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Arqueologia Guarani No Litoral Sul Do BR PDF
Arqueologia Guarani No Litoral Sul Do BR PDF
Printed in Brazil
Impresso no Brasil
Rafael Guedes Milheira e Gustavo Peretti Wagner (Orgs.)
ARQUEOLOGIA GUARANI
NO LITORAL SUL DO BRASIL
Curitiba – PR
2014
FICHA TÉCNICA
CONSULTORES Alícia Ferreira Gonçalves – UFPB José Henrique Artigas de Godoy – UFPB
APOIOS
STRATA
Consultoria em Arqueologia e
Patrimônio Cultural
AGRADECIMENTOS
INTRODUÇÃO....................................................................................................9
(Gustavo Peretti Wagner e Rafael Guedes Milheira)
BIBLIOGRAFIA........................................................................................................... 257
SOBRE OS AUTORES.................................................................................................289
8
INTRODUÇÃO
10
destas, com o elemento europeu. Inicialmente a conquista Guarani alija as po-
pulações Jês de suas tradicionais áreas de exploração, tanto através de conflitos
bélicos quanto através de relações de parentesco e reciprocidade. O momento
seguinte é marcado pela chegada das frentes de colonização ibéricas que condi-
cionam uma reestruturação das estratégias territoriais e culmina com o despo-
voamento gradual da costa.
No terceiro capítulo, A Cerâmica Guarani do Litoral Norte do Rio Grande
do Sul, Mariana Araújo Neumann considera tecnologia como a arena política
onde diferentes agentes discutem a produção coletiva do cosmo. Neste sentido,
admite que seus produtos traduzem diferentes formas de associação, diferentes
contornos sociais particulares a contextos locais e temporais, orientando asso-
ciações possíveis para a história indígena pré-colonial. As análises da tecnologia
cerâmica focam no litoral norte do Rio Grande do Sul e oferecem uma leitura
categórica para uma área de grande relevância para o escopo desta obra.
Em Arqueologia Guarani no Lago Guaíba: Refletindo sobre a Territoriali-
dade e a Mobilidade Pretérita e Presente, Adriana Schmidt Dias e Sergio Baptista
da Silva propõem compreender o uso do espaço lagunar pelas sociedades gua-
rani pré-coloniais, buscando avaliar aspectos de continuidade e mudanças nos
padrões de ocupação indígena do território. Empreendem intenso levantamen-
to de dados arqueológicos e incorporam as lideranças Guarani na construção
das estratégias de pesquisa, caracterizando contribuição ímpar à temática no
sul do Brasil. Desde o Delta do Jacuí até a desembocadura na Laguna dos Patos,
as aldeias antigas ocuparam preferencialmente os pontais, as ilhas e as baias,
buscando locais abrigados da incidência do vento sul e privilegiando as margens
do Guaíba, em detrimento das encostas graníticas, denotando intensa atividade
de navegação e sociabilidade.
Jairo Henrique Rogge sintetiza as pesquisas realizadas pelo Instituto
Anchietano de Pesquisas em Assentamentos Litorâneos da Tradição Tupiguarani:
Um Exemplo do Litoral Central do Rio Grande do Sul. O trabalho apresenta
uma caracterização geral dos sítios e respectivas cronologias oportunizando
ao leitor correlacionar os dados arqueológicos locais às áreas adjacentes e
compor uma compreensão regional do processo de povoamento litorâneo. É
importante ressaltar que esse trabalho aponta distinções funcionais para sítios
arqueológicos distintos, contribuindo para as discussões do modo de organiza-
ção territorial Guarani.
O capítulo intitulado Arqueologia e História Guarani no sul da Laguna dos
Patos e serra do Sudeste, de Rafael Guedes Milheira, aborda a Arqueologia como
história indígena de longa duração. Como tal, o autor busca, em primeiro lugar,
12
gia Guarani produzida nos últimos 20 anos, no que se refere a uma abordagem
teórica que coteja informações arqueológicas, etno-históricas e etnográficas.
Além disso, o autor apresenta um mapa que demonstra a localidade dos sítios
arqueológicos Guarani entre Brasil, Paraguai Uruguai, e Argentina, áreas essas
que coincidem com as informações extraídas das publicações dos cronistas e
viajantes dos séculos XVI e XVII.
16
cumentação conhecida é pouca e menor ainda são os títulos publicados. Dessa
forma, no litoral de Santa Catarina, o que se conhece hoje desse povo tem como
base documentos, publicações e estudos etnográficos dos Guarani que viveram
em outras regiões.
Há diversos relatos do século XVI que se referem a indígenas no litoral de
Santa Catarina. Para o norte do Estado os mais conhecidos são os de Binot Palmier
de Gonneville (PERRONE-MOISÉS, 1992), francês que alguns acreditam que este-
ve em São Francisco do Sul em 1503, e do espanhol Álvar Núñes Cabeza de Vaca
(1999). Este último chegou a Assunção, no Paraguai, em 1541, partindo do litoral
de Santa Catarina na altura da foz do rio Itapocu seguindo o Peabiru9 (caminho
indígena) acompanhado e orientado por índios da Ilha de Santa Catarina.
A indicação da foz do rio Itapocu, em várias publicações (por exemplo,
CARDOSO e WESTPHALEN, 1986), como um dos pontos de entrada do Peabiru
ao continente, conhecido pelos indígenas que viviam no litoral central de Santa
Catarina, como atesta a expedição de Cabeza de Vaca, tem levado a considerar
essa região como área de domínio dos Carijós, ou seja, Guarani.
O Guarani indígena, em termos gerais, segue o mesmo padrão da Tra-
dição Tupiguarani sucintamente caracterizada acima. Elementos distintivos que
podem ser apontados são, além de um percentual maior da decoração plástica
sobre a pintura em cerâmica, a preferência no cultivo da mandioca ao invés do
milho e uma quase ausência do canibalismo.
As datações existentes indicam sua presença no Centro-Oeste e no sul do
Brasil entre 2.010 ± 75 anos A.P. (Foz do Iguaçu/PR) e 850 ± 75 anos A.P. (Foz do
Iguaçu/PR) (NOELLI, 1999-2000).
Um aspecto extremamente marcado neste grupo, segundo importantes
pesquisas arqueológicas realizadas (BROCHADO, 1989; NOELLI, 1993, 1999-
2000) é a sua paulatina expansão territorial associada ao crescimento demo-
gráfico. A presença do Guarani em extenso território, que inclui o oeste e o sul
do Brasil mais territórios de países vizinhos, fez emergir uma imagem de con-
quistador que, ao se expandir, iria dominando, no dizer de alguns, guaranizando
(DE MASI, 2000) os povos ou pessoas (NOELLI, 1999-2000) que ia encontrando.
Segundo Noelli (1999-2000, p. 247-48), o Guarani tinha “a prescritividade como
norma. As pessoas e as “coisas novas” eram incorporadas e enquadradas nos
9 Antes dele, em 1542, o português Aleixo Garcia tomou o mesmo caminho atingindo a Bolívia
e, em 1555, outros espanhóis, entre eles Hernando de Trejo, partindo da Ilha de São Francisco
chegaram a Assunção. Segundo Quandt (2003), o Peabiru partiria do canal de Três Barras na
porção nordeste da Baía da Babitonga. Cardoso e Westphalen (1986) indicam uma entrada na
altura do rio Itapocu e outra junto ao canal de Três Barras.
10 Conforme informação oral da arqueóloga Ana Lúcia Herbets que participou destes levantamentos.
11 Conforme informação oral da arqueóloga Ana Lúcia Herbets, no levantamento da BR-101,
doze novos sítios Guarani foram localizados, além de três sítios cerâmicos, provavelmente Ita-
18
Somente dois sítios Guarani foram parcialmente estudados no litoral do
Paraná, segundo Chymz (2002). Os registros desses sítios foram todos frutos
de descobertas pontuais, ou seja, poucas foram as áreas com levantamentos
sistemáticos. Esta falta de informação deve-se, segundo ele, ao privilégio dado
aos sambaquis.
Os registros de cerâmica Guarani no litoral do Paraná remontam ao início
do século passado, em Paranaguá e Antonina, associados a sítios a céu aberto
(manchas pretas) (CHYMZ, 2002). Bigarella (1950-51) registra três sítios com ce-
râmica que atribui aos Guarani, às margens da baía de Guaratuba. Chymz (2002)
em visita a estes sítios constata que apresentam cerâmica Itararé. Somente um
deles teria camada com cerâmica Guarani sobre a Itararé. Esta cerâmica Guarani
corresponde a vasilhas com acabamento simples, corrugado ungulado e ungula-
do tangente e grãos grossos de antiplástico.
Apesar de a cerâmica analisada por Chymz ser considerada Guarani, con-
sultando-se relatos do século XVI, sobre presença indígena no litoral do Paraná,
encontram-se indícios de que lá estariam índios Tupiniquin, apontando uma con-
tradição entre dados arqueológicos e etno-históricos e levantando dúvida acerca
dos limites entre os Guarani e os Tupi.
Piazza trabalhou em Santa Catarina enquanto esteve vinculado ao
PRONAPA, no litoral norte, no planalto de Canoinhas, nos campos de Lages,
no vale do Itajaí e no médio e alto Uruguai. Este pesquisador identificou sítios
Guarani somente no litoral norte e no médio e alto Uruguai (PIAZZA, 1971 e
1974). No litoral norte, localizou um sítio (Poço Grande) a partir do qual criou a
fase Itapocu, da subtradição Corrugada, situada cronologicamente entre 1.500 e
1.600 depois de Cristo (d.C.)12. No médio Uruguai, identificou sítios para os quais
propôs a fase Mondaí, da subtradição Corrugada, datada em torno de 500 d.C. Já
para o alto curso desse rio propôs duas fases, a Ita e a Ipira, sendo a primeira da
subtradição Corrugada e a segunda da Escovada. Para a fase Ita obteve datação
em torno de 1.000 anos A.P., enquanto para a Ipira, obteve uma cronologia que
estaria entre 1.500 e 1.600 d.C.
Esse mesmo autor realizou escavações no sítio Rio Tavares, situado em área
de dunas em Florianópolis (PIAZZA, 1965). Para a Ilha de Santa Catarina, além dos
trabalhos de Rohr e Piazza, Schmitz (1959) faz uma síntese da cerâmica Guarani.
raré. Em Florianópolis, dois sítios Guarani foram identificados em estudos ambientais na Praia
do Campeche.
12 Piazza indica em mapa na publicação de 1974 um sítio Guarani na Ilha de São Francisco do
Sul próximo ao sambaqui Enseada. No entanto, este sítio nunca foi encontrado em diversos
levantamentos realizados recentemente nem mencionado pelos antigos arqueólogos que
trabalharam na região como Bigarella, Tiburtius, Beck e Rohr. O que nos leva a questionar a
existência do mesmo.
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TRADIÇÃO GUARANI NA REGIÃO DA BAÍA DA
BABITONGA – LITORAL NORTE DE SANTA CATARINA
Quara – furado,
13 SFS, São Francisco do Sul; ARA, Araquari; JLLE, Joinville; ITA, Itapoá; GUAR, Guaramirim.
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Quadro 1 – Topônimos da região Baía da Babitonga
Topônimo Tipo/Município Correlato em Guarani segun- Correlato em Guarani segundo
do Tibiriçá (1989) Bueno (1984)
Gamboa Rio e Localidade/ Caá-mbó – o feixo, barreira para
peixe
SFS
Iperoba Localidade/SFS Ipe – na água, Ipé – pato Ypé-roba – casca amarga, igual
a Peroba
I – pé – o que é plano, raso
Árvore de lenho duro
Ro – amargo, rançoso, varie-
dade de mandioca.
Ipiranga Localidade/ I – água, rio Ipyrunga – começar
Á – cair, desprender-se
Itaum e Bairro e rio/ JLL Ita – pedra Itaú – pedra preta
Itaum-açu
Hu (~) – negro, flecha.
Tinga – branco
I - água
Itapocu Rio/ Ita – pedra Itapucu – pedra comprida
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Quadro 1 – Topônimos da região Baía da Babitonga
Topônimo Tipo/Município Correlato em Guarani segun- Correlato em Guarani segundo
do Tibiriçá (1989) Bueno (1984)
Parati Rio/ARA Pará – matizado, tabaco, Paraty – baía, porto e mar
mar, oceano. tranquilo
Parati – Tainha
Pirabei- Distrito/ Pira – crua, cru. Pira – pelo, couro
raba
JLL Pirábiá – peixeiro, cevar peixe
Guassu – grande
Tapera Localidade/SFS Taperá – espécie de andori- Taperá – andorinha
nha grande
Taba-era – taba (aldeia) aban-
Taperé – tapera, donada em ruínas
casa abandonada, em ruínas
Uná - grãos
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apresenta, em Viagem a Curitiba e Província de Santa Catarina, capítulo especí-
fico sobre o Distrito de São Francisco, no qual teria estado em 1820. Seu relato
é interessante porque remete constantemente a outros autores que escreveram
sobre a região, no século XIX, como Aubé e Mawe, e também nos primeiros sé-
culos da colonização, como Gabriel Soares de Souza (em sua viagem de 1587).
Saint-Hilaire (1978) quando se refere aos indígenas da região menciona o Carijó.
Diz “A ilha de São Francisco tinha sido outrora ocupada pelos índios Carijós”
(SAINT-HILAIRE, 1978, p. 141). Deixando claro, entretanto, com esta afirmação e
com outra frase que inicia com “No tempo dos índios...” (SAINT-HILAIRE, 1978, p.
139), que na época de sua visita não havia mais índios na região.
Há várias outras publicações que tratam de visitas à região de São Fran-
cisco como as de Carl Seidler em 1825, de Robert Avé-Lallemant em 1858, de
Ferdinand Denis (1980) e do Pe. Aires de Casal (1976).
Entretanto, não há referência à presença indígena. Pelo decurso dos sé-
culos anteriores, não mais havia índios Guarani no litoral catarinense. Quando
mencionados nesses relatos, o foram com base em informações de personagens
que estiveram em Santa Catarina, nos séculos XVI e XVII.
Muitos foram os europeus que passaram pela costa catarinense nos dois
primeiros séculos da colonização. Nas obras clássicas que tratam da História de
Santa Catarina (BOITEUX, 1912; CABRAL, 1994; LUZ, 2000; PIAZZA, 1983) há re-
ferências, para o século XVI, aos seguintes viajantes:
Binot Palmier de Gonneville (1504); Dom Nuno Manoel e Cristovão de
Haro (1514) que deram o nome de São Francisco à região, conforme Boiteux
(1912); João Dias Solis (1515) que se refere à Ilha da Prata, que alguns conside-
ram Santa Catarina e outros, São Francisco, e deu o nome de São Francisco à
região, segundo Pereira (1984); Cristovão Jacques (1521); Fernão de Magalhães
(?); Alonso Garcia (1522); Garcia Jofre de Loyasa e Don Rodrigo de Acuña
(1525); Sebastião Caboto (1526 ou 1542); Martin Afonso de Souza (1531-1532);
Pedro Mendoza e Gonzalo de Mendoza (1534); Alonso Cabrera (1537); Don
Álvar Núñes Cabeza de Vaca (1541); Juan Hernandes (?), vindo do Paraguai
para incentivar o cultivo da mandioca entre os índios para abastecer navios
(conforme Cabral, 1994); Diego Sanabria (Filho de Juan de Senabria) com Juan
de Salazar y Espinoza (1553); Hans Staden (1549); Dom Pedro Ortiz de Zarate
(1572); Rui Dias de Melgarejo (1573); Don Diego Mandieta (1573); Francis Drake
(1581); Juan Ortiz de Zarate (?) e Jaime Rasquim (?).
A historiografia regional, em geral, tem considerado que a expedição do
capitão francês Binot Palmier de Gonneville esteve em São Francisco do Sul nos
primeiros anos do século XVI (de 05 de janeiro a 3 de julho de 1504). O municí-
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são de madeira, mesmo as panelas, mas estas são revestidas de uma espécie de
argila da espessura de um dedo, o que impede que o fogo as queime.
Também dizem ter notado que o dito país está dividido em cantões, cada
um com seu Rei; e embora os ditos Reis não sejam mais bem alojados e vestidos
do que os outros são muito reverenciados, por seus súditos; e nenhum é tão
atrevido que ouse desobedecer-lhes, já que eles têm poder de vida e de morte
sobre seus vassalos [...].
O dito rei era aquele em cuja terra permaneceu o navio; seu nome era
Arosca. Seu país tinha a extensão de um dia, e era povoado de cerca de uma
dúzia de aldeias, cada uma das quais tinha seu capitão particular, e todos obe-
deciam ao dito Arosca.
[...] em paz com os Reis vizinhos, mas eles e seus vizinhos guerreavam
com outros povos das terras interiores: contra os quais investiu duas vezes, du-
rante a estada do navio, levando de quinhentos a seiscentos homens cada vez
[...] (PERRONE-MOISÉS, 1992, p. 21-23).
Entretanto, para Pereira (1984) a questão acerca do local onde aportou
a expedição de Gonneville continua em aberto. A semelhança entre a baía de
Babitonga e o rio francês Orne identificada pelos expedicionários quando aden-
traram a costa à procura de um porto não se confirma. Além das diferenças mor-
fológicas (o rio Orne seria muito menor), a questão básica é que a Babitonga não
é um rio, embora a maioria das baías brasileiras tenha sido identificada como
rios (Rio de Janeiro, por exemplo, entre outros). As publicações todas (Cândido
Mendes de Almeida, Tristão de Alencar Araripe, H. Boiteux, entre outros) que
afirmam ter estado Gonneville e sua expedição na baía da Babitonga, basearam-
-se na conjetura do geógrafo francês Armand d’Avezac (PEREIRA, 1984 p. 24)
que, em 1869 publicou a relação autêntica. Neste documento, declara:
Como a terra onde aportaram era ao sul do trópico e aí chegaram ao cair
das calmarias, torna-se evidente que o surgidouro deverá ser na costa do Brasil,
entre as latitudes de 24’ por lado e 27’ a 30’ por outro lado. Ora, na latitude mé-
dia entre os dois termos, aos 26’ e 10 sul, desemboca o Rio de São Francisco do
Sul, no país habitado pelos Carijós (apud PEREIRA, 1984, p. 17).
Aleixo Garcia (em 1522) e Álvar Nuñes Cabeza de Vaca (em 1541), tam-
bém estiveram na costa norte catarinense. Percorreram o caminho indígena co-
nhecido como Peabiru que ligava o Atlântico ao Pacífico. O segundo viajou até
Assunção e o primeiro até os Andes, tendo sido o primeiro europeu a conhecer
o império Inca (BOND, 1998). Ambos deram início à viagem na foz do rio Itapocu,
acompanhados de índios Guarani. Outro viajante, que também empreendeu
esta viagem, foi Juan de Salazar y Espinoza, em 1551.
30
ao relatar a origem e uma das justificativas da missão, diz “[...] em que lhe pedia
Padres pera virem com ele a pousar no Rio de S. Francisco, que está naquela
paragem, aonde os Carijós mataram nossos Irmãos [...]” (LEITE, 1940, p. 197).
Entretanto, o destino dessa missão era Laguna. Ao se referir à chegada a Laguna,
Padre Jerônimo diz “E assim chegamos à terra dos Carijós, aos 11 de Agosto de
1605 [...]” (LEITE, 1940, p. 215). Como se ali vivessem os Carijós e não, em outros
pontos do litoral.
Durante a viagem, são forçados a adentrar o Rio de São Francisco. Deste
trecho da viagem a única menção a indígenas é a seguinte:
Saídos, pois de Paranaguá, fizemos nossa viagem com mares mui gros-
sos, e sempre a remos. E, chegando de fronte da barra de um rio, que se chama
Guaratiba, não achamos remédio pera nele podermos entrar, e botar muitos
escarcéus ao mar. E assim nos foi forçado (ainda que era quase noite) irmos, por
diante, ao Rio de S. Francisco, que estava dali a quatro ou cinco léguas, no qual
entramos perto da meia noite, como se entráramos por um rio morto, por ter
uma barra mui fermosa, grande e funda. Só dos padres moços tínhamos lásti-
mas, por já não poderem consigo, com haverem remado sem descançar, desde
pela manhã até aquelas horas; mas quis-nos o Senhor logo consolar com achar-
mos alí uma canôa de Carijós, que logo pela manhã nos vieram visitar; pregando
um deles, e mostrando alegria com nossa vinda; mas, depois, não foi qual nos
cuidávamos que fôsse. Este foi um dos que o P. Custódio Pires e o P. Agostinho
de Matos tinham trazido de S. Vicente aos Patos. E assim, logo disse ao Padre
que désse facas a todos os que ali tinha consigo, sem nos oferecer nem sequer
uma talhada de carne de moquém da muita que tinha (LEITE, 1940, p. 212-213).
Temos a impressão que já neste período não havia maiores concentra-
ções de índios no litoral norte. Por sua proximidade maior com paulistas, deve
ter sido uma das primeiras regiões alvo das sangrentas expedições de aprisio-
namento e escravização. Conforme Monteiro (1994, p. 37) “[...] já existia, antes
mesmo da fundação de São Vicente, um modesto tráfico de escravos do litoral
sul, encontrando-se, no meio do século [XVI], muitos escravos carijós nos enge-
nhos de Santos e São Vicente”.
O relato do padre Jerônimo refere-se a Carijós passando fome, aldeias
pequenas com poucos índios como atesta esse trecho em que conta:
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palmente quando se trata de sítios com camadas delgadas como é característico
de sítios Guarani, que não ultrapassam 50 cm (LAVINA, 1999). Entretanto, acre-
ditamos que todos os sítios não podem ter sido destruídos.
A literatura etno-histórica que se refere explicitamente a grupos que vi-
viam nesta região, ainda é escassa. Descrição com maior detalhamento conhe-
cida é a relação de Gonneville, cujo ponto da costa que arribou não está inques-
tionavelmente definido.
No litoral do Paraná a situação não é diferente – a presença indígena no
início da colonização não é conhecida. Chymz (2002, p. 74) diz o seguinte sobre
esta questão: “Pouquíssimos dados podem ser resgatados na documentação
existente com relação ao tipo humano e aos usos e costumes dos índios”.
A descrição que Gonneville faz dos indígenas que viviam na região, se
comparada com as produzidas para os Guarani em outras regiões, levanta algu-
ma dúvida quanto à sua vinculação com este grupo. Temos aqui uma situação
intrigante. Se Gonneville esteve mesmo na Ilha de São Francisco duas possibili-
dades se colocam:
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Além disso, são recorrentes, nessa literatura, indicações de fortes dife-
renciações sócio-culturais entre grupos tomados como um mesmo. A seguinte
citação de Montoya (1997, p. 211) indica, certamente, uma das causas para esta
percepção. “[...] Esta redução [Nossa Senhora dos Reis] forjou-se a Companhia
de várias nações de índios com a diversidade de suas línguas, ainda que todos se
entendam através da comum, guarani”.
Os relatos que falam dos Guarani, assim como demais indígenas no lito-
ral do Brasil no início do século XVI, em geral, mencionam a presença de outros
grupos, nitidamente diferenciados, são chamados de Tapuias ou Guayana.
Gabriel Soares de Souza, em 1587 (2001, p. 93), ao se referir aos nativos
próximos ao porto de D. Rodrigo (Ilha de Santa Catarina) diz: “[...] Essa terra é
possuída dos tapuias, ainda que vivem algum tanto afastados do mar, por ser
esta terra desabrigada dos ventos”.
Isto indica que “apesar do quadro sugerido pelas primeiras fontes escri-
tas, os Guarani - conhecidos na época como Carijó ou Cario - não ocupavam esta
vasta região de modo homogêneo ou exclusivo” (MONTEIRO, 1992, p. 477).
Entretanto, isto tem sido mais facilmente aceito para o interior. Para o
litoral, há uma forte tendência em considerar o Guarani o único grupo em toda
a sua extensão, embora indicações ao contrário.
Isto retrata o predomínio, que via de regra, as fontes escritas têm perante
aos materiais. Mesmo parcial e superficialmente estudadas, como parece ser
o caso do litoral norte de Santa Catarina, as escritas têm sido tomadas como
fontes exclusivas de informações sobre passado. O estudo da cultura material
através da Arqueologia raramente ocorre e os poucos trabalhos produzidos não
são consultados.
Segundo Jones (1998, p. 219) “[...] a interpretação de grupos étnicos
dentro da Arqueologia Histórica está inserida dentro de uma estrutura narrativa
derivada de fontes escritas e reflete o status privilegiado tradicionalmente con-
cedido às palavras”. E há diferenças entre as representações da etnicidade na
literatura e a forma como ela é inscrita e expressa nas práticas culturais, o que
torna necessária, para a interpretação de grupos étnicos, a superação da ques-
tão da interação do texto e da cultura material.
A materialidade permeia todas as atividades humanas, desde aquelas
mais cotidianas, como as ligadas à produção de alimentos até aquelas mais es-
porádicas como os rituais relacionados ao nascimento ou à morte de membros
do grupo. Essas manifestações materiais, utensílios usados nas refeições ou as
pinturas corporais, por exemplo, são a um só tempo, reflexos e condutores das
concepções culturais e relações sociais de grupos humanos. Consistem na cul-
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o litoral como um todo deveria estar sendo habitado por outras sociedades.
As datações disponíveis para esta tradição em Santa Catarina indicam o
extremo oeste, Itapiranga, a região com a mais antiga ocupação, com data de
1.180 anos A.P. Um pouco mais recentes estão as datações no litoral sul de Santa
Catarina, em torno de 1.000 anos A.P. As mais recentes estão no litoral central,
910 e 555 anos A.P. (Gráfico 1).
Com base nestas datações pode-se pensar que o Guarani estaria ocupan-
do o litoral de Santa Catarina mais tardiamente, a partir do sul. Aliás, isto já é um
consenso, embora datação recente para o litoral central tenha recuado bastante
a ocupação desta região.
De todo modo, pode-se cogitar a possibilidade de que as datações mais
recentes para o litoral de Santa Catarina estejam no norte. A datação em ter-
moluminescência (TL) de material cerâmico do sítio Poço Grande forneceu uma
data de 340 ± 35 A.P. (BANDEIRA, 2004). Esta data, extremamente recente, se
confirmada, reforça esta ideia de uma ocupação tardia no norte e talvez por isso
mais tênue, mais rarefeita, que resulte baixa densidade de vestígios que parece
caracterizar a região.
18 As abreviações referem-se aos municípios em que se situam os sítios datados - Joinville: JLL;
Florianópolis: FLO; Içara: IÇA; Tubarão: TUB e Itapiranga: ITP.
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CAPÍTULO 2
INTRODUÇÃO
O litoral norte do Rio Grande do Sul tem sido alvo de pesquisas arqueo-
lógicas ao longo dos últimos dois séculos. Já em fins do século XIX iniciaram as
primeiras incursões de cunho exploratório na região, estendendo-se até a primei-
ra metade do século XX (KOSERITZ, 1884; BISCHOFF, 1928 [1887]; ROQUETTE-
-PINTO, 1970 [1906]; GLIESCH 1925, 1932; SERRANO, 1937; FREDIANI, 1952).
Tais pesquisas foram realizadas no litoral central e norte, priorizando as regiões
dos atuais municípios de Cidreira, Tramandaí, Osório, Arroio do Sal e Torres. A
partir de então as pesquisas passaram ao âmbito acadêmico-científico, orien-
tadas por problemáticas classificatórias onde a ordenação e compartimenta-
ção dos elementos culturais forneceram as bases para o reconhecimento das
culturas arqueológicas (SCHMITZ, 1958; BOMBIM, 1964-1965, 1971; RUSCHEL,
2003 [1966]; MILLER, 1967, 1974; KERN, 1970, 1984, 1985, 1996, 1997; KERN,
LA SALVIA e NAUE, 1985; TOCCHETTO, 1987; JACOBUS e GIL, 1987; GAZZANEO,
JACOBUS e MOMBERGER, 1989; THADDEU, 1995; ROSA, 1996; JACOBUS, 1997;
WAGNER, 2004, 2008, 2009A, 2009B; ROGGE, SCHMITZ e ROSA, 2007; BECKER,
2007, 2008; ROGGE e SCHMITZ, 2010; WAGNER et al., 2011).
O presente trabalho caracteriza-se como uma síntese e reavaliação das
interpretações apresentadas em estudo anterior (WAGNER, 2004), onde foram
reunidos todos os dados arqueológicos até então existentes a respeito das ocu-
40
dional e planície costeira, compartimentos estes que são integrados pelos vales
dos rios Maquiné, Três Forquilhas e Mampituba, os quais funcionaram como as
principais vias de acesso interior-litoral tanto para os grupos de caçadores cole-
tores quanto para os grupos ceramistas.
O Planalto Meridional pode ser descrito como uma superfície elevada com
aproximadamente 1.000 m com feições suavemente planas que se inclinam para
oeste. Entrecorta-se pelas cabeceiras dos cursos d’água que contribuem para as
bacias dos rios Taquari-Antas, Caí e Sinos, tributários da bacia do Guaíba, bem
como os rios Três Forquilhas, Maquiné e Mampituba, que atravessam as escarpas
na direção leste, rumo ao litoral norte. A parte superior da estratigrafia da Bacia do
Paraná aflora nos paredões dos vales fluviais, no limite oeste da área de pesquisa,
onde são visíveis as sequências vulcânicas e sedimentares denominadas forma-
ções Serra Geral e Botucatú (HORN-FILHO, 1987; TOMAZELLI e VILLWOCK, 2000).
As litologias da Formação Serra Geral estão representadas por rochas
básicas e ácidas que constituem os morros testemunhos e a escarpa da Serra
Geral. As rochas básicas, como os basaltos, são predominantes junto aos mor-
ros e nas porções basais da escarpa, enquanto nas partes superiores ocorrem
as rochas ácidas como granófiros, dacitos e vidros ácidos. Rochas básicas tam-
bém ocorrem junto à plataforma continental, cerca de dois quilômetros a leste
da linha de costa, dando origem a Ilha dos Lobos. Esta possui cotas baixas, no
máximo 1,5 m acima do nível do mar, sendo preenchida por depósitos areno-
sos constantemente movimentados pela oscilação diária das marés (DELANEY,
1965; HORN-FILHO, 1987; REGINATO, 1996).
Os afloramentos areníticos conhecidos por Formação Botucatú encon-
tram-se sotopostos às rochas basálticas da Formação Serra Geral. Apresentam-
-se na forma de paredões que, por vezes, se aproximam aos 90° de inclinação,
bem como pequenas colinas de formato arredondado, sobretudo no limite no-
roeste da área. Os arenitos que situados no contato com as rochas vulcânicas so-
freram, há aproximadamente 220 milhões de anos, metamorfoses decorrentes
das altas temperaturas das lavas, originando camadas centimétricas de rochas
conhecidas como arenitos silicificados (REGINATO, 1996).
Feições erosionais típicas desta litologia são as cavernas e grutas de abra-
são marinhas identificadas por Gomes; Ab’Sáber (1969) na margem oeste da
Lagoa Itapeva. Nos vales fluviais encontram-se dezenas de abrigos rochosos
nos paredões encaixados dos rios Maquiné, Três Forquilhas e Mampituba, bem
como nas nascentes da grande bacia do Rio dos Sinos, voltadas para a Depressão
Central do Estado. Aqueles abrigos foram ocupados ao longo do Holoceno por
diversas populações pré-históricas, utilizando-os como cemitérios, acampamen-
tos de caça, sítios cerimoniais ou moradia. Durante os séculos XVIII e XIX, alguns
20 As cotas atingidas nos máximos transgressivos e suas datações vêm sendo discutidas desde a
década de 1960, resultando em diferentes curvas para as flutuações holocênicas. Pesquisas
recentes demonstram que as cotas máximas atingidas pelos níveis marinhos holocênicos entre
os estados de Pernambuco e Rio de Janeiro seriam de aproximadamente 4m, enquanto que
para a costa sul do Brasil não teriam ultrapassado 2.5m. Destaca-se ainda que o máximo trans-
gressivo teria sido alcançado em um período equivalente ao longo de toda a costa brasileira,
o qual se situaria entre 5.000 A.P. e 5.800 A.P. (cf. ANGULO, LESSA e SOUZA, 2006). Entretanto,
aquelas pesquisas excetuam a costa sul-rio-grandense e privilegiam os dados disponíveis para
os estados situados entre Santa Catarina e Rio Grande do Norte. Para uma discussão detalhada
sobre o comportamento dos níveis oceânicos e seus impactos no povoamento pré-histórico
do litoral do Rio Grande do Sul ver Wagner (2009a, 2009b).
21 O sistema lagunar engloba um complexo de ambientes deposicionais que se desenvolve no
espaço de retrobarreira que corresponde à região topograficamente baixa situada entre a bar-
reira e os terrenos interiorizados mais antigos. No caso específico da planície costeira sul-rio-
-grandense, os sistemas lagunares situam-se para oeste das respectivas barreiras. Os ambien-
tes encontrados nesta superfície podem ser além das próprias lagunas, lagos, pântanos, canais
inter-lagunares ou deltas intra-lagunares (TOMAZELLI, 1990).
42
Naquele período, as superfícies que se mantiveram secas foram as ele-
vações arenosas de aspecto terraceado formadas durante o último máximo
transgressivo pleistocênico (120.000 A.P.), momento em que as cotas marinhas
elevadas permitiram a formação de terraços com 15m de altitude. Já o máximo
transgressivo holocênico, deu origem à barreira arenosa que, ancorada na Pedra
da Itapeva, estendia-se para sul por aproximadamente 100 km, interrompida
apenas na desembocadura da Laguna de Tramandaí. Esta elevação arenosa atin-
ge atualmente até 32m e encontra-se preservada na margem leste da Lagoa
de Itapeva (TOMAZELLI e VILLWOCK, 2000). As duas feições descritas aqui se
situam nas imediações do sistema lagunar holocênico do litoral norte, nas áreas
limítrofes com os ambientes deposicionais lagunares que posteriormente transi-
cionaram para ambientes paludiais e turfáceos ao longo dos últimos 5.000 anos.
Populações caçadoras coletoras ocuparam diversos abrigos rochosos no
vale do Rio Maquiné. O sítio RS-LN-01 (Cerrito Dalpiaz), foi habitado entre 5.950
± 190 (SI-234) e 4.280 ± 180 (SI-233), momento em que o sítio teria sido aban-
donado definitivamente (MILLER, 1967), denotando o povoamento do interior
dos vales do litoral norte como estratégia alternativa durante os milênios de
instabilidade paleoambiental.
O recuo progressivo das águas oceânicas em curso a partir de 4.900 A.P.22
deu origem às paisagens com as quais interagiram as populações pré-históricas
que nelas se estabeleceram. A formação dos canais de ligação inter-lagunares
configuraram um verdadeiro “rosário de lagoas”23 e disponibilizaram terras úmi-
das e húmicas para plantio. Os antigos fundos lagunares24 do sistema Laguna-
-Barreira IV concentram espessas camadas de matérias orgânicas decompostas,
ricas em nutrientes com relativa proximidade ao freático, garantindo o provi-
mento de água aos cultivares.
