Voluntariado
O que nos motiva?
Voluntárias de Arganil
respondem
Opinião Pág. 3
VOZDAS
MISERICÓRDIAS
director: Paulo Moreira | ano: XXVII | janeiro 2011 | publicação mensal
‘Nosso motor principal
é a rentabilidade social’
Ao fim do primeiro ano do segundo
mandato à frente da União das Mise-
ricórdias Portuguesas (UMP), o presi-
dente do Secretariado Nacional, Ma-
nuel de Lemos, faz um balanço dos
temas que marcaram as Santas Casas
Amadora Combater a solidão na cidade grande
Meta
Rede de cuidados
continuados alcança
5000 camas
Saúde
Desenvolvimento em 2010. “O nosso motor principal
harmonioso dos três é a rentabilidade social”, afirmou,
sectores é fundamental destacando que “o desenvolvimento
para criar uma harmonioso dos três sectores – social,
sociedade equilibrada público e privado - é fundamental
para criar uma sociedade mais equi-
Págs. 22 e 23
librada e preparar as democracias de
futuro”. Os cuidados continuados,
o Ano Europeu do Voluntariado e o
próximo congresso nacional também
foram tema de conversa.
Destaque, 4 a 7
Exposição
Santas Casas
na “Primitivos
Portugueses”
Património Págs. 28 e 29
União das Misericórdias
Portuguesas
Toxicodependentes
Reinserção
em São João
da Madeira
Prestes a terminar (Fevereiro de
2011), e sem garantia de continua-
ção por parte do Instituto da Droga e
da Toxicodependência (IDT) o pro-
jecto Trapézia na Rede da Santa Casa
da Misericórdia de S. João da Ma-
deira tem um objectivo: reinserção
sócio-profissional de consumidores
em processo de tratamento.
Em Acção, 10
No bairro do Casal da Mira, a
maior parte da população é cabo-
-verdiana e o equipamento da Mi-
sericórdia da Amadora naquela
localidade acaba por ser um local
onde as culturas se encontram e
entrosam. O isolamento é um dos
maiores problemas a combater. O
centro de apoio à terceira idade
foi construído há dois anos, na
mesma altura em que se cons-
truía, mesmo ali ao pé, o centro
comercial (CC) Dolce Vita Tejo.
A câmara municipal da Ama-
dora cedeu o espaço e o grupo
Chamartin, responsável pelo CC,
assegurou as obras necessárias
para que ali pudesse funcionar
o equipamento da Santa Casa da
Misericórdia da Amadora. Entre-
tanto, também se abriu ali uma
loja social. Em Acção, 8 e 9
2 vm janeiro 2011
panorama
espaço sénior
O Natal
na Academia
As comemorações festivas do Natal, na
Academia, começam a ser preparadas
com grande antecedência. Houve poesia,
cantigas e fado nas vozes de colegas
descontraídos que fizeram do nosso
encontro uma grande festa
A
s comemorações festivas do
Natal, na Academia, começam
a ser preparadas com grande
antecedência. Pode dizer-
se que, logo no início do
primeiro período, os alunos dos grupos e
disciplinas que actuam na festa começam
a preparar a respectiva actuação. É
um trabalho em que os professores se
empenham bastante, preparando os
programas e cuidando dos ensaios - quem
sabe, às vezes com quanto sacrifício - para
que tudo corra o melhor possível.
Assim, no dia 15 de Dezembro, no
Auditório da Junta de Freguesia de São
João de Brito, esses grupos e classes
mostraram como valeu a pena todo o
esforço despendido. Apresentaram-se os
Grupos de Cantares, Cavaquinhos, Jograis
da Academia e Coro e os alunos de Flauta
e Viola. Todos muito empenhados nas
suas actuações, foram muito aplaudidos
pelos convidados e colegas presentes na
sala.
Houve então um momento especial: a
entrega de prémios do Concurso Literário
Eng. Quadros Martins, organizado pelo
nosso jornal “O Mocho”. Os colegas
contemplados receberam os seus prémios
das mãos do Presidente do Conselho
Directivo, Eng. Luís Aires, que os felicitou
e enalteceu a colaboração nesta iniciativa
cultural da Academia.
Foi então a vez do nosso Grupo Coral
apresentar algumas canções de Natal. A
terminar, o Fado na bela e apreciada voz
da colega Ilda Maria.
No dia 16 realizou-se, num hotel de
Lisboa, o almoço-convívio muito bem
organizado e servido. Mas para além do
belíssimo menu, o que se viveu nessas
horas foi extraordinário: convivência
sadia, alegria contagiante e um espírito de
união que só podemos atribuir à magia do
Natal. Depois, em breves palavras, o nosso
Presidente, para além dos votos habituais,
mostrou a sua preocupação devida à
situação complicada no país e que atinge
muitas instituições, incluindo aquela a
que pertencemos. Houve poesia, cantigas
e fado nas vozes de colegas
descontraídos que fizeram do
nosso encontro uma grande
FESTA.
Isabel Rodeia
Academia de Cultura
e Cooperação da UMP
academiadecultura@ump.pt
www.ump.pt
A FOTOGRAFIA
A subir
Mais licenças
parentais em 2010
São cada vez mais
os pais que decidem
ficar em casa após o
nascimento dos filhos.
Em 2010, 16 por cento
dos pais ficaram em
casa para cuidar dos
filhos, uma percentagem
superior aos 12 por
cento que o fizeram em
2009.
Crato Ministra da Cultura visita Casa Museu Padre Belo
A ministra da Cultura visitou recentemente a Casa Museu Padre Belo, da Santa Casa da Misericórdia do Crato,
distrito de Portalegre. Durante a visita, Gabriela Canavilhas destacou a forte carga simbólica e espiritual
daquela colecção composta por Meninos Jesus. Esta iniciativa inseriu-se numa série de actividades que a
Casa Museu tem vindo a desenvolver, onde se poderá destacar a cedência de peças ao Museu da Presidência
da República, o lançamento do Prémio Padre Belo - Mérito Académico, assim como a candidatura à Rede
Portuguesa de Museus. Foi a 10 de Janeiro.
O Número
100
mil nascimentos em 2010
Segundo a Comissão Nacional do Diagnóstico Precoce e Geneticista do Instituto de
A Descer Genética Médica Jacinto Magalhães, depois de em 2009 ter sido atingido um mínimo
Crédito
histórico de nascimentos, em 2010 este número disparou para mais de 100 mil.
malparado
De acordo com os dados
provisórios do Banco de
O Caso
Portugal (BdP), o peso
do crédito malparado
sobre o total de
empréstimos concedidos
S. Brás do Alportel Ao longo do seu trabalho, Faus- Alportel versus monstros sagrados
atingiu em Novembro os
to Viana tece considerações sur- do traje europeu: um caso de su-
3,04 por cento. É valor
mais alto desde 1998.
O pequeno preendentes acerca do Museu do cesso”, refere o autor.
Golias do Trajo de São Brás de Alportel que O autor encontrou em São Brás de
Algarve considera “a grande surpresa da Alportel um modelo inovador de
A Frase pesquisa e um ponto de viragem gestão, inspirado na Museologia
Fausto Roberto Poço Viana é do- na sua própria forma de ver o Social, assente na contenção de
cente da Universidade de São mundo da museologia” referindo recursos e com elevados índices
Presidência da República
Paulo (Brasil) e defendeu recente- ainda que este foi “fundamental na de intervenção social, que o levou
mente a sua tese de doutoramen- elaboração do projecto” do Museu a considerar que “nenhuma das
to na Universidade Lusófona em do Teatro da Cidade de São Paulo. instituições visitadas superou o
Lisboa. A investigação pretendeu “O Museu do Traje de São Brás de pequeno Golias do Algarve”.
juntar argumentos de sustentação
ao processo de criação do Museu
Aníbal Cavaco
Silva
do Teatro da Cidade de São Paulo.
Presidente da Para tal o investigador percorreu
República reeleito alguns países europeus onde visi-
tou os principais museus de moda,
“O povo português
teatro e indumentária: o Victoria
não se deixou
and Albert Museum de Londres,
enganar”
o Museu del Traje de Madrid, o
Centre National du Costume de
Scène em Moulins, França, o Palais
Galliera em Paris e os Museus Na-
cionais do Traje e do Teatro em Lis-
boa. A estes “monstros sagrados
do traje europeu”, Fausto Viana
juntou ainda os Museus do Traje
de Viana do Castelo e de São Brás
de Alportel, propriedade da Santa
Casa da Misericórdia daquela loca-
lidade algarvia.
www.ump.pt janeiro 2010 vm 3

RADAR
ON-LINE
Opinião
Galp Energia
Lar Virgílio Lopes
Ser voluntário ganha esquentadores

O Lar Virgílio Lopes, da União das

Ser voluntário é ter disponibilidade interior
para poder dar o melhor de si próprio a
quem precisa. O voluntário, que também é
humano, tem obrigação de deixar os seus
problemas à porta da Instituição onde
exerce o seu trabalho
Misericórdias Portuguesas (UMP), viu
a sua candidatura contemplada no âm-
bito de uma acção de responsabilidade
social da Galp Energia. Dois novos es-
quentadores foram instalados naquela
resposta social. A iniciativa culminou
uma visita por parte dos responsáveis
da Galp Energia ao lar da UMP. A visita Voluntariado

N
a era da globalização que atravessamos, a
humanização, factor primordial da vivência humana,
começa cada vez mais a perder valores. Todos os
dias somos confrontados com casos de violência
de todo o género (doméstica, atentados a crianças,
assassinatos… e o chocante abandono de idosos). São muitas
vezes aqueles a quem os idosos tudo deram e por quem tanto
se sacrificaram que os colocam em situações de verdadeira
humilhação.
Perante o exposto, o voluntariado é cada vez mais necessário
para minimizar estas e muitas outras situações. Ser voluntário
é ter disponibilidade interior para poder dar o melhor de
si próprio a quem precisa. O voluntário, que também é
humano, tem obrigação de deixar os seus problemas à porta
da Instituição onde exerce o seu trabalho. Na actual crise que
se atravessa, o voluntariado tem de ir muito para além do
acompanhamento aos idosos; muitas vezes é necessário dar
uma mão a todos aqueles que com a sua dedicação contribuem
para o seu bem-estar.
A vida é feita de afectos e o voluntário tem que ter capacidade
para saber ouvir as grandes lições de vida que os idosos lhe
dão, rir quando muitas vezes se sente uma infinita vontade de
chorar, saber agarrar na mão e suavemente dar um carinho,
saber ser forte quando um parte.
Ser voluntária na Santa Casa da Misericórdia de Arganil é um
imenso prazer, sentimo-nos motivadas e é com muito amor
que desempenhamos as tarefas. Temos partilhado momentos
inesquecíveis e vivido “estórias” que os nossos idosos na sua
nova meninice não se cansam de nos repetir. Mas, este contacto
tão próximo, tão afectivo, também tem o lado mais triste
quando, na roda de afectos que nos toca um dos nossos amigos
parte; aceitamos como sendo a lei da Vida e com a consciência
tranquila de que algo se fez para suavizar o seu afastamento
familiar, todavia, há sempre uma lágrima que chora no nosso
coração.
Como voluntárias achamos que seria bom que houvesse cursos
de formação para nos ajudar a perspectivar um futuro melhor
para todos aqueles que se encontram na última etapa da sua
vida.
Não encontrámos dificuldades na nossa missão porque sempre
fomos muito bem recebidas e acarinhadas por todos os
elementos desta Instituição.
foi acompanhada pela direcção do lar e
pelo membro do Secretariado Nacional,
Carlos Andrade. Foi a 21 de Janeiro.
Cooperação
Esclarecimento sobre
protocolo de 2010
O Gabinete de Acção Social da
União das Misericórdias vai promover
sessões de esclarecimento sobre a apli-
cabilidade do protocolo de cooperação
de 2010, recentemente celebrado com o
Ministério do Trabalho e da Solidarieda-
de Social. Lisboa, Vila do Conde e Beja
receberão as sessões, respectivamente,
nos dias 26 e 27 de Janeiro e 3 de Feverei-
ro. Uma das novidades deste acordo é a
alteração do valor de referência para lar
de idosos.
SLIDESHOW
Colaboradores da UMP
na campanha do AKI
Os colaboradores da União das Mi-
sericórdias Portuguesas (UMP) se asso-
ciaram à campanha de solidariedade,
promovida em parceria com o AKI para
recolher roupas e mantas. Durante dois
dias, os funcionários da UMP separaram
e organizaram roupas para distribuir
junto das Santas Casas. Ao todo, a cam-
panha recolheu 30 toneladas de roupas.
Em 2010, foram 14. A distribuição junto
das Misericórdias está para breve.
Congresso
Misericórdias discutem
intergeracionalidade
“Intergeracionalidade: passado,
presente e futuro” é o tema do próximo
congresso nacional das Misericórdias.
O encontro já está marcado: vai ser em
Coimbra, entre os dias 16 e 18 de Junho,
com sessão de encerramento em Arga-
nil. O evento está a ser organizado pela
União das Misericórdias Portuguesas,
numa parceria entre Secretariado Nacio-
nal e Secretariado Regional de Coimbra.
O último congresso nacional foi na Ma-
deira, em 2009.

Vieira do Minho Fado para comemorar aniversários

A Santa Casa da Misericórdia de Vieira do Minho recebeu uma visita especial para
comemorar os aniversários de Dezembro e Janeiro dos utentes do Lar Nossa Senhora
da Conceição. Além de juntar amigos e familiares dos idosos aniversariantes, a
instituição convidou uma grande fadista da região. Mais conhecida como Professora
Zilda Henriques Ginha, “a fadista transformou uma tarde de inverno num dia brilhante, com a sua
Maria Inês Frias Martins voz fabulosa. A acompanhá-la, estiveram presentes os guitarristas da família Lima”,
contou a directora da Santa Casa, Eunice Noronha.
4 vm janeiro 2011
DESTAQUE entrevista
Nosso motor principal
é a rentabilidade social
Ao fim do primeiro
ano do segundo
mandato à frente
da União das
Misericórdias, o
presidente, Manuel
de Lemos, falou
sobre temas que
marcaram e
marcarão a vida
das Santas Casas
Bethania Pagin
A sociedade portuguesa
está preparada para
a sociedade civil?
Não é por acaso que a Europa - tam-
bém poderia falar de outros países
desenvolvidos, nomeadamente do
continente norte-americano - está
inevitavelmente, neste momento
de crise, a virar-se para a economia
social. O que fazemos nas Mise-
ricórdias há 500 anos é economia
social. Não tivemos a sorte desse
percurso ter sido reconhecido pe-
los políticos. O nosso Estado social
hoje não tem nada a ver com o de
antes do 25 de Abril. Pode-se dizer
que é débil, mas houve uma preo-
cupação de construir um modelo de
Estado Social e nesse sentido foram
feitas coisas interessantes em prol
dos cidadãos. Mas curiosamente o
modelo falhou no plano económico
e no plano da distribuição porque
o Estado ficou muito seduzido, so-
bretudo nos últimos 20 anos, pelo
primado do privado, confundido re-
gras da gestão privada, como rigor,
competência, planeamento, visão
estratégica etc, com o seu objecto
maior – o lucro.
Sente que há obstáculos
ao sector social?
O social, que era a terceira via pos-
sível e podia representar muito mais
de 10% da economia, foi sempre
amordaçado porque não convinha
aos defensores da absoluta parti-
Manuel de Lemos
Presidente da União das Misericórdias Portuguesas
cipação do Estado. Também não
convinha ao sector privado porque
era a demonstração que era pos-
sível fazer mais barato, com igual
qualidade e eficiência e sem uma
visão absoluta da remuneração do
capital. Acredito que quem arrisca
capitais tem de ser remunerado por
isso, mas não podemos reduzir o
mundo à dicotomia público/priva-
do.
Qual é a vantagem
dessa terceira via?
Essa terceira via, onde muita gen-
te se sente bem e que é reguladora
de mercados e também do Estado.
Os modelos keynesianos de desen-
volvimento, e os que dele deriva-
ram, falharam sempre no domínio
da repartição. Por exemplo, se o
Estado não consegue responder a
uma coisa tão simples como as ci-
rurgias às cataratas ou se o privado
faz isso a custos que remuneram
o seu capital, então porque impe-
dir a presença do sector social na
economia? Se nós fazemos com a
mesma qualidade e mais barato.
Isso não faz sentido nenhum, no-
meadamente num país onde os
recursos são escassos, mas onde
as pessoas têm direito à qualidade
de vida e à qualidade da prestação
de serviços. Nesse sentido, o papel
da economia social deve desempe-
nhar um papel nobre na sociedade
portuguesa e não o aceitar é falta
de modernidade, de presença, de
inteligência e de estratégia. A eco-
nomia social corresponde a uma
abordagem empresarial diferente,
em que o motor principal não é a
rentabilidade financeira. Nosso mo-
tor é a rentabilidade social, que se
consubstancia numa economia de
proximidade, sustentável, geradora
de riqueza e promotora de empre-
gos duradouros.
Mas muitos ainda vêem
o mundo dividido entre
o público e o privado…
Eu não contraponho a economia
social à economia pública, nem a
economia social à economia pri-
vada. Não tenho nenhuma visão
maniqueísta do mundo. O que eu
acho é que as três podem viver
segundo as suas especificidades e
competências. O desenvolvimento
harmonioso desses três sectores é
fundamental para criar uma socie-
dade mais equilibrada e preparar
as democracias de futuro, nomea-
damente no sentido de resolver os
problemas das pessoas. Quando o
ex-presidente Bill Clinton diz que
EUA há mais de um milhão de fun-
dações – e estamos a falar da pátria
do capitalismo -, quando o parla-
mento europeu delibera por una-
nimidade uma recomendação aos
Estados-membros sobre o sector
social é porque o nosso tempo che-
gou. Foi com este espírito que nós
entramos na CASES e é com esse
espírito que temos andado a dizer
aos políticos de todos os partidos:
olhem para a economia social não
como a panaceia que vai resolver
todos os problemas, mas como um
parceiro imprescindível.
Alguns dirigentes referem
que há uma divergência
entre o discurso e a prática
no que se refere à economia
social. Concorda?
É obvio que enquanto não houver
um quadro legal e um quadro dou-
trinário, os dirigentes que dizem
isso têm toda a razão. Foi o pró-
prio primeiro-ministro na reunião
inaugural do Conselho Nacional de
Economia Social a anunciar que é
necessário um quadro legal espe-
cífico. O Partido Social Democrata
também tem revelado preocupa-
ções com a economia social. Essa
evolução gratifica-me muito porque
me revejo noutras pessoas, como é
o caso de Vítor Melícias. Uma vez
um político disse que economia so-
cial era a economia do padre Me-
lícias. Hoje a economia social já é
vista como um parceiro sério. Mas
falta legislar, falta mudar as menta-
lidades, falta mudar as atitudes. É
por isso que a nossa vida é muito
atribulada.
Há maneiras de diminuir
essas atribulações?
É uma luta constante. Por isso, o
nosso caminho deve ser de indepen-
dência. Ou nos transformamos num
ramo frágil da economia pública e
vivemos dependentes de subsídios,
como vivem muitas instituições
www.ump.pt
“
privadas de economia em Portugal,
ou vivemos como uma instituição
social que não quer nada com o Es-
tado e temos de viver da caridade.
Mas a caridade só por si não nos
permite cumprir a missão e ajudar
as pessoas de forma permanente e
Acredito que quem
duradoura. Só conseguiremos ter
actividades se formos fortes, coesos
arrisca capitais tem e independentes.
de ser remunerado Em relação a essa necessidade
por isso, mas não de alteração de mentalidades,
podemos reduzir o o IVA social foi um tema que
mundo a dicotomia marcou o ano?
público/privado O IVA social é um episódio desse
conjunto de mal entendidos. De
um Estado que está desesperado
para arranjar dinheiro e que não é
capaz de ter uma visão estratégica
acerca do papel das instituições da
O papel da sociedade. Considero que se trata
economia social é de ignorância à volta da realidade
nobre na sociedade do sector social. A devolução do
portuguesa e não IVA não é nenhum benefício fiscal,
mas um instrumento de equidade
o aceitar é falta porque não podemos transferir o
de modernidade, IVA para os nossos utentes, ao con-
de presença, trário do sector privado. Portanto,
de inteligência o que está causa é uma questão
de equidade e não de benefício.
e de estratégia A circunstância de nos tirarem es-
ses 20% vai ter consequências a
montante e a jusante. Vamos fazer
menos obras e por isso vamos dar
menos emprego às empreiteiras,
Olhem para vamos empregar menos recursos
a economia social humanos, e vamos prestar menor
não como a apoio à comunidade que é a nos-
panaceia que vai sa missão. É preciso perceber se o
desenvolvimento do Estado se faz
resolver todos os de uma maneira puramente econó-
problemas, mas mico e financeira ou se há outros
como um parceiro modelos.
imprescindível
O Ministério das Finanças, por
“ várias razões, não foi capaz de
perceber isso…
Esta solução apesar de tudo foi uma
solução do meio. O Estado não mu-
dou as regras: quem tinha acordos
com o Estado mantém os acordos.
Também é verdade que o que está
no orçamento 2011 pode não estar
no orçamento de 2012. Quero dizer
que a União das Misericórdias, em
cooperação com as outras institui-
ções de economia social, tudo fará
para que seja reposta a equidade
fiscal.
www.ump.pt janeiro 2010 vm 5

Dinamizar voluntariado
“Temos tradição de voluntários na direcção das instituições, mas precisamos
dinamizar o trabalho do terreno, com as pessoas”, afirmou o presidente
da UMP, Manuel de Lemos, sobre o Ano Europeu do Voluntariado.

Estado
precisa
confiar mais
nos cidadãos
Para uma sociedade mais
justa e coesa, Portugal que
precisa de confiar mais e
depender menos do Estado,
que precisa de confiar mais
nos cidadãos
Por que a intergeracionalidade
como tema do próximo
congresso?
Por um lado, é o Ano Europeu do
Voluntariado, mas também estare-
mos perante a evidência dos nossos
problemas. Temos uma sociedade
envelhecida e a envelhecer. O que
queremos é chamar a atenção para
a necessidade de diálogo de modo
a criar uma sociedade mais justa e
mais coesa. Nesse sentido, a soli-
dariedade e a intergeracionalidade
vão ser temas cada vez mais actu-
ais, nomeadamente num Portugal
que precisa de confiar mais e de-
pender menos do Estado, que pre-
cisa de confiar mais nos cidadãos.

