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Passado é um assunto que desperta o interesse.

Crentes e incrédulos falam


sobre as feridas do passado, os abusos do passado e as memórias dolorosas
do passado. Líderes cristãos, psicólogos, a mídia, e até os astros do cinema,
parecem centrar a atenção em como lidar com esta área da vida para benefício
próprio ou de outros.
Entre aqueles que participam da discussão sobre o passado, muitos buscam
em fontes alheias à palavra suficiente de Deus, a Bíblia, as respostas para
essa área que diz respeito ao homem interior. Eles contribuem para aumentar a
confusão no meio cristão. Neste artigo, buscamos apresentar respostas
bíblicas concisas para quatro perguntas importantes a respeito do passado.

O meu passado afeta o presente e o futuro?


Conquanto o mundo ao nosso redor erre em dizer que “o passado é tudo”, a
Igreja não deve assumir a posição de que o “passado é nada”. A Palavra de
Deus revela-nos com clareza que o passado de uma pessoa pode afetar
profundamente seu presente e futuro. A Bíblia usa, no mínimo, três maneiras
para nos esclarecer acerca do passado.

Primeiro, a Bíblia fala por meio de afirmações diretas. Gálatas 6.7 diz: “Não vos
enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso
também ceifará”.

Segundo, a Palavra de Deus revela por meio de princípios claros que o


passado de uma pessoa pode afetar seu futuro. O livro de Provérbios, por
exemplo, argumenta repetidamente que se uma pessoa fizer “tal coisa” agora
(no presente, que mais adiante será o seu passado), “tal coisa” acontecerá no
futuro. “Por uma prostituta o máximo que se paga é um pedaço de pão, mas a
adúltera anda à caça de vida preciosa.” (Pv 6.26)

Por último, a Bíblia fala do passado por meio de narrativas. As várias narrativas
que encontramos nas Escrituras permitem ter uma visão panorâmica da vida
de personagens bíblicos e perceber como as escolhas e ações do passado
afetam o futuro.

Sem dúvida, a Palavra de Deus ensina que o passado de uma pessoa afeta o
seu presente e futuro. Não podemos chegar a conclusões semelhantes às do
mundo ao nosso redor, mas também não devemos ignorar a importância do
passado e suas implicações para o processo de santificação.

Eu não estaria melhor sem lembrar o meu passado?


Quando alguém levanta o assunto passado, geralmente o faz de maneira
negativa. O passado é apresentado como turbulento, doloroso, ligado a
estragos e feridas, quase como se Deus tivesse sido cruel para conosco
dando-nos a capacidade de lembrar. Por aquilo que alguns dizem, a solução
ideal parece ser uma enorme máquina pela qual os crentes pudessem passar e
ter a memória completamente apagada. O passado é visto como um grande
peso, um inimigo cruel, um capataz malvado.
A perspectiva bíblica é completamente diferente. A memória é um dom do
Criador. O Senhor criou seus filhos especificamente com a capacidade de
lembrar, e o passado pode ser de grande benefício espiritual para nós. Veja
alguns exemplos:

(1) O passado nos ajuda a enfrentar os desafios com força e confiança.


“Disse mais Davi: O SENHOR me livrou das garras do leão e das do urso; ele me
livrará das mãos deste filisteu. Então, disse Saul a Davi: Vai-te, e o SENHOR seja
contigo.” (1Sm 17.37)
(2) O passado nos ajuda a lidar com as provações.
“…temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal?”(Jó 2.10)
(3) O passado nos ajuda em direção ao arrependimento.
“Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e,
se     não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.”
(Ap 2.5)
(4) O passado nos mantém humildes.
“Lembrai-vos e não vos esqueçais de que muito provocastes à ira o SENHOR, vosso
Deus, no deserto; desde o dia em que saístes do Egito até que chegastes a este lugar,
rebeldes fostes contra o SENHOR.” (Dt 9.7)
(5) O passado nos ajuda a perdoar.
“Então, o seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, perdoei-te aquela dívida
toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo,
como também eu me compadeci de ti?”(Mt 18.32-33)
O fato é que enquanto o mundo ao nosso redor costuma falar sobre o passado
de um ponto de vista negativo, as Escrituras mostram de várias maneiras que o
passado pode ser de grande ajuda no processo de crescimento que Deus
opera em nós.