A faixa mais externa da planície arenosa, situada entre as lagoas e mar,
foi formada através do contínuo alinhamento de cordões arenosos entremeados
por pequenas lagoas estreitas e alongadas acumuladas em superfícies de relevo
22 Estimativa realizada com base em perfil polínico descrito por Lorscheitter (2003) que evidencia
o sequencial aumento dos esporos de vegetação higrófila de ambientes mixohalinos e a pro-
gressiva dessalinização dos terrenos adjacentes à paleolaguna do faxinal, atualmente sotopos-
ta pela Mata do Faxinal, a sudoeste de Torres.
23 Termo cunhado por Roquette-Pinto (1970 [1906]).
24 Os fundos lagunares são reconhecidos atualmente pela feição escurecida dos sedimentos
arenosos, tendendo do preto para o acinzentado, contendo conteúdos elevados de argilas e
biodetritos. Espacialmente, caracterizam as regiões suscetíveis a alagamentos e inundações
sazonais. Correspondem às “áreas alagáveis” delimitadas na FiguraFigura 01.
25 Exemplos destas lagoas são as lagoas da Cavalhada e do Parque Tupancy, encontradas nos
balneários Camboim e Atlântico, respectivamente.
26 No sistema de classificação tradicional de Köppen, o clima do Rio Grande do Sul caracteriza-
-se pelo tipo Cfa, onde “C” significa mesotérmico, “f” indica precipitação bem distribuída ao
longo do ano e “a” indica a temperatura média do mês mais húmido superior a 22°C (RADAM-
-BRASIL, 1986). Utiliza-se aqui a classificação moderna que atribui a Região Sul do Brasil o
clima Subropical Húmido (NIMER, 1989; STRAHLER e STRAHLER, 2000; NETO e NERY, 2005).
44
Naquelas depressões a vegetação tropical arbórea instala-se aproveitan-
do a umidade e fertilidade dos solos recém-formados, tanto nos antigos fundos
lagunares quanto nas cavas entre os cordões arenosos. A cobertura vegetal da
planície costeira mais externa é marcada pela sucessão de matas psamófitas
sobre cordões e matas tropicais paludosas nas cavas, compondo uma paisagem
intensamente biodiversificada já descrita por Lamego (1946) e Rambo (1956)
como “restinga litorânea”.
Como resultado, os complexos processos geológicos deram origem às
paisagens geomorfológicas com as quais interagiram as populações pré-históri-
cas que ocuparam o litoral norte do Estado. O povoamento vegetal, as condições
de umidade e a abrangente rede hidrográfica permitiram a formação de solos
férteis, possibilitando o estabelecimento das aldeias em áreas específicas do li-
toral, dando origem aos padrões de povoamento e uso do espaço, abordados
nas páginas que seguem.
46
5.000 metros quadrados, os grandes possuem entre 5.000 e 20.000 metros qua-
drados e, finalmente, os que possuem de 20.000 até 50.000 metros quadrados
podem ser considerados sítios muito grandes.
Destaca-se que a conquista territorial Guarani desenvolveu-se conforme
proposta de Soares (1997), onde as relações de parentesco foram estabelecidas
através do cuñadazgo e, os inimigos, reduzidos através da guerra e antropofagia
ritual. A partir de então o território passa a ser ocupado lentamente e maneja-
do em nível socioambiental, destinando os locais mais férteis aos clãs de maior
prestígio e, em expansão radial, novas aldeias seriam paulatinamente fundadas
nas áreas de menor status. Brochado (1989) considera que o povoamento Gua-
rani tenha se dado através da estratégia de “enxameamento”.
Entretanto, apenas com o aumento do contingente populacional se tor-
naria possível aos grupos recém-chegados disputar as áreas mais favoráveis ao
estabelecimento de seu modo de vida. “Mas logo, na primeira grande expansão,
correspondente ao clímax da cultura, as aldeias se transferiram para as várzeas,
de terras mais férteis e mais profundas, onde havia bastante caça, pesca e mo-
luscos comestíveis (...)” (SCHMITZ, 1997, p. 305). Naquele momento, a pressão
territorial estaria concentrada na ocupação dos férteis deltas do sistema de le-
ques aluviais que drenam as terras altas de oeste. Em se considerando válidas
as datações de 1.102 ± 110 A.P. (SI-413) e 896 ± 100 A.P. (SI-412), para o sitio
RS-LN-35 (Miller) 27 percebe-se a priorização do delta do Rio Maquiné como es-
tratégia de povoamento Guarani. A partir de então, a “(...) população já era su-
ficiente para com os índios caçadores e coletores [ou ceramistas], que podiam
ser enxotados, destruídos ou incorporados. As aldeias, com isso, se tornariam
maiores e mais duradouras” (SCHMITZ, 1997, p. 305). O RS-LN-16 (Miller), com
52.200m2, maior sítio do litoral norte, realmente possui uma datação que atinge
556 ± 200 (SI-411), bastante posterior às datas do RS-LN-35 (Miller), tornando
bastante viável a hipótese levantada.
Observando-se o mapa da ocupação Guarani no litoral norte (ver Figura
01), percebe-se que tanto a aldeia mais antiga, quanto a mais extensa, situam-se
sobre os elevados terrenos pleistocênicos, nas regiões limítrofes com as terras
férteis e baixas dos terraços lagunares holocênicos, nas proximidades dos recur-
sos dos vales fluviais, tais como a pesca, a caça, a coleta, a captação de argila e
obtenção de matérias-primas líticas; explorando intensamente um sistema eco-
27 Os sobrenomes dos pesquisadores responsáveis pela descoberta dos sítios Guarani no litoral
norte se faz necessária em função da utilização repetida das siglas de nomenclatura dos sítios.
Diversos pesquisadores utilizaram as designações RS-LN (Rio Grande do Sul-Litoral Norte) para
cadastramento de sítios. Como resultado, foram documentados três diferentes sítios com a
mesma sigla: RS-LN-01, por exemplo.
48
Eurico Miller como “RS-LC” seriam, possivelmente, fruto das realocações deste
tekohá, ou mesmo sítios anexos dentro da área de domínio.
A concentração de sítios arqueológicos localizados entre as lagoas de
Itapeva e Quadros, dois dos maiores corpos lacustres do litoral norte, poderia
ser considerada outro tekohá. A área é bastante favorável ao desenvolvimento
da horticultura, com possibilidade de apoio na coleta de moluscos junto aos
banhados e ao mar, bem como à complementação da alimentação através da
caça nos limites da Mata Atlântica que se encontra junto às escarpas e ao vale
do Rio Três Forquilhas.
O sítio do Areal se caracteriza como centro residencial (teyý ogá, ou mes-
mo um amundá), pois possui 10.000 m2. Outro sítio de consideráveis proporções
é o sítio Manoel João. Os sítios do Lima, Onildo Aguiar, Família Nunes e Lomba
da Folia seriam sítios de tamanhos médios e pequenos.
As matérias-primas para a produção dos artefatos líticos e cerâmicos po-
deriam ser obtidas no vale do Rio Três Forquilhas, que dista menos de 10 km de
distância máxima do sítio mais afastado.
Uma última concentração de sítios encontrada na área de pesquisa se-
ria formada pelos sítios RS-LN-16 (Miller), RS-LN-30 (Miller), RS-LN-31 (Miller) e
LLe02 – Areal Moro. Há ainda a informação de ter sido retirada uma urna fune-
rária do sítio Fazenda do Casqueiro, o que caracterizaria outra ocupação Guarani
ainda neste último tekohá. A distância máxima entre os sítios é de 9 km e as fon-
tes de captação de recursos líticos e minerais dos rios Caraá e Maquiné distam
12km e 28km, respectivamente.
É possível, contudo, que todos os sítios arqueológicos do litoral norte do
Rio Grande do Sul sejam integrantes de um mesmo tekohá que se estendeu ao
longo do tempo, dominando toda a área. As únicas datações existentes suge-
rem uma ocupação permanente na área iniciada 1.102 ± 110 A.P. (SI-413) no
RS-LN-35 (Miller), que perdurou até a chegada da colonização europeia. As in-
formações etno-históricas fornecem indícios da extensão desta área de domínio
dos grupos Guarani no litoral norte.
A terra em sí não é má. Pode ter em comprimento, desde Santa Catarina
até Taramiandiba, que está além de Boipitiba, aonde os brancos tambémvão
resgatar 40 ou 50 léguas, ao longo do mar, e ao longo de umas serras, que estão
do mar, meia légua, uma légua, até duas, em algumas partes; e dalí por diante
começam os Arachãs (...) (RODRIGUES, 1940 [1605], p. 229).
Naquele momento a presença dos sítios Guarani no litoral central e norte
do Rio Grande do Sul limitaria o acesso dos grupos Jê aos recursos costeiros, le-
vando ao progressivo abandono destas estratégias de subsistência em função das
29 Referindo-se exclusivamente aos Coroados, Mabilde (1983 [1836], p. 45) informa a existên-
cia de rivalidades entre os grupos com as seguintes palavras: “Ainda que todos os coroados
tragam o mesmo distintivo da cabeça tonsurada e o cabelo cortado da mesma maneira, per-
tencendo, assim, à mesma nação, muitos não são amigos e pode-se dizer, sem correr risco de
errar ou exagerar, que entre as tribos, na sua grande maioria, existem sempre rivalidades, mais
ou menos fundamentadas (...)”. Rodrigues (1940 [1605], p. 236) documenta as rivalidades
entre Tapuia e Carijó na Região Sul do Brasil. “(...) E como os tapuias não estarão mais de 9 ou
10 léguas destes, todo o ano e toda a vida ainda aos saltos a eles, porque todos os meses vão
a eles. Mas não há muitos dias que os tapuias os tomaram em uma cilada e mataram uma bôa
soma deles (...)”.
50
destes rios, estejam relacionados a áreas de atividades dos tekohá do interior
dos vales. A circulação dos grupos seria facilmente conseguida com a ajuda de
canoas, aproveitando os cursos inferiores dos rios para atingir as lagoas. Noelli
(1993) afirma ser notória a preferência destes grupos pelos deslocamentos em-
barcados em detrimento dos trajetos a pé. Entretanto, é necessário destacar
que as áreas de maior interesse sejam as férteis várzeas das lagoas e canais que
formam o rosário lacustre do litoral norte.
O advento da chegada dos colonizadores europeus certamente caracte-
rizou-se como um elemento de desestruturação deste estável sistema de assen-
tamento e uso do espaço. As pressões escravagistas e as doenças trazidas pelos
“brancos” provavelmente empurraram os Guarani em direção ao planalto.
O litoral sul do Brasil, desde a região de Laguna até o sul do Rio Grande do
Sul, caracteriza-se como uma grande planície que não oferece portos naturais.
Essa condição topográfica influenciou o processo de povoamento europeu do
litoral. Apenas pequenas embarcações conseguiam atracar nas praias rasas, ou
entrar em rios como Araranguá, Mampituba e Tramandaí. Provêm deste con-
texto as primeiras informações a respeito da região limítrofe entre os Estados
de Rio Grande do Sul e Santa Catarina, as quais decorrem das expedições de
Sebastião Caboto (1527-1530), e Martim Afonso de Sousa (1531-1532). Martim
Afonso foi responsável pelo primeiro registro dos rios Mampituba e Tramandaí,
o qual se encontra descrito em Gabriel Soares de Sousa como Rio de Martim
Afonso e caracterizado como um sítio excelente para o estabelecimento de um
povoado (SOUSA, 1971 [1587]). Cesar (1998) destaca que as únicas notícias do
litoral norte na documentação colonial das duas primeiras décadas do século
XVI, informam apenas a existência de um rio povoado por índios que encontra
o mar em frente a uma ilha. Tratam-se provavelmente do Rio Mampituba e Ilha
dos Lobos, no município de Torres.
Naquele momento, os vales dos rios, anteriormente ocupados pelas aldeias
menores, agora seriam os únicos redutos seguros do litoral norte, tornando-se alvo
de disputas entre as pequenas e grandes aldeias em fuga. A planície litorânea con-
tinuaria uma excelente área para pesca e coleta, mas somente poderia ser aprovei-
tada em incursões rápidas, através do uso de canoas. Os pequenos grupos Guarani
desceriam a foz dos rios Maquiné, Sanga Funda, Três Forquilhas e Mampituba em
rápidos deslocamentos em embarcações, estabelecendo-se em elevações nas mar-
gens das grandes lagoas. As elevações caracterizariam ao mesmo tempo a continui-
dade de seu sistema econômico anterior e um ponto de vigia das embarcações e
tropas terrestres ibéricas que poderiam se aproximar.
As pressões expansivas coloniais resultaram na drástica diminuição das po-
pulações indígenas na América, seja através das doenças ou escravização. Na costa
52
[...] Por fim, a longa descida da Serra do Umbu. São cinco quilô-
metros, da serra abaixo, serpenteando os precipícios. Na entrada
de uma gruta, índios fumavam, fazendo balaios de cipó. Continua-
vam sentados, fazendo qualquer gesto hostil, quando a caravana
passou. Eles eram os verdadeiros donos daquelas matas, daque-
las serras. As cavernas eram lugares sagrados. Nelas, seus mortos
descansavam. Passar, os viajantes podiam. Parar e fazer morada,
jamais (MANSAN, 1999, p. 11).
31 Na realidade existem duas propostas daquele autor para a origem do povoamento Guarani no li-
toral norte do Estado. Inicialmente, Brochado (1973, 1975) propõe que as levas migratórias seriam
originárias do litoral de Santa Catarina que, atravessando a costa povoariam as duas margens da
Lagoa dos Patos. Anos mais tarde, Brochado (1980, 1984, 1989) inverteu o sentido da migração
proposta e coloca os sítios do litoral norte como originários do povoamento do vale do Jacuí e
Bacia do Guaíba, através dos qual teriam sido ocupadas as costas de Santa Catarina e Paraná.
32 Uma avaliação crítica das tradições Casa de Pedra, Taquara e Itararé e suas relações com os
grupos Jê, pertencentes ao tronco Macro-Jê pode ser encontrada em Noelli (2005).
33 Rogge (2006) apresenta ainda uma datação de 2.142 ± 175 A.P. (LVD-660) para ocupação Guarani
que foi considerada demasiadamente antiga quando comparada com a cronologia regional.
54
mas gerais de interações: trocas sejam elas materiais (representadas nos sítios
arqueológicos) e imateriais (ideias), ou confrontos.
Situações de interação na forma de confrontos possuem respaldo nas es-
cavações de Rohr (1966, p. 14) no sítio da Praia da Tapera, onde “(...) Pelo menos
três indivíduos, seguramente, foram atingidos por flechas mortais”.
A despeito da existência de conflitos entre as populações ceramistas pré-
-históricas do litoral norte, destaca-se que mesmo eventos bélicos possibilitam prá-
ticas comerciais, ou mesmo incorporação de indivíduos vencidos ao grupo. No que
diz respeito a tais práticas entre os Coroados, Mabilde (1983 [1836], p. 86) informa
que “Não dão nunca quartel a prisioneiros ou inimigos vencidos que sempre são
mortos com golpes de varapau, concedendo a vida às mulheres e às crianças que,
pela sua idade, estejam em condições de acompanhá-los em sua marcha (...)”.
Nos comentários redigidos por Pero Hernández acerca da expedição de
Cabeza de Vaca (2009, p. 145) a Assunção e terras vizinhas, evidencia-se que o
rapto de mulheres é prática comum entre as populações indígenas do Brasil Me-
ridional, pois os índios denominados agaces ao atacarem Buenos Aires “Rouba-
ram os armazéns dos espanhóis onde tinham seus mantimentos e levaram mais
de trinta mulheres guaranis.” O mesmo se dá na sociedade Guaicurú onde “As
mulheres possuem o direito de libertar o prisioneiro que os homens trazem para
junto deles, podendo este até continuar a viver entre eles, se quiser, passando a
ser tratado como se fosse um integrante da tribo.”34
34 Quando consultadas as fontes etno-históricas sobre a “sub-cultura Tupi” (cf. BROCHADO, 1980)
percebe-se que as próprias expedições de guerra realizadas pelos Tupinambá da costa tinham
objetivo de incorporação mesmo que temporária, de indivíduos às aldeias. Os relatos de Sta-
den (1999[1548]) proporcionam claras descrições da liberdade concedida pelos Tupinambá aos
prisioneiros, que transitavam livremente nas aldeias, participavam das atividades de pesca e
construção de canoas empreendidas por adultos e crianças e passavam o tempo confeccionando
objetos sem nenhuma restrição dos índios às formas e aparência dos produtos. Staden (1999
[1548]) chega a construir uma grande cruz de madeira fixando-a na praça central, em frente
a casa na qual se encontrava cativo. Léry (1960 [1557], p. 75) descreve as intensas inimizades
existentes entre os grupos Tapuia e Tupinambá e como as guerras estavam dizimando ambas as
populações. Contudo, mesmo em momentos de guerra o comércio de trocas era estabelecido.
“(...) o margaiá, o caraiá ou o tupinambá (assim se chamam as nações vizinhas), sem se fiar no
uetacá mostra-lhe de longe o que tem a mostrar-lhe, foice, faca, pente, espelho, ou qualquer
outra bugiganga e pergunta-lhe por sinais se quer efetuar a troca. Em concordando, o convidado
exibe por sua vez plumas, pedras verdes que coloca nos lábios, ou outros produtos de seu terri-
tório. Combinam então o lugar da troca, a 300 ou 400pés de distância; aí o ofertante deposita o
objeto da permuta em cima de uma pedra ou pedaço de pau e afasta-se. O uetacá vai buscar o
objeto e deixa no mesmo lugar a coisa que mostrara, arredando-se igualmente, a fim de que o
margaiá ou quem quer que seja venha procurá-la. Enquanto isso se passa são mantidos os com-
promissos assumidos. Feita porém a troca, rompe-se a trégua e apenas ultrapassados os limites
do lugar fixado para a permuta procura cada qual alcançar o outro (...)”.
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Guarani indicam que o cuñadazgo consiste em formar alianças entre cunhados
baseadas nas relações de parentesco e reciprocidade. Os laços estabelecidos são
acompanhados de obrigações de reciprocidade de bens dentro do círculo de pa-
rentesco. Estes bens compreendem escravos cativos, sobrinhas, irmãs, filhas ou
objetos de valor. As mulheres são ofertadas por meio de casamentos conferindo
prestígio social aos “principais” através da valorização da poligamia. Os objetos
de valor ou escravos são ofertados na forma de regalos, circulando amplamente
dentro e entre as aldeias, costurando as redes de parentesco através da recipro-
cidade (SOARES, 1997). O cuñadazgo envolve também a reciprocidade de con-
vites cerimoniais, sejam estes para rituais elaborados como a antropofagia, ou
para o acompanhamento em atividades diárias como a pesca, a caça, refeições,
estas últimas expressas na forma de convites para “comer no mesmo prato” e
“beber no mesmo vaso” (SOARES, 1997).
No litoral norte, Rodrigues (1940 [1605], p. 230) documenta a manuten-
ção das relações comerciais entre os grupos Guarani quando relata: “[...] É a
mais pobre gente que cuido há no mundo... porque ele não tem cousa alguma,
scilicet, não tem algodão, nem peles, nem tipóias, nem fio, nem arcos, nem fre-
chas, tudo isto lhes trazem os Arachãs [...]”.
A presença de evidências materiais dos contatos entre os grupos cera-
mistas do litoral norte pode estar relacionada a diversos episódios de interação:
roubo de objetos e víveres, rapto de mulheres, aprisionamento de guerreiros,
assimilação de indivíduos, trocas comerciais bem como em respeito às comple-
xas leis que regem as relações de parentesco e se expressam na ampla circulação
de objetos entre as aldeias, posteriormente materializada na diversidade mate-
rial intersítios.
Entretanto, a chegada das frentes de colonização ibéricas estabeleceu
uma série de mudanças no quadro geral do povoamento da área, deslocando
as comunidades indígenas de suas áreas de domínio originais e condicionando
o estabelecimento de novas estratégias de uso do espaço36. As pressões escra-
vagistas (preagens) e as doenças “brancas” contribuirão sobremaneira para a
redução do contingente populacional no Brasil Meridional. As interações cultu-
rais e comerciais entre indígenas e europeus foram dominadas pelas trocas de
mercadorias, informações e escravos.
Desde os primeiros contatos transcorridos no sul do Brasil entre guaranis
e europeus, as relações foram pautadas principalmente por trocas de objetos
europeus por prisioneiros indígenas. A antiguidade do comércio no sul é atesta-
do por Monteiro (1992, p. 490) quando ressalta que “[...] Desde meados do sé-
culo XVI, os primeiros povoadores da capitania de São Vicente... frequentavam
“[...] E daqui vem a venderem-se uns aos outro com tanta cruelda-
de, sem terem respeito às pessoas, que vendem, serem suas pa-
rentas ou não. E assim vendem a varejo quantas podem, scilicet,
sobrinhas e até alguns rapazes de manos de 15 anos têm ousadia
pera venderem. Depois que aquí chegamos, té houve índios que
venderam seus próprios enteados, a própria mulher, outros ven-
dem as verdadeiras sobrinhas porque não querem andar com elas,
ou por se contentar de uma mulher casada, pera haver, vendeu-lhe
o marido. Outro pobre moço, estando pescando, vem outro por
detrás e dá com ele no navio. Outro senhor de uma casa [...] vindo
vender um, foi alí vendido doutro [...].
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nha registra o interesse dos Tupinambá pelas contas com as seguintes palavras:
“Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhes dessem, e
folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço; e depois tirou-as e meteu-as em
volta do braço, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar
do Capitão, como se dariam ouro por aquilo”. Rodrigues (1940 [1605], p. 240)
atesta a importância das contas no comércio do litoral norte, que são adquiridos
dos europeus e possuem alto valor para trocas entre os indígenas. “Estimam
muitos os moumas, que levam pera Angola, e outras que são como canudinhos
que deita o mar fóra. E vão-nos buscar daquí a mais de 70 léguas. E com estas
contas hão quanto querem dos Arachãs.”
Mas não apenas escravos eram adquiridos pelos europeus, mas também
objetos. É mais uma vez Rodrigues (1940 [1605], p. 240) quem oferece testemu-
nho destas práticas na área de estudos. “(...) E estes tais em pago de lhes traze-
rem de tão longe (que muitas vezes com a fome e cansaço morrem) o fio, redes,
tipóias, e pelejos, vendem os Tubarões aos brancos (...)”.
O LII14 - Sítio do Lúcio (HILBERT et al., 2008) bem como os sítios pesqui-
sados por Schmitz (1958) possuem “uma lamela de cobre perfurada para or-
nato” em seus respectivos acervos, demonstrando outro produto de interesse
indígena. Em Montoya (1985 [1639], p. 168) podem ser encontrados diversos
exemplos de objetos que despertaram interesse dos indígenas tais como “an-
zóis, agulhas e alfinetes, contas de vidro e miçangas”. Sobre os Tupi da costa
Sudeste e Nordeste Gandavo (1964 [1576]) relata a presença maciça de cavalos
nas antigas capitanias de Ilhéus, Bahia e Pernambuco no século XVI. Entretanto
Cabeza de Vaca (2009) relata repetidas vezes o medo que os cavalos desperta-
vam nos Guarani que o acompanhavam na jornada iniciada em Santa Catarina
em direção à região de Assunção. Rodrigues (1940 [1605]) informa a incorpora-
ção do gado pelos Carijó do litoral norte já nos anos iniciais do século XVII.
Os fenômenos de interações culturais permitiram a integração de ele-
mentos novos ao universo cultural indígena Guarani. Exemplo claro destes pro-
cessos é a incorporação de alças como elementos funcionais à vasilha cerâmica
Guarani encontrada no sítio Darci Leal - LII-07.
A observação das localizações dos sítios arqueológicos Guarani com
evidências de contatos com o elemento europeu proporciona a clara ideia das
intensas modificações transcorridas. Se em um primeiro momento, a planície
costeira era explorada através da ampla circulação fluvial ao longo do sistema
de leques aluviais alimentados pelo planalto, bem como pelo rosário de lagoas
3.260 cal. – probabilidade: 95%, AMS). Desta forma, os colares possivelmente relacionem-se
a uma reocupação ceramista sobre o local, ainda que Kern, La Salvia e Naue (1985, p. 579)
expressem claramente que “(...) Não há nenhum nível estratigráfico arqueológico canônico
indicando um estabelecimento de horticultores sobre a Pedra de Itapeva”.
60
Figura 01- Mapa contendo as localizações das aldeias
pré-históricas Guarani no litoral norte do Rio Grande do Sul.
62
CAPÍTULO 3
O litoral norte do Rio Grande do Sul possui uma das coleções mais com-
pletas de cerâmica arqueológica da chamada Tradição Guarani40 no Rio Grande
do Sul41. Oriundas das pesquisas desenvolvidas pelo Programa Nacional de
Pesquisas Arqueológicas (PRONAPA) na região entre os anos de 1965 e 1966
(MILLER, 1967), elas encontram-se hoje sob a salvaguardada do Museu Arqueo-
lógico do Rio Grande do Sul (MARSUL). Destas coleções, destacam-se as 14 vasi-
lhas inteiras ou restauradas provenientes de sete sítios arqueológicos42 localiza-
dos nos municípios de Osório e Capão da Canoa.
Apesar da falta de registro de muitos dos dados contextuais dos sítios43,
os quais nos permitiriam análises mais aprofundadas sobre o material, apenas
39 Graduada e Mestre em História pela UFRGS. Atualmente é arqueóloga do Instituto do Patrimô-
nio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN (neumann.mariana@gmail.com).
40 Embora uma “Tradição Guarani” não tenha sido definida na literatura, convencionou-se,
a partir da publicação da tese de José Justiniano Proenza Brochado (1984), chamar assim
os conjuntos arqueológicos semelhantes que se distribuem desde o Rio Madeira, seguindo
pelo interior do Brasil até a bacia do Rio da Prata, os quais correspondiam, na classificação
do PRONAPA, à Sub-Tradição Corrugada da Tradição Tupiguarani.
41 A síntese sobre a ocupação Guarani nesta região pode ser consultada em Wagner, neste volume.
42 RS-LN-33: Lagoa Negra, RS-LN-35: Bassani 1, RS-LN-36: Ramalhete 2, RS-LN-40: Praia do Barco
1, RS-LN-44: Arroio Teixeira, RS-LN-47: Calipso, e RS-LN-48: Bassani 3.
43 A ausência deste tipo de dado se deve às preocupações e metodologias pronapianas. Com o obje-
tivo de formular cronologias relativas da ocupação pré-colonial brasileira, o fundamental era cobrir
de pesquisas a maior parte do território nacional, identificando sítios e materiais que pudessem ser
seriados. Neste intuito adotou-se uma metodologia de campo que privilegiava prospecções e cole-
tas de superfície assistemáticas (DIAS, 1995; BARRETO, 1999/2000; PROUS, 1992) e as interpreta-
ções das coleções resultantes baseavam-se na variação quantitativa de tratamento de superfície e
antiplástico (FORD, 1962). Assim, todos os dados necessários para atingir o objetivo do Programa
estavam nas próprias coleções e, apesar da ênfase dada aos trabalhos de campo, não se destinou
muita atenção às informações contextuais e à metodologia de escavação.
o trabalho sobre estas coleções torna possível a compreensão de questões tecno-
lógicas como as dinâmicas de uso das diferentes categorias funcionais de vasilhas
e o padrão de aplicação dos grafismos policromos, particularmente bem preser-
vados neste contexto. Foi com o intuito, portanto, de explorar o potencial destas
coleções, que as retomamos através de um estudo tecnológico minucioso44.
Tecnologia é um dos principais conceitos da Arqueologia. Em toda a
história da disciplina, podemos ver que foi a preocupação com as diferentes
formas de produzir o mundo, principalmente o mundo material, que orientou
o olhar arqueológico para os conjuntos de artefatos encontrados em diferen-
tes contextos regionais e temporais45.
Segundo Ingold (2000), apesar das diferentes formulações que teve, tec-
nologia pode ser entendida como “os meios pelos quais um entendimento ra-
cional do mundo exterior é posto a favor da sociedade” (INGOLD, 2000, p. 312).
Conforme o autor, o conceito foi cunhado por e para o capitalismo, a fim de
promover o que chama de “desembasamento” das relações sociais das relações
técnicas de produção, deslocando o sujeito do centro para a periferia do proces-
so. Isto visava garantir que o que se passasse na transformação do mundo mate-
rial não mais resultasse na transformação do mundo social, o que proporcionava
certo equilíbrio das tensões inerentes ao processo. Porém, em outros momentos
da história ou em outras sociedades não modernas ou não ocidentais, como as
Guarani que aqui consideramos, o fazer e o usar um objeto estabelecem uma
relação muito mais intrínseca com as demais dinâmicas sociais, carregando a
tecnologia de conteúdo social.
Neste sentido, devemos retroceder o conceito de tecnologia até antes
de sua constituição capitalista, possibilitando retomar a carga de socialidade
subjacente às práticas tecnológicas e considerá-las como uma porta de aces-
so à (cosmo)lógica que as sociedades pretéritas davam ao mundo e às suas
relações. Isto implica em, nas palavras de Bruno Latour (2004, 2007), tornar
o conceito simétrico, ou seja, não mais significar a contraposição de dois con-
juntos de seres definidos pela modernidade como ontologicamente distintos
e incompatíveis (como diferentes matérias-primas e os seres humanos que as
transformam), mas sim compreender as diferentes formas de associação entre
seres semelhantes (como diferentes matérias-primas e os seres humanos que
44 Este estudo corresponde a minha pesquisa de mestrado (Neumann, 2008), onde analisei com-
parativamente coleções do litoral norte e do Vale do Rio da Várzea, com o objetivo de iden-
tificar perfis tecnológicos particulares a cada contexto, discutindo, assim, questões sobre a
História Guarani Pré-Colonial.
45 Sobre a discussão da aplicação do conceito de tecnologia em Arqueologia, ver Dobres (2000).
64
as transformam!)46. Isto posto, concordamos com Ingold (2000) ao mostrar que
este movimento indica que, mais que um conceito instrumental, uma tecnologia
é fundamentalmente social, pois se refere a seres humanos, vivendo e traba-
lhando em ambientes que incluem outros humanos assim como uma variedade
de agências e entidades não humanas. Através de suas experiências de troca
com estes vários componentes do ambiente, as pessoas desenvolvem atitudes
específicas e sensibilidades, que são portadoras das técnicas. Reciprocamente,
através da disposição de suas habilidades técnicas, as pessoas ativamente cons-
tituem seus ambientes. Mas, nesta inter-relação mutuamente constitutiva en-
tre pessoas e o ambiente não há dicotomia entre componentes humanos e não
humanos. Há técnicas para o engajamento com companheiros humanos, assim
como há técnicas para o engajamento com animais e plantas dos quais depen-
de a vida, ou com materiais como madeira, argila ou pedra na produção de um
equipamento (INGOLD, 2000, p. 321)
O que uma tecnologia revela, assim, é uma relação de socialidade íntima
entre humanos e não humanos, caracterizada como o debate que resulta na
constituição de um mundo comum, um coletivo. É esta relação simétrica que
compreendemos como tecnologia: uma arena política – nas palavras de Latour
(2004) uma assembleia – onde humanos e não humanos figuram como proposi-
ções à formação do coletivo e defendem suas perspectivas (NEUMANN, 2008).
Neste sentido, um artefato é a síntese deste debate, guardando em si os para-
digmas ideais do tipo de cosmo que humanos e não humanos desejaram produ-
zir. Desta forma, o conceito de tecnologia traduz também outros conceitos caros
à Arqueologia, como padrão de assentamento, consumo e mesmo socialidade,
tornando-se ainda mais fundamental à disciplina.
Neste cenário, a cerâmica assume um papel destacado. Como o produ-
to fundamental da tecnologia Guarani pré-colonial para a análise arqueológica,
nela se cruzam e se tencionam os poderes de diversos seres associados. Pen-
sando em pessoas, argilas, antiplásticos, fogos e alimentos como seres ontolo-
gicamente semelhantes, principalmente por serem todos dotados de agência,
a cerâmica surge como o continente de uma série de relações políticas entre
os Guarani e o ambiente. Ela pode, através da sua composição de pasta, da sua
forma, dos grafismos em sua superfície, do seu uso e do seu descarte, intimidar
agências perigosas ou incorporar agências desejáveis à composição do cosmo.
Mais do que isto, ela é capaz, através de seu uso, de fazer transitar estas agên-
cias entre os membros do coletivo.
46 Tal premissa caracteriza a Arqueologia Simétrica, perspectiva teórica que recentemente come-
çou a se desenvolver a partir da influência das propostas de Bruno Latour. Ver Neumann (2008;
2010 no prelo), Webmoore (2007), Whitmore (2007) e Shanks (2007).
66
entre produção (representada pela análise da composição de pasta), forma (ca-
tegorias funcionais) e função (análise de marcas de uso), onde acreditamos que
residam as especificidades dos conjuntos de vasilhas.
68
interna. Isto indica diferentes tipos de alimentos sendo cozidos em cada varieda-
de de panela. Nossos resultados são semelhantes a estes.
Em relação aos yapepó rebí agûa, creditamos a dois fatores o tipo de marca
de uso observado. O primeiro é o tipo de alimento sendo preparado. A carbo-
nização no fundo nos remete a alimentos pastosos a sólidos, em que a água do
cozimento evapora durante o processo, tal qual as vasilhas ittoyom dos Kalinga
(SKIBO, 1992). Sugerimos que nestas vasilhas pudessem ser preparados os min-
gaus comentados na literatura etnohistórica (BROCHADO, 1991), e que ainda hoje
fazem parte da alimentação Mbyá-Guarani (TEMPASS, 2005). O segundo fator é
a forma arredondada do fundo, que faz com que as labaredas se concentrem na
parte inferior da vasilha, e a restrição da boca faz com que o calor fique preso no
interior (SKIBO, 1992). Uma panela assim permite que se atinja altas temperaturas
durante o cozimento, possibilitando acidentes de queima dos alimentos.
Em relação aos yapepó rebí chûa, os fatores forma e conteúdo também
estão agindo na produção das marcas. Quanto à forma, uma vasilha de fundo
cônico possui muito mais superfície em contato com o fogo. Se um fundo arre-
dondado direciona as labaredas para os lados, concentrando o calor, um fundo
cônico direciona as labaredas para cima, permitindo que o fogo envolva boa
parte da vasilha, provocando a carbonização interna do conteúdo mesmo nas
partes mais altas, próximas ao pescoço. Além disto, para que as paredes internas
fiquem uniformemente cobertas por carbonização, é necessário que seu con-
teúdo seja bastante líquido (para que não carbonize somente no fundo) e ao
mesmo tempo viscoso, possuindo muitas partículas sólidas que possam aderir
às paredes internas e carbonizar. Portanto, o conteúdo preparado deveria ser
algo como um líquido espesso. Baseada na literatura etnohistórica (Anchieta,
[1584]1964; de Lèry [1577]1926; Montoya, 1997 [1892]; Noelli, 1993; Staden
[1557]1956) sugiro que estas vasilhas fossem especificamente utilizadas na pro-
dução do caium. Assim, consideramos que as yapepó rebí chûa sejam um tipo de
cambuchí devido a sua semelhança morfológica e funcional.