É uma mensagem
de esperança?
As Misericórdias celebram a vida,
são optimistas e só os optimis-
tas podem resolver os problemas.
Revemo-nos na fase de João Paulo
II, quando disse que era necessário
ultrapassar o limiar da esperança.
Gostava que este congresso fosse
uma das contribuições das Miseri-
córdias para que Portugal ultrapas-
se o limiar da esperança.

Referiu o Ano Europeu

Manuel de Lemos é o terceiro
presidente da UMP
do Voluntariado,
há iniciativas previstas?
A União das Misericórdias Portu-
guesas apoiará as iniciativas das
Misericórdias na medida das suas
possibilidades, mas com entusias-
mo. Temos tradição de voluntários
na direcção das instituições, mas
precisamos dinamizar o trabalho do
terreno, com as pessoas.
6 vm janeiro 2011
DESTAQUE entrevista
Só sobreviveremos se mantivermos
a nossa independência
Pela primeira vez, a
UMP tem um presidente
que não é padre
Para Manuel de Lemos, as
Santas Casas vivem entre as
actividades que tem a ver
com a sua eclesialidade e as
respostas às necessidades
das pessoas
Em que pé estão as conversa-
ções com a Conferência Episco-
pal Portuguesa sobre a nature-
za das Misericórdias?
A questão foi tratada da melhor ma-
neira possível, inclusive pelo jornal,
com a entrevista ao Dr. João Maria
Mendes. A natureza jurídica das
Misericórdias não é um problema
do Secretariado Nacional, mas da
sociedade portuguesa. A posição
das Misericórdias foi inequivoca-
mente tomada em dois momentos:
na última Assembleia Geral e na
tomada de posição do Conselho
Nacional. Estou certíssimo que
se os provedores quisessem levar
esta matéria às suas assembleias
a reacção seria ainda mais aguda.
Manuel de Lemos
Presidente da União das Misericórdias Portuguesas
Não o fizemos porque o nosso ob-
jectivo é encontrar uma plataforma
de entendimento com a hierarquia
da Igreja Católica. Vamos a ver se
a hierarquia da Igreja é capaz de
encontrar essa plataforma connos-
co, mas isso obriga que a União,
as Misericórdias e a hierarquia se
despojem. O dever do Secretariado
Nacional é cumprir aquilo que os
provedores deliberaram.
O decreto geral pode trazer
consequências no que diz res-
peito às nossas relações com o
Estado?
As Misericórdias vivem entre um
mundo de valores que mergulha as
suas raízes nos valores da Igreja e
onde está toda a nossa actividade
eclesial, manifestada nas igrejas,
nas alfaias religiosas, na noção de
irmandade, nas procissões etc. Mas
também vivemos no mundo do Es-
tado que se manifesta nas respostas
sociais na área da segurança social,
da saúde, da educação, do patrimó-
nio etc. Por isso tenho dito “dar a
César o que é de César e a Deus o
que é de Deus”.
Não há incompatibilidade entre
esses dois mundos?
Há uma parte da nossa actividade
que tem a ver com essa eclesialida-
de, que preservamos, asseguramos e
defendemos. Mas há outra parte que
tem a ver com a resposta às necessi-
dades efectivas das pessoas, que, nos
termos constitucionais da República
Portuguesa, cabe ao Estado ou com
quem o Estado entender cooperar. É
verdade que vivemos um pouco di-
vididos e só sobreviveremos se man-
tivermos a nossa independência. Se
nos encostarmos, se ficarmos nas
mãos de uns ou de outros, o nosso
caminho será inevitavelmente de me-
noridade. Somos instituições de fiéis
e temos por missão ajudar as pesso-
as, pelo que temos também de cum-
prir as regras do Estado português.
Manter essa independência não
será uma tarefa fácil…
Victor Hugo disse uma vez: “quando
chega o tempo de uma ideia, nada a
pode parar”. E o tempo da ideia da co-
operação e das instituições da socie-
dade civil portuguesa no século XXI
chegou. O Estado não a vai poder pa-
rar e a hierarquia da igreja não deve
entravar esse processo, sob pena de
se desligar das comunidades, o que
eu, como católico, não quero. Não
tenho medo de ser católico, o que
assumo com alegria e frontalidade.
Não estou vendido a nenhuma loja
eclesiástica ou não eclesiástica. Sei
que é mais fácil pregarem-me uma
etiqueta a dizer ele é isto ou aquilo.
Não me importo, porque nada disso
me desvia do caminho que entendo
ser correcto.
Um dos objectivos do segundo
mandato era dar mais poderes
aos Secretariados Regionais…
Os Secretariados Regionais têm
vida própria e articulam-se bem
com o Secretariado Nacional. À me-
dida das nossas possibilidades, ten-
tamos reforçar a União, trabalhan-
do mais perto das Misericórdias e
www.ump.pt
cabe a cada secretariado encontrar
a melhor forma de o fazer porque
o país é diverso e as Misericórdias
também. Não há propriamente um
padrão, não faz sentido haver um
padrão.
A articulação com os Secreta-
riados Regionais nota-se nos
congressos. O próximo está a
ser organizado em parceria com
o de Coimbra…
Fico muito contente com a circunstân-
cia do Secretariado Regional de Coim-
bra e o seu presidente, o professor
Dias Coimbra, terem assumido a res-
ponsabilidade de organizar o congres-
so em estreita cooperação connosco.
Até ao fim do mandado o que é
que ainda quer fazer?
Sobretudo continuar a reforçar o
papel da União junto das Miseri-
córdias, para que elas consigam ser
cada vez mais eficazes e eficientes,
no serviço às comunidades. Gosta-
va também de lançar as obras de
Fátima e Borba.
www.ump.pt janeiro 2010 vm 7

Concluir obras em Fátima e Borba

Até ao fim do mandato, o presidente da União das Misericórdias, Manuel
de Lemos, quer lançar as empreitadas em Fátima e Borba: uma unidade
de cuidados continuados e um centro de apoio a pessoas com deficiência.

“
Nosso objectivo
é encontrar uma
plataforma de
entendimento com
a hierarquia da
Igreja. Vamos a ver
se a hierarquia
da Igreja é capaz
de encontrar
essa plataforma
connosco O gabinete
do presidente
na nova sede
O tempo da ideia
da cooperação e
das instituições
da sociedade civil
portuguesa no
século XXI chegou.
O Estado não vai
poder parar, nem
vai querer que pare,
e a hierarquia da
igreja não deve en-
travar esse Temos em relação à rede de cuidados
processo