Devo olhar para o meu passado como um grande todo?


Embora o passado de uma pessoa possa ser de grande benefício para o
processo de santificação, ele também pode ser bastante prejudicial se não for
tratado biblicamente. Boa parte da confusão origina-se em falharmos na divisão
deste assunto em categorias bíblicas. Quando falamos no passado, uma das
perguntas fundamentais deve ser: “Você está falando sobre o passado em que
foi culpado ou inocente?”. A Bíblia tem respostas para ambas as categorias,
mas aplicar um conjunto de respostas à categoria errada pode levar a um
grande engano.

O passado em que fomos culpados


Aqui nos referimos à parte do nosso passado em que nós pecamos contra
Deus e outras pessoas. A pergunta fundamental a ser feita é: “O pecado foi
confessado?”. Se a resposta for “Não”, o crente deve dar os seguintes passos:

a) confessar o pecado a Deus (1 Jo 1.9);


b) pedir perdão às pessoas envolvidas (Mt 5.24);
c) restituir, se necessário (Lc 19.1-9).

A razão por que muitos crentes são “perseguidos” pelo passado é que não
lidaram com sua culpa. Mesmo em situações em que a outra pessoa também
pecou “ou talvez até tenha sido a primeira a pecar”, o crente deve lidar com a
sua parte de culpa no problema.

Se o pecado foi confessado, então o crente tem agora algumas


responsabilidades:

a) alegrar-se no perdão de Deus (Sl 40.1-3);


b) aproveitar a aula de teologia: usar a situação como uma oportunidade para
crescer no entendimento do caráter de Deus;
c) prosseguir − em lugar de continuar a se espojar no próprio pecado (Fp 3.13;
Sl 103.12).

O passado em que fomos inocentes


Aqui nos referimos às situações do nosso passado nas quais outros pecaram
diretamente contra nós ou quando sofremos os resultados de viver em um
mundo pecaminoso. A pergunta esclarecedora é: “Alguém esteve diretamente
envolvido?”. A resposta nos orienta na escolha de quais princípios bíblicos
precisam ser aplicados.

Se a resposta for “Sim”, então é hora de considerar várias perguntas


adicionais:

1. Minha memória é perfeitamente confiável?


2. Sou de fato inocente?
3. Eu respondi devidamente?
4. Devo confrontar a pessoa? Se sim, já dei passos nesta direção?
5. Se a pessoa se arrependeu, eu concedi perdão?

Se não há outra pessoa envolvida, ou se os passos acima já foram


completados, o Senhor pode usar as situações do passado em que fomos
inocentes como uma oportunidade notável de crescimento. Estas são algumas
perguntas que o crente deve considerar:

1. Como outros servos de Deus enfrentaram tempos difíceis e lidaram com


situações semelhantes?
2. Como posso usar esta provação como oportunidade para me tornar mais
semelhante a Cristo?
3. O que este acontecimento pode me ensinar sobre a soberania de Deus na
minha vida?

O fato é que a Bíblia contém muitas verdades sobre a questão do passado,


mas é imperativo dividirmos nosso passado em categorias bíblicas antes de
aplicarmos a ele a Verdade.

Como devo falar do meu passado?


Mostramos aqui que o passado de uma pessoa pode ser uma ajuda ou um
obstáculo para o seu crescimento cristão. A chave para lidar com o passado
biblicamente envolve dois aspectos. Primeiro, o crente deve procurar tirar o
melhor proveito possível daquilo que Deus quer usar para ajudá-lo a crescer −
no que diz respeito ao passado,  isso inclui as lições aprendidas sobre Deus,
sobre si mesmo e os outros, bem como os aspectos de benefício espiritual
listados na página anterior. O crente não deve ignorar esta ajuda importante
que Deus proporciona para o processo de santificação.

Segundo, ele deve fazer tudo quanto estiver ao seu alcance para romper todos
aqueles laços do passado que impedem a santificação. Isso inclui os pecados
não confessados, as restituições deixadas para trás, a amargura e o descuido
no aprendizado das lições que Deus quer ensinar a partir das circunstâncias
tanto do passado em que fomos culpados como do passado em que sofremos
quando inocentes.

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