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Universidade Federal de Ouro Preto

Escola de Minas
Escola de Farmácia
Professor Jaime Antônio Sardi - DEPRO

Panorama da Administração

Administração é palavra que vem do latim: ad direção para, tendência; minister comparativo de
inferioridade; e o sufixo ter obediência. Significa uma função sob o comando de alguém, aquele que presta
serviço ao outro.

Segundo o Dicionário Houaiss, de 2001, a palavra foi empregada pela primeira vez em português em 1331:

“1 Ato, processo ou efeito de administrar 2 ato de reger, governar ou gerir negócios públicos ou
particulares 2.1 modo como se rege, governa, gere tais negócios 3 ADM a direção, a chefia no
organograma de um estabelecimento público ou particular 4 ADM conjunto de normas e funções
cujo objetivo é disciplinar os elementos de produção e submeter a produtividade a um controle de
qualidade, para a obtenção de um resultado eficaz . (...) Fonte histórica 1331 amenistraçom, 1386
aministraçon, sXV administração, sXV mjnjstraçams. (...) sinonímia de direção”. (pág.87)

Indo além da etimologia, classicamente se considera a administração como um processo constituído de


cinco funções principais:

1 – Planejamento: visão de futuro com vistas a traçar um programa de ação.


2 - Organização: é a constituição combinada dos elementos materiais e humanos da empresa:
agrupamento e estruturação das atividades.
3 - Direção: é o comando e a orientação para que se execute o que foi planejado e organizado.
4 – Coordenação: ligar, unir, harmonizar os atos e esforços coletivos
5 - Controle: trata-se da verificação, se os eventos transcorreram de acordo com as ordens dadas e o
planejamento.

Observe que a organização é uma função administrativa, uma etapa da administração. A palavra
organização é também empregada para designar uma interação social de pessoas com vistas a atingir certos
objetivos. Denota qualquer empreendimento humano moldado intencionalmente para atingir uma finalidade.
Daí que a igreja, os exércitos, os hospitais, as universidades, as lojas, os bancos constituem-se organizações.

O professor Edgar Shein, do MIT- Massachussets Institute of Technology, no seu livro “Psicologia
Organizacional”, assim define organização:

“Uma organização é a coordenação planejada das atividades de uma série de pessoas para
consecução de algum propósito ou objetivo comum, explícito, através da divisão de trabalho e
função e através de uma hierarquia de autoridade e responsabilidade.” (1982:12)

As organizações existem desde os primórdios da humanidade, desde quando os homens se


combinavam para caçar, planejando o instante do ataque, distribuindo entre si tarefas e instrumentos,
delegando comando para uma única pessoa, e depois verificando se o processo da caça ocorreu dentro do
previsto.

Os babilônios, fenícios, caldeus, persas, chineses, assírios, sumérios, hebreus, gregos e romanos
possuíam suas organizações. No período das Grandes Navegações, mais precisamente no Arsenal de Veneza,
constituíram-se as primeiras organizações de sociedade anônima, feitas com o somatório de recursos de vários
investidores.

Mas foi com a Revolução Industrial, a partir de 1776, que passou a haver uma multiplicação de
organizações pelo mundo afora, inicialmente na Europa e EUA.
O engenheiro industrial americano, Frederick Winslow Taylor, e o engenheiro de minas francês,
Henry Fayol, são considerados fundadores da moderna administração, enquanto técnica e ciência social
aplicada. Taylor publicou “Princípios da Administração Científica”, em 1911, e Fayol publicou
“Administração Industrial e Geral”, em 1916.

Observação: Nos livros de administração os alunos encontrarão Taylor como fundador da “Escola
Científica” e Fayol como fundador da “Escola Clássica”: o primeiro focalizou a oficina e a tarefa enquanto o
segundo focalizou a administração de uma forma abrangente, incluindo as funções comerciais, financeiras,
contábeis, técnicas, de segurança, além, é claro das administrativas. Veja aulas específicas.

Antes de Taylor e Fayol não havia Escolas de Administração com teorias sistematizadas. Por esta
razão nós faremos duas cronologias, uma anterior a eles, e outra posterior a eles.

A – Primórdios da Administração: Dos egípcios até Taylor e Fayol

Época Protagonistas Eventos


6.000 a C. Egípcios Reconhecimento da necessidade de planejar, organizar, controlar.

2.600 a C. Egípcios Descentralização na organização.

2.000 a C. Egípcios Ordens escritas, consultorias de gestão.

1.800 a C. Hamurabi (Babilônia) Uso de controle escrito e testemunhal, estabelecimento de salário


mínimo, reconhecimento de que a responsabilidade não pode ser
transferida.
1491 a C. Hebreus Conceitos de organização, princípio escalar, princípio da exceção.

600 a C. Nabucodonosor Controle de produção e incentivos salariais.

500 a C. Mencius (China) Reconhecimento da necessidade de sistemas e padrões.

400 a C. Sócrates (Grécia) Enunciado da universalidade da administração.

