Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Obrigações
Prof. Luísa Chaloub
1) Introdução
d) Evolução histórica:
1- Romano: surge a partir da ideia de submissão, a dívida poderia ser paga com o
próprio corpo do devedor (servidão, por exemplo).
2- Talião: representa uma evolução em relação ao direito romano, trazendo a ideia
de proporcionalidade entre dívida e pagamento.
3- 428 a.C.: surge a possibilidade de utilização do patrimônio como pagamento da
obrigação, havendo a possiblidade de se eliminar a sanção pessoal.
4- Justiniano 534 a. C.: consolida-se a ideia de obrigação como prestação.
5- Código Napoleônico de 1804 – artigo 2093: sistematizou a cobrança da dívida de
forma mais próxima ao que temos nos dias atuais, já que o código era baseado na
autonomia, liberdade e comércio. Traz a ideia de proporcionalidade material,
surgindo uma maior impessoalidade da obrigação. As garantias em caso de
inadimplemento estariam no patrimônio do devedor.
e) Posição topográfica: o direito das obrigações é a base para todos os demais ramos
do direito.
f) Função social da obrigação: a função social é o adimplemento, ou seja, o
cumprimento da obrigação imposta. O processo (atos encadeados) pelo qual a
obrigação é submetida é direcionado totalmente para a sua função social. As fases
de uma obrigação são: nascimento (quando as partes se obrigam),
desenvolvimento e adimplemento (fim da obrigação).
g) Metodologia:
h) Relações patrimoniais:
h.1) Teoria Monista: acredita que não existe diferença entre obrigações e reais. Há uma
zona de confluência entre ambos os direitos.
1- PESSOAL (relação entre 2 pessoas, mediato, ação plural) x REAL (relação entre
1 sujeito e a coisa, imediato, qualquer pessoa)
2- VIOLAÇÃO POSITIVA OU NEGATIVA (existem prestações positivas ou
negativas nas obrigações, o que geram violações também positivas ou negativas)
x VIOLAÇÃO POSITIVA (nos reais só há uma forma de violação do direito real,
que é a positiva).
3- EXEMPLIFICATIVO – numerus apertus (artigo 425 CC – pode-se existir
qualquer obrigação desde que consoante com essa lei) x TAXATIVO – numerus
clausus (o rol dos reais é taxativo, embora tenham autores que defendem que ele
é exemplificativo, tendo em vista a autonomia privada).
4- RELATIVO (inter partes – a relação só se estabelece entre credor e devedor) x
ABSOLUTO (erga omnes – deve ser respeitado por todos)
5- EXECUÇÃO PATRIMONIAL (se o devedor não tem patrimônio, não há como
ocorrer o pagamento) x SEQUELA (previsto no artigo 1228 do Código Civil, faz
referência ao princípio da aderência. O direito de sequela é o direito que o titular
da coisa tem de perseguir esta coisa aonde quer que ela esteja e nas mãos de
qualquer pessoa que a detenha injustamente).
6- PRIVILÉGIO (lei 11.101/05 – crédito a ser recebido se dá por meio de uma ordem
preferencial – é recebido se existe o patrimônio) x PREFERÊNCIA (registro: é
dono da coisa quem primeiro a registrou)
7- FORMA LIVRE (artigos 107 e 108 contém as exceções à regra da forma livre do
contrato) x REGISTRÁVEIS (publicamente, erga omnes)
8- TRANSITÓRIOS x PERPÉTUOS
1- Teoria Monista
2- Teoria Dualista: adotada pelo CC
2.2- As relações jurídicas são reais, uma vez que envolvem coisas;
Na obrigação propter rem, a coisa e a obrigação andam juntas, porém não há limitação do
uso da coisa em caso de inadimplemento da prestação.
$$$
b) Obrigação de ônus reais, condição: são aquelas que limitam o uso e o gozo da
coisa. Nessa obrigação, a dívida não é de um proprietário A ou B, mas sim
encargo da própria coisa. Nos ônus reais, o adquirente posterior se
responsabilizará por débitos contraídos pelo titular anterior, assumindo
encargos que estiverem em atraso. O proprietário devedor só será atingido no
limite do valor do bem, não por seu patrimônio inteiro. O titular não pode
utilizar a coisa em questão enquanto a obrigação não for adimplida.
c) Eficácia real: relação obrigacional que produz efeito “erga omnes”, não
possuindo a característica de relatividade.
Ex: artigo 33 do CC
i) Direitos da personalidade:
4.2- gerais;
4.3- imprescritíveis: o direito da personalidade não prescreve, ainda que a pessoa não
utilize o direito por um tempo considerável;
4.4- intransmissíveis;
5- Dano: os danos aos direitos da personalidade podem ser de 3 tipos: dano moral
(dano à dignidade); dano material e dano estético (modificação não-desejada e
permanente).
Vínculo jurídico
Características: qualquer pessoa pode ser sujeito de uma obrigação; artigo 1º do CC;
natural ou jurídica.
• Ente despersonalizado? Pode figurar como sujeito ativo de uma obrigação e até
mesmo ajuizar a respectiva ação de cobrança, mas só pode atuar dessa forma em
casos que envolvam sua atividade fim (entendimento do STJ).
OBS1: relação complexa (relação na qual ora uma pessoa atua como credor, ora como
devedor). Ex: relação de compra e venda. A maioria das relações obrigacionais do dia a
dia é complexa. Para determinar quem é o credor e quem é o devedor em questão, observar
o OBJETO.
OBS2: transmissibilidade da obrigação: as obrigações, no geral, podem ser
transferidas de uma para outra pessoa, com exceção das obrigações personalíssimas, as
quais tem que ser cumpridas por uma pessoa específica.