✓ Cambuchí
70
fismo se caracteriza por traços verticais e horizontais que se encontram em um
ângulo de 90º, lembrando a nós uma escada.
A vasilha tombada sob o número T-1184 (ver Figura 01) apresenta os mes-
mos nove espaços gráficos referidos para T-1187. Neste grafismo o lábio e os pon-
tos de inflexão também foram evidenciados com faixas vermelhas, delimitando as
áreas de pintura. A primeira área pintada é a borda, na qual se observa a aplicação
de linhas vermelhas sobre fundo branco. O espaçamento entre estas linhas nos
mostra que elas estão dispostas aos pares, indicando a representação de linhas
vazadas cujos bordos são vermelhos e o interior branco. Estas linhas estão dispos-
tas diagonalmente formando triângulos que são o módulo do desenho. O espaço é
preenchido com a combinação dos módulos no sentido superior e inferior, ou seja,
nos intervalos entre cada triângulo se coloca outro na posição invertida.
A segunda área pintada é o pescoço e aí identificamos o mesmo padrão
descrito para a borda. A repetição dos padrões também está presente na ter-
ceira e quarta áreas (primeiro e segundo ombros). O padrão de linhas vazadas
com bordos vermelhos e fundo branco se mantém, mas o desenho formado é
mais complexo. As linhas partem do limite das áreas – faixa vermelha nos pontos
de inflexão – verticalmente em relação à boca da vasilha, e em certo ponto se
curvam, formando meias-calotas. A combinação destas linhas forma o módulo
do desenho, cuja imagem nos lembra um cálice. O espaço é preenchido com a
combinação dos módulos no sentido superior e inferior, ou seja, nos intervalos
entre cada módulo se coloca outro na posição invertida.
Quanto às vasilhas relacionadas à produção do cauim, inicialmente espe-
rávamos identificar apenas marcas de fermentação. No entanto, como explora-
mos no tópico anterior, as características morfológicas e funcionais dos yapepó
rebí chûa nos levaram a concluir que estes sejam também um tipo de cambuchí,
responsáveis por uma etapa específica da produção de cauim. No que tange à
função “clássica” dos cambuchí, a fermentação de bebidas alcoólicas, apenas
uma vasilha proveniente do litoral norte, T-605, apresentou tais marcas.
As marcas de fermentação podem apresentar-se em padrões bastan-
te variados. Fermentação é um processo através do qual a transformação dos
alimentos provoca a liberação de gás carbônico e, no caso do uso de vasilhas
cerâmicas, os líquidos envolvidos podem penetrar a superfície interna e fazer
com que esta descame à medida em que tais gases são liberados. Estas desca-
mações são as marcas deixadas pela fermentação. Nossas análises indicam que
a descamação pode ser mais ou menos intensa conforme o tipo de antiplástico
e qualidade do alisamento interno da vasilha – o que causa maior ou menor pe-
netração dos líquidos fermentantes nas paredes.
✓ Ñaetá
O verbete de Montoya que traduz ñaetá indica: caçarola (de ÑAE = cosa
côncava e A=TÁ=RÁ=YA=cozer) (LA SALVIA E BROCHADO, 1989, p. 142). São for-
mas muito abertas, de contorno conoidal ou elipsóide simples, borda direta contí-
nua com a parede ou levemente convexa (BROCHADO, MONTICELLI e NEUMANN,
1990, p. 737). A coleção do litoral norte não possui nenhum exemplar de ñaetá,
então todas as referências à categoria serão expostas na análise dos fragmentos
do sítio RS-LN-35, que segue adiante.
72
✓ Cambuchí caguaba
✓ Tembirú
74
tes fragmentos vemos que sobre o lábio foi aplicada a típica faixa vermelha.
Corpo e base possuem um fundo branco sobre o qual foram pintadas finas linhas
vermelhas semicirculares ou ondulares. As figuras formadas preenchem o espa-
ço relacionando a concavidade de uma com o início de outra. Assim, do interior
de um semicírculo partem as linhas que originarão outro, e, desta forma, as figu-
ras estão todas encaixadas.
Da mesma forma que para os cambuchí caguaba, identificamos poucas
marcas de uso entre os tembirú, sendo frequente o desgaste nas bases, decor-
rente do armazenamento ou do uso. A vasilha T-121 apresentou também um
desgaste em forma anelar ao redor da borda externa, indicando que a vasilha
pode ter tido algum tipo de amarração naquele ponto ou de ter servido como
tampa para outra vasilha.
76
mas de associação, diferentes contornos sociais particulares a contextos locais
e temporais. Portanto, a exploração minuciosa da tecnologia envolvida na pro-
dução de um conjunto artefatual traduz sentidos possíveis na direção de uma
história Guarani pré-colonial.
Duas imagens opostas, resultantes da ampla dispersão Guarani pelo atual
território brasileiro, dominam os debates sobre a história Guarani anterior ao
contato europeu e durante os séculos XVI e XVII. Por um lado, as fontes da época
indicam uma unidade cultural e linguística bastante abrangente em todo o ter-
ritório Guarani. Por outro, estas mesmas fontes apontam uma intensa fragmen-
tação política e territorial marcada por alianças e hostilidades entre diferentes
grupos locais, bem como destes com seus vizinhos Guaycuru e Kaingang (ASSIS
e GARLET, 2002; MONTEIRO, 1992; SUSNIK, 1982).
A historiografia brasileira recentemente vem buscando investigar a se-
gunda posição, revelando um quadro político conflitivo semelhante àquele re-
gistrado para os grupos Tupi da costa atlântica, tornando as interpretações sobre
a história indígena colonial cada vez mais complexas (MONTEIRO, 1992; FAUSTO,
1992). A Arqueologia, ao contrário, apesar de poder acrescentar novas fontes e
novos dados a este debate, tem permanecido centrada na imagem monolítica
e homogênea da grande nação Guarani. Segundo Noelli (1993, p. 9), desde que
adquiriram sua identidade étnica a partir da proto-família linguística Tupi-gua-
rani, os Guarani atravessaram mais de três mil anos até os primeiros contatos
com os invasores vindos da Europa, reproduzindo fielmente sua cultura material
e as técnicas de sua confecção e uso, sua subsistência. Concomitantemente, a
linguagem definidora destes objetos, técnicas e comportamentos.
Do ponto de vista teórico aqui defendido, esta é uma visão bastante enges-
sada da história Guarani pré-colonial. Em uma perspectiva simétrica sobre a histó-
ria, a formação do coletivo é um debate constante sobre a aceitação ou rejeição
de novas propostas – humanas ou não humanas, – cujo resultado é a ampliação
ou manutenção de seus contornos. No caso das cosmologias Ameríndias, observa-
mos uma tendência à manutenção dos contornos estabelecidos. Isto se evidencia
pela ênfase dada à reprodução dos parâmetros demiúrgicos na (re)produção origi-
nal do cosmo (ASSIS, 2006; BARCELOS NETO, 2002; VAN VELTHEN, 2003).
Isto não significa, no entanto, que haja uma filosofia voltada para o pas-
sado. Pelo contrário, a manutenção de formas tradicionais de produzir pessoas
e coisas está centrada no presente – e no futuro do coletivo. Uma vez que o
cosmo indígena é habitado por uma infinidade de seres poderosos que atuam
à margem do social, a possibilidade de se reinstaurar o caos original está dada,
78
Figura 02- Decalque de fragmento do cambuchí T-605.
80
CAPÍTULO 4
82
O Lago Guaíba situa-se na interface entre dois domínios geomorfológi-
cos: o Escudo Cristalino Sul-Rio-Grandense e a Planície Costeira. O Escudo Cris-
talino Sul-Rio-Grandense é formado por granitos do Cinturão Dom Feliciano e
abrange o sudeste do Estado. Suas formas de relevo variam desde coxilhas, mor-
ros, pontões e cristas até chapadas, ocorrendo em ambas às margens do Lago
Guaíba pontais de 1 km a 2 km de extensão, conformando um conjunto contínuo
de baias, ilhas rochosas e morros interiorizados, com altitudes entre 50 a 265
metros. A Planície Costeira corresponde à porção leste do Estado, sendo forma-
da por depósitos arenosos, cuja dinâmica sedimentar obedeceu às variações dos
níveis marinhos quaternários (IBGE, 1986). A atual Planície Costeira formou-se
a partir da última transgressão marinha há cinco mil anos, sendo compartimen-
tada nas seguintes unidades: Planície Aluvial Interna, Coxilha das Lombas, Siste-
ma Lagunar Guaíba-Gravataí, Barreira Múltipla Complexa e o Sistema Lagunar
Patos-Mirim. Na Coxilha das Lombas ocorrem evidências de um antigo sistema
de ilhas-barreira que isolou do mar o sistema Lagunar Guaíba-Gravataí, hoje
ocupado pelas bacias hidrográficas do Lago Guaíba e do rio Gravataí (VILLWOCK
e TOMAZELLI, 1995).
Em termos fisiográficos o Lago Guaíba insere-se na região da Depressão
Central, apresentando um relevo de terras baixas circundadas por elevações gra-
níticas (morros) correspondentes à parte nordeste da Serra do Sudeste, com
influência da Planície Costeira. Localiza-se, portanto, na transição entre o Bioma
Mata Atlântica (Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Densa) e o
Bioma Pampa (Formações Pioneiras da Planície Costeira) (IBGE, 1986).
Em função das características climáticas e geomorfológicas, os solos da
região do Lago Guaíba são típicos de zonas alagadiças variando de arenosos a
argilosos, sendo intensamente afetados pelas flutuações pluviométricas, pre-
dominando a dissecação no verão o que favorece a ação mecânica do vento.
Nos morros graníticos ocorre um acentuado intemperismo químico das rochas,
acompanhado pela ação erosiva pluvial e fluvial, originando pequenos cones
aluviais, voçorocas e terraços fluviais. Os solos, em geral, são rasos e imperme-
áveis, de granulação arenosa grosseira, rochosos e entremeados por blocos de
pedra ou matacões Nas encostas íngremes acumulam-se solos mais argilosos e
profundos, com maior permeabilidade e maior retenção de água. Nas planícies
das margens do Guaíba ocorrem solos aluviais arenosos, com baixo teor de nu-
trientes, alta permeabilidade e baixa retenção de água (IBGE, 1986).
Levantamentos ambientais realizados na área do Parque Estadual de Ita-
puã indicam a presença atual de 208 espécies de aves, destacando-se o trinta-
-réis (Sterna hirundo) e a batuíra (Pluviales dominica) como aves migrantes do
55 Informações adicionais sobre estas e outras ocupações atuais mbyá-guarani da região metro-
politana de Porto Alegre podem ser conferidas em Baptista da Silva e colaboradores (2008).
84
aldeias do litoral sul e sudeste do Brasil, têm ligações fortes e recentes com o
Morro do Coco, o Parque Estadual de Itapuã e com a Ponta da Formiga. Além
de terem constituído aldeias junto com seus grupos de parentes e afins nestes
locais há poucas décadas atrás, igualmente lá têm enterrados seus mortos.
56 Ñandé Rekó guarani, ou “nosso costume”, no qual tem fundamental importância as Belas Pala-
vras, expressas nos mitos e nos cantos sagrados, no sistema xamânico-cosmológico, no aguyje,
“estado de totalidade acabada”, de perfeição espiritual-religiosa, que é buscado constante-
mente, e no tapejá, o ser caminhante guarani que procura na Terra sem Mal, sob a liderança
dos xamãs e durante a vida terrena, o reencontro com a divindade e a imortalidade perdidas.
57 Para análise da trajetória histórica dos Mbyá e suas repercussões sócio-políticas ver também
Garlet e Assis (2009).
58 Para uma análise etno-histórica da organização social dos Guarani entre os séculos XVI e XVII
ver Soares (1997).
86
no sistema reducional jesuíta ou no sistema colonial das encomiendas. Estes
sofreram um intenso processo de depopulação, causada pelos confrontos e epi-
demias e pela perda da quase totalidade do território original, exigindo uma
reestruturação das noções tradicionais de território e mobilidade espacial. De
acordo com Garlet (1997, p. 185),
59 Segundo levantamento efetuado pelo Núcleo de Antropologia das Sociedades Indígenas e Tra-
dicionais (NIT-UFRGS), no âmbito do projeto Guarani Transfronteiriços.
88
dades de campo do GT à empresa de produção de celulose Aracruz Celulose,
recentemente vendida para uma companhia chilena chamada Fíbria. Está loca-
lizada no município da Barra do Ribeiro que faz limite ao norte com o município
de Guaíba, ao sul com o município de Tapes, a oeste com os municípios de Ma-
riana Pimentel, Sertão Santana e Sentinela do Sul, e a leste com o Lago Guaíba
e Laguna dos Patos.
Estas três áreas têm em comum o fato de serem extremamente ricas do
ponto de vista ambiental, constituindo-se em referenciais tradicionais impor-
tantes para o processo de reivindicação mbyá por permitirem a sustentação do
Ñandé Rekó, o modo de ser guarani. Na medida em que a concepção de terri-
torialidade mbyá não é contínua, estas áreas com riqueza de recursos naturais
para a coleta, a caça e a pesca são os “lugares eleitos” para o estabelecimento
de aldeias que podem ser comparadas a “ilhas” ou “arquipélagos” já que
entre as várias aldeias (e as imensas áreas circundantes a elas) constitui-se
uma complexa rede de relações de toda a ordem, atualmente cercadas pelas
sociedades regionais/nacionais. Nos trabalhos de campo do GT realizados
conjuntamente com os Mbyá-guarani inúmeros exemplos de plantas, animais,
divindades e outros seres cosmológicos foram identificados pelos indígenas, de-
monstrando a relação forte e indissociável que traçam entre seus corpos/pes-
soas e estas “matas sagradas” essenciais a continuidade e manutenção mbyá.
Além dos seres extra-humanos, os sítios arqueológicos identificados nas áreas
vistoriadas pelo GT foram compreendidos pelos Mbyá como “marcas do cami-
nhar dos avós” demonstrando uma relação de ancestralidade e imemorialidade
com o território reivindicado (BAPTISTA DA SILVA et al., 2010).
Ressalta-se ainda que as áreas diagnosticadas pelo GT diferem quanto
às suas condições fundiárias, gerando dificuldades no processo de demarcação
tendo em vista distintos interesses. Por um lado, os raros locais com bom estado
de preservação ambiental e abundância de recursos naturais no sul do Brasil, na
maioria já foram reservados para a criação de Unidades de Conservação Natu-
ral, não admitindo a presença humana no seu interior, como é o caso do Parque
Estadual de Itapuã60. Por outro lado, propriedades privadas e empresas tendem
a opor-se ao processo de demarcação de terras indígenas pelo fato de serem in-
denizados apenas pelas benfeitorias presentes em suas terras. No caso da Ponta
da Formiga há o agravante do ponto de vista econômico que a empresa de celu-
lose proprietária da área terá que desativar sua unidade de produção, correndo
o risco de ser extinta (BAPTISTA DA SILVA et al., 2010).
60 Para análise da relação entre políticas ambientais e de demarcação de terras indígenas, anali-
sando em particular o caso do Parque Estadual de Itapuã, ver Comandulli (2008).
90
destas pesquisas ainda se encontravam inéditos, sendo restrito o número de
publicações sobre o tema (BAPTISTA DA SILVA, 1992; CARLE e SANTOS, 2000; GA-
ZEANO, 1990; GAULIER, 2001-2002; NOELLI, 1993; NOELLI et al., 1997; POUGET
e THIESSEN, 2002; ROSA, S/D; ZORTEA, 1995). Tendo em vista estas limitações,
realizou-se uma pesquisa documental junto aos acervos das Instituições depo-
sitárias destas coleções com o objetivo coligir dados relativos à localização e ao
grau de integridade dos sítios arqueológicos no momento da pesquisa, conferir
possíveis sinonímias no registro dos sítios e avaliar as condições de preservação
dos acervos e da documentação de campo, estando os resultados sistematiza-
dos na tabela 01 e na Figura 01.
RS-87: Ro- Ponta do Chico Sem registro Coleta de su- Porto Alegre PUCRS
meu perfície
G1: Vila da Sem registro Coleta de su- Porto Alegre FAPA
Restinga perfície
RS.JA-74: 22J 0488 226 Escavação Porto Alegre FAPA
Lomba do 6669 014
Pinheiro 2
92
Nome do Sinonímia Coordenadas Intervenção Município Instituição
Sítio
RS-LC-02: Sem registro Coleta de su- Viamão MARS
Colônia de perfície
Itapuã
Pomar da Águas Claras 22J 0513 106 Coleta de Viamão UFRGS
Lagoa I 6663 477 superfície e
sondagem
RS-LC-70: 22J 0493 700 Coleta de Viamão MARSUL
Ilha do Junco 6141 900 superfície e
sondagem
RS-LC-74: RS-LC-03: Sitio 22J 0495 161 Coleta de su- Viamão MARSUL
Praia da da Pedreira- 6641 730 perfície MARS
Pedreira** -Morro do
Fortaleza
RS-LC-75: La- RS-LC-04: La- 22J 0500 977 Coleta de Viamão MARSUL
goa Negra* goa Negra I 6641 531 superfície e MARS
RS-LC-06: La- sondagem
goa Negra II
RS-323: Ilha PA 253 22J 0496 400 Coleta super- Viamão PUCRS
das Pombas 6645 300 fície
RS-LC-39: 22J 0495 200 Escavação Viamão MARSUL
Morro da 6642 250 MARS
Fortaleza*
RS-LC-08: 22J 0496 303 Coleta de su- Viamão MARS
Praia das 6643 308 perfície
Pombas**
RS-LC-07: 22J 0496 150 Registro Viamão MARS
Praia do 6640 750
Araçá
RS-LC-11: 22J 0495 088 Coleta de su- Viamão MARS
Praia da 6642 544 perfície
Onça
RS-LC-15: 22J 0495 594 Coleta de Viamão UFRGS
Praia do Sítio 6639 135 superfície e
sondagem
94
RS-152: Ponte do Guaíba constituíam um mesmo conjunto, justificando a sino-
nímia aqui adotada.
O sítio RS-56: Arroio do Conde também está registrado no acervo do
CEPA/PUCRS a partir de pesquisas de Sergio Leite em 1975, porém seu acervo
não foi localizado na Instituição. O acervo documental relativo a este sítio indica
que este se localiza em parte na área do Instituto de Pesquisas Veterinárias De-
sidério Finamor, em Eldorado do Sul (pertencente à Guaíba até 1988) e em parte
em uma propriedade particular, no município de Guaíba, sendo cortado pelo
arroio que lhe deu nome. A intervenção realizou-se através de coletas de su-
perfície e sondagens, tendo sido encontrado, além de conjuntos lito-cerâmicos,
uma urna funerária associada a cinco dentes humanos de um indivíduo com
idade entre 11 e 12 anos, sendo este sítio objeto da dissertação de mestrado de
Francisco Noelli (1993).
Em 1998 Cláudio Baptista Carle foi responsável pelo registro do sítio RS-
-SR-342: Santa Rita (sinonímia Complexo Automotivo da Ford) por ocasião do
projeto de Licenciamento de Instalação do Distrito Automotivo do Município
de Guaíba para a Empresa Ford do Brasil, contando com o apoio institucional
do CEPA/PUCRS. O sítio localiza-se em um topo de colina, próximo ao Lago
Guaíba, às margens da Estrada do Conde (Mato Alto), em meio a uma mata
de eucaliptos, tendo sido escavado sob a coordenação de Klaus Hilbert, entre
novembro de 1998 e janeiro de 1999, abrangendo uma área de 76 m2. O acervo
é composto por 4.551 peças, entre fragmentos cerâmicos, artefatos líticos e ves-
tígios arqueofaunísticos, tendo sido realizadas duas datações com os valores de
540+60 AP e 440+60 anos AP (CARLE e SANTOS, 2000).
96
cie até a profundidade de 40 cm, associado a manchas de solo orgânico. Além de
cerâmica, predomina no conjunto arqueológico grande quantidade de artefatos
líticos lascados, levando os pesquisadores a sugerir a hipótese de uma possível
ocupação caçadora coletora anterior à presença Guarani (Tradição Umbu). Em
1998, no bairro Belém Novo, foi registrado o sítio RS-JA-16: Ponta do Arado,
tendo sido realizadas coletas superficiais e sondagens em áreas de roça, rodea-
das por vegetação florestal. Embora o material em superfície seja pouco visível
e escasso devido à cobertura vegetal, as sondagens realizadas em uma área de
2.000 m2 permitiram a identificação de cerâmica da Tradição Guarani em subsu-
perfície, distribuída em duas concentrações, associadas a uma camada húmica
com profundidade de 15 cm (GAULIER, 2001-2002). Ainda em 2009 foi realizado
o registro junto ao MJJF do sítio RS-JA-07: Lajeado, situado no bairro Lajeado,
na localidade de Morro das Quirinas (sinonímias Morro São Pedro e Morro das
Quirinas). O sítio encontra-se em um topo de morro, a 169 m de altitude, estando
perturbado pela extração de terra preta para comercialização como adubo, já que
se encontra associado a vertentes e a zonas de alagamento permanente (turfei-
ras). A identificação inicial deste sítio deu-se através de doação pelo proprietário
ao MJJF de uma grande quantidade de fragmentos cerâmicos da Tradição Guarani
coletados de forma assistemática e de uma ponta de projétil lítica. A vistoria ar-
queológica indicou a presença de fragmentos cerâmicos dispersos em superfície e
em baixa densidade por uma ampla área perturbada pela extração de terra.
Em 2001, ocorrências esparsas de ocupação Guarani pré-colonial tam-
bém foram registradas na zona Central de Porto Alegre, através do monitora-
mento arqueológico das obras de instalação de dutos de telecomunicação ao
longo da Rua dos Andradas. Esta obra foi registrada junto ao MJJF como um
único sítio, RS-JA-23: Praça da Alfândega, tendo sido identificados fragmentos
cerâmicos abaixo do aterro histórico da Rua dos Andradas, em frente à Praça da
Alfândega (POUGET e THIESEN, 2002). Salvamentos arqueológicos posteriores
na Praça da Alfândega no ano de 2006, registraram novas ocorrências de nature-
za semelhante. Igual situação refere-se à identificação em 2004 de fragmentos
de cerâmica Guarani associado a escavação de duto de canalização na área cen-
tral de Porto Alegre, obra registrada junto ao MJJF como sítio RS-JA-24: DMAE.
Por fim, em 2008, José Otávio Catafesto de Souza identificou a ocorrência de ce-
râmica da Tradição Guarani na localidade de Morro do Osso, Bairro Sétimo Céu,
registrando este sítio como Morro do Osso junto ao LAE/UFRGS.
61 Em 1973 Naue realizou pesquisas no Seminário de Viamão e na Chácara Nossa Senhora das
Graças. No primeiro local foi identificado o sítio RS-132: Seminário, onde foi coletada em uma
superfície de 400 m2 uma grande quantidade de artefatos líticos. Na segunda localidade, fo-
ram registrados dois sítios líticos de natureza semelhante ao caso anterior: RS-181: Chácara
Nossa Senhora das Graças I e RS-182: Chácara Nossa Senhora das Graças II. Ambos locais dis-
tam poucos metros e neles foram realizadas coletas superficiais, tendo os sítios sido destruí-
dos pela construção de uma Escola Municipal. A organização do acervo do CEPA/PUCRS apon-
ta que ambas as ocorrências tratam-se de um único sítio, com duas áreas de concentração.
98
No âmbito do Programa de Pesquisas Arqueológicas em Itapuã (RS), co-
ordenado por Sergio Baptista da Silva, foram identificados em 1989 outros dois
sítios arqueológicos da Tradição Guarani em Viamão, registrados como RS-LC-01:
Aldeia do Cantagalo (sinonímias G4 e Tekoá Jataity) e RS-LC-02: Colônia de Ita-
puã. O primeiro está localizado na localidade do Espigão, na Terra Indígena Tekoá
Jataity, tendo sido registrado junto ao MARS por Sergio Baptista da Silva e Sérgio
Leite no mesmo ano, justificando a sinonímia. O sítio encontra-se perturbado
em função do plantio de roças de subsistência, a uma altitude aproximada de
80 m, sendo composto por sedimentos arenosos. Foram realizadas coletas assis-
temáticas de cerâmica da Tradição Guarani em duas distintas áreas, sendo uma
destas o campo de futebol, formando um acervo de 22 fragmentos sob guarda
do MARS. O segundo sítio situa-se na Vila de Itapuã, distribuindo-se o material
em quatro distintos núcleos associados a áreas agrícolas com as seguintes di-
mensões: 70 x 40, 80 x 60, 70 x 70 e 60 x 100 m. Foram realizadas coletas super-
ficiais e sondagens que produziram uma coleção de 33 fragmentos cerâmicos da
Tradição Guarani e 53 vestígios de lascamento, sob guarda do MARS62.
Ainda em 2009, a presença de um sítio arqueológico da Tradição Guarani
no município de Viamão foi registrada junto ao LAE/UFRGS por José Otávio Ca-
tafesto de Souza na localidade de Águas Claras. Trata-se de uma urna funerária
Guarani, associada a ossos humanos, descoberta ocasionalmente quando da
construção de uma cerca, tendo sido o material arqueológico resgatado e o sítio
registrado como Pomar da Lagoa I.
O restante das informações sobre a ocupação Guarani pré-colonial no
município de Viamão estão associadas à área atualmente compreendida pelo
Parque Estadual de Itapuã, onde foram registrados 11 sítios arqueológicos da
Tradição Guarani. As primeiras pesquisas arqueológicas nesta área foram reali-
zadas em 1970 por Pedro Augusto Mentz Ribeiro, responsável pela localização
de três sítios arqueológicos da Tradição Guarani, cujos acervos encontram-se no
MARSUL. No extremo nordeste da Ilha do Junco foi registrado o sítio lito-cerâ-
Embora não haja registro de cerâmica da Tradição Guarani em associação a este contexto, uma
avaliação preliminar da coleção sugere tratar-se de um sítio de extração de matérias-primas
para a confecção de artefatos lascados e polidos que pode estar relacionado ao sistema de as-
sentamento Guarani pré-colonial. No entanto, a ausência de estudos detalhados condicionou
a não inclusão destes sítios líticos na relação aqui analisada.
62 No âmbito deste mesmo projeto, entre 1992 e 1994 foram registradas junto ao MARS outras
seis ocorrências de presença de sítios da Tradição Guarani na Vila de Itapuã com as seguintes
siglas: RS-LC-05: Vila de Itapuã I, RS-LC-09: Vila de Itapuã II, RS-LC-10: Vila de Itapuã III, RS-
-LC-12: Vila de Itapuã IV, RS-LC-13: Vila de Itapuã V e RS-LC14: Vila de Itapuã VI. Os acervos e
documentação referentes as pesquisas de campo não foram localizados na Instituição deposi-
tária, justificando a não inclusão destes sítios no levantamento aqui apresentado.
100
recebendo este local a designação de RS-LC-06: Lagoa Negra II. O conjunto arte-
fatual resgatado em ambas as intervenções é predominantemente lítico, encon-
trando-se sob a guarda do MARS. Tendo em vista as descrições de ocorrências
discretas que compõe a ocupação pré-colonial da área, optou-se por manter o
registro original, considerando os posteriores enquanto sinonímias, já que o sítio
parece indicar um local de acampamento temporário, associado ao sistema de
assentamento Guarani e/ou caçador coletor anterior (Tradição Umbu), tendo
sido formado por várias ocupações discretas ao longo do tempo. Novas vistorias
neste sítio realizadas em 2009 no âmbito do GT indicam que a área atualmente
é coberta por pastagens para o gado, cujo pisoteio contribui para comprometer
sua integridade. Também está sendo afetado por processos erosivos intensos,
em função cheias da Lagoa Negra, apresentando afloramento de materiais líti-
cos em superfície.
Em 1980 Guilherme Naue registrou o sítio RS-323: Ilha das Pombas (sino-
nímia PA253), realizando coletas superficiais e sondagens em uma área de 600
m2. O sítio apresentava características superficiais, tendo sido resgatada uma
significativa coleção lito-cerâmica sob guarda do CEPA/PUCRS. Suas coordena-
das geográficas não foram registradas naquele momento, sugerindo-se aqui uma
coordenada aproximada a partir das descrições da documentação de campo.
Por sua vez, o sítio RS-LC-39: Morro da Fortaleza foi registrado em 1981
por Eurico T. Miller junto ao MARSUL, tendo sido identificado em uma área la-
vrada nos patamares planos da encosta oeste do Morro da Fortaleza, voltado
para a Praia da Onça. Neste sítio foi realizada uma escavação de 20,25 m2, reve-
lando uma rica coleção lito-cerâmica da Tradição Guarani, destacando-se ainda
a presença de duas pontas de projétil. A coleção encontra-se atualmente sob a
guarda do MARS e foi analisada por Zortea (1995). Por ocasião das atividades
de campo do GT a vertente leste do Morro da Fortaleza foi vistoriada em 2009,
porém não foram localizados vestígios arqueológicos pré-coloniais, não sendo
possível o acesso pela vertente oeste através da Praia da Onça, pois a área não
recebe manutenção há alguns anos e a circulação não é permitida pela adminis-
tração do Parque.
Entre 1989 e 1994, no âmbito do Programa de Pesquisas Arqueológicas
em Itapuã (RS), coordenado por Sergio Baptista da Silva, foram localizados ou-
tros seis sítios arqueológicos da Tradição Guarani no Parque de Itapuã, tendo
este trabalho sido objeto da dissertação de mestrado de Andrea Zortea (1995).
Em 1990, foi registrado o sítio cerâmico RS-LC-08: Praia das Pombas que distava
em torno de 15 m da linha d’água, aflorando cerâmica Guarani em superfície em
decorrência da ação erosiva das águas de vertente. O principal fator de perturba-
102
sião do GT foram identificados ao longo da linha da praia dois fragmentos de
cerâmica da Tradição Guarani, que estavam deteriorados em função da ação
das águas, sendo as coordenadas do sítio registradas a partir deste achado. No
sítio RS-LC-16: Prainha a densidade de material arqueológico em superfície era
menor tendo sido coletados sete fragmentos cerâmicos da Tradição Guarani que
não foram identificados no acervo do LAE/UFRGS. Este material encontrava-se
disperso na linha da areia, associados a um curso de água intermitente, e a um
pequeno terraço, com 10 m de altitude, distante 45 m da linha da praia (ZORTEA,
1995, p. 71-72 e 104). Em vistoria no local realizada em 2008 no âmbito do GT foi
identificada uma concentração de fragmentos de cerâmica da Tradição Guarani
na beira da praia de onde foram tomadas as coordenadas aqui adotadas. Por
fim, o sítio RS-LC-17: Praia do Farol corresponde a um sítio lito-cerâmico super-
ficial, perturbado pela ação agrícola, estando cortado pela trilha que conduz ao
Farol de Itapuã, do qual dista aproximadamente 300 m. As dimensões do sítio
são de 14,4 x 17,7 m, estando situado sobre um patamar plano, na encosta do
último promontório que separa o Guaíba da Lagoa dos Patos. O material arque-
ológico distribui-se em dois núcleos que receberam numeração de catálogo dis-
tinta. O acervo referente a este sítio é composto por 96 fragmentos cerâmicos,
constantes do acervo do LAE/UFRGS (ZORTEA, 1995).
104
uma lâmina de machado lítico polido em área de dunas, afetada atualmente pela
ação de jipeiros que as utilizam para corridas clandestinas.
material em associação às raízes, sendo suas coordenadas UTM 22J 0485748/6634809. A au-
sência de artefatos diagnósticos, no entanto, limitou a possibilidade de afiliação cultural, não
sendo computado conjuntamente entre as ocorrências da Tradição Guarani aqui referidas.
106
do Parque do Lami, protegidos pelo Pontal do Morro do Coco, e no sítio Tekoá
Yma, protegido pelo Pontal do Morro da Formiga. Quanto aos sítios situados
nas praias da Ponta da Faxina, sua posição geográfica é oposta a incidências dos
ventos do quadrante sul, facilitando inclusive o acesso por água a outras praias
em Itapuã, 4 km a leste, e em Belém Novo e Lami, 12km ao norte. Já a ocupação
das ilhas Chico Manuel, das Pombas e do Junco representam a materialização
desta íntima conexão entre terra e água que norteou o processo de ocupação e
exploração do território do Lago Guaíba no período pré-colonial. Deste conjun-
to de ocupações insulares, as escavações da Ilha Chico Manuel indicaram uma
ocupação intensa e de caráter permanente, representando que a isolamento
aquático não era um fator de limitação a ser considerado.
Outro fator relevante para compreender o padrão de distribuição espa-
cial destes sítios relaciona-se a distribuição dos recursos no território do Guaíba.
As características geomorfológicas e fitogeográficas da área apontam para uma
diversidade de paisagens de transição: entre morros graníticos e planícies alu-
viais, entre florestas e campos alagadiços. As características gerais dos solos da
área indicam um predomínio de solos arenosos com baixos níveis de nutrientes,
tanto nas planícies aluviais e quanto nos morros graníticos, sendo ambos inten-
samente afetados pela ação erosiva das flutuações pluviométrica. Somente nas
encostas íngremes acumula-se um solo mais argiloso e profundo, com maior
permeabilidade e maior retenção de água. Segundo Comandulli (2008), apesar
das condições do solo tecnicamente parecerem desfavoráveis para agricultura,
os Mbyá que viviam na área do Parque Estadual de Itapuã na década de 1970
adaptaram seus cultivos a estas condições, posicionando suas roças nas zonas
de transição entre as encostas e as planícies, onde o solo apresenta-se mais fa-
vorável. Por outro lado, os trabalhos etnográficos de Freitas (2006) indicam que
os Mbyá realizam um etnozoneamento ideal da paisagem dividido em três ca-
tegorias: Yvy awaté (serras), Yvy á (encostas) e Yvy anguy (planícies). Yvy awaté
corresponde “as partes mais altas e íngremes dos morros”, apropriadas à caça e
a coleta. É reconhecido pela sua umidade e fertilidade, onde crescem as flores-
tas que não podem ser cultivadas, pois são consideradas sagradas por conterem
as nascentes e as cabeceiras dos rios, bem como serem guardiões das florestas.
O cultivo e as construções nesta zona não são possíveis pela cosmologia Guarani
por estar vinculada à cura, colocando desta forma em risco o equilíbrio e a con-
tinuidade do mundo. Em Yvy á, nas encostas dos morros, habitam os animais
primordiais e são locais abundantes em remédios e fibras para artesanato. Em-
bora não sejam áreas preferências para a agricultura, muitas vezes os Mbyá con-
sideram as encostas locais propícios para construir aldeias, quando apresentam
64 Para mais detalhes consultar Wagner e Milheira nos capítulos 2 e 6 deste volume.
108
de sítios de uma dada região devem ser interpretados em função do conceito de
tekohá, entendido enquanto território de domínio utilizado de forma comunal e
exclusiva pelos grupos familiares. Os tekohá eram formados por parcialidades ou
famílias extensas (teii) que viviam isoladas em diversas aldeias ou agrupadas em
uma mesma aldeia, em função das condições geográficas e políticas locais. Além
do domínio específico da aldeia (amundá), o território do tekohá comportava as
áreas de roças (cog) e a vegetação circundante (caa).
