Você está na página 1de 6

Sobre o texto de Rudolf Steiner "Temos que extirpar da alma ...

"
Valdemar W. Setzer
24/3/15
1. Introdução

A revista Beiträge zur Rudolf Steiner Gesamtausgabe ("Contribuições para a obra completa de Rudolf Steiner")
traz em seu número 98, Dornach, Weihnachten (Natal) 1987, nas pp. 2-16 uma palestra de Steiner dada em
Bremen em 27/11/1910, com o título "Erkentniss und Unsterblichkeit" ("Conhecimento e Imortalidade"), em
que aparece um trecho de um texto atribuído a ele, bastante conhecido no Brasil pelas suas palavras iniciais
"Temos que extirpar da alma".

Inicialmente, é colocado aqui um texto que me foi entregue pelo Sr. D. Hagemann, que contém as palavras que
em geral são usadas no Brasil, com pequenas variações devido à presente tradução. Nesta última, foram feitas
algumas modificações em relação à minha tradução anterior, de 2007. Segue-se o trecho da palestra como
publicado na revista Beiträge, também fornecida pelo Sr. Hagemann. Finalmente, são colocados trechos do
comentário do editor dessa palestra. As traduções são minhas, revistas por Sonia Setzer.

2. Texto geralmente usado no Brasil.

Aus einem Vortrag von Dr. Rudolf Steiner aus dem De uma conferência do Dr. Rudolf Steiner do ano de
Jahre 1910. 1910.

Und was bedeutet das, was in den nächsten O que significa aquilo que nas próximas décadas terá de
Jahrzehnten in der furchtbarsten Weise zum Ausdruck se expressar da maneira mais terrível possível? Trata-se
kommen muss? Es ist von der einen Seite die de um lado, da exortação de colocar-se firmemente no
Aufforderung, festzustehen auf dem Boden, den das solo que a nova vida espiritual quer fazer nascer e, de
neue Geistesleben gebären will und auf der anderen outro, trata-se dos lampejos daquilo que há bastante
Seite ist es das Wetterleuchten dessen, was seit tempo vem sendo comentado entre nós: a aproximação
längerer Zeit unter uns besprochen wird: Das do Cristo sob a forma na qual ele terá de ser
Herannahen des Christus in der Form, in der er wird contemplado a partir do século 20; pois antes de se
geschaut werden müssen vom 20. Jahrhunder ab, denn passar a metade desse século, o Cristo terá de ser
ehe dieses Jahrhunderts Mitte verflossen sein wird, contemplado!1 Antes, porém, tudo o que for resto do
wird der Christus geschaut werden müssen! Aber passado deverá ser impelido para a nulidade, as nuvens
vorher muss alles das, was Rest des Alten ist, in die terão de aglomerar-se, o ser humano deve encontrar a
Nullität getrieben worden sein, müssen sich die plena liberdade a partir da nulidade. Ele terá de
Wolken zusammenballen, der Mensch muss finden encontrar toda sua força a partir do nada. A miséria
die volle Freiheit aus der Nullität heraus. Der Mensch exterior transformar-se-á em miséria anímica e dessa
muss seine ganze Kraft finden aus dem Nichts heraus. miséria anímica nascerá a contemplação.
Die äussere Not wird sich in eine Seelennot
verwandeln und aus dieser Seelennot heraus wird das
Schauen geboren werden.
Wir müssen mit der Wurzel aus der Seele ausrotten Temos que extirpar da alma, com a raiz, o medo e o
Furcht und Grauen vor dem, was aus der Zukunft terror daquilo que, do futuro, vem ao encontro do ser
herandrängt an die Menschen. Gelassenheit in Bezug humano. Serenidade em relação a todos os sentimentos
auf alle Gefühle und Empfindungen gegen die e sensações perante o futuro o ser humano deve
Zukunft muss sich der Mensch aneignen. Mit adquirir. Encarar com absoluta equanimidade2 tudo
absolutem Gleichmut dem entgegensehen, was da aquilo que possa vir, pois vem a nós da direção
kommen mag, da es durch die weisheitsvolle cósmica3 plena de sabedoria.
Weltenführung uns zukommt.
Wir haben jeden Augenblick das Rechte zu tun und Em todo momento temos que fazer o que é correto e
alles andere der Zukunft überlassen. Es gehört zu deixar o restante entregue ao futuro. Isso é o que temos
dem, was wir in dieser Zeit lernen müssen, aus reinem que aprender em nossa época: viver em pura confiança,
Vertrauen zu leben, ohne jede Daseinssicherheit, aus sem qualquer segurança existencial, confiando na ajuda
dem Vertrauen in die immer gegenwärtige Hilfe der sempre presente do mundo espiritual.
geistigen Welt.
Wahrhaftig, anders geht es heute nicht, wenn der Mut Realmente, hoje em dia não pode ser de outra forma, se
nicht sinken soll. Nehmen wir unseren Willen in não quisermos que a coragem submerja. Disciplinemos
Zucht und suchen die Entwicklung (Erleuchtung?) firmemente nossa vontade, e procuremos a revelação4 a
von Innen jeden Morgen und jeden Abend." partir do interior, todas as manhãs e todas as noites.
1
N. do T. Steiner refere-se aqui à contemplação no plano etérico, e não no plano físico.
2
N. do T. De acordo com o Dicionário Aurélio – Século XXI, equanimidade pode referir-se tanto a “igualdade de ânimo tanto na
desgraça quanto na prosperidade”, quanto a “eqüidade em julgar, imparcialidade”. A escolha deveria basear-se na interpretação da
frase, isto é, se ela refere-se a sentimentos ou a pensamentos (julgamentos).
3
N. do T. A palavra "cósmica" não estava na minha tradução anterior.
4
N. do T. No original parece haver dúvida quanto à palavra correta. A primeira, não usada na tradução, significa "desenvolvimento".