OBS4: dúplice: as obrigações tem que ter dois polos (sujeito ativo e sujeito
passivo) – quando não há, ocorre a CONFUSÃO. Artigo 381: “Extingue-se a obrigação,
desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e de devedor.”
OBS5: plural x unitário: os sujeitos podem ser plurais ou unitários (ex: 10 pessoas
no polo ativo, 1 pessoa no polo passivo)
SUJEITO ≠ PESSOA (ex: pessoa jurídica – vários sócios em uma empresa, porém
apenas 1 sujeito na obrigação).
+ - dar/fazer
- - não fazer
Artigo 104, II, CC – o objeto precisa ser lícito, possível, determinado ou determinável. A
forma de determinação do objeto no direito das obrigações é a CONCENTRAÇÃO.
Interesse – lei 13.188/15 (lei do direito de resposta): direito que uma pessoa tem
de ir ao ar dar a sua resposta em caso de ofensas recebidas por um veículo de comunicação
– tem como base a ideia do interesse.
• Tipos:
Credor Devedor
Prestação (pagar/exigir)
Entende que para o devedor pagar a dívida e para o credor exigir o pagamento em
caso de inadimplemento, só é necessária uma prestação, na qual está presente o dever de
pagar e o direito de exigir – somente 1 elemento no vínculo jurídico.
responsabilidade
Credor Devedor
débito
Essa teoria entende que, embora geralmente ambos estejam presentes em uma
obrigação, pode haver débito sem responsabilidade e vice-versa.
• Proibido: aqueles que dependem somente da sorte da pessoa (ob natural) ex: jogo
do bicho
• Tolerado: aqueles que não dependem exclusivamente da sorte, mas também da
habilidade (ob natural) ex: poker, canastra
• Autorizado: aqueles que estimulam alguns aspectos da economia (ob civil) – ex:
loteria, corrida de cavalos.
Ex: fiador – garantia de uma obrigação, responsável pela dívida caso o devedor não
pague – não possui débito.
Artigo 820, CC: “Pode-se estipular a fiança, ainda que sem consentimento do
devedor ou contra sua vontade”
RESUMINDO:
Artigo 313 c/c 356 do Código Civil: Princípio da exatidão - “O credor não é
obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa” +
Dação em pagamento – “O credor pode consentir em receber prestação diversa da que
lhe é devida” (nesse caso, a obrigação de dar coisa certa é extinta, ocorrendo a dação em
pagamento)
Artigo 233 do Código Civil: “A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios
dela, embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das
circunstâncias do caso”. A obrigação de dar coisa certa abrange seus acessórios – frutos,
produtos, rendimentos, partes componentes e integrantes da coisa e benfeitorias
incorporadas ao solo serão abrangidas pela ob de dar coisa certa. Entretanto, as partes
podem combinar o contrário no momento de criação do contrato, excluindo os acessórios
da obrigação. Esse artigo também não se aplica quando, pelas circunstâncias do caso, o
bem não deve ser incorporado ao bem principal – ex: pertenças: são bens móveis e não
se inserem na relação obrigacional pois não se incorporam à coisa principal (artigo 93,
CC).
b) Perda de bem
1- Gênero que possui duas espécies: perecimento (quando há a perda total do objeto)
e deterioração (perda parcial do objeto).
2- Duas formas de adimplemento: tradição (para os bens móveis) e registro (para os
bens imóveis). Enquanto isso não for feito, o bem ainda é do antigo dono
(devedor) – quando tratamos da perda do objeto, tratamos de momentos anteriores
à tradição ou ao registro, quando o objeto ainda é de posse do devedor – Res perito
domino.
3- Sem culpa: quando o bem se perde sem culpa do devedor, em casos de caso
fortuito ou força maior (art. 393 do CC). A obrigação se resolve para ambas as
partes. Busca-se retornar ao status quo ante (ex: devolução do dinheiro). O credor
fica com o prejuízo da coisa que se perdeu. O devedor só se responsabilizará pela
perda da coisa em caso de fortuito se isso estiver expressamente convencionado
por cláusula de garantia.
4- Com culpa: quando o objeto se perde por responsabilidade do devedor.
Elementos:
Ex: caso do Show do Milhão – perda de uma chance: a pessoa perdeu a chance de
ganhar 1 milhão de reais pois a pergunta não tinha nenhuma resposta correta – ela não
recebe indenização de 1 milhão, mas sim da quarta parte de 1 milhão (uma vez que
tinham 4 opções de resposta para a pergunta), que corresponde à chance que ela tinha
de ganhar.
4.2 – Equivalente
Divergência doutrinária:
OBS: Sempre que houver perda com culpa, o credor poderá reclamar as perdas e
danos.
c) Dar/entregar
2- Deterioração:
Sem culpa: artigo 235 – status quo ante ou recebe + (o credor pode escolher ficar com
o bem, mas receber um abatimento devido à perda parcial de sua funcionalidade).
Com culpa: artigo 236: P e D + equivalente (caso o credor não aceite a coisa) ou
abatimento (caso o credor aceite a coisa no estado em que se encontra).
1- Perecimento:
Sem culpa: artigo 238 – status quo ante (o credor fica no prejuízo da coisa perdida).
2- Deterioração:
Sem culpa: o credor recebe a coisa no estado como está, mesmo com sua função
diminuída, sem direito de indenização.
OBS: artigo 236: o artigo 240 pode ser combinado com o artigo 236, e o credor
poderá escolher receber a coisa no estado em que está, em caso de deterioração com culpa
em ob de restituir.
e) Melhoramentos e acréscimos:
Dar/entregar
Artigo 237: em caso de melhoramentos feitos pelo devedor na coisa a ser entregue,
ele pode exigir um aumento de preço para o credor, tendo em vista a valorização do
objeto. Pode, entretanto, também haver uma desvalorização, podendo o bem diminuir de
preço. Os frutos percebidos que advém dos melhoramentos são do devedor, mas o credor
pode ser indenizado por eles. Os frutos ainda não colhidos serão de posse do credor.