As roças localizavam-se a diferentes distâncias das aldeias, sendo dividi-
das em lotes familiares, cuja localização e tamanho eram definidos a partir do
consenso com os demais ou arbitrado pelo chefe da linhagem (teiiru ou tuvichá),
obedecendo a critérios relativos à posição hierárquica na família extensa. Atra-
vés das fontes etno-históricas Noelli estima os lotes de roça para cada família
entre 0,5 e 2 hectares, resultando em uma área cultivada de 30 a 120 hectares
para uma aldeia de 60 famílias. Nas roças também eram introduzidas árvores
frutíferas e plantas medicinais ou fornecedoras de matérias-primas, resultan-
do na competição diferencial dos nutrientes por m2, o que criava resistência à
disseminação de pragas e diminuição dos impactos da erosão. Assim, quando a
produtividade dos cultivos diminuía, novas roças eram abertas em outros pon-
tos, passando as antigas a corresponder a locais onde predominavam atividades
de coleta, ficando em repouso por um período de no mínimo 20 anos para nova-
mente ser transformados em roça. Na prática, o processo de abandono da roça
traduz a conversão de um sistema de cultivo de curto prazo, em um sistema de
agricultura agroflorestal de longo prazo, resultando na possibilidade de ocupa-
ção permanente do mesmo assentamento sem esgotar a capacidade produtiva
dos solos, da flora e da fauna.
Desta forma, o padrão de ocupação e colonização territorial guarani seria
temporal e espacialmente contíguo, refletindo um modelo de mudança de sede
de aldeia dentro de locais anteriormente manejados no tekohá. Uma aldeia po-
deria dividir-se em função do crescimento populacional ou por dissidência polí-
tica interna, ocupando a nova aldeia a área mais externa dos locais manejados
e a original permanecendo no mesmo sítio. Por sua vez, o tamanho da área de
captação de recursos de um tekohá poderia variar em função do grau de reci-
procidade do conjunto multi-comunitário, não sendo incomum a sobreposição
de áreas de ação de distintos tekohá que mantivessem alianças políticas. A partir
dos dados etno-históricos e tomando como referencia as disponibilidades de
recursos associadas ao sítio do Arroio do Conde, Noelli estimou em torno de 50
km a área de captação de recursos de um tekohá ao longo do ciclo anual, a partir
da sede da aldeia.
110
Guaíba estaria completo, sendo representado por um padrão disperso de aldeias
interligadas por laços de parentesco que ocupariam contemporaneamente pelo
menos estes três pontos da paisagem, o que seria evidenciado por uma maior
concentração de sítios arqueológicos nestas áreas (ver Figura 01).
Estas são hipóteses que demandam ser testadas através da intensifica-
ção dos estudos arqueológicos na área, em particular através de uma ampliação
das prospecções, de um melhor conhecimento da estrutura e variabilidade dos
assentamentos através de escavações sistemáticas, da ampliação das cronolo-
gias e de estudos comparativos detalhados da cultura material. No entanto, a
compreensão desta territorialidade guarani no passado, tem muito a aprender
com o presente.
Os dados etnográficos obtidos por estudos quantitativos e qualitativos rea-
lizados pelo NIT-UFRGS permitem afirmar que os coletivos mbyá-guarani presen-
tes na região metropolitana de Porto Alegre têm como característica uma cons-
tante mobilidade entre as suas diversas aldeias (BAPTISTA DA SILVA et al., 2008).
Os Mbyá hoje presentes no município de Porto Alegre não se caracterizam como
“unidades comunitárias” constantes e homogêneas, mas são parte de uma ampla
rede comunitária guarani (de relações de parentesco e afinidade) que abrange
muitos outros grupos populacionais, não só em outros Estados brasileiros, mas
também no Paraguai, no Uruguai e na Argentina. Uma parte considerável des-
ta extensa rede desloca-se sazonalmente através de um arquipélago de áreas de
tamanhos e caracteristicas fundiárias diversas que não estão limitadas às divisas
do Estado do Rio Grande do Sul, nem às fronteiras nacionais brasileiras. Portan-
to, apesar da existência de famílias extensas cujos membros permanecem, não é
incomum que também possua membros em diversos Estados brasileiros ou mes-
mo em outros territórios nacionais. Este fenômeno se dá por uma série de razões
pautadas tanto em questões de ordem social, como em premissas cosmológicas.
Atualmente, entre os Guarani os motivos do caminhar são diversos: exis-
tem deslocamentos por questões de saúde, em busca de tratamentos, sejam eles
xamânicos, (junto aos anciões onde quer que estes estejam) ou médicos (junto
aos hospitais), por motivos de relacionamento (casamentos e separações), por
saudades de parentes ou ainda para evitar o agravamento de conflitos (na ótica
guarani, se afastar dos problemas é a forma preferencial de resolução). Em um
sentido cosmológico-religioso, o jeguatá (caminhar) possui grande importância,
uma vez que é considerado inerente à condição humana guarani: caminha-se
depois de um sonho premonitório ou de uma visão, bem como por conta da
busca por um local mais adequado ao “modo de ser”.
Diante dessas considerações, é possível compreender porque apenas
25,31% dos Guarani que foram cadastrados pelo estudo acima citado nasceram
112
so de exploração de um mesmo domínio territorial, de um mesmo tekohá, com-
partilhando através das redes de parentesco e afinidades os recursos materiais e
simbólicos mais abundantes em termos locais. Assim como hoje entre os Mbyá,
a família extensa (kuery) seria a base da organização social no passado, porém
configurada de maneira dispersa entre vários aldeamentos dispostos na ampli-
tude do território, sendo a mobilidade espacial e a circularidade das pessoas
através da via terrestre e fluvial a principal estratégia de manutenção dos laços
sociais. Assim, os espaços escolhidos para ocupação pré-colonial se manteriam
os mesmo em função da abundância de recursos locais, justificando os padrões
nucleados de sítios observados junto a determinados compartimentos paisa-
gísticos. Estes eram os lugares de reprodução do Ñandé Rekó que ao longo de
séculos foram recorrentemente retomados pelos grupos familiares, num cons-
tante movimento de circularidade que buscava recriar o mundo cotidianamente
através do caminhar pelas terras e pelas águas do tekohá do Guaíba.
AGRADECIMENTOS
114
CAPÍTULO 5
116
ximos e com cronologia quase igual, como aconteceu com os sítios RS-LC-82 e
97. O primeiro tem numerosos restos de peixes de água doce e ausência de
peixes de água salgada. O segundo tem numerosos restos de corvina, maríti-
ma, possivelmente porque a lagoa próxima deveria ter possuído um canal que
a ligava ao oceano.
No sítio que se localiza no campo alagadiço (RS-LN-96), em área bem mais
afastada do mar e das lagoas, há muitos vestígios de veado-campeiro e cervo do
pantanal, espécie que deveria ser muito abundante neste ambiente aberto.
Os sítios pré-cerâmicos parecem representar sucessivos acampamentos
estacionais; a falta de indicadores arqueofaunísticos ligados ao período frio su-
gere que se tratam de assentamentos realizados no período quente do ano, es-
pecialmente o verão.
Os artefatos líticos, ósseos e conchíferos são inexpressivos e não atestam
ligação com os sambaquis típicos do litoral Meridional do Brasil.
Em alguns casos, sobre os estratos pré-cerâmicos ocorreram ocupações
de grupos da tradição cerâmica Tupiguarani e, eventualmente, da tradição Ta-
quara, que na maior parte das vezes ocorre em associação direta com aquela.
A bem marcada ocupação Tupiguarani sobre o RS-LC-82, assentada sobre uma
ocupação pré-cerâmica, foi datada por termoluminiscência em 563 ± 45 anos
A.P., mostrando um grande intervalo cronológico entre os dois horizontes ocu-
pacionais. Nos outros sítios em que se observa a mesma sobreposição, pode-se
supor distância cronológica semelhante, ou ainda maior, embora não tenhamos
dados concretos para afirmar isso.
Existem também sítios tupiguarani não sobrepostos a ocupações pré-
-cerâmicas, mas quase sempre associados a um componente relacionado à por-
tadores da tradição Taquara. RS-LC-80 é o mais característico deles, coberto par-
cialmente por mata de restinga e por sedimentos eólicos atuais, que encobriram
e preservaram a camada de ocupação. Uma área escavada de 64 m2 evidenciou
um horizonte de ocupação formado por uma lente contínua de moluscos mari-
nhos, especialmente Mesodesma mactroides, com espessura média de 20 cm
(ver Figura 02).
Pouco mais de 800 fragmentos cerâmicos foram encontrados neste sítio,
sendo que a maior parte deles estava diretamente associada a áreas de foguei-
ras e a buracos de estacas, que poderiam indicar o interior de uma pequena es-
trutura de habitação, de formato aproximadamente circular, com não mais que
6m de diâmetro. O vasilhame é, em geral, de tamanho mediano, com contornos
infletidos ou compostos, além de duas formas menores, de contorno simples A
maior parte possui decoração plástica, como o corrugado, o corrugado ungulado
e o ungulado; raras são as vasilhas com decoração pintada (ver Figura 03).
66 Ocupações tardias para sítios Tupiguarani são igualmente referidas nos capítulos de Bandeira,
Wagner e Milheira neste volume.
67 Para outros aspectos mais pontuais do impacto da Conquista Ibérica nas ocupações Tupigua-
rani ver capítulos de Wagner, de Dias e Baptista da Silva, e Milheira.
118
Figura 01- Mapa da região de estudo, com a localização dos sítios arqueológicos
120
Figura 03- Reconstituição gráfica do vasilhame cerâmico da tradição Tupiguarani na região de
Balneário Quintão
122
Sigla Município Utm Filiação cultural* Datações
561920
RS-LC-95 Palmares do Sul Tupiguarani (?) -
6634699
INTRODUÇÃO
126
processos conflitivos nos quais esses grupos foram envolvidos após a chegada
das populações europeias. Seguindo nesta linha, documentos históricos tam-
bém apontam para uma inserção conturbada na vida urbana pós século XVIII na
região (AL-ALAM, 2008). Atualmente, o sul do Estado do Rio Grande do Sul com-
porta alguns focos de aldeamentos Mbyá-Guarani, como a aldeia da Pacheca, no
município de Camaquã e o acampamento do Morro Farroupilha, no município
de Pelotas (LIEBGOTT, 2010).
Articular fontes arqueológicas, etno-históricas e etnográficas é um desa-
fio. Partir desta articulação e demonstrar que as rupturas históricas da história
indígena regional resultaram de um processo contínuo extremamente dinâmi-
co, complexo, multicultural e conflitivo entre o período pré e pós-contato é o
objetivo central deste trabalho. Buscaremos apresentar o panorama histórico
desde os dados arqueológicos e históricos, que demonstra uma massiva ocupa-
ção Guarani na região até a atualidade, em que a presença indígena é bastante
limitada e circunscrita espacialmente.
128
4) O quarto grupo cultural conhecido pela literatura arqueológica é com-
posta pelos Guarani. Provenientes da Amazônia habitaram a porção Meridional
da Laguna dos Patos a partir de aproximadamente 900 A. P., até a atualidade
(NOELLI, 1999-2000, 2004a). Ocuparam a região da laguna através de um pro-
cesso de expansão territorial conhecido como “enxameamento” (BROCHADO,
1984), que envolve crescimento demográfico e, consequentemente, construção
de novas aldeias em busca de novas terras cultiváveis e novos locais de caça,
pesca e coleta. Buscaram ocupar a região da Laguna em áreas mais altas com
presença de dunas e paleodunas, próximos de áreas com vegetação de Mata
Atlântica e mata de restinga. A presença dos grupos Guarani, assim como os
construtores de cerritos, foi bastante documentada na região da Laguna dos Pa-
tos e o litoral Sul do Brasil como um todo, o que nos permite construir um pa-
norama histórico dessas populações a partir da ótica do conquistador europeu.
Esse processo de conquista a partir do século XVI causou um forte impacto às
populações ameríndias da costa litorânea, gerando uma grande mudança cultu-
ral através de um intenso processo de escravização, assassinatos e violência (ver
mapa de distribuição das culturas indígenas pré-coloniais na bacia hidrográfica
da Laguna dos Patos em Figura 01).
✓ OS CERRITOS
130
nas apresentaram uma série de mudanças nos aspectos sociais e econômicos. O
aumento da temperatura mundial propiciou uma clara melhora nas condições
de vida, expressado em diminuição da mortalidade infantil e um aumento de-
mográfico. A melhora na produtividade permitiu novos complexos econômicos,
a ocupação de novos assentamentos e o surgimento de novas formas de organi-
zação social e política (os cacicados).
A construção de cerritos sugere esse aumento demográfico e ilustra cla-
ramente um processo de constante fragmentação da paisagem com estratégia
de apropriação da natureza, de controle social e gestão dos recursos. Como indi-
cadores arqueológicos desses processos de mudanças sociais em ampla escala,
observa-se que os cerritos passam a ter dimensões proeminentes na paisagem,
alcançando 5 e 6 metros de altura. Há casos em que os montículos foram es-
tendidos ou interligados por plataformas de terra, como uma espécie de terra-
plenagem (MAZZ e GIANOTTI 1999). Trata-se, portanto, da complexificação dos
espaços das aldeias, em que os montículos deixaram de ser apenas locais de
moradia sazonal, para se tornarem espaços sistematicamente cuidados e mane-
jados ao longo de sua História. Os cerritos adquiriram um status simbólico cada
vez mais importante pela sociedade, pois, além de servirem de área de moradia
e descarte de lixo, se tornaram locais de sepultamento dos mortos. Há muitos
casos, inclusive, de montículos que sugerem terem sido construídos exclusiva-
mente para a deposição ritual dos mortos.
No ambiente da Laguna dos Patos há mais de uma centena de cerritos
identificados (PERNIGOTTI e ALMEIDA, 1961. NAUE et al., 1968; 1971, SCHMITZ,
1976). Estudos realizados ainda nos anos 1970 indicaram que a ocupação dos
cerritos na Laguna dos Patos estaria relacionada à exploração sistemática dos
recursos lacustres, como peixes (miraguaia, corvina, bagre) e crustáceos como o
siri-azul. Os cerritos seriam áreas de ocupação sazonal que serviam como acam-
pamentos para pesca e exploração do ambiente lacustre nas estações quentes
do ano (primavera e verão). A tecnologia cerâmica estudada corroboraria tal
interpretação. Cerâmicas com formas simples foram tratadas em seus aspectos
funcionais como “cerâmica utilitária” (SCHMITZ, 1976), servindo de suporte para
a manipulação dos pescados - a base da dieta alimentar desses indígenas -. A
“cerâmica utilitária” seria usada de forma expediente, sem haver, portanto, a
necessidade de aprimoramentos tecnológicos e/ou estéticos nas cerâmicas. Os
instrumentos líticos também seguiriam a mesma lógica funcionalista, em que,
a simplicidade tecnológica corroboraria a interpretação de um padrão de uso
expediente, provavelmente implicando na manipulação incipiente de botânicos,
dos pescados e da caça e para confecção de outros instrumentos líticos.
✓ OS GUARANI
132
pos Guarani. Na região da Serra dos Tapes, pesquisas arqueológicas vêm sendo
realizadas desde os anos 1970, inicialmente pelos pesquisadores do PRONAPA
com o mapeamento de sítios arqueológicos e o estudo das coleções cerâmicas
dos mesmos, a fim de propor um panorama de caracterização histórico-cultural
das ocupações indígenas pré-coloniais. Poucos estudos foram feitos com relação
aos sítios arqueológicos atribuídos às ocupações Guarani, construindo-se ape-
nas uma breve caracterização desse processo histórico, fator esse que coloca as
pesquisas atuais em um patamar ainda bastante especulativo e hipotético. Ou
seja, pouco se conhece sobre a cronologia de ocupação das aldeias e a compo-
sição do território, muito pouco foi explorado no sentido de entender a articu-
lação entre as aldeias, os acampamentos, as áreas de captação de recursos e a
relação dos Guarani com outras culturas.
Devem ser destacados alguns trabalhos que nos trazem dados fundamen-
tais para o entendimento da história de ocupação regional Guarani. A pesquisa
de Carle (2002) apresenta dados sobre uma aldeia Guarani localizada no Povo
Novo, município de Rio Grande. Esse trabalho objetivou analisar o sítio numa
perspectiva sistêmica em que os artefatos e estruturas identificadas foram pensa-
dos principalmente do ponto de vista funcional. Informações densas foram gera-
das a partir dessas pesquisas como a discussão das formas de habitações e espa-
ços funcionais da aldeia. Mais recentemente, Pestana (2007) trouxe à luz alguns
dados sobre aldeias pré-coloniais Guarani localizadas na restinga da Laguna dos
Patos, RS. Além disso, o autor apresentou também um estudo tecnotipológico da
indústria cerâmica dos sítios, propondo também a possibilidade de contatos cul-
turais entre os Guarani e as demais tradições arqueológicas de grupos ceramistas
(tradição Taquara e Vieira).
No litoral norte da Laguna dos Patos as pesquisas coordenadas pelo Prof.
Dr. Pedro Ignácio Schmitz, nos anos 1990, trouxeram discussões sobre a cronolo-
gia de ocupação regional, funcionalidade dos sítios arqueológicos Guarani, dieta
alimentar, tecnotipologia, relações interculturais e estratégias de ocupação sis-
têmica do ambiente, assim como foi dada uma grande contribuição para a dis-
cussão de padrão de assentamento dos grupos Guarani no litoral (ROGGE, 1997;
1999; 2004; 2006. SCHMITZ, 2006). A descrição de sítios acampamentos tempo-
rários Guarani compostos por conchas vem problematizar as formas de assen-
tamento e o padrão de exploração lacustre desses grupos até então bastante
desconhecido pela Arqueologia. Esses estudos permitiram avançar também na
discussão de ocupação sistêmica e mobilidade regional Guarani, na medida em
que foi proposta, por essa pesquisa, a ocorrência de sítios que atendem a neces-
sidades específicas do sistema de assentamento, apresentando-se indicadores
134
(protocolo Beta 237665), cuja data quando calibrada nos dá uma idade situada
numa faixa temporal mais ampla, entre os anos 1390 a 1440 AD ou 560 a 510 AP
(MILHEIRA, 2008; MILHEIRA e ALVES, 2009). A segunda área que chama a aten-
ção situa-se ao lado da área de lixeira e compõe o piso da casa Guarani, onde
foram identificadas estruturas de combustão como fogos e fogões para cozinhar
e aquecer o espaço residencial (Figura 05). Esse espaço residencial também teve
datação radiocarbônica entre os anos 1330 a 1340 A.D. ou 620 a 510 A.P. de 510
± 40 A.P. (protocolo Beta 282128) anos, sendo, possivelmente, contemporânea
à área de lixeira (ALVES, 2012).
Se, de um lado há sítios arqueológicos intepretados como aldeias e acam-
pamentos localizados na margem da Laguna dos Patos, por outro lado, na região
da Serra do Sudeste foi identificada uma série de antigas aldeias Guarani. Em
meia encosta e topo de morro localizados na bacia hidrográfica do arroio Pelo-
tas, os sítios arqueológicos apresentam uma ampla dispersão de fragmentos de
cerâmica associados a manchas de terra preta que remetem a pisos de habita-
ção do espaço das aldeias. O sítio PSGPA-04-Ribes destaca-se nesse contexto,
extendendo-se por uma área de meia encosta alcançando aproximadamente
um raio de 250m, onde se apresentam três manchas de terra preta comumente
definidas pela literatura especializada como pisos de habitação (NOELLI, 1993).
O sítio Ribes apresentou-se com um baixo potencial de pesquisa na área
das habitações antigas, uma vez que o histórico uso da terra para plantio, a
exemplo dos demais sítios arqueológicos da mesma região, causou uma gran-
de impactação no solo arqueológico, desconfigurando o contexto de deposição.
Porém, em meio a um pequeno afloramento granítico dentro do espaço do que
seria a aldeia chamou a atenção pelo achado de uma vasilha cerâmica nos anos
1980, a qual, pelas características narradas pelo proprietário da terra sugere se
tratar de uma urna funerária. Ao averiguar o local do achado percebeu-se que
se tratava de uma fossa do tamanho de uma urna funerária e, para nossa sur-
presa, no perfil da fossa foi possível observar uma segunda vasilha. Sendo assim,
as pesquisas no sítio arqueológico tiveram seu foco deslocado para a área das
urnas funerárias, e, buscando-se um registro adequado do espaço arqueológico
realizou-se a escavação de uma área de 15m². A urna funerária escavada é uma
vasilha do tipo cambuchí guaçú, cuja borda foi fraturada por ações naturais. Esta-
va depositada em sentido vertical, com um pote do tipo cambuchí guaçú embor-
cado como tampa, que foi retirado inteiro. Fazendo parte do contexto funerário
ainda havia uma vasilha do tipo ñaetá acima da urna, provavelmente depositado
ali como oferenda no ritual de sepultamento (Figura 06). Em seu interior não foi
identificado qualquer tipo de vestígio de esqueleto humano nem mesmo carvão
que pudesse gerar uma amostra para datação, logo, a única possibilidade de data-
69 Esta interpretação desconsidera, num primeiro momento, a possibilidadede que tais tipos de
rochas sejam identificáveis em cascalheiras de grandes rios com energia suficiente para trans-
postar estas matérias-primas em forma de seixos do interior do Rio Grande do Sul até o litoral,
ou mesmo, que ocorram afloramentos de tais matérias-primas mais proximas do litoral do
que estamos propondo. Entretanto, estamos lidando com uma lacuna em termos de dados
geológicos robustos que permitam inferir o contrário, ou seja, a ausência de uma descrição
sistemática dos afloramentos litológicos litorâneos e das cascalheiras nos grandes rios que
deságuam na Laguna dos Patos impede que tenhamos uma noção mais clara das práticas de
aprovisionamento de rochas.
136
do litoral que podem ser entendidas como indicadoras do processo de anexação
territorial em operação pelos Guarani em torno do século XVI.
Este modelo de interpretação adéqua-se ao modo de organização territo-
rial dos grupos Guarani, tema este bastante discutido pela literatura especializa-
da. Segundo autores como Noelli (1993), Assis (1996) e Soares (1997), a organi-
zação territorial Guarani constitui-se a partir de diferentes dimensões espaciais,
desde a casa ou oka, onde reside a família nuclear; a aldeia ou amundá, onde
reside a família extensa ou teýy; o conjunto de aldeias inseridas em um territó-
rio ou teko’á e o conjunto de teko’á que forma um território amplo, como uma
nação, guará. Por definição, o teko’á se constitui como o conjunto de aldeias
(amundá) e acampamentos (tapýi)70, interligados por caminhos (piabirú), com-
pondo um território de domínio e influência simbólica, limitado por acidentes
geográficos como rios, morros, arroios etc.. Esses limites, além de serem defi-
nidos pelos aspectos simbólicos são também estabelecidos através das alianças
políticas que determinam graus de prestígio e status social nas relações entre
aldeias. É a dimensão espacial que permite a plenitude da vida Guarani em seus
aspectos econômicos e simbólicos. Ou seja, é na amplitude de vivência e consti-
tuição do teko’á que os indivíduos e os coletivos Guarani podem desenvolver seu
modo de ser, adquirir, aprender e reproduzir o ñande rekó (o ethos). Do ponto
de vista econômico o teko’á pode atingir, segundo Noelli (1993), um raio de 50
km, abrangendo neste espaço vários tipos de ambientes, cujas características
físicas e os pontos estratégicos para exploração de seus recursos seriam mapea-
dos frequentemente pelos grupos, constituindo as partes do território.
Trazendo os dados apresentados para a discussão sistêmica do conjunto
de sítios Guarani da margem área de estudo, podemos inferir que os mesmos se-
jam elementos de um teko’á que se articula entre a região litorânea e serrana. O
teko’á do arroio Pelotas, como denominamos o território de domínio estudado,
abrangeria então uma área de pelo menos 35 km de raio, havendo duas porções:
a) A serra, onde se encontram aldeias em áreas de topo de morro e meia
encosta. Nesta região, os Guarani poderiam desenvolver com plenitude suas
formas de cultivo, diversificando sua dieta alimentar, complementando, possi-
velmente, com recursos lacustres provenientes do litoral, através de uma esfera
de interação de bens e alimentos, operada pelas relações de mutualidade entre
parentes e chefias que integram o território de domínio. Na serra, devido ao
70 Denominados pelos Guarani como tapýi (NOVAES, 1983; ASSIS, 1996), estes acampamentos se
localizavam geralmente às margens dos rios, córregos e lagoas e eram ocupados sazonalmen-
te. Eram bastante simples em suas estruturas arquitetônicas e eram usados como estruturas
auxiliares para o controle dos recursos na paisagem, para coleta de moluscos e manipulação
de alimentos, recursos estes utilizados para o abastecimento da aldeia.
138
Evidentemente estas denominações devem ser problematizadas, pois apresen-
tam classificações regionais forjadas pelos europeus, seguindo uma lógica euro-
cêntrica e generalista para com as parcialidades indígenas. Aliás, grande parte
dos relatos e narrativas realizadas pelos europeus, a partir do século XVI foram
realizados por militares e clérigos, ambas as classes interessadas na conquis-
ta territorial e religiosa, respectivamente. Neste sentido, as classificações das
culturas humanas do “Sertão do Patos” (MONTEIRO, 1992), como fora descrita
inicialmente esta região, foram realizadas a fim de tecer um panorama genérico
dos “gentios”, em que constassem suas fraquezas, habilidades, modo de vida e
organização social, religiosidade e crenças, dispersão territorial, tecnologias, es-
tratégias e capacidade de guerrear. Neste sentido, as denominações comumen-
te associadas às populações de grupos falantes da língua Tupi-Guarani: Tapes,
Tapuias, Patos, Carijós e Arachãnes, etc., devem ser entendidas como genera-
lizações culturais estereotipadas que atenderam às necessidades dos conquis-
tadores em operar uma lógica belicosa e moralista. Não são denominações que
permitem, de um ponto de vista antropológico, compreender plenamente as
parcialidades culturais e étnicas dos coletivos humanos, trazendo apenas um es-
pectro dos povos ameríndios que habitaram a Serra do Sudeste e as margens da
Laguna dos Patos. Além da generalização das parcialidades, sistematicamente a
documentação histórica do século XVI em diante traz o termo “índio”, categoria
esta que vai sendo homogeneizada paulatinamente nos censos regionais e que
dificulta, ao ofício do historiador, de compreender o papel e a contribuição de
cada etnia em particular no processo histórico regional. Ou seja, fica cada vez
mais difícil saber se os documentos falam dos Guarani ou dos Charrua-Minuano,
uma vez que o termo “índio” passa a ser comumente utilizado. Isso implica em
afirmar que a História Guarani, por excelência, confunde-se ou integra-se a uma
História indígena regional.
A paisagem do município de Pelotas é bastante representativa da presen-
ça indígena. Termos como arroio Pelotas, Serra dos Tapes, e Laguna dos Patos,
denotam a nomeação das localidades e acidentes geográficos, apontando a im-
portância dos grupos indígenas como ocupantes da região. O próprio termo Pa-
tos que dá nome à laguna, possivelmente resulta da ocupação dos índios Patos.
Sobre isto Ihering (2003 [1907]), em seu clássico texto onde articula fontes his-
tóricas, como o artigo de Félix F. Outes: “El puerto de los Patos”, em que repro-
duz vários mapas antigos do Brasil e Paraguai com indicações sobre as diversas
parcialidades indígenas, aponta a relação entre o nome da Lagoa e a “tribo dos
Patos”, grupos de origem Guarani que, assim como os Carijó, teriam habitado o
litoral Sul-brasileiro. Esse estudo foi apresentado pelo autor de maneira incon-
140
auxiliou na formação de duas defesas à margem do canal São Gonçalo: uma no
passo da Mangueira e outra no arroio. Na manutenção dessas defesas Cristóvão
Pereira envolveu-se em lutas contra os Tapes, conforme as crônicas de Simão
Pereira de Sá:
“Os tapes mais escandalizados que temerosos entraram por vingança a
afugentar e debandar o gado vacum, que cobria a fertilíssima campanha [...]
e com tanta fortuna que cabendo mais de cem tapes a cada português, [...].
Abalizaram meia légua de terra a seu costume bárbaro para a escaramuça, e
com todas as vantagens, brandindo as lanças, entraram na peleja, que não foi
refutada dos nossos, por não perderem fugindo, o que havia ganho pelejando.
Depois de durar largas horas a batalha, perderam terreno e, feridos das nossa
espadas, conheceram os perigos e se retiraram com tanto medo e confusão
que nos deixaram com os mortos um importante despojo de cavalos, gado
e bestas muares, o que tudo foi com muitos prisioneiros ao alojamento do
Coronel, o qual honrou o valor com boas palavras e estimou a vitória por nos
custar o excesso, e desigualdade, só sete feridos e um morto.” (PEREIRA DE SÁ,
1969, p. 101 apud GUTIERREZ, 2001).
Através das incursões, os Tapes eram capturados e escravizados e, Segun-
do GUTIERREZ (2001), trabalhavam nas diversas construções que se executavam
no canal de Rio Grande e entorno. Foram usados na construção de dois núcleos
populacionais distintos erguidos entre 1738 e 1749: o do Porto (atual cidade de
Rio Grande), onde se situava o forte Jesus-Maria-José e algumas moradias; e o
do Estreito.
Em 1758, foi doado o rincão de Pelotas a Tomaz Luiz Osório, por seus feitos
na guerra Guaranítica, onde foram implantadas sete charqueadas, seis na margem
esquerda do arroio Pelotas e uma na Laguna dos Patos. O rincão possuía os seguin-
tes limites naturais: Laguna dos Patos; sangradouro da Mirim, atualmente chama-
do de canal São Gonçalo; arroios Pelotas e canal Correntes. Porém, a implantação
do núcleo saladeril só se deu a partir de 1780, após a expulsão dos espanhóis
(1763-1776) e do tratado de Sto. Ildefonso (1777) (GUTIERREZ, 2001, p. 41). Em
1780 a região de Pelotas é cotada para receber a Real Fazenda, devido às suas qua-
lidades em termos de recursos naturais e pela presença de índios que poderiam
ser usados como mão-de-obra: Sobre esta região o secretário da junta da Fazenda
do Rio Grande do Sul de 1775, Sebastião Francisco Bettamio fez 29 observações:
Nota-se, com este breve histórico dos séculos XVIII e XIX, que envolvem
a formação de Pelotas e seu desenvolvimento urbano que os grupos indígenas
passaram por uma série de rupturas culturais, sendo forçados a abandonarem
seus locais de moradia tradicional, que foram mapeados arqueologicamente,
para servirem de mão-de-obra nas estâncias de gado e construção dos povoa-
dos formados a partir do século XVIII. Além do uso dos indígenas “locais”, era
comum que indígenas aprisionados em outras regiões do Brasil fossem trazidos
para incorporarem a mão-de-obra local e a defesa das povoações (NAUE et al.,
1971; MONTEIRO, 1992; NOELLI, 1999-2000).
Juntamente à perda territorial por parte dos grupos indígenas houve
uma queda demográfica brutal na região registrada no início do século XIX. Um
censo que demonstra o baixo número de indígenas na região foi apresentado
por Saint Hilaire, quando de sua visita à Capitania do Rio Grande do Sul (atual
município de Rio Grande). Informado pelo cura da paróquia de Rio Grande, esta
capitania teria em 1819: “5.125 indivíduos, a saber: 1.195 brancos, 1.388 bran-
cas, 17 índios, 26 índias, 61 mulatos livres, 98 mulatas livres, 32 negras livres, 38
negros livres, 1.391 negros e mulatos escravos, 879 negras e mulatas escravas”
(SAINT-HILAIRE, 2002 [1887], p. 77). Esses números podem ter sido limitados à
contagem de pessoas na área limítrofe da zona urbana em formação, sendo as
comunidades indígenas interioranas descartadas do censo.
Em função das datações arqueológicas em cerritos localizados no municí-
pio de Rio Grande apresentarem ocupações em torno de 200 A.P. e pela grande
quantidade de vestígios arqueológicos regionais, esperaríamos uma quantida-
de maior de indígenas recenseados. Essa projeção, logo, demonstra que há um
descompasso bastante claro entre os dados arqueológicos e os dados históricos.
Escravizados, aprisionados, fugitivos e utilizados como mão-de-obra,
os indígenas que sofreram a esse processo de violência étnica passaram a en-
grossar a massa de pobreza da cidade de Pelotas, somando-se a homens livres,
negros fugidos e alforriados. É interessante notar que já no século XIX há um
142
aumento considerável de investimentos da administração pública na cidade de
Pelotas, quando esta ainda era a Vila São Francisco de Paula, para a manutenção
da ordem social e urbana e controle dos “criminosos”, categoria esta em que
muitos indígenas foram enquadrados. Um ofício da Câmara relata ao Presidente
da Província que uma força de 457 soldados na ativa e 95 na reserva formavam
a Guarda Municipal (AL-ALAM, 2008, p. 65). Nota-se com isso um aumento no
interesse em controlar os “criminosos”, que seriam, de acordo com a Câmara
“homens da fronteira, pessoas desconhecidas, e escravos” (AL-ALAM, 2008, p.
66). O investimento só aumenta com o tempo. Em 1840-50 já se fala de um cor-
po Policial e não mais uma Guarda Municipal que se soma à Santa Casa de Mise-
ricórdia de Pelotas como aparelhos de manutenção do poder e da ordem social,
pois: “um dos maiores objetivos destas instituições seria o de tirar de circulação
das ruas os indesejados, os desordeiros, os pobres” (AL-ALAM, 2008, p. 85).
A Casa de Correção Pelotense localizava-se à beira do arroio Santa Barbara,
na zona da “Cerquinha”, assim como a forca que fora constituída na antiga Praça
das Carretas (atual Praça Vinte de Setembro ou, como ela é conhecida popular-
mente: Praça dos Enforcados), estabelecida ali em 1850, próximo de onde foram
registradas aldeias indígenas ainda no século XIX. Esta região recebeu investi-
mentos municipais, conforme CASTRO (1944):
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
Após esse relato histórico que procuramos traçar nesse texto, em que
fica claro que as relações conflituosas entre os ocupantes do velho mundo e as
144
populações indígenas foram bastante intensas do ponto de vista da violência
física e moral, não surpreende que o sul do Estado do Rio Grande do Sul tenha
se tornado uma região onde a presença indígena foi “silenciada”. Por silencia-
mento entendemos não somente que as vozes indígenas foram caladas, pois,
atualmente, poucos são os indivíduos que se identificam como índios e buscam
seus direitos, mas, além disso, o silêncio a que nos referimos, diz respeito tam-
bém à historiografia tradicional que insiste em desconsiderar a contribuição das
populações indígenas no processo histórico regional.