3. Trecho da palestra como publicado na revista "Beiträge", p. 10.

Wir müssen mit der Wurzel aus der Seele ausrotten Temos que extirpar da alma, com a raiz, o medo e o
Furcht und Grauen vor dem, was aus der Zukunft terror daquilo que, do futuro, vem ao encontro do ser
herandringt [sic] an den Menschen. Wie bangt und humano. Hoje o ser humano inquieta-se e tem medo de
ängstigt sich der Mensch heute vor allem, was in der tudo o que se encontra no futuro, principalmente frente
Zukunft liegt, und besonders vor der Todesstunde. à hora da morte. Serenidade frente a todos os
Gelassenheit in bezug auf alle Gefühle und sentimentos e sensações perante o futuro o ser humano
Empfindungen gegenüber der Zukunft muß sich der deve adquirir. Encarar com absoluta equanimidade tudo
Mensch aneignen, mit absolutem Gleichmut aquilo que possa vir, e pensar somente que o que vier,
entgegensehen allem, was da kommen mag, und nur virá a nós da direção cósmica plena de sabedoria. Isso
denken, daß das, was auch kommen mag, durch die deve ser repetidamente colocado diante de nossa alma.
weisheitsvolle Weltenführung uns zukommt. Dies A consequência disso é receber como um presente as
muß immer wieder und wieder vor die Seele gestellt forças retrospectivas para vidas passadas.
werden. Das führt dazu, wie ein Geschenk zu
empfangen die rückschauenden Kräfte für vergangene
Erdenleben.