Restituir
Artigo 241: O credor não é obrigado a indenizar o devedor em caso de, no momento
da restituição do bem, haver melhoramentos acrescidos que não sejam advindos de
intervenção do devedor possuidor.
Quanto aos frutos, o artigo 1.214 legisla sobre os casos em que há boa-fé: o possuidor
tem direito a todos os frutos percebidos. Já o artigo 1.216 versa sobre os casos de má-fé:
reconhece-se em favor do credor o direito à indenização por todos os frutos colhidos e
percebidos, além dos que, por má-fé, o devedor deixou de perceber.
f) Ob pecuniária: artigo 315 do CC: aquela obrigação que deve ser paga em dinheiro.
O artigo 315 dispõe que a obrigação deve ser paga na moeda de curso forçado e
pelo valor nela impresso, ou seja, aplica-se o princípio do nominalismo e a correção
monetária, através de um processo natural de valorização do valor da coisa (utiliza-se a
inflação como medida). Entretanto, no artigo 317, existe a disposição da teoria da
imprevisão, que declara que, quando ocorrem fatos excepcionais e imprevisíveis, em que
haja desproporção entre o valor da prestação devida e a do momento de sua execução, a
parte pode pedir que o juiz corrija o valor a ser pago.
• Caráter transitório: a incerteza quanto ao objeto não pode perdurar para sempre,
havendo de ser determinada em algum momento da obrigação.
• Crítica: o termo “gênero” é mais amplo que espécie – a palavra “espécie” é
considerada mais adequada pela doutrina. Projeto de lei nº 276/07 que pretendia
mudar a redação do artigo 243 do CC. – a interpretação que se dá a esse artigo é
no sentido de “espécie”.
b) Escolha e concentração
Artigo 245: a escolha do objeto deve ser externalizada na relação jurídica – a mera
reserva mental não faz com que a obrigação passe a ser certa.
Artigo 244 – ideia do meio termo ou média c/c artigo 342 (caso de escolha do
credor).
O contrato pode definir quem vai escolher a qualidade do objeto. Caso não esteja
definido, a escolha é do DEVEDOR. É utilizado o critério do termo médio:
c) Gênero limitado/ilimitado
Artigo 246: a coisa nunca perece? – a crítica aponta para uma combinação com o
artigo 245 – a perda/deterioração da coisa pode ocorrer após a sua escolha, nos termos do
que está disposto nos artigos sobre obrigação de dar coisa certa.
5) Obrigação de fazer
b.2) fungível/material/pessoal – artigo 249 – podem ser feitas por qualquer pessoa,
desde que respeitada a vontade do credor: fica a seu critério se a ação poderá ser feita
por terceiros ou não.
c) Inadimplemento
Pacta sunt servanda: força contratual dos pactos – os pactos devem ser
cumpridos. O contrato configura-se como a lei entre as partes – o indivíduo tem que
cumprir aquilo que se obrigou a fazer, o que faz com que possa se buscar a execução
caso haja inadimplemento.
c.1) sem culpa – artigo 248, 1ª parte – aplica-se a obrigações fungíveis e infungíveis – se
a obrigação se torna impossível sem culpa do devedor – extingue-se a obrigação – status
quo ante.
b.1) com culpa (artigo 251) – o credor pode obrigar o devedor a desfazer a ação, além
do pagamento das perdas e danos.
b.2) sem culpa (artigo 250) – caso em que o devedor não tem meios para cumprir a
obrigação de não fazer – ex: ordem judicial ou força policial que obriga o devedor a
agir, não podendo ele descumprir – extingue-se a obrigação de não fazer.
3) Obrigação alternativa
a) Conceito: aquelas nas quais o contrato prevê pelo menos duas opções de objeto
para pagamento.
d.1) sem culpa: artigo 253 – concentração automática – se uma das prestações se
perde, a escolha recai sobre a outra; se todas as prestações se tornarem impossíveis,
extingue-se a obrigação.
4) Obrigação facultativa
a) Introdução: trata-se de uma obrigação que possui somente 1 objeto, mas que o
devedor pode ser exonerado pagando outro objeto diverso. A obrigação
facultativa se dá devido a uma necessidade fática, não havendo nenhum
dispositivo legal sobre o assunto. Foi criada para facilitar o adimplemento da
obrigação. A obrigação é simples em relação ao credor (são aplicados os
dispositivos que versam sobre obrigação simples; se o objeto se perde sem culpa
do devedor, o credor não pode exigir nada) e composta em relação ao devedor
(são aplicadas as normas sobre obrigação alternativa; o credor dá outra opção para
adimplemento).
OBS: não é necessário que haja uma cláusula expressa no contrato que disponha
a faculdade, sendo suficiente um acordo entre credor e devedor que exonere o último.
1) Introdução: quanto ao número de sujeitos, a obrigação pode ser única (apenas uma
pessoa em cada polo) ou múltipla (mais de uma pessoa em um ou nos dois polos).
As obrigações múltiplas dividem-se em: divisíveis, indivisíveis e solidárias.
2) Obrigação divisível: faz-se mero cálculo aritmético – divide-se o valor da
obrigação pelo número de pessoas envolvidas (artigo 257). Exceções ao artigo:
obrigações indivisíveis (o devedor paga o objeto inteiro por uma impossibilidade
fática) e solidárias (o devedor paga o objeto inteiro porque deve).