Como dito na primeira parte do texto, os livros de História regional quan-
do se referem às populações indígenas os apresentam de uma forma extrema-
mente resumida, raramente ultrapassando as duas ou três primeiras páginas in-
trodutórias71. O índio é tratado nestes textos como o habitante original da terra,
o selvagem, o bravio. Romanceado, o índio se torna um personagem que atua
apenas no primeiro ato da peça histórica, cuja participação consiste em arrumar
o palco e abrir as cortinas para o teatro da civilização - que se inicia no segundo
ato. Basta um breve olhar sobre a historiografia tradicional para vermos trechos
que reforçam nossa argumentação, que relega o elemento indígena a um segun-
do plano no processo histórico pampeano.
Em seu livro intitulado “Sociogênese da Pampa Brasileira”, datado de
1927, o historiador renomado Fernando Osório escreveu o que podemos cha-
mar de um tratado sociológico que narra a epopeia da formação da “raça” gaú-
cha, a qual se fundamenta, sobremaneira, nos atos heroicos de indivíduos eu-
ropeizados, cuja força e bravura teriam sua origem na capacidade belicosa dos
portugueses e espanhóis. Aos indígenas, na narrativa do autor, coube apenas
sua função em servir de mão-de-obra e como peão de guerra: “[...] em nenhum
outro território americano teve o índio, como no Rio Grande, incorporado es-
pontaneamente a função social que exerceu, ao cabo de decênios nas milícias e
no cenário das estâncias” (OSÓRIO, 1927, p.41-42).
Após servir “espontaneamente” em sua função social em “defesa da Pá-
tria Brasileira”, como quer o autor, o indígena lentamente deixa a cena social em
prol da arianização da “raça gaúcha”:
“Proclama-se, ainda hoje, que nenhum desequilíbrio étnico apresenta
o Rio Grande, cujos habitantes são os mais arianizados do Brasil, bem como
o fato, aqui insofismável, da tendência, para a homogeneidade, com o predo-
mínio das características nacionais, brasileiras, nos grandes grupos que repre-
71 Por exemplo, ver os títulos que versam sobre a formação da cidade de Pelotas, cujas obras são
frequentemente citadas na historiografia tradicional: Magalhães (1993, 2000) e De León (2011
[1993]).
146
ações patrimoniais e de memória da administração pública da cidade de Pelotas,
cujo desinteresse pela História indígena é evidente pela ausência da temática
indígena em todas as festividades e datas históricas.
Esta postura referente às populações indígenas não ficou limitada ao
campo da disciplina de História ou ao espaço dos museus, mas permeia todo o
campo das humanidades, inclusive a própria Arqueologia. O termo pré-história
foi levado a cabo no Brasil, tendo sido incorporado de forma incisiva no cabe-
dal teórico desenvolvido pelos arqueólogos, sobretudo, com a implantação do
Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas (PRONAPA). Com a instituição
desse programa no Brasil entre os anos 1965-70, os princípios teóricos histórico-
-culturalistas tornaram-se hegemônicos e seus adeptos viram nesta proposta
generalista e empirista uma estratégia adequada para o desenvolvimento da
pesquisa arqueológica no Brasil. O viés político do programa, que assumia ares
de neutralidade, veio a formar um grupo de arqueólogos que, de certa forma,
desvinculou o fazer arqueológico das discussões indigenistas da época.
Além dos aspectos institucionais e políticos, um problema preocupante
do programa foi o modelo de organização do conhecimento gerado a partir dos
trabalhos de campo e laboratório. O esquema de generalização do processo de
ocupação foi definido através dos conceitos de tradições e fases. A organiza-
ção desses conceitos empiricamente elaborados promoveu uma ruptura entre
o registro material das culturas indígenas pretéritas e presentes. Nesse sentido,
as tradições e fases desvincularam, por exemplo, os Tupi-Guarani pré-coloniais
dos Tupi-Guarani pós-coloniais. De forma explícita, foi pensada uma dissociação
entre cultura material e língua, nomeando-se a Tradição Ceramista Tupiguarani,
que passou a ser escrita sem hífen, em contraposição à língua Tupi-Guarani que
continuaria a ser escrita com hífen. Essa perspectiva está relacionada ao pres-
suposto de que o registro material proveniente dos sítios arqueológicos “pré-
-históricos” não teria correlação necessária com as populações indígenas do pe-
ríodo pós-contato, propondo-se, portanto, a desarticulação da História indígena
através do isolamento de dois períodos - anterior e posterior ao contato - sem
levar em consideração a continuidade histórica, pois, conforme Noelli (2008): “O
princípio norteador da Tradição Tupiguarani não tem por objetivo estabelecer a
continuidade entre contextos arqueológicos e culturais, seguindo o pressuposto
‘tratar a cultura de uma maneira artificialmente separada dos seres humanos’,
enunciada por Meggers (1955, p. 129)” (Noelli, 2008, p. 23).
A herança teórica que adquirimos foi, portanto, a constituição de mo-
delos interpretativos desprovidos de significado histórico-social, visto que as
análises descritivas e empiristas, baseadas em procedimentos comparativos de
72 Segundo Noelli e Ferreira (2007), o “degeneracionismo” diz respeito ao modo como as so-
ciedades indígenas foram compreendidas no processo histórico brasileiro e mesmo latino-
-americano. A degeneração social e cultural indígena foi uma premissa teórica clara entre os
cientistas dos séculos XIX e XX, que viram, em primeiro plano, na estrutura cultural indígena
148
Esta visão descontinuista passou a ser questionada somente nos anos 1980,
quando uma forma nova de pesquisa em Arqueologia passou a tomar corpo
no cenário nacional brasileiro. Com uma perspectiva histórica vertical que busca
uma relação direta entre as populações ameríndias do período pré e pós-contato,
a tese de Brochado (1984), pode ser considerada um marco referencial para uma
nova abordagem arqueológica, o que fica claro nas palavras do próprio autor:
“Gostaria, nesta tese, de contribuir no sentido de que as futuras histó-
rias da América pré-colombiana possam oferecer uma visão mais integrada e
significativa do que a mera descrição de formas culturais e do seu arranjo em
sistemas de referência geográfica e cronológica. Portanto, a primeira coisa que
considerarei aqui é que a Arqueologia do leste da América do Sul deve ser vista
como a pré-história das populações indígenas históricas e atuais. Se não forem
estabelecidas relações entre as manifestações arqueológicas e as populações
que os produziram, o mais importante terá se perdido. Assim, as conotações
etnográficas das tradições e estilos não devem ser evitadas, mas, pelo contrário,
deliberadamente perseguidas” (BROCHADO, 1984, p. 1).
Neste contexto de descaso teórico concretizado em uma perspectiva des-
continuísta da história indígena Guarani e de silenciamento das vozes dos nativos
na historiografia tradicional os ameríndios persistem. Ocupando apenas limita-
das porções de terra que não garantem nem mesmo as condições mínimas de
subsistência, uma vez que as terras indígenas são desprovidas de água potável
e saneamento básico; são localizadas em regiões onde os recursos hídricos são
contaminados e poluídos e sem as matas para a garantia do sustento, limitando a
plenitude da vida Guarani. Em suas terras, segundo Liebgott (2010), dependem de
políticas assistencialistas das esferas de governo municipal e/ou estadual e, sendo
relegados a um plano marginal também pelas políticas públicas nacionais, embora
a constituição de 1988 seja muito clara quanto aos seus direitos.
O silenciamento às vozes coincide com o apagamento das fontes históri-
cas escritas e materiais da presença indígena na região, pois, além dos vestígios
arqueológicos sistematicamente destruídos em nome do “progresso”, os docu-
mentos escritos raramente são conservados, contribuindo para a amnésia social
e histórica, como comenta Al-Alam (2008, p. 95):
o cerne da involução sócio-cultural a que esses se mantinham e, em segundo plano, nas bar-
reiras ambientais, o empecilho ao desenvolvimento sócio-cultural. Além da análise epistemo-
lógica, o que preocupa ainda mais os autores é que essa premissa ainda circula na produção
acadêmica contemporânea, sendo necessário degenerar a teoria degeneracionista.
Figura 01- Mapa da região sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Destaque para a região das
bacias hidrográficas da Laguna dos Patos e Lagoa Mirim com a localização dos sítios
arqueológicos das diferentes culturas indígenas.
150
Figura 02- Quadro cronológico da ocupação dos grupos construtores de Cerritos e dos grupos
Guarani na região da Laguna dos Patos. Elaboração: Tiago Attore.
Figura 03- Mapa do município de Pelotas com a localização dos sítios arqueológicos Guarani e
dos construtores de cerritos.
Figura 05- (a) Contexto de escavação do piso de habitação da aldeia Guarani do sítio PS-03-Totó,
datado de 510 ± 40 AP; (b), (c), (d) artefato lítico e fragmentos de vasilhas cerâmicas de uso quotidi-
ano; (e), (f), (g) contexto da estrutura de lixeira, datada de 530 ± 40 AP, localizada à beira do arroio
Totó, lindeira à habitação. Fotos: Aluisio Gomes Alves.
152
Figura 06- Contexto da estrutura funerária escavada no sítio aldeia Guarani denominado
PSGPA-04-Ribes, datada de 510 ± 70 AP. Foto: Rafael Milheira
Antonio Lezama73
María Farías Gluchy74
INTRODUCCIÓN
156
El resultado de la aplicación del paradigma difusionista fue la percepción
de una entidad étnica homogénea expresada en la presencia de elementos de su
cultura material y pautas de comportamiento comunes, obviando o colocando
en segundo plano toda heterogeneidad. Existe una amplia gama del registro
arqueológico que aparece claramente sub representados u obviados en ellos
resultados de la indagación arqueológica, como por ejemplo el patrón espacial
de asentamiento, la estructura intra-sitio, la industria lítica y ósea, variabilidad
en el tratamiento de los muertos, entre otros, que deberían ser evaluados con
mayores detalles. Este estilo de vida guaraní, además es concebido sin mayores
modificaciones o congelado a lo largo de cientos o miles de años.
Más recientemente, a partir de la década del sesenta del siglo XX, e desarrollo
de los enfoques funcional y procesual de los datos arqueológicos por parte de
los académicos estadounidenses, representó una sustitución del interés por la
etnicidad a cambio de una renovada preocupación por como operaban y cambiaban
las culturas prehistóricas. Una despersonalización del pasado a favor de los procesos.
Se considera que este cambio de paradigma no brindó a la arqueología las
suficientes herramientas teóricas-metodológicas para que aportasen mayores
reflexiones. El tema guaraní tiene una enorme complejidad, donde cada uno de
sus enunciados constituye por sí mismos un desafío a la heterodoxia.
La complejidad del estudio de lo “guaraní” hace que para su comprensión,
sea necesario deconstruir su propio concepto. Esta desconstrucción exige
una complementariedad entre distintas formas de relecturas, aquellas que
provienen de los conceptos que hacen al plano arqueológico como las que
nacen desde la etnohistoria.
Para esta propuesta proponemos, en primer lugar, la revisión de los
conceptos de estilo/etnia, estilo/función, que forman parte de la construcción
e interpretación arqueológica de los restos identificados como guaraníes y en
segundo lugar una revisión de la información etnohistórica, realizada desde una
perspectiva regional y tratando de detectar en ella aquellas tendencias de “larga
duración” (en el sentido braudeliano) que allí se manifiestan.
158
evolutivas subyace el principio costo-beneficio. La confección eficiente de
un artefacto para una finalidad o finalidades dadas estará pautada por
determinadas restricciones (ej. tecnológicas, forma, función, etc.). No obstante
existe cierto umbral de variabilidad, es decir un artefacto pensado para una
función o funciones determinadas puede ser llevado a cabo de distintas maneras,
la variación dentro de este umbral es la que ha sido definida como estilística.
Todo lo que queda fuera de lo tecnofuncional es el estilo, el cual cumple roles
funcionales pero dentro de otro orden: ideofuncional y sociofuncional
Binford define el estilo como un residuo e independiente de las
variaciones funcionales y tecnológicas (BINFORD, 1965, p. 199). Los seguidores
de la “nueva arqueología” reconocen que los artefactos expresan la ideología,
la sociedad y la tecnología de quien fabrica un artefacto (MCPHERSON, 1997),
pero el estilo (que serían un elemento no adaptativo) no interesa en el análisis.
El desarrollo de los enfoques funcional y procesual de los datos
arqueológicos representó una sustitución del interés por la etnicidad, a cambio
de una nueva preocupación por como operaban y cambiaban las culturas
prehistóricas. Una despersonalización del pasado a favor de los procesos.
Robert Dunnell asienta las bases del evolucionismo neodarwiniano en
su artículo “Evolutionary theory in archaeology” (1980). Este autor planteó
la existencia de la dicotomía entre estilo y función desde una perspectiva
evolucionista y procesualista. Hace esta diferenciación conceptual pues las
funciones de los artefactos pueden ser definidas en términos de procesos
evolutivos, mientras que en el estilo solo participan procesos estocásticos
Dunnell (1978) define al estilo como elementos de diseño adaptativamente
neutral, cuya función es la de transmitirla a la información social si es funcional.
Con relación a la discusión sobre el tema de donde reside el estilo, el autor señala
que es en cualquier elección que no tenga efecto en la adaptación genética del
grupo de referencia. De acuerdo a Dunnell los rasgos que posen valor selectivo a
través del tiempo pueden depender de la selección natural o de un conjunto de
condiciones exteriores. Los rasgos que son adaptativamente neutros poseen un
comportamiento diferente: su frecuencia no puede ser directamente estimada
en términos de selección o de contingencias externas, pero si proceder de
procesos aleatorios (O’BRIEN e LEONARD, 2001, p. 1-23).
Para el pos-procesualismo el estilo es una forma referencial de hacer y de
ser (HODDER, 1982). El estilo desempeña un papel activo en las estrategias sociales
debido a su contenido simbólico, tiene función en la reiteración del sistema de
creencias social e individual así como de la autoexpresión y la expresión grupal.
Se expresa en las características codificadas de forma y contexto. Para esta
160
La autora considera que hay por lo menos dos aspectos distintos dentro del
estilo y cada uno tiene diferentes referencias y diferentes tipos de información,
generan distintos modelos de variación y por lo tanto requieren distintos tipos
de análisis (op. cit.). Distingue entre “estilo emblémico (emblemático) y “estilo
asertivo”. Define al estilo emblémico como la variación formal de la cultura
material que tiene un referente diferente y transmite un claro mensaje a un
sector definido de la población en relación con la conciencia de afiliación e
identidad. Tiene una distribución inequívoca y discreta (op. cit.).
El estilo asertivo es definido como la variación formal en la cultura
material, la cual es personal y basada en la información que soporta la
identidad individual.
La postura de Wiessner se piensa que presenta grandes dificultades
para separar los atributos estilísticos que contengan información social y
aquellos que señalan diferencias o semejanzas personales principalmente en
el registro arqueológico.
Sacket por su parte define al estilo como inherente a la elección de
los grupos dentro de un amplio espectro viable y alternativo de acabar algo
funcional. El estilo es una variación isocréstica (isochrestico) (SACKET, 1986)
por lo tanto reside en todos los aspectos de la variedad del artefacto, incluso
en aquellas dimensiones en las cuales aparece como explícitamente funcional
(JONES, 1997, p. 121).
El concepto de estilo isocréstico es opuesto a la utilización deliberada
de estilo, describiendo la selección que hace el hacedor del instrumento entre
las opciones disponibles siempre que no afecten la función de la herramienta.
Se asume entonces que algunas de estas variaciones isocrésticas pueden
correlacionarse con lo étnico.
Sackett argues that style resides in the choices made by artisans,
particularly choices that result in the same functional end. He calls the results of
such choices isochrestic variation, variants that are “equivalent in use” (SACKETT,
1982 apud HEGEMON, 1992, p. 522).
En los abordajes neoevolucionistas la dicotomía estilo-función, etnia-
estilo han sido discutidos ampliamente. Para esta corriente no todo la similaridad
es producto del mismo proceso (LEONARD, 2001).
Los autores de esta postura hacen una distinción entre las similaridades
que corresponden a procesos homólogos y las que tienen procesos análogos.
Los homólogos: son producto del relacionamiento histórico y los análogos son
el producto de respuestas similares para condiciones similares o convergencia
evolutiva (LEONARD, 2001, p. 65-97). El problema del arqueólogo es saber cuales
162
formas y estilos culturales distintivos utilizados en la señalización de los límites
étnicos no es arbitraria. Por el contrario, la expresión autoconsciente de la
etnicidad a través de la cultura material se vincula al carácter estructural del
habitus75, el cual se infunde en todos los aspectos de las prácticas culturales y de
las relaciones sociales que caracterizan una modalidad particular.
75 La pertenencia a una clase subalterna supone el uso y consumo de elementos simbólicos que
definen a ese sector social. También es inherente la producción y resemantización de los
signos que forman parte de la cultura de las personas. Bourdieu explica este fenómeno con la
noción de habitus, que se constituye por el conjunto de aprendizajes que se interiorizan en el
individuo y que reproducen lo social. El habitus es una parte fundamental de la pertenencia
a un sector social, junto con su ubicación en el modo de producción. Claro que puede ser
modificado por circunstancias internas o externas al individuo, aunque para Bourdieu el con-
sumo de signos entra en el campo de la estética popular, caracterizada por el pragmatismo y
el funcionalismo, y le da preeminencia a la clase dominante como “el lugar por excelencia de
las luchas simbólicas” (BOURDIEU, 1990, p. 30).
76 En oposición a homólogo.
164
En la América Meridional Atlántica el paquete tecnológico alfarero
atribuido con exclusividad a la marca étnica guaraní estaba disponible para
quien lo requiriera. Dependía de ciertas circunstancias adaptativas el utilizarle o
no, siendo un tecnología más eficiente que otras por su durabilidad, ahorro de
combustible, y compatibilidad con tamaños de contenedor mayores, entre otras
ventajas. El punto de vista que sostiene esta argumentación explora alternativas
al axioma que sostiene que determinados atributos de los conjuntos alfareros
pueden ser considerados apriorísticamente como marcas étnicas.
Existieron indiscutibles vínculos y conexiones históricas y físicas entre los
grupos humanos de esta porción del continente, sin embargo, estos complejos
procesos aparecen simplificados tras la búsqueda de las rutas de difusión de una
cierta etnia expansiva que a su paso sustituye o margina a otros grupos étnicos.
La introducción de una duda permite interrogar al registro hacia otras posibles
interpretaciones, derivadas fundamentalmente de una percepción más compleja
de la mutación permanente de los grupos étnicos y de sus interacciones.
Es significativo mencionar que ya en la década del 50 Serrano mencionaba
la posibilidad que el corrugado fuera una técnica anterior ya existente, a la
estructuración cultural de los guaraníes.
La cerámica guaraní es lisa, pintada o corrugada. La segunda de ellas es la
más característica y constituye por sí sola el índice de más alto valor para afirmar
la presencia de la cultura guaraní. La cerámica corrugada tiene casi el mismo
valor pero su presencia en culturas que no son guaraníes hace pensar que esta
técnica del corrugado sea anterior a la estructuración cultural de los guaraníes
(SERRANO, 1952, p. 128).
También Menghin (1957) advierte que la impresión corrugada es de
filiación preguaraní, de un sustrato panamazónico que fue adaptado y muchas
veces conservado por otras entidades. Menciona que se halló cerámica corrugada
en sitios diferentes y en momentos cronológicamente tempranos para el NW
Argentino, planteando una génesis también distinta (CAGGIANO, 1991, p. 131).
Con las apreciaciones de Menghin se plantea nuevamente el problema
cronológico. No hay dataciones suficientes para verificar si el corrugado es
anterior o no a las formas clásicas pintadas de los guaraníes. De la misma manera
no tenemos fechados para los ceramios pintados “guaraníes” en el Uruguay que
se han hallado con poca frecuencia (ACOSTA Y LARA, 1979).
De hecho, falta una base de datos, no existen dataciones para confirmar
o no la antigüedad del corrugado en el Rio Uruguay ni en el delta del Paraná.
La datación más antigua que se tiene es de 1030 D.C. en territorio misionero
procedente del sitio Panambí (SEMPÉ, 1988 apud CAGGIANO, 1990, p. 429).
166
a nivel tecnológico induce transformación social o es al contrario los cambios
sociales son los que demandan una nueva tecnología.
LA NAVEGACIÓN INDÍGENA
168
se cruel guerra uns aos outros por mar; onde se davam batalhas navaes em
canôas” (SOARES DE SOUSA, 1938, p. 362). Cuando Francisco de Mendoza llega
al río Paraná, viniendo desde el Perú en 1543, le salen al encuentro “300 canoas
de indios” quienes “comenzaron a levantar las palas en alto en señal de amistad”
(DÍAZ, 1836, p. 70).
La construcción de embarcaciones implicaba una actividad económica
destacable en el contexto de una economía con una mínima acumulación de
esfuerzo social; llegando a utilizarse como medio de pago. Sebastián Gaboto, en
1527, fue informado por Francisco del Puerto como “los chandules (guaraníes)
que son indios desta mesma jeneración questan sesenta o setenta leguas el
paraguay arriba” obtenían los metales preciosos trocándolos por “quentas e por
canoas” (RAMÍREZ, 1528 apud RELA, 2001, p. 111).
Existían distintos tipos de embarcaciones indígenas. Normalmente eran
canoas monoxilas, fabricadas con un solo tronco, llamadas “igará”. Varnhagen
realiza numerosas observaciones sobre la actividad naval de los indígenas y señala
que algunas eran enormes, remadas hasta por 60 hombres, pero que “outras
vezes era só uma cortiça de arvore, com pontaletes no meio, e apertada com
cipós, para ficar convexa, e lhes chamavam ubás” (VARNHAGEN, 1927, p. 38).
Capistrano de Abreu, por su parte, describe otro tipo de embarcación
empleado en la costa norte del Brasil, construida con paja, lo que nos está
mostrando una variedad de tecnologías que a su vez son reflejo de la inversión
en comunicación realizada por estas sociedades: (las embarcaciones eran), de
uma palha comprida como a das esteiras de tabúa que fazem em Santarem, a
que elles chaman periperi, a qual fazem em molhos muito apertados com umas
varas como vimes [...] com estes molhos atados em umas varas grossas, faziam
uma feiçao de embarcaçoes, em cabiam dez a doze indios, que se remavam muito
bem [...] muitas vezes fazerem os Caetés dessa palha tamanhas embarcaçoes
que vinham nellas, ao longo da costa, fazer seus saltos aos Tupinambás junto da
Bahía, que sao cincoenta leguas (VARNHAGEN, 1927, p. 38).
También el francés Jean de Léry, quien residiera en 1557-58 en el
establecimiento francés de Río de Janeiro hizo observaciones sobre las
características de las embarcaciones indígenas y su utilización. Destaca la
capacidad de las canoas, que podían contener hasta cincuenta personas y la
técnica de navegación de cabotaje:
Cuando van por el agua (lo que hacen seguido) costeando siempre la
tierra y sin entrar mar adentro, se acomodan en sus barcas que denominan Ygat,
las cuales (son) fabricadas cada una de ellas de una sola corteza de árbol, que
pelan expresamente de arriba hacia abajo a esos efectos, son sin embargo tan
grandes, que cuarenta o cincuenta personas pueden caber en una de ellas. Así
170
desde el Amazonas hasta el Plata y desde el Atlántico hasta los contrafuertes
andinos. Por ejemplo, en la carta que Luis Ramírez - miembro de la expedición
de Gaboto- dirige a su padre en 1528 desde la desembocadura del San Salvador
en el Río Uruguay, en el “puerto de las naos”, leemos:
[…] aquí con nosotros está otra generación que son nuestros ami-
gos los cuales Se llaman guarenis y por otro nombre chandris es-
tos andan derramados por esta tierra y por otras muchas [...] Estos
señorean gran parte de esta india y confinan con los que habitan en
la sierra (i.e. los Andes) (RAMÍREZ, 1528 apud RELA, 2001, p. 108).
77 “Información de los méritos y servicios del Capitán Gonzalo de Mendoza” Asunción, Febrero
15 de 1545), testimonio de Nicolás Colina, In: SCHMIDEL (1903, p. 383).
172
marismas o lagunas que duraban espacio de tres días, e que habían de dormir
una noche en las dichas lagunas”78.
Definido este “ambiente panguaraní” de permanente comunicación
y circulación de gentes, objetos e ideas, es necesario plantear el problema
de cuál era efectivamente el grado de diferenciación entre las distintas
parcialidades indígenas distinguidas por los primeros cronistas, como los
“Charruases, Guaraníes, Chanaes, Chanaes, Atembures, Carcaraes, Carandíes
y Atambúes”, mencionados por Diego García al final de su Memoria referida a
los acontecimientos que protagonizó en 1527, quien, marcando claramente la
dificultad de considerarlos como pertenecientes a etnias separadas, señala que
“todas estas generaciones son amigos e están juntos e hácense buena compañía”
(MEDINA, 1908c, p. 244).
Como hemos visto, los investigadores que se han ocupado de este tema
han estado más preocupados por encontrar diferencias – que sin duda las hay
- que identidades y similitudes. La actual discusión del concepto de “etnia” con
relación a lo “guaraní” permite hacerse una idea de la complejidad del problema
(GLUCHY, 2000). Con respecto a lo que nos ocupa, señalamos que en las
actuaciones realizadas como consecuencia de la expedición de Gaboto (1527) se
emplean indistintamente, como si fueran equivalentes – tanto en las preguntas
como en las respuestas - las denominaciones “chaneses timbúes” y “charrúas
timbúes” (MEDINA, 1908a, p. 185, 190, 199).
Debe tenerse en cuenta que las diversas denominaciones pueden referirse
tanto a distintas familias o caciques – dentro de la misma etnia - o algún aspecto
particular, a los ojos del “otro”, de su comportamiento. Lafone – traductor y
comentarista de Schmidel - sostiene que “los Timbú derivaban su sobrenombre
de los adornos que se ponían en las narices, y fueron los Guarani quienes se lo
aplicaron” (SCHMIDEL, 1903, p. 59).
El problema de la identificación de los grupos por los nombres que les
atribuyen los cronistas e historiadores es que esas denominaciones no implican
necesariamente distancias culturales. En este sentido es interesante la referencia
que aporta Díaz de Guzmán con relación a los indios timbúes de la zona de Santa
Fé: “todas las veces que se les muere un pariente, se cortan una coyuntura del
dedo de la mano, de manera que muchos de ellos estan sin dedos por la cantidad
de deudos que se les han muerto” (DÍAZ, 1836, p. 10), práctica cultural que
luego encontraremos referida a los charrúas y minuanes de la Banda Oriental
78 Interrogatorio presentado por Sebastián Caboto en el pleito que le sigue Catalina Vázquez
- Sevilla, 27 de Agosto de 1530 (Archivo de Indias, PATRONATO, 1-2-1/8, ramo IV, pieza I,
fols. 67-79). Testimonio de Juan de Valdevieso, “gentil-hombre de la armada”, In: MEDINA
(1908b, p. 466).
79 Por otros comportamientos cf. LAFONE. In: SCHMIDEL (1903, p. 60), DE ANGELIS, apud DÍAZ
(1836).
174
con los Carios, Chandules, Carijós, Querandíes y otros sinónimos de “Guaraní”
que poblaban la cuenca del plata?
Prácticamente desaparecen en las primeras décadas de la conquista y
será recién, Misiones Jesuíticas mediante que el término “Guaraní” vuelve a
hacerse popular en documentos y crónicas.
¿Son los mismos “guaraníes”? Los supervivientes de los que ocupaban
toda la cuenca. ¿Son un grupo marginal que escapó a los estragos de la conquista?
¿Son otras parcialidades rebautizadas por obra de los jesuitas?
¿Cómo desapareció lo que, de acuerdo a todos los cronistas constituía la
mayor concentración demográfica en la región?
La explicación militar/sanitaria es completamente débil. ¿Dónde están
las masacres y genocidios? ¿No hubo testimonio de epidemias que aniquilan
poblaciones enteras? ¿Porqué sobreviven los indios de San Pablo?
La falta de respuesta a esas preguntas nos lleva a la necesidad de
reconstruir el relato histórico asumiendo que la llamada “conquista” del Río
de la Plata comienza con la derrota militar de los castellanos y forzosa alianza
con las poblaciones locales. Serán los europeos los que se acojan a la cultura
panguaraní y no a la inversa.
El problema es que estos, los indios, en su mayoría, los autoidentificados
como “guaraníes, simplemente cambian su nombre y pasan a formar el
contingente “blanco – conquistador” del que nos hablan los documentos.
A partir de ese cambio el “indio” pasa a ser el que quedó fuera de la
posibilidad de cambiar de identidad. Sin embargo, cambio de nombre no implica
cambio de pautas culturales y, en los hechos, serán indios discriminando indios.
178
Existem, por outro lado, áreas pesquisadas perto da praia há muitas dé-
cadas, por vários arqueólogos, com acúmulo de informações e a constatação de
importante concentração de sítios. É o caso da longa faixa entre Florianópolis e
Rio Grande, que apresenta uma continuidade e densidade importantes, mesmo
na zona de matas ciliares e de capões de mato junto da Lagoa dos Patos. Apenas
um trecho de 50 km do litoral sul de Santa Catarina é pouco conhecido, da mar-
gem norte do rio Mampituba até o sul do rio Araranguá. Os deltas dos rios Para-
ná e Uruguai também possuem diversos registros de sítios, mas o levantamento
arqueológico é muito incompleto em relação à grande extensão do território
onde estão inseridos.
A quantidade de registros locais ou regionais também é um problema a
ser enfrentado, pois existem casos onde um único assentamento foi considerado
como diferentes sítios arqueológicos. Tal problema resulta do modo como os
arqueólogos concebem os Guarani, especialmente quando adotaram a teoria da
degeneração, que aceita apenas o pressuposto de que eles tinham baixa demo-
grafia e ocupavam pequenas aldeias por curto período, por causa de supostas
limitações ambientais (cf. NOELLI e FERREIRA, 2007). Outras vezes o pressupos-
to foi registrar cada mancha de terra preta ou cada concentração de fragmentos
cerâmicos como um sítio, mesmo que elas estivessem perto de outras manchas
ou concentrações. Tais predições, pelo menos no Brasil, foram possíveis por
causa de uma deficiência crônica, baseada no costume de aceitar o resultado
de prospecções apressadas, metodologicamente incompletas ou erradas, rara-
mente revisadas por pesquisas arqueológicas dedicadas a estabelecer os limites
espaciais e cronológicos de cada sítio arqueológico.
Outro problema em relação às lacunas de registros arqueológicos sur-
ge quando consideramos as cidades litorâneas de médio e grande porte. Por
exemplo, Paranaguá, Guaratuba, Florianópolis, Joinville, São José, Porto Alegre,
Torres, Capão da Canoa, Tramandaí, Osório, Pelotas, Rio Grande, e a zona me-
tropolitana de Buenos Aires, possuem evidências registradas no final do século
XIX e início do século XX. Contudo, atualmente, tais registros são praticamente
inacessíveis, encontrando-se embaixo das crescentes malhas urbanas, fato que
leva ao emprego de pesquisa sobre a história local, contatos mais estreitos com
as comunidades, etc.. O impacto sobre essas evidências arqueológicas também
é causado pelas pequenas cidades, vias rodoviárias e ferroviárias, portos, gran-
des obras, condomínios, extração de sedimentos, etc.. Tais empreendimentos
são implantados nos terrenos mais elevados da Planície Costeira, aqueles mais
secos e propícios ao assentamento humano, geralmente onde as populações
indígenas também faziam suas aldeias e acampamentos. Porém, mesmo com a
83 Ver os Mapas 01 e 02 com a localização dos sítios Guarani entre o Estado do Paraná e a Argentina.
180
A porção Meridional da laguna dos Patos é pesquisada desde a década
de 1950, onde foram mapeados, datados e estudados sítios que compõem do-
mínios territoriais articulados entre o litoral e o Escudo Cristalino, conforme Mi-
lheira no capítulo 6. Contudo, devido a grande extensão dessa área, resta ainda
muito espaço para ser investigado, na própria laguna, no rio São Gonçalo e nos
seus vários afluentes.
O Litoral sul do Rio Grande do Sul é uma área pouco investigada. Houve
pesquisa na porção Meridional, no município de Santa Vitória do Palmar (SCHMITZ,
et al. 1997), onde predomina a cerâmica da Tradição Vieira, com escassas
evidências de cerâmica Guarani. Mas a extensa área do Banhado do Taim e das
zonas de influência das Lagoas Mirim e Mangueira ainda precisa de investigações
para que seja possível definir os limites da expansão Guarani na região.
SANTA CATARINA
URUGUAI
182
assentamento, basicamente restritos a bacia do rio Uruguai. Consideramos que
a expansão para os territórios ao sul da Lagoa Mirim poderia ter ficado restrita
à caça e coleta em incursões pontuais. Consideramos ainda, com base em dados
arqueológicos e históricos, que ocorreram diversos tipos de relação política en-
tre os Guarani, os Minuano e os Charrua, sendo um tema que ainda precisa ser
investigado.
ARGENTINA
184
AGRADECIMENTOS
186
CAPÍTULO 9
84 Este capítulo é uma versão modificada do artigo publicado na Revista de Indias e na revista
Tellus (NOELLI, 2004a, b).
85 Professor Aposentado da Universidade Estadual de Maringá.
tem estimar que no começo do século 16, quando os europeus chegaram, os
Guarani viviam seu ápice geográfico e demográfico, com uma população que
poderia superar os dois milhões de pessoas. Desde os primeiros contatos no
rio da Prata, ao redor de 1513, a população diminuiu vertiginosamente com a
introdução de vetores infectocontagiosos do Velho Mundo, com as guerras e
a escravidão. Sucessivamente, a foz do rio da Prata, os litorais dos estados de
Santa Catarina e do Paraná e os campos de Curitiba ficaram vazios, ou quase,
até 1580. Foi o prelúdio do que ocorreria em outras regiões até o final do século
17, quando restavam poucos núcleos Guarani com grande densidade populacio-
nal no Mato Grosso do Sul e no Paraguai. Ao redor de 1700, no Rio Grande do
Sul, Santa Catarina, Paraná, oeste de São Paulo, Uruguai e províncias de Buenos
Aires, Entre-Rios, Corrientes e Misiones, haviam grupos isolados, com tamanho
ínfimo em comparação ao século 16.
As investigações arqueológicas, históricas, etnográficas e de linguística
histórica comparada, permitem a percepção do processo da ocupação Guarani.