400 a C. Ciro (Pérsia) Reconhecimento da necessidade de relações humanas, uso do


estudo de movimentos, arranjo físico e manuseio de materiais.
400 a C. Platão (Grécia) Enunciado do princípio da especialização.

175 a C. Cato (Roma) Uso de descrições de funções.

20 Jesus (Judéia) Unidade de comando, regulamentos, relações humanas.


284 Dioclécio (Roma) Delegação de autoridade.

1436 Arsenal de Veneza Contabilidade de custos, verificações e balanços para controle,


numeração de inventários, utilização da técnica da linha de
montagem, emprego da Administração de Pessoal,
padronização.
1525 Machiavel (Itália) Princípio do consenso de massa, da coesão na organização,
enunciado das qualidades de liderança, descrição de táticas
políticas.
1767 James Stuart Teoria da fonte da autoridade, impacto da automação,
(Inglaterra) diferenciação entre gerentes e trabalhadores baseada nas
vantagens da especialização.
1776 Adam Smith Aplicação do princípio de especialização, controle.
(Inglaterra)

1799 Eli Whitney (EUA) Método científico, contabilidade de custos, controle de


qualidade, administração ampliada.

1800 James Watt e Mathew Procedimentos padronizados de operação, tempo-padrão,


Boulton (Inglaterra) gratificação natalina, seguro mútuo, auditoria.

1810 Robert Owen Gerência de pessoal, treinamento, moradia operária.


(Inglaterra)

1832 Charles Babbage Ênfase na abordagem científica e na especialização, divisão


(Inglaterra) do trabalho, estudo de tempos e movimentos, contabilidade
de custos, efeitos da cor na eficiência do operário.

1856 Daniel McCallum Uso de organogramas para representar a estrutura da


(EUA) organização, aplicação da administração sistemática em
ferrovias.

1881 Joseph Wharton Criou os primeiros cursos em nível colegial para o estudo da
(EUA) administração.

1886 Hery Metcalfe A administração enquanto arte e enquanto ciência.


(EUA)

1900 Taylor Fundação da Primeira Escola de Administração Científica


(EUA)

Adaptado de Khandwalla, Pradip N. The Design of Administration. New York: Harcourt Brace Jovanovich, 1977 .
B – As Escolas de Administração

Cronologia das Escolas de Administração


Nome Ênfase Ano Fundadores Enfoque
Escola de Nas tarefas 1903 Taylor e Gilbreth -EUA Racionalizaçã
Administração o do trabalho
Científica no mundo
operacional
Teoria da Burocracia Na estrutura 1909 Max Weber – Organização
da Alemanha Formal
organização burocrática
Teoria Clássica Na estrutura 1916 Henry Fayol - França Funções do
Administrador
Escola das Relações Nas pessoas 1932 Elton Mayo e Kurt Organização
Humanas Lewin – EUA informal,
dinâmica de
grupo,
comunicação
Teoria das Decisões Nas pessoas 1947 Simon - EUA Tomada de
decisões

Teoria dos Sistemas No ambiente 1951 Bertalanffy– Alemanha Abordagem


Kast e Rosenzweig & de sistema
Katz e Kahn -EUA aberto
Teoria dos sistemas Nas pessoas 1953 Emery e Trist Integração
sociotécnicos e na homem-
tecnologia tecnologia
Teoria Neoclássica ou No 1954 Peter Drucker, Koontz Alcançar
Administração por ecletismo: e O’Donnell, Newman objetivos
Objetivos – APO tarefas, – EUA
pessoas e
estrutura
Escola Nas pessoas McGregor, Likert, Motivação
Comportamental ou 1957 Argyris - EUA Humana
Behaviorista

Escola do Nas pessoas 1962 Bennis, Beckhard, Mudança


Desenvolvimento Schein - EUA Organizacion
Organizacional al

Teoria da Na 1972 Woodward, Lawrence, Imperativo


contingência Tecnologia Lorsch - EUA tecnológico

Teoria Z Nas pessoas 1973 William Ouchi Produção de


subjetividades
Bibliografia:

CHIAVENATO, Idalberto – Introdução à Teoria Geral da Administração. S. Paulo: McGraw-Hill do


Brasil, 1983.
FAYOL, Henry – Administração Geral e Industrial. S. Paulo: Atlas, 1960.

RICHERS, Raimar - O que é Empresa. S. Paulo: Círculo do Livro, s.d.

OUCHI, William – Teoria Z: como as empresas podem enfrentar o desafio japonês. S. Paulo: Nobel,
1987.

LODI, João Bosco – História da Administração. S. Paulo: Pioneira, 1973.

SHEIN, Edgar H. – Psicologia Organizacional. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1982.

TAYLOR, Winslow F. – Princípios de Administração Científica. S. Paulo: Atlas, 1960.

THORSTEIN, Veblen – Teoria da Empresa Industrial. Rio de Janeiro: Globo, 1966.

WOODWARD, Joan – Industrial Organization: Theory and Practice. London: Oxford University Press,
1968.

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