4. Nota do editor da palestra, na p. 15 da revista Beiträge

Der Bremer Vortrag vom 27. November 1910 gehört A palestra de Bremen, de 27/11/1910 está na categoria
in die Kategorie jener Vorträge, deren Nachschriften daquelas palestras cujas transcrições
nicht wördlich und teilweise lückenhaft sind. … não são literais e são parcialmente incompletas. ...
Im vorliegenden Fall verhält es sich nun so, daß die No presente caso, a situação torna necessária a
Veröffentlichung deshalb notwendig wurde, da schon publicação porque já há muitos anos circulam
seit vielen Jahren immer wieder einzelne Passagen repetidamente algumas passagens dessa palestra, nas
dieses Vortrages zirkulieren, wobei die jeweiligen quais os respectivos trechos, na medida em que são
Textauszüge, soweit sie den Herausgebern bekannt conhecidos pelos editores, não contêm qualquer
wurden, keinerlei Quellenangaben wie Ort, Datum, referência da origem, como local, data, título, que
Titel aufweisen, ja vielfach sogar mit muitas vezes até vêm acompanhadas de títulos, adições
Mißverständnisse hervorrufenden Überschriften, etc., que induzem a enganos.
Zusätzen usw. versehen sind.
Es sei hier nun die Gelegenheit wahrgenommen, Aproveitamos aqui a oportunidade de salientar que
darauf hinzuweisen, daß immer wieder Texte repetidamente circulam textos, geralmente escritos à
kursieren, meist auf einen Zettel von Hand mão em um pedaço de papel – sem citar a fonte – e
geschrieben - ohne Quellenangabe - und von Hand zu passados de mão em mão, que aparentemente seriam de
Hand weitergegeben, die angeblich von Rudolf Rudolf Steiner. Nos arquivos do Legado
Steiner sind. Im Archiv der Rudolf Steiner- [Nachlassverwaltung] de Rudolf Steiner há um arquivo
Nachlaßverwaltung wird eine Kartei geführt, in der com bem mais de uma centena de tais textos,
weit über hundert solcher, Rudolf Steiner fälschlich falsamente atribuídos a Rudolf Steiner. Há também
zugeschriebenen Texte registriert sind. Es werden citações que de fato remontam a Rudolf Steiner,
bisweilen auch Wortlaute, die tatsächlich auf Rudolf provenientes por vezes de registros de palestras, sem
Steiner zurückgehen, etwa aus einer contexto, passagens modificadas e posteriormente
Vortragsnachschrift, aus dem Zusammenhang passadas adiante, da maneira descrita, como "palavras
herausgelöst, Passagen umgestellt und dann als de Rudolf Steiner".
«Worte Rudolf Steiners» in der geschilderten Weise
weitergegeben.
Ein besonderer Fall dieser Art ist der Umgang mit Um caso especial desse tipo é a maneira como foram
Wortlauten aus dem Bremer Vortrag vom 27. tratados trechos da palestra de Bremen de 27/11/1910.
November 1910. Aus ihm zirkulieren Auszüge, die Tendo ela por base, circulam trechos que dão uma
einen ganz anderen Eindruck vermitteln als den, impressão muito diferente do que se tem quando se lê a
welchen man erhält, wenn man den Vortrag palestra como um todo. Assim, há tempo um dos
gesamthaft liest. So wurde vor geraumer Zeit eine der trechos mais citados e também mais variado dessa
am häufigsten zitierten und auch variierten Passage palestra, sob o título de "Saudação Micaélica" foi até
aus diesem Vortrag unter der Überschrift mesmo publicado em duas revistas. Rudolf Steiner, de
«Michaelischer Gruß» sogar in zwei Zeitschriften fato, foi citado como autor, no entanto, referências mais
publiziert. Rudolf Steinet als Autor wurde zwar precisas foram omitidas. ...
genannt, nähere Quellenangaben unterblieben jedoch.

Der Vortrag vom 27. November 1910 wurde von A palestra de 27/11/1910 foi anotada por Camilla
Camilla Wandrey mitgeschrieben. Sie hat jedoch nicht Wandrey. No entanto, ela não estenografou palavra por
wörtlich mitstenographiert, sondern während des palavra, mas fez anotações durante a palestra, e
Vortrages Notizen gemacht und diese nachträglich zu trabalhou nelas posteriormente produzindo um texto
einem lesbaren Text ausgearbeitet. Frau Wandrey, die legível. A Sra. Wandrey, que proferiu, ela mesma,
selbst zahlreiche Vorträge innerhalb der várias palestras no âmbito da Sociedade Teosófica,
Theosophischen Gesellschaft gehalten hat, kam es preocupava-se mais em reproduzir o conteúdo do que as
mehr auf die Wiedergabe des Inhaltes an, als auf den palavras propriamente ditas. ...
genauen Wortlaut. …
Vergleichbare Äußerungen Rudolf Steiners zu jener Expressões comparáveis de Rudolf Steiner para a
am häufigsten zitierten Passage aus dem Bremer passagem mais citada da palestra de Bremen – que
Vortrag - sie beginnt mit den Worten: «Wir müssen começa com as palavras: "Precisamos extirpar da alma ,
mit der Wurzel aus der Seele ausrotten Furcht und com a raiz, o medo e o terror ..." (p. 10) – estão nas
Grauen...»(S. 10) - sind enthalten in den beiden duas palestras de Berlin de 17/2/1910 "A Essência da
Berliner Vorträgen vom 17. Februar 1910, «Das Oração" (GA 59, pp. 114-117)5 e de 27/10/1910 "Vida e
Wesen des Gebetes» (GA 59, S. 114-117)5 und vom Morte" (GA 60, p. 63)6, bem como na palestra de
27. Oktober 1910 «Leben und Tod» (GA 60, S. 63)6, Kassel, de 3/12/19107. ...
sowie in dem Kasseler Vortrag vom 3. Dezember
1910. …
5
Ver http://anthroposophie.byu.edu/vortraege/059_04.pdf (consultado em 21/3/15)
6
Ver http://anthroposophie.byu.edu/vortraege/060_02.pdf (idem)
7
Não encontrada.
ANÁLISE DO VERSO "TEMOS QUE EXTIRPAR DA ALMA..."
Valdemar W. Setzer
17/11/16