Se nos encostar-
continuados um optimismo realista
-mos, se ficarmos
nas mãos de uns Apesar de essencial para o
ou de outros, o sistema de saúde, a rede
nosso caminho será de cuidados continuados
precisa de melhorar o
inevitavelmente relacionamento entre Estado
um caminho e Misericórdias
de menoridade
“ O governo parece contar muito
com as Misericórdias para
a rede nacional de cuidados
continuados. É mesmo assim?
Os números do próprio Estado dão
conta que cerca de 70% da rede está
a ser gerida pelas Misericórdias. Em
relação à rede de cuidados continu-
ados temos um optimismo realis-
ta. Consideramos que é uma rede
essencial no sistema nacional de
saúde, mas consideramos também
que, embora sejam boas as relações
com o Ministério da Saúde e com a
unidade de missão, é preciso apro-
fundar e melhorar esse relaciona-
mento, sob pena de podermos por
em causa a própria rede.
Alguns provedores reclamaram
atrasos nos pagamentos?
Isso aconteceu sobretudo no Norte e
ainda temos alguns casos pontuais.
A senhora ministra disse-nos que ia
fazer um despacho para resolver es-
sas questões, o que, até ao momento,
não aconteceu, mas vai acontecer.
E os cuidados agudos de saúde?
Temos feito tudo, mas não é fácil
fazer um acordo destes. Temos tido
uma boa relação com o secretário
de Estado, o Dr. Manuel Pizarro, e
pensamos estar numa fase final de
negociação. Vamos ver se a propos-
ta do ministério é segura ou não.
A minha sensibilidade aponta no
sentido de que a participação das
Misericórdias na saúde tem muito
a ver com aquilo que disse antes.
Na maioria das cirurgias e dos
atendimentos que preocupam as
pessoas, as Misericórdias podem
responder, e podem responder com
eficácia, com qualidade e mais ba-
rato. A máquina do Ministério tem
natural dificuldade em perceber
isso porque tem alguns pressupos-
tos ideológicos. Penso que é um
combate decisivo para a melhoria
da prestação de cuidados da quali-
dade de saúde em Portugal. É um
desafio importante que levaremos
a cabo.
Para esse combate, a União tem
feito esforços no sentido de cer-
tificar a qualidade em algumas
unidades…
Estamos a fazer um esforço único
no que diz respeito à certificação da
qualidade das nossas unidades da
rede nacional de cuidados continu-
ados integrados e dos nossos hos-
pitais de agudos. No primeiro caso,
temos uma cooperação activa com
a Joint Comission e estamos a che-
gar à fase em que esperamos que
sete de unidades sejam certifica-
das. Pensamos que assim demons-
traremos ao Estado que não basta
apenas dizer que somos bons. No
segundo caso a nossa colaboração
tem sido com a Entidade Regulado-
ra da Saúde e os resultados tem sido
muito reconfortantes.
8 vm janeiro 2011
em acção
Combater
a solidão
na cidade
grande
No bairro do Casal da Mira, a maior
parte da população é cabo-verdiana
e o equipamento da Misericórdia da
Amadora naquela localidade acaba
por ser um local onde as culturas se
encontram e entrosam. O isolamento
é um dos maiores problemas
a combater
Bethania Pagin
O bairro está praticamente deserto.
Os sinais de que está habitado notam-
-se na roupa estendida a apanhar o
sol possível dos primeiros dias de
Janeiro. Os prédios têm as linhas da
arquitectura actual, as ruas são largas
e arejadas. Estamos no bairro do Ca-
sal da Mira, no concelho da Amadora.
Ali, há cerca de cinco anos, foram
realojadas centenas de famílias, mas
o processo de integração não correu
como se esperava e a localidade é
hoje um aglomerado de apartamentos
onde, até pouco tempo atrás, apenas
a farmácia e o centro de apoio à tercei-
ra idade da Misericórdia da Amadora
resistiam ao vandalismo. Isso porque
em Dezembro, poucos dias antes do
Natal, a Santa Casa inaugurou ali
uma loja social.
O centro de apoio à terceira ida-
de foi construído há dois anos, na
mesma altura em que se construía,
mesmo ali ao pé, o centro comercial
(CC) Dolce Vita Tejo. A câmara mu-
nicipal da Amadora cedeu o espaço
e o grupo Chamartin, responsável
pelo CC, assegurou as obras neces-
sárias para que ali pudesse funcionar
o equipamento da Misericórdia, con-
tou ao VM o director geral da Santa
Casa da Amadora, Manuel Girão.
Ao todo, são apoiadas 90 pessoas:
40 em centro de dia e 50 em apoio
domiciliário.
No bairro do Casal da Mira, a
maior parte da população é cabo-
-verdiana e o espaço da Misericórdia
acaba por ser um local onde as cultu-
ras se encontram e entrosam. Muitos
idosos vivenciaram a colonização e
chegam mesmo a comentar: “não
estava acostumado a ser tratado com
tanto respeito”.
O isolamento é uma das maiores
preocupações, revela a directora do
equipamento. Há prédios em que
o elevador deixou de funcionar e
muitos idosos têm autonomia re-
duzida e não conseguem sair de
casa, recebendo, por isso, o apoio
domiciliário. As más condições dos
apartamentos levaram ainda a que a
Misericórdia contemplasse, aquando
da construção do centro, um espa-
ço para banhos assistidos. Muitos
utentes do centro de dia aproveitam
porque nem sempre o esquentador
lá em casa funciona. E há ainda ca-
sos em que a banheira constitui um
obstáculo para os idosos, continua
Rute Brás.
No bairro social do Casal da Mira
não funcionam estabelecimentos
de qualquer tipo e isso dificulta em
muito a vida dos idosos que, actu-
almente, se deslocam, numa carri-
nha, a um centro clínico em outra
freguesia. A autarquia disponibiliza
o transporte, mas o bairro permane-
ce abandonado. Por isso, a equipa
da Misericórdia, em parceria com
a proprietária da farmácia, está a
www.ump.pt
ponderar a possibilidade de realizar
as análises aos idosos no gabinete Números
médico do centro de apoio.
Actualmente o centro conta
com 12 funcionários, muitos deles
do próprio bairro. De acordo com a
90 O centro de apoio à terceira
idade do casal da Mira apoia 90
pessoas: 40 em centro de dia e 50 em
directora, a fase inicial da prestação apoio domiciliário.
dos serviços de apoio domiciliário
foi muito complicada porque a maior
parte das pessoas tinha medo de tra-
balhar naquela localidade. A solução
12 Actualmente, o centro da Santa
Casa da Misericórdia da Ama-
dora conta com 12 funcionários, muitos
foi contratar e preparar pessoas da deles do próprio bairro.
comunidade para o apoio domicili-
ário, contou Rute Brás.
Loja social
760 O Casal da Mira é um dos
maiores bairros sociais da
Amadora, já no extremo do concelho,
O projecto inicial do bairro con- com 760 fogos habitacionais.
templava lojas em todos os edifícios,
mas isso nunca aconteceu e durante
muito tempo, contou ao VM o direc-
tor geral da Santa Casa da Amadora,
2800 Números da Câmara
Municipal indicam que
no casal da Mira vivem cerca de 2800
o que havia eram espaços abando- residentes, maioritariamente cabo-ver-
nados e vandalizados, até que a dianos.
autarquia decidiu fechar tudo com
tijolo. Mas ali, entre as instalações
www.ump.pt
do centro de apoio da Santa Casa e
da farmácia, havia até pouco tempo
atrás, uma loja vazia. A única que
ainda não havia sido emparedada
pela autarquia.
O contacto com a câmara foi feito,
as instalações foram cedidas à Miseri-
córdia, que colocou mãos a obra para
que ali pudesse funcionar o terceiro
estabelecimento a ter as portas aber-
tas na freguesia de Casal da Mira.
A inauguração foi a 22 de De-
zembro e a adesão foi grande. No
primeiro dia de funcionamento, as
vendas chegaram aos 300 euros. Sim,
porque naquela loja os artigos são
todos vendidos. A decisão, explicou
Manuel Girão, tem a ver com o va-
lor que cada um pode dar ou não
àquilo que adquire, ou seja, para que
as pessoas levem apenas aquilo que
realmente precisam. O preço é simbó-
lico. Calças custam dois euros, cami-
solas também. Os artigos mais caros
são os casacos de inverno, a quatro
euros. Naquele espaço, continuou o
director-geral, os artigos são todos
novos, provenientes de doações que a
Santa Casa recebe: restos de colecção
ou stocks de lojas em processo de
falência. Além das roupas, os traba-
lhos manuais realizados pelos idosos
também estão à venda.
Por isso, quem lá entra depara-
-se com uma loja como as outras. A
montra está preparada para chamar
a atenção de quem por lá passa e
no interior os mostruários estão se-
parados por tipo de peça. A única
diferença é que ali há um limite de
peças compradas, no máximo dez.
A ideia inicial era manter o espa-
ço aberto apenas durante as manhãs.
Mas os voluntários que ali estão –
todos utentes do centro de dia – têm
assegurado, por vontade própria,
também as tardes. É mais uma acti-
vidade para os idosos, porque estão
sempre a entrar e a sair pessoas, e
a única maneira de manter aberto
Papa dá bênção às redes sociais
No Dia Mundial das Comunicações, 24 de Janeiro, o Papa Bento XVI enviou uma
mensagem em que salienta as vantagens das redes sociais na Internet e apela a
que sejam usadas. Mas avisa que não podem substituir as relações pessoais.
Loja social abriu poucos
dias antes do Natal
o estabelecimento. “Não consegui-
mos gerar mais-valias para ter cá um
colaborador”, confidencia o director
geral da Santa Casa.
Zita Faria, de 63 anos, é uma des-
sas voluntárias. Frequenta o centro
de dia desde a primeira hora e só
deixa a loja para rezar o terço junto
dos outros utentes. E foi entre os
utentes que descobrimos José Iná-
cio, jornalista – esteve na equipa que
fundou o semanário Expresso. Com
68 anos, hoje divide o seu tempo
entre o convívio no centro de dia e
os artigos que escreve para o jornal
da sua terra natal, o Diário do Sul, de
Évora (ver texto de opinião).
A hora do almoço aproxima-se e
já é possível ver algum movimento
nas ruas. Aos poucos, os idosos vão
chegando. Da carrinha da Santa Casa
vão saindo as refeições. A ementa
não é a tradicional cachupa, reserva-
da para os dias de festa e preparada
pelos próprios utentes do centro.
Testemunho
José Inácio Teigão
Vida, luz e cor
ao Casal da Mira
O Centro de Dia da Santa Casa
da Misericórdia da Amadora foi em
boa hora criado. Ele funciona na per-
feição e comporta múltiplas activida-
des. Já não falando da alimentação
que é servida diariamente a cerca
de 40 utentes que, na realidade, na
escala de 1 a 10 merece, sem favor,
nota máxima.
Falemos antes das actividades lúdi-
cas, dos passeios tipo excursão que
se realizam periodicamente. Por
exemplo, ao jardim zoológico de Lis-
boa, a Tomar, à cidade das 7 colinas,
por ocasião das iluminações de Natal
etc. Todos eles maravilhosos e que
fazem com que nos sintamos “vivos”.
Inaugurado no dia 17 de Dezembro
de 2008, pelo presidente da Câmara
Municipal da Amadora, Sr. Joaquim
Moreira Raposo, o centro de dia da
terceira idade veio dar vida, luz e cor
ao bairro do Casal da Mira.
Bem-haja por esta louvável iniciativa.
P.S. Por hora convém dizer: a Dra.
Rute Brás é o pilar do centro de apoio
à terceira idade do Casal da Mira.
Destaque-se o seu profissionalismo,
a sua dedicação, a sua entrega ao
laboto de todos os dias, diz-se que
quem corre por gosto não cansa, e
ela é, efectivamente, incansável. Ho-
nesta, laboriosa, uma espécie de re-
ality show. Alma mater da instituição.
Impecável, intocável. O verdadeiro
pilar deste centro, que dirige supe-
riormente. Trata-se de uma mulher
de verdadeiras virtudes. Lapso nosso,
mea culpa, sem utopias. É como a
água que desliza mansos córregos
da terra: límpida, cristalina, pura. Cla-
ro: ela soube rodear-se de pessoal
competente e dedicado. Bem-haja
Rute Brás.
Bem-haja por esta louvável iniciativa.
Utente do centro de apoio
à terceira idade da Misericórdia
da Amadora
janeiro 2010 vm 9
Internautas
propensos
para o
voluntariado
Segundo estudo recente,
os utilizadores da Internet,
em particular os que estão
nas redes sociais, são
pessoas mais activas para
voluntariado
A ideia de que o uso intensivo da In-
ternet pode criar pessoas anti-sociais
e fechadas sobre si próprias é contra-
riada por um estudo realizado pelo
Pew Research Center No estudo agora
divulgado os utilizadores da Internet,
e em particular os que estão nas redes
sociais, aparecem como pessoas bas-
tante activas em grupos de voluntaria-
do, mais do que quem não está online.
Segundo o estudo 80 por cento
dos utilizadores de Internet estão
presentes em acções de grupos que
se dedicam ao voluntariado, contra
56 por cento daqueles que não são
utilizadores habituais da web.
Quando analisada a presença nas
redes sociais, a percentagem daque-
les que estão presentes e que se dedi-
cam ao voluntariado em grupo sobe,
sendo que entre os utilizadores do
Twitter esse valor é de 85 por cento.
De entre os inquiridos 48 por
cento dos voluntários tem uma con-
ta nas redes sociais, sendo que 30
por cento tem o seu próprio blogue.
A comunicação entre os membros
dos grupos de voluntariado também
decorre via redes sociais, com 16 por
cento a afirmar usar o Twitter para
falar com os seus parceiros de grupo.
O trabalho do Pew Research
Center mostra ainda que os utiliza-
dores de Internet costumam ser os
membros mais activos dos grupos
de voluntariado em que participam.
Recorde-se que 2011 foi declarado,
pelo Conselho de Ministros da União
Europeia, como o “Ano Europeu das
Actividades Voluntárias que Promo-
vam uma Cidadania Activa” (AEV
2011). Para a presidente o AEV 2011,
“quem quer fazer arranja maneira,
quem não quer arranja desculpas.”
Durante o ano, também a União
das Misericórdias Portuguesas irá pro-
mover uma série de iniciativas para
dinamizar o voluntariado nas Santas
Casas. Em declarações ao VM, a res-
ponsável da UMP por este pelouro,
Infância Pamplona, afirmou que já
estão calendarizadas uma série de
acções para as quais a “União con-
tará com o apoio das suas associa-
das”. Recorde-se que a UMP integra
o Conselho Nacional para Promoção
do Voluntariado e a Confederação
Portuguesa de Voluntariado.
Ver texto de opinião na página 3
10 vm janeiro 2011
em acção
Reinserir toxicodependentes
em São João da Madeira
Depois de dois anos em
funcionamento, projecto
para reinserção de
toxicodependentes da
Misericórdia de São João
da Madeira chega ao fim
Vera Campos
“Não há Estrelas no Céu”, umas das
mais populares canções de Rui Veloso,
de 1990, podia servir de banda sonora
para o projecto “Trapézio Com Rede”.
“…Vou por aí às escondidas,
a espreitar às janelas/ Perdido nas
avenidas e achado nas vielas/ Mãe,
o meu primeiro amor foi um trapézio
sem rede/Sai da frente por favor,
estou entre a espada e a parede.”
Prestes a terminar (Fevereiro de
2011), e sem garantia de continuação
por parte do Instituto da Droga e
da Toxicodependência (IDT) o pro-
jecto “Trapézio com Rede” surgiu
em 2009, no âmbito do Programa de
Respostas Integradas do IDT. A sua
implementação esteve a cargo do
Trilho – Unidade de Apoio a Toxico-
dependentes e Seropositivos da San-
ta Casa da Misericórdia de S. João
da Madeira. Objectivo: reinserção
sócio-profissional de consumidores
em processo de tratamento, e que de-
monstravam vontade de entrar num
processo de aprendizagem e forma-
ção. Dados de Novembro de 2010
adiantam que o projecto interveio
com 83 consumidores de substâncias
psicoactivas, 37 famílias e 81 agentes
económicos e sociais.
O Voz das Misericórdias conver-
sou com duas das técnicas envol-
vidas no projecto: Branca Correia,
assistente social e Joana Martins,
psicóloga. Das experiências vivi-
das durante dois anos, enaltecem a
“aprendizagem diária” e a possibili-
Porto quer construir hotel social
Misericórdia do Porto quer
abrir um hotel social para
complementar rede de
respostas sociais. Projecto
está em negociação com
Segurança Social
O provedor da Santa Casa da Mise-
ricórdia do Porto, António Tavares,
afirmou recentemente que a institui-
ção pretende abrir um hotel social
para complementar a sua rede de
respostas sociais. O projecto está
dade que o projecto deu de se aplica-
rem “novas e inovadoras metodolo-
gias”. Manter um acompanhamento
“personalizado” é, para ambas, um
dos objectivos que gostariam de ver
garantido no futuro, ainda que o pro-
jecto não tenha continuação.
A execução do projecto dividiu-
-se em três espaços: pré-profissiona-
lizante, ocupacional e psicossocial.
No pré-profissionalizante, dirigido a
alcoólicos e toxicodependentes com
potencial de empregabilidade, os 17
participantes foram sujeitos a forma-
ção em competências básicas e con-
seguiram definir um projecto pessoal
e profissional. Através do programa
Vida-Emprego, ou por iniciativa pró-
pria, mais de 50% conseguiram em-
prego ou estágios sócio-profissionais.
Uma mais-valia, evidenciada pelas
ainda em fase de negociação com a
Segurança Social. O anúncio foi feito
no dia da tomada de posse dos novos
corpos sociais, 4 de Janeiro.
“Há muita gente que está a ser
despejada. Recebemos todos os dias
cartas com pedidos de ajuda”, disse
o provedor da Santa Casa da Miseri-
córdia. A sua vontade é concretizar o
hotel social “ainda neste mandato”,
referiu.
António Tavares disse ainda ao
Jornal de Notícias ter aumentado o
número de pedidos de ajuda à institui-
ção, cujo programa de apoio alimentar
técnicas, que possibilitou o contacto
com contextos reais de trabalho. “Ul-
trapassamos os números que o projec-
to propunha”, atesta a psicóloga Joana
Martins. “Esta foi uma experiência
muito positiva na vida destas pessoas.
Nalguns casos, o primeiro contacto
com o mercado de trabalho. Noutras
situações, o renovar do contacto com
o contexto profissional”, acrescenta
Branca Correia, assistente social.
O espaço ocupacional abrangeu
29 indivíduos, todos eles actualmente
a merecerem acompanhamento em
estruturas de saúde, com vista ao tra-
tamento do seu problema de adição.
Com funcionamento todas as tardes,
neste espaço decorreram vários ateliês
que foram sendo renovados: escultu-
ra, fotografia, jardinagem, expressão
corporal, teatro, pintura, carpintaria,
criado em Março, a Sopa da Noite,
serve mais de mil sopas por mês.
Tal como a Sopa da Noite, espera-
-se o hotel social traga mais qualida-
de a uma necessidade de alojamento
de emergência.
“O hotel vai juntar-se ao nos-
so complexo habitacional e é outra
forma de dar respostas sociais”, ob-
servou. Além de lares e albergues,
a Santa Casa é proprietária de um
complexo habitacional, conhecido
como bairro Daniel Constant, na
zona oriental da cidade, com mais
de 130 habitações.
Equipa espera poder dar
continuidade ao projecto
Testemunho
Vítor Gonçalves
“Valeu a pena por todos. Mes-
mo sem financiamento, teremos que
continuar a fazer funcionar algumas
actividades, como por exemplo, no
espaço ocupacional”. Joana Martins,
psicóloga
“Os ganhos podem, de algum modo,
ser avaliados pela experimentação
de novas práticas nesta população
alvo, que não existiam, e pela relação
interinstitucional que aproximou ac-
tores que trabalham na área”.
Director da Santa Casa
Não está ainda definido onde
poderá ser instalado o hotel social.
“Temos vários edifícios que podem
servir para esse fim. Temos estado
a conversar com a Segurança So-
cial porque não nos adianta ter esse
equipamento e depois a Câmara
Municipal do Porto e a Segurança
Social estarem a realojar as pessoas
em pensões de qualidade duvidosa e
pagas pelos nossos impostos”, disse
o provedor.
Entre alguns projectos recentes
da Misericórdia do Porto, António
Tavares destacou os apartamentos
www.ump.pt
expressão musical… Aqui, a inserção
fez-se, não pela via profissional, uma
vez que os indivíduos não reuniam
condições de empregabilidade, mas
pela social. “Verem-se inseridos na
sociedade é-lhes muito importante. Ao
darem-se a conhecer na comunidade
com algumas actividades, mudam
também a opinião das pessoas que
os vêem. Contrariamos o isolamento
elevando a auto-estima”, explicam.
O espaço psicossocial seguiu a li-
nha já desenvolvida pelo Trilho e cujo
objectivo é o de motivar para o trata-
mento, aqui também com acção junto
da família do doente. “Esta é uma
acção muito personalizada. Acom-
panhamos as pessoas à consulta, às
unidades terapêuticas para desintoxi-
cação. Esta personalização revelou-se
um factor favorável com repercussão
no sucesso do tratamento”.
A construção de um site onde se
possa divulgar um Manual de Boas
Práticas de Intervenção Comunitá-
ria está em fase avançada, estando
prevista a sua conclusão até ao final
de Janeiro. “Uma forma de dissemi-
nar boas práticas entre outras insti-
tuições, para que não seja preciso
começar sempre do zero”, explicam
as responsáveis.
Ao longo do projecto, o contacto
com o sector empresarial revelou-se
“bastante positivo”. A verificar-se a
continuação, pretende-se alargar a
acção a outras empresas. De forma
sucinta, estas responsáveis revelaram
que “após dois anos de experimenta-
ção, o futuro serviria para a conso-
lidação. Para potenciar tudo aquilo
que de positivo se alcançou”. Com
avaliações de mérito trimestrais fa-
voráveis ao projecto, a recomendação
de continuação prevê-se positiva. No
entanto, compete ao IDT a cabimen-
tação orçamental, um valor na ordem
dos 75 mil euros para dois anos.
de pré-autonomia para jovens ado-
lescentes no Colégio do Barão de
Nova Sintra, o Centro de Dia para
doentes com Alzheimer, no Centro
Hospitalar do Conde de Ferreira e
os futuros apartamentos de apoio a
jovens deficientes com alguma auto-
nomia ou a pessoas com problemas
do foro psíquico.
O bispo do Porto, D. Manuel
Clemente, e o secretário de Estado
Adjunto e da Saúde, Manuel Pizarro,
foram algumas das personalidades
a marcar presença na tomada de
posse.
www.ump.pt
Pernes emprega 50 pessoas
Santa Casa de Pernes
emprega mais de 50 pessoas.
Muitas das funcionárias
asseguram o sustento
da família, uma vez que
encerraram empresas
Filipe Mendes
São horas roubadas à família e aos
afazeres pessoais, sem direito a des-
canso ou a férias. Há um trabalho
imenso para garantir que tudo fun-
cione na perfeição, e essa exigência
é passada a todos os colaboradores.
A provedora da Santa Casa da Mise-
ricórdia de Pernes, Maria dos Anjos
Patusco, é responsável por cerca de
200 utentes e 50 colaboradores.
A Santa Casa de Pernes emprega
directamente mais de 50 pessoas,
e outras tantas de forma indirecta
através de empresas de outsourcing,
e verifica-se hoje que muitas destas
funcionárias são cabeças de casal,
uma vez que recentemente encerra-
ram muitas empresas da zona.
Embora afirme que “não há
pessoas insubstituíveis”, todos re-
conhecem o trabalho ímpar que de-
senvolve em prol da comunidade,
dando ajuda a quem precisa, “tendo
sempre no horizonte as 14 obras de
misericórdia”.
Maria dos Anjos Patusco é, des-
de 1994, o coração desta casa onde
corre sangue novo. Apoiada por uma
equipa com uma média de idades
baixa, é na juventude que deposita
uma grande esperança.
Prova disso, está a aposta con-
tínua na Residência de Estudantes
em Lisboa, que alberga 60 alunos,
nos apoios ao associativismo e nas
ajudas pecuniárias a estudantes do
Ensino Superior.
Para uma Vila relativamente pe-
quena, esta Santa Casa parece estar so-
bredimensionada. Mas um olhar mais
atento mostra que não é o caso. Há
muitas carências que encontram aqui
uma resposta célere e uma porta aberta.
“Prestamos apoio gratuito a pes-
soas carenciadas, mesmo ao nível do
apoio domiciliário, e damos ajudas
Abstenção com números históricos
As eleições para Presidente da República, a 23 de Janeiro, ficaram marcadas
por números históricos da democracia portuguesa. A abstenção atingiu
53,37%. Aníbal Cavaco Silva foi reeleito com 52,94% do total de votos.
especializadas a muita gente”, exem-
plificou ao Voz das Misericórdias a di-
rectora técnica Maria Alice Rodrigues.
“Estamos a trabalhar também na
certificação das respostas sociais e
no âmbito da qualidade”, afirmou a
responsável da instituição, que nas
suas diferentes respostas sociais
acode a perto de duas centenas de
pessoas.
“
Somos uma Misericórdia
aberta, virada para o de-
senvolvimento. Vivem-se
tempos muito difíceis, mas
somos um ponto de referên-
cia para todos. Seja em que
situação for da sua vida,
estamos dispostos para
acolher quem precisar, e as
pessoas sentem isso
Maria dos Anjos Patusco foi elei-
ta a 08 de Janeiro para mais um man-
dato na provedoria da Misericórdia
de Pernes, e o grande objectivo para
os próximos três anos é consolidar o
trabalho desenvolvido, que se reflec-
te no muito património recuperado e
posto à disposição da comunidade.
Contudo, há ainda espaço para
projectos novos: já em Fevereiro, de-
verá entrar em funcionamento um
centro de convívio, instalado no Edifí-
cio Social e de Saúde situado na zona
alta da Vila, perto da Igreja Matriz.
Além disso, pretende também
avançar com uma resposta de cre-
che, mas este projecto está limitado
ao número de interessados, uma vez
que a natalidade tem vindo a decres-
cer na Vila.
“Somos uma Misericórdia aber-
ta, virada para o desenvolvimento.
Vivem-se tempos muito difíceis, mas
somos um ponto de referência para
todos. Seja em que situação for da
sua vida, estamos dispostos para
acolher quem precisar, e as pessoas
sentem isso”, afirma a provedora.
janeiro 2010 vm 11
Imigrantes
idosos não
conhecem
direitos
Alto Comissariado para
a Imigração e Diálogo
Intercultural vai apostar no
combate à vulnerabilidade
socioeconómica dos idosos
imigrantes
O II Plano para a Integração dos
Imigrantes vai apostar no combate
à vulnerabilidade socioeconómica
dos idosos imigrantes, divulgando
o apoio institucional disponível, re-
velou, em Coimbra a 19 de Janeiro,
a alta comissária para a Imigração e
Diálogo Intercultural.
“Estamos a fazer um levanta-
mento. Há imigrantes idosos que
desconhecem por completo os seus
direitos ou as ajudas que o Estado
pode dar”, disse Rosário Farmhouse
à agência Lusa.
12 vm janeiro 2011
em acção
Organizações do sector social
vão acompanhar microcrédito
O Conselho Nacional para
a Economia Social, cuja
presidência é do primeiro-
-ministro José Sócrates,
esteve reunido pela primeira
vez desde a sua criação
Bethania Pagin
O Conselho Nacional da Economia
Social (CNES) esteve reunido pela
primeira vez. A reunião que inaugu-
rou a actividade deste órgão consul-
tivo, cuja presidência é do primeiro-
-ministro, teve lugar a 14 de Janeiro,
na Fundação Cidade de Lisboa. No
final do encontro, José Sócrates não
falou aos jornalistas, mas a minis-
tra do Trabalho e da Solidariedade
Social anunciou algumas novidades
relacionadas com o sector. A partir
de agora as entidades de economia
social vão poder acompanhar os pro-
cessos de microcrédito.
De acordo com Helena André,
os números relacionados com o
microcrédito revelam que muitos
projectos não sobrevivem por falta
de acompanhamento adequado. Daí
a importância do papel que as enti-
dades de economia social vão a par-
tir de agora poder desempenhar. A
proximidade dessas instituições em
relação à comunidade é determinan-
te, referiu. Para o efeito, o governo
criou uma linha de crédito no valor
de 20 milhões de euros.  Projectos
Empresas não querem
mães trabalhadoras
Apenas 28% das empresas
nacionais tem a intenção
de contratar mães
trabalhadoras em 2011,
embora 43% planeie
contratar novo pessoal
Apenas 28% das empresas nacionais
tem a intenção de contratar mães
trabalhadoras em 2011, embora 43%
planeie contratar novo pessoal. Se-
gundo um estudo internacional di-
vulgado recentemente pela Regus, a
proporção de empresas que pretende
contratar mulheres com filhos dimi-
nuiu um quinto em relação ao ano
passado e a tendência é bastante
evidente em Portugal.
Uma das principais preocupa-
ções de 25% dos empregadores
portugueses é a possibilidade de as
institucionais poderão receber 25 mil
euros e os individuais 15 mil. Além
das entidades, também o Instituto
de Emprego e Formação Profissional
poderá receber candidaturas.
Outra novidade é a criação da
linha de crédito Social Mais, que visa
“inovar a actividade e alavancar a
qualidade da gestão” das organiza-
ções de economia social.
Esta iniciativa, explicou Helena
André, representa um montante de
12 milhões e 500 mil euros e visa
apoiar as instituições nas respostas às
exigências que a sua actividade hoje
representa. Palavras como moderniza-
mães trabalhadoras tirarem licença
de maternidade para terem outra
criança. No entanto, em geral, as
empresas portuguesas mostraram-se
muito menos preocupadas com isto
que a média global, diz o estudo.
Por outro lado, a tendência para
não atribuir salários elevados a estas
mulheres é também ligeiramente in-
ferior à média (55%).
Paulo Dias, da Regus para a Re-
gião da Europa, Médio Oriente e da
África, afirma que, devido às restri-
ções económicas, “não é surpreen-
dente ver que as atitudes preconcei-
tuosas voltam a estar na ordem do
dia e que algumas empresas conti-
nuam a mostrar receios obsoletos no
ambiente de trabalho ”. A maioria
das empresas receia que os com-
promissos familiares impeçam as
mulheres com filhos de se dedicarem
totalmente ao seu emprego.
Reforma legislativa
para sector social
As entidades que compõem o Conselho
Nacional da Economia Social vão criar
um grupo de trabalho para estudar a
legislação relacionada com o terceiro
sector e ainda propor algumas altera-
ções. Durante a reunião inaugural, o
primeiro-ministro José Sócrates ape-
lou à importância deste grupo, visto que
estão a ser preparadas propostas por
diversos grupos parlamentares. Uma
tomada de posição por parte daqueles
que estão no terreno será decisiva.
São Sebastião é ‘exemplo
de voluntariado’
Para secretária Regional do
Trabalho e Solidariedade
Social, a Santa Casa da
Misericórdia de São
Sebastião, na Terceira, é
exemplo de voluntariado
A secretária Regional do Trabalho e
Solidariedade Social, disse recente-
mente, em São Sebastião, ilha Ter-
ceira, que a Misericórdia daquela
vila é “exemplo de voluntariado e
dedicação”.
Ana Paula Marques, que falava
aos jornalistas no final de uma visita
que fez à instituição, acrescentou
que esse exemplo devia ser seguido
em muitas instituições de solidarie-
dade social, onde, em alguns casos,
“o voluntariado quase é substituído
pela profissionalização”.
Conselho Nacional para a
Economia Social reuniu-se
pela primeira vez
ção, inovação e qualidade marcaram
o discurso da governante. O objectivo
é incentivar novos investimentos, re-
forçar a actividade em áreas existentes
ou em novas, modernizar os serviços
prestados às comunidades e a gestão,
fortalecer o fundo de maneio e liquidar
dívidas junto de instituições de crédito
ou de fornecedores.  
Por último, a ministra anunciou
ainda a facilitação da criação de co-
operativas, com o processo Coope-
rativa na Hora.
O CNES foi criado através da Re-
solução do Conselho de Ministros
n.º 55/2010, de 4 de Agosto de 2010.
Segundo o Correio do Norte, no
caso concreto da instituição que vi-
sitou, a governante assumiu o com-
promisso de apoiar o alargamento
da pequena equipa de trabalhadores,
de forma a melhorar e alargar aos
fins-de-semana o apoio ao domicílio.
“Estamos a falar de uma institui-
ção que tem a seu cargo 50 pessoas
com apoio ao domicílio, com uma
equipa muito modesta e com um
grupo de voluntários que se dedica
também imenso à causa pública”,
disse Ana Paula Marques, o que jus-
tifica o apoio das entidades públicas.
A secretária do governo regional
dos Açores analisou, ainda o pro-
jecto para a construção de um cen-
tro de dia, tendo dito à direcção da
Santa Casa da Misericórdia de São
Sebastião que, apesar das difíceis
circunstâncias financeiras, a obra vai
ser calendarizada.
www.ump.pt
VOLTAAPORTUGAL
Benemerência marca
Natal em Vale de Cambra
A Santa Casa da Misericórdia de
Vale de Cambra recebeu uma
prenda especial no dia em que re-
alizou o seu jantar de Natal. Dona
Felisbela Conceição teve mais um
gesto de benemerência para com
a Instituição com a oferta de um
cheque para pagamento do piso
anti-choque que foi aplicado no
recreio exterior em Coelhosa. A
festa encerrou com o grupo “Sons
e Silêncios”.
Santo António da Lagoa
comemora 10 anos
A Santa Casa da Misericórdia de
Santo António da Lagoa come-
morou recentemente dez anos de
existência. O presidente da União
das Misericórdias Portuguesas fez
questão de marcar presença na
sessão comemorativa. A Misericór-
dia possui actualmente um Lar de
Idosos, um Lar de Jovens em Risco,
um ATL, um Centro de Dia e uma
Loja Solidária. Foi a 13 de Janeiro.
20
Dias de salário
Ministra do Trabalho propôs
aos parceiros sociais que as in-
demnizações de despedimento
passem a ter um regime igual
ao espanhol.
Encontro cinegético
reúne uma centena
O encontro cinegético promovi-
do recentemente pela Turicórdia
reuniu perto de uma centena de
provedores. Segundo informação
daquele gabinete da União das
Misericórdias Portuguesas, a inicia-
tiva, além do seu carácter lúdico,
visava chamar a atenção dos pro-
vedores para as inúmeras poten-
cialidades de negócio das herdades
que muitas Santas Casas possuem
por herança.
Atitude mais activa
perante a crise
O presidente da Conferência Epis-
copal Portuguesa (CEP) defendeu
que as pessoas devem ter uma ati-
tude «mais activa» perante a crise
que o país atravessa. D. Jorge Orti-
ga, que falava durante a tomada de
posse dos órgãos sociais da Miseri-
córdia de Vila do Conde, frisou que
«quem está a passar por determi-
nadas carências, nomeadamente a
falta de emprego, não pode ficar à
espera”.
14 vm janeiro 2011
em acção
Paredes de Coura com
novos equipamentos
Um centro de actividades
ocupacionais para jovens
portadores de deficiência
e uma unidade de cuidados
continuados de saúde são
projectos da Misericórdia
Susana Ramos Martins
Um centro de actividades ocupacio-
nais para jovens portadores de defi-
ciência e uma unidade de cuidados
continuados (UCC) de saúde vão abrir
portas no próximo ano em Paredes de
Coura. Os projectos nascem pela mão
da Santa Casa da Misericórdia local
que, no total, vai investir cerca de 2 mi-
lhões e 600 mil euros, co-financiados
por Fundos Comunitários.
As duas empreitadas estão em
fase de concurso, pelo que as obras
deverão arrancar este ano, prevendo
o provedor que fiquem concluídas
em 2012. António Pereira Júnior
adianta que a UCC vai ter capacidade
para acolher 22 camas. Já o centro
de actividades ocupacionais vai ter
20 vagas.
Trofa abriu loja de apoio social
Na loja social da Santa Casa da Trofa, é possível fazer
compras a preços simbólicos e participar em ateliês diversos
Santa Casa da Misericórdia da Tro-
fa inaugurou recentemente a loja
Dona Sol. No espaço todos podem
fazer compras a preços simbólicos e
aprender novas técnicas nos ateliês
desenvolvidos. O projecto visa, num
só espaço, receber, dar e ajudar.
Esta loja, que reúne peças de
Hora da crise o desafio da esperança
As Misericórdias vão
avançar para o seu décimo
congresso nacional,
anunciado precisamente
para Coimbra,
em Junho de 2011
Manuel Ferreira da Silva
Por um dever de trabalho consagra-
do ainda com a minha presença e
colaboração nos quadros centrais
da UMP, uma das minhas tarefas é
Os edifícios não vão ser constru-
ídos de raiz. Vão ser aproveitadas
antigas estruturas da instituição,
que vão ser alvo de requalificação.
A unidade de cuidados continuados,
por exemplo, vai ser criada no antigo
hospital da Misericórdia local.
“É um passo gigante na activi-
vestuário para homem, senhora e
criança e utensílios para o lar, será o
garante para muitas famílias que neste
momento passam por algum tipo de
dificuldades, escreve o Notícias da Tro-
fa. Assim, todos os artigos, novos ou
usados, que foram doados por famílias
que já não necessitam e por empresas,
passar quase diariamente os olhos
pelos jornais que nos chegam. Desta
vez, destaco o Diário de Coimbra,
o mais assíduo em dar notícias das
nossas Santas Casas, as quais quanto
mais em foco de discussão, mais
santas e generosas se afirmam na
fidelidade a um estatuto, regra que
tem tanto de histórico, como de sa-
grado, uma vez que o projecto real
de dar corpo ao “amai-vos uns aos
outros” se traduz no compromisso,
que equacionado nas XIV obras de
misericórdias, que ninguém pode
Cuidados continuados
instalados no antigo hospital
dade da Misericórdia e nos serviços
que presta à população de Paredes
de Coura”, revela o provedor, que no
final de 2010 foi eleito para mais um
mandato. E apesar de já ser provedor
na Santa Casa há mais de duas déca-
das, Pereira Júnior parte com expec-
tativa para este novo desafio porque
estarão acessíveis a qualquer um.
Os produtos podem ser levados
pelas pessoas referenciadas pela Loja
Social e terão um custo simbólico,
mas todos podem fazer compras e
aprender novas técnicas nos ateliês
desenvolvidos na Dona Sol.
Para Amadeu Castro Pinheiro, pro-
vedor, esta loja tem três objectivos: “O
primeiro é receber daqueles que têm e
que podem dar vestuário e artigos para
o lar, o segundo é ceder esses materiais
àqueles que têm necessidade, e neste
nem alterar nem esquecer, equivale
ao mais eloquente tratado sobre so-
lidariedade, cidadania no concreto
programa traduzido em 14 modos
de agir e de intervir naquele que se
pode definir como a melhor filosofia
social da proximidade, bem como a
melhor cultura da vizinhança.
A esse propósito é de salientar
a palavra compromisso com que o
novo provedor de Coimbra Dr. Ar-
mando Lopes Porto, se compromete
e até como continuação vivencial de
quem o precedeu, o saudoso Prof.
“2011 vai ser um grande ano para a
Misericórdia de Paredes de Coura que
vai criar estas estruturas de apoio aos
mais idosos e aos menos válidos”.
As obras, segundo relata, vão
andar em paralelo, o que vai exigir
“um esforço financeiro considerá-
vel” à irmandade.
São equipamentos que fazem fal-
ta à população de Paredes de Coura,
descrita pelo provedor da Santa Casa
como sendo cada vez mais idosa e
cada vez mais isolada. “Ficam as
pessoas mais velhas em casa, os
mais novos têm de procurar a sua
sobrevivência noutras paragens”, ex-
plica Pereira Júnior. E, assim, aquele
município do interior do Alto Minho
vai ficando cada vez mais envelhe-
cido e, em proporção, as exigências
dessa franja da população aumen-
tam. A unidade de cuidados conti-
nuados vai procurar dar respostas
ao cada vez maior número de idosos.
O centro de actividades ocupa-
cionais vai procurar dar respostas
aos jovens portadores de deficiência
que precisam de ser acompanhados
por técnicos especializados.
momento são muitos, e em terceiro lu-
gar é criar um centro de aprendizagem
de costura e bordados”.
Por ter conhecimento de que
“muitas pessoas vivem com dificul-
dades” no concelho, Amadeu Castro
Pinheiro pensa que esta será uma
aposta certeira para “ajudar aqueles
que mais precisam”. E, para isso, o
provedor conta ainda com a ajuda de
todos. “As pessoas podem oferecer
todo o tipo de coisas e nós vamos
dar-lhe o melhor destino”, garantiu.
Dr. Pinto de Castro - empenhando-
-se desde já no testemunho de “uma
caridade que seja o mais alto espírito
de serviço”; e é o que mais falta faz
no mundo actual.
Com propósitos e intenções deste
teor podem as Misericórdias avançar
para o seu 10º Congresso Nacional,
anunciado precisamente para Coim-
bra, em Junho de 2011.
“Intergeracionalidade: passado,
presente e futuro” é o tema do pró-
ximo congresso nacional, entre os
dias 16 e 18 de Junho.
www.ump.pt
VOLTAAPORTUGAL
Penela promove
certificação
A Santa Casa da Misericórdia de
Penela vai avançar com a cer-
tificação de qualidade dos seus
equipamentos sociais. A garantia
foi dada pelo novo provedor, Fer-
nando Antunes, durante a cerimó-
nia de tomada de posse. Também
a parte económica é algo que o
novo provedor não quer descurar,
mostrando-se preocupado que
«quase todas as respostas sociais
dêem prejuízo.
Barcelos promove
sarau musical
A Misericórdia de Barcelos pro-
moveu, em parceria com a Real
Irmandade do Senhor Bom Jesus
da Cruz de Barcelos, o Sarau Musi-
cal Dia de Reis. O Maestro António
Baptista dirigiu o Coro da Associa-
ção de Pais do Conservatório de
Música Calouste Gulbenkian de
Braga e o Ensemble da Orquestra
de Câmara do Distrito de Braga,
tendo conquistado convidados e
barcalenses em geral.
4000
Euros por mês
Em Portugal, 4500 pensionis-
tas recebem mais de quatro mil
euros por mês. O número qua-
druplicou nos últimos dez anos
São Roque do Pico
com obras no ATL
O governo regional dos Açores
apoiou a Santa Casa da Misericór-
dia de São Roque do Pico com um
subsídio de cerca de 43 mil euros
para obras de recuperação do Ate-
liê de Tempos Livres. Este apoio go-
vernamental resulta de um acordo
de cooperação-investimento cele-
brado entre a Direcção Regional da
Solidariedade e Segurança Social
e a Santa Casa de São Roque do
Pico.
Penafiel vai
auditar contas
O novo provedor da Santa Casa da
Misericórdia de Penafiel, Júlio
Mesquita, prometeu avançar com
uma “rigorosa” auditoria às contas
da Santa Casa, já durante o mês
de Janeiro, sendo esta uma das
primeiras medidas que deverá ser
implementada pela nova Mesa
Administrativa. A garantia foi dada
durante a cerimónia de tomada de
posse, que teve lugar a 4 de Ja-
neiro.
www.ump.pt
Criminalização a partir dos 16 anos
O secretário de Estado Adjunto e da Educação afirmou recentemente, em
Coimbra, que a proposta de lei do governo de criminalização da violência escolar
se aplica apenas a maiores de 16 anos e a situações de “grande violência”.
Receitas nas misericórdias
Jovens aprendem restauro
em Vila do Conde
Chanfana assada de Seia
O ateliê de restauro da
Santa Casa da Misericórdia
de Vila do Conde
tem entrada gratuita e os
melhores trabalhos vão ser
expostos durante o Verão
Depois da intervenção feita na Igreja,
reaberta ao público em Março de
2010, é agora a vez da Santa Casa
da Misericórdia de Vila do Conde
inaugurar um ateliê com vista ao
restauro das mais de 100 peças, entre
retratos, nomeadamente do Rei D.
Manuel e da Rainha Dona Leonor,
e de bandeiras, que fazem parte do
espólio da instituição.
De 30 de Dezembro até Julho de
2011, as portas da Casa do Despacho da
Igreja da Misericórdia vão estar abertas
a todos os que queiram ver de perto
os trabalhos de intervenção, levados a
cabo por técnicos especializados. A pri-
meira visita-guiada foi feita por alunos
Fundação americana ajuda Chaves
Fundação Abel Morais, sedeada nos Estados Unidos da
América, apoiou festa de Natal da Santa Casa de Chaves
Ingredientes (6 Pess0as) MODO DE PREPARAção:
Este ano a festa de Natal na Escola de
1,5 kg Carne de Cabra velha; De véspera limpa-se e corta-se a carne Artes e Ofícios Professor Nuno Ro-
0.75 dl de vinho tinto; de cabra, coloca-se o vinho, o alho com drigues contou com a generosidade
6 cabeças de alho; cascas e socado, o louro, o piri-piri, o da Fundação Abel Morais, instituição
Louro q.b.; sal e a pimenta e reserva-se de um dia humanitária sem fins lucrativos, se-
Piri-piri q.b.; para o outro. deada nos Estados Unidos da Amé-
Sal a gosto; Coloca-se na panela de pressão junta- rica mas com “raízes” portuguesas.
Pimenta preta q.b.; mente com a banha durante 1:30h a Criada com o objectivo de apoiar
2 colheres de sopa de banha de porco; 2:00h. Seguidamente coloca-se a car- doentes oncológicos, a Fundação
1Kg de batatas ne numa travessa de barro e leva-se Abel Morais que também colabora
ao forno a lenha até apurar muito bem. com outras organizações de cariz
Acompanha-se com batatas cozidas. social, propõe-se por altura do Natal,
reverter parte dos seus donativos a
Mergulho solidário em Albufeira
informação nutricional:
557,97 Kcal Um banho frio no mar
42,91g Proteínas para comprar sapatos para
31,21g Hidratos de carbono crianças pobres. Iniciativa
28,15g Gordura realizou-se na Praia de
Armação de Pêra, no
Preço: Algarve
€€€€€
Um grupo composto sobretudo por
DIFICUDADE: idosos britânicos vestidos de Pai Natal
enfrentou o frio do mar, na Praia de
,,,,, Armação de Pêra, numa iniciativa que
visava angariar dinheiro para comprar
do Grande Colégio da Póvoa de Varzim.
Em virtude do interesse pedagó-
gico associado à iniciativa da Mise-
ricórdia de Vila do Conde, o ateliê de
restauro tem em funcionamento dois
espaços para envolver os alunos nos
trabalhos que estão a ser desenvol-
vidos pelos especialistas da empresa
Signinum – Gestão de Património
Cultural -, entidade responsável pe-
las obras de conservação realizadas
na igreja quinhentista.
O primeiro espaço é direccionado
para a observação do trabalho executa-
do nas peças, com visitas às bancadas
de restauro. Já o segundo convida os
alunos, numa zona reservada, a de-
senvolverem actividades como dese-
nho e pintura de alguns dos retratos
objecto de recuperação. Os melhores
trabalhos feitos pelos alunos farão par-
te de uma exposição a inaugurar no
final da intervenção, na Casa do Des-
pacho, a realizar-se durante o Verão.
A abertura do ateliê tem um du-
plo objectivo. Primeiro, homenagear
instituições que acolham crianças. A
escolha foi a Misericórdia de Chaves
e às crianças e jovens acolhidos no
Lar de Jovens e no Centro de Aco-
lhimento Temporário (CAT) foram
oferecidos fatos de treino.
A Fundação Abel Morais foi
criada em 2001 pela comunidade
portuguesa de Manassas, estado da
Virgínia, e pelos familiares de Abel de
Morais, emigrante transmontano, na-
tural de Curalha, concelho de Chaves.
O CAT da Misericórdia de Chaves
calçado para cerca de 60 crianças ca-
renciadas do projecto “A Gaivota”, da
Santa Casa da Misericórdia de Albufei-
ra. A campanha de solidariedade “Um
mergulho por sapatos” foi da iniciativa
do Hotel Holiday Inn.
Apesar do frio e da chuva que se
fez sentir no Algarve durante a ma-
nhã, cerca de 40 corajosos rumaram
à praia frente àquele hotel para um
mergulho solidário, tendo sido brin-
dados com o sol, que entretanto de-
cidiu espreitar por entre as nuvens.
A iniciativa, que já se repete há sete
janeiro 2010 vm 15
todos quantos ajudaram a construir
uma instituição que está a comemo-
rar 500 anos de vida, de beneméritos
a provedores. Segundo, sensibilizar
os mais jovens e o público para a ne-
cessidade de conservar o património
histórico.
Entre o espólio conservado na
Casa do Despacho, estão dois qua-
dros de um valor histórico incalcu-
lável: o do Rei D. Manuel, que os
técnicos presumem seja dos séculos
XVI ou XVII – o processo de restauro
vai permitir estabelecer a data em que
foi pintado –, e o de Dona Leonor, a
rainha que, em 1510, mandou cons-
truir a Misericórdia de Vila do Conde.
Quando restauradas, daqui por
sete meses, as mais de 100 obras
vão permanecer expostas na Casa do
Despacho da igreja, mas, no futuro, a
Mesa Administrativa pretende expô-
-las num museu que irá construir.
O ateliê de restauro da Santa Casa
de Vila do Conde tem entrada gratuita
e é aberto ao público em geral.
também recebeu brinquedos para as
crianças e jovens que acolhe, resulta-
do da campanha solidária “Partilha
Sorrisos e Ilusões”, promovida no
âmbito do projecto “Eurocidade Cha-
ves-Verín”, o município de Chaves e
Verín, a Associação de Empresários
de Verín e a Associação para a Pro-
moção do Centro Urbano de Chaves.
A campanha solidária “Partilha
Sorrisos e Ilusões”, que funcionou
durante o mês de Dezembro, tinha
como objectivo principal a recolha
de brinquedos e alimentos junto dos
municípios fronteiriços, para serem
distribuídos por Instituições de So-
lidariedade Social. Os alimentos fo-
ram entregues aos idosos.
anos, começou como uma “brinca-
deira de amigos”, contou à agência
Lusa um dos seus mentores, David
Mossman, de 70 anos e a residir em
Messines, no Algarve, há cerca de 15.
“As pessoas escolhem quanto
querem dar e assim podemos ajudar
dezenas de crianças da Santa Casa
da Misericórdia de Albufeira”, refere
David Mossman, sublinhando que é
raro haver portugueses a participar
na iniciativa, que no ano passado
permitiu angariar cerca de dois mil
euros.
16 vm janeiro 2011 www.ump.pt
em acção

