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CURSO NOVO PROCESSO CIVIL BRASILEIRO

TEORIA GERAL E PROCESSO DE CONHECIMENTO

PETIÇÃO INICIAL

Daniel Miranda
Professor da Faculdade 7 de Setembro (FA7).
Graduado e Mestre em Direito pela UFC.
Membro do Instituto Brasileiro de Direito Processual (IBDP).
Secretário-Geral da Associação Norte e Nordeste de Professores de Processo (ANNEP).
www.danielmiranda.com.br
1. Noção

Petição Inicial é o instrumento da demanda.


Não se confunde com a demanda, mas a formaliza, para ser
apresentada em juízo.
Sendo instrumento da demanda, deve conter seus elementos:

- Partes;
- Pedido;
- Causa de Pedir.

OBS.: A atividade jurisdicional é limitada pela petição inicial, já


que o magistrado não poderá decidir além, aquém ou fora do
pedido.
2. Requisitos (arts. 319 e 320/CPC)

2.1. Forma

Será sempre escrita (física ou eletronicamente).

Regra geral: desde o início.

Exceções: Postula-se oralmente, e reduz-se a postulação a


termo.

Ex.:
Juizados especiais (Valor da causa ≤ ½ da alçada);
Pedido de concessão de medidas protetivas (Lei Maria da
Penha);
Procedimento Especial da Ação de Alimentos.
2.2. Assinatura por quem tenha capacidade postulatória

Advogado;
Defensor Público;
Membros do MP;
Membros da AGU (Mesmo sem inscrição na OAB)
Leigos (quando se lhes atribui capacidade postulatória).

Trata-se de requisito de validade do processo.

2.3. Endereçamento

• CPC
Art. 319, I. A petição inicial indicará:
I. O juízo a que é dirigida.

Necessário compreender jurisdição e competência.


a) Noção de Jurisdição

“Jurisdição é a função atribuída a terceiro imparcial, de realizar o direito de


modo imperativo e criativo, reconhecendo/efetivando/protegendo situações
jurídicas concretamente deduzidas, em decisão insuscetível de controle externo
e com aptidão para tornar-se indiscutível.”
(Fredie Didier Junior)

i) Atributos da Jurisdição

‐ Função de terceiro imparcial (heterocomposição)


‐ Realização imperativa do direito;
‐ Realização criativa do direito;
‐ Tutelas jurídicas adequadas (reconhecimento/efetivação/proteção);
‐ Situações jurídicas concretas;
‐ Impossibilidade de controle externo;
‐ Aptidão para formar coisa julgada material.
ii) Arbitragem como função jurisdicional

A jurisdição é uma função de resolução de conflitos;


não, necessariamente, uma manifestação de poder
do Estado.
Logo, é possível que o Estado delegue seu exercício,
nos casos de tutela de reconhecimento e de tutela de
proteção.

• Precedente do STJ

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EXISTÊNCIA DE CONFLITO DE COMPETÊNCIA ENTRE UM ÓRGÃO


JURISDICIONAL DO ESTADO E UMA CÂMARA ARBITRAL. É possível a existência de conflito de
competência entre juízo estatal e câmara arbitral. Isso porque a atividade desenvolvida no
âmbito da arbitragem tem natureza jurisdicional. (CC 111.230-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 8/5/2013).
b) Competência

i) Noção

Parcela do poder jurisdicional atribuída a um órgão.

A competência decorre do Estado de Direito.


Ninguém pode julgar tudo. Julga-se apenas aquilo a que se está autorizado por norma
jurídica.

• CPC
Art. 42. As causas cíveis serão processadas e decididas pelo juiz nos limites de sua
competência, ressalvado às partes o direito de instituir juízo arbitral, na forma da lei.

ii) Competência absoluta e competência relativa

- Competência absoluta: poder fixado em razão de interesse público. Inderrogável


pela vontade das partes.
Ex.: Competência em razão da matéria, da pessoa e competência funcional.

• CPC
Art. 62. A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é
inderrogável por convenção das partes.
- Competência relativa: poder fixado visando a tutelar
interesse privado. Pode ser alterado pela vontade das partes.
Ex.: Competência territorial e pelo valor da causa.

