previstas nos arts. 177, §4º e 195, I, “a”, e II, setenta e sete
centésimos por cento aos Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das
respectivas exportações de produtos industrializados.

§5º para efeito do cálculo da entrega a ser efetuada de acordo com o previsto no inciso I,
excluir-se-á a parcela da arrecadação de que trata o disposto no §5º do art. 153.”

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JUSTIFICAÇÃO

A Constituição Federal de 1988 (CF) estabeleceu em seu Art. 159, inciso I, que a União destine
do produto da arrecadação dos impostos sobre a renda e proventos de qualquer natureza (IR) e
sobre produtos industrializados (IPI) quarenta e oito por cento (48%) aos Estados e Municípios.
Desta repartição, vinte e um e meio por cento (21,5%) destina-se ao Fundo de Participação dos
Estados e do Distrito Federal (FPE), vinte e três e meio por cento (23,5%) destina-se ao Fundo
de Participação dos Municípios (FPM), e três por cento (3%) para aplicação em programas de
financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, sendo
assegurada ao semi-árido do Nordeste a metade dos recursos destinados à Região
O objetivo do FPE, criado com recursos oriundos de parte da arrecadação da União, é promover
o equilíbrio sócio-econômico entre Estados, conforme preceito constitucional disposto no Art.
161, inciso II da Carta Magna.
No entanto, a cada ano os Estados vêm sofrendo perdas significativas em suas transferências
constitucionais obrigatórias, haja vista a migração da arrecadação federal direcionada para os
tributos não compartilhados. Com essa inversão o Governo Federal diminuiu a participação
daqueles entes na partilha de sua arrecadação. Para se ter uma idéia dessa distorção, em 1988,
ano da promulgação da CF, a arrecadação oriunda do IR e do IPI somavam 76,2% do total da
arrecadação da União, e as contribuições e outras receitas administradas somavam 23,8%,
enquanto que em 2010 o IR e IPI representavam 45,5%, e as contribuições e outras receitas
administradas os outros 54,5% do total da arrecadação federal.
Em 1988, a soma do IR e do IPI representavam 16,4% do total da arrecadação do Governo
Federal, enquanto que em 2010 essa participação declinou para 9,8%, conferindo aos Estados,
somente no ano de 2010, uma perda da ordem de 36 bilhões de reais, que representa
aproximadamente 40% do total do FPE em 2010.
A propositura ora apresentada tem um duplo objetivo: de um lado torna neutro o impacto das
mudanças na arrecadação de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do
Brasil – SRFB na evolução dos fundos constitucionais.
De outro lado, tendo em vista que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a sistemática
atual de repartição do FPE, definida pela Lei Complementar 62/89, é inconstitucional, e
determinou que um novo modelo de divisão entre em vigor a partir de 1º de janeiro de 2013, e
que em todos os cenários apresentados para esse novo modelo alguns Estados perdem receita,
há necessidade de ajuste dos percentuais aplicados sobre o total arrecadado pela União
visando a ampliação dos recursos destinados aos Fundos Constitucionais, para evitar essas
perdas no curto prazo.
Espera-se, assim, obter o fortalecimento da harmonia e cooperação entre a União e os demais
entes federativos na administração das finanças públicas, do que deverá resultar em
fortalecimento do federalismo fiscal brasileiro.

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13 APÊNDICE III – Memória dos Trabalhos no GEFPE para o Modelo Redistributivo

O modelo redistributivo utiliza-se de diversas variáveis para compor o cálculo dos índices de
repartição do FPE. A preocupação do subgrupo foi a de buscar critérios técnicos para atender
ao comando constitucional de promover o equilíbrio socioeconômico entre as UFs. Foram
analisadas as variáveis que poderiam ser utilizadas para compor o cálculo do índice de
distribuição do FPE, em nível conceitual. Em segundo lugar, foram analisados os indicadores de
cada variável e, finalmente, os critérios de cálculo e os pesos ponderados correspondentes.
Passos adotados:
- Eleger as variáveis a serem consideradas (sociais, econômicas, de custos, etc)
- Escolher os indicadores de cada variável e os critérios para realizar o cálculo (método)
- Atribuir pesos a cada variável

Além disso, sempre se levou em consideração a necessidade de se fazer uma transição para
reduzir os eventuais impactos nas finanças de cada UF, garantindo, no mínimo, o valor nominal
do repasse para aquelas UFs que perdem percentualmente no índice. Serão apresentadas as
diversas simulações que foram trabalhadas, com um resumo dos índices ao final, além de
gráficos ilustrativos.