Impacto do Alargamento da Rede Pré-Escolar

11
69% 2%

9
20%
8 8

6 6
9%
5 5 5

4 4 4

3 3 3 3 3 3 3
2 2 2 2

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Açores

Aveiro

Beja

Braga

Bragança

Castelo Branco

Coimbra

Évora

Faro

Guarda

Leiria

Lisboa

Portalegre

Porto

Santarém

Setúbal

Viana do Castelo

Vila Real

Viseu

Portalegre

Santarém

Beja

Bragança

Castelo Branco

Évora

Guarda

Portalegre

Porto

Santarém

Viana do Castelo

Vila Real

Viseu

Bragança

Castelo Branco

Évora

Lisboa

Portalegre

Vila Real

Viseu
Respostas
Encerramento Equip.
Encerramento Sala
103 2 Reconversão Sala
20 9

Menos 500 crianças nas Santas Casas

por cento tiveram mesmo de cessar apoio à família quase que de forma dado que a sua sustentabilidade está decorrendo daí a valorização da plu-
Desde que o governo iniciou actividade. A reconversão das salas gratuita, uma vez que, gerindo di- a ser posta em causa”. ralidade de oferta de serviços, de for-
o programa de alargamento de pré-escolar em creche apenas foi nheiros públicos poderão suportar “Na leitura do artigo 5º, ponto ma a adequar a oferta às necessida-
da rede pré-escolar, possível em nove salas. Os números prejuízos daí decorrentes.” 4, da Lei Bases do Sistema Educa- des das famílias dos utentes”. Além
cerca de 500 crianças são da Comissão de Acompanha- Contudo, a aposta na rede pú- tivo – Lei 5/97 de 10 de Fevereiro disso, “a experiência já comprovou
deixaram de frequentar mento do Pré-escolar da União das blica tem trazido “prejuízos insti- – “Incumbe ao estado assegurar a que as Misericórdias podem desem-
as Misericórdias Misericórdias Portuguesas (UMP). tucionais e humanos e conduzido a existência de uma rede de Educação penhar um papel importante na con-
O problema já foi apresentado ao um desaproveitamento dos investi- pré-escolar” – considera-se que tal solidação de práticas emancipatórias
Ministério da Educação que ainda mentos feitos nos equipamentos em incumbência não significa que seja devido á sua natureza jurídica, tendo
Bethania Pagin
não se pronunciou. funcionamento, investimento este o Estado a promover directamente a mais autonomia para adequarem as
Desde que o governo iniciou o pro- Segundo a comissão, apesar da que teve também o contributo de rede pré-escolar mas também outras suas práticas às necessidades das
grama de alargamento da rede pré- educação pré-escolar nas Misericór- todos os cidadãos”. entidades apoiadas por ele.” comunidades”.
-escolar, cerca de 500 crianças deixa- dias ser reconhecida pela comuni- “À medida que o Estado e autar- Por um lado, continuam os res- No documento enviado ao Mi-
ram de frequentar as Misericórdias. dade, essas instituições “não podem quias se expandem, menos as Mise- ponsáveis, “não se pode prescindir nistério da Educação, a Comissão de
Numa amostra de 103 equipamentos, nem querem competir com as autar- ricórdias podem aplicar os princípios do óbvio direito à liberdade de esco- Acompanhamento do Pré-escolar so-
19% tiveram salas encerradas e dois quias, que oferecem componente de que regem a sua missão solidária lha parental dos estabelecimentos, licitou algumas medidas (ver caixas).