0. Introdução

Usei esse verso como um dos temas de meditação durante vários anos, e aos poucos fui
tendo algumas inspirações sobre sua estrutura e significado, que transcrevo aqui. Sigo o
que o próprio Steiner fez nas aulas da Classe I da Escola de Ciência Espiritual, onde
para cada mantra ele dava algumas explicações sobre seu significado.

Vou analisar frase por frase, pela ordem de aparecimento.

1. Temos que extirpar da alma, com a raiz, o medo e o terror daquilo que, do
futuro, vem ao encontro do ser humano.

Parece-me que aqui Steiner estabelece uma meta para um desenvolvimento individual
de uma disposição anímica em relação a uma maneira de encarar o futuro: a questão do
medo dele.

Segundo meu artigo [1] relatando as disposições anímicas recomendadas por Steiner em
seu livro traduzido como "O Conhecimento dos Mundos Superiores" [2], há uma
disposição que se refere ao medo:

51. Encarar calmamente os perigos, desenvolvendo uma natureza corajosa e


intrépida frente a eles; querer vencer dificuldades sem hesitar,
conscientizando-se de que o medo é inútil, não se deixando dominar por ele
e pensar unicamente no que é preciso fazer (p. 51)

Mas nesse caso ele se refere a um perigo que se enfrenta, e não que se espera para o
futuro. Em termos deste, como exposto na tradução do verso, Steiner refere-se
especialmente ao medo da morte.

Obviamente, um autodesenvolvimento anímico leva muito tempo. Nas frases seguintes


Steiner dá a receita de como conseguir isso.

2. Serenidade frente a todos os sentimentos e sensações perante o futuro o ser


humano deve adquirir.

Aqui Steiner refere-se à atividade anímica do sentir. Em português o verbo sentir aplica-
se a duas atividades distintas: ter sensações (por exemplo, a sensação do gosto de um
alimento quando se o come) e ter sentimentos (por exemplo, se se gosta desse alimento
ou não). Serenidade significa não se deixar levar, agir, segundo os sentimentos,
especialmente em momentos de sensações ou sentimentos exacerbados, como raiva,
pavor, ódio profundo, ansiedade, depressão etc.

No artigo citado, encontra-se

151. Atingir um equilíbrio de vida, não oscilando entre regozijos e desesperos


["moderação, serenidade"] (p. 91)

O medo é uma sensação. (Gostar ou não de ter medo é um sentimento.) No caso, trata-
se de se reconhecer algum medo que diz respeito a algo que se espera do futuro, e tentar
não agir segundo essa sensação. Mas esse treinamento interior pode ser também
aplicado a várias outras sensações e sentimentos. Por exemplo, foi eleito para um cargo
governamental uma pessoa com a qual se antipatiza, o que é um sentimento, e por causa
dela esperar-se um futuro difícil para um estado ou nação. Nesse caso, deve-se
reconhecer que uma antipatia é uma reação que indica mais sobre a pessoa que a sente
do que a pessoa que é objeto dela, isto é, não dá uma informação objetiva sobre a pessoa
objeto da antipatia.

3. Encarar com absoluta imparcialidade tudo aquilo que possa vir, e pensar
somente que o que vier, virá a nós da direção cósmica plena de sabedoria.