De acordo com Rodrigues (1964, 1986, 2000; URBAN, 1992), a família linguísti-
ca Tupi-guarani, da qual a língua Guarani é afiliada, teve origem no sudoeste da
Amazônia, no atual estado de Rondônia. A hipótese linguística é um recurso para
fazer frente à falta de dados arqueológicos Guarani naquela região, orientando
a interpretação do início do processo de expansão para o sul. Segundo os ar-
queólogos, a exemplo de Brochado (1984) e Noelli (1998, 2000, 2008), a origem
amazônica pode ser confirmada por estudos comparados de cultura material. Em
termos etnológicos, a classificação mais aceita concebe a cultura Guarani essen-
cialmente amazônica, com poucos traços adotados de culturas de fora daque-
la região (MÉTRAUX, 1928; VIVEIROS DE CASTRO, 1986; NOELLI, 1993, 1996;
RODRÍGUEZ, 2000). Brochado construiu um modelo para as rotas de expansão
Guarani, desde Rondônia. Dispomos de evidências arqueológicas no Mato Grosso
do Sul. As principais rotas foram os rios Paraguai e Paraná, subindo seus afluen-
tes até os interflúvios, sempre no interior das selvas onde abriam clareiras para
instalar suas aldeias, roças, trilhas e outras atividades ecológicas e sociais. Novas
pesquisas acrescentam a Bolívia como espaço ocupado pelos Guarani. Devagar
e gradualmente (NOELLI, 1993, 1996, 2000; BALÉE, 2000), ocuparam e coloni-
zaram uma grande parte dos Estados meridionais do Brasil, o Paraguai oriental
e os bosques e matas galerias do Uruguai e do nordeste argentino. Esta estraté-
gia conformou todo o processo de colonização e inspirou os modelos de Lathrap
(1970) e Brochado (1984), que, seguindo e modernizando os princípios do difu-
sionismo, sugeriram que as rotas de expansão foram os rios maiores, gradual-
mente subindo pelos menores até os interflúvios. Os dados conhecidos indicam
188
que o processo de ocupação Guarani ocorreu através de uma autêntica guerra de
conquista, que não respeitou as populações das regiões dominadas. Os registros
arqueológicos mostram que os sítios foram instalados em áreas anteriormente
ocupadas por populações não guarani, aparentemente expulsas ou assimiladas.
A baixa variabilidade dos registros arqueológicos Guarani é uma prova de que
não ocorreu uma mudança no estilo tecnológico, na forma dos artefatos e nos
padrões de subsistência. A regra foi, ao contrário, a manutenção daqueles traços
culturais, cujos sítios datados em um período de mais de 1500 anos, em várias
regiões, não apresentaram distinções consideráveis até agora. Em algumas áreas,
como a fronteira Tupinambá-Guarani do alto rio Paranapanema, correspondendo
a atual divisa dos Estados de São Paulo e Paraná, é possível ter ocorrido um fluxo
bilateral de estilos tecnológicos e artefatos, como mostram alguns sítios típicos
Guarani e Tupinambá, assim como algumas vasilhas resultantes da mescla de for-
mas entre ambos os estilos (PIEDADE, SOARES, 2000). Mas, isto parecer ser um
caso raro, pois os Tupinambá são falantes de uma língua da família Tupi-guarani e
possuem elementos culturais muito semelhantes aos Guarani.
Nos aspectos sociopolíticos, a maioria das fontes aponta para a tendência
de incorporar gente não guarani, aparentemente integrada como escrava, even-
tualmente aliada, sob o ñande reko (ethos ou “modo de ser” Guarani, cf. MELIÀ,
1986). A cultura material conhecida de três mil sítios arqueológicos (NOELLI s.d.),
aparentemente mostra que a incorporação não trouxe mudanças consideráveis,
mas ainda não é possível determinar seu efeito na organização social e outros as-
pectos da cultura Guarani. Sob uma unidade linguística e cultural, as aldeias Gua-
rani se apresentavam como agrupamentos independentes, circunstancialmente
inimigos, compostos de comunidades de estrutura e dimensões variáveis.
A distribuição Guarani logo foi percebida pelos europeus na fase inicial da
exploração em 1515 (todas essas expedições podem ser estudadas no livro de
Mello (2005), a mais completa obra sobre o tema). O reconhecimento precoce
deveu-se à presença de um pequeno grupo de náufragos da expedição de Juan
Díaz de Solís, estabelecidos na área do rio Massiambu, em frente ao sul da ilha de
Santa Catarina (MEDINA 1897, 1908a). Logo foram incorporados como aliados
do tuvichá (cacique) Tupã Vera, casando-se com suas filhas e sobrinhas. Por doze
anos o grupo consolidou relações políticas com os Guarani, criando uma base
de apoio logístico para os europeus e aproveitando a extensa rede Guarani para
explorar regiões distantes. A sua exploração mais conhecida começou por volta
de 1521, liderada por Aleixo Garcia (c. 1521) que, com vários Guarani, foi do lito-
ral catarinense até a Bolívia, atravessando o interior de Santa Catarina, Paraná e
Mato Grosso do Sul, onde o mataram quando retornava. Um dos sobreviventes
190
inúmeros surtos epidêmicos, que causaram grande impacto e perdas na demo-
grafia indígena.
Em todas essas zonas, os Guarani foram reconhecidos pelos europeus
como sendo populações com elementos culturais homogêneos, com uma lín-
gua, com hábitos, meios de subsistência e organização política e social similares.
As informações coloniais sobre um padrão material, cultural e político aparente-
mente uniforme, relativo a uma grande região, possuem paralelo nas evidências
materiais, elaboradas com um estilo tecnológico comum, com mais semelhan-
ças que diferenças, até quando existe distância temporal e espacial entre os sí-
tios arqueológicos.
Essas considerações históricas possibilitaram uma compreensão mais
ampla do contexto da distribuição das evidências arqueológicas Guarani. A evi-
dente continuidade histórica e o panorama do século 16, ajudam a delimitar o
espaço máximo ocupado pelos Guarani na pré-história e a refletir a respeito do
processo de expansão e distribuição geográfica desde a Amazônia.
OBJETIVO
192
3) a relação com a altitude acima do nível do mar demonstra adaptação
a distintos climas, desde o nível do mar até 900-1000 m, incluindo as áreas mais
frias da Serra Geral, no estado do Paraná;
4) o mesmo ocorre em relação ao solo, com ocupações em todas as classes,
do mais pobre ao mais rico;
5) em geral, a duração da ocupação dos assentamentos era longa e po-
deria chegar a mais de cem anos, como demonstram os solos antropogênicos
de cor preta;
6) o esgotamento do solo de uma roça não forçava o abandono do assen-
tamento, mas levava à rotação dos cultivos, abrindo novas clareiras anualmente
e deixando os gastos em descanso por vários anos.
O conjunto de dados arqueológicos mostra claramente que os assenta-
mentos sempre formavam redes, pois em nenhuma área de distribuição existe
isolamento significativo. Isso encontra paralelo nos dados históricos, cujos exem-
plos de isolamento resultaram do colapso demográfico causado pelos europeus.
As redes não tinham apenas uma função defensiva e econômica, objetivos funda-
mentais do comportamento conquistador e da necessidade de manter territórios,
mas incluíam outros aspectos práticos e simbólicos necessários à existência de
uma sociedade, principalmente o intercâmbio de pessoas, objetos, informações
e conhecimentos. Não foi em vão que os primeiros espanhóis escreveram que os
Guarani viviam organizados em “províncias”, às vezes identificadas com um tuvi-
chá principal, como foi o caso de Tupã Vera e outros muitos descritos nos séculos
16 e 17. As redes regionais e a estrutura política e social de alianças, sustentadas
pelo intercâmbio permanente, explicam a reprodução constante da cultura mate-
rial e de outros elementos do ñande reko. O estilo tecnológico da cerâmica, com
suas regras e padrões reproduzidos por mais de 1500 anos, é uma prova material
da reprodução e afirmação do comportamento tradicionalista Guarani.
A relação com a floresta é outro aspecto fundamental que marca os sítios
arqueológicos Guarani, que também foi anotada por cronistas, historiadores e
antropólogos (SCHADEN, 1974; MELIÀ, 1986; NOELLI, 1993). Ali, com trabalho
coletivo, abriam clareiras para suas aldeias e roças, através do desmatamento
de espaços previamente definidos, seguido da queima da vegetação derruba-
da. Estes feitos materializavam os locais essenciais para a subsistência e a vida
social. Regiões cobertas por extensas florestas eram entrecortadas por milhares
de quilômetros de trilhas entre as aldeias vizinhas ou distantes, entre as aldeias
e suas diversas áreas de atividades econômicas, como roças, pesqueiros, portos,
áreas de coleta, aldeias abandonadas, fontes de matéria-prima lítica e cerâmica;
e de atividades diversas, cemitérios e locais rituais (NOELLI, 1993).
A CERÂMICA GUARANI
194
Os pratos, taças, caçarolas e tostadores são mais frequentes na classe 1
e as panelas e talhas pertencem às classes 2 e 3. A base das vasilhas pode ser
cônica, arredondada ou plana. O tratamento da superfície é dividido em cinco
técnicas principais, que as vezes são combinadas: 1) alisado; 2) corrugado; 3)
ungulado; 4) pintado; 5) escovado. O alisado é mais comum nas vasilhas que não
vão diretamente ao fogo, como os pratos, copos e talhas. O corrugado é mais
comum nas vasilhas que vão ao fogo, como as panelas, caçarolas e tostadores,
mas também ocorre nas talhas e pratos. O ungulado é mais comum nas vasilhas
de menor tamanho, especialmente os pratos (eventualmente está misturado ao
corrugado). O pintado (preto o marrom e vermelho sobre engobe branco) é mais
comum nas vasilhas que não vão ao fogo, como as talhas e as taças, usadas para
servir e tomar as bebidas fermentadas alcoólicas. O escovado se usa como o
corrugado. Ainda se conhece a incisão, os estampados, os acanalados, os nodu-
lados e os roletados. As formas possuem tamanhos distintos, divididos em gran-
des, médios e pequenos, mas sempre há uma regra de proporção para a forma
do corpo. As panelas e talhas são as maiores vasilhas, chegando a um metro de
altura e conter até pouco mais de cem litros. As caçarolas também chegam a diâ-
metros de sessenta/setenta centímetros por vinte e cinco centímetros de altura,
e até dez ou doze litros de coberturacidade. Uma panela pode conter entre dez e
cem litros, mas sua forma se altera apenas na proporção (Brochado, Monticelli,
Neuman 1990). É possível que o tamanho da vasilha varie com o contexto e com
o dono: 1) a panela maior se usava para fazer o cozido da família extensa; a me-
nor para a família nuclear; 2) o prato pequeno é individual, o grande é coletivo;
3) a taça pequena é individual, a grande é um objeto de prestígio pessoal (os
Guarani valorizavam o grande bebedor, que às vezes poderia ser chefe, líder re-
ligioso, conselheiro, guerreiro, etc.). Ainda não são conhecidas todas as funções
das vasilhas e nem foi concluído o sistema de classificação, que necessita de
novos estudos estatísticos e o complemento da análise química dos restos orgâ-
nicos nos fragmentos cerâmicos e nas vasilhas inteiras. Os tamanhos médios, as
miniaturas, as formas intermediárias e tipos incomuns ainda não possuem suas
classificações e funções definidas com segurança.
196
SÃO PAULO
PARANÁ
SANTA CATARINA
198
metros de altitude, e na zona de transição da Mata Atlântica para os campos de
cima da serra, parece que tampouco houve ocupação, devido à presença dos
Jê. De toda extensão do litoral, somente a porção nordeste foi mais densamente
ocupada pelos Guarani, como na zona dos vales dos rios Itajaí e Itapocu, territórios
de passagem para o interior do Estado do Paraná (Campos de Curitiba, alto-médio
rio Iguaçu). As datas de Paraná, Rio Grande do Sul e Argentina indicam que o este
de Santa Catarina deverá apresentar uma ocupação que alcance mais de 1500 A.P.
PARAGUAI ORIENTAL
NORDESTE DE ARGENTINA
200
A costa bonaerense e interior próximo, até o sul do rio Salado (Aldazabal
2008), apresentam 18 sítios com evidências arqueológicas Guarani, reapresen-
tando uma presença significativa que marca, talvez, uma expansão incipiente
por volta do século 16 (ou pouco antes). Mas as poucas investigações e o ace-
lerado crescimento da metrópole que encubriu e destruiu os sítios, tornam li-
mitados os conhecimentos no presente. O cenário da presença Guarani na foz
do rio da Prata ainda não há foi bem compreendido por muitos pesquisadores,
inclusive os mais recentes, que agora tratam de povos “guaranizados” na região
(PÉREZ, 1993, 1998). Esta incompreensão, reproduzida desde o final do século
19, foi baseada no uso parcial das fontes históricas disponíveis, associadas a uma
perspectiva estática que ignorou o processo histórico nos territórios indígenas às
margens do rio da Prata.
Não se percebeu que a presença europeia trouxe importantes modifica-
ções na demografia e na territorialidade nativas, começando pelas expedições de
João de Lisboa (1513-14) e Juan Díaz de Solís (1515). As fontes mais antigas de-
monstram claramente que a presença Guarani na foz do rio da Prata era consisten-
te e marcada por conflitos bélicos com os Charruas, Timbús e outras populações
que ali viviam há muito mais tempo, bem adaptadas ao ambiente inundável e
que lutavam contra os invasores Guarani que procuravam pelas restritas áreas de
vegetação arbórea. Parece que as limitações ambientais impostas a uma socieda-
de sedentária e agricultora limitaram o crescimento demográfico observado nas
outras regiões, prendendo os Guarani às poucas áreas de mata galeria.
A presença europeia desequilibrou a balança em detrimento dos Guara-
ni, com a introdução dos vetores infectocontagiosos, que certamente mataram
mais que as armas e causaram um colapso demográfico em pouco tempo. Depois
de Solís outras expedições estiveram na foz do rio da Prata, como a de Fernan-
do de Magalhães (1519) e Cristovão Jacques (1521), cujos tripulantes também
puderam trazer enfermidades letais. Os dados sobre a presença destes vetores
são explícitos somente com a expedição de Sebastián Caboto (1528-1530), cujos
homens já entraram doentes nas terras argentinas e uruguaias do rio da Prata.
Creio que isto é a chave para compreensão da modificação da territorialidade,
pois o colapso liberou espaços para que os Charruas e outros grupos voltassem
às terras que os Guarani lhes tomaram séculos antes. O contexto proporcionado
por essas primeiras fontes geralmente foi ignorado e mal interpretado pelos his-
toriadores e arqueólogos, que se basearam nas fontes escritas a partir de 1530
e que já mostram outro cenário, sem os Guarani e dominado pelos Charrua,
Timbús e outros, descritos pelas expedições de Martim Afonso de Sousa (1531),
Pedro de Mendoza (1535) e posteriores. A seleção de dados feita pelos pesqui-
URUGUAI
CONSIDERAÇÕES FINAIS
202
investigação estão colocando em campo equipes em número nunca antes visto,
e este feito contribuirá certamente para que o mapa da ocupação Guarani,
assim como o conhecimento dos processos regionais, seja mais completo na
próxima década.
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Foz do rio Cara- Foz do rio Cara-
Argentina Belén de Escobar belas belas x x x Torres 1911
Foz do Arroyo
Argentina Belén de Escobar Paycarabi x x x x Torres 1911; Outes 1918
Próximo do Rio
Argentina Belén de Escobar Carabelas x x x x Torres 1911; Outes 1918
Palo 22H 423690/ Cigliano 1966; Cigliano,
Argentina Berisso La Florida Blanco 6141409 x Schmitz e Caggiano 1971
Las
Argentina Buenos Aires Las Conchas Conchas x x x Burmeister 1872
Argentina Buenos Aires Magdalena Magdalena x x x Ameghino 1918
Argentina Buenos Aires Monte Grande Monte Grande x x x Ameghino 1918
Outes 1916, 1917;
Lothrop 1932; Vignati
1936; Howard 1948;
Ilha Martín El Arbolito de 405 +35 AP Cigliano 1968; Bognanni,
Argentina Ilha Martín García García Molina x x (Grn-5146) Capparelli e Pérez 2012
207
208
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Fernandes 1947; Chmyz
x x x x
Paraná Paranaguá centro urbano 2002
Paranaguá até “baixada paranaen-
vários sítios x x x Fernandes 1947
Paraná Caiobá se” (litoral)
Rio Grande RS - LN Becker 2007; CNSA
do Sul Arroio do Sal Lagoa Itapeva Lagoa Itapeva I - 92 x x 35172
Rio Grande RS - LN 22J 614558/ Rogge e Schmitz 2010;
do Sul Arroio do Sal Lagoa Itapeva Itapeva 1 - 264 6745503 x CNSA 02125
Rio Grande RS - LN 22J 612596/ Rogge e Schmitz 2010;
do Sul Arroio do Sal Lagoa Itapeva Itapeva 3 - 266 6743571 x CNSA 02127
Rio Grande RS - LN 22J 613078/ Rogge e Schmitz 2010;
do Sul Arroio do Sal Lagoa Itapeva Itapeva 4 - 267 6743588 x CNSA 02128
Rio Grande RS - LN 22J 612944/ Rogge e Schmitz 2010;
do Sul Arroio do Sal Lagoa Itapeva Itapeva 5 - 268 6743620 x CNSA RS02129
Rio Grande Balneário Atlân- RS - LN 22J 612530/ Rogge e Schmitz 2010;
do Sul Arroio do Sal Balneário Atlântico tico 2 - 295 6738600 x CNSA RS02147
Wagner 2004; Rogge
Rio Grande RS - LN 22J 611850/ e Schmitz 2010; CNSA
do Sul Arroio do Sal Parque Tupancy Parque Tupancy - 302 6737102 x 02155
Rio Grande RS - LN 22J 605586/ Rogge e Schmitz 2010;
do Sul Arroio do Sal Marambaia Marambaia 3 - 314 6727490 x CNSA RS02168
Rio Grande RS - LN 22J 612185/
do Sul Arroio do Sal Antena Antena - 317 6737715 x Rogge e Schmitz 2010
Rio Grande Balneário Atlân- RS - LN 22J 604829/
do Sul Arroio do Sal Balneário Atlântico tico 9 - 319 6729319 x Rogge e Schmitz 2010
Rio Grande RS - LN 22J 603894/
do Sul Arroio do Sal Lagoa Itapeva Pousada da Lagoa - 321 6732094 x Rogge e Schmitz 2010
Rio Grande RS - LN 22J 604357/
do Sul Arroio do Sal Lagoa Itapeva Valdecir Gonçalves - 322 6732675 x Rogge e Schmitz 2010
Naue, Schmitz e Becker
1968; Naue, Schmitz,
Rio Grande Sr. Miguel (Sítio do Valente, Becker, La Salvia
do Sul Arroio Grande Arroio Chasqueiro Chasqueiro 48) x x x e Schorr 1971
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
RS
Rio Grande - AG - 22H 0316955/
do Sul Arroio Grande Arroio Sarandi RS - AG - 32C 32C 6440062 x Pereira 2005, 2008
Rio Grande Reserva do Mato 22H 341036/
do Sul Arroio Grande Grande x x 6440469 x Pereira 2008
Rio Grande Reserva do Mato 22H 341123/
do Sul Arroio Grande Grande x x 6440449 x Pereira 2008
Rio Grande Reserva do Mato 22H 340514/
do Sul Arroio Grande Grande x x 6441142 x Pereira 2008
Rio Grande 22H 329395/
do Sul Arroio Grande Foz da Canhada x x 6423134 x Pereira 2008
Rio Grande Foz do Arroio 22H 329266/
do Sul Arroio Grande Grande x x 6455682 x Pereira 2008
Rio Grande Farol e Ponta 22H 335048/
do Sul Arroio Grande Alegre x x 6412433 x Pereira 2008
Rio Grande Farol e Ponta 22H 335435/
do Sul Arroio Grande Alegre x x 6412833 x Pereira 2008
Rio Grande Camping/Arroio RS - LN
do Sul Arroio Teixeira x Teixeira - 130 x x Becker 2007
Rio Grande Tekoá Yma RS - LC 22J 487816/
do Sul Barra do Ribeiro Pontal da Formiga - 20 6638420 x Dias e Silva 2012
Rio Grande Tekoá Mareÿ RS - LC 22J 0490094/
do Sul Barra do Ribeiro Pontal da Faxina - 21 6639842 x Dias e Silva 2012
Rio Grande Tekoá Porã RS - LC 22J 0490802/
209
Datação/
210
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Rio Grande RS-274 B: Willy RS 274 Goldmeier e Schmitz
do Sul Camaquã Arroio do Curtume Hoff 2 -B x x 1983; CNSA 00746
Rio Grande Arroio Velhaco RS-275-A: Jocó RS 275 Goldmeier e Schmitz
do Sul Camaquã do Sul Pedro Bernard - 1 -A x x 1983; CNSA 00747
Rio Grande Arroio Velhaco RS-275-B: Jocó RS 275 Goldmeier e Schmitz
do Sul Camaquã do Sul Pedro Bernard - 2 -B x x 1983; CNSA 00748
Rio Grande Goldmeier e Schmitz
do Sul Camaquã x Alarico Meireles RS 276 x x 1983; CNSA 00749
Rio Grande RS-277-A: Wladis- RS 277 Goldmeier e Schmitz
do Sul Camaquã x lau Schmievski - 1 -A x x 1983; CNSA 00750
Rio Grande RS-277-B: Wladis- RS 277 Goldmeier e Schmitz
do Sul Camaquã x lau Schmievski - 2 -B x x 1983; CNSA 00751
Rio Grande Goldmeier e Schmitz
do Sul Camaquã x Emilio Alves Farias RS 278 x x 1983; CNSA 00752
RS-279 A e B:
Rio Grande Ataíde Rodrigues Goldmeier e Schmitz
do Sul Camaquã x Lucas - 1 e 2 RS 279 x x 1983; CNSA 00753
Rio Grande Goldmeier e Schmitz
do Sul Camaquã x Zeferino Nunes RS 280 x x 1983; CNSA 00754
Rio Grande Dejalmo Martins Goldmeier e Schmitz
do Sul Camaquã x Ribeiro RS 281 x x 1983; CNSA 00755
Rio Grande Manuel Santana Goldmeier e Schmitz
do Sul Camaquã x (Bolicho) RS 282 x x 1983; CNSA 00756
Rio Grande Luiz Lacerda (Ven- Goldmeier e Schmitz
do Sul Camaquã x da) RS 283 x x 1983; CNSA 00757
Rio Grande Manoel dos Santos Goldmeier e Schmitz
do Sul Camaquã Arroio Caititu B. Martins RS 284 x x 1983; CNSA 00758
Brochado 1974; Gold-
Rio Grande Francisco Rodri- meier e Schmitz 1983;
do Sul Camaquã Costa do Sutil gues RS 285 x x CNSA 00759
Brochado 1974; Gold-
Rio Grande Amarante Rodri- meier e Schmitz 1983;
do Sul Camaquã Costa do Sutil gues RS 286 x x CNSA 00760
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Brochado 1974; Gold-
Rio Grande meier e Schmitz 1983;
do Sul Camaquã Costa do Sutil Manuel A. Gouveia RS 287 x x CNSA 00761
Rio Grande Goldmeier e Schmitz
do Sul Camaquã x RS-349 RS-349 x x 1983; CNSA 00050
Brochado 1974; Gold-
Rio Grande meier e Schmitz 1983;
do Sul Camaquã Costa do Sutil Antonio Costa RS 352 x x CNSA 00053
Brochado 1974; Gold-
Rio Grande meier e Schmitz 1983;
do Sul Camaquã Costa do Sutil Manuel A. Gouveia RS 353 x x CNSA 00054
Rio Grande Goldmeier e Schmitz
do Sul Camaquã x RS 354 RS 354 x x 1983; CNSA 00055
Rio Grande Goldmeier e Schmitz
do Sul Camaquã x RS 355 RS 355 x x 1983; CNSA 00056
Rio Grande Goldmeier e Schmitz
do Sul Camaquã x RS 356 RS 356 x x 1983; CNSA 00057
Rio Grande Goldmeier e Schmitz
do Sul Camaquã x RS 357 RS 357 x x 1983; CNSA 00058
Rio Grande Goldmeier e Schmitz
do Sul Camaquã x RS 358 RS 358 x x 1983; CNSA 00059
Rio Grande Goldmeier e Schmitz
do Sul Camaquã x RS 359 RS 359 x x 1983; CNSA 00060
Rio Grande Goldmeier e Schmitz
211
Datação/
212
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Rio Grande Goldmeier e Schmitz
do Sul Camaquã x RS 365 RS 365 x x 1983; CNSA 00066
Rio Grande Goldmeier e Schmitz
do Sul Camaquã x RS 366 RS 366 x x 1983; CNSA 00067
Rio Grande Goldmeier e Schmitz
do Sul Camaquã x RS 367 RS 367 x x 1983; CNSA 00068
Rio Grande RS - LN
do Sul Capão da Canoa Lagoa Itapeva Curumim 1 - 104 x x Marsul; CNSA 35176
Rio Grande Arroio Teixeira RS - LN Becker 2007; CNSA
do Sul Capão da Canoa Arroio Teixeira TG + T - 93 x x 35173
Rio Grande Arroio Teixeira RS - LN Becker 2007; CNSA
do Sul Capão da Canoa Arroio Teixeira TG + T - 94 x x 35174
Schmitz 1958; Gold-
meier e Schmitz 1983;
Rio Grande De Masi e Schmitz 1987;
do Sul Capão da Canoa Lagoa dos Quadros Lagoa dos Quadros RS 09 x x CNSA 35353
Rio Grande
do Sul Capão da Canoa Lagoa dos Quadros x x x x Paldaof 1900
Rio Grande RS - LN
do Sul Capão da Canoa x Ramalhete 1 - 32 x x Marsul; CNSA 35758
Rio Grande RS - LN
do Sul Capão da Canoa Praia do Barco Praia do Barco 1 - 40 x x Marsul; CNSA 35732
Rio Grande RS - LN
do Sul Capão da Canoa Praia do Araçá Praia do Araçá - 06 x x Marsul; CNSA 35733
Rio Grande Koseritz 1884a, 1884b;
do Sul Cidreira x x x x x Kosertiz 1928
Rio Grande RS - LC
do Sul Cidreira Capororoca Capororoca 2 - 71 x x Marsul; CNSA 1346
Rio Grande RS - LC
do Sul Cidreira Capororoca Capororoca 3 - 72 x x Marsul; CNSA 1299
Rio Grande RS - LC
do Sul Cidreira Capororoca Capororoca 4 - 73 x x Marsul; CNSA 1298
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Rio Grande Roquette-Pinto [1906]
do Sul Cidreira-Torres x x x x x 1970
Rio Grande D. Pedro de Alcân- D. Pedro de Alcân- 22J 612846/ Monticelli et al. 2003;
do Sul tara tara Elmar Fernandes LII 05 6748626 x Wagner 2004
Rio Grande D. Pedro de Alcân- D. Pedro de Alcân- 22J 613032/ Monticelli et al., 2003;
do Sul tara tara Sítio do Biólogo LII 14 6749197 x Wagner 2004
Rio Grande São Pedro - 150 m RS - 152 Ponte do CEPA PUCRS; CNSA
do Sul Eldorado do Sul da BR 116 Jacuí RS 119 x x 36310, 36343
Rio Grande Inst. Desidério 22J 469770/ Leite 1975; Noelli 1993,
do Sul Eldorado do Sul Finamor Arroio do Conde RS 56 6675048 x 1997
Rio Grande Complexo Automo- RS - SR 22J 0469294/ 540+60 AP
Guaíba Santa Rita Dias e Silva 2012
do Sul tivo da Ford - 342 6671719 440+60 AP
Rio Grande RS -
Guaíba x RS - 119 x x CNSA 01808
do Sul 119
Rio Grande Ponte do Rio Jacuí RS -
Guaíba x x x CNSA 01841
do Sul (cat 152 GB 089) 152
Rio Grande Balneário Santa RS - LN 22J 586787/
do Sul Imbé Terezinha Santa Terezinha 1 - 17 6692881 x Marsul; Wagner 2009
Rio Grande Balneário Santa RS - LN 22J 587357/
do Sul Imbé Terezinha Santa Terezinha 2 - 18 6694229 x Marsul; Wagner 2009
Rio Grande Goldmeier e Schmitz
do Sul Imbé Imbé Velho Gustavo Machado RS 228 x x 1983; CNSA 00968
Rio Grande Gustavo Macha- RS 228 Goldmeier e Schmitz
do Sul Imbé Imbé Velho do B -B x x 1983; CNSA 01292
213
Datação/
214
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Rio Grande RS - LC 22J 555092/
do Sul Mostardas Bacopari Bacopari 1 - 49 6621580 x Pestana 2007
Rio Grande João Emílio de RS - LC 22J 540098/
do Sul Mostardas Aguapé Sousa - 51 6606289 x Pestana 2007
Rio Grande Pq. Nac. Lagoa do RS - LC 22J 511114/
do Sul Mostardas Peixe Carambola - 52 6558136 x Pestana 2007
Rio Grande Pq. Nac. Lagoa do RS - LC 22J 517306/
do Sul Mostardas Peixe Parna I - 53 6562921 x Pestana 2007
Rio Grande Pq. Nac. Lagoa do RS - LC 22J 516081/
do Sul Mostardas Peixe Parna II - 54 6561322 x Pestana 2007
Rio Grande Pq. Nac. Lagoa do A. Adolfo de Araú- RS - LC 22J 507997/
do Sul Mostardas Peixe jo A - 55 6556534 x Pestana 2007
Rio Grande Pontal do Cristovão Sambaqui Chico RS - LC 22J 483681/
do Sul Mostardas Pereira Bóis A - 11 6561920 x Pestana 2007
Rio Grande Pontal do Cristovão RS - LC 22J 483671/
do Sul Mostardas Pereira Chico Bóis B - 12 6561557 x Pestana 2007
Rio Grande Chácara Sr. Ilde- RS - LC 22J 490154/
do Sul Mostardas fonso Ildenfonso Braga A - 43 6557202 x Pestana 2007
Rio Grande Chácara Sr. Ilde- RS - LC 22J 511544/
do Sul Mostardas fonso Ildenfonso Braga B - 44 6557093 x Pestana 2007
Rio Grande Pq. Nac. Lagoa do RS - LC 22J 519551/
do Sul Mostardas Peixe Parna III - 61 6565962 x Pestana 2007
Rio Grande RS - LC
do Sul Mostardas Arroio da Caveira Caveira 1 - 67 x x Marsul; CNSA 35317
Rio Grande Granja do “Rubi- Goldmeier e Schmitz
do Sul Mostardas Potreirinho nho” RS 82 x x 1983
Rio Grande
do Sul Osório Passo Fundo Faz. São Pedro A x x x 12ª SR IPHAN
