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RESUMO
Esta pesquisa trata da prevenção fisioterapêutica em lesões de ombros de nadadores
recreativos. O interesse pelo desenvolvimento dessa temática derivou da constatação de que,
mesmo a natação sendo considerada uma atividade esportiva atraumática, ocorrem lesões
por esforços repetitivos, normalmente localizadas no ombro dos nadadores, e que afetam
principalmente o supra-espinhoso, componente do manguito rotador. As práticas preventivas
são mais indicadas do que o tratamento pós-traumático, uma vez que há a possibilidade de
detecção da afecção ainda em seu estágio inicial, principalmente pela manifestação
sintomática de eventos dolorosos. Nesse sentido, destaca-se a aplicação da fita Kinesio
Taping como coadjuvante da ação preventiva em afecções do manguito rotador em
nadadores recreativos, em função de a mesma ser indicada para a reabilitação
fisioterapêutica e tratamento de desordens funcionais, redução de edemas e para dar suporte
aos músculos. A pesquisa foi conduzida por meio de uma revisão bibliográfica sistemática, e
os resultados mostram que os estudos nessa área ainda são incipientes, carecendo de
pesquisas mais aprofundadas para a real verificação dos efeitos benéficos que podem ser
advindos da aplicação do método de Kinesio Taping em lesões de ombros de nadadores do
estilo crawl.
Palavras-chaves: Natação. Lesões de ombro. Métodos preventivos. Kinesio-Taping.
1. Introdução
A literatura científica é enfática quando considera que o ombro é sede freqüente de lesões nos
esportes que envolvem movimentos repetitivos. Em esportes que exigem excessividade desses
movimentos, como a natação, esse índice se manifesta mais exacerbadamente, apesar de
vários autores considerarem esta atividade esportiva como não traumática.
Os tipos de lesões no ombro mais comuns enfrentados por atletas ou praticantes não
competidores se referem a tendinites, geralmente ocasionadas pelo impacto do músculo supra-
espinhoso contra o acrômio, ocasionando, em função das sobrecargas e microtraumas, uma
falência progressiva dos ligamentos. Na natação, especificamente, as afecções do ombro são
conhecidas pela denominação de “ombro de nadador”, derivadas do termo original em inglês
“swimming shoulder”, e se caracterizam por serem lesões dolorosas que se apresentam com
mais incidência em nadadores de competição.
Em nadadores recreativos do estilo crawl, esta síndrome é classificada no meio científico
como ocasionada pela fase de tração, onde o grupo muscular do ombro, formado pelos
rotadores internos, adutores e extensores, é muito mais exigido do que o outro grupo, formado
pelos rotadores externos, abdutores e flexores, o que provoca um desequilíbrio entre a
musculatura que age na articulação do ombro.
Dentre os fatores que contribuem para a instalação da síndrome nos nadadores de competição,
destacam-se a força, a repetição, a postura e a ausência de repouso. Um nadador que percorre
1
Fisioterapeuta. Pós-Graduanda em Traumato-Ortopedia, pela Faculdade Ávila
2
Fisioterapeuta. Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Orientadora.
5000 metros por dia de treinamento executa cerca de 2000 ciclos de braçadas. Em um nadador
recreativo, esse número não se traduz nessa magnitude, porém o nível de lesão também pode
ser agravado, principalmente pelo fato deste grupo populacional não possuir a técnica mais
apurada para execução do nado estilo crawl.
Normalmente, em nadadores recreativos, as lesões são influenciadas por erros repetidos da
técnica de braçada, com rotação interna do ombro exagerada no início da propulsão e na
recuperação. Nestes casos, o músculo mais afetado costuma ser o supra-espinhoso, que evita o
deslocamento da cabeça do úmero em direção ao acrômio.
A resposta inicial da lesão se dá pela inflamação denominada tendinite. Esta, ao estender-se
para a bolsa sub-acromial, evolui para uma bursite. Em se mantendo essa situação lesiva,
ocorrem rupturas no manguito rotador. As conseqüências se traduzem em dores durante e
após o treino, ou dor persistente, que afeta as atividades de vida diária, levando muitas vezes o
nadador recreativo a abandonar o esporte.
Existem várias alusões aos métodos de tratamento e programas de prevenção. Estes últimos
envolvem: dosagem no volume de treino, tempos maiores de recuperação, variação de estilos
e ritmos durante o treinamento, adoção de técnica específica, realização de exercícios de
flexibilidade, reforço muscular aumento do período de aquecimento e alongamento, entre
outros.