3) Obrigação indivisível
a) Conceito: artigo 258 c/c 87 e 88 – quando o objeto não pode ser dividido por sua
natureza, por motivo de ordem econômica (a divisão diminuir o valor do objeto)
ou por razão determinante do negócio jurídico.
b) Espécies: natural (própria natureza do objeto – ex: cavalo), lei (previsão legal para
indivisibilidade) e vontade das partes (decisão estipulada no contrato).
c) Efeitos:
c.1) mais de um devedor (artigo 259): o credor pode obrigar qualquer um dos
devedores a pagar a dívida inteira – depois de pago, o devedor que pagou torna-se
credor dos outros devedores, cobrando a parte que lhes cabe da dívida.
c.2) mais de um credor (artigo 260 e 262): qualquer um dos credores poderá exigir a
dívida inteira. O devedor ou devedores podem se desobrigar de duas formas: 1-
pagando a todos os credores conjuntamente ou 2- pagando para um, mas dando uma
caução para que ele pague aos outros credores. Em caso de remissão por parte de um
dos credores, o outro credor continua podendo cobrar a dívida, abatendo o valor que
foi perdoado pelo outro (ex: cavalo de 200 reais – o credor que recebe deve pagar 100
reais ao devedor).
d) Perda da indivisibilidade: artigo 263: quando o objeto se perde, a obrigação perde
seu caráter indivisível, passando a valer o que está disposto no artigo 257. O devedor
culpado pela perda deve pagar sua quota parte do valor do objeto + perdas e danos;
os demais pagam somente suas quotas partes. Se todos tiveram culpa na perda,
responderão por partes iguais.
4) Obrigações solidárias:
b) Características:
1- Pluralidade de sujeitos;
2- Multiplicidade de vínculos: existem múltiplas facetas na relação (ex: credor 1 com
devedor/credor 2 com devedor/credor 1 com credor 2);
3- Unidade da prestação: a dívida DEVE ser paga por inteiro.
• Artigo 277 c/c artigo 388: pagamento parcial e remissão: No caso de o credor
remitir o débito a um dos devedores, haverá a extinção da obrigação em
relação a ele, contudo a remanescerá em face dos demais codevedores. – o
credor abaterá do valor do débito a importância que remitiu, podendo cobrar
dos outros devedores apenas a integralidade da dívida que resta. (Cristiano
Chaves e Nelson Rosenvald). – o perdão é PESSOAL.
Com relação ao artigo 277, o artigo 388 reforça essa ideia, afirmando: “A
remissão concedida a um dos codevedores extingue a dívida na parte a ele
correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade de cobrar os
outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida.”
• Artigos 283 e 284: rateio – o devedor que pagou a dívida em sua integralidade
tem o direito de exigir o pagamento, por parte dos codevedores, a suas quotas
partes. Em caso de existência de um devedor insolvente, ou seja, um devedor
que não possui condições materiais para quitar a sua dívida, a sua quota será
dividida igualmente entre os outros codevedores. Na situação em que exista
um devedor insolvente e um devedor que teve a solidariedade renunciada, este
retorna à obrigação solidária, contribuindo pela parte da obrigação que cabia
ao insolvente.
OBS: crítica: uma parte da doutrina critica esse artigo, argumentando que é injusto
com o credor só poder cobrar as P e D de uma pessoa, sendo desvantajoso.
1) Civil x Natural x Moral (revisão): as obs natural e moral são imperfeitas e a civil
é perfeita. A natural e a moral não possuem responsabilidade, não podendo,
portanto, serem exigíveis. A exigibilidade decorre da existência da
responsabilidade, apenas presente na civil.
2) Meio x Resultado x Garantia: as obrigações de meio são aquelas nas quais o
devedor se obriga a utilizar todos os meios disponíveis para obtenção do resultado,
mas este resultado não é indispensável para o inadimplemento (ex: obrigação de
um advogado). Já as obrigações de resultado são aquelas em que o devedor só está
exonerado com a obtenção do resultado (ex: contrato de empreitada). Em regra, a
responsabilidade do médico é de meio, porém existem exceções que são de
resultado (anestesia, patologia e cirurgia plástica estética.) Também é considerada
obrigação de resultado o diagnóstico dado por um médico (baseado no princípio
da “perda de uma chance” em caso de diagnóstico errado). Por fim, as de garantia
são as obrigações que visam eliminar um risco (ex; seguro).
3) Execução instantânea x diferida x continuada: As ob de execução instantânea são
aquelas que só tem 1 ato e ele pode ser cobrado desde já. As de execução diferida
são aquelas obrigações que tem 1 só ato, mas que a cobrança não pode ser feita de
imediato. Já as de execução continuada tem mais de 1 ato e dividem-se em: sem
solução (não tem um número determinado de prestações – ex: aluguel) e com
solução (tem um número definido de prestações).
4) Puras x condição x termo x encargo
5) Liquidas e ilíquidas: As liquidas são as obrigações totalmente definidas e as
ilíquidas são aquelas em que falta apenas o valor. Só são compensáveis as dívidas
líquidas.
OBS: são líquidas as obrigações cujo valor é obtido por mero cálculo aritmético.
• Pagamento
1) Função social processual (adimplemento)
2) Funções do pagamento:
a) Liberar, exonerar o devedor – não existe mais vínculo entre credor e devedor
b) Regra
c) Voluntário ou não: ato de entregar a prestação voluntariamente ou não – esse é o
instituto do “pagamento”.
3) Princípios:
4) Formas:
5) Natureza jurídica
Fatos jurídicos: fatos que geram consequências para o Direito. Podem ser
naturais (nascimento, morte, tempestade) ou humanos (dependem da vontade dos
indivíduos). Os humanos são atos jurídicos, que podem ser lícitos (NJ, sentido estrito
ou ato fato) ou ilícitos (artigo 186, CC).