1) PRÉ-CONFAZ DE VITÓRIA/ES (Dez/2010) E DO RIO DE JANEIRO/RJ (Mar/2011)

1.1) Variáveis analisadas:

- Territorial
- Populacional
- Social (dividida em três)
- Econômica
- Ambiental
- Financeira (rejeitada)

TERRITORIAL: Justifica-se a utilização desta variável, porque, quanto maior a área geográfica do
Estado, maior a infraestrutura e os custos necessários para manter os serviços à população. Foi
utilizado como indicador a superfície ou área individual de cada UF. O critério de cálculo
adotado foi o percentual individual em relação ao total Brasil, sem limites mínimos ou
máximos.
POPULAÇÃO: Justifica-se a utilização desta variável, porque, quanto maior a população, tanto
maior será a necessidade de recursos para fornecer serviços à sociedade. Foi utilizado como
indicador a população de cada Estado. O critério de cálculo adotado foi o percentual individual
em relação ao total Brasil com limites, de acordo com o CTN (ou seja, por faixas, com limite
mínimo e máximo).
SOCIAL: Justifica-se a utilização desta variável, porque, de alguma forma, ela avalia o resultado
das políticas públicas adotadas, na redução das desigualdades sociais. Foram utilizados como
indicadores o IDH e a renda per capita. O critério de cálculo adotado foi a média de três índices:

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1) Distância do IDH individual para o maior IDH; 2) Evolução (variação) do IDH; 3) Inverso da
renda per capita, de acordo com o CTN.
Na discussão da distância para o maior IDH, foi rejeitada a utilização do índice 1,0 como meta,
sendo utilizado o maior IDH (do DF). Na discussão da variação do IDH, foi rejeitada a utilização
dos quadrados (que visava a potencializar as diferenças), sendo usada a distância simples.
ECONÔMICA: Justifica-se a utilização desta variável, porque ela mede o nível de
desenvolvimento econômico de cada Estado da federação. Foi considerado como indicador o
PIB total. O critério de cálculo adotado foi o inverso do PIB total com limite de 10%, sendo
redistribuído o excedente.
Na discussão do PIB a ser utilizado, foi rejeitada a proposta de utilização de um PIB industrial
puro ou agregado a outras contas regionais.
AMBIENTAL: Justifica-se a utilização desta variável pela restrição imposta a cada UF em utilizar
algumas áreas para exploração econômica, com reflexos no potencial de arrecadação. Foram
considerados como indicadores as áreas indígenas e áreas de conservação da natureza (áreas
de proteção integral + áreas de uso sustentável). O critério de cálculo adotado foi o percentual
de área protegida em relação à área total do Estado, com utilização de valores por faixa.
FINANCEIRA: A variável financeira foi proposta com a intenção de compensar as diferenças de
aplicações diretas, investimentos e repasses voluntários efetuados pelo Governo Federal a cada
unidade federada. Entretanto, a variável foi rejeitada.
1.2) Atribuição de pesos para cada variável
Para a atribuição de pesos, o subgrupo decidiu utilizar o “Método de Análise Hierárquica” do
autor Thomas L. Saaty (ferramenta de auxílio à tomada de decisão). A metodologia utiliza uma
“árvore” e faz comparações das variáveis, mediante pesquisa com perguntas, atribuindo pesos
às variáveis consideradas. O sistema também possui um critério de consistência para verificar a
coerência dos resultados.
A árvore básica foi dividida em três ramos (três tipos de variáveis), com a subdivisão em
variáveis:

Foram computados 12 questionários e o resultado foi o seguinte (pesos para cada variável):
- Territorial (Área) 5,22%
- População 25,82%
- Inverso da Renda per capita 17,02%
- Distância para o maior IDH 27,04%
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- Variação do IDH 11,61%


- Inverso do PIB total 10,15%
- Ambiental 3,15%

1.5) CRITÉRIOS PARA TRANSIÇÃO


O subgrupo analisou algumas possibilidades de critérios para cálculo dos índices considerando
um período de transição:
- divisão do avanço ou recuo de cada índice individual durante o período de transição
considerado (ex. 1/10 a cada ano para 10 anos ou 1/5 para 5 anos);
- garante-se o valor nominal individual de 2012, e sobre o incremento do FPE aplicam-se os
índices calculados para o exercício de 2013 (e anos posteriores);
- critério idêntico ao anterior, com garantia de 80% do valor nominal referente ao ano de 2012
(idéia de reduzir o período de transição).
Obs.: de acordo com os valores históricos do FPE, estima-se que o valor nominal dobre a cada 5
anos, o que seria suficiente para a transição.

1.6) Orientações dos Secretários


Após a apresentação dos trabalhos, os Secretários deram as seguintes orientações para o
grupo:
- Estudar as possibilidades de neutralizar o impacto financeiro da transição e reduzir o risco de
queda de participação dos Estados no FPE.
- Pesquisar outros métodos estatísticos para a definição de pesos das variáveis no modelo
redistributivo.

2) SEMINÁRIO DE 25/05/2011

Durante o mês de maio/2011, o Subgrupo se reuniu para estudar novamente as variáveis e


demais questões relativas ao modelo redistributivo, com vistas à apresentação no Seminário do
dia 25/05.

Restaram aprovados os mesmos tipos de variável utilizados anteriormente: sociais, econômicas


e de custos. A variável financeira foi novamente rejeitada.
VARIÁVEIS SOCIAIS:
O grupo aprovou novamente a utilização da variável “Distância do IDH máximo”, a qual
considera a situação histórica de cada unidade federada (variável social). Foi analisada a
utilização da distância em relação ao IDH máximo (do DF) ou o IDH 1,0 (foi aprovada a distância
ao IDH máximo ou do DF). Também analisou-se a possibilidade da utilização da distância
simples, quadrática ou cúbica, sendo aprovada a utilização da distância simples.
Ficou decidido que o próprio grupo irá calcular os índices de cada unidade federada a partir dos
dados do IBGE, sem depender do PNUD. Além disso, decidiu-se utilizar a metodologia antiga do
IDH (que considera três indicadores: saúde-expectativa de vida, educação e renda per capita),
pois o Governo Brasileiro estava questionando o novo indicador de desenvolvimento do PNUD,
no qual foi alterado o indicador da educação (dividido em dois indicadores). O novo índice foi
batizado de IDS – índice de desenvolvimento social, para que o mesmo não fique associado
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diretamente ao PNUD (resolvendo um dos problemas apontados em reunião anterior no