Dá-se importância magistral aos programas de prevenção, notadamente quando surgem as
primeiras manifestações dolorosas, já que os tratamentos são realizados na evolução da
doença. Como já discorrido, o nadador recreativo tem preferência pelo abandono do treino,
por achar que, afastando-se dos exercícios, a lesão pode regredir.
Isso pode repercutir negativamente nos programas de treinamentos recreativos, ocasionando
um esvaziamento do número desses nadadores, e desmistificando a ideia de que a natação é
um esporte não traumático. Por essa argumentação, denota-se o interesse que o estudo ora
realizado encerra, já que a natação é um esporte considerado mais adequado à grande maioria
da população, principalmente nos casos em que os atletas preferem esportes onde a
prevalência de traumas seja minimizada.
Necessário, portanto, que os programas de prevenção sejam uma tônica em todas as situações
que envolvam o desfavorecimento do treinamento em nadadores recreativos. Justifica-se este
estudo, portanto, pela constatação de que, contemporaneamente, a preocupação com a
qualidade de vida do indivíduo adulto, no intuito de aumentar a sua expectativa média de
vida, envolve a prática de esportes e exercícios. Em um indivíduo adulto, não acostumado a
esportes de impacto, a natação tem sido a atividade esportiva mais recomendada, pelos vários
motivos benéficos que são relatados na literatura.
Assim, pelo alto índice de recomendação da prática da natação a indivíduos adultos, se supõe
também necessário que as práticas de prevenção sejam costumeiramente aprimoradas,
favorecendo a estes indivíduos uma prática esportiva saudável, sem o comprometimento de
músculos que podem afetar sua performance.
Pela abrangência que o tema pressupõe, e em função da necessidade de delimitação da
pesquisa, escolheu-se como método de prevenção discutido nessa pesquisa a aplicação da fita
Kinesio Taping, apontando suas características, ações terapêuticas, vantagens e benefícios na
utilização por nadadores recreativos para prevenção da lesão de ombro.
Dessa maneira, escolheu-se como problemática norteadora da pesquisa a seguinte indagação:
em que medida o uso do método Kinesio Taping pode ser benéfico para a prevenção de lesões
do ombro em nadadores recreativos?
A resposta a esse questionamento perpassou pela construção do objetivo geral da pesquisa,
que consiste em apontar os benefícios que o uso do método Kinesio Taping como medida
fisioterapêutica preventiva pode trazer ao praticante de natação recreativa.
por 25% em média. Os braços são responsáveis pela velocidade e devem ser levados à frente
com os cotovelos dobrados e a ponta dos dedos na diagonal, isto é, o polegar virado para a
água. Os dedos ficam unidos, formando um tipo de pá de remo. Embaixo d’água, o braço faz
um movimento parecido com um ponto de interrogação “?” ou um “S”. Com isso, o nadador
consegue “empurrar” mais água e aumentar a sua propulsão verdadeira (MARINHO e
FERNANDES, 2003).
Segundo os autores acima, a técnica da braçada consiste em movimentos curtos de palmateio,
quando a mão palmateia ligeiramente para fora, a parir da linha do ombro e após entrar na
água. Depois ela muda de direção, para dentro até a linha central do corpo na metade da
braçada, girando ao passar pelos quadris enquanto a braçada termina.
A braçada se divide em duas fase: a) fase sub-aquática (entrada, apoio, tração ou empurrada, e
finalização); e b) fase aérea (recuperação). Dentre essas etapas, vários movimentos são
realizados em sequência, como mostra a Figura 1, adiante.
Segundo Vilas-Boas e Soares (2003), a fase de entrada – mostrada na parte de cima da Figura
1 – deve ser à frente do corpo, em um ponto entre a cabeça e o ombro do nadador. O braço
deve estar levemente flexionado e a palma da mão inclinada para fora (ponta dos dedos e
depois antebraço e braço). Em seguida, extensão para frente (alongamento e apoio), sem
aplicação de força neste momento.
No agarre – ou varredura para baixo – a mão se desloca para baixo num trajeto curvilíneo, que
termina na posição de agarre. O braço é gradualmente flexionado no cotovelo durante a
varredura para baixo e o agarre é efetuado quando a combinação da varredura para baixo e a
flexão do cotovelo fazem com que ele eleve-se acima da mão (cotovelo alto). Há um pequeno
afastamento da mão e braço para fora da linha do ombro e estes devem estar voltados para trás
contra a água. A aplicação de força não deve se dar antes do agarre. Os padrões de braçada
mostram que há um movimento para fora durante a varredura para baixo. Este movimento não
é propulsivo e serve para impedir o afundamento do rosto do nadador quando respira durante
a recuperação do braço oposto.
