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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

DEPARTAMENTO DE FÍSICA

CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

Estudante: Márcio Holanda Souto

Grupo: Márcio Holanda Souto

Thiago Sales Sobral Guedes

Ponte de Wheatstone

14 de Maio de 2012
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1. Objetivos

O objetivo desta prática é compreender o funcionamento de um circuito em Ponte de


Wheatstone e utilizar este circuito em medidas de resistência elétrica.

2. Introdução Teórica

No cotidiano, nos deparamos com resistências muito altas ou muito baixas. Não é de
se esperar quer um único instrumento seja adequado para medir com precisão uma faixa de
valores muito elevada, por isso é interessante a utilização de outros métodos de medição
indireta. Um dos métodos mais simples e eficazes para realizar essas medições é a utilização
de uma ponte de Wheatstone.

A ponte de Wheatstone comumente usada em medidas elétricas, a fim de obter o valor


de uma resistência desconhecida quando se dispõe de resistências conhecidas e tomadas como
padrão. A figura abaixo ilustra o circuito da ponte de Wheatstone.

Figura 1: Ponte de Wheatstone

A resistência desconhecida (na figura 1 a resistência desconhecida é R x) é obtida


fazendo a resistência R2 variar até que não passe corrente pelo galvanômetro G. Quando isso
acontece diz-se que a ponte está m equilíbrio e a relação abaixo é válida:
3

Rx R1
= (1)
R2 R 3

Para verificar a validade esta relação utilizamos uma análise simples. Na figura 2 as
correntes que atravessam o circuito na condição de equilíbrio estão nomeadas. O sentido
atribuído às correntes foi feito de modo a concordar com a polaridade da fonte.

Figura 2

Da definição de resistência obtêm-se a relação:

U =Ri (2)

Que aplicada aos segmentos do circuito nos dá:

U AB =R 1 ∙ i B

{U BC =R x ∙i B (3)
U DC =R2 ∙ i D
U AD=R 3 ∙ i D

Como na condição de equilíbrio U BD=0 , temos também:

U AB=U AD (4 )
{U BC =U DC

Substituindo as relações do sistema 3 nas igualdades do sistema 4 obtemos:


4

R1 ∙ i B =R3 ∙ i D (5)
{ Rx ∙i B =R2 ∙i D

Dividindo uma equação pela outra no sistema 5 obtemos

R1 R 3
= ,(6)
Rx R2

Que por uma simples reordenação dos termos implica na equação 1, como queríamos.

Para uma aplicação mais fácil usa-se uma variante da ponte de Wheatstone conhecida
como ponte de fio. Usa-se um resistor com contato deslizante como mostrado na figira 3,
reduzindo para apenas uma resistência fixa conhecida.

Figra 2: Ponte de fio

Na ponte de fio, o ramo ADC é substituído por um único fio, de forma que R 2 e R3 são
determinados por um corso deslizante. Com isso pode-se variar as resistências até a obtenção
de uma corrente nula no galvanômetro. De todo modo, a relação R 3/R2 continua conhecida.
De fato, sabe-se que a resistência de um condutor filiforme é dada por

L
R=ρ (7)
A

Onde ρ é a resistência linear específica (propriedade do material), L é o comprimento


do fio, e A é a área da seção transversal. Se o fio usado na ponte tiver secção uniforme e for
homogêneo, as resistências R2 e R3 serão:

LB

{ R 2= ρ

R 3=ρ
A (8)
LA
A
5

Substituindo essas relações na equação 1 teremos:

LB
R x =R (9)
LA

Neste caso, R é a (única) resistência conhecida, equivalente à resistência R1 na ponte


de Wheatstone.