O ato ilícito não pode ser objeto do pagamento. Sendo assim, a natureza jurídica
do pagamento é a de um ato jurídico lícito (artigo 104, II, CC).
6) Requisitos de validade:
• Interessado
304, caput: interesse jurídico: qualquer interessado pode consignar, ainda que o
credor não queira/possa receber. O interesse jurídico não é pessoal, e o tem
qualquer pessoa que pode ser cobrada (ex: fiador).
• Não interessado
304, p. único: o terceiro não-interessado não tem interesse jurídico, mas tem
algum outro interesse (pessoal) em quitar a dívida – o credor pode se opor a esse
pagamento, por não querer criar um vínculo com esse terceiro.
b) A quem se paga
OBS: mandato tácito – artigo 311: está autorizado a receber o pagamento a pessoa
que estiver com a quitação (recibo), independente da natureza jurídica dela.
• “Quem paga mal, paga 2x”: se o devedor paga erroneamente para pessoa que não
é credor, representante ou pessoa que está com a quitação, ele deve pagar
novamente. Exceção: artigo 308 “in fine” – ratificação do credor – se o credor não
ratificar o pagamento, mas o devedor conseguir provar que ele está com a
prestação, não precisa pagar de novo.
b.2) Credor putativo – aquela pessoa que parece ser o credor, mas não é
b.3) Incapaz – quando o pagamento é feito para incapaz e o devedor sabe que o credor
é menor de idade, ele é inválido. Quando o devedor não sabe, o pagamento é válido,
valendo-se da teoria da aparência.
Artigo 312: penhora do crédito (penhora de um valor que o credor tem direito de
receber, mas ainda não está com ele); impugnação do crédito (duas pessoas que dizem ser
os novos credores de uma obrigação, não se sabendo quem é o verdadeiro). A solução é
a mesma para ambos os casos: o devedor não pode pagar ao credor, deve fazer o depósito
judicial.
Ex: pensão de 1000 reais a ser pago pelo credor da obrigação 1. Ele não possui mais
dinheiro para pagar a pensão, mas tem um crédito de 500 reais com o devedor da
obrigação 1. Sendo assim, esse devedor deve pagar ao juiz, indo o crédito diretamente
para o pagamento da pensão.
325: todas as despesas relacionadas com o pagamento e quitação correm por conta do
devedor, como maior interessado em sua liberação (taxas bancárias, transporte de
mercadorias). O credor só pagará por fatos imputáveis a pessoa do credor.
319: o devedor que paga tem direito à obtenção da quitação regular (pagamento como
um direito do devedor de ver o reconhecimento do recebimento pelo devedor –
recibo).
p. único do 320: ainda que a quitação não contenha todos os elementos necessários,
ela ainda poderá ser eficaz, induzindo presunção de pagamento, caso se possa inferir
que houve o pagamento.
a) Título de crédito; artigos 324 e 321: documento que comprova que o portador
tem direito a receber o pagamento. Se o título volta para a mão do devedor,
isso significa que ele já pagou.
b) Sucessivas: artigo 322: prestações sucessivas – se há a quitação da última,
presume-se o pagamento das anteriores.
c) Capital principal e juros: artigo 323: na quitação do principal, presume-se a
quitação dos juros
10) Lugar do pagamento: onde o devedor deve cumprir e se libertar e onde o credor
deve exigir pagamento.
328: exceção – pagamento de bem imóvel – se dará no local onde ele está
329: ao escrever “motivo muito grave”, legislador quis se referir a caso fortuito ou
força maior, sendo possível que o devedor cumpra a obrigação em local diverso do
determinado. Não houve culpa, então não há indenização.
331: nas obrigações a prazo, o devedor deve pagar na data combinada, podendo ser
em qualquer momento do dia (24h). Porém, devem ser observadas as condições,
como, por exemplo, a questão da transferência bancária, que deve ser fita de modo a
cair na conta do credor no mesmo dia, e não no dia seguinte.
333: vencimento antecipado: casos em que a obrigação tem que um prazo, mas há a
desconsideração desse prazo, para que se possa garantir o crédito do credor, quando
o patrimônio do devedor está fraco (falência do devedor, bens hipotecados forem
penhorados por outro credor, cessarem as garantias do débito).
113: prazo – o devedor pode pagar antes, se quiser, exceto nos casos em que o credor
não pode receber antes
Pagamento em consignação:
2) Objeto
Dinheiro, coisa – a doutrina diz que tudo pode ser depositado em juízo. No caso
de bens móveis, o depósito será feito com a própria coisa; no caso de imóveis, será
feito pelo depósito simbólico das chaves.
OBS: esse instituto só se aplica às obrigações de dar
Artigo 335
4) Requisitos de validade
Artigos 336, 337 e 343. Existem requisitos objetivos e subjetivos para a afirmação
da consignação como modo de extinção da obrigação, sendo eles os mesmos que
seriam aplicados caso o pagamento tivesse sido de forma direta. O depósito pode ser
julgado procedente (e então as despesas do depósito correm à cargo do credor) ou
improcedente (despesas do depósito correm a cargo do devedor).
Artigo 339: o devedor não pode mais efetuar o levantamento a partir do momento
em que for julgado procedente o requerimento, mesmo se contar com a concordância
do credor, precisando de autorização dos outros devedores e fiadores.
1) Conceito: esse tipo de pagamento indireto não extingue a obrigação, mas sim
produz uma modificação de algum dos sujeitos da relação jurídica obrigacional.
A obrigação se extingue para o credor originário, mas outra pessoa entra em seu
lugar, subsistindo o vínculo obrigacional, agora entre o sub-rogado e o devedor.
É uma substituição que alterna subjetivamente a obrigação.