Vilas-Boas e Soares (2003) explicam que o movimento de tração – ou varredura para cima –
começa a ser executado logo após o movimento de agarre, tendo continuidade até que a mão
do nadador aproxime-se de sua coxa. É um movimento semicircular da mão, desde um local
situado abaixo do corpo do nadador e para fora, para cima e para trás durante todo o
movimento. Embora haja extensão do cotovelo, o antebraço deve manter-se flexionado com a
parte inferior e a palma da mão voltada para trás com relação à água. Esta fase se encerra com
a aproximação da mão em relação à coxa. Neste ponto, o nadador deve diminuir a pressão na
água, girando a palma da mão para dentro para diminuir a resistência até entrar na fase de
recuperação.
Por sua vez, a fase de recuperação inicia-se antes que a mão do nadador deixe a água.
Primeiro o cotovelo deixa a água. Portanto, a recuperação se inicia pelo cotovelo, com os
braços flexionados. Esta fase tem como objetivo colocar o braço em posição para outra
braçada. Os braços devem ser levados à frente sem quebrar o alinhamento lateral do corpo e,
nesta fase, se proporciona um breve período de esforço reduzido dos músculos dos braços,
ombro e tronco. O braço deve estar relaxado e o cotovelo elevado durante toda a recuperação.
Quanto à coordenação dos braços, Vilas-Boas (1991) esclarece que a entrada de um braço na
água coincide como início da fase de força do braço contrário, ou seja, quando o braço está
completamente na água o outro está no meio do seu trajeto.
Em relação a esse tipo de atividade, Cunha (2003) observa que um nadador que executa uma
média de 8 a 10 ciclos de braçadas por 25 jardas, totaliza mais de um milhão de rotações do
ombro por semana, tendo, portanto, um maior risco de lesões por uso excessivo do ombro.
Blasier apud Martins (2005) estudaram biomecanicamente o papel do manguito rotador e
identificaram que, se a tensão em qualquer um dos componentes do manguito for omitida ou
reduzida, haverá grande redução na estabilidade da articulação anterior comparada com a
tensão que foi aplicada a todos os componentes. Isso porque os músculos supra e infra-
espinhoso, redondo menor e subescapular contribuem significativamente para a abdução do
ombro.
4. Prevenção
De um modo geral, por prevenção entende-se o conjunto de medidas organizadas
sistematicamente visando antecipar-se a algum evento previamente identificado (ALMEIDA,
2005).
Para o autor acima, na área da saúde, a prevenção é classificada em quatro itens primordiais:
a) Prevenção primária: é o conjunto de ações que visa evitar o adoecimento na população,
removendo os fatores causais, ou seja, visam á diminuição da incidência da doença. Tem por
objetivo a promoção de saúde e proteção específica. São exemplos: a vacinação, o tratamento
de água para consumo humano, de medidas de desinfecção e desinfestação, ou de ações para
prevenir a infecção por intermédio de educação para a saúde;
b) Prevenção secundária: é o conjunto de ações que visam identificar e corrigir o mais
precocemente possível qualquer desvio da normalidade, de forma a colocar o indivíduo de
imediato na situação saudável, ou seja, tem como objetivo a diminuição da prevalência da
doença. Visa ao diagnóstico, ao tratamento e à limitação do dano. Um exemplo é o
rastreamento de determinadas afecções, principalmente no aspecto relacionado a suas causas.
Portanto, a prevenção secundária consiste em um diagnóstico precoce e tratamento imediato;
c) Prevenção terciária: é o conjunto de ações que visa reduzir a incapacidade, de forma a
permitir uma rápida e melhor reintegração do indivíduo na sociedade, aproveitando as
capacidades remanescentes. Poderia ser encarada como reabilitação do indivíduo. Como
exemplo, podem-se citar ações de formação em nível educativo que objetiva anular atitudes
fóbicas em relação a um indivíduo afetado pelo adoecimento;
d) Prevenção quaternária: é o conjunto de ações que visam evitar a iatrogenia associada às
intervenções médicas, como a sobremedicalização ou os excessos preventivos, estes últimos
derivados da busca pela longevidade.
5. A prevenção em natação
Na questão da prevenção, Wilk et al. (1996) consideram que o fortalecimento seletivo dos
músculos do ombro pode compensar a fraqueza residual do supra-espinhoso.