Medidas para o pré-escolar

A criação de novos estabelecimentos quer sejam oriundas do pré-escolar da privilegiar nos estabelecimentos públi- os da rede solidária, deduzindo-se uma novos acordos.
para o alargamento deverá ser aprova- sociedade civil ou do Estado. cos a admissão de crianças de 5 anos, política de financiamento mais justa. De forma a não contrariar o espírito e
da em sede do Conselho Local de Acção Deve ser permitida a reconversão de é essencial que também se garanta a Para que os pontos desta proposta a letra do Pacto de Cooperação para a
Social, ficando formalizado no parecer salas de pré-escolar para salas de cre- possibilidade de concretizar nos estabe- possam ter efeitos reais, concretizá- Solidariedade Social, designadamente o
da mesma que está garantido que tal che quando existir uma diminuição do lecimentos do pré-escolar da sociedade veis e consequentes é necessário que n. 3 da Clausula II, os referidos Ministé-
estabelecimento (independentemente número de crianças do pré-escolar, civil, a possibilidade de haver apenas sa- os Ministérios envolvidos, e entre eles rios deixem de optar de ora em diante
da sua origem) não vai dar lugar ao en- permitindo uma melhor gestão dos es- las de 3 e 4 anos. também o Ministério da Educação, pela actualização do apoio financeiro
cerramento de nenhum outro estabele- paços já existentes com boas condições No actual estado de recessão económi- formalizem a garantia de que tais mediante Despacho Conjunto, e ou-
cimento já existente. e a funcionar com colaboradores devi- ca do país propõe-se a coragem de uma mudanças sejam uma modificação ou torguem em Protocolo de Cooperação
Impõe-se um plano de igualdade rela- damente qualificados. análise fidedigna comparativa de custos, adaptação dos acordos já existentes, conforme sucedeu até ao ano lectivo de
tivo à colocação de crianças do 1º ciclo, Com base na opção que o Estado fez de entre os estabelecimentos do Estado e não se vinculando estas medidas só a 2001/2002.
www.ump.pt
EM FOCO
Ambiente o mais
familiar possível
Aquele lar, cujo nome recorda-nos o fundador e primeiro presidente da UMP
- o padre Virgílio Lopes – tem capacidade para 54 pessoas
Bethania Pagin
Já falamos sobre a Academia de Cul-
tura e Cooperação, sobre o Centro
João Paulo II e sobre a Escola de
Enfermagem S. Francisco das Mise-
ricórdias. Este mês escolhemos o Lar
Virgílio Lopes, um equipamento da
União das Misericórdias Portuguesas
(UMP) que apoia a terceira idade
na cidade de Lisboa. Actualmente
estão lá 46 mulheres, apoiadas por
colaboradoras também do sexo femi-
nino. Além das Irmãs Mercedárias
de Maria, que já lá estão há 25 anos,
ajudantes e auxiliares são todas mu-
lheres. Não fosse a presença de al-
guns senhores no conselho de admi-
nistração e poderíamos dizer que se
trata da anexa “cor-de-rosa”da UMP.
Aquele lar, cujo nome recorda-
-nos o fundador e primeiro presiden-
te da UMP - o padre Virgílio Lopes
– tem capacidade para 54 pessoas.
Contudo, neste momento, estão lá
apenas 46 por causa das obras de
remodelação em alguns apartamen-
tos. Sim, apartamentos. O lar resi-
dencial está dividido em “pequenas
casas” cujo objectivo é proporcionar
às utentes um ambiente o mais fami-
liar possível.
A média etária das utentes é ele-
vada, contam-nos os responsáveis
pela direcção do lar, lembrando que
ronda os 88 anos de idade. “Em Abril
teremos uma centenária, a D. Móni-
ca está quase a completar 100 anos
e lá chegará, se Deus quiser”.
“Muitas já estão altamente de-
pendentes, cerca de 75 por cento,
mas fazemos esforços no sentido
de contrariar a tendência para ficar
na cama. As nossas colaboradoras
nisso são fantásticas”. Este esforço é
depois revelado em números como,
por exemplo, a taxa de escaras, que
ali é diminuta.
Outro aspecto interessante é a
presença assídua dos familiares.
Contrariando a tendência na maior
parte dos lares das Santas Casas pelo
país, naquele equipamento da UMP
apenas duas idosas não têm qual-
quer apoio familiar. “Uma das nossas
utentes recebe todos os dias a visita
do neto, um homem com cerca de
35 anos, que faz questão de vir dar
o almoço a avó”. Esse é apenas um
exemplo, há muitos mais.
Para o bem-estar das idosas, o
Lar Virgílio Lopes conta com o apoio
de um grupo de funcionárias, mas
também estão lá as Irmãs Mercedá-
rias de Maria, que há 25 anos pres-
tam apoio naquele equipamento da
União das Misericórdias Portugue-
sas. São quatro irmãs que, incessan-
temente, apoiam as utentes.
Recentemente, o Lar Virgílio Lo-
pes sofreu alterações na sua direc-
Voluntária
há dez anos
No Lar Virgílio Lopes da União das Mi-
sericórdias Portuguesas encontramos
um exemplo de voluntariado. Há mais
de dez anos, Ana Maria vai todos os dias
visitar as utentes daquele equipamento
e sempre que há algum momento de
maior aflição, a voluntária não mede
esforços para ajudar. Além de Ana
Maria, o lar conta com outras duas vo-
luntárias assíduas. Pontualmente, há
outras acções de voluntariado, como,
por exemplo, uma parceria que se está
a desenvolver com a Casa Pia de Lisboa,
no âmbito do Ano Europeu do Volunta-
riado. Contudo, a direcção de lar está
apostada em reforçar parcerias. Junta
de freguesia, centro de saúde, PSP,
paróquia e a Escola de Enfermagem da
UMP são alguns exemplos de parcerias
mais actuais.
ção, tendo-se despedido do padre
João Marado, que ao longo de vá-
rios anos se dedicou àquela resposta
social. Os novos responsáveis, que
tomaram posse no primeiro dia de
Junho de 2010, já estão a promover
algumas alterações. Uma delas foi
a contratação de uma empresa de
catering para assegurar as refeições
das idosas. “São eles que tratam das
ementas, das compras, da confecção
das refeições, das normas de quali-
dade e segurança etc”. No começo,
as idosas ficaram reticentes, mas aos
poucos perceberam que a mudança
não alterou a qualidade das refei-
ções ali servidas. A presença daquela
empresa foi possível através de um
protocolo celebrado entre UMP e a
Trivalor.
Outra medida tomada pela nova
direcção foi a criação de uma co-
missão de utentes. Com reuniões
quinzenais, aquela comissão tem
como objectivo conhecer o grau de
satisfação das idosas. “Nas reuniões
elas fazem-nos chegar aspectos que
estejam a funcionar menos bem no
lar, mas as reuniões também funcio-
nam como um espaço de diálogo,
onde elas sentem que há abertura
por parte da direcção”.
Lar Virgílio Lopes
apoia 46 idosas
janeiro 2010 vm 17
NÚMEROS
46
Utentes
Com capacidade para 54 pessoas, neste
momento o lar recebe apenas 46 idosas
por motivos de obras de recuperação.
88
Anos
É a média etária das utentes do Lar Vir-
gílio Lopes. Entre as 46, 23 têm mais de
86 anos.Em Abril, uma delas celebrará o
centenário.
10
Anos
Uma das voluntárias do Lar Virgílio Lopes
já soma dez anos de dedicação às utentes
daquele equipamento social da União das
Misericórdias.
4
Religiosas
Há 25 anos que as irmãs Mercedárias
apoiam o funcionamento do lar de idosos
da União das Misericórdias. Actualmente,
estão lá quatro religiosas.
30
À espera
Neste momento, o lar da União das Mi-
sericórdias Portuguesas tem cerca de 30
pessoas em lista de espera.
2
Sem família
Apenas duas utentes, num total de 46
idosas, não têm qualquer apoio familiar.
Muitas idosas recebem visitas diárias da
família.
18 vm janeiro 2011
terceira idade
Desporto
e animação
dão saúde
aos idosos
Santa Casa da Misericórdia de
Mogadouro proporciona um vasto
leque de actividades aos utentes
‘Estas aulas dão vida’
Misericórdia de Pernes
promove sessões de
ginástica para seniores.
É uma oportunidade para
fazer rir e, ao memo tempo,
cuidar da saúde
Filipe Mendes
“Julguei que vinha para um lar para
estar descansadinha. Afinal, não é
nada disso”. A frase, dita entre sor-
risos, é de Mariana Martiniano, 86
anos, uma das utentes da Santa Casa
da Misericórdia de Pernes que acaba
de participar numa aula de ginástica.
“Há sempre coisas para fazer”,
refere esta antiga Regente Escolar
natural da freguesia de Covão do
Coelho, Fátima, que se reformou
aos 70 anos, precisamente no dia de
aniversário, a 27 de Junho.
“Estas aulas dão vida”, abrevia
com desenvoltura, e o mesmo sen-
timento é partilhado por Eugénia
do Rosário Vicente, com 86 anos de
experiência acumulada.
“O convívio é muito grande, es-
tou muito satisfeita”, garante esta
Teresa Batista
O bem-estar e a saúde dos idosos é
uma prioridade para a Santa Casa
da Misericórdia de Mogadouro, que
tem vindo a alargar o leque de ac-
tividades oferecidas aos utentes. A
hidroginástica é uma das modalida-
des que tem mais adeptos, dados os
benefícios deste exercício físico para
quem tem problemas de ossos, como
osteoporose ou artroses.
António Janeiro tem 69 anos e é
fã das aulas de ginástica e de hidro-
ginástica. “Desde que iniciei estas
actividades sinto as minhas pernas
menos pesadas e mais ágeis”, enfati-
za o utente do Lar de S. João de Deus.
A animadora sócio-cultural da
Santa Casa, Sónia Graça, realça que a
hidroginástica tem vindo a cativar um
maior número de idosos, devido aos
benefícios que tem ao nível da saúde
física e mental. “Notam melhorias ao
nível das articulações e movimentos
musculares. Além disso, é uma forma
de quebrar a rotina do dia-a-dia, o que
deixa os nossos utentes mais alegres
utente que trabalhou na lavoura até
poder. Hoje, já não semeia nada,
mas colhe os frutos de dias passados
“com muita alegria”.
Estes elogios rasgados são di-
rigidos à animadora sociocultural
Ana Jorge, que prepara um conjunto
alargado de actividades diárias para
estes utentes, e também à professora
de ginástica Ulla Janatuinen, respon-
sável desde Setembro de 2010 pelo
projecto “Dar Vida ao Corpo”.
“Um dos objectivos é manter a
mobilidade, mas também oferecer
algo um pouco diferente das activi-
e bem-dispostos”, acrescenta.
Nas primeiras aulas na piscina, o
contacto com a água causou alguns
constrangimentos aos idosos, mas
ultrapassada a fase de adaptação ao
meio aquático, a maioria deles não
falta a uma única sessão de hidro-
ginástica. “Os primeiros idosos que
participaram nestas aulas contagia-
ram os colegas com a sua alegria”,
recorda a animadora.
O exercício físico contribui para
o bem-estar e para a auto-estima dos
seniores, que estão cada vez mais
disponíveis para participar nas acti-
vidades oferecidas pelas instituições
particulares de solidariedade social.
Em Mogadouro, a ginástica é outra
das aulas que conta com um grande
número de idosos, que procuram con-
trariar as limitações físicas que surgem
com os anos de vida que vão contan-
do. “As pessoas que praticam ginástica
tendem a ser mais optimistas e menos
deprimidas”, enaltece Sónia Graça.
As actividades lúdicas também
fascinam os utentes da Misericórdia. O
“Karaoke” é uma alegria para a maio-
dades habituais, embora haja mui-
tas outras a decorrer”, refere aquela
especialista em Terapia da Dança e
Movimento.
“É uma oportunidade para de-
senvolver algumas brincadeiras e
fazer as pessoas rir, ao memo tempo
que são trabalhados os aspectos de
socialização”, explica, acrescentan-
do que este projecto é uma “mistura
de ginástica com movimento criativo
e dança”.
Os exercícios visam descontrair
e escoar tensões físicas acumuladas:
“quando movimentamos o corpo
www.ump.pt
ria dos idosos, que recordam as mú-
sicas do tempo da sua mocidade. As-
sunção Pereira, de 88 anos, não perde
uma sessão no Lar de S. João de Deus.
“Eu gosto muito de cantarolar, porque
me deixa bem-disposta e faz-me sentir
muito bem”, graceja a idosa.
As novas tecnologias são, igual-
mente, um meio novo que fascina os
seniores de Mogadouro. As tardes de
muitos idosos são passadas a jogar
consola Wii e a falar com os fami-
liares através do Messenger. Trata-se
“
de um mundo novo para os utentes,
Desde que iniciei estas
actividades sinto as minhas
pernas menos pesadas e
mais ágeis
António Janeiro
69 anos e é fã das aulas de ginástica
e de hidroginástica
Um dos objectivos das aulas
de ginástica é manter a
mobilidade, mas também
oferecer algo um pouco
diferente das actividades
habituais, embora haja
muitas outras a decorrer
www.ump.pt
que se têm empenhado em aprender
as funcionalidades da internet, para
conseguirem uma aproximação com
os familiares e amigos que estão mais
distantes, muitos deles emigrados na
Europa.
Os jogos tradicionais, as viagens a
diversos pontos do País e a expressão
dramática completam o leque de ac-
tividades oferecido pela Misericórdia
de Mogadouro aos seus utentes. Os
idosos já tiveram oportunidade de en-
cenar peças de teatro, que são aplau-
didas em todos os lares da Santa Casa.
Carolino Alves tem 81 anos e é um
dos actores seniores que não dispensa
a alegria proporcionada por esta activi-
dade, que também tem benefícios para
os idosos. “Os idosos desenvolvem a
expressão vocal, facial e a orientação
espacial”, acrescenta Sónia Graça.
O provedor, João Henriques, enal-
tece que dá gosto às pessoas que tra-
balham na instituição ver a felicidade
estampada no rosto dos idosos, daí a
aposta da instituição em alargar o leque
de actividades que tornam a vida destes
idosos mais preenchida e animada.
Mogadouro tem aulas
de hidroginástica
para os seniores
estamos a promover bem-estar”, e
para as pessoas com idades maiores,
os efeitos são “extremamente bené-
ficos”, considera a docente.
Muita da energia que se sente
nesta Santa Casa de Pernes emana da
provedora, Maria dos Anjos Patusco,
recentemente reeleita para mais um
mandato. Com uma disponibilidade
foram do comum, administra esta
Misericórdia e, por inerência do car-
go, a Fundação Comendador José
Gonçalves Pereira.
ver página 11
Cidadãos auscultados
sobre envelhecimento
Comissão Europeia quer
conhecer as opiniões dos
cidadãos sobre a maneira
para responder aos desafios
do envelhecimento da
população
A Comissão Europeia quer conhecer
as opiniões das organizações públi-
cas e privadas, das empresas e dos ci-
dadãos sobre a maneira de a Europa
expandir a inovação, para responder
aos desafios do envelhecimento da
população.
O projecto está a ser desenvolvido
no âmbito de uma parceria-piloto euro-
peia (PEI) para a inovação no domínio
do envelhecimento activo e saudável,
como previsto na iniciativa emblemá-
tica “Uma União da Inovação”.
De 2010 a 2030, o número de eu-
ropeus com mais de 65 anos aumen-
tará quase 40%, o que levanta gran-
des desafios, mas cria também boas
oportunidades para a sociedade e a
economia europeias. A PEI, proposta
pela Comissão, deve ser lançada em
2011 e visa três objectivos: melhorar
a saúde e a qualidade de vida dos
idosos, permitindo-lhes viver de for-
ma activa e independente; contribuir
para a sustentabilidade e a eficiência
dos sistemas de saúde e assistência
social; promover a competitividade e
as oportunidades de negócio.
John Dalli, comissário europeu
para a Saúde e a Defesa do Consumi-
dor, declarou: “A Europa deve prepa-
rar-se para o futuro envelhecimento da
sua sociedade e o recurso à inovação
é um dos instrumentos de que dispõe.
Fico muito satisfeito pelo facto de a
primeira destas parcerias incidir no
envelhecimento activo e saudável, o
que implica a estreita cooperação em
diversos domínios políticos, nomeada-
Ordem cria enfermagem do idoso
Ordem dos Enfermeiros vai criar três novas especialidades
adaptadas às necessidades de cuidados em saúde
A Ordem dos Enfermeiros vai criar
mais três novas especialidades adap-
tadas às necessidades de cuidados
em saúde. A bastonária Maria Au-
gusta Sousa diz que “já está defi-
nida a especialidade de enfermeiro
de família, do idoso e dos cuidados
paliativos”.
Até Abril, deverão estar defini-
Violência silenciosa contra idosos
A violência contra os idosos “é a mais silenciosa que há em Portugal”, afirmou
recentemente o procurador-geral da República, Pinto Monteiro. “O que é
preciso é a denúncia. O grande problema é a falta de queixas”, afirmou.
mente a saúde pública, a investigação,
o sector das tecnologias digitais e a
indústria em geral”.
Com esta consulta, convidam-se
as partes interessadas, designada-
mente as organizações que repre-
sentam os idosos e os doentes, os
hospitais e os prestadores de serviços
de saúde, os profissionais de saúde
e assistência social, as seguradoras,
as empresas ligadas às tecnologias
da informação e das comunicações
(TIC) e à saúde, as administrações
públicas e os cidadãos, a contri-
buírem para um levantamento dos
actuais obstáculos à inovação e
das oportunidades no domínio do
envelhecimento activo e saudável.
Os participantes podem igualmente
partilhar iniciativas actuais e futuras
susceptíveis de realização a nível
europeu e desenvolvimento em co-
laboração. Essas iniciativas devem
centrar-se no modo como as solu-
ções inovadoras podem traduzir-se
em resultados promissores e tangí-
veis em benefício dos idosos.
das as competências e os programas
formativos, bem como as formas de
avaliar os enfermeiros. “Neste mo-
mento só é possível obter a especia-
lidade através de pós-graduações,
mas pretendemos alterar isso”, pos-
sibilitando que mais profissionais se
especializem. Uma das soluções será
através de formação, formal ou não,
União Europeia
ausculta cidadãos
A parceria europeia para a inova-
ção no domínio do envelhecimento
activo e saudável tem como objectivo
central acrescentar, até 2020, dois anos
ao tempo médio de vida saudável na
UE. Procura melhorar a qualidade de
vida dos idosos e proporcionar solu-
ções de cuidados mais eficientes. Irá
centrar-se na utilização da inovação
a uma escala maior do que a actual
em áreas como a promoção da saúde,
a prevenção, o diagnóstico e o trata-
mento precoces, sistemas integrados
e colaborativos de saúde e assistência
social, vida autónoma e tecnologias de
assistência para os idosos.
A Comissão analisará as respos-
tas recebidas no âmbito da consulta
para ter uma ideia clara do potencial
e das capacidades de inovação nas
múltiplas áreas hoje ligadas ao en-
velhecimento. As respostas ajudarão
a Comissão a planear os próximos
passos no que respeita à PEI.
 A promoção da saúde em enve-
lhecimento foi escolhida como um
dos eixos de desenvolvimento.
em simultâneo com um processo de
reconhecimento de competências,
também de ordem prática. “Estamos
agora a trabalhar nos critérios para a
certificação dos serviços no âmbito
da idoneidade formativa”.
Recorde-se que a Escola Supe-
rior de Enfermagem S. Francisco das
Misericórdias, da União das Miseri-
córdias Portuguesas, tem diversos
cursos de especialização nessas áre-
as. Prevenção e tratamento de feri-
das e cuidados paliativos são alguns
exemplos.
janeiro 2010 vm 19
Tecnologia
de apoio
a seniores
na Europa
Investigadores da República
Checa, da Alemanha, de
Portugal, da Espanha e
da Suécia desenvolveram
solução tecnológica
para idosos
Com um financiamento da UE de 2,7
milhões de euros, investigadores da
República Checa, da Alemanha, de
Portugal, da Espanha e da Suécia
desenvolveram uma solução que
permite aos idosos e aos deficientes
comandarem mais facilmente os vá-
rios aparelhos e serviços electrónicos
nas suas casas utilizando o telemó-
vel ou outros dispositivos.
O projecto “I2HOME” desenvol-
veu uma interface URC (Universal
Remote Console – consola remota
universal) personalizada e simpli-
ficada, baseada em normas abertas
actuais e na sua evolução.
Esta interface pode estar instalada
num telecomando universal, num
telefone móvel, num computador ou
noutros dispositivos e ser utilizada
Esta interface pode estar
instalada num telecomando
universal, num telefone
móvel, num computador
ou noutros dispositivos
para, por exemplo, ligar e programar
máquinas de lavar, luzes, aqueci-
mento, ar condicionado, televisões,
leitores / gravadores de DVD e outros
aparelhos domésticos. A tecnologia
pode igualmente ser aplicada fora de
casa. Pôr as tecnologias da informa-
ção e das comunicações ao serviço
dos idosos, dos deficientes visuais ou
das pessoas com incapacidade cogni-
tiva permitindo-lhes uma vida digna,
autónoma e de alta qualidade é um
dos principais objectivos da Agenda
Digital para a Europa, adoptada pela
Comissão Europeia em Maio de 2010.
Investigadores de universidades,
institutos e empresas da República
Checa, da Alemanha, de Portugal, da
Espanha e da Suécia adaptaram as
tecnologias de acesso, como os teleco-
mandos, às necessidades dos invisu-
ais, das pessoas com problemas cog-
nitivos, dos doentes com Alzheimer
e dos idosos. A tecnologia ajuda, por
exemplo, as pessoas com deficiências
cognitivas a serem mais independen-
tes, simplificando-lhes a execução de
tarefas como a mudança de canal de
televisão ou lembrando-lhes activi-
dades quotidianas obrigatórias. Para
as pessoas com deficiência visual, os
comandos visuais são substituídos por
uma interface de voz.
20 vm janeiro 2011
terceira idade
Lar sem acordo em Gáfete
O lar da Misericórdia de
Gáfete abriu recentemente
as suas portas para receber
20 idosos, mas ainda
não tem acordo com a
Segurança Social.
Patrícia Leitão
O lar da Santa Casa da Misericór-
dia de Gáfete abriu recentemente as
suas portas e pretende dar resposta
às necessidades dos idosos da re-
gião. Uma infra-estrutura que tem
capacidade para acolher 20 utentes,
mas que luta diariamente luta por
manter as portas abertas, pois até ao
momento não foram criados acordos
com a Segurança Social.
O novo lar da Santa Casa da Mi-
Todos podemos
fazer música
Os idosos da Santa Casa
de Oliveira do Bairro foram
presenteados com uma
tarde musical, levada a
cabo pela Escola de Artes
da Bairrada
Os idosos da Santa Casa de Oliveira
do Bairro tiveram uma tarde especial
a 12 de Janeiro. Juntamente com
utentes de outros equipamentos para
terceira idade do concelho, os senio-
res foram presenteados com uma
tarde musical, levada a cabo pela
Escola de Artes da Bairrada.
Na primeira parte, contou-nos
sericórdia de Gáfete, no concelho de
Crato, é um edifício que nasceu da
remodelação e ampliação do antigo
Quartel da GNR. Projectado pelo ar-
quitecto Sequeira Mendes, o imóvel
acolhe 20 utentes.
Dando emprego a 20 funcioná-
rias, a Misericórdia de Gáfete enca-
rou a construção deste equipamento
com um grande espírito de missão, e
mesmo com as dificuldades que fo-
ram surgindo e que atrasaram a obra
em vários anos, conseguiu finalmen-
te concluí-la. Inaugurada ainda não
foi, mas está a funcionar, e é isso o
mais importante para a instituição.
No entanto, nem tudo corre como
o esperado, e a Misericórdia de Gáfete
enfrenta agora uma nova batalha, a
de gerir o equipamento sem acordo
com a Segurança Social, o que para
Anabela Carvalho, da Misericórdia,
“os idosos tiveram a oportunidade
de escutar alguns dos cerca de 200
alunos daquele estabelecimento de
ensino, representando diferentes
classes, como piano, guitarra, ins-
trumentos de sopro e instrumentos
de percussão. As intervenções foram
intercaladas por explicações dadas
pelo professor Nuno Caçote”.
“Na segunda parte, o professor
Bruno Estima transmitiu aos idosos
a mensagem de que todos podem ser
válidos para fazer música – desde que
tenham interesse. A mensagem foi
transmitida através de jogos rítmicos e
por meio de estímulos físicos, sempre
com a componente musical presente.”
Lar de idosos
tem capacidade
para 20 pessoas
o provedor, José Manuel Vinagre, re-
sulta “numa grande injustiça para
os nossos utentes”, pois “estão a ser
prejudicados ao terem que suportar
os custos por inteiro”, revela.
José Manuel Vinagre recorda que
a primeira pedra do lar foi lançada
em 2005 pelo então Presidente da
República, Jorge Sampaio, e que “a 7
de Abril de 2005 deu-se início à cons-
trução, que foi relativamente rápida,
mas por situações que ocorreram
devido a alteração de regulamentos
relacionados com a segurança, foi
necessário fazer modificações no
edifício”, explica, revelando que isso
levou a um atraso na obra.
Segundo o provedor, a câmara
suportou valores na ordem dos 706
mil euros e a Segurança Social 600
mil euros, sendo o investimento total
Almeirim investe em
obras de requalificação
A Santa Casa da Misericórdia
de Almeirim investiu
recentemente cerca
de meio milhão de euros
em obras de requalificação
do Lar Residencial São José
A Santa Casa da Misericórdia de
Almeirim investiu cerca de meio
milhão de euros em obras de requa-
lificação do Lar Residencial São José.
A empreitada contou com financia-
mento de 75 por cento através do
MASES – Medida de Apoio à Segu-
rança dos Equipamentos Sociais.
De acordo com o jornal O Alme-
estimado na ordem de 1,4 milhões de
euros, valor a que acresce ainda todo
o equipamento. Sem esconder que
“o edifício demorou cerca de dois
anos a entrar em funcionamento”,
José Manuel Vinagre refere que hou-
ve desde logo uma tentativa de fazer
os acordos com a Segurança Social,
o que não foi possível e por isso a
Santa Casa decidiu abrir as portas do
lar mesmo sem esse apoio.
Apesar de lhe ter sido explicado,
pelo director Regional da Segurança
Social, Arménio Toscano, que o lar de
Gáfete não obteve qualquer acordo
“por falta de verbas”, o provedor diz
perceber que o país enfrenta grandes
dificuldades, mas não se conforma
com a situação: “por muito bem gerido
que seja, os utentes acabam sempre
por pagar mais do que deveriam, e
poucos são os que têm capacidade
para suportar a mensalidade”.
“É muito complicado lidar com
esta situação porque nos exige uma
gestão muito rigorosa, onde os cus-
tos são bastantes e não podemos
descurar os cuidados dos utentes”,
sublinha.
Para José Manuel Vinagre, o lar
de Gáfete não pode ser visto como
um privado, visto que “normalmente
os privados procuram ter lucro e esse
não é o nosso objectivo. Nós apenas
queremos acolher com toda a dig-
nidade os nossos utentes”, garante.
O provedor sabe que se tivesse
conseguido abrir o lar há cerca de
dois ou três anos teria conseguido os
acordos, mas como tal não aconteceu
resta-lhe ter esperança de que a situa-
ção seja alterada e que “os idosos não
deixem de vir para a nossa instituição”.
“Só queremos que os nossos
utentes tenham os mesmos direitos
dos utentes de outras instituições”,
é este o desejo do provedor.
rinense, o principal objectivo das
obras era garantir o melhoramento
real e efectivo da rotina diária dos
utentes através da substituição de
alguns materiais e equipamentos.
Contudo, durante a primeira fase
das obras, foram detectados alguns
problemas que obrigaram a Miseri-
córdia a investir ainda mais.
As primeiras obras tinham um
valor estimado de 250 mil euros, com
financiamento público de 189 mil. Os
problemas encontrados posteriormen-
te tiveram de ser assumidos na íntegra
pela Santa Casa. No total, a instituição
teve de gastar mais 155 mil euros.
As obras decorreram ao longo
de 2010.
www.ump.pt
VOLTAAPORTUGAL
Envelhecimento activo
em Bragança
Os agricultores transmontanos são
um exemplo de envelhecimento
activo e há muito tempo aplicam
a fórmula com que se pretende
salvar as reformas das gerações
futuras, segundo as conclusões de
um estudo divulgado recentemen-
te, em Bragança. A autora, Sílvia
Nobre, do Instituto Politécnico de
Bragança, estudou meia centena
de casais de agricultores idosos da
Terra Fria Transmontana.
Conflito entre
utentes no Fundão
Uma idosa de 85 anos foi agredida
no lar da Santa Casa da Misericór-
dia do Fundão, onde se encontra-
va internada há cerca de três anos.
A agressão foi protagonizada por
uma outra utente da instituição,
de 62 anos, sem razão aparente
e sem provocação. Jorge Gaspar,
provedor, afirmou que a idosa tinha
“um comportamento muito afectu-
oso com toda a gente e não tinha
qualquer atrito com a vítima”.
4,7
Milhões com mais de 65 anos
De acordo Instituto Nacional
de Estatística, daqui a 50 anos,
pessoas com 65 ou mais anos
vão ser metade da população.
Anexas da UMP
pelos idosos
A Escola de Enfermagem São Fran-
cisco das Misericórdias e o Lar Virgí-
lio Lopes, anexas da União das Mi-
sericórdias Portuguesas, iniciaram
uma parceria em prol do bem-estar
dos idosos daquele equipamento.
Em causa está uma formação, mi-
nistrada pela escola, às colabora-
doras do lar. Os principais temas de
interesse já estão definidos. Activi-
dades ocupacionais e terapêuticas
são alguns exemplos.
125 inquéritos sobre
violência contra idosos
O Ministério Público abriu num ano
e meio 125 inquéritos sobre vio-
lência contra idosos só no distrito
judicial de Lisboa, segundo dados
revelados hoje pela Procuradoria-
-Geral da República. “A violência
contra os idosos é a mais silenciosa
que há em Portugal. É grave, es-
condida, porque os idosos não se
queixam”, declarou recentemente
o procurador-geral da República,
Pinto Monteiro.
22 vm janeiro 2011
saúde
Rede nacional Filipe Mendes e Bethania Pagin
Portugal está a ficar com cabelos
brancos. As projecções do Instituto
atingiu cinco
Nacional de Estatística (INE) indi-
cam que em 2046 haverá 238 idosos
por cada 100 jovens, o dobro dos
valores actuais.
mil camas
Perante este facto, Estado, Insti-
tuições Particulares de Solidariedade
Social (IPSS) e Misericórdias estão a
desenvolver esforços para encontrar
soluções que consigam responder,
por um lado, ao tratamento de pa-
tologias e por outro, ao aumento da
qualidade de vida e envelhecimento
activo da população.
Neste sentido, a principal linha
política do governo para a área da
geriatria passa pela criação de uma
rede de unidades de cuidados conti-
nuados integrados com capacidade
para 15 mil utentes até 2015.
Por isso, o Ministério da Saúde
decidiu marcar o dia 22 de Dezembro
como a data simbólica em que se
atingiu, no País, o número de cinco
Ministério da Saúde celebrou cinco mil camas mil camas disponíveis nestas unida-
de cuidados continuados. Misericórdias do des, com uma série de inaugurações
por todo o território, 22 ao todo.
Entroncamento, Santiago do Cacém, Santo Tirso Muitos destes equipamentos são
da responsabilidade das Misericór-
e Vila de Rei integraram programa de inaugurações dias: cerca de metade do total das
www.ump.pt
camas disponíveis, 2335. Daí que
as Santas Casas de Entroncamento,
Santiago do Cacém, Santo Tirso e
Vila de Rei tenham inaugurado os
seus equipamentos no dia em que
o Ministério da Saúde assinalou a
conquista da meta de 5000 camas
na rede nacional.
No Entroncamento, a ministra
Ana Jorge descerrou a placa da uni-
dade da Santa Casa da Misericórdia
local, um equipamento construído de
raiz no âmbito do Programa Modelar
I, tendo sido financiado com 750 mil
euros de investimento público, para
um valor total de 4,3 milhões.
No final da cerimónia, a tutelar
da pasta da Saúde admitiu aos jorna-
listas que poderão existir problemas
na concretização da rede: “alguns
dos parceiros estão com dificuldades
em encontrar financiamento junto
da banca que se está a retrair neste
momento”, afirmou.
Contudo, os objectivos fixados
são para manter: “aquilo que temos
de fazer é gerir bem”, considerou
Ana Jorge, destacando “a grande
capacidade de iniciativa” que as
Misericórdias têm demonstrado na
implementação deste projecto.
Segundo a governante, “há cada
vez mais pessoas idosas, com do-
www.ump.pt
Ministra da Saúde inaugurou
unidade da Misericórdia
do Entroncamento
enças crónicas e um tempo de so-
brevivência maior e, portanto, mais
dependentes e com necessidades de
apoios mais prolongados”.
Logo, estas unidades represen-
tam “um apoio transitório entre os
hospitais e o regresso a casa e res-
pondem a situações de muita depen-
dência”, referiu.
Salazar Coimbra, presidente
do Conselho de Gestão do Grupo
Misericórdias Saúde, esteve no En-
troncamento e destacou ao Voz das
Misericórdias que se trata de “uma re-
forma extremamente importante para
o Serviço Nacional de Saúde (SNS)”,
garantindo que as Santas Casas con-
tinuarão a estar disponíveis para ser
parceiras neste “desígnio nacional”.
Esta unidade de cuidados con-
tinuados da Santa Casa do Entron-
camento, que já se encontra em
funcionamento desde o dia 20 de
Setembro, tem a virtude de “fazer o
pleno”, como considerou Ana Jorge.
É composta por 20 camas de conva-
lescença no primeiro piso, outras
20 para média duração no segundo
andar e tem ainda capacidade para
acolher 30 pessoas que precisem de
cuidados de longa duração.
Para Fanha Vieira, provedor, tra-
ta-se de “uma obra importante para
Misericórdias continuarão disponíveis
As Santas Casas continuarão a estar disponíveis para ser parceiras neste
“
“desígnio nacional” que são os cuidados continuados, garantiu o presidente
do Conselho de Gestão do Grupo Misericórdias Saúde, Salazar Coimbra.
a instituição, mas principalmente
para os doentes”.
“Estamos todos de parabéns”,
resumiu o provedor da instituição.
As projecções do
Instituto Nacional de
Ao Voz das Misericórdias, o res-
ponsável destacou a “enorme quali-
dade” do edifício, que inclui também
Estatística (INE) in- uma sala para fisioterapia e terapia
dicam que em 2046 ocupacional, de forma a promover
nos utentes “a autonomia necessária
haverá 238 idosos para o regresso às suas casas”.
por cada 100 jovens, Para Jaime Ramos, presidente da
o dobro dos valores câmara do Entroncamento, entidade
actuais que cedeu o terreno e acompanhou
todo o decurso da obra, trata-se de
um “salto qualitativo” para a região.
Com cinco mil camas “Estamos a falar também de mais
em 2011, governo emprego directo para 30 pessoas e
espera que a rede de de uma resposta social em termos de
internamento: isto é muito positivo
unidades de cuidados para o desenvolvimento do conce-
continuados integra- lho”, afirmou.
dos tenha capacidade Para o autarca, estas parcerias
para 15 mil utentes com a Misericórdia “são para man-
ter”, uma vez que “há uma aposta
até 2015 clara da autarquia na área social, em
detrimento de outros sectores”.
Segundo Ana Jorge, A Rede Nacional de Cuidados
alguns parceiros es- Continuados Integrados (RNCCI), da
iniciativa dos Ministérios do Trabalho
tão com dificuldades e da Solidariedade Social e da Saúde
em encontrar finan- representa um investimento global
ciamento junto da de 147 milhões de euros, dos quais
banca, mas a meta de 65 são provenientes do erário público.
A Santa Casa do Entroncamen-
15 mil camas é para to presta assistência diária a mais
cumprir 1500 pessoas nos seus diferentes
equipamentos: hospital com urgên-
As Santas Casas são cia a funcionar 24 horas, dois lares,
centro de dia, apoio domiciliário e
responsáveis por 66% agora também com uma unidade
da rede nacional. São de cuidados continuados integrados.
2335 camas em 118 Conta com 318 colaboradores nos
unidades que estão seus quadros, sendo um dos maiores
empregadores da região.
sob a responsabilida- No mesmo dia, além da unidade
de de 17 Misericórdias do Entroncamento, também as Mi-
sericórdias de Santiago do Cacém,
A Rede Nacional de Vila de Rei e Santo Tirso receberam
visitas oficiais do governo para inau-
Cuidados Continuados
“
Integrados represen-
ta um investimento
global de 147 milhões
de euros, dos quais 65
são provenientes do
erário público
gurar equipamentos.
Em Santo Tirso, a unidade foi
inaugurada pelo secretário de Estado
Adjunto e da Saúde, Manuel Pizarro.
A obra de quase 2,5 milhões de euros
tem a particularidade de um dos seus
maiores financiadores ter sido uma
utente, que doou 830 mil euros para
sua construção, fazendo par com os
750 mil euros financiados pelo Es-
tado e os restantes capitais próprios
da Santa Casa.
Em Vila de Rei, foi o secretário de
Estado da Saúde, Óscar Gaspar, a fazer
as honras da inauguração. Correspon-
dendo a um investimento global de 4
milhões de euros, aquela unidade tem
64 camas e permitiu a criação de 51
novos postos de trabalho.
Com um total de 40 camas, 20
para internamento de média duração
e a outra metade para internamen-
to de longa duração, a unidade de
Santiago do Cacém representou um
investimento de 2,7 milhões de euros
Ver mais sobre essas
inaugurações no texto ao lado
Testemunhos
Jorge Nunes
Provedor
da Misericórdia
de Santiago do
Cacém
Segundo o provedor da Santa
Casa da Misericórdia de Santiago do  importância da rede
Cacém, Jorge Nunes, é uma realiza-
ção perceber que “muitos dos utentes
entram de cadeira de rodas e passa-
dos oito dias já estão de pé”. A uni-
dade está no edifício onde funcionou
o antigo Hospital Conde do Bracial
e tem capacidade para 40 pessoas.
O investimento na construção deste
equipamento atingiu os 2,7 milhões
de euros.
Irene Barata
Provedora
da Misericórdia
de Vila de Rei
A provedora da Santa Casa da
Misericórdia de Vila de Rei, realçou “a
importância que esta obra tem para
o concelho, tendo já criado 51 pos-
tos de trabalho. A construção desta
infra-estrutura no nosso município
vem contribuir para tornar o País
mais equilibrado, dotando o Interior
com mais uma obra moderna e com
elevada utilidade para a população”.
“
Unidade de cuidados
continuados da Santa
Casa de Vila de Rei criou
51 postos de trabalho
Alberto
Machado
Ferreira
Provedor
da Misericórdia
de Santo Tirso
O provedor da Santa Casa da
Misericórdia, Alberto Machado Ferrei-
ra, afirmou que se dúvidas houvesse
quanto à importância desta a unidade
o facto “de as camas já estarem todas
ocupadas, é sinal que é isto tem gran-
de interesse para a região”. A obra de
quase 2,5 milhões de euros tem a
particularidade de um dos seus maio-
res financiadores ser uma utente, que
doou 830 mil euros.
janeiro 2010 vm 23
Rede
alterou
serviços
de saúde
Por todo o território nacional,
responsáveis do Ministério
da Saúde lembraram a
nacional de cuidados
continuados integrados
O dia 22 de Dezembro foi de grande
agitação nas unidades de cuidados
continuados espalhadas pelo país.
Foram 22 inaugurações e as Miseri-
córdias de Santiago do Cacém, Santo
Tirso e Vila de Rei também integra-
ram a iniciativa que visava celebrar
a meta conquistada no âmbito da
rede nacional, que já tem cinco mil
camas a funcionar.
Em Santo Tirso, a unidade foi
inaugurada pelo secretário de Estado
Adjunto e da Saúde. À margem da
inauguração, Manuel Pizarro garan-
tiu à Lusa que unidades como aquela
são a prioridade do governo, a ní-
vel da  saúde. “O que mais faz falta
na saúde em Portugal é uma rede
sólida de cuidados continuados”,
afirmou. “Os hospitais servem para
O dia 22 de Dezembro foi de
grande agitação nas unida-
des de cuidados continuados
espalhadas pelo país.
Foram 22 inaugurações
tratar problemas de saúde agudos e
graves. Manter doentes internados
para recuperação não é viável, nem
é, acima de  tudo, o melhor para o
doente”, explicou.
Em Vila de Rei, foi o secretário
de Estado da Saúde, Óscar Gaspar, a
fazer as honras da inauguração. Para
aquele responsável, as unidades de
cuidados continuados são a “prova”
de que o Serviço Nacional de Saúde
é uma “realidade viva que se adapta
aos novos tempos” e também a res-
posta adequada ao “envelhecimento
populacional e uma maior prevalên-
cia de doenças graves” em Portugal
que “alterou o perfil e paradigma na
prestação de serviços”.
Por sua vez, a Misericórdia de
Santiago do Cacém recebeu a visita
da presidente da Administração Re-
gional de Saúde do Alentejo, Rosa
Matos. Com 40 camas, 20 para in-
ternamento de média duração e a
outra metade para internamento de
longa duração, o novo equipamento
representou um investimento de 2,7
milhões de euros, tendo o Ministério
da Saúde apoiado a obra com cerca
de 800 mil euros. A unidade está no
edifício onde funcionou o antigo Hos-
pital Conde do Bracial e dispõe ainda
de um ginásio e fisioterapia.
24 vm janeiro 2011 www.ump.pt
Saúde