2) Espécies:
Artigo 347: I c/c 348 (sem anuência do devedor) – acordo entre credor e terceiro,
sendo a este expressamente transferidos os direitos que eram do credor.
II (sem anuência do credor) – acordo entre devedor e terceiro, por meio do qual o
terceiro empresta a quantia necessária ao adimplemento, com a condição de ficar sub-
rogado nos direitos do credor adimplido.
Artigo 350: o terceiro que paga a dívida alheia sub-roga-se somente na exta
quantia que solveu ao credor, não podendo cobrar a mais do devedor.
OBS: em caso de mais de um sub-rogado, não vai existir preferência entre eles,
recebendo quantias iguais – só quem tem preferência é o credor originário.
Imputação ao pagamento:
3) Espécies
Artigo 352: devedor faz a escolha – determina sobre qual das prestações será
imputado o pagamento.
Artigo 353: credor faz a imputação, nos casos em que o devedor não fizer a
escolha. O devedor não tem direito de reclamar da imputação feita pelo credor.
Artigos 354 e 355: imputação legal – nos termos do artigo 355, se o devedor não
fizer a imputação e o credor também não se manifestar, o pagamento será feito às
dívidas líquidas e vencidas primeiramente. Se todas as dívidas forem líquidas e
vencidas ao mesmo tempo, a imputação será àquela que for mais onerosa. O artigo
354 fala da hipótese legal excepcional (uma única dívida entre credor e devedor) que
legisla sobre o pagamento de dívidas que tem capital e juros: a imputação será
primeiro nos juros vencidos e depois no capital.
Dação em pagamento
Ex: dívida de 10.000 reais em que há a dação em pagamento que vale 5.000 reais
– adimplemento da obrigação pode se dar pelo pagamento do carro + 5.000 reais, caso
o credor aceite. O mesmo se dá se a dívida for de 10.000 reais e o carro valer 15.000
reais: o credor pode concordar em dar 5.000 reais ao devedor.
2) Elementos:
a) Existência de uma dívida originaria que será substituída;
b) Consentimento do credor – não é obrigado a aceitar prestação diversa;
c) As prestações têm que ser de espécies diferentes – dinheiro com dinheiro, por
exemplo, não é dação em pagamento.
3) Disposições legais
SUCEDÂNEOS AO PAGAMENTO
Novação
2) Requisitos:
a) Tem que existir uma obrigação anterior – artigo 367 – obrigações nulas e
extintas: não tem existência no ordenamento jurídicos, então não há novação.
As obrigações anuláveis podem ser convalidadas, e uma das formas de
convalidação é a novação.
b) Tem que haver a constituição de uma obrigação nova – a doutrina diz que essa
nova obrigação tem que ter diferenças substanciais coma ob anterior –
alteração no objeto, nos sujeitos ou nos dois. Modificação de acessórios não
importa em novação.
c) Tem que haver a intenção de novar (uma das características que distingue a
novação da dação em pagamento) – artigo 361.
3) Espécies:
2- Ativa: modificação do credor (artigo 360, III) – sai um credor e entra outro.
Ex: A deve pra B e B deve pra C – nova relação jurídica em que A vai
dever para C. Isso é muito utilizado para evitar transações desnecessárias.
a) Artigo 363: quando sai um devedor e entra outro, se o outro não paga, o credor
não pode se voltar ao antigo devedor. Ele só pode se voltar ao antigo devedor se
ele agiu de má-fé.
b) Artigo 365: consequência da não-presunção da solidariedade. A nova ob que foi
criada não será solidária, a menos que se seja combinado – os codevedores ficam
desobrigados.
Compensação
2) Espécies:
Artigo 368: a compensação pode ser total (mesma quantia devida por ambas as
partes) ou parcial (quantias diferentes – última parte do artigo). Pode ser também
legal, convencional ou judicial.
• Liquidez das dívidas: ambas as dívidas tem que ser certas e determinadas.
• Exigibilidade da prestação: ambas as prestações tem que ser exigíveis.
Vencidas – artigo 372 c/c 113: os prazos estipulados em favor do devedor – ele
pode abrir mão – não pode haver compensação.
• Fungibilidade: as obs tem que ser fungíveis entre si. Tem que ser
homogêneas (ex: duas obs de entregar dinheiro).
Artigo 370 c/c 244: os objetos tem que ter a mesma qualidade. Em obs que
precisam de concentração, é nesse momento que se escolha a qualidade do
objeto.
2.3) Judicial
Ex: reconvenção – quando o réu nega o direito de pedido do autor e ainda afirma
que o autor lhe deve – dois pedidos – o juiz pode compensar se julgar procedente os dois
pedidos.
1- Causa: artigo 373 – algumas causas diferentes entre as dívidas que impedem
a compensação
I) Atos ilícitos: ex: casos de objetos furtados – existe o direito de sequela sempre.
Comodato ≠ mútuo: comodato diz respeito à entrega de uma coisa para alguém
para depois pegar de volta, baseando-se na confiança, em que uma parte deve
dar algo a outra, devendo restituir o bem (empréstimo de coisa infungível) A
compensação, portanto, desnaturaliza esses contratos. O mútuo se trata de um
empréstimo de coisa fungível, podendo haver compensação.
III) Coisa não suscetível de penhora: ex: salário, único imóvel da pessoa – não se
pode compensar dívidas de objetos impenhoráveis, pois são indisponíveis.
Artigo 374: dívidas fiscais – revogado por força da CF, uma vez que matéria
tributária deve estar prevista em lei complementar.
C penhora A+B
Quando C vai cobrar a dívida de B, ele percebe que B não tem como pagar
(insolvente). Porém, descobre que a dívida de A com B existe, e que ele tem um
crédito a receber. C faz a penhora do crédito, fazendo com que A seja obrigado a
fazer a consignação da dívida. A passa a dever para C, não mais para B, não
podendo alegar compensação de uma dívida que tinha para receber de B.