A natação, por utilizar muito os membros superiores, predispõe o supra-espinhoso à
compressão e ao aparecimento de dores, mesmo em indivíduos jovens. Como explicita Cunha
é relacionada à natureza curva da trajetória da mão. Se a trajetória da mão é mais curva, então
as forças devem ser geradas por empuxo. Da mesma forma, outra vantagem da trajetória
curva é que a mão percorre uma distância maior ou a uma maior velocidade. Desse modo,
permitindo que as forças sejam aplicadas por mais tempo e/ou sejam maiores em cada
braçada.
Boa parte do movimento de remada pode ser produzido pelos músculos oblíquos abdominais
e incorporado ao rolamento natural que acompanha a respiração e a saída da mão. Essa
técnica pode ser mecanicamente e fisiologicamente eficiente. Talvez o argumento mais
convincente seja que menos energia é transferida para a água e “perdida” quando a impulsão é
gerada pelo empuxo do que pelo arrasto (TOUSSAINT e BEEK apud SANDERS, 2000).
Rushall et al. apud Sanders (2000) argumentam a favor do arrasto como a força propulsora
dominante no nado livre. Estes autores afirmam que os argumentos a favor do empuxo como
força dominante eram mal fundamentados, e que muito da força propulsora total vem do
antebraço. Por causa de sua forma roliça, quase toda a força gerada pelo antebraço deve ser
creditada ao arrasto. Além disso, o antebraço tem uma trajetória substancialmente mais reta
que a mão. Assim, a técnica do nado livre pode ser direcionada a gerar propulsão a partir do
antebraço usando arrasto, em vez de deliberadamente usar uma ação de “remada” para
otimizar as forças de empuxo pela mão.
Infelizmente, apesar de pesquisas tais como a de Berger et al. apud Sanders (2000) terem
quantificado os coeficientes de arrasto e empuxo do antebraço e do antebraço e mão
combinados, nenhuma pesquisa quantificou efetivamente a contribuição relativa do antebraço
e da mão na natação real. Um dos maiores problemas metodológicos a ser ultrapassado é que
o antebraço move-se a velocidades muito diferentes ao longo de seu comprimento durante a
braçada. Isto porque a mão move-se a uma velocidade maior que o antebraço. Se este é ocaso,
então o foco nas forças produzidas pela mão permanece válido e a questão se o arrasto ou o
empuxo são mais importantes permanece aberta a considerações.
Estudos recentes, protagonizados por Cappaert apud Marinho e Fernandes (2003),
quantificaram o movimento completo do corpo, indicando que a trajetória da mão de
nadadores bem sucedidos não é tão curva quanto se acreditava inicialmente. Assim, nadadores
estão tendendo a usar uma puxada reta em vez de maximizar a distância e a velocidade da
puxada usando uma trajetória curva. Se a trajetória não é muito curva, então a maior
contribuição para a força na direção desejada deve ser do arrasto, independentemente se a
mão faz um ângulo em relação ao fluxo.
Através de uma combinação de experimento e simulação, Liu et al. apud Sanders (2000)
mostraram que a trajetória curva da mão de um nadador é devido à rotação do corpo. De fato,
em simulações onde o braço move-se diretamente para trás em relação ao nadador, a trajetória
da mão é mais curva que na natação real. Isso significa que os nadadores, na realidade,
“endireitam” a curva de alguma forma, portanto, a trajetória curva não é deliberada.
Ao invés dos nadadores efetuarem um movimento adutor do braço para produzir a
“varredura” para dentro e, em seguida, um movimento adutor para produzir a “varredura”
para fora, eles estão, na realidade, reduzindo a curva ao efetuar ao efetuar a abdução na fase
inicial da puxada e a adução na fase final da braçada. O fato que nadadores tentam
“endireitar” a trajetória em vez de usar ações de remada é uma forte evidência indireta que os
nadadores utilizam mais em forças de arrasto que de empuxo.
Pelo exposto, denota-se que muitas técnicas aplicadas ao nado crawl seguem a teoria como
sendo realidade, antes que a evidência científica suficiente esteja disponível. Pode ser ainda
muito cedo para concluir que a propulsão no nado livre é dominada pelo arrasto, mas a crença
comumente aceita de que é dominada pelo empuxo pode ser mal fundamentada e incorreta, o
que, por conseguinte, pode agravar os casos de lesões dos músculos do ombro em nadadores.
do gênero masculino, com idade média de 26,3 anos, peso médio de 75,7 kg e altura média de
177,8 cm. As bandagens foram aplicadas nos pés de apoio dos atletas, por meio da
estabilização de tornozelo sem tensão, registrando, estatisticamente, resultados significativos,
permitindo-se à conclusão de que o uso da Kinesio Taping fornece uma propriocepção mais
adequada, em função do contato da bandagem com a pele.