modelo redistributivo).
A utilização de outros parâmetros, como o saneamento básico, para o cálculo do IDS foi
rejeitada (já estaria incluído na expectativa de vida).
Depois analisou-se a utilização da variação do IDH, adotada no estudo anterior. A variação do
IDH premiaria o desempenho positivo das políticas públicas, embora seja um pouco
contraditória em relação à distância do IDH. A manutenção desta variável foi rejeitada.
A terceira variável social seria o inverso da renda per capita. A variável foi novamente
aprovada, calculada nos mesmos moldes do CTN (com limites e com faixas, com pequenos
ajustes), apesar da manifestação de alguns representantes de que haveria “duplicidade”, pois a
variável já é considerada dentro do IDH.
VARIÁVEIS DE CUSTO:
Passando ao tipo de variáveis de custo, ou seja, as variáveis que implicam custo para cada
unidade federada, foi aprovada a manutenção das variáveis área e população, sendo também
aprovada a utilização da variável de infraestrutura (logística). A utilização de uma variável de
saneamento em separado foi rejeitada, pois poderia ser incluída na infraestrutura.
Quanto à utilização das variáveis área e população, foi analisada a possibilidade de utilização de
uma única variável de densidade demográfica, a qual foi rejeitada.
Quanto à variável de área, não houve discussão. A forma de cálculo seria a área de cada
unidade federada em relação ao total do Brasil, sem ajustes.
Quanto à variável população, foi analisada a possibilidade de utilização de uma “população
qualificada” (de baixa renda), a qual representaria a população mais pobre de cada unidade
federada (ex. a que recebe menos de ½ ou de ¼ do salário mínimo per capita). A população
brasileira que recebe menos de ½ SM é de 55 milhões e a que recebe menos de ¼ SM é de 22
milhões (referentes a 2010). Foi aprovada a utilização da “população qualificada” que recebe
menos do que ½ salário mínimo per capita (por incluir uma parcela mais representativa da
população de baixa renda). Também ficou decidido utilizar limite máximo de 8% por UF.
Quanto à variável de infraestrutura, ficou decidido utilizar o critério de “logística”, não devendo
ser considerada como uma variável de custos, mas como uma variável econômica.
VARIÁVEIS ECONÔMICAS:
Foi aprovada a manutenção das variáveis do PIB (pelo inverso) e ambiental (restrição legal da
exploração econômica). Foi novamente proposta a utilização de uma variável de saneamento
em separado, a qual foi rejeitada.
Quanto ao PIB, analisou-se a possibilidade de utilizar um “PIB industrial” ou de um “PIB
qualificado” em vez do PIB total. Foi aprovada a utilização do “PIB qualificado”, sendo votadas
as parcelas do PIB (de acordo com as contas regionais do IBGE) que deveriam fazer parte do
cálculo. Resumidamente, foram aprovadas as seguintes contas: agricultura, silvicultura e
exploração florestal; pecuária e pesca; indústria extrativa; indústria de transformação;
construção civil; produção e distribuição de energia elétrica e gás, água e esgoto; comércio e
serviços de manutenção e reparação, etc (representam em torno de 50% do PIB). O grupo
aprovou a utilização do limite máximo de 8% no índice do PIB qualificado.
Quanto à variável ambiental, analisou-se a possibilidade de utilização, além das áreas que
possuem restrição legal, das áreas com restrição efetiva, por dificuldades na exploração, como
é o caso das áreas de desertificação, áreas inundadas, etc. Ficou decidido considerar apenas as
áreas com restrição legal de exploração, conforme o estudo anterior.
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Quanto à variável de infraestrutura, a qual foi considerada como variável econômica, foi
aprovada a utilização dos indicadores de rodovias pavimentadas, ferrovias, portos, aeroportos
e energia elétrica. No entanto, como o grupo só possuía dados das rodovias pavimentadas, foi
aprovada a utilização desta informação inicialmente, deixando os demais indicadores para uma
análise futura. Foram utilizados os km de rodovias pavimentas em cada UF, ponderadas pela
área. Foram também considerados os limites mínimo de 1% e máximo de 8% nos coeficientes
de participação. A metodologia acordada é de se estabelecer primeiro o limite máximo de 8%.
Se houver UFs que ultrapassem este percentual, o excedente deverá ser redistribuído para o
restante da federação. Se ainda assim houver estados com menos de 1%, há que se redistribuir
novamente, garantindo este mínimo. Analisando o resultado alcançado com esta variável, o
grupo decidiu que a ponderação por área não é a melhor e a variável ainda deve ser melhor
estudada. Foi aprovada a apresentação de duas simulações, uma com a variável de
infraestrutura e outra desconsiderando a variável e distribuindo para as demais variáveis
econômicas.
Finalmente, analisadas as variáveis a serem consideradas no cálculo, analisados os seus
indicadores e critérios de cálculo (metodologia), passou-se a analisar os pesos a serem
utilizados na ponderação das variáveis. Novamente, decidiu-se utilizar o método de análise
hierárquica, por não ter sido encontrado método alternativo. Montada a árvore com os tipos
de variáveis (sociais, econômicas e de custos) e, dentro de cada tipo, as variáveis aprovadas,
distribuiu-se um questionário para cada participante da reunião, através do qual foi comparada
a importância/relevância dos tipos de variáveis entre si. Depois foi comparada a
importância/relevância das variáveis entre si, dentro de cada tipo. Colocadas as informações na
planilha de cálculo, resultaram os seguintes pesos para cada variável:

Variável Peso
Área 4,56%
População qualificada 10,24%
Distância para o maior IDS 50,04%
Inverso da renda per capita 18,13%
Inverso do PIB qualificado 9,51%
Ambiental 2,67%
Infraestrutura (rodovias pavimentadas) 4,85%

2.1) Orientações dos Secretários (quanto ao modelo redistributivo)

- Recomendação de continuidade e aprofundamento dos estudos


- Revisão dos indicadores
- Busca da atenuação de perdas, procurando preservar as receitas atuais
- Uma maior ênfase à transição, substituindo o quanto possível as travas e limites

3) PRÉ-CONFAZ DE CURITIBA/PR (Jul/2011)

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Neste Pré-Confaz, foi apenas feito um relato do Seminário realizado em 25/05/2011. Foram
repassadas algumas orientações dos Secretários para o GEFPE deve aprofundar os estudos,
considerando as seguintes premissas:
- Priorizar a manutenção do equilíbrio fiscal dos estados.
- Os estados não podem/devem sofrer perdas em suas receitas atuais.
- Definição de uma proposta concreta de elevação do aporte da União
- Definição de critérios que atendam ao preceito constitucional, apontando para um maior
equilíbrio sócio-econômico entre as unidades da federação.
- Longo processo de transição
- Os trabalhos devem ser agilizados, de modo a permitirem uma maior sintonia com a agenda
política, que já comporta projetos em tramitação.
- Organização e agendamento do 2º Seminário de Avaliação de Alternativas para o FPE.

4) PRÉ-CONFAZ DE MANAUS/AM (Set/2011)

Na reunião preparatória da apresentação no Pré-Confaz, a partir das orientações dos


Secretários, tentou elaborar uma simulação que:
• Preserve as receitas atuais
• Seja um modelo simples, evitando o excesso de complexidade
• Aplique novos critérios às receitas adicionais
• Combine os atributos dos modelos de equalização e redistribuição
• Tenha um período de transição
• Alcance um relativo consenso entre os representantes

Foi decidido que os trabalhos seriam conduzidos em grupo único, na tentativa de alcançar
maior consenso na elaboração das simulações. Também foi decidido reduzir o número de
variáveis para simplificar e evitar o efeito de uma variável anular a outra.
Foi definido discutir dois modelos: um modelo simplificado, com menos variáveis, e um modelo
mais completo, podendo ter um maior número de variáveis.
MODELO SIMPLIFICADO
As variáveis aprovadas foram: Renda per capita, PIB total, área, população total. Foram
rejeitadas as variáveis: ambiental, infraestrutura e IDS. A ideia foi produzir um modelo
simplificado, reduzindo as variáveis e eliminando limites mínimos e máximos (além das travas e
faixas) e conceitos que dificultem os cálculos sem trazer grandes alterações nos resultados.
MODELO COMPLETO
Acabaram sendo aprovadas e rejeitadas as mesmas variáveis. A única alteração foi quanto à
utilização de uma população “qualificada” (com renda per capita inferior a ½ salário mínimo)
em vez da população total.
Depois de analisar 4 modelos distintos (além destes dois modelos, outros dois foram analisados
por proposta individual de AL e do PI), deliberou-se por um modelo simples com apenas 4
variáveis: área, população, renda per capita e PIB total. Além disso, decidiu-se utilizar a
população total novamente, em vez de utilizar uma população “qualificada”, que