• CPC
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do
valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação
oriunda de direitos e obrigações.
§ 1º A eleição de foro só produz efeito quando constar de
instrumento escrito e aludir expressamente a determinado
negócio jurídico.
§ 2º O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das
partes.
§ 3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva,
pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará
a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu.
§ 4º Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de
eleição de foro na contestação, sob pena de preclusão.
iii) Alegação de incompetência

A incompetência – absoluta e relativa – devem ser alegadas em


preliminar de contestação, e não por exceção.

• CPC
Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como
questão preliminar de contestação.
§ 1º A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo
e grau de jurisdição e deve ser declarada de ofício.
§ 2º Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá
imediatamente a alegação de incompetência. (Kompetenzkonpetenz)
§ 3º Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão
remetidos ao juízo competente.
§ 4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os
efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra
seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente. (Translatio
iudicii)
iv) Estabilização da Competência (Perpetuatio
Jurisdictionis)

Regra de estabilização do juízo competente.

• CPC
Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da
petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito
ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem
a competência absoluta.

• Exceções à estabilização:

- Supressão do órgão jurisdicional;


- Modificação da competência absoluta;
- Negócio Processual.
v) Competência Territorial

v.1) Regra Geral (ações pessoais e ações reais mobiliárias) – Domicílio do Réu

• NCPC
Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta,
em regra, no foro de domicílio do réu.

- Se tiver mais de um domicílio?


Pode ser demandado no foro de qualquer deles. (§ 1º)

- Se o domicílio for incerto ou desconhecido?


Pode ser demandado onde for encontrado ou no foro de domicílio do autor. (§ 2º)

- Se não tiver domicílio ou residência no Brasil?


Demanda-se no foro de domicílio do autor. (§ 3º)

- Se autor nem réu tiverem domicílio no Brasil?


Pode-se demandar em qualquer foro. (§ 3º, final)

- Se forem dois ou mais réus, com domicílios diferentes?


Demanda-se em qualquer deles, a critério do autor. (§ 4º)

- OBS.: Regra especial para execução fiscal: Pode ser proposta no foro de domicílio do réu,
no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado. (§ 5º)
v.2) Ações reais imobiliárias – Local de situação do imóvel
(forum rei sitae)

• Competência Absoluta do local do bem (art. 47, caput e §


1º):
- Propriedade;
- Vizinhança;
- Servidão;
- Divisão e Demarcação de Terras;
- Nunciação de Obra Nova;
- Possessória (§ 2º)

• Competência Relativa (§ 1º): Demais Direitos Reais (usufruto,


uso, habitação), pode-se escolher:
- Foro de situação da coisa;
- Domicílio do réu;
- Foro de eleição.
v.3) Favor debitoris

Situações em que, por suposta hipossuficiência, o legislador fixa o foro no domicílio do réu.

- Autor da herança e ausente: para as ações relativas à sucessão, ainda que o óbito tenha
ocorrido no exterior (arts. 48 e 49);
- Incapaz: domicílio de seu representante legal (art. 50);
- Pessoa jurídica de direito público (arts. 51 e 52):
o Se autora: domicílio do réu;
o Se ré: domicílio do autor/ocorrência do ato ou fato/capital.

v.4) Regras especiais

São regras de definição do domicílio do réu ou de inserção de foro de eleição.

Art. 53. É competente o foro:


I – para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou
dissolução de união estável:
a) de domicílio do guardião de filho incapaz;
b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal;

II – de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos;


III – do lugar:
a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica;
b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa
jurídica contraiu;
c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou
associação sem personalidade jurídica;
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o
cumprimento;
e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no
respectivo estatuto;
f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de
dano por ato praticado em razão do ofício;

IV – do lugar do ato ou fato para a ação:


a) de reparação de dano;
b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios;

V – de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de


dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves.
v.5.) Causas de interesse da União Federal

O interesse da União torna competente a Justiça Federal.