Seia
integra
rede
nacional
A Santa Casa da Misericórdia
de Seia iniciou actividade na
Rede Nacional de Cuidados
Continuados Integrados.
Utentes começaram a
chegar a 17 de Janeiro
A Santa Casa da Misericórdia de Seia
iniciou actividade na Rede Nacional
de Cuidados Continuados Integrados
a 17 de Janeiro. A instituição presta
agora cuidados de média e longa
duração à comunidade.
De acordo com o provedor da-
quela Misericórdia, a unidade de
média duração e reabilitação é cons-
tituída por 18 quartos, 12 duplos e
seis individuais, com um total de 30
camas. Por sua vez, a unidade de
longa duração e manutenção dispõe
de oito quartos, seis duplos e dois
individuais, no total de 12 camas.
Com três mil metros quadrados de
área útil, o edifício não tem uma única
Preparar Santas Casas
para acções de controlo
até mesmo à rescisão dos contratos
celebrados, conforme disposto nos
regulamentos nacionais e comunitá-
rios em vigor”. Por isso, continuam
aqueles responsáveis, é indispensá-
vel que as Misericórdias com pro-
jectos aprovados se assegurem da
conformidade dos procedimentos
que implementaram e da optimiza-
ção dos recursos financeiros, tendo
em conta o quadro de obrigações
estabelecido nos regulamentos dos
programas.
As acções de acompanhamen-
to e as auditorias externas tiveram
já o seu início nalgumas regiões,
UMP quer apoiar prevendo-se, a curto prazo, a sua
Misericórdias com dinamização e alargamento a todas
auditorias internas as Instituições envolvidas. “É fun-
damental que as Misericórdias com
candidaturas aprovadas no âmbito
de programas com financiamentos
públicos validem antecipadamente
a conformidade dos procedimentos
que têm vindo a implementar, de
forma a minimizarem ou mesmo
VOLTAAPORTUGAL
SAP de Valpaços
vai encerrar
O Serviço de Atendimento Perma-
nente de Valpaços, vulgarmente
conhecido por serviço de urgên-
cia, e que funcionava no Hospital
de Valpaços, 24 horas por dia, vai
encerrar, segundo garantiu recen-
temente a Misericórdia. “Vai acabar
como noutros locais onde existiam.
O Governo não quer SAP”, garantiu
o advogado da Misericórdia, Telmo
Moreira.
Despesa abaixo
do esperado
O secretário de Estado da Saúde,
Óscar Gaspar, disse recentemente
que a taxa anual de despesa com
medicamentos nos grandes hospi-
tais ficou abaixo do esperado em
2010, situando-se na ordem dos
três por cento. Óscar Gaspar falava
aos jornalistas no final da VII Confe-
rência Indústria Farmacêutica, su-
bordinada ao tema “Os Desafios da
Inovação nos Sistemas de Saúde”,
organizada pelo Diário Económico.