520 ± 200
AP (SI-410) Leite 1995; Schmitz e
Rio Grande RS - LN 22J 574816/ 540 ± 100 AP Sandrin 2009; Wagner
do Sul Osório Passo Fundo x - 16 6688838 (SI-411) 2009
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Rio Grande RS - LN
do Sul Osório Passo Fundo Faz. São Pedro B - 07 x 12ª SR IPHAN
Rio Grande RS - LN
do Sul Osório x Palmital - 29 x x Marsul; CNSA 01358
Rio Grande RS - LN
do Sul Osório Lagoa Pinguela Pinguela - 30 x x Marsul; CNSA 01359
Rio Grande RS - LN
do Sul Osório Lagoa do Peixoto Peixoto - 31 x x Marsul; CNSA 35757
Rio Grande RS - LN Becker 2007; CNSA
do Sul Osório Lagoa Pinguela Pinguela Camping - 106 x x 01360
Rio Grande RS - LN Becker 2007; CNSA
do Sul Osório Lagoa do Peixoto Jazida da Figueira - 107 x x 00975
Rio Grande RS - LC
do Sul Osório Lagoa dos Barros Lagoa dos Barros I - 76 x x Marsul; CNSA 00971
Rio Grande RS - LN Jacobus 1994; CNSA
do Sul Osório Faxinal Calipso - 47 x x 00969
Rio Grande Faz. S. João do RS - LN
do Sul Osório Paraíso José Raupp I - 51 x x Marsul; CNSA 00967
Rio Grande RS - LN 22J 564642/ Becker 2007; Schmitz e
do Sul Osório Lagoa dos Barros Lagoa dos Índios - 64 6680717 x Sandrin 2009
Schmitz 1958; Gold-
meier e Schmitz 1983;
Rio Grande Romário M. Ma- De Masi e Schmitz 1987;
do Sul Osório Faz. do Arroio chado RS 08 x x CNSA 00962
215
216
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
870 ± 100
AP (SI 4120) Jacobus 1994; Schmitz
Rio Grande RS - LN 1070 ± 110 AP e Sandrin 2009; CNSA
do Sul Osório Morro Alto - Faxinal Bassani 1 - 35 x (SI-413) / C¹⁴ 01368
Rio Grande RS - LN
do Sul Osório Morro Alto Bassani 2 - 37 x x Marsul; CNSA 00966
Rio Grande RS - LN Jacobus 1994; CNSA
do Sul Osório Morro Alto Bassani 3 - 48 x x 00970
Rio Grande Lagoa dos Qua- RS - LN
do Sul Osório Lagoa dos Quadros dros 1 - 38 x x Marsul; CNSA 01370
Rio Grande RS - LN
do Sul Osório Lagoa Negra Lagoa Negra - 33 x x Marsul; CNSA 01362
Rio Grande RS - LN
do Sul Osório Faz. Pontal Fazenda Pontal - 34 x x Marsul; CNSA 01363
Monticelli et al. 2003;
Rio Grande Drink Shampoo - 22J 572145/ Wagner 2004; CNSA
do Sul Osório Morro Pelado Km 95.500 LAA 01 6695381 x 02308
Monticelli et al. 2003;
Rio Grande 22J 571385/ Wagner 2004; CNSA
do Sul Osório Lagoa da Pinguela Lauro Rodrigues LAA 02 6694478 x 02307
Monticelli et al. 2003;
Rio Grande 22J 574398/ Wagner 2004; CNSA
do Sul Osório Lagoa Peixoto Areal Moro LLE 02 6693925 x 02309
Rio Grande
do Sul Osório Arroio Caraá Torre 116 x x x CNSA 02742
Rio Grande Torre 135 / Torre
do Sul Osório Arroio Caraá 136 x x x CNSA 02743
Rio Grande
do Sul Osório Várzea do Padre Raul Moro 903 x x CEPA PUCRS
Rio Grande Fazenda do Cas-
do Sul Osório Lagoa da Caieira queiro x 22J 582912/6693678 x Wagner 2004
Rio Grande RS - M 474 ± 200 AP Stuckenrath e Mielke
do Sul Osório x x - 16 22J 575605/6688295 (SI-410) / C¹⁴ 1970
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
280 ± 50 AP
Rio Grande Lagoa da Portei- RS - LC (Beta 202366) Rogge 1999, 2006;
do Sul Palmares do Sul Quintão ra 1 - 80 22J 564370/6638546 / C¹⁴ Schmitz 2006
Rio Grande Lagoa da Portei- RS - LC Rogge 1999; Rosa 2006;
do Sul Palmares do Sul Quintão ra 2 - 81 22J 564263/6638473 x Schmitz 2006
Rio Grande Lagoa da Portei- RS - LC 563±45 AP Rogge 1999, 2006;
do Sul Palmares do Sul Quintão ra 3 - 82 22J 564143/6638303 (LVD 665) / TL Schmitz 2006
Rio Grande RS - LC
do Sul Palmares do Sul x RS-LC-83 - 83 22J 564236/6638381 x Rogge 2006
Rio Grande RS - LC Schmitz 1997; Rogge
do Sul Palmares do Sul Quintão RS - LC - 85 - 85 22J 562790/6640402 x 2006
Rio Grande RS - LC Schmitz 1997; Rogge
do Sul Palmares do Sul Lagoa da Lavagem IRGA - 88 22J 561153/6641668 x 2006
Rio Grande RS - LC Schmitz 1997; Rogge
do Sul Palmares do Sul Lagoa da Porteira IRGA - 89 22J 562181/6642068 x 2006
Rio Grande RS - LC Schmitz 1997; Rogge
do Sul Palmares do Sul Granjas Vargas Faz. Duas Lagoas - 90 22J 562407/6636914 x 2006; Rosa 2006
Rio Grande RS - LC Schmitz 1997; Rogge
do Sul Palmares do Sul Granjas Vargas Faz. Duas Lagoas - 92 22J 562204/6636859 x 2006; Rosa 2006
Rio Grande RS - LC Schmitz 1997; Rogge
do Sul Palmares do Sul Granjas Vargas Faz. João Terra - 94 22J 561899/6634811 x 2006
Rio Grande RS - LC Rogge 1999, 2006; Rosa
do Sul Palmares do Sul Granja Vargas Chácara do Leão - 96 22J 550142/6640209 x 2006
Rio Grande RS - LC Schmitz 1997; Rogge
217
218
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Rio Grande Leonardo B. Sil- CEPA PUCRS; CNSA
do Sul Palmares do Sul Lagoa do Quintão veira RS 66 x x 01755
Rio Grande Leonardo B. Sil- CEPA PUCRS; CNSA
do Sul Palmares do Sul Lagoa do Quintão veira RS 67 x x 01756
Rio Grande Leonardo B. Sil- CEPA PUCRS; CNSA
do Sul Palmares do Sul Lagoa do Quintão veira RS 68 x x 01757
Rio Grande Leonardo B. Sil- CEPA PUCRS; CNSA
do Sul Palmares do Sul Lagoa do Quintão veira RS 69 x x 01758
Rio Grande Leonardo B. Sil- CEPA PUCRS; CNSA
do Sul Palmares do Sul Lagoa do Quintão veira RS 70 x x 01759
Rio Grande Leonardo B. Sil- CEPA PUCRS; CNSA
do Sul Palmares do Sul Lagoa do Quintão veira RS 71 x x 01760
Rio Grande Leonardo B. Sil- CEPA PUCRS; CNSA
do Sul Palmares do Sul Lagoa do Quintão veira RS 72 x x 01761
Rio Grande CEPA PUCRS; CNSA
do Sul Palmares do Sul Quintão Quintão - Praia RS 171 x x 36364
Rio Grande
do Sul Pelotas Praia do Laranjal Hospital PP 01 22J 0382932/6486256 x Milheira 2008a, 2008b
Rio Grande Milheira 2008a, 2008b;
do Sul Pelotas Colônia Z-3 Arroio Sujo PS 01 22J 0389668/6491882 x CNSA 02829
380±50 AP
Rio Grande (Beta 234205) Milheira 2008a, 2008b;
do Sul Pelotas Praia do Barro Duro Camping PS 02 22J 0388810/6490949 / C¹⁴ CNSA 02831
530±40 AP
(Beta 237665)
510±40 AP Milheira 2008a, 2008b;
Rio Grande (Beta 282128) Milheira e Alves 2009;
do Sul Pelotas Praia do Laranjal Totó PS 03 22J 0386716/6489544 / C¹⁴ Alves 2012; CNSA 02832
Rio Grande Milheira 2008a, 2008b;
do Sul Pelotas Ilha da Feitoria Sotéia PT 01 22J 4035980/6500022 x CNSA 02547
Rio Grande Milheira 2008a, 2008b;
do Sul Pelotas Ilha da Feitoria Lagoinha PT 05 22J 4004220/6502560 x CNSA 02548
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
RS
170/ CEPA PUCRS; Milheira
Rio Grande Campo de Tiro/ PSG - 2008a, 2008b; CNSA
do Sul Pelotas Laranjal Vila Assunção 17 22J 0380237/6484664 x 02830
Rio Grande Goldmeier e Schmitz
do Sul Pelotas Laranjal José Hillal RS 94 x x 1983; CNSA 00980
Rio Grande Porto Alegre 1906;
do Sul Porto Alegre Santa Tereza Santa Tereza x x x Noelli et al. 1997
Rio Grande Porto Alegre 1906;
do Sul Porto Alegre Várzea do Gravataí x x x x Noelli et al. 1997
Rio Grande
do Sul Porto Alegre Vila Mapa Vila Mapa x x x Noelli et al. 1997
Rio Grande Couto 1940; Bettiol
do Sul Porto Alegre Vila Nova Vila Nova x x x 1966; Noelli et al. 1997
Rio Grande Ponta Chico Ma- CEPA PUCRS; CNSA
do Sul Porto Alegre noel Sr. Romeu RS 87 x x 01776
Rio Grande Reserva Biológica RS - JA
do Sul Porto Alegre Lami do Lami - 01 22J 0493050/6655665 x Dias e Silva 2012
Rio Grande RS - JA
do Sul Porto Alegre Lami Bernardes - 02 22J 0493025/6654372 x Dias e Silva 2012
Rio Grande Morro São Pedro/ RS - JA
do Sul Porto Alegre Morro das Quirinas Lajeado - 07 22J 0490337/6662732 x Dias e Silva 2012
Spalding 1939, 1940,
Rio Grande RS - JA 22J 0481711/6655 320 1943, 1967, s.d.; Noelli
219
Datação/
220
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Spalding 1939, 1940,
1943, 1967, s.d.; Silva
1992; Noelli et al. 1997;
Rio Grande RS - LC Dias e Silva 2012; CNSA
do Sul Porto Alegre Ilha Chico Manoel Ilha Chico Manoel - 71 22J 0484300/6651800 610+50 AP 00988
Rio Grande Noelli et al. 1997; CNSA
do Sul Porto Alegre Vila Restinga Sítio Vila Restinga G1 x x 35337
Rio Grande Caldre e Fião 1943;
do Sul Porto Alegre Morro do Osso Morro do Osso x x x Noelli et al. 1997
Rio Grande Bairro Passo da Caldre e Fião 1943;
do Sul Porto Alegre Areia Passo da Areia x x x Noelli et al. 1997
Spalding 1939, 1940,
Rio Grande Morro do Espírito 1943, 1967, s.d.; Noelli
do Sul Porto Alegre Santo Espírito Santo x x x et al. 1997
Rio Grande 22J 0496400/6645300 Dias e Silva 2012; CNSA
do Sul Porto Alegre Itapuã Ilha das Pombas RS 323 x 01988
Rio Grande Noelli et al. 1997; Dias e
do Sul Porto Alegre Ponta do Coco Rogério Christo PA 300 22J 0493665/6651662 x Silva 2012; CNSA 02005
Rio Grande RS - LS
do Sul Rio Grande x RS-LS 20 - 20 22J 380911/6474710 x LEPAN/FURG
Rio Grande RS - LS
do Sul Rio Grande x RS-LS 96 - 96 22J 380992/6474380 x LEPAN/FURG
Rio Grande José Pedro Leger- RS - LS
do Sul Rio Grande Povo Novo man - 45 22J 382875/6466837 x CNSA 01081
890±40 AP
(SI 1190) Naue, Schmitz e Becker
580±50 AP 1968; Naue, Schmitz, Va-
(Beta 64560) lente, Becker, La Salvia e
510±60 AP Schorr 1971; Goldmeier
Rio Grande RS - RG (Beta 64284) e Schmitz 1983; Carle
do Sul Rio Grande Povo Novo Fazenda Soares - 02 22J 382832/6469100 / C¹⁴ 2002; CNSA 35460
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Naue, Schmitz e Becker
1968; Naue, Schmitz,
Valente, Becker, La Salvia
e Schorr 1971; Schmitz
Rio Grande Lacides A. Gon- RS - RG 1976; Goldmeier e Sch-
do Sul Rio Grande Quitéria çalves - 03 x x mitz 1983; CNSA 01051
Naue, Schmitz e Becker
1968; Naue, Schmitz,
Valente, Becker, La Salvia
e Schorr 1971; Schmitz
Rio Grande RS - RG 1976; Goldmeier e Sch-
do Sul Rio Grande Arraial de Fora José S. Figueiredo - 08 x x mitz 1983; CNSA 35445
Naue, Schmitz e Becker
1968; Naue, Schmitz, Va-
lente, Becker, La Salvia e
Schorr 1971; Goldmeier
Rio Grande RS - RG e Schmitz 1983; CNSA
do Sul Rio Grande Arraial de Fora João B. Faria - 09 x x 35446
Naue, Schmitz e Becker
1968; Naue, Schmitz,
Valente, Becker, La Salvia
e Schorr 1971; Schmitz
Rio Grande RS - RG 1976; Goldmeier e Sch-
do Sul Rio Grande Arraial de Fora Pedro Barros - 10 x x mitz 1983; CNSA 35447
Naue, Schmitz e Becker
1968; Naue, Schmitz, Va-
221
222
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Naue, Schmitz e Becker
1968; Naue, Schmitz, Va-
lente, Becker, La Salvia e
Schorr 1971; Goldmeier
Rio Grande RS - RG e Schmitz 1983; CNSA
do Sul Rio Grande Capão Novo Edmar M. Costa - 12 x x 15017
Brochado 1974; Gold-
Rio Grande RS - RG meier e Schmitz 1983;
do Sul Rio Grande Povo Novo Pesqueiro - 16 x x CNSA 35462
Naue, Schmitz e Becker
1968; Naue, Schmitz, Va-
lente, Becker, La Salvia e
Schorr 1971; Goldmeier
Rio Grande RS - RG e Schmitz 1983; CNSA
do Sul Rio Grande Barra Falsa Valpírio M. Borges - 22 x x 35452; 36125
Rio Grande RS - RG Schmitz 1976; CNSA
do Sul Rio Grande Arraial de Fora Quinta - 28 x x 36220
Naue, Schmitz e Becker
1968; Naue, Schmitz, Va-
lente, Becker, La Salvia e
Schorr 1971; Goldmeier
Rio Grande RS - RG e Schmitz 1983; CNSA
do Sul Rio Grande Quinta Floriano Fonseca - 29 x x 36221
Naue, Schmitz e Becker
1968; Naue, Schmitz, Va-
lente, Becker, La Salvia e
Schorr 1971; Goldmeier
Rio Grande RS - RG e Schmitz 1983; CNSA
do Sul Rio Grande Quinta Floriano Fonseca - 30 x x 35456
Naue, Schmitz e Becker
1968; Naue, Schmitz, Va-
lente, Becker, La Salvia e
Schorr 1971; Goldmeier
Rio Grande RS - RG e Schmitz 1983; CNSA
do Sul Rio Grande Quinta Floriano Fonseca - 31 x x 35457
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Naue, Schmitz e Becker
1968; Naue, Schmitz,
RS - RG Valente, Becker, La Salvia
Rio Grande Marcelino A. - 32/RS 22H e Schorr 1971; Ribeiro
do Sul Rio Grande Quitéria Brancão 413 0378719/6455490 x 2006; CNSA 01071
Naue, Schmitz e Becker
1968; Naue, Schmitz, Va-
lente, Becker, La Salvia e
Schorr 1971; Goldmeier
Rio Grande RS - RG e Schmitz 1983; CNSA
do Sul Rio Grande Vieira Álvaro da Silva - 33 x x 35464
Naue, Schmitz e Becker
1968; Naue, Schmitz, Va-
lente, Becker, La Salvia e
Schorr 1971; Goldmeier
Rio Grande RS - RG e Schmitz 1983; CNSA
do Sul Rio Grande Pesqueiro Álvaro Bastos - 34 x x 35465
Naue, Schmitz e Becker
1968; Naue, Schmitz, Va-
lente, Becker, La Salvia e
Schorr 1971; Goldmeier
Rio Grande RS - RG e Schmitz 1983; CNSA
do Sul Rio Grande Povo Novo Álvaro Bastos - 35 x x 35466
Naue, Schmitz e Becker
1968; Naue, Schmitz, Va-
lente, Becker, La Salvia e
223
Datação/
224
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Schmitz 1976; Gold-
meier e Schmitz 1983;
Rio Grande RS - RG Schmitz 2006; CNSA
do Sul Rio Grande Barra Falsa Oscar Mendes - 49 22J 380838/6475770 x 35433
Naue, Schmitz e Becker
1968; Naue, Schmitz,
Valente, Becker, La Salvia
Rio Grande e Schorr 1971; CNSA
do Sul Rio Grande Vieira Fam. Zogbi RS 15 x x 36207
Naue, Schmitz e Becker
1968; Naue, Schmitz, Va-
lente, Becker, La Salvia e
Schorr 1971; Goldmeier
Rio Grande e Schmitz 1983; CNSA
do Sul Rio Grande Barra Falsa Levi Magalhães RS 299 x x 35454
Naue, Schmitz e Becker
1968; Naue, Schmitz,
Valente, Becker, La Salvia
Rio Grande e Schorr 1971; CNSA
do Sul Rio Grande Ilha do Leonídio Justiniano Nunes RS 39 x x 36230
Naue, Schmitz e Becker
1968; Naue, Schmitz,
Valente, Becker, La Salvia
Rio Grande e Schorr 1971; CNSA
do Sul Rio Grande Ilha da Torotama Rosalvo Costa RS 43 x x 36234
Rio Grande CEPA PUCRS; CNSA
do Sul Rio Grande Magalhães Alberto T. Pereira RS 44 x x 36235
Rio Grande CEPA PUCRS; CNSA
do Sul Rio Grande Arraial de Dentro Nair Vieira RS 46 x x 36237
Naue, Schmitz e Becker
1968; Naue, Schmitz,
Valente, Becker, La Salvia
Rio Grande Taim/Lagoa das e Schorr 1971; CNSA
do Sul Rio Grande Flores Faz. Terra 17 RS 51 x x 36242
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Rio Grande CEPA PUCRS; CNSA
do Sul Rio Grande Taim Quitério Pereira RS 52 x x 35243
Rio Grande CEPA PUCRS; CNSA
do Sul Rio Grande Arroio Martins Nelson R. Oliveira RS 54 x x 35245
Rio Grande
do Sul Rio Grande Distrito Industrial Mujica x 22H 389265/6442334 x Ferreira e Alves 2009
Rio Grande
do Sul Rio Grande x Fernando Lopes x 22J 379538/6459662 x Telles 2010
Rio Grande
do Sul Rio Grande x Manuel x 22J 378505/6461810 x Telles 2010
Rio Grande
do Sul Rio Grande x Marcelino x 22H 379393/6455660 x Telles 2010
Rio Grande
do Sul Rio Grande x Placidino x 22J 377139/6470677 x Telles 2010
Rio Grande
do Sul Rio Grande x Mirim 01 x 22H 351638/6400706 x Vidal 2012
Rio Grande Quitéria Barreira RS - LS 22 Ribeiro 2006; CNSA
do Sul Rio Grande Quitéria 3-01 - 103 H0382686/6457896 x RS02241
Rio Grande Quitéria Barreira RS - LS 22H Ribeiro 2006; CNSA
do Sul Rio Grande Quitéria 3-02 - 104 0382660/6457599 x RS02242
Rio Grande Quitéria Barreira RS - LS 22H Ribeiro 2006; CNSA
do Sul Rio Grande Quitéria 3-03 - 105 0382684/6457374 x RS02243
Rio Grande Quitéria Barreira RS - LS 22H Ribeiro 2006; CNSA
do Sul Rio Grande Quitéria 3-04 - 106 0382555/6457263 x RS02244
225
Datação/
226
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Rio Grande RS - LC
do Sul São José do Norte Capivaras Capivaras 1 - 03 22J 398593/6477249 x Pestana 2007
Rio Grande RS - LC
do Sul São José do Norte Capivaras Capivaras 2 - 04 22J 397798/6476043 x Pestana 2007
Naue, Schmitz, Valen-
te, Becker, La Salvia e
Rio Grande RS - LC Schorr 1971; Pestana,
do Sul São José do Norte Capivaras Capivaras 3 - 07 22J 398219/6474473 x 2007; CNSA 02513
Rio Grande RS - LC Pestana 2007; CNSA
do Sul São José do Norte Passinhos Passinhos 1 - 08 22J 404352/6473906 x 02514
Rio Grande RS - LC Pestana 2007; 12ª SR
do Sul São José do Norte Curral Velho Sermi M. Miguel - 24 22J 472689/6514841 x IPHAN
Rio Grande RS - LC
do Sul São José do Norte Curral Velho Romeu A. Costa - 26 22J 450606/6500795 x Pestana 2007
Rio Grande Dilmo Martins/ RS - LC Pestana 2007; CNSA
do Sul São José do Norte Capão José Érico Weber - 27 22J 472102/6514495 x 02524
Rio Grande RS - LC Pestana 2007; CNSA
do Sul São José do Norte Capão da Areia Dilmo Martins - 28 22J 472053/6514453 x 02524
Rio Grande RS - LC
do Sul São José do Norte Capivaras Antenor Paiva - 29 22J 398219/6474473 x Pestana 2007
Rio Grande RS - LC
do Sul São José do Norte Capivaras Areias Gordas A - 30 22J 400856/6473288 x Pestana 2007
Rio Grande RS - LC
do Sul São José do Norte Bojuru Barranco A - 31 22J 469936/6504439 x Pestana 2007
Rio Grande RS - LC
do Sul São José do Norte Bojuru Barranco B - 32 22J 469791/6504207 x Pestana 2007
Rio Grande RS - LC
do Sul São José do Norte Bojuru Barranco C - 33 22J 469086/6503434 x Pestana 2007
Rio Grande RS - LC
do Sul São José do Norte Bojuru Barranco D - 34 22J 468776/6503105 x Pestana 2007
Rio Grande RS - LC
do Sul São José do Norte Bojuru Barranco E - 35 22J 468138/6502545 x Pestana 2007
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Rio Grande RS - LC
do Sul São José do Norte Bojuru Barranco F - 36 22J 470033/6504545 x Pestana 2007
Rio Grande RS - LC
do Sul São José do Norte Bojuru Bojuru Velho A - 37 22J 464481/6498378 x Pestana 2007
Rio Grande RS - LC
do Sul São José do Norte Bojuru Bojuru Velho B - 38 22J 464533/6498410 x Pestana 2007
Rio Grande RS - LC
do Sul São José do Norte Passinho Passinho II A, B - 40 22J 403905/6472907 x Pestana 2007
Rio Grande RS - LC
do Sul São José do Norte Passinho Passinho III - 41 22J 402553/6471430 x Pestana 2007
Rio Grande Sambaqui Capão RS - LC
do Sul São José do Norte Capão da Areia da Areia - 59 22J 477667/6510033 x Pestana 2007
Rio Grande Pq. Nac. Lagoa do RS - LC
do Sul São José do Norte Peixe Parna IV - 63 22J 493162/6534605 x Pestana 2007
Rio Grande RS - LC
do Sul São José do Norte Guarita Parna VI - 67 22J 491933/6532990 x Pestana 2007
Rio Grande RS - LC
do Sul São José do Norte Capivaras Ângela Waise - 68 22J 402502/6461691 x Pestana 2007
Rio Grande RS - LC
do Sul São José do Norte Bojuru Velho Bojuru Velho C - 69 x x LEPAN; 12ª SR IPHAN
Rio Grande CEPA PUCRS; CNSA
do Sul São José do Norte Bojuru Velho Bojuru Velho RS 56 x x 01746
Rio Grande CEPA PUCRS; CNSA
do Sul São José do Norte Bojuru Velho RS 57 RS 57 x x 01747
227
Datação/
228
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Naue, Schmitz, Valen-
Rio Grande Sítio te, Becker, La Salvia e
do Sul São José do Norte Ponta Rasa Arroio do Inhame 47 x x Schorr 1971
Sítio
Jacinto Naue, Schmitz, Valen-
Rio Grande Sítio Jacinto Inácio Inácio te, Becker, La Salvia e
do Sul São José do Norte Jacinto Inácio 46b 46b x x Schorr 1971
Rio Grande Monumento Bal- CEPA PUCRS; CNSA
do Sul São Lourenço do Sul mário Balmário RS 158 x x 01847
Rio Grande Goldmeier e Schmitz
do Sul São Lourenço do Sul Faz. Timbaúva Dr. Crisanto RS 237 x x 1983; CNSA 01211
Rio Grande Manuel M. Ma- RS - LC Pestana 2007; CNSA
do Sul Tavares Capão Comprido chado - 09 22J 483358/6522052 x 02515
Rio Grande RS - LC Pestana 2007; CNSA
do Sul Tavares Capão da Marca Capão da Marca A - 14 22J 484548/6536092 x 02541
Rio Grande RS - LC Pestana 2007; 12ª SR
do Sul Tavares Guarita João R. Silva - 18 22J 0492838/6534314 x IPHAN
Rio Grande RS - LC
do Sul Tavares Campo da Honra Campo da Honra A - 19 x x LEPAN; 12ª SR IPHAN
Rio Grande RS - LC
do Sul Tavares Campo da Honra Campo da Honra B - 20 x x LEPAN; 12ª SR IPHAN
RS
Rio Grande Lino Azevedo Pires - LC - CEPA PUCRS; Pestana
do Sul Tavares Costa de Cima de Lima A 45/79 22J 492771/6554573 x 2007; CNSA 01768
Rio Grande Lino Azevedo Pires RS - LC
do Sul Tavares Costa de Cima de Lima B - 46 x x LEPAN; 12ª SR IPHAN
Rio Grande Estevaldino Rodri- RS - LC
do Sul Tavares Campo Comprido gues A - 56 22J 482935/6521322 x Pestana 2007
Rio Grande Sidnei da Silva RS - LC
do Sul Tavares Campo Comprido Machado - 57 22J 483129/6521982 x Pestana 2007
Rio Grande Levi Faria dos RS - LC
do Sul Tavares Campo Comprido Santos - 58 22J 482939/6521371 x Pestana 2007
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Rio Grande RS - LC
do Sul Tavares Capororoca Capororoca II - 60 22J 494580/6538502 x Pestana 2007
Rio Grande RS - LC
do Sul Tavares Rincão dos Linhares Taroca 1 - 62 x x Marsul; CNSA 00921
Rio Grande RS - LC
do Sul Tavares Capororoca Capororoca I - 62 22J 495426/6538872 x Pestana 2007
Rio Grande RS - LC
do Sul Tavares Rincão dos Linhares Taroca 2 - 63 x x Marsul; CNSA 00922
Rio Grande Pta. Cristovão RS - LC
do Sul Tavares Pereira Pontal 1 - 64 x x Marsul; CNSA 00926
Rio Grande Estevaldino Luis RS - LC
do Sul Tavares Capão Comprido Rodrigues II - 64 22J 482618/6520849 x Pestana 2007
Rio Grande Napoleão Araújo RS - LC Pestana 2007; CNSA
do Sul Tavares Capão Comprido Brum - Pontal 2 - 65 22J 485399/6524270 x 00927
Rio Grande RS - LC
do Sul Tavares Lagoa do Bonito Bonito - 66 x x Marsul; CNSA 00923
Rio Grande Pq. Nac. Lagoa do RS - LC
do Sul Tavares Peixe Parna V - 66 22J 490320/6530631 x Pestana 2007
Rio Grande Farol Capão da RS-75-Dona Con- CEPA PUCRS; CNSA
do Sul Tavares Marca ceição RS 75 x x 01764
Rio Grande Farol Capão da RS-78-Dona Con- CEPA PUCRS; CNSA
do Sul Tavares Marca ceição RS 78 x x 01767
Rio Grande Luiz Antônio Lis- CEPA PUCRS; CNSA
do Sul Tavares Tavares boa RS 80 x x 01769
229
Datação/
230
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Rio Grande Fazenda S. Antô- RS - LN Becker 2007; CNSA
do Sul Terra de Areia Cornélios nio- irmã da Giza - 96 x x 00973
Monticelli et al. 2000;
Rio Grande Wagner, 2004; CNSA
do Sul Terra de Areia Lagoa Itapeva Manoel João LII 09 22J 592756/6728786 x 02249
Monticelli et al. 2000;
Rio Grande Wagner, 2004; CNSA
do Sul Terra de Areia Lagoa Itapeva Sítio do Lima LII 10 22J 592392/6727968 x 02248
Rio Grande Onildo R. de Monticelli et al. 2000;
do Sul Terra de Areia Lagoa Itapeva Aguiar LII 11 22J 593274/6727399 x Wagner, 2004
Rio Grande Monticelli et al. 2000;
do Sul Terra de Areia Lagoa Itapeva Lomba da Folia LII 12 x x Wagner, 2004
Rio Grande Monticelli et al. 2000;
do Sul Terra de Areia Lagoa Itapeva Sítio do Areal LII 13 22J 594497/6727148 x Wagner, 2004
12ª SR IPHAN; Monti-
Rio Grande LQQ celli et al. 2003; Wagner
do Sul Terra de Areia Km 50,540/BR101 Família Nunes 02 22J 588047/6723795 x 2004
Rio Grande Monticelli et al. 2003;
do Sul Torres x Darci Leal LII 07 22J 614451/6745569 x Wagner 2004
RS-LN
- 02
Rio Grande (Hil-
do Sul Torres Itapeva RS - LN - 02 bert) 22J 619638/6748631 x Wagner 2004
RS-LN
- 03
Rio Grande Balneário de Ita- (Hil- Wagner 2004; CNSA
do Sul Torres Itapeva peva bert) 22J 619319/6747987 x 02433
RS-LN
- 04
Rio Grande (Hil- Wagner 2004; CNSA
do Sul Torres Itapeva Caixa dágua bert) 22J 619475/6748422 x 02436
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
RS-LN
- 06
Rio Grande (Hil- Wagner 2004; CNSA
do Sul Torres Itapeva RS - LN - 06 bert) 22J 619867/6748648 x 02437
RS-LN
- 07
Rio Grande (Hil- Wagner 2004; CNSA
do Sul Torres Itapeva Camping Itapeva bert) 22J 621211/6750704 x 02438
RS-LN
- 08
Rio Grande (Hil- Wagner 2004; CNSA
do Sul Torres Itapeva RS - LN - 08 bert) 22J 621014/6750413 x 02439
RS-LN
- 09
Rio Grande (Hil- Wagner 2004; CNSA
do Sul Torres Itapeva RS - LN - 09 bert) 22J 620914/6749950 x 02440
RS-LN
- 10
Rio Grande (Hil- Wagner 2004; CNSA
do Sul Torres Itapeva RS - LN - 10 bert) 22J 620863/6750616 x 02441
RS-LN
- 19
Rio Grande (Hil- Wagner 2004; CNSA
do Sul Torres Campo do Cortume RS - LN - 19 bert) 22J 621442/6752213 x 02448
RS-LN
231
232
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Monticelli et al. 2003;
Rio Grande BAM Wagner 2004; CNSA
do Sul Torres BR 101 Família Machado 06 22J 618659/6755700 x 02297
Rio Grande TG da Lagoa de RS - LN
do Sul Tramandaí x Tramandaí - 248 x x Becker 2007
Rio Grande TG da Lagoa do RS - LN
do Sul Tramandaí x Armazem - 249 x x Becker 2007
Rio Grande RS - LN
do Sul Tramandaí Pontal Lagoa do Armazém - 15 x x Marsul; CNSA 01289
Rio Grande Passo Fundo - M RS - LN
do Sul Tramandaí Lagoa 16 - 16 x x CNSA 00965
Praia de SantaTe-
Rio Grande resinha 1 e 2 - M RS - LN Goldmeier e Schmitz
do Sul Tramandaí Tramandaí 17 - 17 x x 1983; CNSA 01290
Rio Grande Sambaqui Mato RS - LN
do Sul Tramandaí Mato Morto Morto - 14 x x 12ª SR IPHAN
Rio Grande RS - LN
do Sul Tramandaí Arroio Mato Morto Mato Morto 2 - 42 x x Marsul; CNSA 01301
Rio Grande RS - LN
do Sul Tramandaí Arroio Mato Morto Mato Morto 3 - 43 x x Marsul; CNSA 01302
Rio Grande Monticelli et al., 2003;
do Sul Três Cachoeiras x Cemitério LII 02 22J 601504/6739654 x Wagner 2004
Rio Grande Monticelli et al., 2003;
do Sul Três Cachoeiras x Mário Mengue LII 03 22J 601645/6739759 x Wagner 2004
Rio Grande Monticelli et al., 2003;
do Sul Três Cachoeiras x Irmãos Broda LII 04 22J 603730/6740383 x Wagner 2004
Rio Grande Monticelli e Domiks
do Sul Três Cachoeiras BR 101 Jazida de Areia 5 x x x 1998; CNSA 02103
Monticelli et al. 2003;
Rio Grande Wagner 2004; CNSA
do Sul Três Cachoeiras Chimarrão Chimarrão LII 01 22J 599090/6736438 x 02303
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Rio Grande Aldeia do Canta- RS - LC Silva 1992; Dias e Silva
do Sul Viamão Distrito do Espigão galo - 01 22J 0498081/6659494 x 2012
Rio Grande RS - LC Silva 1992; Dias e Silva
do Sul Viamão Itapuã Colônia Itapuã - 02 x x 2012
Silva 1992; Zortéa 1995;
Rio Grande RS - LC Noelli et al 1997; Dias e
do Sul Viamão Itapuã Praia das Pombas - 08 22J 0496303/6643308 x Silva 2012
Rio Grande RS - LC Zortéa 1995; Dias e Silva
do Sul Viamão Praia do Sítio Praia do Sítio - 15 22J 0495594/6639135 x 2012
Rio Grande RS - LC
do Sul Viamão Itapuã Prainha - 16 22J 0494944/6638618 x Dias e Silva 2012
Rio Grande RS - LC
do Sul Viamão Itapuã Morro do Farol - 17 22J 0494500/6638400 x Dias e Silva 2012
Rio Grande RS - LC
do Sul Viamão Morro do Coco Morro do Coro - 18 22J 0495718/6651542 x Dias e Silva 2012
Rio Grande Pedreira - Morro RS - LC Silva 1992; Dias e Silva
do Sul Viamão Itapuã da Fortaleza - 03 22J 0495161/6641730 x 2012
Rio Grande RS - LC Zortéa 1995; Dias e Silva
do Sul Viamão Praia da Onça Praia da Onça - 11 22J 0495088/6642544 x 2012
Silva 1992; Noelli et al.
Rio Grande RS - LC 1997; Dias e Silva 2012;
do Sul Viamão Itapuã Praia do Araçá - 07 22J 0496150/6640750 x CNSA 35379
Rio Grande RS - LC Dias e Silva 2012; Zortéa
do Sul Viamão Itapuã Morro da Fortaleza - 39 22J 0495200/6642250 x 1995
233
234
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Lagoa Negra I (ex
RS-LC-04: Lagoa
Rio Grande Negra I e RS-LC-06: RS - LC Dias e Silva 2012; CNSA
do Sul Viamão Itapuã/Lagoa Negra Lagoa Negra II) - 75 22J 500977/6641531 x 01402
Rio Grande Novo Lar de Me- Dias e Silva 2012; CNSA
do Sul Viamão Jardim Lisboa nores RS 88 x x 01777
Rio Grande
do Sul Viamão Águas Claras Pomar da Lagoa I x 22J 513106/6663477 x Dias e Silva 2012
Silva 1992; Noelli et al.