• CPC
Art. 45. Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos
ao juízo federal competente, se nele intervier a União, suas empresas públicas,
entidades autárquicas e fundações, ou conselho de fiscalização de atividade
profissional, na qualidade de parte ou de terceiro interveniente, exceto as
ações:
I – de recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de trabalho;
II – sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho.
§ 1º Os autos não serão remetidos se houver pedido cuja apreciação seja de
competência do juízo junto ao qual foi proposta a ação.
§ 2º Na hipótese do § 1º, o juiz, ao não admitir a cumulação de pedidos em
razão da incompetência para apreciar qualquer deles, não apreciará o mérito
daquele em que exista interesse da União, suas entidades autárquicas ou
empresas públicas.
§ 3º O juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual sem suscitar conflito se
o ente federal cuja presença ensejou a remessa for excluído do processo.
2.4. Qualificação das Partes

Art. 319, II: os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a
profissão, o número no cadastro de pessoas físicas ou no cadastro nacional de pessoas
jurídicas, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu.

a) Pessoa jurídica

• Nome
• Tipo de pessoa jurídica (Direito público/direito privado; sociedade
empresária/sociedade simples; etc.)
• Sede
• CNPJ

b) Pessoa física

• Nome completo
• Estado Civil (inclusive se estiver em união estável – “convivente” – Inovação)
• Profissão
• Domicílio
• CPF
2.5. Causa de Pedir

Art. 319, III: o fato e os fundamentos jurídicos do pedido.

A petição deve expor os fatos e fundamentos jurídicos do


pedido.

a) Causa de pedir próxima: Fundamento jurídico

Trata-se do direito que a parte alega ter. Não do


dispositivo normativo.
Fundamento jurídico (direito que a parte alega ter) ≠
Fundamento legal.
(Teoria da substanciação)
b) Causa de pedir remota: Fato

Divide-se em:

- Causa de Pedir Ativa: Origem do Direito;

Ex.: Contrato.

- Causa de Pedir Passiva: fato que impulsiona o interesse processual;

Ex.: inadimplemento.

• OBS.: Causa de pedir composta: Há um fato jurídico composto


vários fatos que, reunidos, compõem a pretensão.

Ex.: Responsabilidade Civil Subjetiva (Conduta, animus, nexo de


causalidade e dano)
2.6. Pedido

Art. 319, IV: o pedido com as suas especificações.

a) Conceito:

É o núcleo da pretensão deduzida em juízo.

b) Espécies:

• Imediato: é um pedido de decisão:


- Declaratória;
- Constitutiva;
- Condenatória.

• Mediato: é o objeto que o autor espera alcançar com o processo


(bem da vida).
c) Requisitos: certeza, clareza, determinação e coerência.

i) Certo (expresso)

• Pedido certo: é o pedido expresso. Tem que constar


expressamente na petição inicial.

OBS.: Pedido Implícito: Mesmo não formulado, reputa-se


deduzido. O juiz é obrigado a examiná-lo.

• CPC
Art. 322. O pedido deve ser certo.
§ 1º Compreendem-se, entretanto, no principal, os juros legais,
a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os
respectivos honorários advocatícios.
Art. 323. (Obrigações sucessivas)
ii) Determinado

• Delimitado em relação ao quantum e ao o que se pede.

• CPC
Art. 322
§ 2º A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o
princípio da boa-fé.

• CPC/73
O pedido tem que ser interpretado restritivamente (art. 293 do CPC).

OBS.: STJ (Resp 1.049.560) – A interpretação não é restritiva, mas lógico-sistemática.

OBS.2: Pedido nas ações revisionais (CPC, art. 330, §§ 2º e 3º):

§ 2º Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de


empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de
inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que
pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito.
§ 3º Na hipótese do § 2º, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e
modo contratados.
• Pedido determinável

Em alguns casos admite-se pedidos relativamente indeterminados em relação ao


quantum.
É o caso do pedido genérico ou ilíquido.
Pedido genérico: é o pedido indeterminado em relação ao quantum

• CPC

Art. 324. O pedido deve ser determinado.


§ 1º sendo lícito, porém, formular pedido genérico:
I – nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados;
Ações universais são aquelas que têm por objeto uma universalidade, tal como um
rebanho, uma biblioteca etc.
II – quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do
fato;
Ex.: Ações indenizatórias, quando não se puder mensurar do dano.
OBS.: Ação de indenização por dano moral.
III – quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato
que deva ser praticado pelo réu.
Ex.: ação de prestação de contas; ações de reajuste do Plano Bresser etc.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção.
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção.
iii) Coerência (Concludência)

O pedido tem de ser resultado da causa de pedir.