escada e elevadores e possui muita luz
natural, tendo uma vista privilegiada
sobre a Serra da Estrela. O edifício,
construído na Folgosa do Salvador,
Santiago, junto ao Lar Senhora da Mise-
ricórdia, representou um investimento
de cerca de 3.250 milhões de euros, ten-
do recebido um financiamento de 750
As unidades de média e longa
duração da Misericórdia de
Seia têm, respectivamente,
capacidade para receber 30
e 12 pessoas
mil euros por parte do Estado, através
do Programa Modelar.
Actualmente já estão ao servi-
ço 20 técnicos, desde médicos, fi-
sioterapeutas, auxiliares de acção
médica, nutricionistas, enfermeiros,
podendo vir a atingir o dobro quan-
do a lotação estiver esgotada, “o que
pode vir a acontecer dentro de um
mês”, atendendo aos indicadores
que a Misericórdia possui, revelou
o provedor.
A unidade da Santa Casa da Mi-
sericórdia vai dispor ainda de uma
unidade de dia e de promoção de
autonomia e de uma clínica de me-
dicina física e reabilitação.
Recentemente a Rede Nacional
de Cuidados Continuados alcançou
a meta das cinco mil camas. Para
celebrar, o governo promoveu, no
mesmo dia, 22 inaugurações. En-
tre elas, quatro Misericórdias: Santo
Tirso, Santiago do Cacém, Entronca-
mento e Vila de Rei. Actualmente, as
Santas Casas são responsáveis por 66
por cento do total de camas da rede
nacional de cuidados continuados.
A União das Misericórdias
Assinou recentemente um
protocolo para apoiar as
Santas Casas na realização
de auditorias internas
na área da saúde
Bethania Pagin
A União das Misericórdias Portugue-
sas assinou recentemente um proto-
colo para apoiar as Santas Casas na
realização de auditorias internas.
O objectivo é dar mais um passo
no sentido de assegurar a qualidade
nas unidades de saúde dessas insti-
tuições e preparar as Misericórdias
para as acções de acompanhamento
e controlo por parte das Administra-
Portugueses estão a viver mais tempo
Últimos indicadores do Plano Nacional de Saúde
2004-2010 revelam que há cada vez menos enfartes
Nos últimos cinco anos, o consu-
mo de ansiolíticos e antidepressivos
aumentou 25%. Mas a avaliação do
Plano Nacional de Saúde revela que os
portugueses estão a viver mais tempo.
A avaliação dos últimos indicado-
res do Plano Nacional de Saúde 2004-
2010 revela que há cada vez menos
portugueses a morrer com enfartes e
ções Regionais de Saúde, no caso do
Programa Modelar, e do reforço das
acções de controlo dos apoios do PO
Norte/QREN.
Segundo o Gabinete de Apoio
Técnico do Grupo Misericórdias Saú-
de, “a gestão de projectos apoiados
por financiamentos públicos exige
a observância do maior rigor nos
seus procedimentos administrativos
e financeiros e na correspondente
organização dos respectivos dossi-
ês. A não existência dessa atitude
de rigor, para além de causar uma
perda de eficiência, comprometendo
o sucesso da gestão, pode sujeitar as
entidades beneficiárias a um quadro
de penalidades, que poderá ir da não
elegibilidade das despesas efectu-
adas, à suspensão dos apoios ou
AVC. “A esperança de vida aumentou
em todas as idades. Outro aspecto im-
portante foi a queda da mortalidade
por doenças cardiovasculares, nome-
adamente enfarte agudo do miocárdio
e Acidente Vascular Cerebral”, indicou
Maria do Céu Machado. Em relação
ao cancro, os números de 2009 são
negativos e afastam-se da meta pre-
eliminarem a possibilidade de so-
frer penalizações, que venham a
comprometer a continuidade dos
projectos ou mesmo a sua susten-
tabilidade”.
Através do protocolo estão pre-
vistos dois tipos de acções, que po-
dem ser desenvolvidas de forma in-
tegrada ou isolada, de acordo com as
necessidades identificadas e opções
efectuadas por cada uma das Mi-
sericórdias aderentes. Em primeiro
lugar, poderão ser efectuadas visitas
de acompanhamento, com carácter
de auditoria interna no sentido de
se detectarem eventuais irregulari-
dades e antecipar inelegibilidades
apuráveis pelas instâncias de contro-
lo nacionais em sede de auditoria. A
segunda etapa contempla acções de
formação acção sobre procedimen-
tos administrativos e financeiros.
vista para 2010.
Também as cesarianas não param
de aumentar. A meta prevista não será
atingida e há cada vez mais prematu-
ros e bebés com pouco peso.
No entanto, a Alta Comissária da
Saúde sublinhou, em declarações à
TSF, que apesar das evoluções nega-
tivas, os portugueses vivem cada vez
mais tempo e avaliam de forma cada
vez mais positiva o próprio estado de
saúde. Há mais médicos especialistas,
mas em 2009 diminuíram os médicos
de família.
9,3%
Médicos estrangeiros
O número de clínicos estrangei-
ros registados em Portugal pas-
sou de 3.736 em 2008 para
3.937 em 2010, representan-
do 9,3 por cento da totalidade.
Cuidados continuados
em Oeiras
A segunda unidade de cuidados
na comunidade (UCC) do agru-
pamento dos Centros de Saúde
de Oeiras inaugurada, a “Cuidar
+”, vai disponibilizar uma equipa
multidisciplinar liderada por nove
enfermeiros para prestar apoio a
cerca de 40 mil utentes. A inaugu-
ração teve lugar a 24 de Janeiro
e vai abranger cinco freguesias -
Queijas, Carnaxide, Linda-a-Velha,
Cruz Quebrada-Dafundo e Linda-
-a-Velha.
São João da Madeira
aumenta capacidade
A Misericórdia de São João da
Madeira vai ampliar unidade de
cuidados continuados (UCC). Re-
centemente foi aprovada a candi-
datura ao Programa Modelar 2 que
permitirá aumentar a capacidade
de 19 para 29 camas. Segundo o
director da Santa Casa, Vitor Gon-
çalves, o alargamento vai potenciar
a criação de áreas funcionais como
fisioterapia e terapia.
26 vm janeiro 2011
educação
Escola profissional de
Faro em risco de fechar
O contrato entre a Escola Profissional D. Francisco Gomes de Avelar da
Misericórdia de Faro e o Ministério da Educação ainda não foi assinado
Escola profissional
tem 96 alunos inscritos
Nélia Sousa
O contrato entre a Escola Profissional
D. Francisco Gomes de Avelar da
Misericórdia de Faro e o Ministério
da Educação ainda não foi assinado,
o que pode pôr em causa a conti-
nuidade da formação dos noventa
e seis alunos. Sem os subsídios de
transporte e alimentação acrescem
as dificuldades para os estudantes
que, neste momento, recebem o
apoio da Santa Casa. Mas este é um
encargo difícil de suportar a longo
prazo, e que está a causar grande
preocupação à instituição de ensino,
que começa a ver os recursos finan-
ceiros escassearem.
“Neste momento estamos a atra-
vessar uma situação bastante difícil
a nível de financiamento”. É assim
que Nélia Viegas, coordenadora
pedagógica, traça o perfil actual da
instituição. Até ao último ano lectivo
a escola profissional era financiada
pelo Fundo Social Europeu, à seme-
lhança do que acontecia com todas
as escolas profissionais do Algar-
ve. Porém, este ano, os modelos de
financiamento alteraram-se e cabe
agora ao Ministério da Educação
disponibilizar as verbas necessárias
para que as escolas funcionem. Mas
para que o dinheiro chegue é funda-
mental a assinatura de um contrato-
-programa que ainda não se realizou.
E é essa a grande preocupação
do momento, segundo nos conta
Nélia Viegas. “A Direcção Regional
de Educação do Algarve antecipou
as verbas para a escola poder gerir
e sustentar-se e já nos pagou a pri-
meira tranche, mas não sabemos
quais os procedimentos que temos
de tomar para movimentar esse di-
nheiro. Só no contrato é que virá o
plano de financiamento que estipula
para onde se destinam as verbas”,
explica a coordenadora pedagógica.
A somar a todas estas preocupa-
ções está o financiamento dos alunos
que, este ano, ainda não receberam o
Números
90% taxa de emprego no últi-
mo ciclo de formação, na
turma de técnico de apoio à infância, 16
em 18 alunos da Escola Profissional D.
Francisco Gomes de Avelar conseguiram
emprego.
15 anos idade mínima o ano lectivo
arrancou com alunos com idades
entre os 15 e os 23 anos, a optarem pe-
los dois cursos profissionais: técnico de
apoio à infância e animador sociocultural.
96 alunos inscritos o actual ano
lectivo da escola profissional da
Santa Casa da Misericórdia de Faro conta
com noventa e seis alunos inscritos.
subsídio e nem sabem se, de acordo
com o novo modelo, irão receber
na íntegra. Para além do transpor-
te, os estudantes, que diariamente
frequentam a instituição, têm tam-
bém disponível uma verba para a
alimentação. Sem esses subsídios,
os alunos estão, neste momento, a
enfrentar algumas dificuldades.
De forma a minimizar os encar-
gos é a Santa Casa da Misericórdia
que, desde Setembro do ano passa-
do, está a assegurar as refeições dos
alunos, professores e funcionários
até que a situação se resolva. Mas
“se até Abril não houver um contrato
assinado as coisas ficam muito difí-
ceis”, refere Nélia Viegas.
Para além dos alunos, também
a classe docente está a ser afectada
com os atrasos de pagamento. De
Setembro a Novembro os professores
e formadores não receberam o ven-
cimento, pago apenas em Dezembro
quando houve verba para pagar. Para
a coordenadora pedagógica vale a
www.ump.pt
compreensão de todos e um grande
trabalho de equipa que passa pelo
director, pela direcção pedagógica,
direcção financeira, funcionários e
alunos.
Porta aberta para o mercado
A Escola Profissional D. Fran-
cisco Gomes de Avelar é uma das
muitas respostas da Santa Casa de
Faro, que se orgulha de ser a única
Misericórdia no Algarve que con-
templa esta vertente educativa, pro-
porcionando formação às dezenas
de jovens que todos os anos ali in-
gressam.
É certo que a procura tem vindo
a diminuir, devido à existência de um
maior número de escolas habilitadas
para ministrar os cursos profissio-
nais, permitindo aos jovens entrar
mais cedo no mercado de trabalho.
Mas, ainda assim, a coordenadora
pedagógica mostra-se satisfeita com
a procura. Neste momento noventa
e seis alunos frequentam a escola
profissional, sendo cinco turmas de
cursos profissionais e uma do curso
de educação e formação (CEF).
Os cursos profissionais são os
mais requisitados pois ali os estu-
dantes encontram uma porta aberta
para o emprego. Para além de con-
cluído o 12º ano, saem ainda como
técnicos de qualificação nível 3.
O ano lectivo arrancou com 76
alunos, com idades entre os 15 e os
23 anos, a optarem pelos dois cur-
sos profissionais: técnico de apoio
à infância e animador sociocultural.
“Muitos destes alunos acabam por
fazer o estágio e, muitas vezes, a
sua inserção profissional na Miseri-
córdia, entidade promotora de em-
prego”. Esta é uma mais-valia para
os formandos e para a instituição.
Durante os três anos que ali estão,
os jovens recebem, para além da
formação em sala de aula, também
formação em contexto de trabalho.
“Os alunos desenvolvem projectos
ao nível das várias disciplinas e in-
teragem com outros projectos que
estejam a ser promovidos por outras
entidades, nomeadamente a Câmara
Municipal de Faro ou o Instituto Por-
tuguês da Juventude”.
Esta parceria com outras institui-
ções é, na opinião de Nélia Viegas,
“uma mais-valia para o currículo dos
alunos”. Quando têm de enfrentar o
mercado de trabalho os alunos vão
bem preparados. Para além disso são
acompanhados por um Gabinete de
Inserção Profissional que em par-
ceria com o Instituto de Emprego e
Formação Profissional disponibiliza
um psicólogo para os acompanhar
e lhes prestar apoio ao nível da in-
serção no mercado de trabalho. E a
grande maioria consegue emprego.
Nélia Viegas esclarece que a taxa de
sucesso é superior a 90%. “No últi-
mo ciclo de formação tivemos uma
turma de técnico de apoio à infância
com 18 alunos, 16 dos quais estão
empregados na área. Isso é muito
bom”, conclui.
www.ump.pt janeiro 2010 vm 27
Escolas privadas a encerrar
Pelo menos 50 escolas com contrato de associação já confirmaram
que vão fechar até ao fim de Janeiro. Os dados foram recentemente
revelados pelo movimento SOS Educação.

Óbidos inaugura creche para 33 Oliveira

O novo equipamento da
Santa Casa da Misericórdia de
Óbidos tem capacidade para
33 crianças e foi construído
junto às instalações do lar
de idosos
Bethania Pagin
O Programa de Alargamento da Rede
de Equipamentos Sociais (PARES)
criou dez mil postos de trabalho. O
número foi avançado pelo secretário
de Estado da Segurança Social, Pedro
Marques, durante a inauguração da
creche da Santa Casa da Misericórdia
de Óbidos. A cerimónia teve lugar a
18 de Janeiro e está integrada nas
comemorações dos 500 anos da ins-
tituição.
Segundo o governante, no âm-
bito daquele programa foram aber-
tas mais de 400 creches em todo
o território nacional. Este número
representa o apoio a cerca de 16 mil
crianças. Pedro Marques recordou
ainda que o PARES representou um
investimento público de 700 milhões
de euros que deu origem a dez mil
novos postos de trabalho.
Ao PARES veio juntar-se, poste-
riormente, o Programa Operacional
Potencial Humano. As duas iniciati-
vas juntas representam mais de 840
candidaturas, tendo sido responsá-
Nova creche custou
cerca de 500 mil euros
veis pela criação de 14 mil empregos.
O novo equipamento da Misericór-
dia de Óbidos tem capacidade para 33
crianças, com idades entre os quatro
meses e os três anos, e foi construído
junto às instalações do lar de idosos.
Para Carlos Orlando, provedor, a in-
tenção da proximidade é promover
uma política de intergeracionalidade
entre idosos e crianças. Actualmente,
a Santa casa cuida de 48 seniores em
lar e 42 em apoio domiciliário.
Com um custo aproximado de
500 mil euros, a nova creche contou
ainda com o apoio da Câmara Mu-
nicipal de Óbidos, cujo presidente
também se associou à cerimónia de
inauguração. Telmo Faria destacou
que apenas através das parcerias
entre entidades públicas e sociais
é possível construir uma verdadeira
rede social. Para o autarca, a melhor
maneira de se atrair investimento é
com uma boa rede social que garanta
um desenvolvimento sustentável e
integrado. A autarquia de Óbidos
apoiou a construção da nova cre-
che da Misericórdia com cerca de
60 mil euros. A cerimónia contou
ainda com a participação de alguns
provedores do distrito de Leiria e da
representante do Secretariado Na-
cional da União das Misericórdias
Portuguesas, Infância Pamplona,
entre outras personalidades locais.
Seguiu-se um porto de honra, acom-
panhado por bolo de chocolate, hoje
uma mas marcas daquela localidade.
As comemorações dos 500 anos
da Misericórdia de Óbidos tiveram
início com uma eucaristia celebrada
pelo cardeal patriarca de Lisboa, D.
José Policarpo. O provedor Carlos
Orlando contou ao VM que estão or-
ganizadas outras iniciativas ao longo
do ano. Está previsto o lançamento
de dois livros: um sobre o arquivo e
outro sobre o património da Santa
Casa. Segundo aquele responsável, o
espólio artístico da instituição é com-
posto por pinturas de alguns pintores
de renome, como Baltazar Gomes
Figueira, Josefa de Óbidos e Belchior
de Matos, entre outros. Além disso,
a igreja da Misericórdia, de 1596,
foi o primeiro templo barroco a ser
construído no país.
As festividades religiosas da Se-
mana Santa também vão ser espe-
ciais em 2011. O provedor contou ao
VM que vão ser convidadas outras
Misericórdias para integrar a pro-
cissão que, naquela localidade, tem
lugar no Dia de Ramos (13 de Março)
e é conhecida como a procissão da
Rapaziada.
do Bairro
ensina pais
a dizer não
Santa Casa da Misericórdia
de Oliveira do Bairro realizou
palestra para alertar
para a importância das
regras e dos limites na
educação das crianças
A Santa Casa da Misericórdia de
Oliveira do Bairro realizou, a 17 de
Janeiro, uma palestra intitulada: “Di-
zer Não… Porque Sim!”. A iniciativa,
gratuita, destinou-se a pais, encarre-
gados de educação, profissionais da
área da educação e a todos os que
estivessem interessados no tema.
O objectivo da palestra, lê-se em
comunicado de imprensa daquela
instituição, era desmistificar a ideia
de que proferir a palavra “não”
“traumatiza as crianças” e alertar
para a importância das regras e dos
limites na educação das crianças,
de forma a contribuir para o seu de-
senvolvimento saudável e para a sua
adequação social.
A palestra que reuniu pais e en-
carregados de educação teve lugar
no salão polivalente da Santa Casa
da Misericórdia de Oliveira do Bairro.

VOLTAAPORTUGAL

The English Centre oferece prendas à Caldas da Rainha

A escola de línguas The English Centre angariou mais de duas centenas
de presentes para as crianças e adolescentes do Centro de Acolhimento
Temporário e Lar Interno Feminino, da Santa Casa da Misericórdia de
Caldas da Rainha. À semelhança de anos anteriores a “Operation Christ-
mas Present” levada a cabo pela escola voltou a contar com o apoio dos
alunos, encarregados de educação e público em geral, que entre 29 de
Novembro e 17 de Dezembro, doaram roupas e brinquedos a quem mais
precisa. A responsável pelos serviços da Misericórdia, Teresa Roque, disse
que “os presentes fizeram a alegria dos mais pequenos, tendo surpreen-
dido pela quantidade de artigos novos”.