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corresponderia a uma população de baixa renda (renda abaixo de ½ salário mínimo). Também
quanto ao PIB, retornou-se ao PIB total, sendo abandonada a ideia de um PIB “qualificado”, do
qual eram retiradas algumas parcelas, como na simulação anterior. Deliberou-se por retirar
todos os limites de mínimos e máximos, travas e faixas.
Para a atribuição de pesos às variáveis, utilizou-se o método de análise hierárquica (pesquisa
entre os participantes sobre a importância relativa das variáveis) e um novo método, através de
uma ferramenta do excel, que minimiza as variações absolutas (ganhos e perdas) em relação à
distribuição atual. A alternativa de cálculo direto da média de pesos atribuídos pelos
representantes dos estados foi rejeitada por unanimidade.
Os resultados obtidos nas simulações para o modelo redistributivo aperfeiçoado apresentaram
melhora, porém mantiveram-se os ganhos e perdas expressivos para os mesmos estados,
observados na versão anterior do Modelo Redistributivo.
A análise de um modelo misto foi incluída no próximo item do relatório consolidado.

II - MODELO MISTO

1) PRÉ-CONFAZ DE MANAUS/AM (Set/2011)

A ideia da elaboração de uma simulação usando um modelo misto (redistributivo e


equalização) foi a de tentar alcançar um resultado que não gerasse perdas excessivas para as
UFs. No modelo redistributivo algumas UFs apresentam perda elevada em relação à situação
atual. Já no modelo de equalização, outras UFs apresentam perda expressiva. No modelo misto,
estas perdas são reduzidas.
Foram apresentadas e discutidas as simulações de impactos com base nas planilhas do modelo
redistributivo simplificado, com a adição de uma variável independente de equalização,
assumindo uma característica mista.
Utilizou-se uma função estatística do excel para estimar os pesos das variáveis de modo a
minimizar as perdas (função solver).
Os resultados obtidos apresentaram grande proximidade com a distribuição atual (da LC
62/89), com exceção de poucas UFs (MG e TO, principalmente), sendo bem aceitos pela maior
parte dos representantes dos estados. Salienta-se que o resultado mantém uma distribuição
entre regiões semelhante à situação atual, sem a necessidade de reservas fixas (85% e 15%). A
simulação retirou a grande perda da Bahia, do Ceará e de outros estados do norte e nordeste,
inclusive dos estados pequenos como Amapá e Roraima.
A partir desta primeira simulação do modelo misto, evoluiu-se para nova simulação com menor
perda global em relação atual. Na parte das variáveis do modelo redistributivo, foram mantidas
as variáveis do modelo básico da reunião anterior (Área, População, PIB e Renda per capita).
Foram feitas diversas simulações, inclusive usando outras variáveis e conceitos de simulações
anteriores, como População Qualificada (com renda inferior a ½ salário mínimo) e IDS, sendo
que a simulação apresentada é a que produz o melhor resultado em relação às perdas globais.
Uma das alterações principais foi a utilização de outra simulação na equalização, a qual foi
realizada com duas etapas, sendo a primeira com 50% dos recursos e VR de máxima
redistributividade, e a segunda com 50% dos recursos e VR igual à receita média per capita
nacional acrescida de ½ desvio padrão. Com estes parâmetros a parcela de equalização não
destinaria recursos às UFs com maior receita per capita (DF, SP, ES, RJ e MS). Entretanto, estes
estados recebem recursos em função das demais variáveis do modelo redistributivo. Além
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disso, a segunda etapa de equalização não está “fixada”, sendo recalculada ao longo do tempo,
em função da receita média nacional per capita acrescida de ½ desvio padrão. Assim sendo,
algumas UFs que não recebem recursos a título de equalização num primeiro momento,
poderão receber recursos no futuro, inclusive em função de uma possível reforma tributária.
Foram realizadas diversas simulações variando os parâmetros de equalização, entretanto, esta
apresentada é a que produz o melhor resultado em relação às perdas (perda global de R$ 3,22
bilhões). Salienta-se que esta simulação não possui quaisquer limites, travas, faixas ou reservas.
Foi estudada uma simulação com transição em 20 anos, considerando crescimento nominal de
15% ao ano (média histórica de crescimento do FPE), para identificação/neutralização de
impacto nominal, garantindo-se ainda um determinado ganho aos estados que perdem pontos
percentuais nos seus coeficientes.
Deliberou-se pela apresentação da transição em valores atuais, sem incorporar projeção de
crescimento. Para tanto, o cálculo foi refeito com base nos repasses atuais (2011), no período
de 20 anos (redução de 5% ao ano para a distribuição atual, sendo transferidos para os novos
critérios de repartição).
Após a apresentação os Secretários deram as seguintes orientações:
1. Elaboração de nova alternativa para o Modelo Misto, visando à minimização da
amplitude das perdas individuais, ainda que as perdas totais tornem-se maiores.
2. Elaboração de nova alternativa com base na proposta do Amapá, que considere
também as necessidades de infraestrutura para o desenvolvimento.
3. Elaboração de documento que sintetize as várias alternativas analisadas pelo GEFPE e
apreciadas pelo CONFAZ: Modelo de Equalização, Modelo Redistributivo, Modelo do
CTN, Modelo Misto e Modelo de Infraestrutura (Amapá).