4) Disposições finais
Artigo 378: nas dívidas que devem ser cumpridas em locais diferentes, deve haver
a dedução dos valores dos custos (como o frete) na compensação.
Confusão
3) Efeitos:
Remissão
1) Conceito: artigo 385 – perdão da dívida – o credor, sem precisar justificar, pode
decidir liberar o devedor (total ou parcialmente), é uma liberalidade do credor.
Para que a remissão tenha efeito, é necessário que o devedor aceite.
2) Espécies:
Total/parcial
Expressa/tácita: não precisa ser escrita, mas tem que ser declarada pelo credor/quando
o credor não diz expressamente a remissão, mas os seus atos indicam que houve
perdão.
Presumida: advém da lei – o CC prevê condutas do credor que indicam que houve
remissão. Possui 2 hipóteses: entrega do título (perdão da dívida) ou entrega do objeto
do penhor (remissão da garantia – não há extinção da dívida).
1) Noções introdutórias
REGRA das obrigações: “Pacta sunt servanda” = contratos devem ser cumpridos;
princípio da obrigatoriedade dos contratos. Se alguém se obriga a algo por contrato/lei,
ela deve cumprir.
2) Classificação
= inadimplemento culposo
Critério objetivo: artigo 395, p único. Ex: a jurisprudência considera que não pode
ser absoluto o inadimplemento que seria útil ao credor, mas que ele resolve abrir mão. O
critério é o do interesse, se for inútil.
c) BFO: padrão médio de comportamento que gera uma série de deveres anexos
(informação, cooperação) – descumpridos esses deveres, pode haver
inadimplemento.
4) Efeitos:
Artigo 389: perdas e danos, juros e correção (exceção doutrinária) e honorários
(exceção no CPC) – em caso de inadimplemento absoluto. Esses efeitos são exceção
ao princípio da adstrição, funcionando só como reequilíbrio contratual.
OBS: princípio da inércia – jurisdição tem que ser provocada para se manifestar
Princípio da adstrição – juiz tem que ficar limitado aos pedidos do autor.
E 442 do CJF: “O caso fortuito e a força maior somente serão considerados como
excludentes de responsabilidade civil quando o fato gerador do dano não for conexo
à atividade desenvolvida.”
6) Momento do inadimplemento:
7) Responsabilidade patrimonial
Artigo 391 c/c 1º, III, CR: deve ser lido à luz da Constituição – nem todos os bens
do devedor podem responder pelo inadimplemento, devendo-se observar a D.P.H.
(mínimo existencial, bens impenhoráveis).
Contratos onerosos: em que ambas as partes têm ônus e bônus – a mera culpa gera o
dever de indenizar. Ex: compra e venda.
Contratos benéficos: em que só uma das partes tem bônus e a outra só tem ônus – a
lei entende que já há uma parte muito prejudicada, fazendo com que a pessoa que tem
o ônus só tenha o dever de indenizar quando ela age com dolo. A pessoa que tem o
bônus age conforme a regra dos contratos onerosos. Ex: doação.
Mora (inadimplemento relativo):
3) Espécies
• Mora ex persona (artigo 397, p. único): se não tem termo, ato ilícito e o
devedor não se manifestou, o credor tem que notificar esse devedor. A
notificação pode ser judicial ou extrajudicial. A notificação judicial se dá
por meio da citação. Em relação à notificação extrajudicial, a doutrina tem
uma interpretação ampla: pode ser feita de qualquer forma, desde que seja
por escrito.
• Teoria da expedição e teoria da recepção: servem para saber se o devedor
vai estar em mora, no caso da mora ex persona, quando a carta é expedida
ou quando o devedor recebe a notificação? Hoje em dia, isso perdeu
importância, porque normalmente a notificação se dá por email, mas
quando se dá por carta a diferença de data entre expedição e recepção faz
diferença. O nosso ordenamento aplica a teoria da expedição. Em regra, o
devedor vai estar em mora quando o credor envia a carta – o ônus da prova
de que o devedor demorou a receber a carta é do devedor, para provar que
ele não deve pagar os juros do tempo que demorou para receber.
a) Inexecução da obrigação;
b) Possibilidade de execução futura;
c) Culpa.
2- Efeitos:
1- Requisitos:
a) Preço mais favorável: o credor, estando em mora, deve pagar o preço mais
favorável ao devedor – punição ao credor que está em mora. Ex: se o preço do
objeto se valorizar ao longo do tempo de mora, ele deve pagar o preço
valorizado; se o preço do objeto se desvalorizar, o credor deve pagar o preço
antigo, mais alto.
b) Dever de indenizar pela conservação das coisas: o credor deve cobrir os gastos
que o devedor teve no tempo em que houve mora do credor.
c) Se a coisa se perde ou deteriora com culpa do devedor, ele não responde. Ele
só responde em caso de dolo (intenção de prejudicar o credor).
OBS 2: mora sucessiva – cada um vai responder pelo prejuízo que deu causa.
Perdas e danos
1) Introdução:
a) Histórico:
Antigamente, usava-se o termo reparação do dado, mas hoje em dia o mais correto
a ser usado é o termo “indenização”, uma vez que reparação traz a ideia de que seria
possível retornar ao status quo ante, o que nem sempre é possível.
b) Espécies:
OBS: nomenclatura
CC Fr. – danos e interesses: adota o termo ideal, pois danos equivale aos danos
emergentes e interesses se refere ao lucro cessante.
• Teoria subjetiva:
Conduta (culposa ou dolosa) – tem que haver culpa lato sensu na conduta + nexo
causal (artigo 403 – tem que haver rel. de causalidade direta e imediata) + dano
Teoria objetiva indireta – ocorre em alguns casos específicos, havendo uma cadeia
de responsabilização; no mesmo caso concreto, duas espécies diferentes de
responsabilidade.