Santos et al. (2010) procuraram verificar a influência do uso da técnica Kinesio Taping no
tratamento da subluxação de ombro em pacientes com Acidente Vascular Cerebral (AVC), e
possíveis melhorias na simetria postural e diminuição das compensações. Realizaram o estudo
a partir do acompanhamento de 3 pacientes com subluxação inferior de ombro, os quais, após
a avaliação inicial e a definição do plano de tratamento, receberam a aplicação da Kinesio
Taping no músculo deltóide, sendo feita uma nova avaliação após dois meses de tratamento.
Como resultados, verificaram uma diminuição da subluxação de ombro, bem como apontaram
uma melhora da simetria postural, aumento do movimento de flexão do ombro, aumento no
movimento de extensão e abdução e de adução horizontal, concluindo que a Kinesio Taping,
utilizada como recurso terapêutico, contribui para uma diminuição da subluxação inferior de
ombro, além de promover a melhora na simetria postural e diminuição de compensações.
Matos (2011) revisou a literatura, e apresentou um resumo das principais aplicações do
Kinesio Taping no desporto. Considerou que os efeitos fisiológicos desse artefato se resumem
em: efeito analgésico, efeito de expansão, efeito de drenagem e efeito articular. Sugeriram que
os resultados benéficos desse método dependem em grande parte dos conhecimentos técnicos
e experiência que cada aplicador apresenta, salientando, inclusive, que a Kinesio Taping tem a
capacidade de favorecer o processo de regeneração do organismo e das lesões dos atletas, pela
ativação do sistema circulatório, linfático e nervoso, permitindo um regresso mais rápido às
atividades de exercícios.
11. Considerações finais
Verifica-se uma enorme carência sobre os efeitos da aplicação do método Kinesio Taping,
principalmente em lesões de ombros de nadadores, já que os poucos estudos existentes são
direcionados, em sua maioria, para lesões que acometem praticantes de modalidades de alto
impacto, como handebol e voleibol, ou outros tipos de lesões em outras partes do corpo.
Sendo assim, percebe-se que a maioria dos achados tendem a uma quase unanimidade no que
diz respeito à eficácia da aplicação do método Kinesio Taping, considerando-se que, nesses
casos, tal eficácia pode ser comprovada, mediante o uso intensivo que atletas vem dando ao
uso desse método. Não obstante, são raros os estudos que efetivamente mostram uma
evolução positiva em relação a este tipo de tratamento.
O que se tem como certo, na literatura, é a opinião de que a aplicação do método Kinesio
Taping promove melhora imediata no tratamento da dor, sendo que esta é relatada de forma
subjetiva pelos pacientes, fator que interfere na mensuração da dor, particularmente no que
diz respeito à avaliação e registro de sua intensidade, de maneira análoga à percepção dos
sinais vitais.
Esses registros são considerados como importantes, já que os principais indicativos de lesões
nos ombros de nadadores se referem justamente à sintomatologia dolorosa, a qual deve ser
acompanhada de forma regular e continuamente pelos profissionais de Fisioterapia, no
interesse de otimização da terapêutica e da busca por melhores resultados para a qualidade de
vida dos pacientes.
Nesse sentido, a aplicação do método Kinesio Taping prescinde do uso da análise objetiva, e
métodos como a Escala Visual Analógica podem favorecer o rumo do tratamento. Além disso,
as restrições de mobilidade se apresentam como outro forte componente para associações com
determinadas patologias e seu esquema de tratamento.
Seja qual for a circunstância, no entanto, concorda-se que as técnicas que visam à recuperação
de ombros lesionados são mais evidenciadas nos achados literários do que a utilização de
outras técnicas menos convencionais para o caso, como a hidroterapia ou a cinesioterapia, por
exemplo, quando aplicadas isoladamente. Esta técnica vem sendo apresentada como
significativa no que tange à melhora do paciente, em relação às terapias de exercícios ativos.
Portanto, é de se concordar que, pelo menos no que diz respeito aos achados literários, a
Kinesio Taping, quando associada a outros procedimentos – como o uso de outras técnicas de
natação, por exemplo - é indicada para o tratamento de lesões de ombros de nadadores,
propiciando um significativo alívio da dor que se manifesta com a biomecânica alterada, além
de promover uma melhora da função articular e aumento da amplitude de movimento na
região afetada.
Para efeito de comprovações mais eficazes, no entanto, sugere-se a realização de estudos e
ensaios clínicos, com o devido acompanhamento contínuo sobre a evolução da diminuição da
dor pontual, a partir da aplicação de métodos específicos ou em associação com outras
modalidades terapêuticas.
Referências
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