2) PRÉ-CONFAZ DE SÃO PAULO/SP (Dez/2011)

A partir das orientações dos Secretários, tentou-se elaborar um modelo misto com a
minimização das perdas individuais de cada UF. Com o modelo misto da reunião anterior,
utilizando-se as mesmas variáveis, inclusive a mesma equalização de receitas, foi feita uma
simulação adotando-se uma “meta” de máximo de 20% de perda individual, pois as tentativas
de utilizar um limite menor de perdas não deu resultado. Também foi feita uma simulação
acrescentando uma “meta” de limite máximo de ganho individual. Entretanto, se o limite de
ganho for reduzido (de 20% ou 30%), o resultado piora em relação às perdas individuais. Um
limite de ganho de 75% produziu um resultado melhor.
Além disso, foram feitas várias simulações no decorrer da reunião, já que a planilha utilizada
possibilitava estas simulações de forma bastante rápida e fácil. Foram feitas simulações
alterando a variável de equalização, mas o melhor resultado foi obtido com 50% de máxima
redistributividade e 50% de VR média mais ½ desvio padrão.
Foi disponibilizada, para todos os integrantes do grupo, uma planilha chamada de “modelo
misto completo”, na qual foram reunidas todas as informações necessárias, inclusive da
variável de infraestrutura e da equalização de receitas, possibilitando e facilitando a simulação
pelos demais colegas. Foi produzido um novo resultado, sem o uso de quaisquer travas ou
limites, atendendo à meta de perda individual inferior a 20%. Entretanto, a planilha também
possibilita o uso de travas para cada variável, com limites diversos como 5%, 8%, 10%, etc.

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Foi feita uma simulação com a variável de infraestrutura separada no modelo de minimização
de perdas individuais. Mas, os resultados trouxeram perdas expressivas para alguns estados (BA
e MG, por exemplo, perdem respectivamente 26% e 25%).
Decidiu-se realizar uma simulação com travas de 5% para cada variável (valor máximo que uma
UF pode ter de coeficiente na variável), exceto na variável de equalização (sem trava). Os
resultados obtidos reduziram ainda mais as perdas individuais, possibilitando o uso de meta de
máximo de 10% de perda por UF (o sistema só não conseguiu atender a esta meta para os
Estados de BA, MG e TO, mas os resultados foram bem melhores).
Acrescentando a variável de infraestrutura ao modelo misto de minimização de perdas
individuais, o “solver” atribuiu peso zero a esta variável, indicando que a melhor solução seria
não considerar a infraestrutura.
Foi também efetuada a simulação com travas no cálculo da variável de infraestrutura (máximo
de 10% em cada componente do cálculo), e o peso atribuído à variável de infraestrutura foi
muito pequeno, gerando basicamente o mesmo resultado obtido sem as travas e/ou sem esta
variável.