OBS 2: nexo causal – serve para ligar o dano ao sujeito e para medir a extensão
do dano.
Juros
Simples: são sempre calculados em cima do capital inicial (ex: dívida de 100 reais
e juros de 10% ao mês – os juros sempre vão incidir sobre o valor inicial da
dívida).
3) Juros moratórios
a) Artigo 406: diz que os juros serão estipulados pela taxa que estiver em vigor.
Problema: qual valor de taxa será utilizado como juros de mora? O CC/2002
não trouxe um valor legal, diferente do CC/16. Existe uma divergência
doutrinária quanto a qual seria a taxa:
OBS: a doutrina critica o uso da taxa Selic, por considerar que é prejudicial ao
devedor, por incluir juros + correção. Essa taxa gera uma difícil visualização para o
devedor. Ainda assim, o STF reafirmou esse posicionamento em 2017.
OBS 2: não se pode cobrar taxa Selic e correção monetária juntamente.
b) Artigo 407: vão contar os juros ainda que não seja alegado (exceção ao
princípio da adstrição).
c) Termo inicial: a partir de quando começarão a ser contados os juros
Mora ex re: artigo 397 – o credor não precisa fazer nada para o devedor estar
em mora; vai haver mora desde o inadimplemento, começando a contar os
juros.
1) Conceito: obrigação acessória que estipula pena ou multa para tentar evitar
inadimplemento.
Artigos 408 e 409: a cláusula penal pode incidir sobre o inadimplemento absoluto ou
relativo e pode ser prevista desde a assinatura do contrato ou depois.
4) Espécies:
5) Valor:
a) Artigo 412: o valor da cláusula penal não pode exceder o valor da obrigação
principal.
b) Artigo 413 (pode ser alegado de ofício pelo juiz): o juiz pode diminuir o valor
da cláusula caso a obrigação tiver sido cumprida em parte ou se o valor for
muito excessivo. + E 356 da CJF: “Nas hipóteses previstas no art. 413 do
Código Civil, o juiz deverá reduzir a cláusula penal de ofício.”
6) Pluralidade de devedores:
a) Indivisível: artigo 414 – todos os devedores incorrerão na pena (o valor da
multa recai sobre todo o objeto), mas somente o devedor culpado pode ser
cobrado pelo valor inteiro, os outros somente pelas suas quotas partes.
b) Divisível: artigo 415 – se incorre em pena o devedor que deu causa ao
inadimplemento; o valor da multa só incide na quota parte de quem é culpado.
Arras ou sinal:
a) Confirmatória: se não se fala nada sobre a espécie das arras, elas são
consideradas confirmatórias.
Artigo 418: se o inadimplemento for de quem deu as arras – ela perde, pois
quem recebeu tem o direito de ficar com elas. Se o inadimplemento for de quem
recebeu as arras – deve devolver as arras mais o equivalente (dobro do valor inicial
das arras).
Artigo 419: mesma natureza jurídica da cláusula penal – não precisa provar o
prejuízo para restituir, nem para receber equivalente, mas precisa provar P e D.
Cláusula x Arras:
MOMENTO:
ESPÉCIES:
1) Evolução:
CC/2002: cessão do crédito e do débito. Apesar de não haver previsão legal sobre a
cessão da posição contratual, isso não impede que ela ocorra.
4) Figuras:
Cessão do crédito
Artigo 286: credor pode ceder qualquer crédito, exceto: oposição à natureza do
objeto, à lei ou à vontade das partes (para que tenha eficácia perante 3º tem que estar
expressa no contrato).
3) Espécies:
Oneroso x gratuito
Artigo 288: só é válido para terceiros se feito por escritura pública, ou particular
+ § 1º do artigo 654 (requisitos da procuração) – lugar, data, qualificação das partes,
objeto.
5) Notificação
Artigo 290: notificação do devedor – para a cessão do crédito ter eficácia para o
devedor, ele deve ser notificado – judicial ou extrajudicial; cedente ou cessionário;
expressa (quando há o envio de notificação judicial ou extrajudicial) ou presumida
(quando o cedido manifesta o conhecimento da cessão).
Artigo 292: o devedor fica desobrigado 1- quando não é notificado e paga para o
credor originário (cedente), 2- quando foi notificado de várias cessões diferentes e
paga a quem tiver com o título do crédito e 3- quando foi notificado várias vezes mas
a obrigação consta numa escritura pública, valendo o pagamento feito à primeira
notificação da cessão.
6) Responsabilidade
Regra: pro soluto (artigo 295) – o cedente é responsável por garantir que a obrigação
existe – vale para cessões onerosas e para cessões gratuitas em que age de má-fé.
Exceção: pro solvendo (artigo 296 c/c 297): indenizatória – indeniza por aquilo que
recebeu – e não satisfativa – não devolve o que prometeu que seria pago.
3) Efeitos:
Artigo 302: exceções – o novo devedor não pode utilizar as exceções pessoais que o
devedor originário tinha contra o credor.
1) Conceito: NJ no qual uma das partes do contrato bilateral (quando uma pessoa sai,
ela deixa créditos e débitos, que serão assumidos pelo terceiro) transmite a terceiro
a sua posição, com consentimento da outra parte. Há um único contrato.
2) Natureza jurídica;
3) Efeitos:
a) Cedente e cedido: com ou sem liberação (se não houver liberação, isso não
importa em solidariedade)
b) Cedente e cessionário: artigo 295 e seguintes
c) Cessionário e cedido: apenas restam as defesas objetivas – as exceções
pessoais que havia em relação ao cedente não podem ser alegadas.