Para uma determinação mais cuidadosa da resistência desconhecida, utiliza-se o


método de dupla leitura, que consiste em determinar LA e LB, como feito anteriormente, e em
seguida trocar Rx e R de lugar e determinar-se L’A e L’B. Pelos cálculos feitos, deverá ocorrer:

LB L' A
R x =R =R ' ( 10 )
LA LB

Pode-se utilizar a relação geométrica L=L A + LB=L ' A + L' B encontrar um valor para Rx
do seguinte modo: da equação 10 temos:

L−L A L'A
= (11)
LA L−L ' A

Como temos uma proporção na equação 11, podemos reordenar os termos, obtendo:

L'A L−L ' A


= (12)
L−L A LA

Somando 1 a ambos os membros da equação 12, obtemos:

L' A + L−L A L−L' A + L A


=
L−L A LA

Reordenando os termos dessa proporção, teremos:

'
L−L A L' A + L−L A L−( L A−L A ) LB
= = = ( 13 )
LA L−L' A + L A L+ ( L A −L' A ) L A

Como queríamos, através das equações 10 e 13, obtemos uma expressão para a
resistência desconhecida:

L−( L A −L' A )
R x =R ∙ .(14)
L+ ( L A −L' A )
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3. Procedimento Experimental

Material utilizado:

 Multímetro;
 Fonte de tensão;
 Resistores;
 Reostato;
 Régua milimetrada.

Procedimento:

Para esta prática, foi montado o circuito da ponte de fio conforme a figura 3 abaixo:

Figura 3: circuito montado

A estrutura dentro do reostato é como na figura 4. Desse modo, o conector preto à direita na
figura 3 representa o ponto D da figura 2, assim como o conector preto à esquerda representa
os ponto B e D e o conector vermelho representa o ponto C.
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Figura 4: Esquema do Reostato

Montado o circuito, seguiram-se os passos:

1. Ligou-se a fonte de tensão ajustada para um valor de tensão de 2V, e com a


corrente chaveada de modo a não passar de 2mA para não danificar o
amperímetro. Deslocou-se então o cursor do reostato até que a corrente se
estabelecesse em zero, situação em que a ponto encontra-se em equilíbrio;
2. Partiu-se então para o ajuste fino do cursor. Para isso, a tensão da fonte foi
aumentada para 10V e a escala do amperímetro diminuída. Então o cursor do
reostato foi levemente deslocado até se obter uma corrente zero no
amperímetro;
3. As distâncias LA e LB foram medidas com régua e anotadas. Após isso, tensão
da fonte foi baixada e depois a fonte foi desligada;
4. Os resistores Rx e R foram permutados e os procedimentos anteriores repetidos
para determinar L’A e L’B.

Esta metodologia foi utilizada para dois resistores distintos. Os valores das resistência Rx
também foram tomados utilizando o Ohmímetro e também pelo código de cores (ou
resistência nominal).
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Resultados

Nas execuções do experimento com ambos os resistores, a resistência R usada foi de


1KΩ. O resistor 1 apresentava o seguinte código de cores: Marrom/Preto/Laranja/Dourado.
Portanto, além da resistência nominal de 10 KΩ, temos também a informação da tolerância
nominal de 5%. O resistor 2, por sua vez, não apresentava essas informações por código de
cores, mas pela impressão desses valores em sua carcaça.

Os resultados tomados na realização do experimento são mostrados na tabela seguinte:

Usando o resistor 1 Usando o resistor 2


LA 30 mm 308 mm
LB 302 mm 24 mm
L’A 298 mm 19 mm
L’B 34 mm 313 mm
Medição com Ohmímetro 9,70 KΩ 67,30 Ω
Resistência Nominal 10 KΩ 68 Ω
Tolerância Nominal 5% 10%
Tabela 1: Resultados dos experimentos

Com esses dados, podemos partir para a determinação das resistências. Pelo método da
leitura simples, utilizamos a equação10. Notemos que a equação 10 é uma dupla igualdade.
Substituindo esses valores para o resistor 1, temos:

LB ( 1∗103 Ω )∗( 302mm ) 3


R x =R = =10,1∗10 Ω=10,07 K Ω
1−1
LA ( 30 mm )

L' A ( 1∗103 Ω )∗(298 mm )


Rx =R ' = =8,67∗103 Ω=8,67 K Ω
1−2
LB ( 34 mm )

Para o resistor 2 a leitura simples resulta em:

LB ( 1∗103 Ω )∗( 24 mm )
R x =R = =77,92 Ω
2−1
LA ( 308 mm )
10

L' A ( 1∗103 Ω )∗(19 mm )


