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ADMINISTRAÇÃO E FISCALIZAÇÃO

CORPORATE GOVERNANCE (governo das sociedades)

Governo das Sociedades trata de:


 Relações – relações entre diversos sujeitos que integram as Sociedades; sujeitos que
têm interesse no desenvolvimento da sociedade.

 Estruturas – pelas quais a sociedade desenvolve os seus objetivos, escolhendo os


meios para os obter.

Modelos de governo

Conceito de órgão social: centros de imputação de normas jurídicas, correspondentes a


estruturas de organização humana permanentes, funcionalmente ordenadas à prossecução dos
interesses da pessoa coletiva (o fim da sociedade), nos termos das competências atribuídas a
cada um, e que, em conjugação entre si, permitem a autodeterminação da mesma.

Que tipos de órgãos temos?


 Coletividade de sócios – sócios que operam em dimensão coletiva; posição
institucional dos sócios em modo coletivo
 Órgão de administração – plural ou singular com regras específicas

 Órgão de fiscalização – global (sociedade como um todo), contabilístico (as contas) –


sociedades podem ter ou não.

 SA – 278

ADMINISTRAÇAO

A administração societária traduz-se em:

 Ato ou efeito de administrar essa mesma sociedade – administração objetiva


 Conjunto de pessoas que têm a seu cargo a função de administrar uma sociedade –
administração subjetiva

Obrigação de administração:

 Tem como fonte as normas de competência


 Tem obrigações parcialmente indeterminada
 Tem deveres legais específicos
O órgão de administração tem de administrar (situação jurídica da administração é
passiva) mas há liberdade em como se concretiza essa administração, mas exige-se uma
bitola de diligencia normativa – o do gestor criterioso e ordenado (é mais exigente do
que o bónus pater família)

Poderes dos administradores:

 SNC – 192
 SPQ – 252, 259
 SA – 405/1/2, 406
 SEC – 474
 SCPA - 478

 Poder de gestão – direito funcional potestativa que traduz a permissão normativa que
os administradores têm de decidir e de agir, em termos matérias e jurídicos, no âmbito
dos deveres e direitos da sociedade

 Poder de representar – vinculo jurídico de base legal que permite imputar à pessoa
coletiva os atos dos seus órgãos – imputa-se à sociedade a atuação dos administradores

Conectada com a imputação de atos provenientes do vínculo de representação, surge a


imputação ao ente coletivo de factos ilícitos. A lei (art. 6º/5) não fala aqui em
representação, apenas remetendo para o regime da comissão.

64 – Deveres fundamentais dos administradores

1. Diligencia de um gestor criterioso – compatibilização entre a discricionariedade


empresarial e as restrições impostas, quer pelo ordenamento, quer pelas realidades da
sociedade
Violação: ilicitude
Nota: business judgement rule - os administradores não seriam demandáveis quando
mostrassem que agiram, com os elementos disponíveis, dentro das margens que lhes
competiriam, em termos de negócios. Com a seguinte consequência prática: nos casos
de negligência, a responsabilidade é excluída quando se mostre que o administrador
agiu dentro da razoabilidade dos negócios
2. Interesses da sociedade, dos sócios e dos trabalhadores – o interesse representa a
porção de realidade protegida e que, quando violada dá lugar a um dano.
A maioria da doutrina PT reconduz o interesse da sociedade aos interesses dos sócios
3. Deveres de cuidado – exprime as regras de conduta e a carga de não-censura
necessárias no exercício das funções de administrador, para que ele não incorra em
responsabilidade negligente
O legislador especificou: disponibilidade, competência, técnica e conhecimento da
atividade da sociedade

4. Deveres de lealdade – dever de sobreordenar o interesse da sociedade sobre os outros


interesses em presença
Proibições:
 A proibição de concorrência;
 A proibição de divulgar segredos societários.
 A proibição (ou severa restrição) de aceitar crédito da própria sociedade;
 A proibição e aproveitamento das oportunidades de negócio: o aproveitamento não pode
considerar-se legitimado com a mera autorização para a concorrência;
 A proibição de tomar decisões ou de colaborar nelas, quando se verifiquem situações de
conflito de interesses;
 A proibição ou a forte restrição no tocante a negócios a celebrar com a própria sociedade;
 A proibição de discriminação de acionistas, mantendo-se, pela positiva, um dever de
neutralidade;
 O dever de informar os negócios que faça com títulos da sociedade.

De um modo geral, podemos dizer que estas proibições encontram uma base jurídico-
positivas, seja nas regras correspondentes disponíveis nos diversos diplomas, seja no
princípio geral da boa fé. O seu recorte é simples: o administrador encabeça um vínculo
material, que deve respeitar.

Condutas devidas:

 O administrador deve consagrar, à sua função, as energias necessárias, abstendo-se de


aceitar cargos laterais que esgotem as suas forças.
 Deve trabalhar colegialmente com os outros administradores.
 Na atuação dos administradores, está em causa uma gestão de bens alheios. Tal gestão
pressupõe uma especifica lealdade, à qual podemos conferir uma natureza fiduciária: todos
os poderes que lhes sejam concedidos devem ser exercidos não no seu próprio interesse,
mas por conta da sociedade.

SITUAÇÃO JURIDICA DO ADMINISTRADOR

1. Mandatário:
a. adstritos a deveres de administração de bens alheios, da sociedade
b. Interesse da sociedade é diferente dos interesses dos sócios
c. Tem em mente o interesse do socio
2. Contratual
3. Unilateral – porque a escolha do administrador assenta numa deliberação
4. Analótica – génese da personalidade jurídica do administrador – nomeação pelo socio
e celebração do contrato de emprego

Em PT: Ferrer Correia afirma que é um contrato de administração. MC discorda, a situação


jurídica não pode definida com recurso à via da sua constituição. Tem de ser fixada pelo seu
conteúdo, que deriva da lei, estatutos e deliberações sociais). É uma realidade autónoma, e é um
status

Remuneração

 SPQ – 255
 SA – 399

Notas: regalias sociais (402 – SA) pode ser estendido a outros tipos sociais – MC

Constituição

 SNC – 191
 SPQ – 252, 253
 SA – 391 a 394
 SEC – 470/1

Termo

1. Caducidade
a. SA – 391/3/4
b. 151 – Dissolução da sociedade
2. Revogação
3. Resolução – exige fundamento e previsão legal

SNC – 191

SPQ – 257

SA – 407

Livre destituabilidade e justa causa – a justa causa serve para decidir se opera ou não com
indemnização
 SPQ – 257/6 + 254/3
 SA – 403/4 + 430/2

Limitação da indemnização /403/5) – MC a limitação é inconstitucional


pois devia ser nos termos gerais e não pautado por critérios

Casos de justa causa:

 254/5 – Violação de concorrência


 447/8 – SA

A justa causa implica violação grave – dolo ou negligencia grosseira – dos deveres de
administração

Em termos processuais, os factos relativos à existência de justa causa devem ser invocados
e provados pela sociedade

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