Se não for: inépcia.

iv) Clareza

Pedidos obscuros geram a inépcia da inicial.

OBS.: Os quatros atributos do pedido coincidem com


os atributos da sentença, uma vez que esta tem de ser
o espelho daquele.
c) Cumulação de Pedidos

i) Requisitos (art. 327):

- Os pedidos devem ser compatíveis entre si.

Se eles forem incompatíveis entre si a petição será inepta.


OBS.: Este requisito da compatibilidade dos pedidos NÃO se aplica à acumulação imprópria (art.
327, § 3º)

- O juiz deve ser competente para todos os pedidos.

- O procedimento deve ser o mesmo para todos os pedidos.

O procedimento ordinário serve para processar quando se têm mais de um tipo de


procedimento, ou seja, é possível cumular desde que se opte pelo procedimento ordinário.

• CPC
Art. 328
§ 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a
cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas
processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais
pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedimento
comum.
ii) Espécies de Cumulação

 Própria

É aquela em que se formulam vários pedidos para que todos


sejam acolhidos simultaneamente.
Regida pela partícula “E”.

- Simples: todos podem ser acolhidos, sem relação de


subordinação.
Ex.: danos morais + danos materiais

- Sucessiva: há relação de subordinação entre os pedidos.


O segundo pedido só é deferido se o primeiro também o for.
Ex.: Reconhecimento de paternidade + alimentos.
 Imprópria

- Vários pedidos são formulados, mas apenas um deles pode ser acolhido.
Regida pela partícula “ou”. Por isso é impróprio.

- Subsidiária (Eventual): Formulam-se vários pedidos, mas só pode ter um.


Estabelece-se uma hierarquia entre esses pedidos.
Ex: o autor pede anulação do contrato, mas aceita o reajuste.

• CPC
Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz
conheça do posterior, quando não acolher o anterior.

- Alternativa: É igual a eventual com a diferença que o autor não estabelece


hierarquia entre os pedidos.
Se o juiz acolher o segundo pedido, o autor não vai poder recorrer porque uma de suas
pretensões foi acolhida.

• CPC
Art. 326.
Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido, alternativamente, para que o
juiz acolha um deles.
2.7. Valor da Causa

Art. 319, V – o valor da causa.

A toda causa será atribuído um valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediato. (Art. 292)
O valor da causa é determinado em Real.

a) Valor da causa legal (art. 292)

Nessas hipóteses, o autor fica vinculado ao pedido.


Dependendo do tipo de pedido, o legislador prevê uma fórmula de cálculo.

Art. 291. A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediatamente
aferível.
Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será:
I – na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e
de outras penalidades, se houver, até a data de propositura da ação;
II – na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição
ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida;
III – na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor;
IV – na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação da área ou do bem objeto do
pedido;
V – na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido;
VI – na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles;
VII – na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor;
VIII – na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal.
§ 1º Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, considerar-se-á o
valor de umas e outras.

§ 2º O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a


obrigação for por tempo indeterminado ou por tempo superior a 1 (um) ano, e,
se por tempo inferior, será igual à soma das prestações.

§ 3º O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa quando


verificar que não corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão ou ao
proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao
recolhimento das custas correspondentes.

- Momento para correção ex officio: juízo de admissibilidade da inicial;


- Necessidade de oitiva do autor (art. 10).

Art. 293. O réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o valor


atribuído à causa pelo autor, sob pena de preclusão, e o juiz decidirá a respeito,
impondo, se for o caso, a complementação das custas.
b) Valor da causa estimativo

Quando o pedido não tiver valor, isto é, em qualquer


hipótese que não se encaixe no art. 292/CPC.
Ex.: Guarda de filho, interdição, reconhecimento de
paternidade.

OBS.: Não de deve escrever: “Dá-se à causa, para efeitos


meramente fiscais...”
O valor da causa tem diversas funções, a saber:

- Serve como base de cálculo para as custas processuais


(função fiscal).
- Serve como base de cálculo como punições processuais.
- Ele é um fator que interfere na competência do Juízo.
2.8. Indicação dos meios de prova com que pretende demonstrar as
alegações.