Rx =R ' = =62,71Ω
2−2
LB ( 303 mm )

Usando agora a leitura dupla, aplicando a equação 14 com os dados experimentais,


obtemos para o resistor 1:

L−( L A −L' A ) ( 1∗103 Ω )∗332 mm−( 30 mm−298 mm )


R x =R ∙ =
1−3
L+ ( L A −L' A ) 332mm+ ¿ ¿

L−( L A −L' A ) ( 1∗103 Ω )∗332 mm−( 308 mm−19 mm )


R x =R ∙ =
2−3
L+ ( L A −L' A ) 332mm+ ¿ ¿

Para uma análise mais fácil, esses resultados foram agrupados na tabela a seguir, junto
com as outras medições feitas das resistências.

Resistor 1 Resistor 2
Leitura simples com R e Rx
10,07 KΩ 77,92 Ω
não permutados ( R x ¿ n−1

Leitura simples com R e Rx


8,67 KΩ 62,71 Ω
permutados ( R x ¿ n−2

Leitura dupla R x ¿ n−3


9,38 KΩ 68,24 Ω
Medição com Ohmímetro 9,70 KΩ 67,30 Ω
Resistência Nominal 10 KΩ 68 Ω
Tolerância Nominal 5% 10%
Tabela 2: Valores obtidos para Rx

Comparando os dados da tabela 2, podemos observar alguns pontos importantes.


Comparando os valores calculados com os obtidos na medição com, observa-se uma boa
proximidade, com uma diferença da ordem de 1%. Já as leituras simples não apresentaram
uma convergência tão boa assim, nem entre si nem entre elas e a medição com ohmímetro e
com a resistência nominal. As diferenças entre as leituras simples e a medição com
ohmímetro são da ordem de 5%. De todo modo, a maioria dos valores para o resistor 2 está
dentro da faixa de tolerância. Isto não ocorre com o resistor 1, no qual apenas a medição com
ohmímetro e a leitura simples com resistores não permutados estão dentro da tolerância
admissível.
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Uma observação interessante que as leituras simples com os resistores permutados e


não permutados possuem uma discrepância considerável, da ordem de 10%. Isso é
impressionante, visto que pela equação 10 esses resultados deveriam ser iguais. Assim
também entre as leituras simples e as leituras duplas. Essas diferenças podem ser atribuídas
tanto a instrumentos possivelmente não calibrados, quanto a erros durante a execução do
experimento.

Diante dos possíveis erros, podemos chegar a conclusão que a leitura dupla é mais
precisa, pois leva em conta dados de duas medições independentes. É importante salientar no
entanto que a medição dupla propaga erros de ambas as medições. Mas numa situação
normal, esse inconveniente é superado pelos benefícios da utilização de uma quantidade
maior de dados experimentais.
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Conclusão

Métodos de medição indireta como a ponte de Wheatstone são muito valiosos no


trabalho laboratorial, pois suprem as necessidades devidas às limitações das faixas nominais
dos instrumentos. No caso da ponto de fio, o processo de medição indireta se torna bastante
simples, de fácil execução e com uma boa precisão. Como todo método de medição indireta,
entretanto, a precisão do método é limitada pela precisão do instrumento utilizado (no caso, o
galvanômetro).

Esses circuitos são exemplos típicos da grande utilidade da teoria de circuitos básica.
Com a utilização de um circuito simples (porém bastante engenhoso) se resolveu um grande
problema.
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4. Bibliografia

[1] HALLIDAY, David; RESNICK, Jearl Walker. Fundamentos de física, volume 3:


eletromagnetismo. 8 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009;

[2] <http://pt.wikipedia.org>;

[3] NUSSENZVEIG, H Moysés. Curso de física básica, volume 3 – eletromagnetismo. 1 ed.


São Paulo: Editora Edgard Blücher, 2001;

[4] POMPIGNAC, François; LOUREIRO, Silvio; NASCIMENTO, Edmar; OLIVEIRA, Newton


Barros. Física geral e experimental III: experiência 3. 1 ed. Salvador: DFES-UFBA.

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