Aqui a referência é feita claramente ao pensar. Não podemos ser imparciais em nosso
sentir, pois já de início ele é totalmente subjetivo: ninguém pode ter uma sensação ou
sentimento que outra pessoa está sentindo. Mas podemos forçar, em momentos de
concentração mental, nosso pensamento a ser objetivo, e aí podemos ser equânimes,
imparciais.

A segunda parte da frase diz respeito a uma confiança nos mundos espirituais. Para isso,
obviamente, deve-se ter a convicção, idealmente suscitada por evidências e pelo
reconhecimento da validade da imensa teoria antroposófica e suas aplicações, de que
existe um mundo espiritual.

Quanto a evidências, é interessante lembrar que Steiner recomenda enfaticamente que se


conheça a ciência natural, pois as limitações que ela própria estabelece deveriam levar à
conclusão da existência de algo transcendente à matéria e à energia físicas. Por
exemplo, do ponto de vista da Física, não se sabe o que é a matéria; a origem da matéria
e da energia físicas, bem como os limites do universo não fazem sentido físico.

No entanto, sabemos pela Antroposofia que no mundo espiritual existem seres positivos
em relação ao desenvolvimento da humanidade, e existem seres negativos, as "forças
adversas". Como saber em quem confiar? Para isso, é essencial reconhecer as forças
adversas [3].

4. Em todo momento temos que fazer o que é correto e deixar o restante entregue
ao futuro.

Aqui o apelo é para o desenvolvimento do querer, que se expressa no fazer. Mas antes
de fazer temos que reconhecer o que é correto, e para isso o item 3, do pensar, é
essencial.

5. Isso é o que temos que aprender em nossa época: viver em pura confiança, sem
qualquer segurança existencial, confiando na ajuda sempre presente do mundo
espiritual.

Nessa frase há um apelo ao aprendizado, ou melhor dizendo, autoaprendizado.

No artigo citado, encontramos:

52. Criar uma forte confiança nos bons poderes da existência (p. 52)
105. Consolidar todo o aspirar pela verdade na confiança e no verdadeiro amor à
humanidade (p. 78)
6. Realmente, hoje em dia não pode ser de outra forma, se não quisermos que a
coragem submerja.

No artigo sobre as disposições anímicas encontra-se o seguinte:

50. Encarar calmamente os perigos, desenvolvendo uma natureza corajosa e


intrépida frente a eles; querer vencer dificuldades sem hesitar, conscientizando-
se de que o medo é inútil, não se deixando dominar por ele e pensar unicamente
no que é preciso fazer (p. 51)

7. Disciplinemos firmemente nossa vontade, e procuremos a revelação a partir do


interior, todas as manhãs e todas as noites.

Aqui a recomendação é que se pratique a meditação, isto é, concentração mental sobre


temas espirituais. Por que "todas as manhãs e todas as noites"? Essa é uma
recomendação que Steiner dá em várias lugares. Ele esclarece que de manhã, logo
depois de acordar, poucas impressões físicas do mundo exterior já penetraram na
consciência, e um pouco antes do adormecer preparamos nossa entrada no mundo astral.
Além disso, é no fim do dia que podemos fazer o exercício da retrospectiva reversa, que
é especialmente benéfico justamente no sentido de reconhecermos nossos medos, pois
nos vemos como que se fosse de fora de nós mesmos. A meditação fortalece nosso Eu,
que é justamente quem pode controlar nossa serenidade, não deixar os nossos
pensamentos serem parciais e tomar as decisões corretas em cada momento.

Referências

[1] Setzer, V. W. Disposições e atitudes anímicas recomendadas por Rudolf Steiner em


seu livro O Conhecimento dos Mundos Superiores – a Iniciação. Disponível em
https://www.ime.usp.br/~vwsetzer/antrop/artigo-disposicoes-animicas.htm – acesso em
17/11/16.

[2] Steiner, R. O Conhecimento dos Mundos Superiores – a Iniciação, GA (obra


completa) 10, trad. E. Reimann, 4a ed., São Paulo: Ed. Antroposófica, 1996

[3] Pracófiev, S.O. O encontro com o Mal e sua superação na Ciência Espiritual – a
pedra Ffndamental do bem.

Você também pode gostar