Art. 319, VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a


verdade dos fatos alegados.

Geralmente, formula-se um pedido genérico: “Requer a produção de


todas as provas admissíveis em Direito...”

• É de pouca importância prática, em razão de:

i) O juiz poder determinar, de ofício, a produção de provas; e

ii) As partes serem intimadas, na fase de saneamento, para


indicarem as provas de que pretendem se valer.

OBS.: Mandado de Segurança. Como a prova é pré-constituída, não


se deve pedir produção de prova.
2.9. Opção por audiência de conciliação

Art. 319, VII: a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de
mediação.

Ninguém pode ser obrigado a conciliar.

• CPC
Art. 334
§ 4º A audiência não será realizada:
I – se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição
consensual;
II – quando não se admitir a autocomposição.
§ 5º O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o
réu deverá fazê-lo, por petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência,
contados da data da audiência.

• Requerimento de citação do réu?

É uma inutilidade. É óbvio que o autor quer que o réu seja citado.
Foi retirado do Código.
2.10. Documentos indispensáveis à propositura da demanda

Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à


propositura da ação.

Há 2 tipos de documentos indispensáveis:

a) Por determinação legal

O próprio legislador reputa o documento indispensável.


Ex.: Título executivo, procuração...

b) Por indicação do autor.

Documentos que o autor fez referência na petição inicial.


Se o autor citou determinado documento ele se torna indispensável.
Caso o autor não tenha o documento citado ele deverá pedir a exibição do
documento.
No bojo da própria petição inicial o autor já faz o pedido de exibição.

Ex.: Ação de Divórcio – Certidão de Casamento.


3. Indeferimento da Petição Inicial (art. 330)

a) Noção de indeferimento

Trata-se de decisão que obsta, liminarmente, o


prosseguimento da causa, por existência de vício que
impede o processamento da demanda.

OBS.: Apenas há indeferimento antes da citação. Se o juiz


extinguir depois, será extinção sem resolução do mérito
(art. 485)

Ex.: Falta de capacidade postulatória.


Juiz manda sanar e não é sanado: indeferimento.
Se manda citar e decide depois da citação: extinção sem
resolução do mérito.
b) Hipóteses (art. 330)

Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:


I – for inepta;

- lhe faltar pedido ou causa de pedir;


- o pedido ou a causa de pedir for obscuro;
- quando o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que
se permite o pedido genérico;
- da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
- contiver pedidos incompatíveis entre si (salvo na cumulação imprópria)

II – a parte for manifestamente ilegítima;


III – o autor carecer de interesse processual;
IV – não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.

OBS.: Art. 106. Informações do advogado.


Art. 321. Emenda dos requisitos da petição inicial
c) Recurso contra a decisão de indeferimento

- Apelação

- Admite retratação em 05 dias.


- Retratado, o juiz determina a citação do réu.
- Se não se retratar, envia o recurso ao tribunal, mandando citar o réu para
oferecer contrarrazões.
- Se a apelação for provida, o processo retorna à fase inicial, com marcação
de audiência.
- OBS.: Se não houver apelação, o juiz mandará intimar o réu.
Fundamento: Há, para o réu, exceção de coisa julgada, que pode ser invocada
caso o autor reproponha a demanda.

4. Improcedência liminar

a) Noção

Extinção do processo, com resolução do mérito, julgando improcedente o


pedido do autor, sem necessidade de citação do réu.
b) Hipóteses (art. 332)

Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz,


independentemente da citação do réu, julgará liminarmente
improcedente o pedido que contrariar:
I – enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior
Tribunal de Justiça;
II – acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
III – entendimento firmado em incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de assunção de competência;
IV – enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
§ 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o
pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de
prescrição.

OBS.: Necessidade de aplicação do art. 10.


c) Recurso

- Apelação

- Permite retratação: 05 dias


- Se houver retratação: citação do réu;
- Se não houver retratação: citação do réu para
oferecer contrarrazões.
- OBS.: Se não houver apelação, o juiz mandará
intimar o réu.
Fundamento: Há, para o réu, exceção de coisa
julgada, que pode ser invocada caso o autor
reproponha a demanda.

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