O modelo de minimização de perdas ao utilizar as metas de perdas máximas de até 10%, com
as travas de 5% por variável), efetivamente reduziu as perdas individuais. Com este modelo e
com estas variáveis não foi possível reduzir mais. A maior perda individual ficou em torno de
19% para o Estado de Tocantins, sendo que os demais Estados ficaram com perdas menores,
em no máximo 10% a 13%, aproximadamente. Já a perda global, também foi reduzida em
relação ao modelo misto apresentado no Pré-Confaz de Manaus, o que foi outro avanço.
A variável de infraestrutura obteve peso insignificante, não sendo relevante dentro da ótica de
minimização de perdas em relação à distribuição atual. Entretanto, para atender à orientação
dos Secretários, foi realizada uma simulação atribuindo peso de 10% para a variável de
infraestrutura. O resultado elevou as perdas individuais e a perda global, demonstrando que a
variável não tem aderência com a LC 62/89.
Foram apresentados na Reunião do Pré-CONFAZ em São Paulo, as seguintes simulações:
– Modelo Misto de Minimização de Perdas Individuais com Metas de 20% para perdas e de 75%
para ganhos, com a equalização de receitas em duas etapas (50% na primeira etapa, com
máxima redistritubividade e 50% com VR média mais ½ desvio padrão);
- Modelo Misto de Minimização de Perdas Individuais com Metas de 10% para perdas e de 75%
para ganhos e equalização com 50% de máxima redistributividade e 50% com VR média mais ½
desvio padrão, e travas de 5% no coeficiente de cada UF para cada variável, exceto na
equalização;
– Modelo de Infraestrutura, com Minimização de Perdas Individuais com Metas de 20% para
perdas e de 75% para ganhos e equalização com 50% de máxima redistributividade e 50% com
VR média mais ½ desvio padrão. (Obs: A Função Solver do Excel anula a variável de
infraestrutura atribuindo-lhe peso zero para minimizar as perdas individuais).
– Modelo de Infraestrutura, com peso fixado em 10% para esta variável e minimização de
Perdas Individuais com Metas de 20% para perdas e de 75% para ganhos, além da equalização
com 50% de máxima redistributividade e 50% com VR média mais ½ desvio padrão.

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Além disso, foram apresentadas pelo RS algumas considerações sobre os estudos realizados,
com ênfase nos efeitos financeiros num processo de transição de 20 anos, com a expectativa de
crescimento nominal dos valores a serem repassados a todas as UFs.

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14 APÊNDICE IV - Relação de Integrantes do Grupo Especial de Estudo do FPE – GEFPE

Augusto de Oliveira Monteiro - Bahia – Coordenador


Marcelo Ramos de Melo - Rio Grande do Sul – Coordenador Adjunto
Jalbas T. H. Lira - Alagoas
Benedito Paulo de Souza - Amapá
Eduardo C. Tavares - Amapá
Claudeci de Brito Honorato - Amazonas
Lourdes Maria Porto Moraes - Ceará
Rosemeire Tavares - Distrito Federal
Patrícia Motta Café – Distrito Federal
Sérgio Pereira Ricardo – Espírito Santo
Fernando Cesar Pandini- Espíritio Santo
Antônio Ricardo Gomes de Souza – Goiás
Lucas Elmo Pinheiro Filho - Mato Grosso
Augusto Pavini Dourado – Mato Grosso
Gladiston Riekstins Amorim - Mato Grosso do Sul
Célia Maria Silva Carvalho – Minas Gerais
Adélia Maria da Silva Macedo - Pará
Edna Nazaré Cardoso Farage – Pará
Abílio M. Rodrigues – Paraíba
Jair Moreira Lima - Paraíba
Gedalva Baratto – Paraná
Cesar Ribeiro Ferreira - Paraná
Nilo Otaviano da Silva Filho – Pernambuco
Antônio Fernando Almeida Lima - Pernambuco
Sandra Wanderley Lubambo – Pernambuco
Francisco Celestino de Souza – Piauí
George Santoro – Rio de Janeiro
Renata Rimes de Almeida – Rio de Janeiro
Marco Aurélio Alves de Mendonça – Rio de Janeiro
José Arnaldo Fiuza Lima – Rio Grande do Norte
Domingos Francisco da Cunha – Rondônia
José Carlos da Silveira - Rondônia
Wanderlei Pereira das Neves – Santa Catarina
Luiz Márcio de Souza – São Paulo
Wagner M. G. da Silva – São Paulo
Carlos Henrique Cavalcante Antunes - Sergipe
Márcia Mantovani - Tocantins

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