680
Bolseiros devolvem dinheiro
Os alunos bolseiros do Instituto
Politécnico de Coimbra vão ter
de devolver os valores da bolsa
que lhes foi atribuída nos me-
ses de Outubro e Novembro.
Ao todo são 680 os alunos que
vão ter de devolver o dinheiro
devido à aplicação das novas
regras de atribuição de bolsas.
Cada aluno terá de devolver
cerca de 200 euros
Penela vai continuar
a apoiar crianças
O novo provedor da Santa Casa
da Misericórdia de Penela lembrou
ainda a necessidade de continuar
a apoiar as crianças, «porque, afi-
nal, elas são quem nos faz sorrir»,
e lembrou aos funcionários que, é
a elas e aos idosos «que devem o
posto de trabalho». Em termos de
objectivos mais próximos, Fernan-
do Antunes adiantou que «avança-
remos rapidamente com processo
de certificação e faremos da ava-
liação permanente do serviço que
prestamos uma forma de melho-
rarmos cada vez mais».
28 vm janeiro 2011
património
ARTE NAS MISERICÓRDIAS
Capela tumular
SCMPF 0196
Século XVII
Santa Casa da Misericórdia de Penafiel
Capela tumular em forma de arcossó-
lio, inserida na parede lateral do lado da
Epístola da capela-mor. É fechada por
arco de volta perfeita, o qual é enqua-
drado por pilastras que suportam en-
tablamento. Este é percorrido por friso
preenchido por cinco triglífos, sendo
rematado por frontão triangular, inter-
rompido no topo pela pedra de armas
de D. Francisco de Azevedo Ataíde e
Brito, nobre que se encontra sepultado
no túmulo que a capela acolhe. O tú-
mulo tem a forma de arca de formato
paralelepipédico rectangular, sendo
ornamentado com molduras salientes
e molduradas, assentando em patins
com a forma de leões de concepção
algo tosca. A tampa é igualmente
moldurada, possuindo na superfície
superior a representação esculpida do
defunto. Este é representado deitado
de costas, com as duas mãos postas e
com a cabeça sobre duas almofadas
sobrepostas. Trata-se de um homem
de barba e cabelo compridos, usando
armadura. A parede do fundo da capela
é forrada com os mesmos azulejos que
guarnecem a parede da capela-mor e
apresenta ao centro uma lápide con-
tendo inscrição esculpida.
Apontamentos do inventário promovido pela UMP,
Ver mais em http://matriz.softlimits.com/ump/
Bancada de mesários
SCMFA 0006
1863
Santa Casa da Misericórdia de Faro
Bancada de mesários constituída por
dois bancos corridos, cada um com
cinco lugares diferenciados ao nível do
espaldar, que é vazado, apresentando
cada módulo uma tabela vazada na
base da qual pontifica elemento rele-
vado e dourado semelhante a par de
folhas unidas pelo caule, sendo o topo
ocupado por óculo. O cachaço, com
cimalha dourada, é uma sequência de
arcos que contornam os óculos, apre-
sentando pináculos colocados na di-
recção dos montantes traseiros. Os re-
mates do cachaço, relevados, vazados
e dourados, assemelham-se a folhas
largas ladeadas por decoração con-
cheada. Os braços curvam para baixo
e terminam em macetas de voluta,
sendo que os apoios também curvos.
O aro apresenta na frente elemento
relevado e dourado composto por flor
inscrita em reserva elíptica rematada
lateralmente por enrolamentos. As
pernas são galbadas, apresentando
folha relevada e dourada nos joelhos,
e terminando em pés espatulados. O
travejamento é formado por travessas
ondeadas. A cadeira apresenta pintura
simulando madeira exótica e contornos
a dourado.
Quatro Misericórdias
participam na
exposição Primitivos
Portugueses
As Santas Casas de
Abrantes, Lourinhã, Setúbal
e Tomar fazem parte da
exposição “Os Primitivos
Portugueses (1460-1560):
O Século de Nuno Gonçalves”
Vera Campos
No âmbito das Comemorações Na-
cionais do Centenário da República,
o Museu de Arte Antiga, em colabo-
ração com o Museu de Évora, realiza
a exposição “Primitivos Portugueses
(1460-1560): O Século de Nuno Gon-
çalves”. As Santas Casas de Abran-
tes, Lourinhã, Setúbal e Tomar fazem
parte do certame que teve início a
11 de Novembro e estará aberto ao
público até 27 de Fevereiro.
O Voz das Misericórdias ouviu a
opinião dos provedores das Santas
Casas envolvidas nesta exposição
de nível nacional. A Santa Casa de
Abrantes está presente na exposi-
ção com três tábuas quinhentistas.
Seguradas, cada uma, em 500 mil
euros, o provedor Horácio Mourão
de Sousa sublinha a importância da
divulgação. “Sempre que nos solici-
tam a participação, aderimos com
muito gosto. É uma oportunidade
de mostrarmos o nosso património,
que de outro modo temos fechado”. A
Misericórdia de Abrantes é detentora
de espólio único no país. O provedor
lamenta, contudo, a dificuldade de
preservação de tal legado, dado exigir
“manutenção muito dispendiosa”.
Sem capacidade económica para pro-
mover o restauro, a participação, nes-
te tipo de certame, permite, sempre,
alguma beneficiação das obras. “O
nosso espólio regressa requalificado,
fruto da intervenção levada a cabo
para a exposição em causa”, afirma
Horácio de Sousa, destacando que
se trata de uma oportunidade “de
extrema importância a divulgação das
nossas obras e a sua manutenção”.
À semelhança da congénere
de Abrantes, o provedor Fernando
Cardoso Ferreira, da Misericórdia
de Setúbal, acentua as dificuldades
de restauro do património. Para este
www.ump.pt
responsável, cujo património está
depositado no Museu de Setúbal,
não é possível participar em todas
as manifestações artísticas. “Todas
as requisições que nos chegam para
iniciativas de divulgação são devi-
damente autorizadas. Infelizmente,
muito do nosso património artístico
não pode constar em outras mani-
festações do género devido aos altos
custos de restauro necessários para a
sua vantajosa exposição”. Sublinha,
no entanto, que os esforços de res-
tauro e preservação deste espólio são
de importância indiscutível.
“Por um lado, quer através do res-
tauro quer através da sua conservação,
as obras podem ser conhecidas e es-
tudadas, e consequentemente, criar
proveitosas dinâmicas académicas.
Por outro, principalmente, são tam-
bém a memória física, de uma insti-
tuição centenária, que merece o seu
lugar na história reconhecido”. Sobre
a participação na exposição Primitivos
Portugueses, o provedor é peremptório
ao afirmar que “é fundamental que se
historie o monumento para o enten-
dermos enquanto tal. A arte é fruto do
seu tempo assim como o homem que
a produz. É através dela que de certa
forma, nos é dada a oportunidade de
conhecermos o nosso passado, e no
caso da Misericórdia de Setúbal de
Primitivos Portugueses pôr finalmente em evidência, a sua
(1460-1560): O Século importância ao nível da história local
de Nuno Gonçalves na sociedade do passado e presente”.
Vários autores “As Misericórdias são também
Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa monumentos da sociedade portugue-
2010 sa, com uma grande componente his-
tórico artística, pelo que, estas mani-
www.ump.pt
festações proporcionam a sua legítima
visibilidade nesse sentido”, concluiu.
Por sua vez, a Santa Casa da Lou-
rinhã está presente naquela exposição
com dois quadros de pintura seis-
centista. O provedor Francisco Anjo
Tavares recusa falar de património da
Misericórdia, mas antes “património
de todos nós”. Ao Voz das Misericór-
dias revelou estar, sempre, disponível
para divulgar “o que é nosso”.
Com meios financeiros cada vez
mais escassos, não se coíbe de apon-
tar as dificuldades de manutenção
deste e de outro espólio. “Muitos
pensam que a Santa Casa de Lisboa
nos subsidia com os jogos, mas não
é verdade. Somos autónomos. O úl-
timo restauro que levamos a cabo
nos quadros aconteceu há 15 anos,
através de uma empresa que nos
prestou esse serviço gratuitamente”,
comentou aquele dirigente.
O Voz das Misericórdia tentou
As peças das quatro
Misericórdias envolvidas
contactar o provedor da Misericór-
dia da Tomar, mas até ao fecho desta
edição ainda não havia sido possível.
A Santa Casa emprestou duas peças
à exposição: “Milagre Eucarístico de
Santo António Continuador”, de Gre-
gório Lopes (1540 -1550) e a “Última
Ceia”, do mesmo artista (1540).
A exposição é acompanhada por
um catálogo composto por textos de
investigação e pelas fichas de todas
as peças.
Lista de livros
Deus Existe, Eu Encontrei-O
André Frossard
Esfera dos Livros, Lisboa, 2010
“Tendo entrado às dezassete horas e
dez numa capela do Quartier Latin em
busca de um amigo, saí de lá às de-
zassete horas e quinze na companhia
de uma amizade que não era terrena.”
André Frossard tinha 20 anos, era um
céptico ateu de extrema-esquerda, de
origens judaicas, quando encontrou
bruscamente, de forma fortuita, mas
instantânea, a verdade cristã “numa
silenciosa e serena explosão de luz”.
Sem qualquer tipo de evolução inte-
lectual, de inquietação, sem percorrer
um longo caminho para chegar até ela,
sem procurar nada. Deus Existe, Eu
Encontrei-O é um testemunho pessoal
e emocionante da forma como André
Frossard encontrou a sua fé. Num tom
intimista, o autor, membro da pres-
tigiada Academia Francesa, traz-nos
um relato raro e único que se tornou,
em todo o mundo, num clássico da es-
piritualidade.
Misericórdia de Braga
Vários Autores
Misericórdia de Braga, Braga, 2010
“Evolução na continuidade” é uma ex-
pressão comum e utilizável no discurso
político e historiográfico sobre política,
mas que se aplica apropriadamente
ao número 6 da revista Misericórdia
de Braga, projecto editorial lançado e
acarinhado fortemente pelo provedor
Bernardo Reis, merecedor de rasgados
elogios por tão singular e qualificada
iniciativa. Nesta edição, há artigos de
cariz científico e analítico sobre a Es-
cola de Enfermagem de Braga e suas
ligações ao Hospital de São Marcos,
assim como textos sobre ocorrências
significativas tanto para a Santa Casa
de Braga como para o movimento
geral das Misericórdias no país, como
o I Congresso do Grupo Misericórdias
Saúde, em Vila do Conde. Este número
traz ainda um espaço de crónica assi-
nado pelo Monsenhor Silva Araújo e
intitulado “Ao ritmo dos dias…”.
janeiro 2010 vm 29
Criatividade e Inovação
Vários autores
MTSS, Julho 2010
A decisão do Parlamento Europeu e do
Conselho relativa ao Ano Europeu da
Criatividade e Inovação (AECI – 2009)
associa de forma extensiva, nos seus
considerandos e objectivos, a capacida-
de de inovação e a criatividade pessoal
a uma abordagem de política baseada
na aprendizagem ao longo da vida. Esta
perspectiva de abordagem afigura-
-se estimulante para os domínios de
intervenção temática dos Cadernos
Sociedade e Trabalho (e de interven-
ção política do Ministério do Trabalho e
Solidariedade Social), tendo motivado
a organização deste número, o qual
mobiliza uma diversidade de contri-
butos que, por ângulos particulares de
aproximação ao tema, evidenciam a
complexidade (mas também a rique-
za) das relações que se tecem entre
as actividades e iniciativas da esfera da
criatividade e inovação e as qualifica-
ções escolares e profissionais.
Livro Mestre
Prefácio de Mário Rui Silvestre
Misericórdia de Pernes, Pernes, 2003
O “Livro Mestre” que ora se dá a conhe-
cer tinha como objectivo, consoante o
seu organizador em 1813, o padre
Joaquim Duarte Botelho, coadjutor
da Matriz de Pernes e à época prove-
dor da Misericórdia, lançar “todas as
propriedades que esta Santa Casa da
Misericórdia deste lugar de Pernes é
directa senhora, e todos os capitais a
juros de lei, e leva no fim encerramen-
to. Pernes, em mesa, 2 de Fevereiro
de 1813”, abrangendo um período
que vai desde essa data até cerca de
1880, sendo uma fonte incontornável
para se compreender e estrutura eco-
nómica, social e religiosa, da Irman-
dade da Misericórdia de Pernes, nos
últimos duzentos anos, mas outrossim
da mentalidade da época, da história
da vila e dá de uma imensidão de terras
ao redor dela que então integravam o
Julgado de Pernes.
30 vm janeiro 2011
voz activa
Editorial
Paulo Moreira
paulo.moreira@ump.pt
Pequeno mas
decidido passo
Torna-se imperioso e urgente descobrirmos
o que cada um de nós pode efectivamente
fazer para mudar este estado de coisas,
sabendo que a maior das caminhadas
começa sempre por um pequeno mas
decidido passo
N
Neste início de ano,
chegam-nos de todo o lado
indicadores que são muito
preocupantes e que nos
devem fazer pensar. Quer os
indicadores económicos que apontam
para dias muito difíceis, quer os
indicadores que resultam de inquéritos
que diversos organismos nacionais e
europeus têm levado a cabo, revelam-
nos um País descrente, deprimido e
sem rumo.
Poucas são as vozes que se ouvem
a contrariar de forma realista e com
propostas sérias, estruturadas e
exequíveis, este estado de coisas que
vai lentamente minando o ânimo e a
vontade dos portugueses.
Parece, ao ouvir as conclusões
dos mais diversos estudos e
amostras de opinião, que estamos
irremediavelmente condenados e
resignados a um quotidiano triste
e cinzento sem qualquer réstia de
esperança.
Descrentes nas Instituições do Estado
e nos seus servidores, conformados e
angustiados com a falta de uma ideia
para o País, temos uma manifesta
incapacidade de reagir, de nos
indignarmos e de participarmos, activa
e empenhadamente, na construção de
um novo paradigma.
Demitimo-nos da nossa cidadania,
esperando que um qualquer D.
Sebastião venha, com ou sem nevoeiro,
apresentar a solução pronta e completa
para os nossos problemas.
Já sabemos muito bem o que
não queremos, aquilo de que não
gostamos, aquilo que nos deprime e
angustia. Torna-se imperioso e urgente
descobrirmos o que cada um de nós
pode efectivamente fazer para mudar
este estado de coisas, sabendo que a
maior das caminhadas começa sempre
por um pequeno mas decidido passo.
www.ump.pt
VM Opinião
Voz das
Misericórdias
Ousamos sublinhar “o crescimento” a multiplicar-se em intervenções, e
Órgão noticioso como uma crise, nas Misericórdias sem qualquer forma de calculismos
das Misericórdias
em Portugal Italianas, uma vez que, sendo as ou conveniências pessoais.
e no mundo mais antigas, e que, por isso, foram E o crescimento não se deu
Propriedade: o protótipo das demais Misericór- apenas em sempre novas áreas de
União das Misericórdias Manuel Ferreira da Silva dias no mundo, desde que em 1244 intervenção e préstimo de serviços
Portuguesas foi criada a de Florença, já a contar de toda a ordem, mas também um
Contribuinte: VIII séculos de vida, generosa acção crescimento em número de inscri-
501 295 097
Redacção
e Administração:
Misericórdias e polivalente intervenção.
Uma vez que o terem-se mul-
ções para membros - irmãos de uma
Instituição – Cruzada para o nosso
Rua de Entrecampos, 9,
1000-151 Lisboa
em ‘crise’ de tiplicado, como grão de semente
que cresceu em seara, não só lhes
tempo, e como que já a desafiar e a
prevenir o futuro.
Tels:
218 110 540
crescimento mereceu um diploma de crédito, Daí que, registando-se que e
que, diremos, é de “mais-valia”, como só a Misericórdia de Prato,
218 103 016
Fax: como também lhes trouxe o que para uma iniciativa institucional
218 110 545 vulgarmente se pode designar como em jeito e com propósitos de mero
e-mail: uma “crise de crescimento”. estudo e análise dos problemas, já
jornal@ump.pt
O que – e visto pelo lado mais chegou a contar com um programa
Tiragem
positivo - é uma verdadeira bênção de 27 sessões e com 40 mil inscritos.
do n.º anterior:
do céu e uma resposta ao apelo e Daí que os problemas surjam
13.550 ex.
Registo: mandato de Deus quando determi- quase como o resultado ou teste-
110636 nou aos primeiros seres que foram munho de uma “ crise de cresci-
Depósito legal n.º: criados: “ crescei e multiplicai-vos mento”, a pontos de o próprio Papa
55200/92
e enchei a terra”. Bento XVI já ter referido e louvado
Assinatura Anual:
Normal - €10 As Misericórdias não só cresce- as Misericórdias pela sua “sempre
Benemérita – €20 ram e se multiplicaram em número, generosa e fecunda imaginação
Fundador: como também se têm afirmado fe- para inventarem novas obras de
Dr. Manuel Ferreira cundamente generosas em sempre misericórdia”.
da Silva
novas áreas de intervenção, as quais É de louvar a Deus!
Director:
Paulo Moreira abrangem não só os pobres e os
Editor: doentes, como também prestam
Bethania Pagin serviços de protecção civil, campa-
Design e Composição: nhas de doação de sangue, culto dos
Mário Henriques
mortos, e tudo quanto seja qualquer
Publicidade:
Paulo Lemos forma de socorro público.
Colaboradores: O que equivale de algum modo,
Filipe Mendes àquilo que em Portugal diremos:
Nélia Sousa Papa Bento XVI já Caridade Social em Cristão, acu-
Patrícia Leitão
Susana Martins
referiu e louvou as dindo à pobreza e à doença até à
Teresa Batista Misericórdias pela sua morte; protecção civil, bombeiros
Vera Campos “sempre generosa e sempre de serviço, acções e inter-
Assinantes: fecunda imaginação venções de emergência médica e
Sofia Oliveira para inventarem novas primeiros socorros, e tudo quanto
Impressão:
Diário do Minho
obras de misericórdia” seja ser um voluntário sem horas,
– Rua de Santa
Margarida, 4 A
4710-306 Braga
Tel.: 253 609 460
Correio VM
Vitórias alcançadas Com tanta informação que nos tadores de boas notícias no pano-
chega através dos meios de rama geral do país. Só técnica e
Sou leitor do Voz das Miseri- comunicação eu questiono-me se voluntária de uma IPSS e é com
córdias desde o ano de 1994 e as instituições de solidariedade enorme revolta que se continua a
sempre foi com especial agrado social não possuem o mesmo ter incertezas em relação ao IVA
que li o jornal. Apesar de nunca direito? Será que a Igreja ainda social. É notório que não se pode
vos ter escrito uma carta, acho não percebeu que os tempos ganhar tudo sem se perder nada,
que esta é a altura certa. Quero mudaram e que hoje já não é de- mas será que também não é
antes de mais felicitar-vos pela tentora do monopólio que exercia notório que o Estado se aperceba
vossa coragem e empenho que sobre tudo e todos no início dos que perante as dificuldades que
continuam a demonstrar edição tempos? o país atravessa são os utentes
após edição em dar a conhecer as Espero que continuem sempre a destas instituições as pessoas que
vitórias alcançadas, assim como lutar por aquilo que acreditam. mais vão sofrer directamente com
os desafios que são colocados às Paulo Santos estas penalizações?
nossas Santas Casas. Ramada Quando escolhi ser técnica sem-
Um dos princípios que o indiví- pre pensei que chegado o final do
duo possui é o poder de poder Ano europeu meu dia de trabalho conseguiria
ser livre e feliz, através de um do voluntariado deixar os problemas na institui-
estilo de vida próprio e inesgotá- ção, mas na prática tal situação
União das Misericórdias
Portuguesas vel e não procurar a inserção de Apesar da passagem de ano os não se verifica. Este ano, que é
rótulos. ventos continuam a não ser por- o ano europeu do voluntariado,
www.ump.pt
reflexão
Fernando Cardoso Ferreira
Provedor da Misericórdia de Setúbal e pre-
sidente do Conselho Nacional da UMP
A hora
da verdade
As Misericórdias,
apesar do seu fim não
lucrativo, são empresas
e agora, mais do que
nunca, devem utilizar
na sua gestão os
métodos empresariais
que não ponham
em causa nem a sua
missão social, nem a
manutenção de postos
de trabalho
parece que o nosso governo esco-
lheu colocar um novo desafio aos
técnicos e voluntários, para ver até
que ponto vai a nossa coragem e
determinação. Desde já abracei o
desafio com alguma revolta mas
com a certeza que conseguiremos
dar a volta à situação que nos
estar a ser colocada.
Sempre que posso gosto de par-
ticipar nas vossas campanhas de
solidariedade social. No entanto
se me permitem gostaria de vos
deixar uma crítica construtiva.
Publicam sempre no site e no Voz
das Misericórdias o início das
campanhas, mas nos tempos de
crise não seria também importante
mencionarem qual foi a adesão
das pessoas? Penso que é impor-
tante também transmitirem essa
Li há pouco que uma das palavras
mais utilizadas pelos portugueses,
nos últimos tempos, é a palavra crise.
Contudo, será que já interiori-
zámos, na realidade, a dimensão da
crise económica e financeira com
que o País se debate e as suas impli-
cações actuais e futuras?
Ao longo dos anos, especialmen-
te nos últimos dez, o Estado gastou
significativamente mais do que pro-
duzia e os cidadãos, aproveitando o
crédito barato, diga-se em abono da
verdade, encorajados pelos presta-
mistas, seguiram o mesmo caminho.
Há muito portanto que o País
vivia em crise, camuflada com en-
genharias financeiras e truques de
comunicação.
E os economistas, que nos úl-
timos tempos alertavam para a ne-
cessidade de rapidamente controlar
e reduzir a despesa pública, foram
apelidados de alarmistas, catastro-
fistas, antipatriotas e imolados na
praça pública.
Só há cerca de sete ou oito me-
ses, por imposição comunitária, fo-
mos brutalmente confrontados com
o estado calamitoso das finanças
públicas e da economia nacional.
Por isso penso, que chocados com
as inevitáveis medidas draconianas
que nos vão aos bolsos, sente-se a
crise na pele, mas talvez a esmaga-
dora maioria dos portugueses não
se tenha ainda apercebido, que face
à dimensão do “buraco”, a estamos
meramente a adiar e não a resolver.
Significa isto que muito prova-
velmente, apesar das grandes dificul-
dades com que já nos confrontamos,
vamos ter de nos preparar para dias
ainda piores.
informação para continuar a dar
força às pessoas que participam
do lado de cá, saberem ou não
se o seu esforço valeu a pena.
Continuem com este tipo de cam-
panhas, porque ainda há muitas
pessoas que continuam a precisar
e certamente nunca é demais a
ajuda.
Rita Joana
Ericeira
Misericórdias
na diáspora
Quero em primeiro lugar felicitar-
-vos pelo vosso trabalho de dar in-
formações actualizadas do que de
melhor se faz nas Misericórdias,
mas não posso deixar de expressar
meu descontentamento convosco.
É a hora da verdade para o País
e para a generalidade dos cidadãos.
As cerca de quatrocentas Mise-
ricórdias nacionais, muitas delas
multicentenárias, têm respondido,
em larga escala e de forma notável,
às necessidades básicas de muitos
Portugueses, especialmente dos mais
carenciados e excluídos, social e fi-
nanceiramente.
Correio Rua de Entre campos,
Desde a edição de Abril, se não
me falha a memória mencionaram
as Santas Casas das Misericórdias
espalhadas pelo mundo, mas até
então só referiram um artigo da
Misericórdia de Paris. As outras
Santas Casas estão inactivas? Será
que também não era importante
ir escrevendo o que se passa por
lá? Gostava muito de ler artigos no
Voz das Misericórdias referentes
a instituições de outros países,
se me permitem principalmente
nesta primeira fase do Brasil, uma
vez que o país tem sido defronta-
do com várias desgraças e deverá
certamente haver pessoas a passar
por situações bastante complica-
das.
Sérgio Fonseca
Massamá
Nomeadamente em áreas como
o Apoio Domiciliário, Lares Re-
sidenciais para a terceira idade e
para idoso dependentes, Centros de
Dia, Refeitórios Sociais, Infantários,
ATL, Clínicas de Medicina Física e
de Recuperação e Hospitais, as Mi-
sericórdias prestam, anualmente,
serviços a centenas de milhares de
Portugueses.
Como Contactar-nos
As cartas devem ser identificadas com morada e número
9, 1000-151 Lisboa de telefone. O Voz das Misericórdias reserva-se o direito
Fax 218 110 545 de seleccionar as partes que considera mais importantes.
email jornal@ump.pt Os originais não solicitados não serão devolvidos
Voluntários
Uma vez que 2011 vai ser o ano
europeu do voluntariado, gosta-
ria de deixar desde já expressa
a minha vontade de poder vir a
participar em futuras campanhas
ao lado da UMP. Até á data ainda
não se encontram inscrições
abertas no vosso site. Vão existir?
Já existe mais alguma campanha/
iniciativa com data marcada? Não
seria importante irem já divulgan-
do isso no VM? Julgo que seria
pertinente. Pois hoje são uns que
precisam, mas do dia de amanhã
não sabemos.
Sónia Leite
Águeda
janeiro 2010 vm 31
Para isso, contam com a colabo-
ração directa e indirecta de dezenas
de milhares de trabalhadores, bem
como de voluntários e dirigentes sem
remuneração que têm contribuído de
forma determinante para o sucesso
destas Instituições.
As Misericórdias, apesar do seu
fim não lucrativo, são empresas e
agora, mais do que nunca, devem
utilizar na sua gestão os métodos
empresariais que não ponham em
causa nem a sua missão social, nem
a manutenção de postos de trabalho.
Face à escassez de recursos do
Estado disponíveis para o sector so-
cial, à quebra previsível das com-
participações familiares, à redução
de receitas próprias, ao aumento
significativo dos custos de bens e
serviços, e a crescente procura dos
seus serviços, a sustentabilidade das
Misericórdias requer uma atenção
especial por parte de todos os seus
dirigentes e trabalhadores.
Controlo e redução da despesa,
eliminação de desperdícios, aquisi-
ções aos melhores preços de merca-
do, são alguns princípios básicos de
gestão rigorosa cuja utilização se tor-
na essencial nos tempos que correm.
As Misericórdias Portuguesas so-
breviveram, a maior parte delas ao
longo de séculos, a grandes provações.
Crises sociais, guerras, pestes,
mudanças de regime, a tudo isto re-
sistiram.
Estou certo que também agora as
Misericórdias, com o empenho de to-
dos os que com elas generosamente
colaboram, continuarão a proporcio-
nar aos Portugueses os serviços de
que em muitos casos, infelizmente,
cada vez mais precisam.
Trabalhos manuais
Gosto bastante de ler o VM, pelos
temas abordados, pois conseguem
sempre escrever o jornal com
ética, profissionalismo e deter-
minação em mostrar o que se
faz nas Misericórdias, mas se me
permitem, gostaria de lançar duas
possíveis ideias. Por um lado, uma
vez que as páginas aumentaram,
será que não era oportuno inseri-
rem um pequeno espaço de ideias
ou sugestões de trabalhos manuais
que sejam feitos nas Misericórdias
como o que já existe de gastrono-
mia? Penso que seria uma ideia
recebida com bastante interesse
por parte dos vossos leitores.
Luís de Sousa
Alpedrinha
Economia social Bem-estar Pré-escolar
Conselho Nacional Ginástica em Menos 500
reuniu pela Mogadouro e crianças nas
primeira vez Pernes Santas Casas
Em Acção Pág. 12 Terceira Idade Pág. 18 Em Acção Pág. 16

ÚLTIMAHORA
Governador do Rotary
visitou Vila do Conde
O governador do Distrito 1970 do
Rotary visitou a Santa Casa da Mi-
sericórdia de Vila do Conde. Como-
vido com a representação da peça
“A Origem das Misericórdias”, e
cenada por pessoas portadoras
de deficiência , Armindo Carolino
referiu: “Posso fazer muitas visitas
e assistir a muita coisa, mas jamais
esquecerei esta representação te-
atral”. A visita teve lugar a 24 de
Janeiro.
Voluntariado activo em
Vila Real de S. António
Os utentes da unidade de cuidados
continuados integrados da Santa
Casa da Misericórdia de Vila Real de
Santo António, na sua maioria idosos,
recebem diariamente a visita das vo-
luntárias do Grupo de Voluntariado
da Junta de Freguesia daquela locali-
dade. São 15 mulheres que abdicam
de algum do seu tempo livre para
ajudar quem mais precisa.
Dádiva semanal de
alimentos frescos
Um grupo de 24 pessoas está a
apoiar seis famílias acompanhadas
pela Santa Casa da Misericórdia de
Oliveira do Bairro. Semanalmente
são entregues alimentos frescos
numa iniciativa denominada “A Mi-
galha”. Para a instituição, trata-se de
“um pequeno esforço para este gru-
po de particulares, mas uma dádiva
enorme para as famílias carenciadas
que recebem apoio”.
União das Misericórdias vai
inventariar património edificado
A novidade surge no
âmbito do protocolo
assinado entre UMP e
Instituto da Habitação e
da Reabilitação Urbana
(IHRU), a 25 de Janeiro
Bethania Pagin
A equipa do Gabinete do Património
Cultural da União das Misericórdias
Portuguesas (UMP) vai também in-
ventariar o património edificado das
Santas Casas. A novidade surge no
âmbito do protocolo assinado entre
UMP e Instituto da Habitação e da
Reabilitação Urbana (IHRU). A par-
ceria que dá continuidade ao proto-
colo assinado em 1999 com a extinta
Direcção-geral dos Monumentos e
Edifícios Nacionais (DGMEN) foi
celebrada, na sede da UMP, a 25 de
Janeiro.
Através da iniciativa, vai ser pos-
sível determinar com maior precisão
“a marca e a malha das Misericórdias
em Portugal”, referiu o presidente
do Secretariado Nacional da UMP
durante a cerimónia.
“Temos edifícios que represen-
tam a nossa actividade ao longo de
séculos. É através deles que pode-
mos e devemos fazer a história das
www.ump.pt
nossas instituições. Queremos igual-
mente afirmar a contemporaneidade
das nossas Misericórdias e os mais
recentes projectos arquitectónicos,
muito especialmente as unidades de
cuidados continuados, são um exce-
lente testemunho dessa inovação e
criatividade.”
Além disso, continuou, “a União
das Misericórdias Portuguesas atra-
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Protocolo dá continuidade
à parceria com a DGMEN
vés deste acordo de colaboração e
em simultâneo com o trabalho que
está a desenvolver com o inventário
dos bens móveis, vai concretizando o
grande objectivo de conhecer, preser-
var e divulgar um património único
de especificidades muito próprias”.
Para Manuel de Lemos, “o elen-
car do património imóvel já é uma
mais-valia”, mas a parceria público-
-privada vai permitir que o trabalho
se desenvolva de forma sustentada.
A questão da parceria foi igual-
mente destacada pelo presidente do
IHRU. Para António José Mendes
Baptista, a preservação do patrimó-
nio não pode prescindir da partici-
pação activa de todas as entidades
envolvidas. Segundo aquele respon-
sável, a participação da UMP nas
actividades desenvolvidas no âmbito
do protocolo com a extinta DGMEN
limitava-se apenas à disponibiliza-
ção de elementos, ao passo que ago-
ra a participação será “qualificada”.
Serão os técnicos da UMP a proceder
ao tratamento da informação sobre o
património imóvel das Santas Casas.
Para o efeito, o IHRU vai assegurar
formação, assim como acompanha-
mento técnico e posterior carrega-
mento da informação na base de
dados nacional.
Para o responsável do Instituto
da Habitação e da Reabilitação Ur-
bana, “aumentar o conhecimento e
difundir a informação são elementos
essenciais para a preservação do pa-
trimónio”.
A assinatura deste protocolo con-
tou ainda com a presença de altos
dirigentes e técnicos do IHRU e do
SIPA - Sistema de Informação para o
Património Arquitectónico.

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