Rio Grande RS - LC 1997; Dias e Silva 2012;
do Sul Viamão Itapuã Ilha do Junco - 70 22J 493700/6641900 x CNSA 00989
Rio Grande RS - LN Ribeiro 1982; CNSA
do Sul Xangrilá Praia de Xangrilá Capão Alto - M 19 - 19 22J 592905/6704099 x 02115; Wagner 2009
Rio Grande RS - LN Miller 1967; CNSA
do Sul Xangrilá Fazenda Nunes Nunes 1 - 20 22J 589429/6704088 x 35162; Wagner 2009
Rio Grande RS - LN Miller 1967; CNSA
do Sul Xangrilá Fazenda Nunes Nunes 2 - 21 22J 589479/6703939 x 35163; Wagner 2009
Rio Grande RS - LN Marsul; CNSA 35164;
do Sul Xangrilá Fazenda Nunes Nunes 3 - 22 22J 589485/6703752 x Wagner 2009
Rio Grande RS - LN
do Sul Xangrilá Fazenda Nunes Nunes 4 - 23 22J 589554/6703589 x Marsul; Wagner 2009
Rio Grande RS - LN Marsul; CNSA 35166;
do Sul Xangrilá Fazenda Nunes Nunes 5 - 24 22J 589695/6703442 x Wagner 2009
Rio Grande RS - LN
do Sul Xangri-lá Fazenda Nunes Nunes 6 - 26 22J 588376/6704544 x Marsul; Wagner 2009
Rio Grande RS - LN
do Sul x x Fazenda Lucita I - 115 x x Becker 2007
Rio Grande Aldeia de Itapeva RS - LN
do Sul x x TG/Taquara - 122 x x Becker 2007
Rio Grande RS - LN
do Sul x x Sítio do Gringo - 124 x x Becker 2007
Rio Grande RS - LN
do Sul x x Posto do Salim - 128 x x Becker 2007
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Rio Grande RS - LN
do Sul x x Jazida do Valter - 129 x x Becker 2007
Rio Grande Fazenda Prof. Luiz RS - LN
do Sul x x C. Hainzerender - 131 x x Becker 2007
Rio Grande Aldeia do Guer- RS - LN
do Sul x x reiro - 132 x x Becker 2007
Rio Grande Aldeia TG da Ita- RS - LN
do Sul x x peva - 134 x x Becker 2007
Rio Grande João Fernandes RS - LN
do Sul x x Neto - 141 x x Becker 2007
Rio Grande RS - LN
do Sul x x Hilário Maggi - 142 x x Becker 2007
Rio Grande RS - LN
do Sul x x Margareth Weber - 143 x x Becker 2007
Rio Grande Luiz Nolasco de RS - LN
do Sul x x Souza - 144 x x Becker 2007
Rio Grande RS - LN
do Sul x x Osvaldo Boff - 146 x x Becker 2007
Rio Grande RS - LN
do Sul x x Ilda Borges - 151 x x Becker 2007
Rio Grande Aldeia Tupiguarani RS - LN
do Sul x x Tapera/Osório - 154 x x Becker 2007
Rio Grande Profa. Eroni RS - LN
do Sul x x Behenck - 157 x x Becker 2007
235
236
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Rio Grande Pedro Raulino - RS - LN
do Sul x x Passo da Caveira - 171 x x Becker 2007
Rio Grande RS - LN
do Sul x x Família Behenck - 172 x x Becker 2007
Rio Grande Sítio do Marino RS - LN
do Sul x x Jorge - 178 x x Becker 2007
Rio Grande Sítio do Juca Fer- RS - LN
do Sul x x nandes - 179 x x Becker 2007
Rio Grande RS - LN
do Sul x x Sítio do Cemitério - 181 x x Becker 2007
Rio Grande RS - LN
do Sul x x Sítio do Alegre - 182 x x Becker 2007
Rio Grande Sítio Pedro Macha- RS - LN
do Sul x x do Martins (Boró) - 183 x x Becker 2007
Rio Grande RS - LN
do Sul x x Família Scheffer - 184 x x Becker 2007
Rio Grande RS - LN
do Sul x x Morro dos Lippert - 186 x x Becker 2007
Rio Grande RS - LN
do Sul x x Noir Evaldt Boff - 189 x x Becker 2007
Rio Grande Sítio da Olaria - RS - LN
do Sul x x Km 51 - 202 x x Becker 2007
Rio Grande Sítio da Sanga RS - LN
do Sul x x Funda - 203 x x Becker 2007
Rio Grande RS - LN
do Sul x x Sítio da Lagoinha - 209 x x Becker 2007
Rio Grande RS - LN
do Sul x x Lagoa dos Quadros - 212 x x Becker 2007
Rio Grande RS - LN
do Sul x x Campo Bonito - 218 x x Becker 2007
Rio Grande RS - LN
do Sul x x TG da Itapeva - 220 x x Becker 2007
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Rio Grande RS - LN
do Sul x x TG do Faxinal - 222 x x Becker 2007
Rio Grande RS - LN
do Sul x x TG da Perdida - 225 x x Becker 2007
Rio Grande TG da Lagoa dos RS - LN
do Sul x x Barros - 234 x x Becker 2007
Rio Grande RS - LN
do Sul x x TG da BR 101 - 238 x x Becker 2007
Rio Grande TG da Lagoa da RS - LN
do Sul x x Pinguela - 239 x x Becker 2007
Rio Grande TG da Lagoa do RS - LN
do Sul x x Peixoto - 240 x x Becker 2007
Rio Grande RS - LN
do Sul x x TG do Pontal - 241 x x Becker 2007
Rio Grande RS - LN
do Sul x x TG da Lagoa Negra - 242 x x Becker 2007
Rio Grande TG da Lagoa do RS - LN
do Sul x Morro Alto Ramalhete - 243 x x Becker 2007
Rio Grande RS - LN
do Sul x x TG da Areia - 247 x x Becker 2007
Rio Grande TG da Lagoa do RS - LN
do Sul x x Horácio - 251 x x Becker 2007
RS - LN
Rio Grande Lindomar Concei- - 65
237
238
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Rio Grande RS - LN
do Sul x x Nelson Müller - 77 x x Becker 2007
Rio Grande RS - LN
do Sul x x Darci Azevedo - 80 x x Becker 2007
Rio Grande Pedro Rubem RS - LN
do Sul x x Prestes - 86 x x Becker 2007
Santa Cata- Sambaqui da Foz
rina Araquari Rio Parati do Rio Parati x x Gualberto 1908
Aldeia da Man-
Santa Cata- gueira do Mar- ARA Lavina 2000; Lino 2007;
rina Araranguá Lagoa Mãe-Luzia celino 005 22J 6805800/663838 x CNSA 01092
Santa Cata- Escola Isolada ARA Lavina 2000; Lino 2007;
rina Araranguá Caverazinho Caverazinho 006 22J 6796114/649820 x CNSA 01093
Santa Cata- Aldeia do Levan- ARA Lavina 2000; Lino 2007;
rina Araranguá Hercílio Luz doski 007 22J 657746/6800919 x CNSA 01100
Santa Cata- Aldeia da Roça de ARA Lavina 2000; Lino 2007;
rina Araranguá Hercílio Luz Milho 008 22J 6599921/6801688 x CNSA 01101
Santa Cata- Aldeia da Roça de ARA Lavina 2000; Lino 2007;
rina Araranguá Campo Mãe-Luzia Melancia 009 22J 6627471/6803943 x CNSA 01102
610 ± 60 AP
Santa Cata- Aldeia da Lagoa ARA (LVD-FATEC) Lavina 2000; Lino 2007;
rina Araranguá Barra Velha Mãe-Luzia 010 22J 663557/6805711 / TL CNSA 01103
Santa Cata- Morro dos Con- Morro dos Con- SC - LS
rina Araranguá ventos ventos - 06 x x 12ª SR IPHAN
Santa Cata- Ceramico Roça do
rina Araranguá x Mato Alto x 22J 644465/6795496 x De Masi 2007
Santa Cata- Lavina 2000; Lino 2007;
rina Araranguá Caverazinho Aldeia do Trevo x 22J 6796400/649851 x CNSA 01090
Santa Cata- Campo Mae Lu-
rina Araranguá Rio dos Porcos zia 01 x 22J 660532/6802444 x Lavina 2000; Lino 2007
Santa Cata- Campo Mae Lu-
rina Araranguá Rio dos Porcos zia 02 x 22J 660610/6802215 x Lavina 2000; Lino 2007
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Santa Cata- Campo Mae Lu-
rina Araranguá Rio dos Porcos zia 03 x 22J 661055/6802904 x Lavina 2000; Lino 2007
Santa Cata- Campo Mae Lu-
rina Araranguá Rio dos Porcos zia 04 x 22J 661354/6803135 x Lavina 2000; Lino 2007
Santa Cata- Balneário Arroio do
rina Silva Arroio do Silva Arroio do Silva x 22J 654809/6794312 x IPAT/UNESC; Lavina 2000
Santa Cata- Balneário Arroio do Balsa Morro dos ARA Lavina 2000; Lino 2007;
rina Silva Conventos Aldeia da Balsa 011 22J 6568461/6794444 x CNSA 01106
Santa Cata- Cemitério B. Gai-
rina Balneário Gaivota Figueirinha vota 1 x x x IPAT/UNESC; Lavina 2000
Santa Cata-
rina Balneário Gaivota Lagoa do Rodeio Lagoa do Rodeio x 22J 636150/ 6777849 x IPAT/UNESC; Lavina 2000
Santa Cata- Comunidade de
rina Balneário Gaivota Palmeira Palmeira x 22J 640131/ 6782169 x IPAT/UNESC; Lavina 2000
Santa Cata- FLN
rina Florianópolis Pântano do Sul Florianópolis 39 004 x x Rohr 1984; CNSA 00281
Santa Cata- FLN Chmyz 1976; Rohr 1977,
rina Florianópolis Pântano do Sul Florianópolis 40 062 x x 1984; CNSA 55244
Santa Cata- Dunas do Pântano FLN Rohr 1977; Farias e
rina Florianópolis Pântano do Sul do Sul I 062 22J 745023/6924780 x Kneip 2010, CNSA 00339
Santa Cata- FLN Chmyz 1976; Rohr 1977,
rina Florianópolis Pântano do Sul Florianópolis 44 063 x x 1984; CNSA 55245
Santa Cata- Dunas do Pantano FLN
rina Florianopólis Pântano do Sul do Sul II 063 22J 745053/6924754 x Rohr 1977; CNSA 00340
239
240
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Piazza 1965; Chmyz
Lagoinha do Rio 1976; Prous e Piazza
Santa Cata- Tavares/Florianó- FLN 1977; Rohr 1984; CNSA
rina Florianópolis Rio Tavares polis 42 067 22J 7423308/6956038 x 00344
Dunas da Lagoa da
Santa Cata- Dunas da Lagoa da Conceição/Floria- FLN
rina Florianópolis Conceição nópolis 43 068 x x Rohr 1984; CNSA 00345
Santa Cata- FLN
rina Florianópolis Lagoa da Conceição Rendeiras 069 22J 750549/6943743 x Rohr 1971; CNSA 00346
Schmitz 1959; Rohr
1959; Chmyz 1968,
1976; Prous e Piazza
1977; Schmitz, Verardi,
Santa Cata- SC - LF De Masi, Rogge e Jaco-
rina Florianópolis Base Aérea Base Aérea - 01 x x bus 1993; CNSA 55195
Rohr 1959, 1966; Chmyz
1976; Prous e Piazza
1977; Schmitz 1988; Sil-
va 1988; Silva, Schmitz,
Rogge, De Masi e Jaco-
bus 1990; Silva 1990;
SC - LF Chmyz 1976; Schmitz,
- 02/ Verardi, De Masi, Rogge
Santa Cata- FLN 1400 ± 70 e Jacobus 1993; CNSA
rina Florianópolis Tapera Tapera 058 22J 739918/6934533 A.D. / C¹⁴ 55240
Santa Cata- Rua das Garcas
rina Florianópolis x Campeche x 22J 746843/6934710 x De Masi 1999
Santa Cata- Costeira do Pira-
rina Florianopólis x jubaé x 22J 744057/6940470 x Farias e Kneip 2010
Santa Cata- Ponta da Caicanga-
rina Florianopólis x -Açu x 22J 738182/6926640 x Farias e Kneip 2010
Santa Cata-
rina Florianopólis Jurerê Rio do Meio x x x Farias e Kneip 2010
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Santa Cata- Dunas do Pantano
rina Florianopólis x do Sul V x 22J 744823/6924872 x Lavina 1988
Santa Cata- Montardo e Bandeira
rina Florianópolis Ingleses Valda 1 x 1993
Santa Cata- Povoado do Cam-
rina Florianópolis Praia do Campeche peche x 22J 562790/6640402 x Rohr 1961
Santa Cata-
rina Florianopólis x Pantano do Sul II x 22J 745372/6924565 x Rohr 1969
Santa Cata-
rina Florianópolis Campeche Lagoinha x 22J 748616/6938503 x Rohr 1971
Santa Cata- Dunas da Lagoa da
rina Florianópolis Conceição Florianópolis 44 x x x Rohr 1984
Santa Cata- Simas 1997 (com. Pes-
rina Florianópolis Naufragados Naufragados x 22J 739868/6919008 x soal)
Bigarella 1949; Rohr
1960; Duarte 1971;
SC - Lavina 2000; De Masi
Santa Cata- Porto Rio Verme- PRV 1999; De Masi 2007;
rina Florianópolis Rio Vermelho lho 1 - 01 22J 754385/6953086 910 A.D. / C¹⁴ CNSA 55227
Santa Cata- Aldeia da Praia da
rina Garopaba Praia da Ferrugem Ferrugem x x x IPAT/UNESC; Lavina 2000
Santa Cata- Aldeia da Praia do
rina Garopaba Praia do Rosa Rosa x x x IPAT/UNESC; Lavina 2000
Santa Cata- GRB Rohr 1984; Farias e
241
Datação/
242
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Santa Cata- Farias e Kneip 2010;
rina Ibirama Rio Uruguai Ibirama I IIR 001 x x CNSA 00983
Santa Cata- IÇA Farias e Kneip 2010;
rina Içara Lagoa dos Esteves Praia do Rincão II 002 x x CNSA 00425
Santa Cata- IÇA Farias e Kneip 2010;
rina Içara Urussanga Velha Praia do Rincão III 003 x x CNSA 00426
IPAT/UNESC; Lavina
Santa Cata- Luquinha do Zé IÇA 2000; Farias e Kneip
rina Içara Lagoa dos Esteves Pequeno 004 22J 668478/6809435 x 2010; CNSA 00427
Santa Cata- Aldeia Sebastião IÇA
rina Içara Praia do Rincão Geraldo 005 x x CNSA 00428
Santa Cata- Aldeia do Camping IÇA Farias e Kneip 2010;
rina Içara Lagoa dos Esteves Vieira 007 x x CNSA 01089
Santa Cata- Aldeia do Areal do IÇA Lavina 2000; Lino 2007;
rina Içara Barra Velha Mussuline 008 22J 6805042/665572 x CNSA 01104
Aldeia do Cemité- 720 ± 70 AP
Santa Cata- rio da Lagoa dos IÇA (LVD-FATEC) Lavina 2000; Lino 2007;
rina Içara Lagoa dos Esteves Esteves 009 22J 665644/6807591 / TL CNSA 56016
Santa Cata- IÇA Lavina 2000; Lino 2007;
rina Içara Lagoa dos Esteves Aldeia do Arseno 010 22J 667245/6808984 x CNSA 01095
Aldeia da Esc.
Santa Cata- Isolada da Lagoa IÇA Lavina 2000; Lino 2007;
rina Içara Lagoa dos Esteves dos Esteves 011 22J 666277/6808413 x CNSA 56021
Santa Cata- Aldeia do Mus- IÇA Lavina 2000; Lino 2007;
rina Içara Lagoa dos Esteves suline 012 22J 665572/6805042 x CNSA 56026
Santa Cata- IÇA Lavina 2000; Lino 2007;
rina Içara Lagoa dos Esteves Aldeia do Pomar 013 22J 665272/6807103 x CNSA 01105
Santa Cata- Aldeia Condomínio
rina Içara Lagoa do Faxinal Bouganville x x x IPAT/UNESC; Lavina 2000
Santa Cata- Aldeia Lagoa do
rina Içara Lagoa dos Esteves Giassi x x x IPAT/UNESC; Lavina 2000
Santa Cata- Aldeia do Camping IPAT/UNESC; Lavina
rina Içara Lagoa dos Esteves Viana x 22J 6806193/665314 x 2000; Campos 2010
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Santa Cata- IPAT/UNESC; Lavina
rina Içara x Lagoa dos Freitas x 22J 673700/6812150 x 2000; Campos 2010
Acampamento
Santa Cata- da Plataforma da Lavina 2000; Campos
rina Içara Barra Velha Barra Velha x 22J 668977/6807260 x 2010
Santa Cata- Lavina 2000; Campos e
rina Içara Pedreiras Pedreiras x 22J 671920/6812157 x Lino 2003; Campos 2010
Santa Cata- Lavina 2000; Campos e
rina Içara Terra Firme Urussanga Velha x 22J 673150/6814732 x Lino 2003; Campos 2010
Santa Cata- Aldeia do Cam-
rina Içara Lagoa dos Esteves pestre x 22J 666999/6808104 x Lavina 2000; Lino 2007
Santa Cata- Aldeia do Camping
rina Içara Lagoa dos Esteves Silva x 22J 665314/6806671 x Lavina 2000; Lino 2007
Santa Cata-
rina Içara Praia do Rincão Praia do Rincão I x x x Farias e Kneip 2010
Santa Cata- Barreiros do Rio IMI
rina Imaruí D’Una Balsinha 5 011 x x Rohr 1984; CNSA 00439
Santa Cata- Barreiros do Rio IMI
rina Imaruí D’Una Balsinha 6 012 x x Rohr 1984; CNSA 00440
Santa Cata- Barreiros do Rio IMI
rina Imaruí D’Una Balsinha 7 013 x x Rohr 1984; CNSA 00441
SC -
Santa Cata- Eugeniano B PEST
rina Imbituba Penha Borges - 18 x x Eble e Reis 1976
243
Datação/
244
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Santa Cata- IMA
rina Imbituba Itapirubá Itapirubá 1 014 x x Rohr 1984; CNSA 00459
1000 ± 110 AP
810 ± 85
AP1040
±110 AP Lavina 2000; Lino 2007;
715± 75 AP Farias e Kneip 2010;
Santa Cata- IMA 1050 ±150 AP Milheira 2010; CNSA
rina Imbituba Nova Brasília Aldeia da ZPE 023 22J 726040/6876650 / TL 01087
Santa Cata- IMA Silva 1999; Farias e
rina Imbituba Nova Brasília Nova Brasília 025 22J 725493/6877980 x Kneip 2010
Santa Cata- Enseada de Imbi-
rina Imbituba tuba entre as dunas x x x Abreu 1928
entre as dunas,
Santa Cata- Enseada de Imbi- perto do caminho
rina Imbituba tuba do Mirim x x x Abreu 1928
Santa Cata- Morros de Itapi- perto da ponta de
rina Imbituba rubá Itapirubá x x x Abreu 1928
campo perto do
Santa Cata- sambaqui do Rio
rina Imbituba Foz do Rio de Una de Una x x x Abreu 1928, 1944
Santa Cata-
rina Imbituba x Araçatuba x 22J 727217/6886890 x Farias e Kneip 2010
Santa Cata-
rina Imbituba x Awyra x 22J 726874/6880844 x Farias e Kneip 2010
Santa Cata-
rina Imbituba x Engenho x x x Farias e Kneip 2010
Santa Cata-
rina Imbituba x Km 265 x 22J 722920/6865345 x Farias e Kneip 2010
Santa Cata-
rina Imbituba Roça Grande Km 295 x 22J 722920/6865345 x Silva 1999; De Masi 2007
Santa Cata-
rina Imbituba x Cerâmico da Torre x 22J 725733/6872707 x De Masi 2007
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Santa Cata- Cerâmico do En-
rina Imbituba x genho x 22J 725456/6872707 x De Masi 2007
Santa Cata- Cerâmico Nova
rina Imbituba x Brasilia x 22J 725736/6876186 x De Masi 2007
Santa Cata- Aldeia Canto do
rina Imbituba Praia do Rosa Norte x 22J 731529/6886518 x 11ª SR IPHAN; Silva 1999
Santa Cata-
rina Imbituba Alto Arroio Alto Arroio x x x 11ª SR IPHAN; Silva 1999
Santa Cata-
rina Imbituba Arroio Arroio 1 x x x 11ª SR IPHAN; Silva 1999
Santa Cata-
rina Imbituba Arroio Arroio 2 x x x 11ª SR IPHAN; Silva 1999
Santa Cata-
rina Imbituba Sambaqui Darcí S. de Souza x x x 11ª SR IPHAN; Silva 1999
Santa Cata-
rina Imbituba Dunas de Guaiúba Dunas de Guaiúba x x x 11ª SR IPHAN; Silva 1999
Eble e Schmitz 1972;
Prous e Piazza 1977;
Santa Cata- SC - LL Martin, Suguio, Flexor,
rina Imbituba Guaiúba Guaiúba - 70 22J 723446/6868740 Azevedo 1988
520 ± 50 AP Milheira 2010; Milheira
Santa Cata- (Beta 262753) e DeBlasis 2011; Farias e
rina Jaguaruna Morro Bonito Morro Bonito I JUU 01 22J 699077/6833937 / C¹⁴ Kneip 2010
510 ± 40 AP Milheira 2010; Milheira
245
Datação/
246
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Milheira 2010; Milheira
Santa Cata- e DeBlasis 2011; Farias e
rina Jaguaruna Olho D’água Olho d’agua III JUU 10 22 J 680214 6817362 x Kneip 2010; CNSA 00636
Rohr, 1969; Milheira
Santa Cata- 2010; Milheira e DeBla-
rina Jaguaruna Olho D’água Olho d’agua IV JUU 11 22 J 682657 6823373 x sis 2011; CNSA 00637
Santa Cata-
rina Jaguaruna Olho D’água Olho d’agua V JUU 12 x x CNSA 00638
Santa Cata-
rina Jaguaruna Olho D’água Olho d’agua VI JUU 13 x x CNSA 00639
Santa Cata-
rina Jaguaruna Olho D’água Olho d’agua VII JUU 14 x x CNSA 00640
Santa Cata-
rina Jaguaruna Olho D’água Olho d’agua VIII JUU 15 x x CNSA 00641
Santa Cata-
rina Jaguaruna Olho D’água Olho d’agua IX JUU 16 x x CNSA 00642
Santa Cata-
rina Jaguaruna Olho D’água Olho d’agua X JUU 17 x x CNSA 00643
Santa Cata- Albardão do Mor-
rina Jaguaruna Albardão ro Bonito JUU 34 x x CNSA 00659
Rohr, 1969; Milheira
440 ± 40 AP 2010; Milheira e DeBla-
Santa Cata- Riacho dos Fran- (Beta 262751) sis 2011; Farias e Kneip
rina Jaguaruna ciscos Laranjal I JUU 37 22J 701597/6832366 / C¹⁴ 2010; CNSA 00662
Santa Cata- Milheira 2010; Milheira
rina Jaguaruna x Campo Bom V x 22 J 686029 6825335 x e DeBlasis 2011
Santa Cata- Milheira 2010; Milheira
rina Jaguaruna x Jaguaruna IV x 22 J 692520 6832583 x e DeBlasis 2011
Santa Cata- Milheira 2010; Milheira
rina Jaguaruna Riachinho Riachinho II x 22 J 693486 6829626 x e DeBlasis 2011
Santa Cata- Milheira 2010; Milheira
rina Jaguaruna Riachinho Riachinho III x 22 J 693663 6830145 x e DeBlasis 2011
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Santa Cata- Milheira 2010; Milheira
rina Jaguaruna Riachinho Riachinho IV x 22 J 693422 6830444 x e DeBlasis 2011
470 ± 40 AP Milheira 2010; Milheira
Santa Cata- (Beta 280654) e DeBlasis 2011; Farias e
rina Jaguaruna Arroio Corrente Arroio Corrente V x 22 J 691901 6825308 / C¹⁴ Kneip 2010
Milheira 2010; Milheira
Santa Cata- Riacho dos Fran- e DeBlasis 2011; Farias e
rina Jaguaruna ciscos Laranjal II x 22J 702185/6832251 x Kneip 2010
Milheira 2010; Milheira
Santa Cata- Riacho dos Fran- e DeBlasis 2011; Farias e
rina Jaguaruna ciscos Laranjal III x 22J 700993/6832429 x Kneip 2010
Milheira 2010; Milheira
Santa Cata- Riacho dos Fran- e DeBlasis 2011; Farias e
rina Jaguaruna ciscos Laranjal IV x 22 J 699271 6829441 x Kneip 2010
Milheira 2010; Milheira
Santa Cata- Riacho dos Fran- e DeBlasis 2011; Farias e
rina Jaguaruna ciscos Laranjal V x 22 J 699343/ 6829452 x Kneip 2010
Milheira 2010; Milheira
Santa Cata- Riacho dos Fran- e DeBlasis 2011; Farias e
rina Jaguaruna ciscos Laranjal VI x 22 J 699507 6829595 x Kneip 2010
Milheira 2010; Milheira
Santa Cata- Riacho dos Fran- e DeBlasis 2011; Farias e
rina Jaguaruna ciscos Laranjal VII x 22 J 695957 6828063 x Kneip 2010
Milheira 2010; Milheira
Santa Cata- e DeBlasis 2011; Farias e
247
Datação/
248
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Milheira 2010; Milheira
Santa Cata- e DeBlasis 2011; Farias e
rina Jaguaruna Morro Bonito Morro Bonito VII x 22J 697808/6834415 x Kneip 2010
Milheira 2010; Milheira
Santa Cata- e DeBlasis 2011; Farias e
rina Jaguaruna Morro Bonito Morro Bonito VIII x 22J 0696050/6832600 x Kneip 2010
Milheira 2010; Milheira
Santa Cata- e DeBlasis 2011; Farias e
rina Jaguaruna Morro Bonito Morro Bonito X x 22J 697350/6833662 x Kneip 2010
Milheira 2010; Milheira
Santa Cata- Morro dos En- e DeBlasis 2011; Farias e
rina Jaguaruna Morro dos Encruzos cruzos x 22J 691910/6835037 x Kneip 2010
Rohr 1969; Milheira
Santa Cata- 2010; Milheira e DeBla-
rina Jaguaruna Campo Bom Campo Bom IV x 22 J 688393 6824414 x sis 2011
560 ± 40 AP
(Beta 280652)
920 ± 60 AP Rohr 1969; Milheira
Santa Cata- (Beta 280653) 2010; Milheira e DeBla-
rina Jaguaruna Olho D’água Olho d’água I x 22 J 675956 6813757 / C¹⁴ sis 2011
Milheira 2010; Milheira
Santa Cata- e DeBlasis 2011; Farias e
rina Jaguaruna Olho D’água Olho d’água II x 22 J 678615 6816241 x Kneip 2010
Milheira 2010; Milheira
Santa Cata- Riacho dos Fran- Riacho dos Fran- e DeBlasis 2011; Farias e
rina Jaguaruna ciscos ciscos I x 22J 700003/6833329 x Kneip 2010
Milheira 2010; Milheira
Santa Cata- Riacho dos Fran- Riacho dos Fran- e DeBlasis 2011; Farias e
rina Jaguaruna ciscos ciscos II x 22J 700811/6833030 x Kneip 2010
Milheira 2010; Milheira
Santa Cata- Riacho dos Fran- Riacho dos Fran- e DeBlasis 2011; Farias e
rina Jaguaruna ciscos ciscos III x 22J 700504/6832738 x Kneip 2010
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Milheira 2010; Milheira
Santa Cata- Riacho dos Fran- e DeBlasis 2011; Farias e
rina Jaguaruna ciscos Samae x 22J 702781/6832549 x Kneip 2010
550 ± 60 AP Milheira 2010; Milheira
Santa Cata- Riacho dos Fran- (Beta 262752) e DeBlasis 2011; Farias e
rina Jaguaruna ciscos Sibelco x 22J 695611/6832335 / C¹⁴ Kneip 2010
SC - J
- 16 /
Santa Cata- Costa Lagoa I / JUU Rohr 1969, 1984; CNSA
rina Jaguaruna x Jaguaruna 33 30 x x 55564
Santa Cata- SC - J - Rohr 1969, 1984; CNSA
rina Jaguaruna Ilhota Jaguaruna 14 17 x x 55561
Santa Cata-
rina Jaguaruna Faz. Arlete Faz. Arlete x x x LAU
SC - J Rohr 1969, 1984; Mi-
- 18 / lheira 2010; Milheira e
Santa Cata- Jaguaruna 34/Ar- JUU DeBlasis 2011; Farias e
rina Jaguaruna x roio Corrente I 52 22 J 693326/6827328 x Kneip 2010; CNSA 55586
Santa Cata- SC - J - Rohr 1969, 1984; CNSA
rina Jaguaruna Arroio da Cruz Jaguaruna 16 20 x x 55564
SC - J
- 24 / Rohr 1969, 1984; Farias
Santa Cata- Jaguaruna 36/Ar- JUU e Kneip 2010; CNSA
rina Jaguaruna x roio Corrente II 53 22 J 692699/6826787 x 55587
SC - J Rohr 1969, 1984; Mi-
249
250
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
SC - J
- 41 /
Santa Cata- JUU Rohr 1969, 1984; CNSA
rina Jaguaruna Torneiro Jaguaruna 47 33 x x 55567
Santa Cata- SC - J - Rohr 1969, 1984; CNSA
rina Jaguaruna Albardão Jaguaruna 48 42 x x 55568
Santa Cata- SC - J - Rohr 1969, 1984; CNSA
rina Jaguaruna Laranjal Jaguaruna 50 44 x x 55571
Santa Cata- SC - J - Rohr 1969, 1984; CNSA
rina Jaguaruna Albardão Jaguaruna 52 47 x x 55538
Santa Cata- SC - J - Rohr 1969, 1984; CNSA
rina Jaguaruna Albardão Jaguaruna 53 48 x x 55537
Santa Cata-
rina Jaguaruna x Jaboticabeira IV x 22J 698064/6836589 x Farias e Kneip 2010
Santa Cata-
rina Jaguaruna x Riachinho V x 22 J 694050 6828647 x Rohr, 1969
Tiburtius, Bigarela e Bi-
garela 1950-1951; Prous
e Piazza 1977; Neves
1988; Schmitz, De Masi,
Santa Cata- SC - LJ Verardi, Lavina e Jacobus
rina Joinville Itacoara Itacoara - 57 x x 1992; Bandeira 2000
Piazza 1974; Bandeira,
Santa Cata- 340 ± 35 AP 2004; 2012; Farias e
rina Joinville Poço Grande Poço Grande x 22J 0714993/7073270 / TL Kneip 2010
Santa Cata-
rina Laguna Km 37 BR 101 José M. Costa x x x 11ª SR IPHAN; Silva 1999
Abreu 1928; Meggers
1968; Beck 1971, 1972;
Hurt 1974; Prous e
Piazza 1977; Martin,
Santa Cata- SC - LL Suguio, Flexor, Azevedo
rina Laguna Morro da Glória Caieira - 29 22J 718209/6850914 1988; CNSA 55619
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Santa Cata- SC - LL Beck 1971, 1972; Rohr
rina Laguna Congonhas Congonhas 1 - 30 x 1984; CNSA 55842
Santa Cata-
rina Laguna x Cerâmico KM 308 x 22J 716307/6855519 x De Masi 2007
Santa Cata-
rina Laguna x Cerâmico Peixaria x 22J 719334/6859518 x De Masi 2007
Santa Cata-
rina Laguna x Bentos I x 22J 716540/6856075 x Farias e Kneip 2010
Santa Cata-
rina Laguna x Bentos II x 22J 716275/6856430 x Farias e Kneip 2010
Santa Cata-
rina Laguna Ribeirão Pequeno Taquaruçu x 22 J 705517/6853000 x Assunção, 2010
SC -
Santa Cata- PEST
rina Palhoça Pinheira Sabino J. Silveira - 04 x x Eble e Reis 1976
SC -
Santa Cata- PEST
rina Palhoça Pinheira Nestor M. Matos - 08 x x Eble e Reis 1976
SC -
Santa Cata- PEST
rina Palhoça Albardão Saturnino A Santos - 11 x x Eble e Reis 1976
SC -
Santa Cata- PEST
rina Palhoça Albardão Nestor C Santos - 16 x x Eble e Reis 1976
251
Datação/
252
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Santa Cata- 11ª SR IPHAN; Silva
rina Palhoça Massiambu Faz. S. Inês x 22J 733216/6919925 x 1999; De Masi 2007
Santa Cata- PAC Rohr 1984; Farias e
rina Palhoça Praia da Pinheira Praia da Pinheira II 004 x x Kneip 2010; CNSA 00742
Santa Cata- Rodrigo Lavina, com.
rina Palhoça Maciambu Maciambu I x 22J 733120/6918236 x Pessoal; De Masi 2007
SC -
Santa Cata- PEST
rina Paulo Lopes Gamboa Ildefonso Vieira - 06 x x Eble e Reis 1976
SC -
Santa Cata- PEST
rina Paulo Lopes Dunas de Gamboa x - 07 x x Eble e Reis 1976
SC -
Santa Cata- PEST
rina Paulo Lopes Costa do Morro Amadeu A Moisés - 17 x x Eble e Reis 1976
SC -
Santa Cata- PEST
rina Paulo Lopes Gamboa Vitauro Lopes - 21 x x Eble e Reis 1976
SC -
Santa Cata- PEST
rina Paulo Lopes Gamboa Manuel F. Pereira - 22 x x Eble e Reis 1976
SC -
Santa Cata- PEST Farias e Kneip 2010;
rina Paulo Lopes Est. P/ Gamboa Paulo Lopes - 23 x x CNSA 55711
Santa Cata-
rina Passo de Torres x Passo de Torres II x 22J 622357/6759427 x Farias e Kneip 2010
Santa Cata-
rina Passo de Torres x Passo de Torres III x 22J 622661/6759419 x Farias e Kneip 2010
Santa Cata-
rina Passo de Torres x Passo de Torres IV x 22J 622800/6759327 x Farias e Kneip 2010
Santa Cata-
rina Passo de Torres x Passo de Torres V x 22J 622251/6759338 x Farias e Kneip 2010
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Santa Cata-
rina Passo de Torres x Passo de Torres I x 22J 623309/6763975 x Farias e Kneip 2010
SFS Bigarella, Tiburtius e
042/ Sobanski 1954; Chmyz
Sam- 1976; Martin, Suguio,
Santa Cata- baqui Flexor, Azevedo 1988;
rina Araquari Ilha do Linguado Ilha do Linguado II nº 27 22J 733164/7081956 x CNSA 00906
Santa Cata- Sao Francisco do
rina São Francisco do Sul x Sul x 22J 738705/7096862 x Carle 2012
Santa Cata-
rina São Martinho x São Martinho 02 SM 02 22J 699797/6889112 x De Masi 2007
Santa Cata-
rina São Martinho x São Martinho 03 SM 03 22J 698988/6888256 x De Masi 2007
Santa Cata- 505-305 AP
rina São Martinho x São Martinho 05 SM 05 22J 699264/6886618 / C¹⁴ De Masi 2007
1280 AD
Santa Cata- 1320 AD
rina São Martinho x São Martinho 08 SM 08 22J 699365/6886511 1420 AD / C¹⁴ De Masi 2007
Santa Cata- ARA
rina Sombrio Guarita Guarita 1 013 x x 11ª SR IPHAN; Silva 1999
Santa Cata- ARA
rina Sombrio Guarita Guarita 2 014 x x 11ª SR IPHAN; Silva 1999
Santa Cata-
rina Sombrio Rio Novo Aldeia do Rio Novo x x x IPAT/UNESC
253
Datação/
254
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Baeza, Bosch, Femenías
e Bosch 1973; Bosch,
Bosch, Pinto, Pinto e
Uruguai Depto. Rocha Cabo Polonio Cabo Polonio x x x Baeza 1973; Mazz 2001
Sosa 1957; Baeza e Bos-
Uruguai Depto. San José Puerto La Tuna La Tuna x x x ch 1973; Trakalo 1987
Uruguai Depto. Soriano Yaguareté Yaguareté x x x Díaz 1977
Uruguai Depto. Soriano Isla de los Lobos Isla de los Lobos x x x Figuera 1892; Sosa 1957
Figuera 1892; Sosa 1957;
Ovalle, Bernal, Schmitz e
Uruguai Depto. Soriano Isla del Infante Isla del Infante x x x Becker 1973
Colonia La Con- Colonia La Con-
Uruguai Depto. Soriano cordia cordia x x x Sosa 1957
Rincón de la Hi- Rincón de la Hi-
Uruguai Depto. Soriano guera guera x x x Sosa 1957; Coirolo 1990
Sosa 1957; Ovalle, Ber-
nal, Schmitz e Becker
Uruguai Depto. Soriano Isla Naranjo Isla Naranjo x x x 1973
Araujo 1900; Devincenzi
1926-1928; Sosa 1957;
Ovalle 1969; Ovalle,
Bernal, Schmitz e Becker
1973; Trakalo 1987;
Coirolo 1990; Farias, Fe-
menias, Iriarte e Florines
Uruguai Depto. Soriano Isla del Vizcaíno Isla del Vizcaíno x x x 2001
Depto. Treinta y
Uruguai Tres Arroyo Cebollati Cebollati x x x Coirolo 1990
Depto. Treinta y
Uruguai Tres x 1B x x x Prieto et al. 1970
Depto. Treinta y
Uruguai Tres x 1E x x x Prieto et al. 1970
Datação/
Estado/País Cidade Localidade Nome do sítio Sigla Coordenadas Método Fonte
Depto. Treinta y
Uruguai Tres x 2A x x x Prieto et al. 1970
Depto. Treinta y
Uruguai Tres x 2B x x x Prieto et al. 1970
Depto. Treinta y
Uruguai Tres x 2C x x x Prieto et al. 1970
Depto. Treinta y
Uruguai Tres x 2D x x x Prieto et al. 1970
Depto. Treinta y
Uruguai Tres Puntal de Gabito Puntal de Gabito x x x Prieto et al. 1970
Ovalle, Bernal, Schmitz
e Becker 1973; Trakalo
Uruguai Fray Bentos Punta Negra Punta Negra x x x 1987
Uruguai Fray Bentos Isla Román Isla Román x x x Cabrera 1995
Paradero Nuevo Ovalle 1968; Ovalle e
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